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ANALISE TEXTUAL AULA 3

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ANALISE TEXTUAL
Aula 3: Textualidade - coesão sequencial. Articulações sintáticas e relações semânticas
Na aula passada falamos de texto, dos mecanismos que garantem um amontoado de frases ser efetivamente um texto etc. Agora temos mais conhecimento para tratar da textualidade (o mesmo que tessitura do texto), termo que utilizamos na aula anterior para identificar as conexões e a coerência. 
Nessa aula, para aprofundar o assunto, trabalharemos mais aspectos relacionados à coesão como fonte de auxílio à coerência textual.
Também vimos a noção de hipertexto, lembra-se? 
Agora será importante lermos/interpretarmos o conteúdo de determinado texto que envolva outros mecanismos, além da linguagem verbal, para a comunicação da mensagem.
Coesão sequencial e a relação com o sentido
Quando falamos que um texto se caracteriza por apresentar uma ideia completa, queremos dizer que as informações estão conectadas umas às outras coerentemente, ou seja, estabelece-se relações lógicas entre as ideias contidas no texto.
A coesão sequencial que garante a textualidade é facilitada pela utilização de conectivos, como preposições e conjunções. Veja agora novos exemplos de coesão sequencial, clicando nas caixas abaixo:
ADIÇÃO
Também, e, ainda, não só, mas também, além disso
Fiz Análise Textual e  Metodologia Científica.
PROPORÇÃO
À medida que, quanto mais, ao passo que, à proporção que
Quanto mais estudava, mais ganhava dinheiro.
CONFORMIDADE
Como, segundo, conforme, consoante
Segundo a orientação do professor, começaremos o estágio em breve.
CONDIÇÃO
Se, caso, desde que, contanto que
Você pode ter um bom emprego, desde que se dedique à faculdade.
FINALIDADE 
Para que, a fim de que, com o objetivo de, com o intuito de
Com o intuito de conseguir a vaga na faculdade, ela estudava oito horas todos os dias. 
Talvez neste exemplo você tenha tido um pouco de dificuldade para perceber a relação de finalidade entre as frases.
Porém, essa possível dificuldade é logo superada se mudarmos a ordem das orações. 
Veja:Ela estudava oito horas todos os dias, com o intuito de conseguir a vaga na faculdade.
Lembra-se de que falamos de incoerência na aula passada? 
A junção de informações de forma inadequada é um dos principais motivos da falta de coerência nos textos. 
Veja  um novo exemplo
O clima esta muito adequado neste período; porém, a colheita foi excelente.
Ao lermos esse texto pensamos logo: 
 “Porém foi excelente? Como assim? Isso não é óbvio? Já que o clima foi favorável, logicamente a colheita foi boa. A surpresa seria ter um clima ruim e mesmo assim uma colheita boa ou um clima ótimo e a colheita ruim.”
 O porém nos traz a ideia da adversidade, não é mesmo? Então, jamais poderia ser utilizado para juntar essas informações. Por causa da presença dele, temos uma mensagem incoerente.
Não existe uma forma única de fazer a conexão das ideias. Entretanto, dentre as várias possibilidades, é provável que haja junções inadequadas como mostrou o exemplo com o erro. 
 Assim, deduzimos que nem todas as conexões são possíveis para formar uma ideia completa, coerente. Isso nos leva a perceber que essas junções, que podemos chamar de articulações sintáticas, devem ser utilizadas para encontrar o sentido adequado.
 Chegamos, então, a uma importante informação: são as articulações sintáticas que estabelecem as relações semânticas.
Os elementos articuladores fazem parte do que chamamos de articulações sintáticas, função responsável pelo estabelecimento das relações semânticas. 
Ao ler um texto, necessitamos estabelecer relações sintático-semânticas (causa, consequência, comparação, disjunção etc.). Isso porque essas relações estabelecem sentido no que se quer comunicar e a arrumação das informações obedece ao estabelecimento do sentido.
 O que isso quer dizer exatamente?
 Quer dizer que as palavras, as expressões com as quais ligamos as ideias, estabelecem significados, conduzem o sentido das mensagens. Sendo assim, não se pode utilizar um elemento qualquer para conectar as informações. 
 É importante, portanto, que tenhamos em mente de forma clara os tipos de relações que podemos estabelecer entre as informações
Veja  agora um trecho do discurso proferido pela escritora Zélia Gattai ao tomar posse no Quadro de Membros Efetivos da Academia Brasileira de Letras, em 21 de maio de 2002, ocupando a cadeira 23, que era do escritor Jorge Amado, com que foi casada por 56 anos.  
Observe, em destaque, alguns elementos articuladores utilizados pela escritora. Depois, clique neles para ver a classificação:
“Meu pai emocionava-se ao nos narrar suas próprias histórias. Digo suas próprias histórias porque  acredito que ele as inventava à medida que nos ia contando. Ele próprio se empolgava e  isso eu percebia, nos momentos mais emocionantes, ao notar arrepios em seu pescoço. Embora  falasse correntemente o português, papai só contava histórias em italiano, matava dois coelhos com um tiro só: divertia os filhos e  ensinava-lhes a sua língua natal.
Com mamãe a coisa já era diferente: embora também  tivesse grande imaginação, preferia nos contar trechos de romances que lia e  filmes que assistia às quintas-feiras, na sessão das senhoras e senhoritas. Embora  tivesse tido pouco estudo, pois  as condições financeiras da família não lhe permitiram frequentar sala de aula por mais de alguns meses, mamãe lia correntemente e  nas leituras em voz alta dava ênfase, empolgando a quem a ouvisse”.
No texto, vimos que há um encadeamento de ideias que promove a textualidade, que lhe dão sentido. Isso ocorre porque são estabelecidas relações sintático-semânticas adequadas.
MAS ATENÇÃO!
Para identificar as relações sintático-semânticas estabelecidas pelos articuladores, é necessário observar o sentido que pode ser depreendido do texto. 
Memorizar a classificação de cada articulador não é suficiente para compreender a sua função.
Observe, por exemplo, que no texto de Zélia Gattai o articulador PORQUE introduz uma explicação, ao passo que o articulador sintático POIS tanto introduz uma ideia de explicação quanto de causalidade.
Coerência sem coesão
Como se conjuga um empresário:
Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se. Barbeou-se. Enxugou-se. Perfumou-se. Lanchou. Escovou. Abraçou. Beijou. Saiu. Entrou. Cumprimentou. Orientou. Controlou. Advertiu. Chegou. Desceu. Subiu. Entrou. Cumprimentou. Assentou-se. Preparou-se. Examinou. Leu. Convocou. Leu. Comentou. Interrompeu. Leu. Despachou. Conferiu. Vendeu. Vendeu. Ganhou. Ganhou. Ganhou. Lucrou. Lucrou. Lucrou. Lesou. Explorou. Escondeu. Burlou. Safou-se. Comprou. Vendeu. Assinou. Sacou. Depositou. Depositou. Depositou. Associou-se. Vendeu-se. Entregou. Sacou. Depositou. Despachou. Repreendeu. Suspendeu. Demitiu. Negou. Explorou. Desconfiou. Vigiou. Ordenou. Telefonou. Despachou. Esperou. Chegou. Vendeu. Lucrou. Lesou. Demitiu. Convocou. Elogiou. Bolinou. Estimulou. Beijou. Convidou. Saiu. Chegou. Despiu-se. Abraçou. Deitou-se. Mexeu. Gemeu. Fungou. Babou. Antecipou. Frustrou. Virou-se. Relaxou-se. Envergonhou-se. Presenteou. Saiu. Despiu-se. Dirigiu-se. Chegou. Beijou. Negou. Lamentou. Justificou-se. Dormiu. Roncou. Sonhou. Sobressaltou-se. Acordou. Preocupou-se. Temeu. Suou. Ansiou. Tentou. Despertou. Insistiu. Irritou-se. Temeu. Levantou. Apanhou. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Dormiu. Dormiu. Dormiu. Acordou. Levantou-se. Aprontou-se...
Neste texto, a coerência é depreendida da sequência ordenada dos verbos com os quais o autor mostra o dia a dia de um empresário. O autor não precisou utilizar elementos coesivos para construir um texto.
Você já ouviu a música Boa sorte?
Aperte o play e escute agora a canção, prestando bastante atenção na primeira parte da letra, interpretada por Vanessa da Mata.
Notou que, assim como no texto “Como se conjuga um empresário”, não há elos coesivos na letra dessa música?
Percebeu como há um esforço para tentarmos estabelecer as relações entre as partes?
Uma das tentativas para transformar a letra dessa músicaem um texto coeso seria a seguinte:
Se é só isso, então não tem mais jeito. Por isso, acabou. Desejo-lhe boa sorte. 
Não tem mais o que dizer, pois o que eu sinto não mudará. O que eu falaria, então, seriam apenas palavras, nada representariam.
Tudo o que você quer me dar é demais para mim. Tornou-se pesado, não me traz paz.
Tudo o que você quer de mim é irreal e são expectativas desleais.
 Viu? Quando utilizamos elos coesivos facilitamos a compreensão de nossos interlocutores.
Coesão e coerência nos processos seletivos
Nos processos seletivos é muito comum pedirem aos candidatos para escreverem redações, não é mesmo? A coesão e a coerência são os principais pontos analisados na hora da avaliação do texto.
A partir de agora você verá dicas para escrever um texto coeso e coerente e tirar de letra essa etapa do processo seletivo. Vamos lá!
Clique nos números:
Conectivos
As relações sintático-semânticas permitem a conexão entre as orações e, por serem tão importantes, é bastante válido que você aprenda algumas dessas conjunções e as suas influências.
Assim, quando você se tornar bem íntimo delas, terá mais segurança na hora de aplicá-las e, com certeza, seu texto será mais claro e coerente, já que você conseguirá estabelecer com mais facilidade as conexões em seu texto.
Estruturas sintáticas
Ao revisar seu texto verifique se os verbos que você utilizou estão sendo aplicados de maneira adequada e se estão dizendo realmente aquilo que você pretendia, isto é, veja se existe um verbo mais específico, que não dê margem para o seu leitor interpretar de forma equivocada.
Ao fazer essa revisão é bom checar se os complementos verbais que você utilizou estão de acordo e também as preposições, para evitar problemas de regência, por exemplo.
Períodos Longos
Quando escrevemos períodos muito longos as chances de cometermos erros aumentam consideravelmente. Portanto, opte por escrever períodos mais curtos e objetivos. Você perceberá que essa tática auxilia inclusive na pontuação correta de seu texto. Veja um exemplo:
Em 1988 o time foi profissionalizado por ocasião do título de Campeão da Segunda Divisão Estadual, na época da administração de Luiz Gonçalves Lima, Luiz Negrinho, usando o uniforme composto por camisa com listras horizontais verdes e brancas, calção verde e meias verdes, para comemorar o título e para homenagear o membro-fundador, já falecido, que foi presidente do time por muito tempo, e que, mesmo morto, deveria estar pulando de alegria, por ter dedicado toda a sua vida para conquistar o direito de jogar entre os melhores, de jogar com as estrelas que tanto admirava e ver seu time brilhar na televisão aos domingos. 
Observando esse longo período, que apresenta informações bem variadas, verificamos como esse tipo de construção pode prejudicar o entendimento.
Fatores de Coerência
Seguem alguns fatores que auxiliam na formação de textos coesos, que você sempre deve observar na hora de escrever:
• O conhecimento de mundo e a preocupação em compartilhar esse conhecimento com os interlocutores; 
• O domínio das regras da língua, possibilitando a combinação dos elementos linguísticos que serão compreendidos pelos interlocutores que também dominam essas regras;
• Os próprios interlocutores, considerando a situação em que se encontram, as suas intenções de comunicação e a função comunicativa do texto. A coerência diz respeito à intenção comunicativa do emissor, mas sempre interagindo, de maneira cooperativa, com o seu interlocutor.
Luci Elaine de Jesus, em seu artigo “Análise Linguística, como desatar esse nó?”, diz que, embora a coesão não seja condição suficiente para que enunciados se constituam em textos, são os elementos coesivos que dão a eles maior legibilidade e evidenciam as relações entre seus diversos componentes. 
Provamos isso ao analisar os exemplos da música “Boa sorte” e do texto “Como se conjuga um empresário”. Notamos como os elos coesivos, apesar de não serem essenciais, ajudam na compreensão do texto.
Porém, a coerência em textos didáticos, expositivos, jornalísticos, por exemplo, pela necessidade de serem sempre claros, já dependem da utilização explícita de elementos coesores.  
Vimos, nesta aula, portanto, que a coesão não garante a coerência, embora influencie o seu estabelecimento. Assim, percebemos que coerência e coesão se completam no processo de produção e compreensão do texto.
TEXTUALIDADE - é o que faz um texto ser texto, é a soma dos fatores que caracterizam o texto.
Dois desses fatores são a coesão e a coerência.
Aula 3 – coesão 
Coesão Sequencial x Coesão referencial
Esse tipo de coesão diz respeito ao uso de termos que retomam vocábulos ou expressões que já ocorreram, porque existem entre eles traços semânticos semelhantes, até mesmo opostos.
Qualquer falante do Português, reconheceria que o pronome “-la” na frase seguinte refere-se à “fruta”, assim como o pronome “aquela”.
“Comprei aquela fruta, vou comê-la”
 Quando há termos que retomam outros no texto, temos coesão referencial.
A coesão também possui a função de articular as sequências de um texto, a fim de estabelecer relações lógicas ou de sentido entre as partes, promovendo, assim, a progressão textual.
 Como vimos no item anterior, a coesão referencial também promove a progressão textual, mas por meio dos referentes, ou seja, retoma termos introduzidos na superfície textual de diferentes maneiras.
É a coesão sequencial.
Analisemos:
A água é indispensável ao ser humano
A água faz bem ao organismo
Nosso organismo necessita de muita água
A água é um bem precioso
A água deve ser preservada
Isso é texto? Possui textualidade?
COMO FORMAR UMA MENSAGEM COERENTE, COM SENTIDO, SEM MUITAS REPETIÇÕES ? 
Deduzimos que os elos coesivos conduzem a uma sentido coerente.
“A água é indispensável ao ser humano e faz bem ao organismo, que necessita muito dela. A água é um bem precioso, por isso deve ser preservada.”
Interpretar textos - identificar função, objetivo do texto, reconhecer a estrutura, recursos linguísticos etc.
Nesse sentido, os elementos de coesão garantem maior fluidez das informações do texto. 
Mas...pra que serve o texto? 
Todo texto possui sempre um alvo – o seu interlocutor!
Interatividade - na identificação dos objetivos do texto, reconhece-se que atitude tomar diante da mensagem: ir para algum lugar, responder a perguntas, emocionar-se diante do que está escrito .
Por que isto acontece?
 Porque reproduzimos a mensagem para a compreensão do outro, só assim atingiremos os objetivos. 
O que isso quer dizer? 
Quer dizer que o texto não é o único responsável pelo seu entendimento. Ele produz “pistas”, “dicas” para que o leitor organize sua compreensão, logo, texto e leitor constituem elementos essenciais para a compreensão da mensagem.
Mas, que pistas são essas?
Por exemplo...
Quando escrevemos ou falamos um texto, pressupomos que nosso interlocutor possui alguns conhecimentos prévios, anteriores ao texto.
Se eu digo a minha esposa:
“Já estou em casa”
Por ela saber que eu era o responsável por buscar as crianças na escola naquele dia, significa que já estou em casa com as crianças e está tudo bem. 
Não há necessidade de realizar maiores detalhes ao telefone, sem ao menos precisar pormenorizar as informações. 
Mas, que pistas são essas?
Outra pista pode ser linguística, por exemplo, quando começamos uma frase com a expressão APESAR DE...já se espera que haja uma concessão ou uma ideia contrária, veja:
“Apesar de o caderno ser para turistas, não vamos aumentar os preços.”
Novo Caderno Viajem JB
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS, COMPREENSÃO DAS MENSAGENS - PROCESSO BILATERAL.
Relações que envolvem um texto: 
 Podemos afirmar que existe uma coesão sequencial que garante a textualidade ?
 ex. : O passeio estava tão bom que resolvemos ficar um pouco mais.
No exemplo, a textualidade se faz a partir da junção das duas ideias:
a - o passeio estava bom
B - resolvemos ficar um poucomais
 temos uma relação de causa e consequência relacionadas pelo elemento que.
Com o mesmo exemplo poderíamos ter outro tipo de relação, fazendo adaptações:
 1. O passeio estava bom, logo resolvemos ficar um pouco mais.
Teríamos , agora, uma relação de conclusão.
 Entretanto, não poderíamos ter:
2. O passeio estava bom, porém resolvemos ficar um pouco mais.
Esta relação de contraste não seria coerente com as ideias do exemplo, pois iria contradizer as informações.
Deduzimos que nem todas as conexões proporcionam coerência às informações.
 Logo , as conexões sintáticas devem ser utilizadas adequadamente para formar sentido.
 As articulações sintáticas estabelecem relações semânticas.
As expressões com as quais fazemos ligações entre as ideias estabelecem significados, estabelecem sentido nas mensagens.
Sendo assim, não se pode utilizar qualquer elemento para conectar informações. Devemos ter em mente os tipos de relações:
Contraste - O dia está bonito , mas está muito calor. 
Oposição - Apesar de o dia estar bonito, está muito calor.
Relação de concessão - embora o dia esteja bonito, está muito calor.
 Relação de causalidade/explicação - Paulo se apressou, pois estava atrasado. 
 Relação de consequência - os trabalhos foram muito bem organizados, foram feitos todos os registros necessários, em suma , o dia foi muito proveitoso. 
Vamos fazer as articulações sintáticas nas frases a seguir ? Articular ideia de causa, de oposição, de conclusão e de finalidade.
Vamos fazer também as modificações necessárias:
 1 - as portas foram abertas. As compras vão começar.
2 - o advogado foi ao fórum. Ele deu andamento no processo. 
3 - O trânsito está fluindo normalmente. O trânsito está fluindo normalmente. As chuvas foram muito fortes.
4 - O médico ainda não chegou. Ele está fazendo uma cirurgia.
5 - Choveu durante todo o dia. As ruas estão alagadas.
 6 - O menino dormiu. O menino está com fome.
7 - Quem lê tem boas ideias. Devemos ler mais.

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