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ESCOLA TÉCNICA EGÍDIO JOSÉ DA SILVA 
CURSO: TECNICO EM ENFERMAGEM 
 
 
 
 
 
Katrine Lopes Damaceno 
Lucélia Neves Rodrigues 
Santa rezena da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABORTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEÓFILO OTONI/ MG 
 2024 
ESCOLA TÉCNICA EGÍDIO JOSÉ DA SILVA 
CURSO: TECNICO EM ENFERMAGEM 
 
 
 
 
 
Katrine Lopes Damaceno 
Lucélia Neves Rodrigues 
Santa rezena da Silva 
 
 
 
 
 
 
ABORTO 
 
 
 
Trabalho apresentado para obtenção de nota na 
matéria de Psicologia aplicada e ética profissional. 
Professor: Daniel 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEÓFILO OTONI/ MG 
 2024 
RESUMO 
 
 
 
O presente trabalho visa oferecer uma visão geral a respeito do aborto, suas 
modalidades, o aborto no Brasil, e suas evoluções, principalmente de uma recente 
vitória nos tribunais a respeito da descriminalização do aborto de anencéfalos. Este 
tema é de grande complexidade, pois no Brasil pouco ou quase nada se avançou. É 
preciso que não se feche os olhos e se negue a realidade, pois o aborto tem sido 
usado como forma de método contraceptivo, alicerçado na falta de esclarecimento 
de uma população desprovida de condições financeiras e de um bom planejamento 
familiar. Além desses fatores sabe-se que há o aborto praticado de forma 
clandestina provocando diversas conseqüências graves tanto físicas como 
psicológicas entre outras. 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5 
DESENVOLVIMENTO ................................................................................................ 6 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 17 
REFERENCIAS ........................................................................................................ 19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O tema escolhido já vem sendo bastante polemizado através dos séculos em 
sociedades ao redor do mundo todo e trazendo opiniões divergentes sempre que 
entrava em pauta por todos seus lados. Desde o início do registo da história até os 
tempos atuais a mulher tem sido tratada como um objeto. O que deveria ou não 
fazer com seu corpo e sua vida sempre foi uma questão bastante argumentada por 
homens, principalmente por familiares. 
A descriminalização do aborto é um tópico que encontra muita resistência 
para ser discutido, dificultando o avanço de suas proposições. O motivo reside, 
principalmente, no significativo conservadorismo de grande parcela da sociedade 
brasileira, oriunda de uma herança histórico-social cristã e da desinformação 
generalizada. 
A questão do aborto é maior do que se pode imaginar, não é somente porque 
tratado como “pecado”, ou o descumprimento da lei penal, vem também apresentar 
risco de vida a mulher, que por qualquer custo, quando decidida vai optar por fazê-
lo. 
Os dispositivos que tipificam o aborto estão presentes no Código Penal de 
1940, ou seja, anterior ao marco constitucionalizador do ordenamento jurídico 
brasileiro, consequentemente, não contemplando mais a evolução jurídica e social 
ocorrida ao longo dos anos. 
A presente pesquisa apresenta grande relevância social, visto que os direitos 
fundamentais das mulheres continuam a ser violados sistematicamente no Brasil, 
ferindo os princípios constitucionais, a dignidade da pessoa humana e a liberdade 
individual para plena autonomia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO 
 
1. ABORTO 
 
 Conceito 
 
Capez (2004, p.108), em sua obra, conceitua o referido assunto: 
 
Considera-se aborto a interrupção da gravidez com a conseqüente 
destruição do produto da concepção. Consiste na eliminação da vida intra-
uterina. Não faz parte do conceito de aborto, a posterior expulsão do feto, 
pois pode ocorrer que o embrião seja dissolvido e depois reabsorvido pelo 
organismo materno, em virtude de um processo de autólise; ou então pode 
suceder que ele sofra processo de mumificação ou maceração, de modo 
que continue no útero materno. A lei não faz distinção entre o óvulo 
fecundado (3 primeiras semanas de gestação), embrião(3 primeiros meses), 
ou feto(a partir de 3 meses), pois em qualquer fase da gravidez estará 
configurado o delito de aborto, quer dizer desde o inicio da concepção ate o 
inicio do parto (CAPEZ (2004, p.108). 
 
Quem diverge essa idéia é Mirabette (2011, p. 57): 
 
Aborto e a interrupção da gravidez, com a interrupção do produto da 
concepção, e a morte do ovo(ate 3 semanas de gestação),embrião(de 3 
semanas a 3 meses)o feto(após 3 meses), não implicando necessariamente 
sua expulsão. O produto da concepção pode ser dissolvido, reabsorvido, 
pelo organismo da mulher, ou até mumificado, ou pode a gestante morrer 
antes da expulsão não deixara de haver, no caso, o aborto. 
 
A palavra aborto vem do latim ab-ortus que significa privação do nascimento a 
interrupção voluntária da gravidez com a expulsão do feto do interior do corpo 
materno, tendo como resultado a destruição do produto da concepção, assim 
também conceitua Pierandeli (2005, p.109). 
 Este conceito é usado para fazer referência ao oposto de orior, isto é, o 
contrário de nascer. Como tal, o aborto é a interrupção do desenvolvimento do feto 
durante a gravidez. 
7 
 
 
 
1.1 Tipos de aborto criminalizados no brasil 
 
O aborto é um termo utilizado para designar a interrupção da gravidez, tanto 
que Fragoso (1986) disse que o aborto significa cessação da gestação com a morte 
do embrião. 
 
 Aborto consentido 
 
O aborto consentido está previsto no artigo 124 do Código Penal, sendo 
aquele em que a própria gestante o provoca, ou consente para que ocorra o aborto. 
O autoaborto é um crime na qual somente a gestante pode se tornar o sujeito ativo, 
configurando assim um delito especial próprio, enquanto o sujeito passivo é o direito 
à vida do ser humano em formação desde a concepção, desenvolvimento e 
nascimento. Em caso de mais de um feto há então concurso de delitos. A seguir o 
artigo 124 do CP: 
“Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art. 124 - 
Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque: Pena - 
detenção, de um a três anos”. (BRASIL, 1940). 
O CP prevê dois atos que uma mulher grávida pode cometer, o primeiro é que 
8 
 
a própria grávida provoque a interrupção da gravidez, e o segundo é que a mulher 
grávida consente que um terceiro lhe faça um aborto. 
O autoaborto é um crime de mão própria, e a imagem de terceiro se resume a 
um comportamento cúmplice de instigação, indução ou assistência, sendo apenas 
partícipe do delito, respondendo apenas pela participação. Assim, de acordo com a 
lei penal, terceiro é responsável apenas pela sua execução, não como coautor, 
enquadrado na conduta do artigo 126 do Código Penal, pois este tipo de crime não 
reconhece coautor, como teoria monista da ação uma exceção. 
 
 Aborto provocado por terceiro ou sofrido 
 
O Aborto provocado por terceiro ou sofrido é aquele realizado sem o 
consentimento e sem que a gestante saiba. Foi disposto pelo artigo 125 do Código 
Penal, sendo a sanção mais severa que no caso do aborto consentido: “Provocar 
aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos”. 
(BRASIL, 1940). 
 A falta de autorização da gestante é o que tipifica o crime e a aceitação por 
sua parte não torna o ato atípico. Para configuração, violência, fraude ou ameaças 
graves não precisam ser usadas. Os agentes podem realizar simulações ou 
camuflagens para distrair e interceptar as gestações. Para o enquadramento criminal 
desse dispositivo, o desconhecimento da gestante sobre as práticas utilizadas é 
crucial na medida em que os pressupostos podem ser acionados. 
A prática do crime pode ocorrer por meio de violência, fraude ou ameaças 
graves. No caso de fraude, ocorre quando o sujeito aplicasubstância abortiva a uma 
gestante sem seu conhecimento, ou realiza a remoção cirúrgica de um feto sem a 
sua vontade. Nos outros dois casos, o feto é retirado de dentro da gestante 
utilizando violência no método ou ameaça à sua integridade física se ocorrer de não 
cooperar. 
 
 Aborto Consensual 
 
O aborto consensual é aquele provocado por terceiro com o consentimento 
da gestante, isto é, ocorre quando há vontade expressa da gestante para que adote 
meios a fim de realizar as manobras abortivas. Presente no artigo 126 do Código 
9 
 
Penal essa modalidade tem previsão de uma penalidade menor, porém existe a 
possiblidade e aplicação de pena mais severa caso o sujeito se classificar em algum 
dos exemplos do parágrafo único. 
 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - 
reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo 
anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil 
mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou 
violência. (BRASIL, 1940). 
 
O desejo das mulheres grávidas podem ser expressos tácita ou 
explicitamente, assim, quando seu desejo não for atendido, haverá penalidade mais 
severa. As gestantes que cometem um delito já especificado no artigo 124 do 
Código Penal são responsáveis pela forma como consentem com o aborto e, 
portanto, estão sujeitas a penas menores em relação a terceiros. No crime de aborto 
consentido, mesmo com o consentimento da gestante, os legisladores têm 
argumentado que as ações da gestante são menos repetíveis do que as ações do 
sujeito que efetivamente realiza o aborto. 
 No caso em apreço, entende-se que os crimes previstos nos artigos 126 do 
Código Penal exigem necessariamente a participação de duas pessoas, pelo que 
ficou provado tratar-se de crime de concurso de necessário, sendo cada participante 
distinto responsável por suas condutas. 
 
1.2 Tipos de aborto legal no brasil 
 
Analisando as exceções existentes no ordenamento jurídico brasileiro 
chegamos temos a conclusão de que no Código Penal, há duas previsões de 
afastamento do delito: risco de vida à gestante e na gravidez resultante de estupro. 
A primeira previsão corresponde ao aborto necessário e a segunda ao aborto 
humanitário. (NUCCI, 2012). 
10 
 
 
 
 Aborto necessário ou terapêutico 
 
O aborto necessário, também conhecido por aborto terapêutico, é aquele 
realizado por médico quando não há outro meio para salvar a vida da gestante. 
Previsto no artigo 128, inciso I do Código Penal, que assim estabelece: “Não se 
pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário I - se não há outro meio de 
salvar a vida da gestante.” 
O aborto necessário indica um estado real de necessidade e, portanto, só são 
realizados se não houver outra forma de salvar a vida da gestante. Nesse modelo, 
os médicos realizam abortos com o único propósito de salvar a vida da mãe e se 
preocupam apenas com ela. Segundo Bittencourt (2013), o aborto necessário requer 
duas condições: perigo à vida da gestante e ausência de outro meio para salvá-la. 
Há necessidade definitiva de um perigo iminente para a vida da gestante, não 
apenas para sua saúde, mesmo que seja grave. Nesse caso, o aborto deve ser a 
única forma de salvar a vida da gestante, ou o médico será responsabilizado pelo 
crime de aborto. O Código Penal Brasileiro autoriza o aborto apenas nos casos em 
que esta opção é a única para a sobrevivência da gestante, pois a vida da gestante 
11 
 
torna-se mais importante do que o nascimento de um filho vivo, portanto, esse tipo 
de aborto não constitui crime e não será punido. 
 Em meio ao aborto necessário há o aborto por anencefalia, também 
conhecido como aborto eugênico ou somente eugênico, é realizado quando ocorre 
um defeito na formação do tubo neural do feto em sua fase de desenvolvimento no 
útero. Pode-se dizer que o aborto eugênico é realizado para evitar o nascimento de 
uma criança com cérebro subdesenvolvido e crânio incompleto. A anencefalia é uma 
condição na qual o feto apresenta anomalias fetais graves devido à falha no 
fechamento do tubo neural. 
Essa deformidade resulta na perda dos hemisférios cerebrais do crânio e 
cerebelo, impedindo a possibilidade de vida extrauterina. A anencefalia não tem cura 
nem tratamento e é fatal em 100% dos casos. Por esse motivo, o entendimento 
comum é que o feto pode ser considerada um natimorto porque sobrevive alguns 
dias após o nascimento sem expectativa de vida. Portanto, não há bem jurídico a 
tutelar, de modo que as gestantes podem optar pelo aborto. 
A expectativa do parto de anencefalia tornou-se voluntária, e caso a gestante 
manifeste interesse em não dar continuidade à gravidez, ela pode solicitar serviços 
gratuitos do Sistema Único de Saúde (SUS) sem a necessidade de uma autorização 
judicial. Os profissionais de saúde também não são legalmente responsáveis pela 
realização desta prática, estão então livres de qualquer punição jurídica por auxiliar 
esse tipo de aborto. O aborto eugênico é parcialmente aceito pela doutrina, pois a 
escolha de permitir o aborto é muito subjetiva. 
 
 Aborto sentimental ou humanitário 
 
Um aborto sentimental, também conhecido como aborto humanitário ou 
moral, é o aborto de uma gravidez que foi decorrente de estupro. Médicos que 
abortarem gestantes estupradas não serão punidos, desde que tenham autorização 
e consentimento das gestantes ou quando incapaz, do representante legal. 
O Código Penal não estabelece limite de tempo para a gestante decidir fazer 
um aborto, ela pode tomar a decisão em qualquer momento de sua gravidez. Nesse 
tipo de aborto, a interrupção da gravidez se dá por motivos puramente psicológicos, 
ou seja, decorrentes das formas de violência a que a gestante é submetida durante 
a gravidez. Para fazer um aborto emocional, deve haver evidência de estupro, que 
12 
 
pode ser comprovada por todos os meios legais aceitáveis. Não há necessidade de 
autorização judicial, condenação ou mesmo processo criminal dos autores de crimes 
sexuais. 
 
 
1.3 Causas mais comuns do aborto espontâneo 
 
As causas do aborto espontâneo podem ser classificadas em: 
 Fetais: as principais estão relacionadas a alterações cromossômicas, onde 
pode ocorrer duplicação ou perda de cromossomos. As mais comuns 
associadas ao aborto espontâneo são as trissomias, onde há uma cópia extra 
de um cromossomo específico. A trissomia mais conhecida é a Síndrome de 
Down, causada pela presença de três cópias do cromossomo 21, mas outras 
alterações, como as monossomias (falta de um cromossomo) também podem 
contribuir para o aborto espontâneo. 
 Maternas: infecções maternas, como toxoplasmose (infecção causada por 
parasita), sífilis (Infecção Sexualmente Transmissível) e rubéola (doença viral 
contagiosa causada pelo vírus da rubéola), bem como malformações do 
útero. Além disso, doenças autoimunes da mãe, como a (SAF) síndrome do 
anticorpo antifosfolipídeo, doença que pode gerar coágulos dentro do 
sangue. 
https://altadiagnosticos.com.br/saude/sindrome-de-down
https://altadiagnosticos.com.br/saude/sindrome-de-down
13 
 
1.4 Sintomas de aborto 
 
Um sangramento em pequena quantidade, quando associado a outros 
sintomas, como cólicas e dores no baixo ventre, pode indicar o aborto. 
Esses são os principais sintomas, mas algumas pacientes também podem 
experimentar um aumento no volume do sangramento e a possível eliminação de 
restos de placenta. 
 No entanto, vale ressaltar que, em geral, em alguns períodos da gravidez 
pequenos sangramentos podem ocorrer. Isso pode acontecer especialmente nos 
três primeiros meses, quando ocorre a implantação da placenta no útero, órgão 
temporário fundamental para o desenvolvimento do feto durante a gestação. 
 Existem também os casos de aborto retido, quando o organismo não eliminou 
o feto. Geralmente a descoberta ocorre quando a gestante,às vezes sem sintomas 
ou com cólicas leves, realiza um ultrassom de rotina durante a gravidez e o exame 
mostra que o bebê não tem mais batimentos cardíacos. Isso é conhecido como 
aborto retido. 
Contudo, para confirmar um caso de aborto espontâneo é necessário realizar 
um exame ginecológico onde, no exame especular (com o “bico de pato”), é possível 
observar a saída de restos de placenta ou o colo do útero aberto. Além disso, a 
realização de um ultrassom pode mostrar a ausência de batimentos cardíacos fetais 
e a falta de crescimento adequado do feto, bem como restos de placenta. 
 
1.5 Tratamento do aborto 
 
O tratamento pode ser expectante (aguardar a expulsão do feto pelo 
organismo) em alguns casos ou o esvaziamento cirúrgico do útero. 
Para o tratamento cirúrgico do aborto espontâneo existem duas opções: 
 a curetagem uterina que é semelhante a uma raspagem da parte interna do 
útero; 
 a aspiração manual intrauterina (AMIU) na qual os restos de placenta e feto 
são sugados pelo equipamento. 
Um aspecto importante é lembrar que as pacientes RH negativas que 
apresentem um abortamento devem ser vacinadas com a imunoglobulina anti-RH. 
 
14 
 
1.6 Efeitos da criminalização do aborto no brasil e no mundo 
 
Pelo simples fato da decisão de interromper a gravidez livremente ser 
criminalizado no Brasil, há inúmeros efeitos negativos que ocorrem com a população 
de mulheres. 
Segundo Emanuelle Góes, pesquisadora Pós-doc do Centro de Integração de 
Dados e Conhecimento para Saúde (Cidacs) de Fiocruz Bahia, a principal causa de 
morte materna no Brasil é o aborto inseguro. Completando a linha de raciocínio há 
Lia Zanotta Machado, professora da Universidade de Brasília, explicando que em 
sua concepção a morte materna se qualifica como a mulheres que morrem na 
gravidez, no puerpério e até 3 meses depois do parto, e que “quando há a 
legalização do aborto, há uma diminuição das taxas de morte materna”. Por outro 
lado, a Organização Mundial de Saúde definiu a morte materna da seguinte maneira: 
 
Morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da 
gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez, 
devido a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por 
medidas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou 
incidentais. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2007, p. 12). 
 
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) realizou uma pesquisa 
estimando-se que aproximadamente 830 mulheres morrem todos os dias por causas 
evitáveis relacionadas à gestação e ao parto no mundo, sendo dessas 99% ocorrem 
em países em desenvolvimento. (OPAS, 2015). 
Pela visão da Simone de Beauvoir, o aborto é considerado como “crime de 
classe”, já que a contracepção é mais comum entre os economicamente 
privilegiados e os filhos são considerados uma benção no em vez de um fardo. 
 Segundo Beauvoir: “a pobreza, a crise de habitação, a necessidade de a 
mulher trabalhar fora de casa figura entre as causas mais frequentes do aborto”, é 
somente após o segundo filho que casais de classes mais elevadas cogitam a 
realizar a prática, de modo que a mulher que abortava era “de traços horríveis é 
também a mãe magnífica que embala nos braços dois anjos louros: a mesma 
mulher”. Além disso, mulheres com condição financeira e bons vínculos sociais tem 
mais facilidade de acesso a obtendo de um atestado médico indicando que sua vida 
está em risco, permitindo assim abortar legalmente, caso seja necessário poderá 
viajar para outro país em que a prática não é crime. 
Os efeitos decorrentes da punibilidade no crime de aborto, afeta nosso 
15 
 
Sistema Único de Saúde, tendo em vista que, são muito os gatos necessários para 
cuidar e reverter condições médicas resultados de um procedimento ileal e as vezes 
feito em condições insalubres. 
 
 
1.7 Aceitação populacional 
 
Em pesquisas recentes disponibilizadas pelo Datafolha em junho de 2022, 
demonstra que houve uma queda na porcentagem da parcela da população que 
quer proibir o aborto comparando com a mesma pesquisa de 2018. No levantamento 
foram ouvidas 2.556 pessoas e 181 municípios do Brasil. 
Em 2018, a parcela da população que dizia concordar com a total restrição da 
interrupção da gravidez no país representava 41%, em 2022, esse número caiu para 
32%. Por outro lado, o número de pessoas que concordam que a lei deve continuar 
como está, permitindo o aborto em casos de exceção, aumentou em comparação 
dos dois anos, sendo de 34% para 2018 e 39% para 2022. 
 Pode se dizer que 4 em cada 10 brasileiros concordam com a atual 
legislação. Em contrapartida, em conformidade com a pesquisa, a parcela da 
população que acredita que o aborto deve ser permitido em mais situações 
aumentou sutilmente, passando e 16% em 2018 para 18% em 2022, bem como, o 
índice daqueles que informaram que o aborto deve ser permitido em qualquer 
situação subiu de 6% em 2018, para 8% em 2022. 
Por muitos visto como a minoria, porém, já é considerado um grande avanço 
na tentativa de um futuro mais liberal. Em perspectivas globais, pesquisa realizado 
em 2022 por Global Views on Abortion da Ipsos em parceria com 27 países do 
mundo, estabeleceu que 3 em cada 5 cidadãos acredita que o aborto deve ser 
legalizado em todos ou a maioria dos casos. Das 27 nações 22 teve uma aceitação 
maior a favor do aborto, ficando para traz somente na Colômbia, Índia, Malásia e 
Peru. 
No ranking estabelecido pela pesquisa o Brasil ficou em 5º lugar dos países 
menos favoráveis a legalização total do aborto. O estudo ainda demonstrou que, 
59% acreditam que “o aborto deve ser legalizado em todos ou a maioria dos casos”, 
sendo 30% para “legal em todos os casos” e 29% para “legal na maioria dos casos”, 
16% afirmaram que deve ser “ilegal na maioria dos casos”, 10% disseram que o 
16 
 
aborto deve ser “ilegal em todos os casos” e por fim, 16% responderam que “não 
sabem ou preferem não dizer”. 
Apesar das diversas opiniões tanto nacionalmente como internacional a 
respeito do tema, as mulheres não ficaram sentadas esperando o que seria decidido 
para elas, foram à luta e atrás de seus direitos, para conseguir os direitos adquiridos 
até a atualidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Ao final do presente trabalho, podemos concluir que mulher com baixo poder 
aquisitivo são as mais prejudicadas quando a temática é o aborto. Chega ser 
considerado injusto uma criminalização que atinge apenas uma parte da população, 
mesmo que constitucionalmente falando somos todos iguais perante a lei. 
 Atualmente os artigos que lidam com o aborto na nossa legislação tem 
apenas uma eficácia: aumentar a discrepância existente entre pobres e ricos. A 
questão que deveria ser levada em consideração no lugar da vida do feto é a saúde 
sendo ela física ou psíquica da gestante que se submete a prática do aborto ilegal, 
em situações que pode oferecer nenhuma garantia de segurança e condições 
insalubres. 
Quantas mulheres ainda precisam morrer para que o assunto se torne 
relevante ao ponto do Estado tomar uma providência? Nosso Código Penal vigente 
é de 1940, havendo anteriores de 1830 e 1890. Nota-se que houve uma evolução na 
legislação que consequentemente levou a uma melhoria das leis que foram 
“trocadas” por assim dizer com 60 e 50 anos de uso. 
 Devemos então considerar as evoluções e modificações no pensamento da 
sociedade até os dias de hoje, e abandonar a mentalidade arcaica de mais de 80 
anos no passado. As mulheres têm o direito de decidir o que acontece com seus 
corpos e têm autonomia sobre seus próprios direitos reprodutivos e sexuais, tendo 
em vista que, a criminalização do aborto é a responsável por altos índices de 
morbidade e mortalidade entre as mulheres, além de ser uma medida ineficaz e 
inidônea. 
O aborto deve ser abordado no contextodas políticas de saúde pública, por 
meio da educação sexual e reprodutiva e do acesso e informação sobre os métodos 
anticoncepcionais disponíveis. O Brasil é um país com sistema repressivo com altos 
índice de abortos clandestinos que colocam em risco a vida e a saúde das mulheres, 
porque a grande questão entre legalizar ou criminalizar o aborto gira em torno do 
direito à vida, enquanto o direito à vida só protege a vida do feto iminente de uma 
mulher, não a vida de uma mulher existente. 
A prática do aborto é ruim e é responsabilidade da Nação impedir que o 
aborto aconteça por meio da educação sexual e apoio às mulheres que desejam 
continuar a gravidez, mas não podem e, portanto, optam por abortar. O aborto não 
18 
 
deve ser punido. Como demonstra o trabalho, criminalizar o aborto não impede que 
ele seja praticado, apena não permite que o Estado tenha um controle da situação. 
As mulheres colocam suas vidas em risco ao fazê-lo, independentemente das 
repercussões existentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERENCIAS: 
 
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