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DorKaylaine R. A. Andrade
	Conceituar dor
Associação Internacional para Estudos da Dor (IASP)
“Uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada ou semelhante àquela associada a uma lesão tecidual real ou potencial”.
Ministério da Saúde
Construído por cada indivíduo, influenciado por fatores biopsicossociais e nas experiências dolorosas. 
Curiosidade 
Uma condição chamada de insensibilidade congênita à dor. Elas passam a vida inteira em constante perigo de autodestruição, pois não conseguem se dar conta das consequências prejudiciais de seus atos. Essas pessoas comumente morrem precocemente.
 Descrever os tipos de dor
DOR CRÔNICA
Não tem a função biológica de alerta. O termo crônico refere-se à dor que se mantém além do tempo normal de cura. A dor crônica é patológica, causada por lesão do tecido nervoso. Geralmente, a dor é considerada crônica quando dura ou recorre por mais de 3 a 6 meses.
Outra fibra aferente classificada como condutora do estímulo da dor, agora, crônica, é a do tipo C, amielínica, com aloplasma quase inexistente, apresentando-se com estímulo nervoso doloroso de velocidade mais lenta.
Exemplos: Câncer, artrite, diabetes, hérnia de disco, ligamento rompido, dor neuropática, fibromialgia, cefaleia crônica
DOR AGUDA
 
É o resultado da estimulação nociceptiva (inflamação) ou de lesões diretas (lesões mecânicas). Funciona como alerta. Na maioria das vezes é causada por ferimento ou estado patológico onde o componente físico da dor pode se modificar sob a influência de fatores emocionais, sociais e também espirituais.dura somente enquanto persistir a lesão do tecido. Tem duração menor que 3 meses e atua em defesa do organismo.
As fibras do tipo A consideradas espessas por abundância de aloplasma, esta é considerada a de calibre menor e, portanto, com velocidade mais rápida na condução do estímulo nervoso da dor, classificada como aguda.
Exemplos: ossos quebrados, cortes, queimaduras, cirurgia, tratamento odontológico. 
DOR INCIDENTAL
(Breakthougt pain): são picos de dor ultrapassando o ponto de alívio em pacientes com dor crônica que já estejam com sua dor controlada, tendo seu aparecimento, isto é, escape de dor, de forma súbita com duração geralmente curta. Relacionada com atividades específicas como tossir, levantar ou caminhar.
DOR TOTAL
Cicely Saunders aplica à dor uma visão multidimensional, o conceito de Dor Total, onde o componente físico da dor pode se modificar sob a influência de fatores emocionais, sociais e também espirituais.
DOR NOCICEPTIVA
É a mais frequente, ocorre principalmente em terminações livres dos nervos
nociceptivos e envolve a liberação de mediadores inflamatórios com vasodilatação, edema e dor.
Estímulos repetidos → sensibilização do nociceptor → aumento da responsividade → pode ocorrer hiperalgesia e alodinia.
Esta é a dor que você sente quando tem uma ferida, ou mesmo quando sofre uma contusão, uma fratura óssea ou uma queimadura.
Dentre suas principais características, podemos citar:
· Intensa
· Aguda
· Latejante
Quando em um órgão interno, pode ser:
· Profunda
· Causar cãibras
· De difícil localização
Existem ainda dois tipos de dor nociceptiva:
Somática
Se manifesta na superfície do corpo. Geralmente é constante, bem localizada, e tende a piorar com a movimentação do corpo. 
Entre as doenças que provocam dor somática, temos a osteoartrose, a artralgia, a metástase óssea e a infiltração de tecidos moles.
Visceral 
É aquela que afeta os órgãos internos do corpo. Normalmente é descrita como sensação de aperto ou pressão e é mal localizada e referida. Pode ser ainda intermitente e associada a outros sintomas como náusea e sudorese. 
Entre as doenças que provocam dor visceral, temos o câncer e as metástases abdominais, a cistite hemorrágica e a mucosite.
DOR NEUROPÁTICA: 
É a que ocorre por “lesão ou doença” do sistema nervoso somatossensitivo. Muito
associada a patologias como acidente vascular encefálico (AVC), esclerose múltipla, lesões na medula, tumores, diabetes, entre outras.
Central
Que se divide ainda em deaferentação e disfunção autonômica.
· Deaferentação é uma dor decorrente da interrupção parcial ou completa da atividade neural aferente central, ou periférica. Como exemplo podemos citar a dor pós-herpética e a dor do membro fantasma
· Disfunção autonômica ocorre quando o sistema nervoso autônomo não funciona de maneira adequada, o que leva a dor, como é o caso da Síndrome Complexa Regional tipo I e II.
Periférica
A dor neuropática periférica se divide em polineuropatias como as neuropatias diabética e pós quimioterapia, e mononeuropatias, que é o caso da invasão de plexo braquial e da neuralgia trigeminal.
DOR NOCIPLÁSTICA: 
É a que ocorre mesmo sem que haja evidência de lesão real (nocicepção alterada). A dor generalizada, vista na fibromialgia, é uma das condições clínicas em que o componente
nociplástico se manifesta.
DOR PSICOGÊNICA: 
O sintoma é caracterizado como psicogênico quando nenhum mecanismo nociceptivo ou neuropático é identificado, contudo, há sintomas psicológicos suficientes para
caracterizar um distúrbio doloroso. A dor psicogênica possui caráter ainda mais subjetivo e normalmente leva mais tempo para ser diagnosticada. Seu diagnóstico deve ser bastante criterioso, incluindo uma avaliação completa do paciente. Muitas vezes são requeridos exames complementares, que acaba evidenciando a ausência de enfermidades e apontando para suspeita de dor psicogênica.
Exemplo: ansiedade, depressão, TEPT
Descrever as vias da dor enfatizando os receptores, vias sensitivas e áreas encefálicas relacionadas
A Via da Dor PaleoEspinotalâmica.
A informação sobre a dor corporal e da temperatura é conduzida da medula espinhal ao encéfalo pela via espinotalâmica. 
O trato paleoespinotalâmico está mais relacionado à dor crônica, difusa e emocional,
além de ser associado a informações sobre a qualidade da dor, como a sensação de
sofrimento e desconforto. Esse trato transmite uma dor mais difusa, de natureza mais lenta e menos bem localizada.
Características:
Fibras envolvidas: As fibras envolvidas neste trato são principalmente as fibras C,
que são amielínicas (sem mielina) e, portanto, conduzem impulsos nervosos de forma
mais lenta. Essas fibras estão relacionadas à dor crônica, difusa e mais profunda.
Localização e percurso:
As fibras C também se ativam a partir dos nociceptores, mas, ao contrário do trato neoespinotalâmico, as fibras de segunda ordem fazem sinapses em regiões mais profundas da medula espinhal, como a substantia gelatinosa e outras laminas (II, III e IV).
As fibras de segunda ordem, após sinapsar na medula cruzam para o lado oposto (decussam) ascendem pelo trato espinotalâmico anterior e medial até o trono encefálico o tálamo, mas também podem fazer projeções para o sistema reticular e outras regiões associadas à modulação emocional da dor.
A maioria dos sinais passa por uma ou mais fibras curtas adicionais dentro dos cornos dorsais antes de adentrar principalmente a lâmina V, também no corno dorsal. Lá, os últimos neurônios da série emitem longos axônios que se unem às fibras da via de dor rápida. 
A via de dor lenta/crônica paleoespinotalâmica termina amplamente no tronco encefálico, na grande área sombreada. Apenas 10 a 25% das fibras passam totalmente para o tálamo.
A maioria termina em uma destas três áreas: 
(1) núcleos reticulares do bulbo, ponte e mesencéfalo; 
(2) área tectal do mesencéfalo, profundamente aos colículos superiores e inferiores;
(3) região da substância cinzenta periaquedutal situada ao redor do aqueduto de Sylvius. 
Essas regiões inferiores do encéfalo parecem ter importância na sensação dos tipos de dor associados a sofrimento. A partir das áreas de dor do tronco encefálico, múltiplos neurônios curtos transmitem sinais de dor ascendentes para os núcleos intralaminares e ventrolaterais do tálamo, bem como para certas porções do hipotálamo e outras regiões basais do cérebro.
curiosidade 
Todavia, acredita-se que o córtex
da interleucina-1 que age na liberação de prostaglandinas no sistema nervoso central, elevando o ponto de ajuste do hipotálamo para o controle da temperatura.
Aspirina 
Mecanismo de ação:
· Inibição irreversível das enzimas ciclo-oxigenase (COX-1 e COX-2). A inibição da COX-1 reduz a produção de tromboxano A2, que é responsável pela agregação plaquetária, conferindo efeito antiplaquetário. A inibição da COX-2 diminui a síntese de prostaglandinas, reduzindo a inflamação, dor e febre.
Indicações de uso:
· Anti-inflamatório e analgésico:
· Dor leve a moderada
· Febre
· Artrite reumatoide e osteoartrite
· Antiplaquetário:
· Prevenção primária e secundária de eventos cardiovasculares (infarto agudo do miocárdio e AVC isquêmico)
· Angina estável e instável
· Pós-revascularização coronariana (stent ou cirurgia de ponte de safena)
· Tratamento de emergência de infarto agudo do miocárdio (IAM)
Dose diária usual:
· Analgésico/antitérmico: 325 mg a 650 mg a cada 4-6 horas, conforme necessário.
· Dose máxima: 4 g/dia.
· Antiplaquetário: 75 mg a 325 mg uma vez ao dia (profilaxia cardiovascular).
· Tratamento de IAM: Dose de ataque de 160-325 mg (mastigada), seguida de 75-100 mg/dia.
Ibuprofeno 
Eles atuam, principalmente, inibindo as enzimas cicloxigenase que catalisam o primeiro estágio da biossíntese de prostanoides.
Isso leva à redução da síntese de PGs, com efeitos desejados e indesejados. (Nota: diferenças na segurança e
na eficácia dos AINEs podem ser explicadas pela seletividade relativa das enzimas COX-1 ou COX-2.
A inibição da COX-2 parece levar aos efeitos anti- -inflamatório e analgésico dos AINEs, ao passo que a inibição da COX-1 é responsável pela prevenção dos eventos cardiovasculares e pela maioria dos eventos adversos.)
Tramadol
Mecanismo de ação:
· Atua como agonista parcial dos receptores μ-opioides (mu), responsáveis pela modulação da dor.
· Também inibe a recaptação de serotonina e noradrenalina, contribuindo para o efeito analgésico.
Indicações de uso:
· Dor moderada a intensa de diferentes origens (musculoesquelética, neuropática, pós-cirúrgica)
Dose diária usual:
· Adultos: 100 mg a cada 6 horas.
· Dose máxima: 400 mg por dia 
Morfina
Mecanismo de ação:
· Agonista completo dos receptores μ-opioides (mu), atuando diretamente no sistema nervoso central para alterar a percepção e a resposta à dor. Também pode atuar em receptores kappa e delta.
Indicações de uso:
· Dor aguda ou crônica severa
· Dor oncológica
· Controle da dor no pós-operatório
Dose diária usual:
· Dose inicial: 10-30 mg a cada 4 horas (formulação de liberação imediata).
· Formulação de liberação prolongada: 15-30 mg a cada 12 horas.
· Dose ajustada de acordo com a resposta e tolerância do paciente.
Oxicodona
Mecanismo de ação:
· Agonista forte dos receptores μ-opioides (mu), modulando diretamente a percepção da dor no sistema nervoso central. Também pode ter leve ação nos receptores kappa.
Indicações de uso:
· Dor moderada a severa
· Dor crônica (incluindo dor oncológica)
· Controle de dor pós-operatória
Dose diária usual:
· Liberação imediata: 5-15 mg a cada 4-6 horas conforme necessário.
· Liberação prolongada: 10 mg a cada 12 horas, ajustada conforme tolerância.
· Dose máxima: variável conforme resposta e tolerância.
REFERÊNCIAS: 
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HAUBERT, Marcio. Primeiros socorros. Porto Alegre: SAGAH, 2018. E-book. p.9.Página 33/queimaduras. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788595024885/. 
HCOR. Protocolo de dor. 2021. Disponível em: https://www.hcor.com.br/area-medica/wp-content/uploads/sites/3/2021/12/Protocolo-de-dor-web.pdf 
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SECRETARIA DE SAÚDE DE JOINVILLE. Diretriz de tratamento farmacológico de dor em pronto atendimentos.2018. Disponível em: https://www.joinville.sc.gov.br/public/portaladm/pdf/jornal/7726f97a0d185fc743e5507c26e540a7.pdf
WHALEN, Karen; FINKELL, Richard; PANAVELIL, Thomas A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2016. E-book. p.195.Capítulo 14. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788582713235/. 
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exerça um papel especialmente importante na interpretação da qualidade da dor, mesmo que sua percepção seja uma função principalmente de centros inferiores.
Principal neurotransmissor: 
Terminais de fibras de dor tipo C que adentram a medula espinhal liberam tanto o transmissor glutamato quanto a substância P. O transmissor glutamato atua instantaneamente e dura apenas alguns milissegundos. Já a substância P é liberada de maneira muito mais lenta, ocorrendo acúmulo de sua concentração ao longo de segundos ou mesmo minutos.
Função:
· Dor crônica e difusa: O trato paleoespinotalâmico transmite informações sobre a dor difusa e crônica, como a dor associada a condições como artrite, dor neuropática ou outras formas de dor persistente.
· Qualidade emocional da dor: Além da simples localização da dor, esse trato é importante para a experiência emocional associada à dor. Ele ajuda a dar uma sensação de sofrimento ou desconforto, vinculando a dor à nossa percepção emocional.
Trato Espinotalâmico Neoespinotalâmico
O trato neoespinotalâmico é uma via que transporta informações sobre dor aguda e
localizada, tipicamente associada a estímulos nocivos de alta intensidade. Ele é
caracterizado pela condução rápida e está relacionado à dor de primeira sensação ou dor
rápida.
Características:
· Fibras envolvidas: As fibras que compõem essa via são predominantemente fibras
Aδ, que são mielinizadas e, portanto, conduzem a informação de maneira mais rápida. 
Essas fibras estão associadas à dor aguda, precisa, bem localizada, como um corte ou queimadura.
· Localização e percurso:
Os nociceptores ativam as fibras Aδ neurônios de segunda ordem região da zona 1 ou lamina I as fibras de segunda ordem cruzam para o lado oposto (decussam) da medula ascendem no trato espinotalâmico lateral o tálamo, onde as informações são processadas antes de serem retransmitidas para áreas específicas do córtex somatossensorial, como o córtex somatossensorial primário (áreas 3, 1, 2), que é responsável por processar as informações sobre a localização e intensidade da dor.
· Algumas fibras do trato neoespinotalâmico terminam nas áreas reticulares do tronco encefálico, embora a maioria passe totalmente para o tálamo sem interrupção. 
· Acredita-se o glutamato seja a substância neurotransmissora secretada na medula espinhal pelas terminações de fibras nervosas de dor tipo Aδ. Ele é um dos transmissores excitatórios mais utilizados no sistema nervoso central, geralmente com duração de ação de apenas alguns milissegundos.
· Erro pode ser de 10 cm do local afetado. 
Função:
· Dor aguda: O trato neoespinotalâmico é essencial para a percepção de dor aguda, permitindo que o cérebro detecte e localize rapidamente estímulos prejudiciais.
· Percepção precisa e local: Como é rápido e bem localizado, esse trato permite que você perceba exatamente onde a dor está ocorrendo no corpo (por exemplo, se você se cortar).
Identificar neurotransmissores envolvidos nas vias da dor e as suas ações
Glutamato
Função: O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório no sistema nervoso central. Ele tem um papel central na transmissão da dor, especialmente em vias de dor aguda. O glutamato atua nos receptores NMDA (N-methyl-D-aspartate), AMPA e kainato.
 Ação: Quando liberado nas sinapses, o glutamato ativa os receptores NMDA, o que facilita a transmissão de sinais dolorosos e está envolvido na sensibilização central, um processo onde a dor se torna mais intensa após estímulos repetidos.
Substância P
 
Função: A substância P é um neuropeptídeo que está associado à transmissão da dor, especialmente nas vias nociceptivas (dor gerada por danos nos tecidos).
Ação: Ela é liberada pelas fibras nervosas tipo C (fibras que transmitem dor crônica e de baixa intensidade). A substância P contribui para a sensibilização das terminações nervosas e aumenta a percepção da dor, principalmente em situações de dor inflamatória.
 Serotonina (5-HT)
 Função: A serotonina tem um papel duplo na modulação da dor, podendo tanto promover quanto reduzir a sensação dolorosa, dependendo da região do sistema nervoso em que atua.
Ação: Nas vias descendentes da dor, a serotonina pode ter um efeito analgésico ao inibir a transmissão de sinais dolorosos no nível da medula espinhal. No entanto, em algumas regiões do cérebro, a serotonina pode aumentar a percepção da dor.
Noradrenalina (Norepinefrina)
Função: A noradrenalina é um neurotransmissor envolvido na modulação da dor, com
efeitos inibitórios na transmissão dolorosa.
Ação: Nas vias descendentes da dor, a noradrenalina atua no sistema de modulação da dor, como parte das vias de controle descendente, ajudando a reduzir a intensidade da dor. Ela age através de receptores α2-adrenérgicos, reduzindo a liberação de neurotransmissores excitatórios nas vias da dor.
 Endorfinas e Encefalinas
Função: As endorfinas e encefalinas são peptídeos opioides naturais produzidos pelo
corpo, com forte ação analgésica.
Ação: Elas atuam nos receptores opioides μ (mu), δ (delta) e κ (kappa), reduzindo a transmissão de sinais dolorosos. Essas substâncias podem inibir a liberação de neurotransmissores excitatórios, como o glutamato, e reduzir a percepção da dor, principalmente em resposta a dor aguda ou estresse.
GABA (Ácido Gama-Aminobutírico)
Função: O GABA é o principal neurotransmissor inibitório no sistema nervoso central.
Ação: O GABA tem uma função importante na modulação da dor, atuando nas vias inibitórias da dor. Ele pode reduzir a excitação neuronal e inibir a transmissão de sinais dolorosos, particularmente em regiões como a medula espinhal e o cérebro.
Acetilcolina
Função: A acetilcolina tem um papel na modulação da dor, especialmente no controle
da dor associada a lesões e inflamações.
Ação: Ela pode ter um efeito inibitório nas vias da dor, atuando em receptores nicotínicos e muscarínicos, ajudando na modulação da dor central e periférica.
 Ácido Púrico (ATP)
Função: O ATP (adenosina trifosfato) é liberado de células danificadas durante
processos de inflamação e lesão.
Ação: O ATP ativa receptores P2X e P2Y, que estão envolvidos na condução da dor.
Em altas concentrações, o ATP pode amplificar a sensação de dor, principalmente
durante processos inflamatórios.
Citoquinas e Prostaglandinas
Função: Embora não sejam neurotransmissores clássicos, as citoquinas (como interleucina-1 e fator de necrose tumoral) e as prostaglandinas são substâncias importantes na modulação da dor, especialmente em processos inflamatórios.
Ação: As prostaglandinas sensibilizam as terminações nervosas para a dor, amplificando a sensação dolorosa. As citoquinas podem influenciar a resposta do sistema nervoso central à dor, tornando-o mais sensível.
Caracterizar os nociceptores
Os nociceptores são terminações nervosas especializadas que detectam estímulos nocivos
ou potencialmente prejudiciais ao organismo, como lesões ou estímulos que possam causar dor. Eles são componentes essenciais do sistema sensorial responsável pela percepção da dor e estão distribuídos por diversas partes do corpo, como pele, músculos, articulações e órgãos internos.
Tipologia de estímulos: 
Os nociceptores são sensíveis a diferentes tipos de estímulos prejudiciais, sendo classificados conforme o tipo de estímulo que detectam:
· Mecânicos: Respondem a pressão intensa, como no caso de uma lesão física.
· Térmicos: Sensíveis a mudanças extremas de temperatura (tanto calor quanto
frio).
· Químicos: Detectam substâncias liberadas no local de lesão, como ácido láctico ou mediadores inflamatórios.
· Isquemia: O tecido muitas vezes se torna dolorido dentro de alguns minutos quando o fluxo sanguíneo na área é bloqueado. Devido ao acúmulo de grandes quantidades de ácido láctico nos tecidos, formado como consequência do metabolismo 
· Espasmo muscular como causa de dor. É provável que essa dor resulte parcialmente do efeito direto do espasmo muscular de estimular mecanorreceptores de dor, mas, do mesmo modo, pode originar-se do efeito indireto do
espasmo muscular de comprimir os vasos sanguíneos, causando isquemia. 
Localização:
 Encontram-se em grande quantidade nas camadas mais superficiais da pele, nas mucosas e também em órgãos internos. Estão particularmente concentrados em áreas do corpo que são mais propensas a lesões, como mãos e pés.
Tipos de fibras nervosas:
· Fibras Aδ: São fibras mielinizadas, responsáveis pela condução rápida de
estímulos, como dor aguda ou dor inicial, com sensação rápida e localizada.
· Fibras C: São fibras não mielinizadas, conduzem a dor crônica, difusa e mais
lenta, geralmente associada a lesões mais graves ou prolongadas.
Ativação e transmissão da dor: 
Quando os nociceptores detectam estímulos nocivos, eles geram um impulso nervoso que é transmitido através das fibras nervosas para a medula espinhal e, em seguida, para o cérebro, onde a sensação de dor é percebida.
Adaptação: 
Ao contrário de outros tipos de receptores sensoriais, os nociceptores não se adaptam rapidamente aos estímulos. Mesmo que o estímulo doloroso persista, a sensação de dor tende a permanecer, o que pode ser um mecanismo de proteção para o organismo, sinalizando continuamente a presença de um dano potencial.
Função:
 A principal função dos nociceptores é alertar o corpo sobre lesões ou potenciais danos aos tecidos, servindo como mecanismo de defesa. Além disso, a percepção da dor contribui para evitar comportamentos que possam agravar o dano.
Definir limiar da dor
O limiar da dor é a intensidade mínima de um estímulo físico ou químico capaz de ser
percebido como dor. Em outras palavras, é o ponto em que uma pessoa começa a perceber
um estímulo como doloroso, em vez de simplesmente desconfortável ou indiferente.
O limiar da dor pode variar de pessoa para pessoa, sendo influenciado por fatores como:
1. Características individuais: Diferenças genéticas, psicológicas e emocionais podem
alterar a sensibilidade à dor.
2. Fatores ambientais: O contexto, como o ambiente físico e emocional, pode afetar a
percepção da dor. Por exemplo, em situações de estresse, uma pessoa pode ter uma
percepção mais aguda da dor.
3. Estado de saúde: Certas condições médicas, como inflamações ou neuropatias,
podem alterar o limiar da dor, tornando o indivíduo mais sensível ou menos sensível
a estímulos dolorosos.
É importante diferenciar o limiar de dor do limiar de desconforto, que é o ponto em que o estímulo começa a causar desconforto, mas ainda não chega a ser percebido como dor.
Descrever os mecanismos modulatórios e de sensibilização envolvidos desde a origem até a percepção do sintoma doloroso
A dor é um processo complexo que envolve uma série de mecanismos modulatórios e de
sensibilização desde a origem do estímulo nocivo até a percepção consciente do sintoma
doloroso no cérebro. Esse processo pode ser dividido em várias fases: 
Transdução (Percepção inicial do estímulo nocivo)
A transdução é a fase onde o estímulo nocivo (como uma lesão tecidual ou estímulo
térmico/mecânico extremo) é convertido em um sinal elétrico. 
Nessa fase, os nociceptores (receptores sensoriais especializados na detecção de estímulos dolorosos) são ativados.
Estimulação dos nociceptores: Quando ocorre um dano ao tecido (como uma lesão), mediadores inflamatórios, como prostaglandinas, bradicinina e serotonina, são liberados. Esses mediadores sensibilizam os nociceptores, tornando-os mais excitáveis.
Exemplos de Estimulos: 
1.Temperatura: 
O calor pode ser percebido como um estímulo doloroso, sendo de aproximadamente 43°C o limiar em seres humanos. Subtipos de fibras A e C podem ser ativados pelo calor. Um dos receptores que respondem à estimulação térmica quente é o receptor TRPV1. Trata-se de um receptor para a capsaicina, o principal composto “quente” encontrado nas pimentas. Em repouso, o poro está fechado, e, quando ativado, há um influxo de íons Na e Ca2. 
O frio também pode ser percebido como doloroso, com limiar de 25°C. A sensibilidade ao frio é mediada por um receptor que também responde ao mentol, o receptor TRPM8, outro tipo de canal TRP. A ativação desses receptores termicamente sensíveis resulta em comportamentos que irão esfriar (em resposta à estimulação quente) ou aquecer (em resposta à estimulação fria) o corpo. Essas respostas comportamentais são mediadas por projeções para o hipotálamo.
2. Ativação mecânica: 
Os receptores mecano-dependentes podem ser encontrados nas fibras A e C. Eles não podem ser ativados pelo toque leve. Têm um limiar elevado e são ativados apenas quando o estímulo é nocivo e pode resultar em danos teciduais.
3. Ativação química: 
Por fim, as terminações nervosas livres das fibras C podem ser ativadas por uma gama de produtos químicos, que podem ser irritantes externos ou substâncias liberadas durante danos teciduais, tanto pelos nociceptores, conforme já discutido, como por inflamação
Esses receptores possuem alto limiar de ação. Logo, se eu faço uma leve pressão na pele ou altero um pouco a temperatura eu não sinto dor. Porém, alguns canais são abertos, mas não atingem o limiar.
Transdução do estímulo
O estímulo nocivo ativa canais iônicos específicos nos nociceptores, como os canais de sódio e cálcio, resultando na geração de um potencial de ação que será conduzido ao sistema nervoso central.
Uma vez que os sinais elétricos são gerados pelos nociceptores, eles são transmitidos ao longo das fibras nervosas aferentes até a medula espinhal para o cérebro. 
 Condução (Transmissão do sinal nocivo para a medula espinhal)
Após a transdução, o sinal elétrico gerado nos nociceptores é transmitido ao sistema nervoso central por meio das fibras nervosas:
 
· Fibras Aδ: Conduzem a dor rápida e bem localizada (dor aguda).
· Fibras C: Conduzem a dor lenta e difusa (dor crônica ou persistente).
Essas fibras nervosas viajam até a medula espinhal, onde o sinal é transmitido para
neurônios de segunda ordem. Durante essa condução, ocorre um processo de modulação.
 Modulação (Ajustes na sinalização da dor)
A modulação da dor é um processo dinâmico e pode tanto amplificar como inibir a percepção da dor. Ela ocorre em várias partes do sistema nervoso, principalmente na medula espinhal no cérebro. Os principais mecanismos moduladores incluem:
 Modulação periférica
 A sensibilização dos nociceptores no local da lesão (hiperalgesia primária) amplifica a dor. Isso acontece devido à presença de mediadores inflamatórios (como bradicinina e prostaglandinas) que tornam os nociceptores mais sensíveis a estímulos.
Modulação central
Sensibilização central: 
Refere-se ao aumento da excitabilidade dos neurônios na medula espinhal devido à repetida estimulação nociva. Isso pode causar um fenômeno conhecido como hiperalgesia secundária (aumento da dor em áreas não diretamente lesionadas) e alodinia (sensação dolorosa em resposta a estímulos não dolorosos).
Descendente inibitória: 
O cérebro pode enviar sinais para a medula espinhal que inibem a transmissão da dor. Isso ocorre por meio de sistemas como o sistema serotoninérgico e noradrenérgico, que ajudam a reduzir a percepção da dor. Essas vias descendentes podem ser moduladas pela
presença de fatores emocionais e psicológicos.
As principais vias descendentes incluem:
Via descendente inibitória (modulação inibitória): O cérebro pode enviar sinais para a medula espinhal com o objetivo de reduzir a transmissão da dor. Essas vias de inibição envolvem neurotransmissores como serotonina, noradrenalina e endorfinas.
Modulação da dor por endorfinas: A liberação de endorfinas (neurotransmissores opióides naturais) também pode ativar vias inibitórias descendentes, resultando em um efeito analgésico, o que explica por que atividades como o exercício físico ou situações de estresse podem aliviar a dor
Caminho do tronco encefálico: O tronco encefálico, particularmente as áreas do núcleo rafe magnus e substância cinza periaquedutal, desempenha um papel crítico no controle descendente da dor. Esses núcleos enviam sinais inibitórios para a medula espinhal, diminuindo a atividade dos neurônios
desegunda ordem e, assim, reduzindo a percepção da dor.
Via descendente excitadora (modulação excitadora): Além da inibição, o cérebro também pode, em alguns casos, amplificar a dor. Isso ocorre em condições como a dor crônica, em que a sensibilização central pode ser exacerbada por vias descendentes excitatórias que aumentam a percepção da dor.
Interneurônios na medula espinhal: A substância gelatinosa na medula espinhal contém interneurônios que podem inibir ou facilitar a transmissão do sinal doloroso. A ativação de interneurônios inibitórios pode reduzir a transmissão da dor.
Curiosidade 
Porta de controle da dor (Teoria da "Porta"): A teoria da porta sugere que a medula
espinhal tem mecanismos de controle que podem abrir ou fechar uma "porta" para a
transmissão dos sinais de dor. Por exemplo, a estimulação de fibras táteis (como o toque)
pode "fechar a porta", inibindo a transmissão da dor
Analgesia 
Consiste em três componentes principais: 
(1) A substância cinzenta periaquedutal e periventricular do mesencéfalo e porção superior da ponte, situada ao redor do aqueduto de Sylvius, e parte do terceiro e do quarto ventrículo. Neurônios dessas áreas emitem sinais para (2) o núcleo magno da rafe, que consiste em um delgado núcleo mediano situado na porção inferior da ponte e superior do bulbo, e para o núcleo reticular paragigantocelular, situado lateralmente no bulbo. A partir desses núcleos, sinais secundários são transmitidos para as colunas dorsolaterais da medula para (3) um complexo inibitório da dor localizado nos cornos dorsais da medula espinhal. Nesse ponto, sinais de analgesia podem bloquear a dor antes que ela seja transmitida para o cérebro.
A estimulação elétrica da substância cinzenta periaquedutal ou do núcleo magno da rafe pode suprimir muitos sinais fortes de dor que adentram a medula pelas raízes dorsais. Além disso, a estimulação de áreas superiores do encéfalo que excitam a substância cinzenta periaquedutal também podem suprimir a dor. Algumas dessas áreas incluem: (1) os núcleos periventriculares do hipotálamo, adjacentes ao terceiro ventrículo; e, em menor grau, (2) o fascículo prosencefálico medial, também no hipotálamo.
Muitas substâncias transmissoras, especialmente a encefalina e a serotonina, estão relacionadas ao sistema de analgesia. Diversas fibras nervosas derivadas dos núcleos periventriculares e da substância cinzenta periaquedutal secretam encefalina em suas terminações. Portanto, as terminações de muitas fibras do núcleo magno da rafe liberam encefalina ao serem estimuladas.
Fibras originadas nessa área emitem sinais para os cornos dorsais da medula a fim de secretar serotonina em suas terminações. A serotonina faz com que os neurônios locais da medula também secretem encefalina. Acredita-se que a encefalina cause inibição pré-sináptica e pós-sináptica de fibras nociceptivas tipo C e Aδ em suas sinapses nos cornos dorsais.
Portanto, o sistema de analgesia pode bloquear sinais de dor no início de seu ponto de entrada na medula espinhal. 
A serotonina exerce efeitos analgésicos principalmente por meio da ativação de determinados receptores, como:
· Receptores 5-HT1: A ativação desses receptores está associada à inibição da liberação de neurotransmissores excitatórios e à redução da excitabilidade dos neurônios envolvidos na dor. Isso resulta em um bloqueio dos sinais dolorosos.
· Receptores 5-HT2: Também podem contribuir para efeitos analgésicos dependendo da localização e da intensidade do estímulo doloroso.
· Receptores 5-HT7: Estudos recentes sugerem que esses receptores também estão envolvidos na diminuição da dor neuropática e inflamatória.
Via dos Opioides 
Juntamente com o receptor dos opioides, os núcleos componentes de tal circuito contêm
peptídeos opioides endógenos, como as encefalinas e a β-endorfina.
A maneira mais confiável de ativar esse sistema endógeno de modulação mediado por
opioides é pela sugestão de alívio da dor ou uma emoção intensa que desvie a atenção para longe da lesão causadora de dor (p. ex., diante de uma ameaça grave ou em uma competição atlética). De fato, os opioides endógenos que aliviam a dor são liberados após procedimentos cirúrgicos, bem como em pacientes que recebem placebo para alívio da dor.
 - Os circuitos de modulação da dor podem intensificar e também suprimir a dor. Tanto os neurônios inibidores quanto os facilitadores da dor localizados no bulbo projetam-se para os neurônios transmissores da dor medular e os controlam.
 - Como os neurônios transmissores da dor podem ser ativados por neurônios moduladores, é teoricamente possível gerar um sinal de dor sem estímulo nocivo periférico. De fato, estudos com exames de imagem funcional realizados em humanos demonstraram aumento da atividade nesse circuito durante episódios de migrânea (enxaqueca). A existência de um circuito central facilitador explicaria a observação de que a dor pode ser induzida por sugestão ou intensificada por expectativa, proporcionando um modelo para compreendermos como os fatores psicológicos contribuem para a dor crônica.
Percepção (Experiência consciente da dor)
A percepção da dor ocorre no cérebro, especificamente nas regiões como o tálamo, córtex
somatossensorial e córtex cingulado, que são responsáveis pela interpretação da dor e
pela sua resposta emocional e comportamental. Os mecanismos envolvidos nessa etapa
incluem:
Integração cortical:
 O tálamo recebe o sinal de dor e envia essa informação para o córtex somatossensorial, onde o cérebro mapeia a localização e a intensidade da dor.
O córtex cingulado está relacionado à componente emocional da dor, influenciando a
resposta comportamental.
 Influência de fatores emocionais e cognitivos: 
A percepção da dor também pode ser modulada por aspectos emocionais, como ansiedade e medo, e cognitivos, como a atenção e as expectativas. Esses fatores podem amplificar ou atenuar a sensação de dor, o que é conhecido como modulação cognitiva da dor.
PORQUE UMA DOR AGUDA SE TRANSFORMA EM DOR CRÔNICA?
 Mecanismos de sensibilização (Primária e Secundária)
A sensibilização pode ocorrer tanto a nível periférico quanto central:
 Sensibilização periférica: Ocorre no local da lesão, onde os nociceptores tornam-se
mais sensíveis a estímulos nocivos devido à ação de mediadores inflamatórios. Isso
resulta em hiperalgesia (aumento da dor) e alodinia (dor causada por estímulos que
normalmente não seriam dolorosos).
 Sensibilização central: Ocorre na medula espinhal e no cérebro, onde a repetida
estimulação nociva resulta em uma maior excitabilidade neuronal. Esse fenômeno
pode causar dor crônica, na qual o cérebro continua a perceber a dor mesmo após a
resolução do dano tecidual.
Explicar os mecanismos de dor neuropática e suas manifestações clínicas
Definição 
A dor neuropática é um tipo de dor causada por lesão ou disfunção do sistema nervoso, seja no nível dos nervos periféricos, da medula espinhal ou do cérebro. Diferente da dor nociceptiva, que é desencadeada por danos aos tecidos, a dor neuropática surge devido a alterações patológicas nos nervos que transmitem sinais de dor. Esse tipo de dor é frequentemente crônica e pode ser debilitante, com características e mecanismos distintos que a diferenciam de outras formas de dor.
Fisiopatologia
Como demonstrado recentemente na identificação inesperada do papel central potencial da GTP ciclo- hidrolase (GCH1), a enzima limitante da taxa de síntese de tetra-hidrobiopterina (BH4), uma molécula essencial para a produção de neurotransmissores (dopamina, serotonina e óxido nítrico), como um modulador-chave da dor neuropática e inflamatória periférica em modelos animais e humanos que sofrem de dor crônica.
Níveis elevados de BH4 são frequentemente observados em condições inflamatórias e de dor neuropática, e essa molécula é capaz de regular múltiplos processos, como:
· Produção de neurotransmissores: Regula a síntese de dopamina e serotonina, que afetam diretamente a percepção da dor.
· Síntese de óxido nítrico: BH4 é um cofator para
a enzima óxido nítrico sintase (NOS), que produz óxido nítrico, um mediador importante na sinalização inflamatória e nocicepção.
Mecanismos da Dor Neuropática
Os mecanismos subjacentes à dor neuropática envolvem uma combinação de processos periféricos e centrais que contribuem para a sensibilização e a amplificação dos sinais de dor. Esses mecanismos podem ser divididos em periféricos, centrais e modulação:
1. Mecanismos Periféricos
Quando ocorre uma lesão ou dano em um nervo periférico, uma série de eventos no local da lesão
pode causar o desenvolvimento da dor neuropática:
Sensibilização periférica: Ocorre quando os nociceptores nos nervos danificados se tornam hipersensíveis. Isso pode ser devido à liberação de mediadores inflamatórios, como bradicinina, prostaglandinas e glutamato, que aumentam a excitabilidade das fibras nervosas. Os axônios de nociceptores podem começar a disparar de forma anormal e contínua, mesmo na ausência de estímulos nocivos.
Desregulação de canais iônicos: Após a lesão nervosa, há uma alteração na expressão de canais iônicos (como canais de sódio, potássio e cálcio) nos nervos afetados. Isso pode resultar em uma condução anormal de impulsos, gerando dor espontânea ou aumentada em resposta a estímulos normalmente não dolorosos.
Neuroplasticidade: A lesão do nervo pode levar à formação de novos terminais nervosos (ectópicos) que podem começar a gerar sinais anormais de dor. Isso é comum em neuropatias como a neuralgia pós-herpética, onde terminações nervosas danificadas passam a disparar sinais de dor espontaneamente.
2. Mecanismos Centrais
Uma vez que o sinal de dor neuropática chega à medula espinhal, ele pode ser amplificado ou
perpetuado por mecanismos centrais:
 Sensibilização central: A sensibilização central ocorre quando neurônios da medula espinhal (de segunda ordem) tornam-se hiperexcitáveis devido à repetida estimulação. Isso pode resultar em hiperalgesia (dor amplificada) e alodinia (dor causada por estímulos não nocivos, como o toque). O processo envolve a modificação de receptores como NMDA (N- metil-D-aspartato) e a alteração na função das sinapses na medula espinhal.
Reorganização cortical: A dor neuropática também pode levar a alterações na representação cortical da dor no cérebro. Isso significa que áreas do cérebro que normalmente representam a sensação dolorosa podem começar a gerar sensações de dor sem que haja uma fonte nociva real. A reatividade cortical à dor aumenta, o que contribui para a amplificação da dor neuropática.
Disfunção nas vias de modulação descendente: Em condições de dor neuropática, as vias de modulação descendente que normalmente inibem a dor podem ser disfuncionais. Por exemplo, há uma redução na atividade da substância cinza periaquedutal (no tronco encefálico), o que diminui a capacidade de inibição da dor. 
3. Modulação Imunológica
Além dos mecanismos neurais, o sistema imunológico também desempenha um papel crucial na dor neuropática:
Inflamação: A ativação de células imunes, como os macrófagos e glia, pode amplificar a dor. As células gliais, especialmente a microglia, desempenham um papel na amplificação da dor central, liberando substâncias pró-inflamatórias como citocinas e quimiocinas.
Citoquinas e mediadores inflamatórios: As citoquinas, como TNF-alfa (fator de necrose tumoral) e IL-1β (interleucina-1 beta), têm um papel importante na sensibilização periférica e central. Elas podem alterar a excitabilidade neuronal e amplificar a dor.
transmissões da dor 
1. Transmissão Efática na Dor Neuropática
O termo transmissão efática é utilizado para descrever o fenômeno de transmissão anormal de
sinais elétricos nos neurônios, que ocorre devido a uma lesão ou alteração funcional nos nervos.
Em circunstâncias normais, os sinais elétricos seguem uma trajetória específica e bem controlada através das vias nervosas, mas na dor neuropática, devido a alterações patológicas, a comunicação neural pode se tornar desordenada e exacerbada.
Como a transmissão efática contribui para a dor neuropática:
· Alterações na condução nervosa: A lesão nos nervos periféricos pode danificar os axônios
ou a bainha de mielina, responsáveis pela condução eficiente dos impulsos elétricos. Quando
há um dano ou desmielinização, os sinais nervosos podem ser transmitidos de forma anômala
e disfuncional, resultando em condução de sinais de dor em momentos ou locais inadequados.
2. Descargas Ectópicas e Dor Neuropática
As descargas ectópicas referem-se a disparos anormais de impulsos elétricos em locais inadequados, normalmente ao longo de axônios lesados ou áreas danificadas do sistema nervoso.
Esses disparos não seguem o caminho normal de condução neural e geram sinais de dor ou outros tipos de sensações anormais.
Como as descargas ectópicas contribuem para a dor neuropática:
· Formação de terminais ectópicos: Após a lesão nervosa, como em lesões traumáticas ou
doenças como o herpes zoster, podem se formar novos terminais nervosos (ectópicos) nas áreas danificadas. Esses terminais podem disparar impulsos elétricos de maneira anormal
e continuada, gerando dor mesmo na ausência de estímulos. Esse fenômeno é particularmente importante em condições como a neuralgia pós-herpética, onde terminações nervosas danificadas começam a disparar continuamente.
· Despolarização espontânea: As células nervosas lesadas podem apresentar uma despolarização espontânea, ou seja, uma atividade elétrica irregular e contínua sem a necessidade de estímulos externos. Essa atividade ectópica gera uma sensação de dor constante ou intermitente, mesmo quando não há estímulos externos que normalmente causariam dor. Esse fenômeno é uma das causas principais da dor crônica associada a lesões nervosas.
· Neuropatia diabética: Em casos de neuropatia diabética, as descargas ectópicas podem
ocorrer devido ao dano aos nervos periféricos causado pelo aumento dos níveis de glicose. As
fibras nervosas danificadas podem começar a gerar sinais de dor anormais, levando a uma
sensação de dor intensa e persistente.
Manifestações Clínicas da Dor Neuropática
As manifestações clínicas da dor neuropática podem variar, mas geralmente incluem sintomas como dor crônica, sensações anormais e hipersensibilidade. Os principais sintomas são:
1. Dor Crônica
A dor neuropática é frequentemente persistente e pode durar meses ou até anos. Ela é descrita como uma dor queimante, fisgada, em formigamento ou cortante. Às vezes, pode haver dor espontânea, sem a presença de estímulos nocivos.
2. Hipersensibilidade
Pacientes com dor neuropática podem apresentar hipersensibilidade aumentada em áreas ao redor da lesão (hiperalgesia) e até em áreas não lesadas (hiperalgesia secundária). Isso significa que estímulos que normalmente não seriam dolorosos, como o toque leve ou a pressão, podem ser percebidos como dolorosos.
 Alodinia: Sensação dolorosa provocada por estímulos normalmente não dolorosos, como o toque de uma leve brisa ou a pressão de roupas na pele.
3. Dor "Elétrica" ou "Em Choque"
Em algumas condições, como a neuralgia do trigêmeo ou neuralgia pós-herpética, os pacientes
experimentam episódios de dor intensa e aguda descrita como "choques elétricos", que podem ser desencadeados por um toque leve ou movimentos específicos.
4. Disestesias e Parestesias
 Disestesias: Sensações anormais na pele, como sensação de formigamento, ardor ou sensações de "alfinetes e agulhas". Essas sensações podem ser desagradáveis ou dolorosas.
Parestesias: Sensações de formigamento ou dormência, que podem ocorrer espontaneamente ou
serem provocadas por certos movimentos ou estímulos.
5. Sensação de "Dormência"
Pacientes com dor neuropática podem também relatar áreas de dormência ou uma perda de sensação em determinadas partes do corpo.
6. Disfunções Autonômicas
A dor neuropática também pode estar associada a disfunções autonômicas, como alterações na
sudorese, na temperatura da pele e na circulação sanguínea, que são comuns em neuropatias
periféricas.
Exemplos de Condições Com Dor Neuropática
· Neuralgia
Pós-Herpética: Dor neuropática que persiste após a resolução da infecção por
herpes zoster (cobreiro). É caracterizada por dor intensa e ardente nas áreas afetadas pelo vírus.
· Neuropatia Diabética: Uma complicação comum do diabetes, onde o dano aos nervos
periféricos leva a sintomas de dor crônica, parestesias, e hipersensibilidade nas extremidades (pés e mãos).
· Neuralgia do Trigêmeo: Causa dor intensa e súbita na face, geralmente de um lado, que
pode ser desencadeada por um toque leve no rosto.
· Lesões na Medula Espinhal: Pacientes com lesões medulares podem desenvolver dor
neuropática em regiões abaixo da lesão, muitas vezes descrita como queimação ou dor tipo
choque.
· Síndrome de Dor Regional Complexa (SDRC): Caracteriza-se por dor crônica e intensa
que pode ser acompanhada de alterações de temperatura, cor da pele e sudorese na área
afetada.
Tratamento da Dor Neuropática
O tratamento da dor neuropática é desafiador e geralmente envolve uma combinação de abordagens farmacológicas, terapias físicas e intervenções psicossociais.
1. Farmacológicos:
o Antidepressivos tricíclicos (como amitriptilina) e inibidores da recaptação de serotonina e
norepinefrina (IRSNs) (como duloxetina) são frequentemente usados devido ao seu efeito
modulador sobre a dor.
o Anticonvulsivantes (como gabapentina e pregabalina) são eficazes, pois modulam a
excitabilidade neuronal.
o Opióides são usados em casos mais graves, embora seu uso seja cauteloso devido ao risco
de dependência e efeitos colaterais.
o Analgésicos tópicos (como lidocaína ou capsaicina) podem ser úteis em áreas localizadas de
dor.
2. Intervenções não farmacológicas:
o Terapias físicas, como fisioterapia e estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS).
o Bloqueios nervosos ou injeções de corticosteroides podem ser indicados em certos casos.
o Psicoterapia (incluindo terapia cognitivo-comportamental) para ajudar os pacientes a lidar
com o impacto emocional e psicológico da dor crônica.
Descrever a sensibilização central e periférica e relacionar com hiperalgesia e alodinia
Já descrito nos objetivos anteriores. Complemento: 
Relação com Hiperalgesia e Alodínia:
· Hiperalgesia é o aumento da resposta a um estímulo doloroso. A sensibilização periférica
pode resultar em hiperalgesia, já que os nociceptores ficam mais sensíveis aos estímulos,
resultando em uma percepção de dor aumentada, mesmo quando o estímulo está abaixo do
limiar de dor habitual.
· Alodínia é a dor causada por um estímulo normalmente não doloroso, como o toque suave na pele. A sensibilização periférica pode levar à alodínia, pois os nociceptores alterados podem responder de forma exagerada a estímulos não nocivos.
Identificar o fenômeno de “Wind Up” e sua relação com sensibilização central
O fenômeno "wind-up" é um processo neurofisiológico relacionado à sensibilização central da dor, caracterizado pela amplificação progressiva da percepção da dor quando estímulos repetitivos ou contínuos são aplicados a um nervo ou à medula espinhal. Esse fenômeno é um mecanismo de hiperexcitabilidade neuronal que ocorre no nível da medula espinhal e pode contribuir para o desenvolvimento da dor crônica, sendo frequentemente observado em condições de dor neuropática e outras doenças relacionadas à sensibilização central.
O fenômeno é particularmente observado em neurônios de segunda ordem da medula espinhal, que são responsáveis por transmitir os sinais dolorosos para o cérebro.
Características do "Wind-up":
1. Resposta progressiva: Quando um estímulo nocivo é repetido com alta frequência (por exemplo, um estímulo de 0,5 Hz), o neurônio da medula espinhal responde inicialmente com uma ativação que se torna progressivamente mais intensa a cada novo estímulo. Esse aumento progressivo da resposta dos neurônios é o que caracteriza o "wind-up".
2. Dependência da frequência: O "wind-up" é especialmente sensível à frequência dos estímulos. Se os estímulos forem aplicados a uma frequência muito baixa, não há esse efeito progressivo de amplificação da dor. No entanto, se os estímulos forem mais rápidos, como no caso de estimulação repetitiva a uma frequência mais alta, o fenômeno se intensifica.
3. Mediadores envolvidos: O "wind-up" é mediado por receptores NMDA (N-metil-D- aspartato) na medula espinhal, especificamente em neurônios de segunda ordem. A ativação dos receptores NMDA facilita a transmissão de sinais dolorosos e a excitabilidade neuronal dos neurônios da medula espinhal. A substância glutamato, um neurotransmissor excitatório, desempenha um papel crucial nesse processo.
4. Fenômeno transitório: Em condições normais, o "wind-up" é um fenômeno transitório.
Quando os estímulos dolorosos cessam, a resposta dos neurônios também diminui, voltando ao nível basal. No entanto, em condições de dor crônica, esse mecanismo pode persistir, resultando em uma amplificação contínua da dor.
Relação entre o Fenômeno "Wind-up" e a Sensibilização Central
O "wind-up" é um dos mecanismos neurofisiológicos responsáveis pela sensibilização central, e está diretamente ligado à amplificação dos sinais de dor no sistema nervoso central.
Como o "Wind-up" Contribui para a Sensibilização Central:
1. Amplificação da dor: O "wind-up" resulta na amplificação progressiva da resposta de dor devido à sensibilização dos neurônios da medula espinhal. 
2. Potencialização Longa (LTP): O fenômeno do "wind-up" é um tipo de potencialização de longa duração (LTP), que é uma forma de plasticidade sináptica que aumenta a eficiência da transmissão sináptica. Quando os estímulos dolorosos repetidos ativam os receptores NMDA nas células da medula espinhal, há uma aumento da excitabilidade neuronal de forma sustentada, o que contribui para a sensibilização central. 
3. Processo de cronificação da dor: O "wind-up" pode facilitar a cronificação da dor. Se o fenômeno ocorrer repetidamente, com estímulos contínuos, a sensibilização central se perpetua, tornando o sistema nervoso mais suscetível a dores crônicas e levando à dor centralizada (dor que é sentida em áreas onde não houve lesão).
4. Hiperalgesia e Alodínia: O "wind-up" contribui para o desenvolvimento de hiperalgesia (aumento da dor a um estímulo normalmente doloroso) e alodínia (dor causada por estímulos que normalmente não causariam dor). Ao aumentar a resposta dos neurônios da medula espinhal, o "wind-up" pode levar a uma maior percepção da dor em resposta a estímulos de baixa intensidade, contribuindo para essas condições.
Implicações Clínicas
O fenômeno de "wind-up" tem implicações significativas no tratamento da dor crônica. Quando a sensibilização central se instala e o "wind-up" ocorre de maneira persistente, a dor se torna dificilmente controlável, e os pacientes podem experimentar dor crônica intensa. Isso é observado em condições como fibromialgia, neuralgia pós-herpética, síndrome da dor regional complexa (SDRC) e outras doenças caracterizadas por dor neuropática.
Tratamentos baseados no "Wind-up":
1. Antagonistas NMDA: Como o "wind-up" é mediado pela ativação dos receptores NMDA, medicamentos que bloqueiam esses receptores, como os antagonistas do NMDA (ex: memantina), podem ser usados para atenuar a sensibilização central e a dor amplificada associada ao "wind-up".
2. Analgesia com opioides: Os opioides também podem ter efeito sobre o processo desensibilização central, embora não tratem diretamente o "wind-up". Eles atuam sobre o sistema antinociceptivo central, ajudando a reduzir a percepção da dor.
2. Antiinflamatórios e Antidepressivos: Medicamentos antiinflamatórios (que diminuem a inflamação periférica) e antidepressivos (como os ISRS, IRSNs, ou tricíclicos) têm mostrado efeitos positivos em reduzir a sensibilização central e a hiperalgesia associada à dor crônica.
Descrever a influência do SNA e a manutenção de quadros dolorosos crônicos
O Sistema Nervoso Autônomo (SNA) desempenha um papel significativo na manutenção de quadros dolorosos crônicos. O SNA é responsável pela regulação de funções involuntárias do corpo, como frequência
cardíaca, pressão arterial, digestão e respiração, e é dividido em duas partes principais: o sistema simpático e o sistema parassimpático. Ambos os componentes do SNA influenciam a percepção da dor e a resposta a estímulos dolorosos, especialmente em condições de dor crônica.
Interação Entre o SNA e a Dor
Em condições normais, o SNA ajuda a regular a resposta ao estresse e à dor, mas em casos de dor crônica, esse sistema pode tornar-se disfuncional, contribuindo para a perpetuação e amplificação da dor. O SNA interage com o sistema nervoso central e periférico, influenciando a sensibilização central e periférica, além de afetar a resposta emocional e o comportamento relacionado à dor.
Influência do Sistema Simpático
O sistema simpático (parte do SNA responsável pela resposta de "luta ou fuga") tem um papel central na manutenção de quadros dolorosos crônicos, especialmente em condições de dor neuropática e dolorosa muscular.
1. Ação em Fibra C e Dano Nervoso:
o Em condições de dor crônica, o sistema simpático pode intensificar a dor através de interações entre fibras simpáticas e nociceptivas. As fibras C, que transmitem dor, podem se tornar hipersensíveis e responder de forma exagerada a estímulos, especialmente quando há dano nervoso, como em neuropatias.
o O sistema simpático pode causar liberação de noradrenalina nos nervos periféricos e nos nociceptores, o que aumenta a sensibilidade à dor e pode amplificar os sinais dolorosos.
2.Contribuição para a Crônica da Dor:
o Em algumas condições como a síndrome da dor regional complexa (SDRC), há uma ativação crônica do sistema simpático que amplifica a dor. Nesses casos, a hiperatividade simpática leva a uma vasoconstrição, diminuindo o fluxo sanguíneo para a região afetada, o que pode agravar a dor e resultar em hiperemia e edema.
o A ativação do sistema simpático também pode induzir um estado de hipersensibilidade no sistema nervoso, contribuindo para a perpetuação da dor e a formação de um ciclo vicioso que sustenta a dor crônica.
3. Efeitos sobre a Inflamação:
o O sistema simpático pode interagir com células imunes, como mastócitos e macrófagos, estimulando a liberação de mediadores inflamatórios, como prostaglandinas e citoquinas, que por sua vez sensibilizam os nociceptores e amplificam a percepção da dor.
Influência do Sistema Parassimpático
O sistema parassimpático (responsável pelas funções de "descanso e digestão") também pode ter um papel na modulação da dor, mas sua contribuição para quadros de dor crônica é menos estudada do que a do sistema simpático. No entanto, ele também pode influenciar a percepção da dor de formas complexas.
1. Efeitos Antiinflamatórios:
o O sistema parassimpático, por meio do nervo vago, pode desempenhar um papel anti- inflamatório na dor. A ativação do nervo vago pode modular a liberação de mediadores inflamatórios e reduzir a inflamação, o que é benéfico em condições de dor crônica associadas à inflamação, como artrite reumatoide.
3. Equilíbrio Simpático-Parassimpático:
o Em quadros dolorosos crônicos, o desequilíbrio entre a atividade simpática e parassimpática pode resultar em uma resposta aumentada de dor e dificuldade de alívio da dor. Normalmente, o sistema parassimpático ajuda a modular a resposta simpática e diminuir a dor, mas, quando ele não funciona adequadamente, pode haver perpetuação da dor.
2. Mecanismos de Modulação da Dor pelo SNA
O SNA modula a dor por meio de várias vias, influenciando tanto a resposta autonômica quanto a percepção da dor em níveis periféricos e centrais.
4. O Ciclo Vicioso da Dor Crônica e o SNA
O ciclo vicioso da dor crônica é um processo no qual a dor contínua ativa o sistema nervoso simpático, o que, por sua vez, amplifica a percepção da dor. Esse ciclo pode ser sustentado por uma série de mecanismos:
· Hipersensibilidade dos nociceptores: A ativação do sistema simpático pode levar a uma hipersensibilidade dos nociceptores, o que resulta em maior resposta à dor.
· Disfunção autonômica: Quando o SNA está disfuncional, como no caso da disautonomia ou do
desequilíbrio simpático-parassimpático, a dor pode se tornar crônica, já que o corpo não consegue modular a intensidade da dor de maneira eficaz.
· Ciclo de resposta emocional: O estresse crônico e a ansiedade, frequentemente associados à dor
crônica, podem ativar o sistema simpático de forma excessiva, agravando a sensação de dor. O
sofrimento emocional, por sua vez, pode perpetuar a dor, criando um ciclo de amplificação da dor.
5. Intervenções Terapêuticas
O tratamento da dor crônica frequentemente inclui abordagens que visam modular a atividade do
SNA, equilibrando a resposta simpática e parassimpática:
1. Bloqueio Simpático: Em condições como a síndrome de dor regional complexa (SDRC), os bloqueios
simpáticos podem ajudar a reduzir a atividade simpática excessiva, aliviando a dor.
2. Terapias de Relaxamento e Biofeedback: Técnicas como o biofeedback e meditação podem ser
usadas para modular a atividade do sistema nervoso autônomo, promovendo um equilíbrio entre a
atividade simpática e parassimpática e reduzindo a dor.
3. Farmacoterapia: Medicamentos como bloqueadores adrenérgicos e benzodiazepínicos podem
ajudar a reduzir a atividade simpática excessiva e melhorar a modulação autonômica da dor.
Explicar os tipos de queimaduras e as diferentes condutas frente a cada uma delas
Tipos de queimaduras quanto à profundidade
1° grau
Tipo de queimadura que atinge a epiderme, a camada superficial da pele. Apresenta lesões hiperemiadas
e sem bolhas, com discreto edema e dor no local.
 
2º grau
Tipo de queimadura que atinge a epiderme e parte da derme, primeira e segunda camadas da pele.
Apresenta bolhas, e a dor é acentuada.
Importância das bolhas: 
 Dano à Camada da Pele: Quando uma queimadura atinge a epiderme e, possivelmente, a derme, as células são danificadas ou destruídas.
 Vazamento de Líquidos: O calor causa aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos próximos, permitindo que o plasma (parte líquida do sangue) escape para o espaço entre as camadas da pele.
 Formação da Bolha: Esse líquido se acumula sob a camada danificada da pele, formando a bolha. A bolha atua como uma “almofada protetora”, protegendo os tecidos subjacentes de mais lesões e contaminação.
 Função de Proteção e Cura: A bolha também cria um ambiente úmido que ajuda no processo de cicatrização, promovendo a regeneração da pele e protegendo contra infecções.
3° grau
Tipo de queimadura que atinge todas as camadas da pele, músculos e ossos. Apresenta necrose da pele,
a qual fica com cor esbranquiçada ou escura. A dor é ausente, devido à sua profundidade, lesando todas
as terminações nervosas responsáveis pela condução da sensação de dor.
Brancas (Aspecto Esbranquiçado ou Ceroso)
· Dano à Derme e Epiderme: Nessas queimaduras, todas as camadas da pele são destruídas, incluindo as terminações nervosas e vasos sanguíneos.
· Coagulação de Proteínas: O calor extremo desnatura as proteínas da pele, dando a ela um aspecto seco, rígido e esbranquiçado ou ceroso.
· Isquemia (Falta de Sangue): O calor pode interromper o fluxo sanguíneo para a área, o que contribui para o tom pálido ou branco.
Pretas ou Carbonizadas
· Carbonização: Quando o tecido é exposto a calor intenso por muito tempo, ele sofre carbonização, um processo semelhante ao que ocorre com madeira queimada, dando uma cor preta ou marrom escura.
· Necrose: O tecido morto ou necrosado também apresenta essa coloração escura.
Quanto à extensão
A extensão de uma queimadura é representada em percentagem da área corporal queimada. Sua gravidade será determinada pela profundidade, a extensão e a área afetada, observe a classificação a
seguir.
Leves ou pequeno queimado
· Quando as queimaduras atingem menos de 10% da superfície corporal. 
· Queimaduras de segundo grau com menos de 15% da superfície corporal atingida
· Queimaduras de terceiro grau com menos de 2% da superfície corporal atingida.
Médias ou médio queimado
· Quando as queimaduras atingem de 10
a 20% da superfície corporal
· Queimaduras de primeiro grau que tenham atingido mais de 50% da superfície corporal
· Queimaduras de segundo grau com mais de 20% da superfície corporal atingida
· Queimaduras de terceiro grau que tenham atingido até 10% da superfície corporal, sem chegarem a face, mãos e pés.
Graves ou grande queimado
Quando as queimaduras atingem mais de 20% da área corporal, ou se causarem complicação por lesão
do trato respiratório, ou queimaduras de terceiro grau em face, mãos e pés, ou de segundo grau que tenham atingido mais de 30% da superfície corporal.
Regra dos nove
É a mais usada pelas instituições de saúde e atribui o valor nove (ou um múltiplo dele) a cada segmento
corporal:
· Cabeça — 9%;
· Tronco frente — 18%;
· Tronco costas — 18%;
· Membros superiores — 9% cada;
· Membros inferiores — 18% cada;
· Genitais — 1%
Quanto à causa Agentes físicos
· Térmicos — líquidos quentes, gordura quente, ferro quente, vapor e fogo; „ elétricas —
· corrente de baixa voltagem (eletrodomésticos), alta tensão e raio;
· Radiantes — exposição à luz solar ou às fontes nucleares.
· Agentes químicos -- substâncias químicas industriais e produtos de uso doméstico
· (solvente, soda cáustica, alvejante ou qualquer ácido ou álcalis).
· Agentes biológicos: seres vivos, animais, insetos e plantas (taturana, água--viva, urtiga)
PRIMEIROS SOCORROS DE QUEIMADURAS
Aplique os métodos de prestação de primeiros socorros somente depois da realização de manobras de suporte básico de vida, hemostasia, prevenção de choque e assistência às outras lesões que possam colocar em risco a vida do acidentado ou piorar seu estado clínico.
1. Afaste o acidentado da origem da queimadura — esse é o passo inicial e tem prioridade sobre todos os outros tratamentos.
2. Encaminhe a vítima ao atendimento especializado assim que possível.
3. Limite-se, nas queimaduras identificadas como primeiro grau, à lavagem com água
corrente na temperatura ambiente para o resfriamento do local, interrompendo a atuação do agente causador d a lesão, aliviando a dor e evitando o aprofundamento da queimadura.
Nunca aplique gelo no local, pois causa vasoconstrição e diminuição da irrigação sanguínea, favorecendo também a queimadura por resfriamento excessivo.
4. Ofereça água ao acidentado, porém, lentamente. Se ele estiver inconsciente, não lhe dê água.
Fique atento, em todos os casos de queimaduras, mesmo as de primeiro grau, para a necessidade de manter o local lesado limpo e protegido contra infecções.
QUEIMADURA DE 1° GRAU
Resfriamento imediato: Lave a área afetada com água fria (não gelada) por 10 a 20 minutos para reduzir a dor e a inflamação. Evite o uso de gelo diretamente sobre a queimadura, pois isso pode agravar o dano.
Hidratação da pele: Aplique cremes hidratantes, como gel de aloe vera ou cremes emolientes, para aliviar a sensação de ardor e manter a umidade da pele.
Analgesia: Se necessário, ofereça analgésicos de venda livre como paracetamol ou ibuprofeno para alívio da dor.
Evitar exposição solar: Proteja a área da queimadura da exposição ao sol até a pele se recuperar completamente.
Monitoramento: Observe sinais de infecção, como secreção ou aumento da dor. Caso haja complicações, procure um médico.
QUEIMADURA DE 2° GRAU
Resfriamento imediato: Lave a área afetada com água fria por 10 a 20 minutos. Evite gelo ou água muito fria, pois pode piorar o dano.
Proteção das bolhas: Se houver bolhas, não estoure-as, pois elas protegem a pele subjacente da infecção. Se as bolhas se romperem, cubra a área com uma compressa estéril.
Hidratação da pele: Use pomadas cicatrizantes que contenham pantenol ou gel de aloe vera. O uso de cremes ou pomadas antibióticas pode ser recomendado por um médico.
Analgésicos: Para dor, é possível usar analgésicos de venda livre, como ibuprofeno ou paracetamol, conforme necessário.
Cobertura da queimadura: Cubra a área com curativos estéreis, como gazes ou curativos não aderentes, para prevenir infecções e promover a cicatrização.
Acompanhamento médico: Para queimaduras de 2o grau profundas ou grandes, é importante procurar atendimento médico imediato. O tratamento especializado pode ser necessário, incluindo antibióticos tópicos ou até o uso de curativos avançados.
QUEIMADURA DE 3° GRAU
Chamada imediata para atendimento médico de emergência: Queimaduras de 3o grau requerem tratamento especializado e devem ser avaliadas por profissionais médicos o mais rápido possível.
Resfriamento inicial: Se possível, refresque a área queimada com água fria (não gelo) para reduzir a dor e evitar mais danos até a chegada do socorro. Não tente remover roupas aderidas à queimadura ou áreas de tecido necrosado.
Cobertura com curativo estéril: Se possível, cubra a queimadura com curativos estéreis ou panos limpos para evitar a infecção. Não use pomadas ou cremes em queimaduras de 3o grau sem orientação médica.
Prevenção de choque: Mantenha a pessoa deitada, com os pés elevados, se possível, para prevenir choque hipovolêmico, que pode ocorrer devido à grande perda de líquidos.
Monitoramento contínuo: Monitore a frequência cardíaca e a pressão arterial enquanto aguarda ajuda médica. O tratamento de queimaduras de 3o grau pode envolver transfusões de líquidos e a remoção de tecido necrosado.
Tratamento médico especializado: O tratamento em unidades de terapia intensiva (UTI) pode ser necessário. Pode incluir transplantes de pele e antibióticos intravenosos para evitar infecções graves. A cirurgia pode ser necessária para reparar tecidos danificados.
CÁLCULO DA HIDRATAÇÃO
Fórmula de Parkland = 2 a 4ml x % SCQ x peso (kg):
• 2 a 4ml/kg/% SCQ para crianças e adultos.
• Idosos, portadores de insuficiência renal e de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) devem ter
seu tratamento iniciado com 2 a 3ml/kg/%SCQ e necessitam de observação mais criteriosa quanto
ao resultado da diurese.
• Use preferencialmente soluções cristaloides (ringer com lactato).
• Faça a infusão de 50% do volume calculado nas primeiras 8 horas e 50% nas 16 horas seguintes.
• Considere as horas a partir da hora da queimadura.
• Mantenha a diurese entre 0,5 a 1ml/kg/h.
• No trauma elétrico, mantenha a diurese em torno de 1,5ml/kg/hora ou até o clareamento da urina.
• Observe a glicemia nas crianças, nos diabéticos e sempre que necessário.
• Na fase de hidratação (nas 24h iniciais), evite o uso de coloide, diurético e drogas vasoativas.
Exemplo: Paciente feminina de 60 kg com 9 % da área corporal queimada. 2* 9*60 = 1080 ml ou 2160 ml
Diurese: 0,5*60 = 30 ml de xixi por hora 
TRATAMENTO DA DOR
Instale acesso intravenoso e administre:
• Para adultos: Dipirona = de 500mg a 1 g em injeção endovenosa (EV);
Morfina = 1ml (ou 10mg) diluído em 9ml de solução fisiológica (SF) a 0,9%, considerando-se que cada 1ml é igual a 1mg. Administre de 0,5 a 1mg para cada 10kg de peso.
Morfina: 6 * 0,5 = 3 mg de morfina a 6 mg de morfina. 
• Para crianças: Dipirona = de 15 a 25mg/kg em EV;
Morfina = 10mg diluída em 9ml de SF a 0,9%, considerando-se que cada 1ml é igual a 1mg.
Administre de 0,5 a 1mg para cada 10kg de peso.
TRATAMENTO DAS FERIDAS
Limpe a ferida com água e clorexidina desgermante a 2%. Na falta desta, use água e sabão neutro.
• Posicionamento: mantenha elevada a cabeceira da cama do paciente, pescoço em hiperextensão e membros superiores elevados e abduzidos, se houver lesão em pilares axilares.
• Administre toxoide tetânico para profilaxia/ reforço antitétano.
• Administre bloqueador receptor de H2 para profilaxia da úlcera de estresse.
• Administre heparina subcutânea para profilaxia do tromboembolismo.
• Administre sulfadiazina de prata a 1% como antimicrobiano tópico.
• Curativo exposto na face e no períneo.
• Curativo oclusivo em quatro camadas: atadura de morim ou de tecido sintético (rayon) contendo o
princípio ativo (sulfadiazina de prata a 1%), gaze absorvente/gaze de queimado, algodão hidrófilo e
atadura de crepe.
• Restrinja o uso de antibiótico sistêmico profilático apenas às queimaduras potencialmente
colonizadas e com sinais de infecção local ou sistêmica. Em outros casos, evite o uso.
• Evite o uso indiscriminado de corticosteroides por qualquer via.
• As queimaduras circunferenciais em tórax podem necessitar de escarotomia para melhorar a
expansão da caixa torácica.
• Para escarotomia de tórax, realize incisão em linha axilar anterior unida à linha abaixo dos últimos
arcos costais.
TRAUMA ELÉTRICO
Identifique se o trauma foi por fonte de alta tensão, por corrente alternada ou contínua e se houve
passagem de corrente elétrica com ponto de entrada e saída.
• Avalie os traumas associados (queda de altura e outros traumas).
• Avalie se ocorreu perda de consciência ou parada cardiorrespiratória (PCR) no momento do
acidente.
• Avalie a extensão da lesão e a passagem da corrente.
• Faça a monitorização cardíaca contínua por 24h a 48h e faça a coleta de sangue para a dosagem
de enzimas (CPK e CKMB).
• Procure sempre internar o paciente que for vítima deste tipo de trauma.
• Avalie eventual mioglobinúria e estimule o aumento da diurese com maior infusão de líquidos.
• Na passagem de corrente pela região do punho (abertura do túnel do carpo), avalie o antebraço, o
braço e os membros inferiores e verifique a necessidade de escarotomia com fasciotomia em tais
segmentos.
QUEIMADURA QUÍMICA
• A equipe responsável pelo primeiro atendimento deve utilizar proteção universal para evitar o
contato com o agente químico.
• Identifique o agente causador da queimadura: ácido, base ou composto orgânico.
• Avalie a concentração, o volume e a duração de contato.
• Lembre que a lesão é progressiva, remova as roupas e retire o excesso do agente causador.
• Remova previamente o excesso com escova ou panos em caso de queimadura por substância em
pó.
• Dilua a substância em água corrente por no mínimo 30 minutos e irrigue exaustivamente os olhos
no caso de queimaduras oculares.
• Interne o paciente e, na dúvida, entre em contato com o centro toxicológico mais próximo.
• Nas queimaduras por ácido fluorídrico com repercussão sistêmica, institua a aplicação por via
endovenosa lenta de soluções fisiológicas com mais 10ml de gluconato de cálcio a 10% e acompanhe
laboratorialmente a reposição do cálcio iônico.
• Aplique gluconato de cálcio a 2,5% na forma de gel sobre a lesão, friccione a região afetada durante
20 minutos (para atingir planos profundos) e monitore os sintomas dolorosos.
• Caso não haja melhora, infiltre o subcutâneo da área da lesão com gluconato de cálcio diluído em
soro fisiológico a 0,9%, na média de 0,5ml por centímetro quadrado de lesão, com o uso de agulha
fina de 0,5cm, da borda da queimadura com direção ao centro (assepsia normal).
• Nos casos associados à dificuldade respiratória, poderá ser necessária a intubação endotraqueal.
Infecção da área queimada
São considerados sinais e sintomas de infecção em queimadura:
• Mudança da coloração da lesão.
• Edema de bordas das feridas ou do segmento corpóreo afetado.
• Aprofundamento das lesões.
• Mudança do odor (cheiro fétido).
• Descolamento precoce da escara seca e transformação em escara úmida.
• Coloração hemorrágica sob a escara.
• Celulite ao redor da lesão.
• Vasculite no interior da lesão (pontos avermelhados).
• Aumento ou modificação da queixa dolorosa.
Descrever a farmacologia e indicações dos analgésicos comuns, efeitos colaterais e problemas relacionados ao uso indiscriminado
Paracetamol
 
Atua inibindo a enzima COX no sistema nervoso central, reduzindo a produção de prostaglandinas.
A COX 1 é ativada sob condições fisiológicas, por exemplo, nas plaquetas, no endotélio vascular, na mucosa
do estômago ou nos rins, resultando na liberação de tromboxano A2 (TXA2), prostaciclina (PGI2) ou
prostaglandinas, como a prostaglandina E2 (PGE2 A liberação desses eicosanóides é seletivamente inibida
por drogas como a aspirina.
Já a síntese da COX 2, em células como macrófagos, é induzida pela liberação de citocinas de um estímulo
inflamatório, como exemplo a interleucina-1 (IL-1).
Já está bem estabelecida a ação inibitória preferencial do paracetamol sobre essa isoforma e sabe-se que essa enzima tem maior expressão no SNC, sugerindo que o paracetamol tem um efeito mais central do que periférico. Assim sendo, ele apresenta grande efeito antitérmico e analgésico (ação central), ausência de efeito anti-inflamatório.
Além dessa preferência, já está bem elucidado que o efeito inibidor da COX pelo paracetamol ocorre em
baixas concentrações de íons peróxidos. Como as áreas inflamadas são ricas em superóxidos, justifica a
ausência de efeito anti-inflamatório do fármaco em questão. 
AM404 também é um potente agonista do canal de íon TRPV1 (receptor de potencial transiente vanilóide
1), um canal iônico permeável a cátions ativado por uma série de estímulos nocivos, como calor,
redução de pH e agentes irritantes como a capsaicina, componente ativo das pimentas.
O TRPV1 é expresso nos terminais nervosos pós sinápticos no sistema nervoso central e perifericamente, nas terminações nervosas livres que compõem o nociceptor.
Na periferia, esse receptor é responsável pela detecção e transmissão da dor aguda e crônica. Já os
localizados no SNC são mais importantes na determinação do efeito do paracetamol.
A ativação de TRPV1 produz efeito antinociceptivo por ativar as vias bulbo-espinhais descendentes
inibitórias da dor, localizadas na substância cinzenta peri-aquedutal. Tal fato corrobora a ação analgésica
do paracetamol.
Ativa o canal TRPV1 SNC → expresso em nociceptores → ativa vias bulbo-espinais descendentes → inibitórias da dor.
O paracetamol é metabolizado no fíago → à para-aminofenol.
2. Sofre conjugação intracelular com o ácido aracdônico→ pela ação da amido hidrolase do ácido graxo
(FAAH) no Sistema Nervoso Central → AM404.
Dose recomendada
4g por dia. De 7,5 a 10 g tem risco de intoxicação. 
 AINEs: Inibem a enzima ciclo-oxigenase (COX-1 e COX-2), reduzindo a inflamação, dor e febre.
 Opioides: Ligam-se aos receptores opioides no sistema nervoso central e periférico, bloqueando a transmissão de dor.
 Adjuvantes: Moduladores das vias da dor, como bloqueio da recaptação de serotonina e noradrenalina ou estabilização de membranas neuronais.
Dipirona 
Metamizol sódico ou Dipirona sódica é um fármaco da classe dos antiinflamatórios não esteroidais (AINEs)
que é empregado, principalmente, como analgésico e antipirético.
COMPOSIÇÃO
(1-fenil-2,3-dimetil-5- pirazolona-4-metilaminometanossulfônico). É simplesmente denominado metamizol
ou Dipirona ou ainda metilmelubrina
ABSORÇÃO
É prontamente absorvida pelas diferentes vias de administração.
Por via oral, seu efeito antipirético é desencadeado em aproximadamente trinta minutos, com duração entre
quatro e seis horas.
É rapidamente hidrolisada pelo suco gástrico no metabólito ativo 4-N-metilaminoantipirina (MAA), que é
prontamente absorvido pelo organismo.
MECANISMO DE AÇÃO
O mecanismo de ação consiste na inibição da biossíntese de prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos, pela inibição reversível e irreversível da enzima ciclooxigenase (COX) em suas isoforma conhecidas 1 e 2.
• Suas ações ocorrem tanto no sistema nervoso central quanto no sistema nervoso periférico.
• O efeito analgésico fornecido pelo fármaco é alcançado pela diminuição de prostaglandinas, que diminui a sensibilização das terminações nervosas por mediadores inflamatórios como a bradicinina e a 5-hidroxitriptamina.
• Relata-se que a Dipirona atua inibindo fracamente a COX-1 e a COX-2 nos tecidos periféricos, tendo sua ação provável nas enzimas ciclooxigenases cerebrais e mais especificamente inibindo a COX-3 na medula espinhal. A COX-2 é responsável pelos estados inflamatórios, estando envolvida diretamente na produção de prostaglandinas que levam a dor, sendo assim, os medicamentos que atuam na sua inibição refletem efeitos analgésicos, antitérmicos e antiinflamatórios.
• Os metabólitos 4-MAA e 4-AA exercem a inibição da síntese de prostaglandinas em suas ações periféricas. O efeito antipirético é mediado pela inibição

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