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Ementa e Acórdão 21/05/2015 PLENÁRIO MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 5.316 DISTRITO FEDERAL RELATOR : MIN. LUIZ FUX REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS - AMB REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MAGISTRADOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO - ANAMATRA REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO DOS JUÍZES FEDERAIS DO BRASIL - AJUFE ADV.(A/S) :ALBERTO PAVIE RIBEIRO E OUTRO(A/S) INTDO.(A/S) :CONGRESSO NACIONAL ADV.(A/S) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO EMENTA: MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 88/2015. CUMULAÇÃO DE AÇÕES EM PROCESSO OBJETIVO. POSSIBILIDADE. ART. 292 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA. MÉRITO. APOSENTADORIA COMPULSÓRIA AOS 75 ANOS DE IDADE DE MEMBROS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES E DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. NECESSIDADE DE NOVA SABATINA PERANTE O SENADO FEDERAL (CRFB, ART. 52). VIOLAÇÃO À SEPARAÇÃO DOS PODERES (CRFB, ART. 60, §4º, III). ULTRAJE À INDEPENDÊNCIA E À IMPARCIALIDADE DO PODER JUDICIÁRIO. INCONSTITUCIONALIDADE DA EXPRESSÃO “NAS CONDIÇÕES DO ART. 52 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL” DO ARTIGO 100 DO ADCT. SENTIDO DA EXPRESSÃO “LEI COMPLEMENTAR” NA NOVA REDAÇÃO DO ART. 40, §1º, II, CRFB. DISCUSSÃO RESTRITA AOS MEMBROS DO PODER JUDICIÁRIO. ART. 93, VI, DA CRFB. NECESSIDADE DE LEI COMPLEMENTAR NACIONAL DE INICIATIVA DO STF. INVALIDADE DE LEIS ESTADUAIS QUE DISPONHAM SOBRE APOSENTADORIA DE MAGISTRADOS. EXISTÊNCIA DE REGRA DE APOSENTADORIA Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626791. Supremo Tribunal FederalSupremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 82 Ementa e Acórdão ADI 5316 MC / DF ESPECÍFICA PARA MEMBROS DE TRIBUNAL SUPERIOR. PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E DA UNIDADE DO PODER JUDICIÁRIO. ALEGADA VIOLAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. PEDIDO CAUTELAR DEFERIDO. 1. O princípio constitucional da separação dos Poderes (CRFB, art. 2º), cláusula pétrea inscrita no art. 60, § 4º, III, da Constituição República, revela-se incompatível com arranjos institucionais que comprometam a independência e a imparcialidade do Poder Judiciário, predicados necessários à garantia da justiça e do Estado de Democrático de Direito. 2. A expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” contida no art. 100 do ADCT, introduzido pela EC nº 88/2015, ao sujeitar à confiança política do Poder Legislativo a permanência no cargo de magistrados do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e de membros do Tribunal de Contas da União, vulnera as condições materiais necessárias ao exercício imparcial e independente da função jurisdicional. 3. A aposentadoria compulsória de magistrados é tema reservado à lei complementar nacional, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, nos termos da regra expressa contida no artigo 93, VI, da Constituição da República, não havendo que se falar em interesse local, ou mesmo qualquer singularidade que justifique a atuação legiferante estadual em detrimento da uniformização. 4. A unidade do Poder Judiciário nacional e o princípio da isonomia são compatíveis com a existência de regra de aposentadoria específica para integrantes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, cujos cargos também apresentam peculiaridades para o seu provimento. 5. É inconstitucional todo pronunciamento judicial ou administrativo que afaste, amplie ou reduza a literalidade do comando previsto no art. 100 do ADCT e, com base em neste fundamento, assegure a qualquer agente público o exercício das funções relativas a cargo efetivo ou vitalício após ter completado setenta anos de idade. 6. A cumulação simples de pedidos típicos de ADI e de ADC é processualmente cabível em uma única demanda de controle concentrado de constitucionalidade, desde que satisfeitos os requisitos previstos na 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626791. Supremo Tribunal Federal ADI 5316 MC / DF ESPECÍFICA PARA MEMBROS DE TRIBUNAL SUPERIOR. PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E DA UNIDADE DO PODER JUDICIÁRIO. ALEGADA VIOLAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. PEDIDO CAUTELAR DEFERIDO. 1. O princípio constitucional da separação dos Poderes (CRFB, art. 2º), cláusula pétrea inscrita no art. 60, § 4º, III, da Constituição República, revela-se incompatível com arranjos institucionais que comprometam a independência e a imparcialidade do Poder Judiciário, predicados necessários à garantia da justiça e do Estado de Democrático de Direito. 2. A expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” contida no art. 100 do ADCT, introduzido pela EC nº 88/2015, ao sujeitar à confiança política do Poder Legislativo a permanência no cargo de magistrados do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e de membros do Tribunal de Contas da União, vulnera as condições materiais necessárias ao exercício imparcial e independente da função jurisdicional. 3. A aposentadoria compulsória de magistrados é tema reservado à lei complementar nacional, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, nos termos da regra expressa contida no artigo 93, VI, da Constituição da República, não havendo que se falar em interesse local, ou mesmo qualquer singularidade que justifique a atuação legiferante estadual em detrimento da uniformização. 4. A unidade do Poder Judiciário nacional e o princípio da isonomia são compatíveis com a existência de regra de aposentadoria específica para integrantes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, cujos cargos também apresentam peculiaridades para o seu provimento. 5. É inconstitucional todo pronunciamento judicial ou administrativo que afaste, amplie ou reduza a literalidade do comando previsto no art. 100 do ADCT e, com base em neste fundamento, assegure a qualquer agente público o exercício das funções relativas a cargo efetivo ou vitalício após ter completado setenta anos de idade. 6. A cumulação simples de pedidos típicos de ADI e de ADC é processualmente cabível em uma única demanda de controle concentrado de constitucionalidade, desde que satisfeitos os requisitos previstos na 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626791. Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 82 Ementa e Acórdão ADI 5316 MC / DF legislação processual civil (CPC, art. 292). 7. Pedido cautelar deferido. A C Ó R D à O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, por maioria de votos, em assentar a admissibilidade da cumulação da ação direta de inconstitucionalidade com ação declaratória de constitucionalidade, vencido o Ministro Marco Aurélio, que não admitia a cumulação. No mérito, o Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, deferiu a medida cautelarpara: 1) suspender a aplicação da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” contida no art. 100 do ADCT, introduzido pela EC nº 88/2015, por vulnerar as condições materiais necessárias ao exercício imparcial e independente da função jurisdicional, ultrajando a separação dos Poderes, cláusula pétrea inscrita no art. 60, § 4º, III, da CRFB; 2) fixar a interpretação, quanto à parte remanescente da EC nº 88/2015, de que o art. 100 do ADCT não pode ser estendido a outros agentes públicos até que seja editada a lei complementar a que alude o art. 40, § 1º, II, da CRFB, a qual, quanto à magistratura, é a lei complementar de iniciativa do Supremo Tribunal Federal nos termos do art. 93 da CRFB; 3) suspender a tramitação de todos os processos que envolvam a aplicação a magistrados do art. 40, § 1º, II da CRFB e do art. 100 do ADCT, até o julgamento definitivo da presente demanda, e 4) declarar sem efeito todo e qualquer pronunciamento judicial ou administrativo que afaste, amplie ou reduza a literalidade do comando previsto no art. 100 do ADCT e, com base neste fundamento, assegure a qualquer outro agente público o exercício das funções relativas a cargo efetivo após ter completado setenta anos de idade. Vencidos, em parte, os Ministros Teori Zavascki e Marco Aurélio, que davam interpretação conforme à parte final do art. 100, introduzido pela EC nº 88/2015, para excluir enfoque que seja conducente 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626791. Supremo Tribunal Federal ADI 5316 MC / DF legislação processual civil (CPC, art. 292). 7. Pedido cautelar deferido. A C Ó R D à O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, por maioria de votos, em assentar a admissibilidade da cumulação da ação direta de inconstitucionalidade com ação declaratória de constitucionalidade, vencido o Ministro Marco Aurélio, que não admitia a cumulação. No mérito, o Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, deferiu a medida cautelar para: 1) suspender a aplicação da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” contida no art. 100 do ADCT, introduzido pela EC nº 88/2015, por vulnerar as condições materiais necessárias ao exercício imparcial e independente da função jurisdicional, ultrajando a separação dos Poderes, cláusula pétrea inscrita no art. 60, § 4º, III, da CRFB; 2) fixar a interpretação, quanto à parte remanescente da EC nº 88/2015, de que o art. 100 do ADCT não pode ser estendido a outros agentes públicos até que seja editada a lei complementar a que alude o art. 40, § 1º, II, da CRFB, a qual, quanto à magistratura, é a lei complementar de iniciativa do Supremo Tribunal Federal nos termos do art. 93 da CRFB; 3) suspender a tramitação de todos os processos que envolvam a aplicação a magistrados do art. 40, § 1º, II da CRFB e do art. 100 do ADCT, até o julgamento definitivo da presente demanda, e 4) declarar sem efeito todo e qualquer pronunciamento judicial ou administrativo que afaste, amplie ou reduza a literalidade do comando previsto no art. 100 do ADCT e, com base neste fundamento, assegure a qualquer outro agente público o exercício das funções relativas a cargo efetivo após ter completado setenta anos de idade. Vencidos, em parte, os Ministros Teori Zavascki e Marco Aurélio, que davam interpretação conforme à parte final do art. 100, introduzido pela EC nº 88/2015, para excluir enfoque que seja conducente 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626791. Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 82 Ementa e Acórdão ADI 5316 MC / DF a concluir-se pela segunda sabatina, considerado o mesmo cargo em relação ao qual houve a primeira sabatina. Vencido, ainda, o Ministro Marco Aurélio, que não conhecia da ação declaratória de constitucionalidade e, superada a questão, indeferia a cautelar. Brasília, 21 de maio de 2015. Ministro LUIZ FUX – Relator Documento assinado digitalmente 4 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626791. Supremo Tribunal Federal ADI 5316 MC / DF a concluir-se pela segunda sabatina, considerado o mesmo cargo em relação ao qual houve a primeira sabatina. Vencido, ainda, o Ministro Marco Aurélio, que não conhecia da ação declaratória de constitucionalidade e, superada a questão, indeferia a cautelar. Brasília, 21 de maio de 2015. Ministro LUIZ FUX – Relator Documento assinado digitalmente 4 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626791. Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 82 Relatório 21/05/2015 PLENÁRIO MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 5.316 DISTRITO FEDERAL RELATOR : MIN. LUIZ FUX REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS - AMB REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MAGISTRADOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO - ANAMATRA REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO DOS JUÍZES FEDERAIS DO BRASIL - AJUFE ADV.(A/S) :ALBERTO PAVIE RIBEIRO E OUTRO(A/S) INTDO.(A/S) :CONGRESSO NACIONAL ADV.(A/S) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade, com pedido de medida liminar, ajuizada em conjunto pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (ANAMATRA) e pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE) contra a expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” contida no texto do art. 100 do ADCT introduzido pelo artigo 2º da Emenda Constitucional nº 88, promulgada em 07.05.2015 e publicada no DOU de 08.05.2015. Subsidiariamente, as associações impugnam a totalidade do art. 2º da EC nº 88/2015. Eis o teor da aludida Emenda: “Art. 1º O art. 40 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte alteração: ‘Art. 40. § 1º (...) II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626792. Supremo Tribunal Federal 21/05/2015 PLENÁRIO MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 5.316 DISTRITO FEDERAL RELATOR : MIN. LUIZ FUX REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS - AMB REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOSMAGISTRADOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO - ANAMATRA REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO DOS JUÍZES FEDERAIS DO BRASIL - AJUFE ADV.(A/S) :ALBERTO PAVIE RIBEIRO E OUTRO(A/S) INTDO.(A/S) :CONGRESSO NACIONAL ADV.(A/S) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade, com pedido de medida liminar, ajuizada em conjunto pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (ANAMATRA) e pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE) contra a expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” contida no texto do art. 100 do ADCT introduzido pelo artigo 2º da Emenda Constitucional nº 88, promulgada em 07.05.2015 e publicada no DOU de 08.05.2015. Subsidiariamente, as associações impugnam a totalidade do art. 2º da EC nº 88/2015. Eis o teor da aludida Emenda: “Art. 1º O art. 40 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte alteração: ‘Art. 40. § 1º (...) II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626792. Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 82 Relatório ADI 5316 MC / DF Art. 2º O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias passa a vigorar acrescido do seguinte art. 100: ‘Art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da Constituição Federal.’ Art. 3º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação.” Segundo narram as entidades, a expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” tem o objetivo de submeter os atuais membros de Tribunais Superiores (e do Tribunal de Contas da União) a uma nova sabatina perante o Senado Federal quando completarem 70 anos de idade. Em abono a essa compreensão, apontam a existência de notícia veiculada na página do Senado Federal na internet em que o presidente daquela Casa Legislativa teria dado a seguinte declaração, verbis: “conforme a emenda, os que desejarem continuar na magistratura deverão ser novamente sabatinados pelo Senado Federal, que não abrirá mão da prerrogativa de fazê-lo”. Em sede preliminar, afirmam ser “indiscutível a legitimidade das autoras para propor a presente ação direta de inconstitucionalidade”, dada a “clara a pertinência temática entre o objeto da ação e os fins sociais de todas elas, até porque parte dos seus associados estão sujeitos às determinações da nova norma constitucional, de terem de se submeter a uma nova sabatina perante o Senado Federal e a uma nova nomeação por parte da Presidente da República, caso queiram permanecer no exercício das funções até os 75 anos de idade”. No mérito, sustentam que a expressão incorre em vício material por 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626792. Supremo Tribunal Federal ADI 5316 MC / DF Art. 2º O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias passa a vigorar acrescido do seguinte art. 100: ‘Art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da Constituição Federal.’ Art. 3º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação.” Segundo narram as entidades, a expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” tem o objetivo de submeter os atuais membros de Tribunais Superiores (e do Tribunal de Contas da União) a uma nova sabatina perante o Senado Federal quando completarem 70 anos de idade. Em abono a essa compreensão, apontam a existência de notícia veiculada na página do Senado Federal na internet em que o presidente daquela Casa Legislativa teria dado a seguinte declaração, verbis: “conforme a emenda, os que desejarem continuar na magistratura deverão ser novamente sabatinados pelo Senado Federal, que não abrirá mão da prerrogativa de fazê-lo”. Em sede preliminar, afirmam ser “indiscutível a legitimidade das autoras para propor a presente ação direta de inconstitucionalidade”, dada a “clara a pertinência temática entre o objeto da ação e os fins sociais de todas elas, até porque parte dos seus associados estão sujeitos às determinações da nova norma constitucional, de terem de se submeter a uma nova sabatina perante o Senado Federal e a uma nova nomeação por parte da Presidente da República, caso queiram permanecer no exercício das funções até os 75 anos de idade”. No mérito, sustentam que a expressão incorre em vício material por 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626792. Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 82 Relatório ADI 5316 MC / DF ofensa à garantia da vitaliciedade (CRFB, art. 93, caput) e à Separação dos Poderes (CRFB, art. 2º), exorbitando os limites substantivos ao poder de reforma da Constituição da República (CRFB, art. 60, §4º, III e IV). Consoante a argumentação articulada, o art. 52 da CRFB versa “sobre condição de acesso para o cargo de magistrado -- nos casos estabelecidos na Constituição -- e não condição de permanência no cargo de magistrado”, de modo que, “ao estabelecer que os ATUAIS membros do STF, dos Tribunais Superiores e do TCU ‘aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos setenta e cinco anos de idade, nas condições do art. 52’, acabou o legislador constituinte derivado por mesclar critérios de acesso com critérios de continuidade ou permanência no cargo, criando uma norma manifestamente violadora da garantia da vitaliciedade da magistratura”. Aduzem que “esta nova submissão ao Senado Federal afetará a liberdade e a independência do Ministro interessado em permanecer no seu cargo até os 75 anos, pois o mesmo estará refém do Senado e de interesses político-partidários” . Defendem que, “por se tratar de hipótese excepcional, que flexibiliza o princípio da separação dos poderes”, (...) o referido artigo 52 constou da estrutura originária prevista pela CF, a qual não pode ser alterada ou ampliada pelo constituinte derivado, sob pena de violar o equilíbrio inicialmente previsto. (…) Daí a violação ao princípio da separação de poderes, cláusula pétrea prevista no art. 2º da CF, o que o art. 60, § 4º, III, veda seja objeto de emenda constitucional”. Postulam a suspensão cautelar da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” prevista no art. 100do ADCT, ao fundamento de que “sua manutenção para aguardar o julgamento de mérito terá consequências gravíssimas para a magistratura brasileira, uma vez que membros dos Tribunais Superiores que estão na iminência de se aposentar, terão de se submeter a uma nova sabatina e votação no Senado Federal, caso não seja deferida a medida cautelar e pretendam permanecer no exercício das funções”. Em definitivo, requerem a declaração de inconstitucionalidade da expressão impugnada. 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626792. Supremo Tribunal Federal ADI 5316 MC / DF ofensa à garantia da vitaliciedade (CRFB, art. 93, caput) e à Separação dos Poderes (CRFB, art. 2º), exorbitando os limites substantivos ao poder de reforma da Constituição da República (CRFB, art. 60, §4º, III e IV). Consoante a argumentação articulada, o art. 52 da CRFB versa “sobre condição de acesso para o cargo de magistrado -- nos casos estabelecidos na Constituição -- e não condição de permanência no cargo de magistrado”, de modo que, “ao estabelecer que os ATUAIS membros do STF, dos Tribunais Superiores e do TCU ‘aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos setenta e cinco anos de idade, nas condições do art. 52’, acabou o legislador constituinte derivado por mesclar critérios de acesso com critérios de continuidade ou permanência no cargo, criando uma norma manifestamente violadora da garantia da vitaliciedade da magistratura”. Aduzem que “esta nova submissão ao Senado Federal afetará a liberdade e a independência do Ministro interessado em permanecer no seu cargo até os 75 anos, pois o mesmo estará refém do Senado e de interesses político-partidários” . Defendem que, “por se tratar de hipótese excepcional, que flexibiliza o princípio da separação dos poderes”, (...) o referido artigo 52 constou da estrutura originária prevista pela CF, a qual não pode ser alterada ou ampliada pelo constituinte derivado, sob pena de violar o equilíbrio inicialmente previsto. (…) Daí a violação ao princípio da separação de poderes, cláusula pétrea prevista no art. 2º da CF, o que o art. 60, § 4º, III, veda seja objeto de emenda constitucional”. Postulam a suspensão cautelar da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” prevista no art. 100 do ADCT, ao fundamento de que “sua manutenção para aguardar o julgamento de mérito terá consequências gravíssimas para a magistratura brasileira, uma vez que membros dos Tribunais Superiores que estão na iminência de se aposentar, terão de se submeter a uma nova sabatina e votação no Senado Federal, caso não seja deferida a medida cautelar e pretendam permanecer no exercício das funções”. Em definitivo, requerem a declaração de inconstitucionalidade da expressão impugnada. 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626792. Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 82 Relatório ADI 5316 MC / DF Subsidiariamente, formulam pedido de suspensão (cautelar) e invalidação (definitiva) de todo o art. 2º da EC nº 88/2015, caso o Supremo Tribunal Federal entenda que a declaração de inconstitucionalidade apenas da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” introduziria novo sentido ao art. 100 do ADCT. E afirmam: “É que, se esse fundamento for suficiente para obstar a declaração de inconstitucionalidade da expressão que reputa inválida, não podem as autoras deixar de reclamar a inconstitucionalidade total do art. 2º, porque um mal maior será a subsistência dessa nova ‘arguição’ perante o Senado Federal. É efetivamente inimaginável, d.v., que possa subsistir tal exigência em um Estado Democrático de Direito. Ou se afasta apenas a expressão inconstitucional, ou se afasta a totalidade do art. 2º da EC n. 88, que confere eficácia imediata do novo limite de idade para aposentadoria dos Ministros desse eg. STF e dos Tribunais Superiores, porque não se pode admitir a submissão desses magistrados a uma nova arguição perante o Senado Federal para permanecerem no cargo até os 75 anos de idade”. Em 12/05/2015, tendo em vista a repercussão jurídica e institucional da controvérsia, submeti o feito ao rito do art. 10 da Lei nº 9.868/99 visando à imediata apreciação do pedido liminar pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal. Em 13/05/2015, a AMB protocolou petição dando notícia de que, “logo após a promulgação da EC n. 88, começaram a ser propostas, em diversos Estados da Federação, ações individuais de Desembargadores objetivando a ‘extensão’ da norma contida no art. 100 do ADCT também aos demais membros da magistratura, sob o fundamento de que o Poder Judiciário possui caráter unitário e nacional”. Segundo a entidade, trata-se “de um movimento que deverá alcançar a todos ou quase todos os Estados da Federação”. Afirma então o seguinte: 4 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626792. Supremo Tribunal Federal ADI 5316 MC / DF Subsidiariamente, formulam pedido de suspensão (cautelar) e invalidação (definitiva) de todo o art. 2º da EC nº 88/2015, caso o Supremo Tribunal Federal entenda que a declaração de inconstitucionalidade apenas da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” introduziria novo sentido ao art. 100 do ADCT. E afirmam: “É que, se esse fundamento for suficiente para obstar a declaração de inconstitucionalidade da expressão que reputa inválida, não podem as autoras deixar de reclamar a inconstitucionalidade total do art. 2º, porque um mal maior será a subsistência dessa nova ‘arguição’ perante o Senado Federal. É efetivamente inimaginável, d.v., que possa subsistir tal exigência em um Estado Democrático de Direito. Ou se afasta apenas a expressão inconstitucional, ou se afasta a totalidade do art. 2º da EC n. 88, que confere eficácia imediata do novo limite de idade para aposentadoria dos Ministros desse eg. STF e dos Tribunais Superiores, porque não se pode admitir a submissão desses magistrados a uma nova arguição perante o Senado Federal para permanecerem no cargo até os 75 anos de idade”. Em 12/05/2015, tendo em vista a repercussão jurídica e institucional da controvérsia, submeti o feito ao rito do art. 10 da Lei nº 9.868/99 visando à imediata apreciação do pedido liminar pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal. Em 13/05/2015, a AMB protocolou petição dando notícia de que, “logo após a promulgação da EC n. 88, começaram a ser propostas, em diversos Estados da Federação, ações individuais de Desembargadores objetivando a ‘extensão’ da norma contida no art. 100 do ADCT também aos demais membros da magistratura, sob o fundamento de que o Poder Judiciário possui caráter unitário e nacional”. Segundo a entidade, trata-se “de um movimento que deverá alcançar a todos ou quase todos os Estados da Federação”. Afirma então o seguinte: 4Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626792. Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 82 Relatório ADI 5316 MC / DF “Como esse eg. STF estará, no julgamento da medida cautelar dessa ADI -- pois V. Exa já proferiu decisão determinando a observância do rito do art. 10 da Lei n. 8.689/90 -- proferindo um decisão que refletirá a interpretação da Corte sobre o novo art. 100 da CF, entende a AMB que poderá conferir a interpretação necessária a essa regra, para dizer que não será uma lei complementar qualquer da União ou de qualquer Estado da Federação, que poderá dispor sobre o limite de idade da aposentadoria da magistratura, mas apenas a lei prevista no art. 93, caput, da iniciativa desse eg. STF. E vindo a conferir essa interpretação, não poderão os Tribunais de segundo grau, sem afrontar a decisão desse eg. STF, decidir pela extensão do direito conferido pelo novo art. 100 da CF aos membros desse eg. STF e dos Tribunais Superiores, também aos Desembargadores dos Tribunais de segundo grau. Evitar-se-á, assim, um grave conflito que já está sendo instaurado perante os Tribunais de Justiça de diversos Estados da Federal”. Postula, assim, que o Supremo Tribunal Federal, “quando do julgamento da cautelar ou do pedido final da ação, confira interpretação ao art. 100 do ADCT, (a) seja para dizer que o disposto no referido artigo não pode ser estendido aos Desembargadores dos Tribunais, até que seja editada lei complementar, (b) seja para dizer que a lei complementar mencionada na EC n. 88, quanto à magistratura, é a lei complementar da iniciativa desse eg. STF, de sorte a poder obstar a série de ações propostas nos Estados visando a ampliar indevidamente o limite de idade de aposentadoria de Desembargadores, antes da edição do novo Estatuto da Magistratura”. Em 20/05/2015, a Presidência da Câmara dos Deputados prestou informações no sentido de que a EC nº 88/2015 “foi processada pelo Congresso Nacional dentro dos mais estritos trâmites constitucionais e regimentais inerentes à espécie”. 5 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626792. Supremo Tribunal Federal ADI 5316 MC / DF “Como esse eg. STF estará, no julgamento da medida cautelar dessa ADI -- pois V. Exa já proferiu decisão determinando a observância do rito do art. 10 da Lei n. 8.689/90 -- proferindo um decisão que refletirá a interpretação da Corte sobre o novo art. 100 da CF, entende a AMB que poderá conferir a interpretação necessária a essa regra, para dizer que não será uma lei complementar qualquer da União ou de qualquer Estado da Federação, que poderá dispor sobre o limite de idade da aposentadoria da magistratura, mas apenas a lei prevista no art. 93, caput, da iniciativa desse eg. STF. E vindo a conferir essa interpretação, não poderão os Tribunais de segundo grau, sem afrontar a decisão desse eg. STF, decidir pela extensão do direito conferido pelo novo art. 100 da CF aos membros desse eg. STF e dos Tribunais Superiores, também aos Desembargadores dos Tribunais de segundo grau. Evitar-se-á, assim, um grave conflito que já está sendo instaurado perante os Tribunais de Justiça de diversos Estados da Federal”. Postula, assim, que o Supremo Tribunal Federal, “quando do julgamento da cautelar ou do pedido final da ação, confira interpretação ao art. 100 do ADCT, (a) seja para dizer que o disposto no referido artigo não pode ser estendido aos Desembargadores dos Tribunais, até que seja editada lei complementar, (b) seja para dizer que a lei complementar mencionada na EC n. 88, quanto à magistratura, é a lei complementar da iniciativa desse eg. STF, de sorte a poder obstar a série de ações propostas nos Estados visando a ampliar indevidamente o limite de idade de aposentadoria de Desembargadores, antes da edição do novo Estatuto da Magistratura”. Em 20/05/2015, a Presidência da Câmara dos Deputados prestou informações no sentido de que a EC nº 88/2015 “foi processada pelo Congresso Nacional dentro dos mais estritos trâmites constitucionais e regimentais inerentes à espécie”. 5 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626792. Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 82 Relatório ADI 5316 MC / DF Também em 20/05/2015, a Procuradoria-Geral da República, manifestando-se na qualidade de custos legis, apresentou parecer pela concessão da medida cautelar. Eis o teor da respectiva ementa: “CONSTITUCIONAL. ESTATUTO DA MAGISTRATURA JUDICIAL. LIMITAÇÕES AO PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL. ART. 100 DO ADCT, INCLUÍDO PELA EMENDA CONSTITUCIONAL 88/2015. SUJEIÇÃO DE MINISTROS DO JUDICIÁRIO E DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO A ARGUIÇÃO E APROVAÇÃO DO SENADO FEDERAL PARA PERMANÊNCIA NO CARGO ATÉ 75 ANOS DE IDADE. INTERFERÊNCIA DO PODER LEGISLATIVO NA INDEPENDÊNCIA DO JUDICIÁRIO. VIOLAÇÃO A CLÁUSULA PÉTREA. INTERPRETAÇÃO CONFORME AO ART. 100 DO ADCT PARA RESTRINGILO ÀS AUTORIDADES QUE INDICA E AO ART. 40, § 1º, II, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PARA RECONHECER A MATÉRIA COMO RESERVADA À LEI COMPLEMENTAR DE INICIATIVA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. Ampliação para 75 anos da idade limite para aposentadoria compulsória significa, para a magistratura, ampliação do alcance da vitaliciedade que, assim como as demais garantias inscritas no art. 95 da Constituição da República, visa a assegurar independência e imparcialidade aos órgãos judiciais, como garantias voltadas aos cidadãos. 2. Exigência de arguição e aprovação do Senado Federal para permanência de ministros do Supremo Tribunal Federal, de Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União após 70 anos de idade representa intromissão indevida do Legislativo em tema sensível à independência do Judiciário e à garantia de independência técnica e funcional dos membros do TCU, pois submete a continuidade no exercício da judicatura e do controle externo a juízo de índole eminentemente política e de caráter discricionário. 3. O modelo de investidura no cargo de ministro do 6 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626792. Supremo Tribunal Federal ADI 5316 MC / DF Também em 20/05/2015, a Procuradoria-Geral da República, manifestando-se na qualidade de custos legis, apresentou parecer pela concessão da medida cautelar. Eis o teor da respectiva ementa: “CONSTITUCIONAL. ESTATUTO DA MAGISTRATURA JUDICIAL. LIMITAÇÕES AO PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL. ART. 100 DO ADCT, INCLUÍDO PELA EMENDA CONSTITUCIONAL 88/2015. SUJEIÇÃO DE MINISTROS DO JUDICIÁRIO E DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO AARGUIÇÃO E APROVAÇÃO DO SENADO FEDERAL PARA PERMANÊNCIA NO CARGO ATÉ 75 ANOS DE IDADE. INTERFERÊNCIA DO PODER LEGISLATIVO NA INDEPENDÊNCIA DO JUDICIÁRIO. VIOLAÇÃO A CLÁUSULA PÉTREA. INTERPRETAÇÃO CONFORME AO ART. 100 DO ADCT PARA RESTRINGILO ÀS AUTORIDADES QUE INDICA E AO ART. 40, § 1º, II, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PARA RECONHECER A MATÉRIA COMO RESERVADA À LEI COMPLEMENTAR DE INICIATIVA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. Ampliação para 75 anos da idade limite para aposentadoria compulsória significa, para a magistratura, ampliação do alcance da vitaliciedade que, assim como as demais garantias inscritas no art. 95 da Constituição da República, visa a assegurar independência e imparcialidade aos órgãos judiciais, como garantias voltadas aos cidadãos. 2. Exigência de arguição e aprovação do Senado Federal para permanência de ministros do Supremo Tribunal Federal, de Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União após 70 anos de idade representa intromissão indevida do Legislativo em tema sensível à independência do Judiciário e à garantia de independência técnica e funcional dos membros do TCU, pois submete a continuidade no exercício da judicatura e do controle externo a juízo de índole eminentemente política e de caráter discricionário. 3. O modelo de investidura no cargo de ministro do 6 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626792. Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 82 Relatório ADI 5316 MC / DF Judiciário e do TCU, incluída a arguição pública (“sabatina”), é ínsito ao procedimento prévio à nomeação. Transpô-lo para além do processo prévio de escolha desnatura sua essência e compromete a independência do Judiciário e a imparcialidade técnica da corte de contas. 4. A exigência da parte final do art. 100 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias de 1988 (ADCT/1988), incluída pela Emenda Constitucional 88, de 7 de maio de 2015, consubstancia redução do núcleo de identidade do princípio da divisão funcional de poder e, por comprometer em essência a independência do Judiciário e a independência técnica e funcional das cortes de contas, extrapola os limites do poder de reforma previstos no art. 60, § 4º , III e IV, da Constituição. 5. Não se admite interpretação extensiva de norma transitória que vise a regular situações específicas enquanto não aplicável a disciplina constitucional permanente. Descabe extensão do alcance do art. 100 do ADCT para a totalidade dos membros do Poder Judiciário. 6. Temas atinentes ao desenrolar da carreira judicial, entre eles a garantia de permanência no cargo, são próprios do estatuto da magistratura e, portanto, reservados a lei complementar de iniciativa do Supremo Tribunal Federal. 7. Parecer pela concessão da medida cautelar.” Ainda na mesma data, a Advocacia-Geral da União apresentou parecer sustentando, em preliminar, (i) a exclusão das partes ilegítimas do polo ativo da ação direta e (ii) o não conhecimento parcial dos pedidos. No mérito, manifestou-se pelo indeferimento da medida cautelar. Transcrevo a ementa do pronunciamento da AGU: “Constitucional. Magistratura. Expressão contida no artigo 100 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que prevê a submissão dos Ministros desse Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União a nova arguição pública no Senado Federal para que o limite de idade de sua aposentadoria compulsória seja 7 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626792. Supremo Tribunal Federal ADI 5316 MC / DF Judiciário e do TCU, incluída a arguição pública (“sabatina”), é ínsito ao procedimento prévio à nomeação. Transpô-lo para além do processo prévio de escolha desnatura sua essência e compromete a independência do Judiciário e a imparcialidade técnica da corte de contas. 4. A exigência da parte final do art. 100 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias de 1988 (ADCT/1988), incluída pela Emenda Constitucional 88, de 7 de maio de 2015, consubstancia redução do núcleo de identidade do princípio da divisão funcional de poder e, por comprometer em essência a independência do Judiciário e a independência técnica e funcional das cortes de contas, extrapola os limites do poder de reforma previstos no art. 60, § 4º , III e IV, da Constituição. 5. Não se admite interpretação extensiva de norma transitória que vise a regular situações específicas enquanto não aplicável a disciplina constitucional permanente. Descabe extensão do alcance do art. 100 do ADCT para a totalidade dos membros do Poder Judiciário. 6. Temas atinentes ao desenrolar da carreira judicial, entre eles a garantia de permanência no cargo, são próprios do estatuto da magistratura e, portanto, reservados a lei complementar de iniciativa do Supremo Tribunal Federal. 7. Parecer pela concessão da medida cautelar.” Ainda na mesma data, a Advocacia-Geral da União apresentou parecer sustentando, em preliminar, (i) a exclusão das partes ilegítimas do polo ativo da ação direta e (ii) o não conhecimento parcial dos pedidos. No mérito, manifestou-se pelo indeferimento da medida cautelar. Transcrevo a ementa do pronunciamento da AGU: “Constitucional. Magistratura. Expressão contida no artigo 100 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que prevê a submissão dos Ministros desse Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União a nova arguição pública no Senado Federal para que o limite de idade de sua aposentadoria compulsória seja 7 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626792. Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 82 Relatório ADI 5316 MC / DF ampliado para 75 (setenta e cinco) anos de idade. Preliminares. Ilegitimidade ativa de parcela das requerentes. Impossibilidade jurídica dos pedidos formulados na petição de aditamento. Alegada ofensa ao princípio da separação de Poderes e à garantia da vitaliciedade da magistratura. Compatibilidade da expressão questionada com os dispositivos constitucionais mencionados. Ausência de fumus boni iuris e de periculum in mora. Manifestação pela exclusão das partes ilegítimas do polo ativo da ação direta, pelo não conhecimento parcial dos pedidos e pelo indeferimento da medida cautelar pleiteada.” A Associação Nacional de Desembargadores (ANDES), por intermédio da Petição nº 24.940/2015, protocolada em 20/05/2015, pleiteou ingresso no feito na qualidade de amicus curiae. Até às 13 horas de 21/05/2015, o Senado Federal não havia prestado informações. É o relatório. 8 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/sob o número 8626792. Supremo Tribunal Federal ADI 5316 MC / DF ampliado para 75 (setenta e cinco) anos de idade. Preliminares. Ilegitimidade ativa de parcela das requerentes. Impossibilidade jurídica dos pedidos formulados na petição de aditamento. Alegada ofensa ao princípio da separação de Poderes e à garantia da vitaliciedade da magistratura. Compatibilidade da expressão questionada com os dispositivos constitucionais mencionados. Ausência de fumus boni iuris e de periculum in mora. Manifestação pela exclusão das partes ilegítimas do polo ativo da ação direta, pelo não conhecimento parcial dos pedidos e pelo indeferimento da medida cautelar pleiteada.” A Associação Nacional de Desembargadores (ANDES), por intermédio da Petição nº 24.940/2015, protocolada em 20/05/2015, pleiteou ingresso no feito na qualidade de amicus curiae. Até às 13 horas de 21/05/2015, o Senado Federal não havia prestado informações. É o relatório. 8 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626792. Inteiro Teor do Acórdão - Página 12 de 82 Voto - MIN. LUIZ FUX 21/05/2015 PLENÁRIO MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 5.316 DISTRITO FEDERAL V O T O O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): A questão jurídica debatida na presente ADI é muito sensível às instituições do Estado brasileiro, particularmente ao Poder Judiciário, como, aliás, revela a significativa cobertura do tema pelos veículos de imprensa do País. A Emenda Constitucional nº 88/2015 e as alterações promovidas na ordem jurídica nacional A Emenda Constitucional nº 88/2015 alterou o corpo permanente da Constituição da República para possibilitar, na forma a ser definida por lei complementar, a aposentadoria compulsória de servidores públicos aos 75 (setenta e cinco) anos. É o que registra a nova redação do artigo 40, §1º, II, da Lei Maior: “Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. §1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: (…) II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; “ Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626793. Supremo Tribunal Federal 21/05/2015 PLENÁRIO MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 5.316 DISTRITO FEDERAL V O T O O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): A questão jurídica debatida na presente ADI é muito sensível às instituições do Estado brasileiro, particularmente ao Poder Judiciário, como, aliás, revela a significativa cobertura do tema pelos veículos de imprensa do País. A Emenda Constitucional nº 88/2015 e as alterações promovidas na ordem jurídica nacional A Emenda Constitucional nº 88/2015 alterou o corpo permanente da Constituição da República para possibilitar, na forma a ser definida por lei complementar, a aposentadoria compulsória de servidores públicos aos 75 (setenta e cinco) anos. É o que registra a nova redação do artigo 40, §1º, II, da Lei Maior: “Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. §1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: (…) II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; “ Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626793. Inteiro Teor do Acórdão - Página 13 de 82 Voto - MIN. LUIZ FUX ADI 5316 MC / DF Sucede que, até o advento da referida lei complementar, a EC nº 88/2015 estabeleceu regra transitória para alguns servidores públicos, permitindo que os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do TCU aposentem-se compulsoriamente apenas aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, “nas condições do art. 52 da Constituição Federal”. Eis o teor do art. 100 ADCT, introduzido pela EC nº 88/2015: “Art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da Constituição Federal.” Como já relatado, as associações requerentes questionam, na presente ADI, a validade jurídico-constitucional da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” (ADCT, art. 100, in fine). Antes que se analisem as impugnações, torna-se necessário delimitar o preciso sentido da expressão impugnada. Em uma primeira leitura, a referência pode parecer sem sentido, afinal a única previsão do artigo 52 pertinente ao caso cuida do ingresso de cidadãos nos cargos de Ministros de Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União (CRFB, art. 52, III, a e b). Não há regras no art. 52 da CRFB que tratem da aposentadoria de magistrados e membros do TCU. Daí ser curioso que o art. 100 do ADCT determine que a aposentadoria seja processada com base em dispositivo que não trata de aposentadoria. Nesse sentido, apontam os requerentes que “não parece haver sentido em estabelecer um novo limite de idade para aposentadoria que deva observar as condições de acesso ao cargo de Ministro desse eg. STF, dos Tribunais Superiores e do TCU, pois a primeira norma trata do momento de ingresso na magistratura e a outra de afastamento definitivo da magistratura”. Essa perplexidade inicial, porém, é dissipada tanto pela leitura 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626793. Supremo Tribunal Federal ADI 5316 MC / DF Sucede que, até o advento da referidalei complementar, a EC nº 88/2015 estabeleceu regra transitória para alguns servidores públicos, permitindo que os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do TCU aposentem-se compulsoriamente apenas aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, “nas condições do art. 52 da Constituição Federal”. Eis o teor do art. 100 ADCT, introduzido pela EC nº 88/2015: “Art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da Constituição Federal.” Como já relatado, as associações requerentes questionam, na presente ADI, a validade jurídico-constitucional da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” (ADCT, art. 100, in fine). Antes que se analisem as impugnações, torna-se necessário delimitar o preciso sentido da expressão impugnada. Em uma primeira leitura, a referência pode parecer sem sentido, afinal a única previsão do artigo 52 pertinente ao caso cuida do ingresso de cidadãos nos cargos de Ministros de Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União (CRFB, art. 52, III, a e b). Não há regras no art. 52 da CRFB que tratem da aposentadoria de magistrados e membros do TCU. Daí ser curioso que o art. 100 do ADCT determine que a aposentadoria seja processada com base em dispositivo que não trata de aposentadoria. Nesse sentido, apontam os requerentes que “não parece haver sentido em estabelecer um novo limite de idade para aposentadoria que deva observar as condições de acesso ao cargo de Ministro desse eg. STF, dos Tribunais Superiores e do TCU, pois a primeira norma trata do momento de ingresso na magistratura e a outra de afastamento definitivo da magistratura”. Essa perplexidade inicial, porém, é dissipada tanto pela leitura 2 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626793. Inteiro Teor do Acórdão - Página 14 de 82 Voto - MIN. LUIZ FUX ADI 5316 MC / DF sistemática da EC nº 88/2015 quanto pela análise dos debates legislativos que lhe deram origem. Pelo ângulo sistemático, é evidente que o art. 100 do ADCT cumpre provisoriamente o papel da lei complementar indicada na nova redação do art. 40 da CRFB, como aliás assume sua cláusula inicial (“até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal”). Tal papel é exatamente o de fixar as condições para aposentadoria aos 75 anos. Isso porque, pela redação atual do artigo 40, §1º, II, da CRFB, a aposentadoria do servidor público ocorrerá, em regra, aos 70 anos, embora seja possível a extensão deste limite para os 75 anos segundo critérios a serem fixados em lei complementar. O que fez o artigo 100 do ADCT foi simplesmente esclarecer que, provisoriamente e quanto aos agentes públicos ali mencionados, as condições de permanência até os 75 anos são idênticas àquelas de ingresso. Mais especificamente, a condição é a sabatina perante o Senado Federal (CRFB, art. 52, III, a e b). Essa interpretação é confirmada pelo ângulo histórico. Na petição nº 22.516/2015, as associações requerentes apresentaram documentos que integraram o processo legislativo resultante na EC nº 88/2015. Na Ata da Sessão do Senado Federal, de 24 agosto de 2005, publicada no Diário Oficial do Senado Federal de 25 de agosto de 2005, consta a seguinte manifestação do então Senador Aloizio Mercadante (pg. 28980-2 – sem grifos no original): “O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT – SP) – Sr. Relator, eu queria sugerir apenas que, na Emenda nº 4, como emenda de redação, além do ‘Tribunal de Contas da União’, em relação ao qual há acordo, também fosse incluída a expressão ‘nas condições do art. 52 da Constituição Federal’. A redação ficaria assim: ‘(…) até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do art. 40, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e TCU se aposentarão compulsoriamente aos 75 anos, nas condições do art. 52 da Constituição Federal’. Isso 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626793. Supremo Tribunal Federal ADI 5316 MC / DF sistemática da EC nº 88/2015 quanto pela análise dos debates legislativos que lhe deram origem. Pelo ângulo sistemático, é evidente que o art. 100 do ADCT cumpre provisoriamente o papel da lei complementar indicada na nova redação do art. 40 da CRFB, como aliás assume sua cláusula inicial (“até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal”). Tal papel é exatamente o de fixar as condições para aposentadoria aos 75 anos. Isso porque, pela redação atual do artigo 40, §1º, II, da CRFB, a aposentadoria do servidor público ocorrerá, em regra, aos 70 anos, embora seja possível a extensão deste limite para os 75 anos segundo critérios a serem fixados em lei complementar. O que fez o artigo 100 do ADCT foi simplesmente esclarecer que, provisoriamente e quanto aos agentes públicos ali mencionados, as condições de permanência até os 75 anos são idênticas àquelas de ingresso. Mais especificamente, a condição é a sabatina perante o Senado Federal (CRFB, art. 52, III, a e b). Essa interpretação é confirmada pelo ângulo histórico. Na petição nº 22.516/2015, as associações requerentes apresentaram documentos que integraram o processo legislativo resultante na EC nº 88/2015. Na Ata da Sessão do Senado Federal, de 24 agosto de 2005, publicada no Diário Oficial do Senado Federal de 25 de agosto de 2005, consta a seguinte manifestação do então Senador Aloizio Mercadante (pg. 28980-2 – sem grifos no original): “O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT – SP) – Sr. Relator, eu queria sugerir apenas que, na Emenda nº 4, como emenda de redação, além do ‘Tribunal de Contas da União’, em relação ao qual há acordo, também fosse incluída a expressão ‘nas condições do art. 52 da Constituição Federal’. A redação ficaria assim: ‘(…) até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do art. 40, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e TCU se aposentarão compulsoriamente aos 75 anos, nas condições do art. 52 da Constituição Federal’. Isso 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626793. Inteiro Teor do Acórdão - Página 15 de 82 Voto - MIN. LUIZ FUX ADI 5316 MC / DF estabelece a necessidade de uma nova sabatina e a aprovação do Senado Federal pelo voto secreto. Há acordo de todos os Partidos, de todos os Senadores, e pediria que o Relator desse o voto favorável. O SR. JOSÉ JORGE (PFL – PE) – Sr. Presidente, também dou o voto favorável a esse acréscimo sugerido pelo Senador Aloizio Mercadante.” A intenção legislativa manifestada em agosto de 2005 foi reiterada maisrecentemente, em maio de 2015. Segundo aponta a inicial, no dia da promulgação da EC nº 88, a Presidência do Senado Federal confirmou a interpretação original do referido art. 2º, ao declarar que “conforme a emenda, os que desejarem continuar na magistratura deverão ser novamente sabatinados pelo Senado Federal, que não abrirá mão da prerrogativa de fazê-lo”. O entendimento foi divulgado por diferentes veículos de imprensa (http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,para-renan-ministros-devem -passar-por-nova-sabatina-para-ficar-no-stf-ate-75-anos,1683441; http://g1. globo.com/politica/noticia/2015/05/pec-da-bengala-exige-de-ministros-do- stf-nova-sabatina-interpreta-renan.html) Não há dúvidas, portanto, de que a expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” fixa nova sabatina perante o Senado Federal como requisito para a permanência no cargo, para além dos 70 anos, de Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União. Destarte, a presente controvérsia jurídica diz respeito à validade material da condição imposta pelo constituinte derivado. Há mais, porém. Esta ação direta suscita ainda outra controvérsia constitucional relacionada à EC nº 88/2015. Consoante narrado pela AMB, “logo após a promulgação da EC n. 88, começaram a ser propostas, em diversos Estados da Federação, ações individuais de Desembargadores objetivando a extensão da norma contida no art. 100 do ADCT também aos demais membros da magistratura, sob o fundamento de que o Poder Judiciário possui caráter 4 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626793. Supremo Tribunal Federal ADI 5316 MC / DF estabelece a necessidade de uma nova sabatina e a aprovação do Senado Federal pelo voto secreto. Há acordo de todos os Partidos, de todos os Senadores, e pediria que o Relator desse o voto favorável. O SR. JOSÉ JORGE (PFL – PE) – Sr. Presidente, também dou o voto favorável a esse acréscimo sugerido pelo Senador Aloizio Mercadante.” A intenção legislativa manifestada em agosto de 2005 foi reiterada mais recentemente, em maio de 2015. Segundo aponta a inicial, no dia da promulgação da EC nº 88, a Presidência do Senado Federal confirmou a interpretação original do referido art. 2º, ao declarar que “conforme a emenda, os que desejarem continuar na magistratura deverão ser novamente sabatinados pelo Senado Federal, que não abrirá mão da prerrogativa de fazê-lo”. O entendimento foi divulgado por diferentes veículos de imprensa (http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,para-renan-ministros-devem -passar-por-nova-sabatina-para-ficar-no-stf-ate-75-anos,1683441; http://g1. globo.com/politica/noticia/2015/05/pec-da-bengala-exige-de-ministros-do- stf-nova-sabatina-interpreta-renan.html) Não há dúvidas, portanto, de que a expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” fixa nova sabatina perante o Senado Federal como requisito para a permanência no cargo, para além dos 70 anos, de Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União. Destarte, a presente controvérsia jurídica diz respeito à validade material da condição imposta pelo constituinte derivado. Há mais, porém. Esta ação direta suscita ainda outra controvérsia constitucional relacionada à EC nº 88/2015. Consoante narrado pela AMB, “logo após a promulgação da EC n. 88, começaram a ser propostas, em diversos Estados da Federação, ações individuais de Desembargadores objetivando a extensão da norma contida no art. 100 do ADCT também aos demais membros da magistratura, sob o fundamento de que o Poder Judiciário possui caráter 4 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626793. Inteiro Teor do Acórdão - Página 16 de 82 Voto - MIN. LUIZ FUX ADI 5316 MC / DF unitário e nacional”. Segundo a entidade, trata-se “de um movimento que deverá alcançar a todos ou quase todos os Estados da Federação”. Essas demandas estão indicadas na inicial. Cito a título ilustrativo a decisão no Mandado de Segurança nº 0005603-84.2015.8.17.0000, impetrado junto ao Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco. Eis trecho significativo da decisão: “(...) a nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 88/2015, que dispôs a idade de 75 (setenta e cinco) anos para aposentadoria compulsória, deve ser imediatamente implementada, sem que para tanto haja necessidade de vigorar lei complementar para efetivação do que dispõe a referida Emenda Constitucional, levando-se em consideração o caráter nacional do Poder Judiciário. A bem da verdade, não há razão apta a justificar tratamento desigual entre membros integrantes da magistratura nacional, cuja carreira, como já salientado, reveste-se de caráter nacional, segundo preceito insculpido na própria Constituição da República. (...) Por todo o exposto, DEFIRO a liminar perseguida no sentido de determinar que a autoridade indigitada coatora se abstenha de aposentar o impetrante aos 70 (setenta) anos de idade, até o julgamento da presente Ação Mandamental”. Também nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro decisões de teor semelhante já foram tomadas nos autos dos Mandados de Segurança nº 2091014-12.2015.8.26.0000 (SP) e nº 0022332-34.2015.8.19.0000 (RJ). Em todos esses os casos, tribunais locais julgaram, em sede liminar, inválida a regra transitória contida no art. 2º da EC nº 88/2015 por suposta violação à isonomia e à unidade do Poder Judiciário. Como se observa, existe hoje controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do art. 40, §1º, II, da CRFB e do art. 100 do ADCT, com as modificações introduzidas pela EC nº 88/2015. 5 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626793. Supremo Tribunal Federal ADI 5316 MC / DF unitário e nacional”. Segundo a entidade, trata-se “de um movimento que deverá alcançar a todos ou quase todos os Estados da Federação”. Essas demandas estão indicadas na inicial. Cito a título ilustrativo a decisão no Mandado de Segurança nº 0005603-84.2015.8.17.0000, impetrado junto ao Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco. Eis trecho significativo da decisão: “(...) a nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 88/2015, que dispôs a idade de 75 (setenta e cinco) anos para aposentadoria compulsória, deve ser imediatamente implementada, sem que para tanto haja necessidade de vigorar lei complementar para efetivação do que dispõe a referida Emenda Constitucional, levando-se em consideração o caráter nacional do Poder Judiciário. A bem da verdade, não há razão apta a justificar tratamento desigual entre membros integrantes da magistratura nacional, cuja carreira, como já salientado, reveste-se de caráter nacional, segundo preceito insculpido na própria Constituição da República. (...) Por todo o exposto, DEFIRO a liminar perseguida no sentido de determinar que a autoridade indigitada coatora se abstenha de aposentar o impetranteaos 70 (setenta) anos de idade, até o julgamento da presente Ação Mandamental”. Também nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro decisões de teor semelhante já foram tomadas nos autos dos Mandados de Segurança nº 2091014-12.2015.8.26.0000 (SP) e nº 0022332-34.2015.8.19.0000 (RJ). Em todos esses os casos, tribunais locais julgaram, em sede liminar, inválida a regra transitória contida no art. 2º da EC nº 88/2015 por suposta violação à isonomia e à unidade do Poder Judiciário. Como se observa, existe hoje controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do art. 40, §1º, II, da CRFB e do art. 100 do ADCT, com as modificações introduzidas pela EC nº 88/2015. 5 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626793. Inteiro Teor do Acórdão - Página 17 de 82 Voto - MIN. LUIZ FUX ADI 5316 MC / DF Antes, porém, que se passe à apreciação do mérito, convém esclarecer questão preliminar relevante para o processo constitucional pátrio. Preliminar I. Regularidade processual da cumulação de pedidos típicos de ADI e ADC em uma única demanda de controle concentrado A presente demanda de controle concentrado de constitucionalidade apresenta cumulação simples de pedidos típicos de ADI e de ADC. Isso porque as entidades requerentes formulam as seguintes postulações ao Supremo Tribunal Federal: 1-Suspensão cautelar e declaração de inconstitucionalidade parcial com redução de texto do art. 2º da EC nº 88/2015, mais especificamente da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” contida no novo artigo 100 do ADCT. Trata-se de pedido próprio de ação direta de inconstitucionalidade (ADI); 2-Interpretação do art. 40, §1º, II da CRFB e do art. 100 do ADCT, com as modificações introduzidas pela EC nº 88/2015, para afastar a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação dos aludidos dispositivos. Embora formulado como pedido de “interpretação conforme”, trata-se, a rigor, de postulação própria de ação declaratória de constitucionalidade (ADC), na medida em que requer a afirmação da validade da EC nº 88/2015, que tem sido declarada inconstitucional por tribunais estaduais do País com fundamento na unidade do Poder Judiciário e no princípio da igualdade. Assento de plano a admissibilidade da cumulação de ações de controle concentrado de constitucionalidade. Há ao menos duas razões 6 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626793. Supremo Tribunal Federal ADI 5316 MC / DF Antes, porém, que se passe à apreciação do mérito, convém esclarecer questão preliminar relevante para o processo constitucional pátrio. Preliminar I. Regularidade processual da cumulação de pedidos típicos de ADI e ADC em uma única demanda de controle concentrado A presente demanda de controle concentrado de constitucionalidade apresenta cumulação simples de pedidos típicos de ADI e de ADC. Isso porque as entidades requerentes formulam as seguintes postulações ao Supremo Tribunal Federal: 1-Suspensão cautelar e declaração de inconstitucionalidade parcial com redução de texto do art. 2º da EC nº 88/2015, mais especificamente da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” contida no novo artigo 100 do ADCT. Trata-se de pedido próprio de ação direta de inconstitucionalidade (ADI); 2-Interpretação do art. 40, §1º, II da CRFB e do art. 100 do ADCT, com as modificações introduzidas pela EC nº 88/2015, para afastar a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação dos aludidos dispositivos. Embora formulado como pedido de “interpretação conforme”, trata-se, a rigor, de postulação própria de ação declaratória de constitucionalidade (ADC), na medida em que requer a afirmação da validade da EC nº 88/2015, que tem sido declarada inconstitucional por tribunais estaduais do País com fundamento na unidade do Poder Judiciário e no princípio da igualdade. Assento de plano a admissibilidade da cumulação de ações de controle concentrado de constitucionalidade. Há ao menos duas razões 6 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626793. Inteiro Teor do Acórdão - Página 18 de 82 Voto - MIN. LUIZ FUX ADI 5316 MC / DF para esse entendimento. Em primeiro lugar, a cumulação de ações é não só compatível como também adequada à promoção dos fins a que se destina o processo objetivo de fiscalização abstrata de constitucionalidade, vocacionado que é “à defesa, em tese, da harmonia do sistema constitucional” (ADI-MC nº 1.434, rel. Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 29/08/1996, DJ de 22-11- 1996). Em doutrina, o professor e Ministro Gilmar Mendes já teve a oportunidade de registrar, na esteira da doutrina germânica, o que se compreende por “processo objetivo”: “(...) [Trata-se de] um processo sem sujeitos, destinado, pura e simplesmente, à defesa da Constituição (Verfassungsrechtsbewahrungsverfahren). Não se cogita, propriamente, da defesa de interesse do requerente (Rechtsschutzbedürfnis), que pressupõe a defesa de situações subjetivas. Nesse sentido, assentou o [Tribunal Constitucional Federal alemão] Bundesverfassungsgericht que, no controle abstrato de normas, cuida-se fundamentalmente, de um processo unilateral, não contraditório, isto é, de um processo sem partes, no qual existe um requerente, mas inexiste requerido’.” (MENDES, Gilmar Ferreira. Constitucionalidade – Aspectos jurídicos e políticos. São Paulo: Saraiva, 1990, p. 250-251) Na linha da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a natureza objetiva do processo e o seu escopo de tutela da ordem constitucional impedem que toda e qualquer norma própria ao processo subjetivo possa ser imediatamente aplicada à fiscalização abstrata. Não obstante isso, a hipótese destes autos não cuida de instituto típico de situações jurídicas subjetivas. Como o próprio rótulo sugere, trata-se de cumulação objetiva. Além disso, as ações cumuladas têm objetivo comum: manter a integridade do sistema jurídico nacional. Essa simetria ou natureza dúplice 7 Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8626793. Supremo Tribunal Federal ADI 5316 MC / DF para esse entendimento. Em primeiro lugar, a cumulação de ações é não só compatível como também adequada à promoção dos fins a que se destina o processo objetivo de fiscalização abstrata de constitucionalidade, vocacionado que é “à defesa, em tese, da harmonia do sistema constitucional” (ADI-MC nº 1.434, rel. Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 29/08/1996, DJ de 22-11- 1996). Em doutrina, o professor e Ministro Gilmar Mendes já teve a oportunidade de registrar, na esteira da doutrina germânica, o que se compreende
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