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Augusto Nishimura TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Sumário INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3 QUAIS FORAM AS PRIMEIRAS IDEIAS NA ÁREA DA ADMINISTRAÇÃO? ����������������� 15 ANÁLISE CRÍTICA À ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA �������������������������������������������������� 20 O FORTALECIMENTO DE OUTRAS IDEIAS PARA A MELHORIA DA EFICIÊNCIA ��������������22 A ADMINISTRAÇÃO PODE SER ENSINADA? ��� 29 QUAIS SÃO AS CRÍTICAS ÀS IDEIAS DE FAYOL? ��������������������������������������������������������� 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS ���������������������������� 34 SÍNTESE ������������������������������������������������������� 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS �������������������������������������������� 36 2 INTRODUÇÃO Olá, seja bem-vindo(a) ao mundo da Administração! A partir de agora, iremos compreender as bases que dão sustentação à gestão e às decisões tomadas pelos administradores. Você sabia que muitas ideias que são utilizadas até hoje pelas organizações foram desenvolvidas há muito tempo? Então, que tal desbravarmos o tempo para descobrir as razões pelas quais essas ideias permanecem vivas até hoje? O que são Organizações? “Objetivos e recursos são as palavras-chaves na defini- ção de administração e também de organização. Uma organização é um sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo (ou conjunto de obje- tivos). Além de objetivos e recursos, as organizações têm dois outros componentes importantes: processos de transformação e divisão do trabalho”. Maximiano (2018) Antes de darmos o primeiro passo nessa discussão, é muito importante compreendermos alguns termos que utilizaremos aqui, pois eles servirão de referên- FIQUE ATENTO 3 cia e nortearão toda a construção da nossa linha de raciocínio para a construção do conhecimento. É muito comum ler, ouvir e falar, no nosso dia a dia, algumas palavras que, aparentemente, são de fácil compreensão. Por exemplo, eficiência e eficácia são termos conhecidos no mundo corporativo. Veja os exemplos a seguir. Figura 1: Fonte: https://exame.abril.com.br/revista-exame/em-bus- ca-de-fabricas-cada-vez-mais-eficientes. Acesso em: 27 dez. 2018. Figura 2: Fonte: https://docmanagement.com.br/01/07/2019/efi- cacia-das-vendas-pelas-redes-sociais-depende-de-plane- jamento-estrategico-muito-bem-estruturado/. Acesso em: 15 mar. 2022. Basta fazermos uma pesquisa rápida na internet que poderemos levantar inúmeros exemplos. Mas, será que existe diferença entre esses dois termos? A resposta é sim! Então, vamos conhecê-los? 4 https://exame.abril.com.br/revista-exame/em-busca-de-fabricas-cada-vez-mais-eficientes https://exame.abril.com.br/revista-exame/em-busca-de-fabricas-cada-vez-mais-eficientes https://docmanagement.com.br/01/07/2019/eficacia-das-vendas-pelas-redes-sociais-depende-de-planejamento-estrategico-muito-bem-estruturado/ https://docmanagement.com.br/01/07/2019/eficacia-das-vendas-pelas-redes-sociais-depende-de-planejamento-estrategico-muito-bem-estruturado/ https://docmanagement.com.br/01/07/2019/eficacia-das-vendas-pelas-redes-sociais-depende-de-planejamento-estrategico-muito-bem-estruturado/ Para podemos iniciar o nosso entendimento, vamos analisar as situações abaixo: Figura 3: Fonte: iconicbestiary/Freepik O executivo da figura acertou o centro dos dois alvos em suas primeiras tentativas e está buscan- do acertar o terceiro alvo. Note que o executivo está sendo eficiente, pois está utilizando poucos recursos (flechas), além de economizar seu tempo. Ele também está sendo eficaz, pois está atingindo seu objetivo maior, que é acertar exatamente no alvo. Agora, vamos analisar a seguinte situação: 5 https://br.freepik.com/vetores-gratis/empresario-fazendo-uma-pratica-de-alvo-de-flecha-de-sucesso_1311359.htm#term=flecha%20alvo&page=1&position=1 Figura 4: Fonte: Freepik. Considerando aquilo que aprendemos por meio da análise da primeira imagem, podemos chegar à seguinte conclusão: o executivo está sendo ineficiente, pois está utilizando muitos recursos (flechas) e, por consequência, gastando muito tempo para acertar o centro do alvo. E está sendo ineficaz, pois não está alcançando seu objetivo, que é o de acertar o alvo. 6 No mundo das organizações, é muito importante compreender que eficiência e eficácia sempre andam lado a lado. Há, ainda, outro termo que é muito utilizado, a efetividade. Afinal, qual o signi- ficado desse termo? Analise a ilustração abaixo: EFETIVIDADE EFICIÊNCIA EFICÁCIA Ou seja, efetividade é a união da eficiência com a eficácia. Agora que você já conhece bem os termos, fica claro que não é possível falar em alta efetivi- dade se há baixa eficiência e/ou baixa eficácia. Vamos avançar um pouco mais na nossa discussão. Do ponto de vista da gestão, precisamos incorpo- rar outros fatores na análise. A questão temporal e o ambiente da organização. Vamos analisar as definições dadas pelos autores Fischmann e Almeida (2018, p. 2). Ser eficiente significa “fazer algo da melhor forma e com o menor prazo e recursos”, podendo ser medido por meio de números, estando associado ao pensamento racional. Ser eficaz significa “fazer as coisas certas, para aten- der as necessidades do ambiente da organização”. 7 Os autores ampliam essa discussão, conforme abaixo: A eficiência tem um horizonte de curto prazo, o controle pode ser numérico, e se desenvolve por meio de uma forma de pensar racional. Já a eficácia tem um horizonte de longo prazo e seu controle é difícil de ser realizado, pois o resultado não é numérico, e se desenvolve por meio de uma forma criativa. (FISCHMANN; ALMEIDA, 2018, p.5). Note que continuamos com o mesmo entendimento sobre a eficiência, agora detalhando ainda mais as suas características. A eficiência é de curto prazo e pode ser medida e interpretada de maneira racional. Por exemplo, uma equipe de Fórmula 1 que estava trocando os quatro pneus de seus carros em quatro segundos. Após muito treinamento e aprendizagem, conseguiu diminuir o tempo para dois segundos, au- mentando a eficiência, pois passou a utilizar menos recursos (tempo) para executar a mesma tarefa. Com relação à eficácia, também mantemos o mesmo entendimento, porém, vamos incluir duas variáveis importantes: o tempo e o ambiente da organização. Quando falamos em alcançar os objetivos, estamos nos referindo ao alcance dos objetivos da organização. Isso inclui atender as 8 expectativas de todas as partes envolvidas, que participam do ambiente da organização, como funcionários, clientes, fornecedores, governo, dentre outros, que são denominados em inglês de stakeholders. Por isso o conceito é mais amplo, e de uma perspectiva temporal maior. Analisemos, a seguir, a mensagem da empresa Microsoft: Figura 5: Fonte: https://twitter.com/microsoftuk/ status/838705722225491969. Em uma tradução livre dos dizeres dessa imagem, a missão da Microsoft é empoderar as pessoas e as organizações para que elas possam alcançar mais. Além disso, a visão da organização é a de ajudar pessoas e negócios a realizar todo o seu potencial. Mas como? Podemos deduzir, a partir daquilo que já conhecemos sobre essa empresa, que seria por meio da oferta de produtos e servi- ços em tecnologia que possibilitariam o alcance dessa missão e visão. Note, portanto, que se trata de algo que pode ser concretizado mais a longo prazo, nem sempre podemos medir de maneira numérica, e envolve criatividade. 9 https://twitter.com/microsoftuk/status/838705722225491969 https://twitter.com/microsoftuk/status/838705722225491969 Acesse o Podcast 1 em Módulos Bem, agora que aprendemos sobre o que é eficiência e eficácia, vamos fazer uma breve reflexão sobre como os conceitos e as teorias da administração podem ajudar o gestor a enxergar as situações nas organizações de uma maneira diferenciada. Vamos analisar a imagem abaixo: Figura 6: William Bell Scott - Iron and Coal. Fonte: Wikipedia. 10 Essa é uma imagemque mostra o interior das fábricas, no período em que ocorreu a Revolução Industrial. Vamos nos deter e pensar mais sobre a situação apresentada. O que você poderia dizer sobre ela? Objetivamente, poderíamos dizer que os homens estão trabalhando arduamente, usan- do muita força física para forjar ferro, ao mesmo tempo em que há uma criança próximo ao forno, num cenário em que prevalece o método artesanal de produção. Agora, vamos pensar sob o ponto de vista da eficiência? Vamos analisar e comparar as duas imagens abaixo: Figura 7: Metalúrgia (1875). Fonte: Wikipedia. 11 Figura 8: Metalúrgica (2018). Fonte: www.globo.com.br. Qual cenário aparenta ser mais eficiente na produção metalúrgica? Retomemos o conceito de eficiência: “fazer algo da melhor forma e com o menor prazo e recursos”. Qual fábrica está produzindo melhor e com menor uso de recursos? Na primeira imagem, há um uso intensivo de força humana, em que há inúmeros indivíduos trabalhando num espaço restrito, em condições insalubres. Na segunda imagem, há um uso intensivo de tecnologia, em que os trabalhadores atuam de maneira mais ordenada e com menos dependência da força física e mais focados no trabalho intelectualizado. Portanto, a conclusão é de que a situação apresentada na segunda figura é a que ilustraria uma produção mais eficiente. 12 https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/sao-carlos-metalurgica-suspende-contrato-de-310-funcionarios-temporariamente.ghtml Agora, chegamos ao ponto alto da discussão que realizamos até aqui. Você percebeu que estamos fazendo a leitura de uma situação, fazendo uso daquilo que já aprendemos sobre eficiência? Ou seja, estamos usando um conceito para interpretar algo, como se funcionasse como uma lente, que nos permite termos uma visão mais clara do fenômeno, possibilitando enxergar muito mais e além? Pois bem, essa é a importância de compreendermos bem as teorias, pois, por meio delas é que pode- mos fazer as leituras dos fenômenos que ocorrem no dia a dia, levando a uma melhor compreensão dos acontecimentos. A partir da realização de um diagnóstico de uma determinada situação, o gestor tem mais propriedade para tomar as suas decisões para que os problemas sejam resolvidos e os objetivos sejam alcançados. Portanto, na medida em que compreendemos os conceitos e as teorias, passamos a ter mais e diferentes “lentes” para visualizar os fenômenos, possibilitando analisar sob diferentes perspectivas e formar a nossa própria avaliação sobre os acon- tecimentos. Podemos dizer que essa é uma das grandes diferenças entre o profissional que detém o conhecimento sobre administração e o indivíduo que toma decisões no puro “achismo”, de maneira empírica. A administração pode ser considerada uma ciência, pelo fato de possibilitar a análise sob 13 diferentes lentes conceituais, e também uma arte, pois as decisões são tomadas a partir da aplicação das ferramentas administrativas. Também cabe ao gestor saber inovar e dar novos rumos para os diferentes desafios a serem enfrentados. Vamos prosseguir com os estudos para conhecer as diferentes lentes idealizadas e utilizadas por indivíduos, pesquisadores e organizações ao lon- go do tempo. Saiba que muitas delas são válidas até hoje! 14 QUAIS FORAM AS PRIMEIRAS IDEIAS NA ÁREA DA ADMINISTRAÇÃO? Uma das primeiras ideias estruturadas na área surgiu a partir da inquietação de um engenheiro mecânico chamado Frederick Winslow Taylor (1856-1915). Natural dos Estados Unidos, é con- siderado o “pai” da Administração Científica. Suas ideias aplicadas na fábrica onde trabalhava deram grandes resultados e, por isso, Taylor ficou muito conhecido pelas inovações implementadas na época que serviram como base para o surgimento de outras ideias. Você sabe quem foi Frederick Taylor? Para conhecê-lo, acesse este vídeo, que trata de sua biografia e ideias. Você pode estar se perguntando: O que Taylor fez de relevante, a ponto de ficar tão famoso assim? Taylor inovou ao aplicar métodos científicos para aumentar a eficiência produtiva no âmbito das tarefas dos operários. Ele havia identificado que as fábricas, em decorrência da Revolução Indus- SAIBA MAIS 15 https://www.youtube.com/watch?v=MGi0JFn7GlU trial, se expandiram fortemente, mas operavam de maneira ineficiente. Antes da Revolução Industrial, as atividades produtivas eram artesanais e manuais, em que todo o processo produtivo era praticamente realizado por um único trabalhador. Com o advento da Revolução Industrial, por volta de 1760, na Inglaterra, houve a incorporação de máquinas e a utilização de energia a vapor na pro- dução, substituindo esse modelo de produção por um sistema mecanizado – modelo que se espalhou para outros continentes. O trabalhador deixou de controlar a produção e passou a atuar no controle das máquinas. Houve aumento da produtividade, redução dos custos e crescimento dos lucros por parte dos proprietários das fábricas. Para mais detalhes sobre a Revolução Industrial, assista a esse vídeo abaixo: Mesmo com o aumento da produtividade em fun- ção da utilização das máquinas, as fábricas fun- cionavam de maneira caótica, pois trabalhadores, ferramentas, máquinas e estoques de materiais ficavam amontoados, dificultando a movimen- tação das pessoas. O trabalho era caracterizado pelo empirismo – ou seja, baseado na experiência de cada trabalhador – e improvisação, gerando desperdícios e elevação dos preços dos produtos. SAIBA MAIS 16 https://www.youtube.com/watch?v=TtDgBoky3fo Diante disso, o objetivo de Taylor foi melhorar a eficiência produtiva. Você se lembra daquilo que já estudamos sobre eficiência? Pois bem, esse era o aspecto que Taylor buscou melhorar. Para tanto, aplicou o método científico, fazendo estudos e realizando testes nas tarefas executadas pelos operários. Por meio da análise minuciosa dos movimentos executados, bem como o tempo para execução desses movimentos pelos operários, pôde compreender, com mais propriedade, as ca- racterísticas de cada tarefa, buscando, com isso, fazer adaptações dos movimentos e ferramentas utilizadas para elevação da produtividade e dimi- nuição dos custos. Com o estudo dos tempos e movimentos, Taylor conse- guiu que o trabalho executado por 500 trabalhadores, para movimentação de carvão e minério de ferro, fosse executado por 140 indivíduos, diminuindo os custos em 50% (ABRANTES, 2012). Em outras palavras, Taylor fez um trabalho minucioso e detalhado, buscando compreender os problemas, realizar testes e aplicar soluções plausíveis para desenhar um padrão de execução das tarefas que fosse mais eficiente. Buscou levantar, registrar e FIQUE ATENTO 17 analisar os dados obtidos, enfatizando sua atuação analítica e racional no processo produtivo. Portanto, as ideias de Taylor podem ser sintetizadas conforme os seguintes aspectos (ABRANTES, 2012): y Aplicou métodos científicos para estudar as tarefas executadas pelos operários, substituindo os métodos empíricos que prevaleciam na época; y Os operários deveriam se ajustar à máquina e serem alocados em postos de trabalho específicos, com materiais e ferramentas alocados de maneira que aperfeiçoasse a produtividade; y Os operários deveriam ser treinados para a execução de uma tarefa específica, conforme o padrão que se julgava ser mais eficiente; y Ênfase na cooperação e divisão do trabalho entre o administrativo e o operacional, ou seja, entre os gestores que planejariam a produção e os operários que executariam a tarefa; y Pagamento de melhores salários para compen- sar os operários pela sua produtividade. O objetivo do seu trabalho na Administração Cien- tífica era, portanto, alcançar a maior eficiência das fábricas, ou seja, elevar a quantidade produzida com diminuição dos custos da produção. Para isso, Taylor se concentrou na análise mecânica e temporal das tarefas, decompondo-as em movi- mentos menores, buscando aperfeiçoar constan- 18temente as atividades, por meio da racionalização dos movimentos e da realização de experimentos. Por intermédio de seus estudos, Taylor identificou que o operário produzia abaixo de seu potencial e que, pelo fato de a remuneração ser igual entre todos, não havia estímulo adequado para que o operário pudesse produzir conforme seu potencial. Concluiu que a baixa produtividade era decorrente do sistema empírico e amador de administração, além da falta de padronização das técnicas. 19 ANÁLISE CRÍTICA À ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA Sabemos que os estudos de Taylor foram decisi- vos para uma mudança radical na forma de gerir as organizações, passando da ênfase empírica e amadora para uma visão analítica, organização dos postos de trabalho e racionalização das tare- fas, pautada no aumento da eficiência produtiva, por meio da aplicação de métodos científicos e remuneração conforme a produtividade. Aqui vale uma explicação muito importante. Não existe conceito ou teoria perfeita. O conhecimento é incremental, ou seja, a partir do que foi desenvolvido, são sugeridas novas ideias, novas perspectivas, novos aprimoramentos. Mas o fato de haver críticas não in- valida, necessariamente, as ideias propostas. Esse é um cuidado que sempre devemos ter, pois precisamos compreender tanto os seus pontos fortes, quanto as suas limitações. Por outro lado, as ideias de Taylor possuíam algu- mas limitações: FIQUE ATENTO 20 y Foco no ambiente interno: as ideias de Taylor focavam na questão interna da fábrica, não levando em consideração as interfaces com o ambiente externo; y Foco na produção: Taylor se preocupou, essen- cialmente, com os problemas da produção, restritos às tarefas dos operários, sem estabelecer relações com outros setores da organização; y Especialização: fragmentação das tarefas, levando à superespecialização do trabalho em atividades repetitivas, relegando para segundo plano o potencial humano para o trabalho. y Homem a serviço da máquina: o operário obe- dece ao ritmo de produção das máquinas, devendo o operário se adaptar a elas. Conheça aqui quais são as virtudes e defeitos do Taylo- rismo na atualidade. SAIBA MAIS 21 https://www.youtube.com/watch?v=N3FAPQOPW2A O FORTALECIMENTO DE OUTRAS IDEIAS PARA A MELHORIA DA EFICIÊNCIA Você sabia que outra grande contribuição que nos influencia até os dias atuais vem das ideias de um empreendedor? Pois é, o empresário norte-ameri- cano Henry Ford (1863-1947) também inovou em sua área, por meio da aplicação de ideias sobre padronização, simplificação das tarefas e implemen- tação da linha de montagem. Ele buscou, portanto, aumentar a eficiência da produção de sua fábrica, destinada à montagem de carros. Acesse aqui a biografia de Henry Ford. Afinal, por que as ideias de Henry Ford foram tão revolucionárias para a época? Em primeiro lugar, pelo fato de estabelecer um novo patamar de produção na área automobilística. Em segundo lugar, por suas ideias se estenderem para outros setores econômicos, por exemplo, na produção da indústria de eletrodomésticos. Se, por um lado, Taylor é conhecido pela administração científica, Ford está associado à linha de montagem móvel e SAIBA MAIS 22 https://www.infoescola.com/biografias/henry-ford/ popularizou os princípios da produção em massa, a padronização das peças e a especialização do trabalhador na função. Na produção em massa, Ford passou a produzir apenas um modelo, de uma única cor: preta. O famoso Ford T passou a ser produzido em gran- de escala, diminuindo drasticamente o tempo de produção e barateando os custos, tornando-o acessível para boa parte da população. Figura 9: Fonte: Longhair/Wikipedia. Como isso foi possível? Conforme Maximiano (2018), ao estabelecer a linha de montagem móvel, o tempo para a montagem do chassi passou de 23 12 horas e 28 minutos para 1 hora e 33 minutos. Ou seja, houve forte aumento de eficiência, pois passou a utilizar menos recursos (tempo) para produzir mais. Com a explosão do número de car- ros produzidos, eles ficavam muito mais baratos. Além disso, vale ressaltar, também, que Ford inovou na forma de remuneração do trabalhador e, além adotar o padrão de 8 horas por dia de trabalho, duplicou o salário dos trabalhadores para que pudessem comprar os produtos que eles próprios fabricavam! Ademais, concorrentes e industriais de outros setores passaram a replicar aquilo que Ford havia idealizado. Agora, você poderia perguntar: quais foram as estratégias adotadas por Ford para alcançar tanto sucesso assim? Então, vamos apontar algumas delas: y Oferta de modelos populares: o automóvel era um item extremante caro para a realidade da época e, por isso, desejava-se que o produto pu- desse estar acessível para um público maior, por meio da diminuição dos custos com diminuição do preço de venda; y Oferta de financiamentos: para facilitar a compra dos automóveis, estabeleceu-se planos de financiamentos e condições vantajosas que possibilitassem o acesso a um público menos favorecido; 24 y Oferta de assistência técnica: tratava-se de uma iniciativa revolucionária, um diferencial nas questões comerciais da época, sendo oferecido aos potenciais clientes como forma de atração, em um mercado que estava em desenvolvimento. Como o objetivo era aumentar a eficiência produ- tiva, adotou-se um sistema de produção, em que os carros passariam a ser montados por partes, em uma esteira rolante, por funcionários especia- lizados em uma atividade. Esses trabalhadores desempenhavam suas funções em posições fixas na linha de montagem, evitando desperdício de tempo com movimentações desnecessárias. Como desempenhava uma tarefa específica, não era necessário investir muito tempo na capacitação para a realização de suas funções. Conheça a linha de montagem da Ford. Parte 1 Parte 2 Além da linha de montagem e da produção em grande escala, que outros aspectos são importan- tes para compreender sobre as ideias aplicadas por Ford? O Fordismo – nome pelo qual as ideias SAIBA MAIS 25 https://www.youtube.com/watch?v=CWgHNo-hUpY https://www.youtube.com/watch?v=QCPXslJlG3U de Henry Ford ficaram conhecidas – possui as seguintes características: y Padronização das peças: as especificações das peças deveriam ser as mesmas, para facilitar e agilizar a produção, além de possibilitar trocas (peças intercambiáveis); y Máquinas especializadas: as máquinas deve- riam estar desenhadas para um fim específico na linha de montagem; y Sistema universal de fabricação: o fluxo de produção deveria ser o mesmo em qualquer fá- brica, independentemente do local ou país onde a fábrica estivesse instalada; y Peças simples e processo produtivo simplificado: essa simplificação era necessária para agilizar o processo de montagem dos automóveis, facilitando o trabalho dos funcionários; y Trabalhador especializado: o operário deveria se especializar em uma função específica, para que pudesse ter um alto desempenho; y Tarefa única: as tarefas eram segregadas em partes específicas, cabendo aos operários executar somente aquela tarefa; y Posição fixa na linha de montagem: os tra- balhadores realizavam deslocamentos mínimos, ficando na mesma posição, para que seus esforços estivessem concentrados na execução de sua 26 tarefa – em que as peças e o maquinário ficavam no posto de trabalho. A partir do que vimos até aqui, você conseguiria estabelecer relação das ideias de Ford com o atual cenário em que vivemos? Observe a reflexão abaixo: A linha de montagem continua a funcionar precisa- mente como Ford a inventou: os produtos andam, o trabalho fica parado. O trabalho, agora, é feito por robôs, no lugar de operários. Sem problemas de greve, produtividade, fadiga, conflitos com a administração. Sem chefes. Muito mais eficiente; muito menos dispendioso. Desperdício virtualmente inexistente. Cada vez que vai a uma lanchonete de fast-food, você entra em um sistema de linhade montagem. Na verdade, em dois. Um está atrás do balcão. É o processo de fazer sanduíches. Os operadores – não são cozinheiros – movimentam-se muito pouco para preparar a comida e colocá-la no balcão. O outro sistema é a fila de clientes, da qual você faz parte. Você é o produto: você anda, o processo produtivo fica parado. Taylor e Ford iriam sentir-se muito à vontade vendo suas ideias triunfantes no terceiro milênio. (MAXIMIANO, 2018). 27 Conheça mais a respeito de Henry Ford neste link. De fato, Ford foi capaz de influenciar o mundo. Mas, quais são as críticas ao Fordismo? A primeira delas é a opção de escolha pelo cliente. Henry Ford optou por produzir carros somente na cor preta. Um único modelo. Os trabalhadores não participavam na criação do modelo, e atuavam de maneira rotineira, como se fosse mais uma peça na engrenagem da produção. Suas funções estavam restritas à realização de movimentos mecânicos e repetitivos, alienando-os do processo produtivo como um todo. Vamos imaginar a seguinte situa- ção: se perguntássemos ao trabalhador da época sobre o que ele fazia, o que ele responderia? Pro- vavelmente, algo parecido com isso: “eu aperto porcas”; “eu coloco as peças na esteira”; “eu peso a matéria prima”. Ou seja, sua alienação quanto ao processo produtivo como um todo era uma das principais críticas em relação ao trabalho. Em outras palavras, as necessidades e expectativas desses trabalhadores não eram levadas em consideração. SAIBA MAIS 28 https://www.infoescola.com/biografias/henry-ford/ A ADMINISTRAÇÃO PODE SER ENSINADA? Se alguém fizer essa pergunta, nos dias de hoje, a resposta é muito fácil: SIM! Mas, você sabia que essa ideia foi amplamente difundida por Jules Henri Fayol1 (1841-1925) e que muitos de seus princípios influenciam até hoje a forma como se ensina Administração nas Universidades? Além disso, a partir de suas ideias, a Administração passou a ser vista como uma profissão. 1 Enquanto Taylor preocupava-se mais com o chão de fábrica, ou seja, com atividades operacionais, Fayol entendia que a parte mais importante estava sob res- ponsabilidade daquele que estava no topo da hierarquia, cuja administração cabia ao executivo. Para Fayol, a atividade administrativa deveria estar separada da atividade operacional. Ele passou a olhar a organização de cima para baixo, ou seja, a partir do topo da hierarquia em que os executivos exerceriam atividades administrativas, considera- das as mais importantes, enquanto as atividades operacionais ficariam na base dessa hierarquia. Conheça aqui a biografia de Henry Fayol. SAIBA MAIS 29 https://www.ebiografia.com/jules_henri_fayol/ Outro aspecto defendido por Fayol estava na de- fesa da ideia de que a administração deveria ser considerada como uma das funções da empresa. Para ele, existiam as seguintes funções: 1) Funções técnicas: relacionadas à produção de bens e serviços. 2) Funções comerciais: relacionadas aos proces- sos de compra e venda de materiais. 3) Funções financeiras: relacionadas com a pro- cura/uso de capitais da empresa. 4) Funções de segurança: relacionadas à prote- ção de pessoas e preservação das propriedades da empresa. 5) Funções contábeis: relacionadas com a realiza- ção e a análise da situação econômica e controle de estoque, custos, registros, etc. 6) Funções administrativas: relacionadas aos elementos do ato de administrar: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. As funções administrativas são as que comanda- riam as demais funções. Vamos detalhar um pouco mais cada elemento das funções administrativas. y Prever: é o olhar para o futuro e programar-se para ele, por meio do estabelecimento de planos de ação; 30 y Organizar: é o olhar para a estrutura física e também para a estrutura social, composta pelas pessoas que fazem parte dela; y Comandar: é o olhar para que a estrutura social funcione, tendo a equipe sob a responsabilidade dos dirigentes; y Coordenar: é a busca da harmonização, sincro- nização e integração operacionais e de esforços coletivos, para o alcance das metas da organização; y Controlar: é o olhar para as atividades, buscando verificar sua realização e identificar desvios para realização de correções. Conheça as ideias clássicas de Fayol aqui. É importante observar que Fayol não negava, necessariamente, que os níveis operacionais não importavam. Na realidade, ele passou a dar ênfase na organização da empresa como um todo, diferen- temente de Taylor, que se preocupou, basicamente, nas tarefas executadas em nível operacional, ou seja, no chão de fábrica. Para Fayol, a melhora da eficiência poderia vir do aperfeiçoamento da es- trutura da organização. A administração, portanto, referia-se à organização como um todo e as fun- SAIBA MAIS 31 https://www.youtube.com/watch?v=JTII1lI6puY ções administrativas eram valiosas por coordenar as demais funções. Mas um ponto em comum é que ambos buscavam a eficiência, mas partiam de diferentes pontos de vista! Afinal, você poderia se perguntar: quem está certo (ou errado)? Não há certo ou errado, são simplesmente perspectivas diferentes. Ambos possuem suas contribuições importantes para a construção do conhecimento na área. 32 QUAIS SÃO AS CRÍTICAS ÀS IDEIAS DE FAYOL? Uma das críticas está relacionada a uma visão simplista da organização, pois não considera as questões psicológicas do indivíduo, nem as questões sociais que influenciam o trabalho, dei- xando de lado as necessidades e as expectativas dos indivíduos. Além disso, a premissa adotada por Fayol era a de que as empresas atuavam de maneira isolada do ambiente, em outras palavras, elas não sofriam influência externa. Um outro aspecto está relacionado à ênfase demasiada no comando da organização, ou seja, a preocupação com a unidade do comando e linhas de autoridade, deixando de lado outros aspectos importantes para a organização. 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS Você aprendeu que Taylor buscou elevar a eficiência das atividades, com foco no nas tarefas executa- das pelos operários no chão de fábrica. Ele ficou conhecido por ser o propagador da Administração Científica, com a aplicação de métodos científicos para estudar tempos e movimentos. Ford alcançou alta eficiência em seu processo de produção de carros, por meio do uso dos princípios da produ- ção em massa, com padronização das peças e utilização da linha de montagem móvel. Já Fayol buscou analisar a organização como um todo, com ênfase na importância da estrutura da organização e da função administrativa como responsável pela coordenação das outras funções da organização. Acesse o Podcast 2 em Módulos 34 Parabéns, chegamos ao final da primeira parte do nosso curso. Aqui, o caminho foi percorrido da seguinte forma: Identificou ineficiências na produção. Inspirou-se nos métodos científicos para a realização dos estudos. Analisou os tempos e movimentos das tarefas realizadas pelos operários. Identificou oportunidades de melhoria. Propôs a racionalização do trabalho em vez do improviso. Defendeu a remuneração conforme a produtividade do operário. Propôs o treinamento e especialização do operário para execução de tarefas. Resultado: aumento da eficiência Frederick Taylor Identificou oportunidades de melhorias na produção. Introduziu a linha de montagem. Projetou produtos mais simplificados, com menor número de peças. Uniformizou peças, possibilitando melhor controle da qualidade. Especializou o trabalho operário. Remunerou o trabalhador conforme sua produtividade. Elevou o volume de produção (produção em massa). Diminuiu os custos de produção. Resultado: aumento da eficiência Henry Ford Referências Bibliográficas & Consultadas ABRANTES, José. Teoria Geral da Administração – TGA: A Antropologia Empresarial e a Problemática Ambiental. Rio de Janeiro: Interciência, 2012. GOMES E SILVA, Luiz Felipe. A organização do trabalho na linha de montagem e a teoria das organizações.Revista Administração de Empresas. vol. 27 no.3 São Paulo: Julho/ Setembro, 1987. FISCHMANN, Adalberto A.; ALMEIRA, Martinho Isnard Ribeiro de. Planejamento estratégico na prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria Geral da Administração: da revolução urbana à revolução digital. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2018. Introdução Quais foram as primeiras ideias na área da Administração? Análise Crítica à Administração Científica O fortalecimento de outras ideias para a melhoria da eficiência A Administração pode ser ensinada? Quais são as críticas às ideias de Fayol? Considerações finais Síntese Referências Bibliográficas & Consultadas