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Princípio constitucional da separação dos poderes

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Ementa e Acórdão
21/05/2015 PLENÁRIO
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
5.316 DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. LUIZ FUX
REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS - 
AMB 
REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MAGISTRADOS DA 
JUSTIÇA DO TRABALHO - ANAMATRA 
REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO DOS JUÍZES FEDERAIS DO BRASIL - 
AJUFE 
ADV.(A/S) :ALBERTO PAVIE RIBEIRO E OUTRO(A/S)
INTDO.(A/S) :CONGRESSO NACIONAL 
ADV.(A/S) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO 
EMENTA: MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 
88/2015. CUMULAÇÃO DE AÇÕES EM PROCESSO OBJETIVO. 
POSSIBILIDADE. ART. 292 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 
APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA. MÉRITO. APOSENTADORIA 
COMPULSÓRIA AOS 75 ANOS DE IDADE DE MEMBROS DOS 
TRIBUNAIS SUPERIORES E DO TRIBUNAL DE CONTAS DA 
UNIÃO. NECESSIDADE DE NOVA SABATINA PERANTE O 
SENADO FEDERAL (CRFB, ART. 52). VIOLAÇÃO À SEPARAÇÃO 
DOS PODERES (CRFB, ART. 60, §4º, III). ULTRAJE À 
INDEPENDÊNCIA E À IMPARCIALIDADE DO PODER 
JUDICIÁRIO. INCONSTITUCIONALIDADE DA EXPRESSÃO “NAS 
CONDIÇÕES DO ART. 52 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL” DO 
ARTIGO 100 DO ADCT. SENTIDO DA EXPRESSÃO “LEI 
COMPLEMENTAR” NA NOVA REDAÇÃO DO ART. 40, §1º, II, CRFB. 
DISCUSSÃO RESTRITA AOS MEMBROS DO PODER JUDICIÁRIO. 
ART. 93, VI, DA CRFB. NECESSIDADE DE LEI COMPLEMENTAR 
NACIONAL DE INICIATIVA DO STF. INVALIDADE DE LEIS 
ESTADUAIS QUE DISPONHAM SOBRE APOSENTADORIA DE 
MAGISTRADOS. EXISTÊNCIA DE REGRA DE APOSENTADORIA 
Supremo Tribunal Federal
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Supremo Tribunal FederalSupremo Tribunal Federal
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Ementa e Acórdão
ADI 5316 MC / DF 
ESPECÍFICA PARA MEMBROS DE TRIBUNAL SUPERIOR. 
PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E DA UNIDADE DO PODER 
JUDICIÁRIO. ALEGADA VIOLAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. 
PEDIDO CAUTELAR DEFERIDO. 
1. O princípio constitucional da separação dos Poderes (CRFB, art. 
2º), cláusula pétrea inscrita no art. 60, § 4º, III, da Constituição República, 
revela-se incompatível com arranjos institucionais que comprometam a 
independência e a imparcialidade do Poder Judiciário, predicados 
necessários à garantia da justiça e do Estado de Democrático de Direito.
2. A expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” contida 
no art. 100 do ADCT, introduzido pela EC nº 88/2015, ao sujeitar à 
confiança política do Poder Legislativo a permanência no cargo de 
magistrados do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e de 
membros do Tribunal de Contas da União, vulnera as condições materiais 
necessárias ao exercício imparcial e independente da função jurisdicional.
3. A aposentadoria compulsória de magistrados é tema reservado à 
lei complementar nacional, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, 
nos termos da regra expressa contida no artigo 93, VI, da Constituição da 
República, não havendo que se falar em interesse local, ou mesmo 
qualquer singularidade que justifique a atuação legiferante estadual em 
detrimento da uniformização.
4. A unidade do Poder Judiciário nacional e o princípio da isonomia 
são compatíveis com a existência de regra de aposentadoria específica 
para integrantes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, 
cujos cargos também apresentam peculiaridades para o seu provimento. 
5. É inconstitucional todo pronunciamento judicial ou administrativo 
que afaste, amplie ou reduza a literalidade do comando previsto no art. 
100 do ADCT e, com base em neste fundamento, assegure a qualquer 
agente público o exercício das funções relativas a cargo efetivo ou 
vitalício após ter completado setenta anos de idade.
6. A cumulação simples de pedidos típicos de ADI e de ADC é 
processualmente cabível em uma única demanda de controle concentrado 
de constitucionalidade, desde que satisfeitos os requisitos previstos na 
2 
Supremo Tribunal Federal
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ADI 5316 MC / DF 
ESPECÍFICA PARA MEMBROS DE TRIBUNAL SUPERIOR. 
PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E DA UNIDADE DO PODER 
JUDICIÁRIO. ALEGADA VIOLAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. 
PEDIDO CAUTELAR DEFERIDO. 
1. O princípio constitucional da separação dos Poderes (CRFB, art. 
2º), cláusula pétrea inscrita no art. 60, § 4º, III, da Constituição República, 
revela-se incompatível com arranjos institucionais que comprometam a 
independência e a imparcialidade do Poder Judiciário, predicados 
necessários à garantia da justiça e do Estado de Democrático de Direito.
2. A expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” contida 
no art. 100 do ADCT, introduzido pela EC nº 88/2015, ao sujeitar à 
confiança política do Poder Legislativo a permanência no cargo de 
magistrados do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e de 
membros do Tribunal de Contas da União, vulnera as condições materiais 
necessárias ao exercício imparcial e independente da função jurisdicional.
3. A aposentadoria compulsória de magistrados é tema reservado à 
lei complementar nacional, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, 
nos termos da regra expressa contida no artigo 93, VI, da Constituição da 
República, não havendo que se falar em interesse local, ou mesmo 
qualquer singularidade que justifique a atuação legiferante estadual em 
detrimento da uniformização.
4. A unidade do Poder Judiciário nacional e o princípio da isonomia 
são compatíveis com a existência de regra de aposentadoria específica 
para integrantes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, 
cujos cargos também apresentam peculiaridades para o seu provimento. 
5. É inconstitucional todo pronunciamento judicial ou administrativo 
que afaste, amplie ou reduza a literalidade do comando previsto no art. 
100 do ADCT e, com base em neste fundamento, assegure a qualquer 
agente público o exercício das funções relativas a cargo efetivo ou 
vitalício após ter completado setenta anos de idade.
6. A cumulação simples de pedidos típicos de ADI e de ADC é 
processualmente cabível em uma única demanda de controle concentrado 
de constitucionalidade, desde que satisfeitos os requisitos previstos na 
2 
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Ementa e Acórdão
ADI 5316 MC / DF 
legislação processual civil (CPC, art. 292). 
7. Pedido cautelar deferido. 
A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do 
Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata de 
julgamentos e das notas taquigráficas, por maioria de votos, em assentar 
a admissibilidade da cumulação da ação direta de inconstitucionalidade 
com ação declaratória de constitucionalidade, vencido o Ministro Marco 
Aurélio, que não admitia a cumulação. No mérito, o Tribunal, por maioria 
e nos termos do voto do Relator, deferiu a medida cautelarpara: 1) 
suspender a aplicação da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição 
Federal” contida no art. 100 do ADCT, introduzido pela EC nº 88/2015, por 
vulnerar as condições materiais necessárias ao exercício imparcial e 
independente da função jurisdicional, ultrajando a separação dos 
Poderes, cláusula pétrea inscrita no art. 60, § 4º, III, da CRFB; 2) fixar a 
interpretação, quanto à parte remanescente da EC nº 88/2015, de que o 
art. 100 do ADCT não pode ser estendido a outros agentes públicos até 
que seja editada a lei complementar a que alude o art. 40, § 1º, II, da 
CRFB, a qual, quanto à magistratura, é a lei complementar de iniciativa 
do Supremo Tribunal Federal nos termos do art. 93 da CRFB; 3) 
suspender a tramitação de todos os processos que envolvam a aplicação a 
magistrados do art. 40, § 1º, II da CRFB e do art. 100 do ADCT, até o 
julgamento definitivo da presente demanda, e 4) declarar sem efeito todo 
e qualquer pronunciamento judicial ou administrativo que afaste, amplie 
ou reduza a literalidade do comando previsto no art. 100 do ADCT e, com 
base neste fundamento, assegure a qualquer outro agente público o 
exercício das funções relativas a cargo efetivo após ter completado setenta 
anos de idade. Vencidos, em parte, os Ministros Teori Zavascki e Marco 
Aurélio, que davam interpretação conforme à parte final do art. 100, 
introduzido pela EC nº 88/2015, para excluir enfoque que seja conducente 
3 
Supremo Tribunal Federal
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ADI 5316 MC / DF 
legislação processual civil (CPC, art. 292). 
7. Pedido cautelar deferido. 
A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do 
Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata de 
julgamentos e das notas taquigráficas, por maioria de votos, em assentar 
a admissibilidade da cumulação da ação direta de inconstitucionalidade 
com ação declaratória de constitucionalidade, vencido o Ministro Marco 
Aurélio, que não admitia a cumulação. No mérito, o Tribunal, por maioria 
e nos termos do voto do Relator, deferiu a medida cautelar para: 1) 
suspender a aplicação da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição 
Federal” contida no art. 100 do ADCT, introduzido pela EC nº 88/2015, por 
vulnerar as condições materiais necessárias ao exercício imparcial e 
independente da função jurisdicional, ultrajando a separação dos 
Poderes, cláusula pétrea inscrita no art. 60, § 4º, III, da CRFB; 2) fixar a 
interpretação, quanto à parte remanescente da EC nº 88/2015, de que o 
art. 100 do ADCT não pode ser estendido a outros agentes públicos até 
que seja editada a lei complementar a que alude o art. 40, § 1º, II, da 
CRFB, a qual, quanto à magistratura, é a lei complementar de iniciativa 
do Supremo Tribunal Federal nos termos do art. 93 da CRFB; 3) 
suspender a tramitação de todos os processos que envolvam a aplicação a 
magistrados do art. 40, § 1º, II da CRFB e do art. 100 do ADCT, até o 
julgamento definitivo da presente demanda, e 4) declarar sem efeito todo 
e qualquer pronunciamento judicial ou administrativo que afaste, amplie 
ou reduza a literalidade do comando previsto no art. 100 do ADCT e, com 
base neste fundamento, assegure a qualquer outro agente público o 
exercício das funções relativas a cargo efetivo após ter completado setenta 
anos de idade. Vencidos, em parte, os Ministros Teori Zavascki e Marco 
Aurélio, que davam interpretação conforme à parte final do art. 100, 
introduzido pela EC nº 88/2015, para excluir enfoque que seja conducente 
3 
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Ementa e Acórdão
ADI 5316 MC / DF 
a concluir-se pela segunda sabatina, considerado o mesmo cargo em 
relação ao qual houve a primeira sabatina. Vencido, ainda, o Ministro 
Marco Aurélio, que não conhecia da ação declaratória de 
constitucionalidade e, superada a questão, indeferia a cautelar. 
Brasília, 21 de maio de 2015.
Ministro LUIZ FUX – Relator
Documento assinado digitalmente
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Supremo Tribunal Federal
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ADI 5316 MC / DF 
a concluir-se pela segunda sabatina, considerado o mesmo cargo em 
relação ao qual houve a primeira sabatina. Vencido, ainda, o Ministro 
Marco Aurélio, que não conhecia da ação declaratória de 
constitucionalidade e, superada a questão, indeferia a cautelar. 
Brasília, 21 de maio de 2015.
Ministro LUIZ FUX – Relator
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Relatório
21/05/2015 PLENÁRIO
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
5.316 DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. LUIZ FUX
REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS - 
AMB 
REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MAGISTRADOS DA 
JUSTIÇA DO TRABALHO - ANAMATRA 
REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO DOS JUÍZES FEDERAIS DO BRASIL - 
AJUFE 
ADV.(A/S) :ALBERTO PAVIE RIBEIRO E OUTRO(A/S)
INTDO.(A/S) :CONGRESSO NACIONAL 
ADV.(A/S) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO 
R E L A T Ó R I O
O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Trata-se de ação direta 
de inconstitucionalidade, com pedido de medida liminar, ajuizada em 
conjunto pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), pela 
Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho 
(ANAMATRA) e pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE) 
contra a expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” contida 
no texto do art. 100 do ADCT introduzido pelo artigo 2º da Emenda 
Constitucional nº 88, promulgada em 07.05.2015 e publicada no DOU de 
08.05.2015. Subsidiariamente, as associações impugnam a totalidade do 
art. 2º da EC nº 88/2015. Eis o teor da aludida Emenda:
“Art. 1º O art. 40 da Constituição Federal passa a vigorar 
com a seguinte alteração:
‘Art. 40. § 1º (...)
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais 
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, 
ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei 
complementar;
Supremo Tribunal Federal
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21/05/2015 PLENÁRIO
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
5.316 DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. LUIZ FUX
REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS - 
AMB 
REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOSMAGISTRADOS DA 
JUSTIÇA DO TRABALHO - ANAMATRA 
REQTE.(S) :ASSOCIAÇÃO DOS JUÍZES FEDERAIS DO BRASIL - 
AJUFE 
ADV.(A/S) :ALBERTO PAVIE RIBEIRO E OUTRO(A/S)
INTDO.(A/S) :CONGRESSO NACIONAL 
ADV.(A/S) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO 
R E L A T Ó R I O
O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Trata-se de ação direta 
de inconstitucionalidade, com pedido de medida liminar, ajuizada em 
conjunto pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), pela 
Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho 
(ANAMATRA) e pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE) 
contra a expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” contida 
no texto do art. 100 do ADCT introduzido pelo artigo 2º da Emenda 
Constitucional nº 88, promulgada em 07.05.2015 e publicada no DOU de 
08.05.2015. Subsidiariamente, as associações impugnam a totalidade do 
art. 2º da EC nº 88/2015. Eis o teor da aludida Emenda:
“Art. 1º O art. 40 da Constituição Federal passa a vigorar 
com a seguinte alteração:
‘Art. 40. § 1º (...)
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais 
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, 
ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei 
complementar;
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Relatório
ADI 5316 MC / DF 
Art. 2º O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias 
passa a vigorar acrescido do seguinte art. 100:
‘Art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar 
de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição 
Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos 
Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União 
aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e 
cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da 
Constituição Federal.’
Art. 3º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data 
de sua publicação.”
Segundo narram as entidades, a expressão “nas condições do art. 52 da 
Constituição Federal” tem o objetivo de submeter os atuais membros de 
Tribunais Superiores (e do Tribunal de Contas da União) a uma nova 
sabatina perante o Senado Federal quando completarem 70 anos de 
idade. Em abono a essa compreensão, apontam a existência de notícia 
veiculada na página do Senado Federal na internet em que o presidente 
daquela Casa Legislativa teria dado a seguinte declaração, verbis: 
“conforme a emenda, os que desejarem continuar na magistratura deverão ser 
novamente sabatinados pelo Senado Federal, que não abrirá mão da prerrogativa 
de fazê-lo”.
Em sede preliminar, afirmam ser “indiscutível a legitimidade das 
autoras para propor a presente ação direta de inconstitucionalidade”, dada a 
“clara a pertinência temática entre o objeto da ação e os fins sociais de todas elas, 
até porque parte dos seus associados estão sujeitos às determinações da nova 
norma constitucional, de terem de se submeter a uma nova sabatina perante o 
Senado Federal e a uma nova nomeação por parte da Presidente da República, 
caso queiram permanecer no exercício das funções até os 75 anos de idade”.
No mérito, sustentam que a expressão incorre em vício material por 
2 
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ADI 5316 MC / DF 
Art. 2º O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias 
passa a vigorar acrescido do seguinte art. 100:
‘Art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar 
de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição 
Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos 
Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União 
aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e 
cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da 
Constituição Federal.’
Art. 3º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data 
de sua publicação.”
Segundo narram as entidades, a expressão “nas condições do art. 52 da 
Constituição Federal” tem o objetivo de submeter os atuais membros de 
Tribunais Superiores (e do Tribunal de Contas da União) a uma nova 
sabatina perante o Senado Federal quando completarem 70 anos de 
idade. Em abono a essa compreensão, apontam a existência de notícia 
veiculada na página do Senado Federal na internet em que o presidente 
daquela Casa Legislativa teria dado a seguinte declaração, verbis: 
“conforme a emenda, os que desejarem continuar na magistratura deverão ser 
novamente sabatinados pelo Senado Federal, que não abrirá mão da prerrogativa 
de fazê-lo”.
Em sede preliminar, afirmam ser “indiscutível a legitimidade das 
autoras para propor a presente ação direta de inconstitucionalidade”, dada a 
“clara a pertinência temática entre o objeto da ação e os fins sociais de todas elas, 
até porque parte dos seus associados estão sujeitos às determinações da nova 
norma constitucional, de terem de se submeter a uma nova sabatina perante o 
Senado Federal e a uma nova nomeação por parte da Presidente da República, 
caso queiram permanecer no exercício das funções até os 75 anos de idade”.
No mérito, sustentam que a expressão incorre em vício material por 
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Relatório
ADI 5316 MC / DF 
ofensa à garantia da vitaliciedade (CRFB, art. 93, caput) e à Separação dos 
Poderes (CRFB, art. 2º), exorbitando os limites substantivos ao poder de 
reforma da Constituição da República (CRFB, art. 60, §4º, III e IV). 
Consoante a argumentação articulada, o art. 52 da CRFB versa “sobre 
condição de acesso para o cargo de magistrado -- nos casos estabelecidos na 
Constituição -- e não condição de permanência no cargo de magistrado”, de 
modo que, “ao estabelecer que os ATUAIS membros do STF, dos Tribunais 
Superiores e do TCU ‘aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos setenta e 
cinco anos de idade, nas condições do art. 52’, acabou o legislador 
constituinte derivado por mesclar critérios de acesso com critérios de 
continuidade ou permanência no cargo, criando uma norma manifestamente 
violadora da garantia da vitaliciedade da magistratura”. 
Aduzem que “esta nova submissão ao Senado Federal afetará a liberdade e 
a independência do Ministro interessado em permanecer no seu cargo até os 75 
anos, pois o mesmo estará refém do Senado e de interesses político-partidários” . 
Defendem que, “por se tratar de hipótese excepcional, que flexibiliza o princípio 
da separação dos poderes”, (...) o referido artigo 52 constou da estrutura 
originária prevista pela CF, a qual não pode ser alterada ou ampliada pelo 
constituinte derivado, sob pena de violar o equilíbrio inicialmente previsto. (…) 
Daí a violação ao princípio da separação de poderes, cláusula pétrea prevista no 
art. 2º da CF, o que o art. 60, § 4º, III, veda seja objeto de emenda constitucional”.
Postulam a suspensão cautelar da expressão “nas condições do art. 52 
da Constituição Federal” prevista no art. 100do ADCT, ao fundamento de 
que “sua manutenção para aguardar o julgamento de mérito terá consequências 
gravíssimas para a magistratura brasileira, uma vez que membros dos Tribunais 
Superiores que estão na iminência de se aposentar, terão de se submeter a uma 
nova sabatina e votação no Senado Federal, caso não seja deferida a medida 
cautelar e pretendam permanecer no exercício das funções”. Em definitivo, 
requerem a declaração de inconstitucionalidade da expressão 
impugnada.
3 
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Supremo Tribunal Federal
ADI 5316 MC / DF 
ofensa à garantia da vitaliciedade (CRFB, art. 93, caput) e à Separação dos 
Poderes (CRFB, art. 2º), exorbitando os limites substantivos ao poder de 
reforma da Constituição da República (CRFB, art. 60, §4º, III e IV). 
Consoante a argumentação articulada, o art. 52 da CRFB versa “sobre 
condição de acesso para o cargo de magistrado -- nos casos estabelecidos na 
Constituição -- e não condição de permanência no cargo de magistrado”, de 
modo que, “ao estabelecer que os ATUAIS membros do STF, dos Tribunais 
Superiores e do TCU ‘aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos setenta e 
cinco anos de idade, nas condições do art. 52’, acabou o legislador 
constituinte derivado por mesclar critérios de acesso com critérios de 
continuidade ou permanência no cargo, criando uma norma manifestamente 
violadora da garantia da vitaliciedade da magistratura”. 
Aduzem que “esta nova submissão ao Senado Federal afetará a liberdade e 
a independência do Ministro interessado em permanecer no seu cargo até os 75 
anos, pois o mesmo estará refém do Senado e de interesses político-partidários” . 
Defendem que, “por se tratar de hipótese excepcional, que flexibiliza o princípio 
da separação dos poderes”, (...) o referido artigo 52 constou da estrutura 
originária prevista pela CF, a qual não pode ser alterada ou ampliada pelo 
constituinte derivado, sob pena de violar o equilíbrio inicialmente previsto. (…) 
Daí a violação ao princípio da separação de poderes, cláusula pétrea prevista no 
art. 2º da CF, o que o art. 60, § 4º, III, veda seja objeto de emenda constitucional”.
Postulam a suspensão cautelar da expressão “nas condições do art. 52 
da Constituição Federal” prevista no art. 100 do ADCT, ao fundamento de 
que “sua manutenção para aguardar o julgamento de mérito terá consequências 
gravíssimas para a magistratura brasileira, uma vez que membros dos Tribunais 
Superiores que estão na iminência de se aposentar, terão de se submeter a uma 
nova sabatina e votação no Senado Federal, caso não seja deferida a medida 
cautelar e pretendam permanecer no exercício das funções”. Em definitivo, 
requerem a declaração de inconstitucionalidade da expressão 
impugnada.
3 
Supremo Tribunal Federal
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Relatório
ADI 5316 MC / DF 
Subsidiariamente, formulam pedido de suspensão (cautelar) e 
invalidação (definitiva) de todo o art. 2º da EC nº 88/2015, caso o Supremo 
Tribunal Federal entenda que a declaração de inconstitucionalidade 
apenas da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” 
introduziria novo sentido ao art. 100 do ADCT. E afirmam:
“É que, se esse fundamento for suficiente para obstar a 
declaração de inconstitucionalidade da expressão que reputa 
inválida, não podem as autoras deixar de reclamar a 
inconstitucionalidade total do art. 2º, porque um mal maior será 
a subsistência dessa nova ‘arguição’ perante o Senado Federal.
É efetivamente inimaginável, d.v., que possa subsistir tal 
exigência em um Estado Democrático de Direito. Ou se afasta 
apenas a expressão inconstitucional, ou se afasta a totalidade do 
art. 2º da EC n. 88, que confere eficácia imediata do novo limite 
de idade para aposentadoria dos Ministros desse eg. STF e dos 
Tribunais Superiores, porque não se pode admitir a submissão 
desses magistrados a uma nova arguição perante o Senado 
Federal para permanecerem no cargo até os 75 anos de idade”.
Em 12/05/2015, tendo em vista a repercussão jurídica e institucional 
da controvérsia, submeti o feito ao rito do art. 10 da Lei nº 9.868/99 
visando à imediata apreciação do pedido liminar pelo Plenário do 
Supremo Tribunal Federal.
Em 13/05/2015, a AMB protocolou petição dando notícia de que, 
“logo após a promulgação da EC n. 88, começaram a ser propostas, em diversos 
Estados da Federação, ações individuais de Desembargadores objetivando a 
‘extensão’ da norma contida no art. 100 do ADCT também aos demais membros 
da magistratura, sob o fundamento de que o Poder Judiciário possui caráter 
unitário e nacional”. Segundo a entidade, trata-se “de um movimento que 
deverá alcançar a todos ou quase todos os Estados da Federação”. Afirma então 
o seguinte:
4 
Supremo Tribunal Federal
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Supremo Tribunal Federal
ADI 5316 MC / DF 
Subsidiariamente, formulam pedido de suspensão (cautelar) e 
invalidação (definitiva) de todo o art. 2º da EC nº 88/2015, caso o Supremo 
Tribunal Federal entenda que a declaração de inconstitucionalidade 
apenas da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” 
introduziria novo sentido ao art. 100 do ADCT. E afirmam:
“É que, se esse fundamento for suficiente para obstar a 
declaração de inconstitucionalidade da expressão que reputa 
inválida, não podem as autoras deixar de reclamar a 
inconstitucionalidade total do art. 2º, porque um mal maior será 
a subsistência dessa nova ‘arguição’ perante o Senado Federal.
É efetivamente inimaginável, d.v., que possa subsistir tal 
exigência em um Estado Democrático de Direito. Ou se afasta 
apenas a expressão inconstitucional, ou se afasta a totalidade do 
art. 2º da EC n. 88, que confere eficácia imediata do novo limite 
de idade para aposentadoria dos Ministros desse eg. STF e dos 
Tribunais Superiores, porque não se pode admitir a submissão 
desses magistrados a uma nova arguição perante o Senado 
Federal para permanecerem no cargo até os 75 anos de idade”.
Em 12/05/2015, tendo em vista a repercussão jurídica e institucional 
da controvérsia, submeti o feito ao rito do art. 10 da Lei nº 9.868/99 
visando à imediata apreciação do pedido liminar pelo Plenário do 
Supremo Tribunal Federal.
Em 13/05/2015, a AMB protocolou petição dando notícia de que, 
“logo após a promulgação da EC n. 88, começaram a ser propostas, em diversos 
Estados da Federação, ações individuais de Desembargadores objetivando a 
‘extensão’ da norma contida no art. 100 do ADCT também aos demais membros 
da magistratura, sob o fundamento de que o Poder Judiciário possui caráter 
unitário e nacional”. Segundo a entidade, trata-se “de um movimento que 
deverá alcançar a todos ou quase todos os Estados da Federação”. Afirma então 
o seguinte:
4Supremo Tribunal Federal
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Relatório
ADI 5316 MC / DF 
“Como esse eg. STF estará, no julgamento da medida 
cautelar dessa ADI -- pois V. Exa já proferiu decisão 
determinando a observância do rito do art. 10 da Lei n. 8.689/90 
-- proferindo um decisão que refletirá a interpretação da Corte 
sobre o novo art. 100 da CF, entende a AMB que poderá conferir 
a interpretação necessária a essa regra, para dizer que não será 
uma lei complementar qualquer da União ou de qualquer 
Estado da Federação, que poderá dispor sobre o limite de idade 
da aposentadoria da magistratura, mas apenas a lei prevista no 
art. 93, caput, da iniciativa desse eg. STF.
E vindo a conferir essa interpretação, não poderão os 
Tribunais de segundo grau, sem afrontar a decisão desse eg. 
STF, decidir pela extensão do direito conferido pelo novo art. 
100 da CF aos membros desse eg. STF e dos Tribunais 
Superiores, também aos Desembargadores dos Tribunais de 
segundo grau.
Evitar-se-á, assim, um grave conflito que já está sendo 
instaurado perante os Tribunais de Justiça de diversos Estados 
da Federal”.
Postula, assim, que o Supremo Tribunal Federal, “quando do 
julgamento da cautelar ou do pedido final da ação, confira interpretação ao art. 
100 do ADCT, (a) seja para dizer que o disposto no referido artigo não pode ser 
estendido aos Desembargadores dos Tribunais, até que seja editada lei 
complementar, (b) seja para dizer que a lei complementar mencionada na EC n. 
88, quanto à magistratura, é a lei complementar da iniciativa desse eg. STF, de 
sorte a poder obstar a série de ações propostas nos Estados visando a ampliar 
indevidamente o limite de idade de aposentadoria de Desembargadores, antes da 
edição do novo Estatuto da Magistratura”.
Em 20/05/2015, a Presidência da Câmara dos Deputados prestou 
informações no sentido de que a EC nº 88/2015 “foi processada pelo 
Congresso Nacional dentro dos mais estritos trâmites constitucionais e 
regimentais inerentes à espécie”. 
5 
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ADI 5316 MC / DF 
“Como esse eg. STF estará, no julgamento da medida 
cautelar dessa ADI -- pois V. Exa já proferiu decisão 
determinando a observância do rito do art. 10 da Lei n. 8.689/90 
-- proferindo um decisão que refletirá a interpretação da Corte 
sobre o novo art. 100 da CF, entende a AMB que poderá conferir 
a interpretação necessária a essa regra, para dizer que não será 
uma lei complementar qualquer da União ou de qualquer 
Estado da Federação, que poderá dispor sobre o limite de idade 
da aposentadoria da magistratura, mas apenas a lei prevista no 
art. 93, caput, da iniciativa desse eg. STF.
E vindo a conferir essa interpretação, não poderão os 
Tribunais de segundo grau, sem afrontar a decisão desse eg. 
STF, decidir pela extensão do direito conferido pelo novo art. 
100 da CF aos membros desse eg. STF e dos Tribunais 
Superiores, também aos Desembargadores dos Tribunais de 
segundo grau.
Evitar-se-á, assim, um grave conflito que já está sendo 
instaurado perante os Tribunais de Justiça de diversos Estados 
da Federal”.
Postula, assim, que o Supremo Tribunal Federal, “quando do 
julgamento da cautelar ou do pedido final da ação, confira interpretação ao art. 
100 do ADCT, (a) seja para dizer que o disposto no referido artigo não pode ser 
estendido aos Desembargadores dos Tribunais, até que seja editada lei 
complementar, (b) seja para dizer que a lei complementar mencionada na EC n. 
88, quanto à magistratura, é a lei complementar da iniciativa desse eg. STF, de 
sorte a poder obstar a série de ações propostas nos Estados visando a ampliar 
indevidamente o limite de idade de aposentadoria de Desembargadores, antes da 
edição do novo Estatuto da Magistratura”.
Em 20/05/2015, a Presidência da Câmara dos Deputados prestou 
informações no sentido de que a EC nº 88/2015 “foi processada pelo 
Congresso Nacional dentro dos mais estritos trâmites constitucionais e 
regimentais inerentes à espécie”. 
5 
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Relatório
ADI 5316 MC / DF 
Também em 20/05/2015, a Procuradoria-Geral da República, 
manifestando-se na qualidade de custos legis, apresentou parecer pela 
concessão da medida cautelar. Eis o teor da respectiva ementa: 
“CONSTITUCIONAL. ESTATUTO DA 
MAGISTRATURA JUDICIAL. LIMITAÇÕES AO PODER DE 
REFORMA CONSTITUCIONAL. ART. 100 DO ADCT, 
INCLUÍDO PELA EMENDA CONSTITUCIONAL 88/2015. 
SUJEIÇÃO DE MINISTROS DO JUDICIÁRIO E DO 
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO A ARGUIÇÃO E 
APROVAÇÃO DO SENADO FEDERAL PARA 
PERMANÊNCIA NO CARGO ATÉ 75 ANOS DE IDADE. 
INTERFERÊNCIA DO PODER LEGISLATIVO NA 
INDEPENDÊNCIA DO JUDICIÁRIO. VIOLAÇÃO A 
CLÁUSULA PÉTREA. INTERPRETAÇÃO CONFORME AO 
ART. 100 DO ADCT PARA RESTRINGILO ÀS 
AUTORIDADES QUE INDICA E AO ART. 40, § 1º, II, DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL PARA RECONHECER A 
MATÉRIA COMO RESERVADA À LEI COMPLEMENTAR 
DE INICIATIVA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
1. Ampliação para 75 anos da idade limite para 
aposentadoria compulsória significa, para a magistratura, 
ampliação do alcance da vitaliciedade que, assim como as 
demais garantias inscritas no art. 95 da Constituição da 
República, visa a assegurar independência e imparcialidade aos 
órgãos judiciais, como garantias voltadas aos cidadãos.
2. Exigência de arguição e aprovação do Senado Federal 
para permanência de ministros do Supremo Tribunal Federal, 
de Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União após 
70 anos de idade representa intromissão indevida do 
Legislativo em tema sensível à independência do Judiciário e à 
garantia de independência técnica e funcional dos membros do 
TCU, pois submete a continuidade no exercício da judicatura e 
do controle externo a juízo de índole eminentemente política e 
de caráter discricionário.
3. O modelo de investidura no cargo de ministro do 
6 
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ADI 5316 MC / DF 
Também em 20/05/2015, a Procuradoria-Geral da República, 
manifestando-se na qualidade de custos legis, apresentou parecer pela 
concessão da medida cautelar. Eis o teor da respectiva ementa: 
“CONSTITUCIONAL. ESTATUTO DA 
MAGISTRATURA JUDICIAL. LIMITAÇÕES AO PODER DE 
REFORMA CONSTITUCIONAL. ART. 100 DO ADCT, 
INCLUÍDO PELA EMENDA CONSTITUCIONAL 88/2015. 
SUJEIÇÃO DE MINISTROS DO JUDICIÁRIO E DO 
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO AARGUIÇÃO E 
APROVAÇÃO DO SENADO FEDERAL PARA 
PERMANÊNCIA NO CARGO ATÉ 75 ANOS DE IDADE. 
INTERFERÊNCIA DO PODER LEGISLATIVO NA 
INDEPENDÊNCIA DO JUDICIÁRIO. VIOLAÇÃO A 
CLÁUSULA PÉTREA. INTERPRETAÇÃO CONFORME AO 
ART. 100 DO ADCT PARA RESTRINGILO ÀS 
AUTORIDADES QUE INDICA E AO ART. 40, § 1º, II, DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL PARA RECONHECER A 
MATÉRIA COMO RESERVADA À LEI COMPLEMENTAR 
DE INICIATIVA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
1. Ampliação para 75 anos da idade limite para 
aposentadoria compulsória significa, para a magistratura, 
ampliação do alcance da vitaliciedade que, assim como as 
demais garantias inscritas no art. 95 da Constituição da 
República, visa a assegurar independência e imparcialidade aos 
órgãos judiciais, como garantias voltadas aos cidadãos.
2. Exigência de arguição e aprovação do Senado Federal 
para permanência de ministros do Supremo Tribunal Federal, 
de Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União após 
70 anos de idade representa intromissão indevida do 
Legislativo em tema sensível à independência do Judiciário e à 
garantia de independência técnica e funcional dos membros do 
TCU, pois submete a continuidade no exercício da judicatura e 
do controle externo a juízo de índole eminentemente política e 
de caráter discricionário.
3. O modelo de investidura no cargo de ministro do 
6 
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 82
Relatório
ADI 5316 MC / DF 
Judiciário e do TCU, incluída a arguição pública (“sabatina”), é 
ínsito ao procedimento prévio à nomeação. Transpô-lo para 
além do processo prévio de escolha desnatura sua essência e 
compromete a independência do Judiciário e a imparcialidade 
técnica da corte de contas.
4. A exigência da parte final do art. 100 do Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias de 1988 (ADCT/1988), 
incluída pela Emenda Constitucional 88, de 7 de maio de 2015, 
consubstancia redução do núcleo de identidade do princípio da 
divisão funcional de poder e, por comprometer em essência a 
independência do Judiciário e a independência técnica e 
funcional das cortes de contas, extrapola os limites do poder de 
reforma previstos no art. 60, § 4º , III e IV, da Constituição.
5. Não se admite interpretação extensiva de norma 
transitória que vise a regular situações específicas enquanto não 
aplicável a disciplina constitucional permanente. Descabe 
extensão do alcance do art. 100 do ADCT para a totalidade dos 
membros do Poder Judiciário.
6. Temas atinentes ao desenrolar da carreira judicial, entre 
eles a garantia de permanência no cargo, são próprios do 
estatuto da magistratura e, portanto, reservados a lei 
complementar de iniciativa do Supremo Tribunal Federal.
7. Parecer pela concessão da medida cautelar.”
Ainda na mesma data, a Advocacia-Geral da União apresentou 
parecer sustentando, em preliminar, (i) a exclusão das partes ilegítimas 
do polo ativo da ação direta e (ii) o não conhecimento parcial dos 
pedidos. No mérito, manifestou-se pelo indeferimento da medida 
cautelar. Transcrevo a ementa do pronunciamento da AGU:
“Constitucional. Magistratura. Expressão contida no 
artigo 100 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, 
que prevê a submissão dos Ministros desse Supremo Tribunal 
Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da 
União a nova arguição pública no Senado Federal para que o 
limite de idade de sua aposentadoria compulsória seja 
7 
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ADI 5316 MC / DF 
Judiciário e do TCU, incluída a arguição pública (“sabatina”), é 
ínsito ao procedimento prévio à nomeação. Transpô-lo para 
além do processo prévio de escolha desnatura sua essência e 
compromete a independência do Judiciário e a imparcialidade 
técnica da corte de contas.
4. A exigência da parte final do art. 100 do Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias de 1988 (ADCT/1988), 
incluída pela Emenda Constitucional 88, de 7 de maio de 2015, 
consubstancia redução do núcleo de identidade do princípio da 
divisão funcional de poder e, por comprometer em essência a 
independência do Judiciário e a independência técnica e 
funcional das cortes de contas, extrapola os limites do poder de 
reforma previstos no art. 60, § 4º , III e IV, da Constituição.
5. Não se admite interpretação extensiva de norma 
transitória que vise a regular situações específicas enquanto não 
aplicável a disciplina constitucional permanente. Descabe 
extensão do alcance do art. 100 do ADCT para a totalidade dos 
membros do Poder Judiciário.
6. Temas atinentes ao desenrolar da carreira judicial, entre 
eles a garantia de permanência no cargo, são próprios do 
estatuto da magistratura e, portanto, reservados a lei 
complementar de iniciativa do Supremo Tribunal Federal.
7. Parecer pela concessão da medida cautelar.”
Ainda na mesma data, a Advocacia-Geral da União apresentou 
parecer sustentando, em preliminar, (i) a exclusão das partes ilegítimas 
do polo ativo da ação direta e (ii) o não conhecimento parcial dos 
pedidos. No mérito, manifestou-se pelo indeferimento da medida 
cautelar. Transcrevo a ementa do pronunciamento da AGU:
“Constitucional. Magistratura. Expressão contida no 
artigo 100 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, 
que prevê a submissão dos Ministros desse Supremo Tribunal 
Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da 
União a nova arguição pública no Senado Federal para que o 
limite de idade de sua aposentadoria compulsória seja 
7 
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 82
Relatório
ADI 5316 MC / DF 
ampliado para 75 (setenta e cinco) anos de idade. Preliminares. 
Ilegitimidade ativa de parcela das requerentes. Impossibilidade 
jurídica dos pedidos formulados na petição de aditamento. 
Alegada ofensa ao princípio da separação de Poderes e à 
garantia da vitaliciedade da magistratura. Compatibilidade da 
expressão questionada com os dispositivos constitucionais 
mencionados. Ausência de fumus boni iuris e de periculum in 
mora. Manifestação pela exclusão das partes ilegítimas do polo 
ativo da ação direta, pelo não conhecimento parcial dos pedidos 
e pelo indeferimento da medida cautelar pleiteada.”
A Associação Nacional de Desembargadores (ANDES), por 
intermédio da Petição nº 24.940/2015, protocolada em 20/05/2015, pleiteou 
ingresso no feito na qualidade de amicus curiae. 
Até às 13 horas de 21/05/2015, o Senado Federal não havia prestado 
informações. 
É o relatório.
8 
Supremo Tribunal Federal
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Supremo Tribunal Federal
ADI 5316 MC / DF 
ampliado para 75 (setenta e cinco) anos de idade. Preliminares. 
Ilegitimidade ativa de parcela das requerentes. Impossibilidade 
jurídica dos pedidos formulados na petição de aditamento. 
Alegada ofensa ao princípio da separação de Poderes e à 
garantia da vitaliciedade da magistratura. Compatibilidade da 
expressão questionada com os dispositivos constitucionais 
mencionados. Ausência de fumus boni iuris e de periculum in 
mora. Manifestação pela exclusão das partes ilegítimas do polo 
ativo da ação direta, pelo não conhecimento parcial dos pedidos 
e pelo indeferimento da medida cautelar pleiteada.”
A Associação Nacional de Desembargadores (ANDES), por 
intermédio da Petição nº 24.940/2015, protocolada em 20/05/2015, pleiteou 
ingresso no feito na qualidade de amicus curiae. 
Até às 13 horas de 21/05/2015, o Senado Federal não havia prestado 
informações. 
É o relatório.
8 
Supremo Tribunal Federal
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Voto - MIN. LUIZ FUX
21/05/2015 PLENÁRIO
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
5.316 DISTRITO FEDERAL
V O T O
O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): A questão jurídica 
debatida na presente ADI é muito sensível às instituições do Estado 
brasileiro, particularmente ao Poder Judiciário, como, aliás, revela a 
significativa cobertura do tema pelos veículos de imprensa do País. 
A Emenda Constitucional nº 88/2015 e as alterações promovidas na 
ordem jurídica nacional
A Emenda Constitucional nº 88/2015 alterou o corpo permanente da 
Constituição da República para possibilitar, na forma a ser definida por 
lei complementar, a aposentadoria compulsória de servidores públicos 
aos 75 (setenta e cinco) anos. É o que registra a nova redação do artigo 40, 
§1º, II, da Lei Maior:
“Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de 
previdência de caráter contributivo e solidário, mediante 
contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e 
inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem 
o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
§1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência 
de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus 
proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: 
(…)
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao 
tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 
75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei 
complementar; “
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Supremo Tribunal Federal
21/05/2015 PLENÁRIO
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
5.316 DISTRITO FEDERAL
V O T O
O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): A questão jurídica 
debatida na presente ADI é muito sensível às instituições do Estado 
brasileiro, particularmente ao Poder Judiciário, como, aliás, revela a 
significativa cobertura do tema pelos veículos de imprensa do País. 
A Emenda Constitucional nº 88/2015 e as alterações promovidas na 
ordem jurídica nacional
A Emenda Constitucional nº 88/2015 alterou o corpo permanente da 
Constituição da República para possibilitar, na forma a ser definida por 
lei complementar, a aposentadoria compulsória de servidores públicos 
aos 75 (setenta e cinco) anos. É o que registra a nova redação do artigo 40, 
§1º, II, da Lei Maior:
“Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de 
previdência de caráter contributivo e solidário, mediante 
contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e 
inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem 
o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
§1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência 
de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus 
proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: 
(…)
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao 
tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 
75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei 
complementar; “
Supremo Tribunal Federal
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 13 de 82
Voto - MIN. LUIZ FUX
ADI 5316 MC / DF 
Sucede que, até o advento da referida lei complementar, a EC nº 
88/2015 estabeleceu regra transitória para alguns servidores públicos, 
permitindo que os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais 
Superiores e do TCU aposentem-se compulsoriamente apenas aos 75 
(setenta e cinco) anos de idade, “nas condições do art. 52 da Constituição 
Federal”. Eis o teor do art. 100 ADCT, introduzido pela EC nº 88/2015: 
“Art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar de 
que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, os 
Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais 
Superiores e do Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, 
compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, nas 
condições do art. 52 da Constituição Federal.”
Como já relatado, as associações requerentes questionam, na 
presente ADI, a validade jurídico-constitucional da expressão “nas 
condições do art. 52 da Constituição Federal” (ADCT, art. 100, in fine). Antes 
que se analisem as impugnações, torna-se necessário delimitar o preciso 
sentido da expressão impugnada. 
Em uma primeira leitura, a referência pode parecer sem sentido, 
afinal a única previsão do artigo 52 pertinente ao caso cuida do ingresso 
de cidadãos nos cargos de Ministros de Tribunais Superiores e do 
Tribunal de Contas da União (CRFB, art. 52, III, a e b). Não há regras no 
art. 52 da CRFB que tratem da aposentadoria de magistrados e membros 
do TCU. Daí ser curioso que o art. 100 do ADCT determine que a 
aposentadoria seja processada com base em dispositivo que não trata de 
aposentadoria. Nesse sentido, apontam os requerentes que “não parece 
haver sentido em estabelecer um novo limite de idade para aposentadoria que 
deva observar as condições de acesso ao cargo de Ministro desse eg. STF, dos 
Tribunais Superiores e do TCU, pois a primeira norma trata do momento de 
ingresso na magistratura e a outra de afastamento definitivo da magistratura”.
Essa perplexidade inicial, porém, é dissipada tanto pela leitura 
2 
Supremo Tribunal Federal
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Supremo Tribunal Federal
ADI 5316 MC / DF 
Sucede que, até o advento da referidalei complementar, a EC nº 
88/2015 estabeleceu regra transitória para alguns servidores públicos, 
permitindo que os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais 
Superiores e do TCU aposentem-se compulsoriamente apenas aos 75 
(setenta e cinco) anos de idade, “nas condições do art. 52 da Constituição 
Federal”. Eis o teor do art. 100 ADCT, introduzido pela EC nº 88/2015: 
“Art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar de 
que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, os 
Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais 
Superiores e do Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, 
compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, nas 
condições do art. 52 da Constituição Federal.”
Como já relatado, as associações requerentes questionam, na 
presente ADI, a validade jurídico-constitucional da expressão “nas 
condições do art. 52 da Constituição Federal” (ADCT, art. 100, in fine). Antes 
que se analisem as impugnações, torna-se necessário delimitar o preciso 
sentido da expressão impugnada. 
Em uma primeira leitura, a referência pode parecer sem sentido, 
afinal a única previsão do artigo 52 pertinente ao caso cuida do ingresso 
de cidadãos nos cargos de Ministros de Tribunais Superiores e do 
Tribunal de Contas da União (CRFB, art. 52, III, a e b). Não há regras no 
art. 52 da CRFB que tratem da aposentadoria de magistrados e membros 
do TCU. Daí ser curioso que o art. 100 do ADCT determine que a 
aposentadoria seja processada com base em dispositivo que não trata de 
aposentadoria. Nesse sentido, apontam os requerentes que “não parece 
haver sentido em estabelecer um novo limite de idade para aposentadoria que 
deva observar as condições de acesso ao cargo de Ministro desse eg. STF, dos 
Tribunais Superiores e do TCU, pois a primeira norma trata do momento de 
ingresso na magistratura e a outra de afastamento definitivo da magistratura”.
Essa perplexidade inicial, porém, é dissipada tanto pela leitura 
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Voto - MIN. LUIZ FUX
ADI 5316 MC / DF 
sistemática da EC nº 88/2015 quanto pela análise dos debates legislativos que 
lhe deram origem. 
Pelo ângulo sistemático, é evidente que o art. 100 do ADCT cumpre 
provisoriamente o papel da lei complementar indicada na nova redação 
do art. 40 da CRFB, como aliás assume sua cláusula inicial (“até que entre 
em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da 
Constituição Federal”). Tal papel é exatamente o de fixar as condições para 
aposentadoria aos 75 anos. Isso porque, pela redação atual do artigo 40, 
§1º, II, da CRFB, a aposentadoria do servidor público ocorrerá, em regra, 
aos 70 anos, embora seja possível a extensão deste limite para os 75 anos 
segundo critérios a serem fixados em lei complementar. O que fez o artigo 
100 do ADCT foi simplesmente esclarecer que, provisoriamente e quanto 
aos agentes públicos ali mencionados, as condições de permanência até os 
75 anos são idênticas àquelas de ingresso. Mais especificamente, a 
condição é a sabatina perante o Senado Federal (CRFB, art. 52, III, a e b). 
Essa interpretação é confirmada pelo ângulo histórico. Na petição nº 
22.516/2015, as associações requerentes apresentaram documentos que 
integraram o processo legislativo resultante na EC nº 88/2015. Na Ata da 
Sessão do Senado Federal, de 24 agosto de 2005, publicada no Diário 
Oficial do Senado Federal de 25 de agosto de 2005, consta a seguinte 
manifestação do então Senador Aloizio Mercadante (pg. 28980-2 – sem 
grifos no original):
“O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT – SP) – Sr. 
Relator, eu queria sugerir apenas que, na Emenda nº 4, como 
emenda de redação, além do ‘Tribunal de Contas da União’, em 
relação ao qual há acordo, também fosse incluída a expressão 
‘nas condições do art. 52 da Constituição Federal’. A redação 
ficaria assim: ‘(…) até que entre em vigor a lei complementar de que 
trata o inciso II do art. 40, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, 
dos Tribunais Superiores e TCU se aposentarão compulsoriamente aos 
75 anos, nas condições do art. 52 da Constituição Federal’. Isso 
3 
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ADI 5316 MC / DF 
sistemática da EC nº 88/2015 quanto pela análise dos debates legislativos que 
lhe deram origem. 
Pelo ângulo sistemático, é evidente que o art. 100 do ADCT cumpre 
provisoriamente o papel da lei complementar indicada na nova redação 
do art. 40 da CRFB, como aliás assume sua cláusula inicial (“até que entre 
em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da 
Constituição Federal”). Tal papel é exatamente o de fixar as condições para 
aposentadoria aos 75 anos. Isso porque, pela redação atual do artigo 40, 
§1º, II, da CRFB, a aposentadoria do servidor público ocorrerá, em regra, 
aos 70 anos, embora seja possível a extensão deste limite para os 75 anos 
segundo critérios a serem fixados em lei complementar. O que fez o artigo 
100 do ADCT foi simplesmente esclarecer que, provisoriamente e quanto 
aos agentes públicos ali mencionados, as condições de permanência até os 
75 anos são idênticas àquelas de ingresso. Mais especificamente, a 
condição é a sabatina perante o Senado Federal (CRFB, art. 52, III, a e b). 
Essa interpretação é confirmada pelo ângulo histórico. Na petição nº 
22.516/2015, as associações requerentes apresentaram documentos que 
integraram o processo legislativo resultante na EC nº 88/2015. Na Ata da 
Sessão do Senado Federal, de 24 agosto de 2005, publicada no Diário 
Oficial do Senado Federal de 25 de agosto de 2005, consta a seguinte 
manifestação do então Senador Aloizio Mercadante (pg. 28980-2 – sem 
grifos no original):
“O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT – SP) – Sr. 
Relator, eu queria sugerir apenas que, na Emenda nº 4, como 
emenda de redação, além do ‘Tribunal de Contas da União’, em 
relação ao qual há acordo, também fosse incluída a expressão 
‘nas condições do art. 52 da Constituição Federal’. A redação 
ficaria assim: ‘(…) até que entre em vigor a lei complementar de que 
trata o inciso II do art. 40, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, 
dos Tribunais Superiores e TCU se aposentarão compulsoriamente aos 
75 anos, nas condições do art. 52 da Constituição Federal’. Isso 
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Voto - MIN. LUIZ FUX
ADI 5316 MC / DF 
estabelece a necessidade de uma nova sabatina e a aprovação 
do Senado Federal pelo voto secreto. Há acordo de todos os 
Partidos, de todos os Senadores, e pediria que o Relator desse 
o voto favorável. 
O SR. JOSÉ JORGE (PFL – PE) – Sr. Presidente, também 
dou o voto favorável a esse acréscimo sugerido pelo Senador 
Aloizio Mercadante.”
A intenção legislativa manifestada em agosto de 2005 foi reiterada 
maisrecentemente, em maio de 2015. Segundo aponta a inicial, no dia da 
promulgação da EC nº 88, a Presidência do Senado Federal confirmou a 
interpretação original do referido art. 2º, ao declarar que “conforme a 
emenda, os que desejarem continuar na magistratura deverão ser novamente 
sabatinados pelo Senado Federal, que não abrirá mão da prerrogativa de fazê-lo”. 
O entendimento foi divulgado por diferentes veículos de imprensa 
(http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,para-renan-ministros-devem 
-passar-por-nova-sabatina-para-ficar-no-stf-ate-75-anos,1683441; http://g1. 
globo.com/politica/noticia/2015/05/pec-da-bengala-exige-de-ministros-do-
stf-nova-sabatina-interpreta-renan.html)
Não há dúvidas, portanto, de que a expressão “nas condições do art. 
52 da Constituição Federal” fixa nova sabatina perante o Senado Federal 
como requisito para a permanência no cargo, para além dos 70 anos, de 
Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do 
Tribunal de Contas da União. Destarte, a presente controvérsia jurídica 
diz respeito à validade material da condição imposta pelo constituinte 
derivado. 
Há mais, porém. Esta ação direta suscita ainda outra controvérsia 
constitucional relacionada à EC nº 88/2015. Consoante narrado pela AMB, 
“logo após a promulgação da EC n. 88, começaram a ser propostas, em diversos 
Estados da Federação, ações individuais de Desembargadores objetivando a 
extensão da norma contida no art. 100 do ADCT também aos demais membros 
da magistratura, sob o fundamento de que o Poder Judiciário possui caráter 
4 
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estabelece a necessidade de uma nova sabatina e a aprovação 
do Senado Federal pelo voto secreto. Há acordo de todos os 
Partidos, de todos os Senadores, e pediria que o Relator desse 
o voto favorável. 
O SR. JOSÉ JORGE (PFL – PE) – Sr. Presidente, também 
dou o voto favorável a esse acréscimo sugerido pelo Senador 
Aloizio Mercadante.”
A intenção legislativa manifestada em agosto de 2005 foi reiterada 
mais recentemente, em maio de 2015. Segundo aponta a inicial, no dia da 
promulgação da EC nº 88, a Presidência do Senado Federal confirmou a 
interpretação original do referido art. 2º, ao declarar que “conforme a 
emenda, os que desejarem continuar na magistratura deverão ser novamente 
sabatinados pelo Senado Federal, que não abrirá mão da prerrogativa de fazê-lo”. 
O entendimento foi divulgado por diferentes veículos de imprensa 
(http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,para-renan-ministros-devem 
-passar-por-nova-sabatina-para-ficar-no-stf-ate-75-anos,1683441; http://g1. 
globo.com/politica/noticia/2015/05/pec-da-bengala-exige-de-ministros-do-
stf-nova-sabatina-interpreta-renan.html)
Não há dúvidas, portanto, de que a expressão “nas condições do art. 
52 da Constituição Federal” fixa nova sabatina perante o Senado Federal 
como requisito para a permanência no cargo, para além dos 70 anos, de 
Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do 
Tribunal de Contas da União. Destarte, a presente controvérsia jurídica 
diz respeito à validade material da condição imposta pelo constituinte 
derivado. 
Há mais, porém. Esta ação direta suscita ainda outra controvérsia 
constitucional relacionada à EC nº 88/2015. Consoante narrado pela AMB, 
“logo após a promulgação da EC n. 88, começaram a ser propostas, em diversos 
Estados da Federação, ações individuais de Desembargadores objetivando a 
extensão da norma contida no art. 100 do ADCT também aos demais membros 
da magistratura, sob o fundamento de que o Poder Judiciário possui caráter 
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Voto - MIN. LUIZ FUX
ADI 5316 MC / DF 
unitário e nacional”. Segundo a entidade, trata-se “de um movimento que 
deverá alcançar a todos ou quase todos os Estados da Federação”. 
Essas demandas estão indicadas na inicial. Cito a título ilustrativo a 
decisão no Mandado de Segurança nº 0005603-84.2015.8.17.0000, 
impetrado junto ao Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco. Eis 
trecho significativo da decisão:
“(...) a nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 
88/2015, que dispôs a idade de 75 (setenta e cinco) anos para 
aposentadoria compulsória, deve ser imediatamente 
implementada, sem que para tanto haja necessidade de vigorar 
lei complementar para efetivação do que dispõe a referida 
Emenda Constitucional, levando-se em consideração o caráter 
nacional do Poder Judiciário. A bem da verdade, não há razão 
apta a justificar tratamento desigual entre membros integrantes 
da magistratura nacional, cuja carreira, como já salientado, 
reveste-se de caráter nacional, segundo preceito insculpido na 
própria Constituição da República.
(...)
Por todo o exposto, DEFIRO a liminar perseguida no 
sentido de determinar que a autoridade indigitada coatora se 
abstenha de aposentar o impetrante aos 70 (setenta) anos de 
idade, até o julgamento da presente Ação Mandamental”.
Também nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro decisões de 
teor semelhante já foram tomadas nos autos dos Mandados de Segurança 
nº 2091014-12.2015.8.26.0000 (SP) e nº 0022332-34.2015.8.19.0000 (RJ). Em 
todos esses os casos, tribunais locais julgaram, em sede liminar, inválida a 
regra transitória contida no art. 2º da EC nº 88/2015 por suposta violação à 
isonomia e à unidade do Poder Judiciário. 
Como se observa, existe hoje controvérsia judicial relevante sobre a 
aplicação do art. 40, §1º, II, da CRFB e do art. 100 do ADCT, com as 
modificações introduzidas pela EC nº 88/2015. 
5 
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ADI 5316 MC / DF 
unitário e nacional”. Segundo a entidade, trata-se “de um movimento que 
deverá alcançar a todos ou quase todos os Estados da Federação”. 
Essas demandas estão indicadas na inicial. Cito a título ilustrativo a 
decisão no Mandado de Segurança nº 0005603-84.2015.8.17.0000, 
impetrado junto ao Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco. Eis 
trecho significativo da decisão:
“(...) a nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 
88/2015, que dispôs a idade de 75 (setenta e cinco) anos para 
aposentadoria compulsória, deve ser imediatamente 
implementada, sem que para tanto haja necessidade de vigorar 
lei complementar para efetivação do que dispõe a referida 
Emenda Constitucional, levando-se em consideração o caráter 
nacional do Poder Judiciário. A bem da verdade, não há razão 
apta a justificar tratamento desigual entre membros integrantes 
da magistratura nacional, cuja carreira, como já salientado, 
reveste-se de caráter nacional, segundo preceito insculpido na 
própria Constituição da República.
(...)
Por todo o exposto, DEFIRO a liminar perseguida no 
sentido de determinar que a autoridade indigitada coatora se 
abstenha de aposentar o impetranteaos 70 (setenta) anos de 
idade, até o julgamento da presente Ação Mandamental”.
Também nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro decisões de 
teor semelhante já foram tomadas nos autos dos Mandados de Segurança 
nº 2091014-12.2015.8.26.0000 (SP) e nº 0022332-34.2015.8.19.0000 (RJ). Em 
todos esses os casos, tribunais locais julgaram, em sede liminar, inválida a 
regra transitória contida no art. 2º da EC nº 88/2015 por suposta violação à 
isonomia e à unidade do Poder Judiciário. 
Como se observa, existe hoje controvérsia judicial relevante sobre a 
aplicação do art. 40, §1º, II, da CRFB e do art. 100 do ADCT, com as 
modificações introduzidas pela EC nº 88/2015. 
5 
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Voto - MIN. LUIZ FUX
ADI 5316 MC / DF 
Antes, porém, que se passe à apreciação do mérito, convém 
esclarecer questão preliminar relevante para o processo constitucional 
pátrio.
Preliminar 
I. Regularidade processual da cumulação de pedidos típicos de ADI e 
ADC em uma única demanda de controle concentrado
A presente demanda de controle concentrado de constitucionalidade 
apresenta cumulação simples de pedidos típicos de ADI e de ADC. Isso 
porque as entidades requerentes formulam as seguintes postulações ao 
Supremo Tribunal Federal:
1-Suspensão cautelar e declaração de 
inconstitucionalidade parcial com redução de texto do art. 2º da 
EC nº 88/2015, mais especificamente da expressão “nas condições 
do art. 52 da Constituição Federal” contida no novo artigo 100 do 
ADCT. Trata-se de pedido próprio de ação direta de 
inconstitucionalidade (ADI); 
2-Interpretação do art. 40, §1º, II da CRFB e do art. 100 do 
ADCT, com as modificações introduzidas pela EC nº 88/2015, 
para afastar a existência de controvérsia judicial relevante sobre 
a aplicação dos aludidos dispositivos. 
Embora formulado como pedido de “interpretação 
conforme”, trata-se, a rigor, de postulação própria de ação 
declaratória de constitucionalidade (ADC), na medida em que 
requer a afirmação da validade da EC nº 88/2015, que tem sido 
declarada inconstitucional por tribunais estaduais do País com 
fundamento na unidade do Poder Judiciário e no princípio da 
igualdade.
Assento de plano a admissibilidade da cumulação de ações de 
controle concentrado de constitucionalidade. Há ao menos duas razões 
6 
Supremo Tribunal Federal
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ADI 5316 MC / DF 
Antes, porém, que se passe à apreciação do mérito, convém 
esclarecer questão preliminar relevante para o processo constitucional 
pátrio.
Preliminar 
I. Regularidade processual da cumulação de pedidos típicos de ADI e 
ADC em uma única demanda de controle concentrado
A presente demanda de controle concentrado de constitucionalidade 
apresenta cumulação simples de pedidos típicos de ADI e de ADC. Isso 
porque as entidades requerentes formulam as seguintes postulações ao 
Supremo Tribunal Federal:
1-Suspensão cautelar e declaração de 
inconstitucionalidade parcial com redução de texto do art. 2º da 
EC nº 88/2015, mais especificamente da expressão “nas condições 
do art. 52 da Constituição Federal” contida no novo artigo 100 do 
ADCT. Trata-se de pedido próprio de ação direta de 
inconstitucionalidade (ADI); 
2-Interpretação do art. 40, §1º, II da CRFB e do art. 100 do 
ADCT, com as modificações introduzidas pela EC nº 88/2015, 
para afastar a existência de controvérsia judicial relevante sobre 
a aplicação dos aludidos dispositivos. 
Embora formulado como pedido de “interpretação 
conforme”, trata-se, a rigor, de postulação própria de ação 
declaratória de constitucionalidade (ADC), na medida em que 
requer a afirmação da validade da EC nº 88/2015, que tem sido 
declarada inconstitucional por tribunais estaduais do País com 
fundamento na unidade do Poder Judiciário e no princípio da 
igualdade.
Assento de plano a admissibilidade da cumulação de ações de 
controle concentrado de constitucionalidade. Há ao menos duas razões 
6 
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 18 de 82
Voto - MIN. LUIZ FUX
ADI 5316 MC / DF 
para esse entendimento. 
Em primeiro lugar, a cumulação de ações é não só compatível como 
também adequada à promoção dos fins a que se destina o processo objetivo 
de fiscalização abstrata de constitucionalidade, vocacionado que é “à 
defesa, em tese, da harmonia do sistema constitucional” (ADI-MC nº 1.434, rel. 
Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 29/08/1996, DJ de 22-11-
1996). 
Em doutrina, o professor e Ministro Gilmar Mendes já teve a 
oportunidade de registrar, na esteira da doutrina germânica, o que se 
compreende por “processo objetivo”: 
“(...) [Trata-se de] um processo sem sujeitos, destinado, 
pura e simplesmente, à defesa da Constituição 
(Verfassungsrechtsbewahrungsverfahren). Não se cogita, 
propriamente, da defesa de interesse do requerente 
(Rechtsschutzbedürfnis), que pressupõe a defesa de situações 
subjetivas. Nesse sentido, assentou o [Tribunal Constitucional 
Federal alemão] Bundesverfassungsgericht que, no controle abstrato 
de normas, cuida-se fundamentalmente, de um processo 
unilateral, não contraditório, isto é, de um processo sem partes, 
no qual existe um requerente, mas inexiste requerido’.”
(MENDES, Gilmar Ferreira. Constitucionalidade – Aspectos 
jurídicos e políticos. São Paulo: Saraiva, 1990, p. 250-251)
Na linha da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a natureza 
objetiva do processo e o seu escopo de tutela da ordem constitucional 
impedem que toda e qualquer norma própria ao processo subjetivo possa 
ser imediatamente aplicada à fiscalização abstrata. Não obstante isso, a 
hipótese destes autos não cuida de instituto típico de situações jurídicas 
subjetivas. Como o próprio rótulo sugere, trata-se de cumulação objetiva. 
Além disso, as ações cumuladas têm objetivo comum: manter a 
integridade do sistema jurídico nacional. Essa simetria ou natureza dúplice 
7 
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ADI 5316 MC / DF 
para esse entendimento. 
Em primeiro lugar, a cumulação de ações é não só compatível como 
também adequada à promoção dos fins a que se destina o processo objetivo 
de fiscalização abstrata de constitucionalidade, vocacionado que é “à 
defesa, em tese, da harmonia do sistema constitucional” (ADI-MC nº 1.434, rel. 
Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 29/08/1996, DJ de 22-11-
1996). 
Em doutrina, o professor e Ministro Gilmar Mendes já teve a 
oportunidade de registrar, na esteira da doutrina germânica, o que se 
compreende

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