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Processo Civil CEJ 3

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PROCESSO CIVIL – Celso Belmiro – 2007 – página � PAGE �45�
3ª aula (16/03/2007)
Princípio da Congruência/Correlação/Correspondência/Adstringência entre pedido e a sentença
	Primeiramente, para haver correlação tem que haver dois pontos, que pontos são esses? O pedido e a sentença. 
	Onde iremos encontrar esse princípio? No artigo 128 do CPC: 
 “O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.”
	Nós falamos deste artigo 128 também tratando do princípio da demanda ou inércia da jurisdição, quando falamos que a iniciativa da parte era essencial. Mas também, sob outro aspecto o artigo 128 do CPC vai ajudar a gente nesse princípio que estamos estudando agora,
	Além do artigo 128 do CPC, também o artigo 460 do CPC traz esse princípio da correlação. Talvez o artigo 460 seja mais incisivo do que o artigo 128 do CPC. Assim dispõe o artigo 460 do CPC:
“É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que Ihe foi demandado”.
Parágrafo único. A sentença deve ser certa, ainda quando decida relação jurídica condicional. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)” 
	Esse princípio que estamos vendo veda, proíbe que o Juiz profira que tipo de sentença? Sentença ultra petita, extra petita e citra petita. O juiz quando vai proferir a sentença ele está vinculado, pautado, paralisado pelo pedido que o Autor fez na inicial. Essa é a idéia do princípio da correlação entre o pedido e a sentença. O juiz irá julgar procedente, improcedente, ou procedente em parte, o pedido que o autor formulou na petição inicial.
	O que é sentença ultra petita? É a sentença que dá mais do que o que foi pedido pelo autor. Aqui, o autor pede R$ 1.000,00, o Juiz concede R$ 10.000,00. 
	O que é sentença extra petita? É a sentença que confere coisa fora do pedido, diferente do pedido. Aqui o autor pede R$ 1.000,00 e o Juiz condena o Réu a entregar uma caixa de goiabada.
	O que é sentença citra petita? Existe hábito de achar que citra é menos. Então teríamos um pedido de R$ 1.000,00 e o juiz condenou o Réu a pagar R$ 600, 00, seria uma sentença citra petita. Não é isso. Se o autor pede R$ 1.000,00 e o Juiz condena o Réu a pagar R$ 600, 00, que tipo de sentença é essa? Sentença de procedência parcial. 
	Sentença citra petita é aquela que o Juiz deixa de apreciar algum dos pedidos formulados pelo autor. Por exemplo, A ajuíza uma ação em face de B, pedindo R$ 10.000, 00 de dano material e R$ 10.000,00 de dano moral. A sentença, numa primeira hipótese, concede dano material no valor de R$ 10.000,00 e R$ 0,00 de dano moral. Numa segunda hipótese a sentença concede dano material no valor de R$ 10.000,00 e não fala nada a respeito do dano moral. A primeira sentença é de que categoria? Sentença de procedência parcial. A segunda sentença é citra petita, pois o Juiz não pode deixar de analisar o pedido de dano moral. Ele tem que se manifestar, ainda que seja pra dizer que o autor não tem direito a nada. Tem que se manifestar sobre o pedido feito pelo autor. Mais a frente iremos ver que sobre a causa de pedir não, mas sobre o pedido sim. O juiz não tem que se manifestar sobre todos os fatos e fundamentos alegados pelo autor, basta que se convença de um dos fundamentos alegados pelo autor para julgar procedente a ação. Mas no caso dos pedidos, ele tem que se manifestar sobre todos os pedido formulados. 
	Qual é a solução para a sentença citra petita? Como fica caracterizada a omissão, esta levará interpor Embargos de Declaração. 
	Como regra o Juiz só irá se manifestar sobre o que o Autor pediu. Mas excepcionalmente não há nada que o Juiz possa reconhecer sem que o autor tenha se manifestado? Pedidos que estão ali, mas não estão? Pedidos cujos o Autor não precisa se manifestar expressamente? Sim. São os chamados pedidos implícitos. 
	Antes de mais nada o que é um pedido implícito? Pedido implícito é aquele cujo qual o autor não se manifestou na inicial, mas na sentença o Juiz irá reconhecer. 
	Quem entra nessa categoria de pedido implícito? Juros legais, que estão previstos na lei (o CC de 1916 dizia que eram de 6% ao ano, o CC de 2002 diz que juros legais são os mesmos exigidos pela Fazenda Pública na cobrança de seus créditos. A Fazenda quando vai cobrar seus créditos utiliza a taxa Selic, que varia. Essa taxa Selic não é só de juros. Então há divergência quanto ao tema e os Tribunais estão tendendo, inclusive o TJ/RJ a aplicar não a taxa Selic, mas o que está no CTN. E o que está no CTN? 1% ao mês.) 
	Juros legais é um pedido implícito.
	Digamos que você fez um empréstimo em uma Instituição financeira, assinou um contrato dizendo que vai ter juros durante certo período de 4% ao mês. Você não paga. O advogado do Banco ajuíza ação de cobrança e esquece de pedir a condenação ao pagamento desses juros de 4% ao mês. O juiz pode determinar o pagamento desses juros de 4% ao mês? Não. O juiz só pode reconhecer na sentença como pedido implícito juros legais. Juros contratuais não. Os juros contratuais o autor tem que pedir explicitamente. 
	Correção monetária é pedido implícito? Não. E não é porque não é nada a mais. A correção monetária nada mais é do que a tradução do valor histórico para os dias atuais. A correção monetária não é um pedido a mais, é exatamente o pedido do autor transportado de uma realidade histórica anterior para os dias atuais. O Juiz irá reconhecer ainda que o Autor não peça, mas não é um pedido implícito, pois não é nada a mais, além do pedido. 
	Encargos sucumbenciais. O autor quando ajuizou a ação pagou as custas, mas esqueceu de colocar na inicial que se saísse vencedor que o Réu seja obrigado a lhe ressarcir as custas, não colocou na inicial o pedido de condenação do Réu ao pagamento dos honorários advocatícios de sucumbência. O juiz irá reconhecer na sentença, ainda que o Autor não tenha pedido na inicial. 
	ATENÇÃO!!!! Honorários sucumbenciais são diferentes de honorários contratados. Se eu contrato um advogado pra me patrocinar pelo valor de R$ 3.000,00 não posso exigir do Réu esse valor depois, esses honorários são contratuais. Os honorários de sucumbência é que o Juiz irá reconhecer, geralmente ficam entre 10% e 20% do valor da condenação.
	Vamos dizer que eu ajuizei uma ação de cobrança de aluguéis e tinha 04 meses atrasado. O Juiz dá a sentença 01 ano depois. Ele está adstrito a estes 04 meses? Se entendermos que o Juiz está adstrito aos 04 meses estaremos obrigando o Autor a todo mês não pago ingressar com nova ação de cobrança. 
	As prestações que se vencerem no curso do processo estão incluídas no pedido, ainda que o autor não tenha pedido expressamente. Prestações vincendas em obrigações de trato sucessivo. Onde está isso? Está no artigo 290 do CPC. 
“Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação.”
	Multa diária. Em se tratando de ação de obrigação de fazer, como forma de coagir o devedor a cumprir aquela obrigação, entram aqui as astreintes. 
	Há juízes condenando ao pagamento de multa em obrigações pecuniárias. Condena ao pagamento e se não pagar, multa diária de tanto, Astreintes, essas multas diárias, são para obrigação de fazer e não para obrigação pecuniária. O que é errado. 
	O artigo 461 do CPC trata da tutela específica nas obrigações de fazer e não fazer. Isso foi profundamente alterado na reforma de 1994. Isso porque antigamente nas obrigações de fazer bastava o sujeito dizer que não vai cumprir aquela obrigação, qual era a única alternativa que restava ao credor? Indenização. Elas desembocavam quase sempre em indenização. 
	Só que o credorde uma obrigação de fazer, ele não quer grana, ele quer a obrigação de fazer cumprida. Então em 1994 criou-se essa sistemática do artigo 461, que é a tutela específica nas obrigações de fazer e de não fazer. O que mudou? A indenização passou a ser excepcional. A indenização passou a ser a última saída, antes disso tenta-se assegurar ao credor de uma obrigação de fazer exatamente a obrigação de fazer cumprida. 
Assim dispõe o artigo 461 do CPC: 
“Art. 461. A sentença deve ser certa, ainda quando decida relação jurídica condicional.
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287). (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)” 
	O que é resultado prático equivalente de que trata o caput do artigo 461? Por exemplo, eu contrato uma pessoa para construir uma piscina, ele não constrói. O que é resultado prático equivalente? A piscina. Alguém faz a piscina. Às vezes isso não é possível. Quando não é possível? Quando a obrigação é intuito personae, obrigação personalíssima, obrigação que só a pessoa contratada possa fazer. Ex. Um pintor famoso que foi contratado para pintar um quadro pra mim, se ele não pintar não há resultado prático equivalente. 
	Quando não há resultado prático equivalente o que acontece? O parágrafo 1º do artigo 461 do CPC diz que a obrigação se converterá em perdas e danos quando for impossível o resultado prático equivalente. 
	Para assegurar essas obrigações de fazer a lei deu uma série de poderes ao Juiz, inclusive, a imposição de multa que está no parágrafo 4º do artigo 461 do CPC. O Juiz poderá impor multa diária ao Réu independentemente de pedido do Autor. “Independentemente de pedido do Autor”, palavra mágica para reconhecermos um pedido implícito. Então, aqui temos a multa diária como pedido implícito, o Autor não se manifestou sobre ela na inicial e o Juiz a reconhece na sentença. 
	Sobre o que pode o Juiz se manifestar e o que deve o Juiz se manifestar? Barbosa Moreira classifica esses pedidos implícitos em duas categorias: PEDIDOS IMPLÍCITOS SOBRE QUAIS O JUIZ PODE SE MANIFESTAR e PEDIDOS IMPLÍCITOS SOBRE OS QUAIS O JUIZ DEVE SE MANIFESTAR.
	Segundo esta classificação, o juiz deve se manifestar: juros legais; indenização, prestações vincendas. 
	O juiz pode se manifestar: multa diária. 
	A relevância entre a distinção entre o juiz poder e o juiz dever é que se eu estabeleço que ele deve mas não o faz está caracterizada a omissão que vai me autorizar a interpor Embargos de Declaração. Se o Juiz pode, mas não o fez não caberá Embargos de Declaração. Essa é a conseqüência prática dessa classificação de deve e pode. 
	Digamos que o Réu continua não cumprindo a obrigação, vem a apelação da outra parte, o Autor pode requerer nas contra razões que o Relator imponha multa diária. 
	Pergunta do aluno: Como é defeso ao Juiz proferir sentença fora do pedido, se o Juiz não proferir sentença citra petita e ficar caracterizada a omissão, caberá Embargos de Declaração. E se embargada a sentença o Juiz a mantiver? Se ele mantiver a omissão, e houver apelação dessa sentença isso implica em nulidade de sentença por negativa de prestação jurisdicional ou aplica o artigo 515 do CPC devolvendo ao Tribunal o poder de reformar a sentença? 
	Devolve ao Tribunal o poder de reformar a sentença. O Tribunal pode se manifestar sobre aquilo que o Juiz não se manifestou. Até porque você não pode exigir da parte que por omissão do Juiz fique ingressando com Embargos de Declaração até convencer o Juiz de há omissão, contradição ou obscuridade. Então, ingressou com Embargos de Declaração, o juiz manteve a omissão, permite-se que a parte apele e na apelação explique a situação (que desde o princípio pediu que houvesse manifestação sobre aquele pedido, o Juiz na sentença não se manifestou, apresentado Embargos de Declaração e ainda assim a omissão não foi suprida) e peça ao Tribunal que reconheça o pedido. O Tribunal no acórdão da apelação tratar desse pedido. 
Princípio da Imparcialidade 
	O princípio da imparcialidade do Juiz é um princípio muito importante e está ligado a uma idéia moderna que se tem de processo justo. Não há processo justo quando o Juiz é parcial. O Juiz deve se manter eqüidistante às partes e acima delas. Essa é a posição que o Juiz deve assumir num processo, entre as partes e acima delas. 
	Para assegurar essa imparcialidade que é fundamental a todo o pedido e processo é necessário que o Juiz tenha algumas prerrogativas e algumas vedações. Quem estabelece essas garantias e essas vedações da Magistratura é a Constituição, em seu artigo 95: 
“Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
III - irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto à remuneração, o que dispõem os arts. 37, XI, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridostrês anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)” 
	O que é vitaliciedade? Vitaliciedade significa que o Juiz ficará no cargo até morrer? Não. Até porque existe a aposentadoria compulsória, hoje com 70 anos, vale para todo mundo. Então que garantia é essa? Qual é a diferença entre vitaliciedade e estabilidade? A estabilidade está toda esvaziada, mas não acabou. O que diferenciava estabilidade de vitaliciedade? 
	A vitaliciedade é a garantia que tem os magistrados de só perderem o cargo por decisão judicial. Na estabilidade, a perda do cargo pode se dar por decisão judicial ou decisão administrativa derivada de processo administrativo. 
	A estabilidade sofreu várias derrotas, existem outras justificativas para que não se respeite a estabilidade, mas a vitaliciedade continua com a idéia de sempre, a perda do cargo depende de decisão judicial transitada em julgado, de processo judicial, onde haja contraditório, ampla defesa. 
	A vitaliciedade que, no 1º grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo nesse período de deliberação do Tribunal ao qual o Juiz estiver vinculado. Antes dos dois anos de exercício, o Juiz está em fase de vitaliciamento. No TJ/RJ existe uma Comissão de Vitaliciamento formada pelos Desembargadores mais antigos, aposentados, para analisar as sentenças que o Juiz em fase de vitaliciamento profere. Passada essa etapa o Juiz se torna vitalício. Sendo vitalício só poderá perder o cargo por sentença judicial transitada em julgado.
	O que significa a inamovibilidade? O Juiz só será removido de onde exerce as suas atribuições com o seu prévio consentimento.
	Caiu numa prova do MPF o seguinte: A inamovibilidade garante ao Juiz que este não será transferido sem a sua prévia ciência. Está certo ou não? Não. Por exemplo, o Juiz profere uma decisão contra os poderosos, aí estes poderosos o mandam para outro lugar, e este é avisado na véspera. Ele foi previamente cientificado, tomou conhecimento antes, um dia antes, mas tomou. Isso é alguma garantia? Claro que não. 
	Então, não é sem sua prévia ciência, é sem sua prévia concordância, sem seu prévio consentimento. 
	Se o Juiz abrir mão de suas promoções ele fica eternamente no mesmo lugar. 
	Mas não existe nenhum limite a inamovibilidade? Tem. A própria Constituição dispõe que é garantida a inamovibilidade, salvo motivo de interesse público na forma do artigo 93, inciso VIII da CF. 
“Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
... 
VIII - o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto de dois terços do respectivo tribunal, assegurada ampla defesa;
VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)” 
	O inciso VIII do artigo 93 da CF foi alterado pela emenda da Reforma do Judiciário. Antes só se falava em voto da maioria absoluta do respectivo Tribunal. 
	Quem do Tribunal? Do Tribunal Pleno ou onde houver, do Órgão Especial. 
	A novidade deste inciso VIII é a questão do Conselho Nacional de Justiça. Que terá uma brava missão agora, com a notícia do Globo de 15/03/07, tratando de fraude no Concurso da Magistratura do Rio de Janeiro. 
Irredutibilidade de subsídio, que antigamente era irredutibilidade de vencimento, que era uma garantia geral também aplicada aos servidores públicos. Com a EC 19/98, carreiras típicas de Estado passaram a ter sua remuneração através de subsídio, magistratura inclusive. 
	As vedações estão no parágrafo único do artigo 95 da CF. 
	A preocupação do inciso I, do parágrafo único do artigo 95 da CF é impedir que o Juiz tenha outro cargo público. Pergunta: O Juiz além de Juiz ele é professor da UFRJ, coordenador da Estácio, professor adjunto da Gama Filho e vice-diretor da UniverCidade. Pode ou não? Na verdade quando a Constituição estabeleceu essa vedação, não estava preocupada com dinheiro, não estava preocupada com a acumulação de cargos públicos, pois esta está em outro artigo. A Constituição estava preocupada com o tempo do Juiz, em exigir dedicação integral ao seu exercício da sua função de juiz. A questão não é pecuniária, não é de acumulação de cargo público ou não público, é de dedicação integral a magistratura. Mas, hoje se interpreta essa questão no sentido de ser a vedação apenas para a acumulação de mais de um cargo público. Se não for cargo público, salvo um de magistério, pode exercer quantas atividades quiser. 
	A vedação constante do inciso V, do parágrafo único do artigo 95, é a chamada quarentena e foi acrescentada pela EC 45/04. Até bem pouco tempo, o Desembargador se aposentava, ia para um escritório de advocacia e no dia seguinte estava no juízo como advogado e muitas vezes ia despachar com quem até bem pouco tempo era seu colega de Câmara, ou do Órgão Especial. 
	
	Princípio do Juiz Natural 
	O princípio do Juiz Natural nós iremos analisar sobre três aspectos diferentes. Que aspectos são esses? Só são órgãos jurisdicionais os previstos na Constituição. Ninguém pode ser julgado por órgão jurisdicional criado após o fato. Entre os órgãos jurisdicionais vigora uma ordem taxativa de competência. 
	SÓ SÃO ÓRGÃOS JURISDICIONAIS OS PREVISTOS NA CF
	Esse poder dever de prestar jurisdição e dar a solução para os conflitos em caráter definitivo, os órgão jurisdicionais vão buscar na CF. O poder de prestar jurisdição provém da CF. Então, só a CF é que pode prever órgãos jurisdicionais. Não há possibilidade de criação de órgão jurisdicional, não existe órgão jurisdicional sem que haja fundamento constitucional para a criação deles. 
	A CF cria determinados órgãos, mas autoriza que as organizações estaduais e judiciárias estabeleçam para as demandas locais os órgãos a serem criados. Por exemplo, as Varas existentes nos Tribunais do Rio não são as mesmas dos Tribunais de São Paulo, não são as mesmas do Rio Grande do Seul, não são as mesmas do Acre. Mas, a autorização vem da CF. 
	Então, só são órgãos jurisdicionais os previstos expressamente na CF ou com criação autorizada pela CF. 
	É um aspecto mais teórico.
	NINGUÉM PODE SER JULGADO POR ÓRGÃO JURISDICIONAL CRIADO APÓS O FATO
	Não é possível a criação de um órgão jurisdicional especificamente para julgar um fato. Esse órgão é o chamado Tribunal de Exceção. A CF trata do princípio do Juiz Natural no artigo 5º, em dois incisos, o primeiro dele é o XXXVII: “XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;” . 
	Exemplos históricos de Tribunal de Exceção: Tribunal de Nuremberg, criado para julgar os crimes cometidos na 2ª Guerra; Tribunal de Crimes Contra Humanidade criado nos E.U. A, que julgou Sadam (inclusive uma das linhas de defesa era que se tratava de Tribunal de Exceção);...
	Seja como for, aqui, nossa CF proíbe a criação de um órgão pra isso. 
	É um aspecto mais aplicado ao processo penal, do que propriamente ao processo civil.
	O inciso LIII, do artigo 5º da CF dispõe: “LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;”. 
	A competência é previamente estabelecida, Uma questão interessante, mais propriamente do processo penal é: a gente tem violação do Juiz natural, não só quando crio órgão novo para julgar aquele fato novo que ocorreu, mas também quando já existe órgão criado, mas depois que o crime foi cometido outro órgão passa a ser o competente. 
	Quando eu pratiquei o crime quem me julga é o órgão A, depois que eu pratiquei o crime, há uma alteração legislativa ou administrativa (o que é pior) e quem passa a julgar é o órgão B. Ainda que o órgão B existisse antes, há violação do princípio do JuizNatural, pois apesar de não se estar criando um órgão, está se deslocando a competência depois do fato ter ocorrido. 
	Essa questão é mais para o Processo Penal porque isso no Processo Civil é comum ocorrer, quando você cria Vara, extingue Vara devido ao aumento de processo ou outra causa, sendo alguns processos transferidos para a nova Vara. Isso a lei autoriza que aconteça no processo civil. Quando formos falar da competência e princípio da perpetuação da competência. 
	
	ENTRE OS ÓRGÃOS JURISDICINAIS VIGORA UMA ORDEM TAXATIVA DE COMPETÊNCIA
	Esse terceiro aspecto é o que interessa mais ao processo civil. 
	Se eu tenho mais de um órgão com a mesma competência, como eu vou definir qual irá julgar aquela ação? Se eu tenho mais de um órgão com idêntica competência como eu vou definir qual deles irá julgar a ação? Pela distribuição. 
	Então, reparem, a distribuição faz parte do princípio do juiz natural. É fundamental que percebamos isso. Tendo mais de um órgão competente quem irá julgar efetivamente minha ação é aquele para o qual a minha ação for distribuída. A distribuição compõe o princípio do juiz natural. 
	Imaginemos a seguinte situação: A ajuíza uma ação em face de um Réu qualquer. Depois de definido quem vai julgar essa ação, por exemplo, 13ª Vara Cível, vem um sujeito X e diz que está na mesma situação que A. Se o A tiver o direito dele reconhecido eu terei também. Sr. Juiz , por economia processual deixa eu ingressar nesta ação, ser autor também, deixa eu ser litisconsorte. Caso de litisconsórcio superveniente. Isso é possível ou não? Pode acontecer? Não. Porque esse pedido de X, que está travestido de economia processual não tem nada de inocente. X está direcionando o a petição inicial dele para um Juiz determinado. Esse litisconsórcio superveniente aqui não pode ocorrer porque viola a distribuição e com isso viola o princípio do juiz natural. 
	Questão levantada por aluno: art.109, V-A da CF, que foi acrescentado pela EC 45/04: “V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)”.
	Dispõe o parágrafo 5º do artigo 109 da CF: 
“§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)”
	A pergunta do aluno foi se isso violaria o princípio do Juiz Natural. Celso Belmiro entende que não, pois na verdade a competência seria sempre lá de cima. O problema surgiu em baixo e diagnosticado isso o Procurador Geral lança mal do incidente de deslocamento. Por quê? Porque a princípio o tempo inteiro deveria estar lá em cima. 
	Se a gente entender que deslocamento de competência em qualquer circunstância viola o Juiz Natural, estamos “fritos”, porque tempo inteiro isso pode acontecer (por conexão, por continência, por incompetência...). 
	Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional 
	O princípio da inafastabilidade está no artigo 5º, inciso XXXV da CF, que para efeitos processuais talvez seja o dispositivo mais importante da CF. Por quê? Porque é lá que encontramos o direito de ação, é lá que encontramos este princípio da inafastabilidade. Mais a frente vamos verificar que também neste inciso está o poder geral de cautela do Juiz. 
“XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;”
	Qualquer obstáculo que se coloque a obtenção da prestação jurisdicional, qualquer empecilho que se imponha a gosto do judiciário viola o princípio da inafastabilidade. 
	Algumas questões de ordem prática: sujeito que está com processo administrativo pendente pode ir pro judiciário ou primeiro devo terminar a discussão administrativa para só então ingressar no judiciário? 
	Essa questão é interessante porque se há um processo administrativo pendente o que o Estado pode alegar numa eventual contestação? Lembra do interesse-necessidade? A única alternativa que o sujeito tem é a busca do judiciário. Logo o Estado pode em uma eventual contestação alegar que existe um processo administrativo pendente onde o sujeito pode ter seu direito reconhecido, logo falta interesse-necessidade. 
	Temos um choque entre duas idéias: a inafastabilidade e interesse de agir (interesse - necessidade). 
	O sujeito vai poder buscar a solução judicial, por força do artigo 5º, inciso XXXV da CF. Mas então vai discutir nas duas esferas? Não. Quando o sujeito ingressa na via judicial, implicitamente está abrindo mão, desistindo da solução administrativa. 
	Terminar um procedimento administrativo não é condição para o sujeito ingressar com ação no judiciário. 
	Quando excepcionalmente eu tenho que terminar a via administrativa? Na justiça desportiva, pois a CF assim determina, no artigo 217, parágrafo 1º:
 “§ 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei”. 
	Se esse artigo 217, parágrafo 1º da CF estivesse em qualquer outro lugar que não a CF ele seria fatalmente inconstitucional, porque estaria obrigando o sujeito a terminar o processo administrativo para só então ir buscar a solução judicial. 
	Atenção!!! No caso de Execução Fiscal, para que esta seja ajuizada, necessário se faz a certidão de dívida ativa e esta certidão só é extraída ao final do processo administrativo, depois que se constitui o crédito tributário. A Fazenda não ajuíza ação de cobrança, ela executa. 
	O sujeito tem um processo administrativo qualquer, quer receber um determinado benefício, ele é um servidor, ou é um contribuinte e quer o reconhecimento de que não tem que pagar aquele determinado tributo, o processo administrativo está andando, ele pode abrir mão deste e ir pra via judicial? Pode. Estará abrindo mão da via administrativa, mas pode. 
	Pode se ajuizar uma ação ordinária dentro de uma ação daquele acórdão do Conselho de Contribuintes? Pode. Não faz e ainda que faça fatalmente não vai dar em nada. E não é por falta de pressuposto nenhum não, é porque a decisão lá em tese é técnica, por que o Juiz irá comprar um “barulho” desse? A Fazenda não busca uma ação dessa na prática e ainda que buscasse, fatalmente não contrariaria a decisão do Conselho. O Juiz pode julgar contra decisão do perito? Pode. Até porque se dissermos que não pode estamos dizendo que quem julga é o perito. O Juiz vai julgar contra o perito? Não, porque assume sozinho a sua decisão contrariando os técnicos no assunto. 
	Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa 
	Estão assegurados no artigo 5º, inciso LV da CF: 
“LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”
	A primeira coisa que precisamos ver é a relação que existe entre o contraditório e a ampla defesa. Que relação é essa? O contraditório possibilita a ampla defesa. E a partir daí vamos tratar do contraditório: o que significa, qual é a origem, para que serve. 
	O que é o contraditório? É a garantia de ciência bilateral dos atos e termos do processo com a conseqüente possibilidade de manifestação sobre os meios. 
	Pelo que falamos percebemos que o contraditório é o somatório de ciência e possibilidade de manifestação. Essa ciência é feita através dos atos de comunicação processual. 
	Quais são os atos de comunicação processual? Citação e Intimação. No Código antigo havia a Notificação como espécie de ato comunicação processual. Hoje em dia existe notificação, mas tem efeito extraprocessual. Atos de comunicação processuais são a citação e a intimação. 
	De onde vem essa históriade contraditório? Por que se vai garantir o contraditório? A necessidade de se ter o contraditório é porque o processo é dialético. O que significa isso? 
	O que é a dialética lá na filosofia? Tese se opondo a uma outra tese (ante tese ou antítese) de onde se extrai uma síntese. Levando isso para o processo: Qual é a tese apresentada? A tese é a pretensão do Autor. Pretensão esta que está veiculada onde? O que é a exteriorização da pretensão do autor? O pedido, que vem na petição inicial. A antítese ou a ante tese é a resistência apresentada. A resistência a pretensão está onde? Na contestação. E a síntese o que é? A síntese é a sentença. 
	Para que o processo possa observar a dialética é necessário, é imprescindível que se observe o princípio do contraditório. Temos que garantir que as partes tenham ciência de todos os atos do processo e mais, que tenham a possibilidade de se manifestar sobre esses atos processuais. 
	Algumas questões envolvendo contraditório: 
	Existe contraditório no processo de execução? No processo de execução nós temos mérito? Lembrando-se que mérito significa objeto do processo. Se dissermos que processo de execução não tem mérito, estamos admitindo a existência de um processo que não possui um objeto. Então, o processo de execução tem mérito, sim. É um mérito diferente do mérito do processo de conhecimento. O que não existe, nos moldes do processo de conhecimento, julgamento de mérito. Por que nos moldes do processo de conhecimento não temos no processo de execução o julgamento de mérito?Porque a execução não se destina a reconhecer direito de ninguém, se destina a satisfação do direito que já está reconhecido em título judicial ou título extrajudicial. Tem sentença no processo de execução? Tem. O processo se inicia com a petição inicial, demanda, se estabiliza com a citação do réu e se extingue com uma sentença. 
	E tem contraditório? Atentem pra o fato de que os Embargos do Executado tem natureza de ação de conhecimento autônoma e incidental à execução. Dizer que há contraditório nos Embargos, não responde a pergunta, pois este é outra ação e uma ação de conhecimento. 
	A pergunta é se na Execução tem contraditório. E a resposta é afirmativa, excepcionalmente, mas tem. Não é vocação do processo de execução ter contraditório, não nasceu pra ser contraditório, mas eventualmente encontramos contraditório dentro da execução. Por exemplo, na avaliação de bens. Quando a avaliação é feita por perito (isso foi alterado, pois antigamente sempre era feita por perito e hoje quem faz a avaliação é o oficial de justiça quando avalia o bem, mas ainda há a possibilidade de avaliação por perito, quando houver necessidade de conhecimentos técnicos mais apurados), quando o perito entrega o laudo o que vem a seguir? O juiz determina que as partes se manifestem sobre o auto de avaliação. Isso é um exemplo claro de contraditório dentro do processo de execução. 
	Antigamente existia mais um exemplo de contraditório dentro do processo de execução. Antes da lei 11.382/06, quem nomeava bens à penhora? O Executado. O que o Juiz fazia diante dessa nomeação pelo Executado? O Juiz determinava que fosse aberta vista ao Exeqüente. Isso era um exemplo de contraditório dentro da Execução. 
	Hoje isso não existe mais porque a realidade era de direito do executado nomear bens, hoje não mais. Hoje a penhora é efetivada pelo oficial de justiça, Não há mais essa garantia para o Executado. O Executado hoje é intimado para pagar. Antes ele era citado para em 24 horas pagar ou nomear bens à penhora. Hoje é intimado para pagar. Não pagou o oficial de justiça penhora. O que era um exemplo de contraditório na execução deixou de existir. 
	Outra questão é a seguinte: quando o Juiz concede uma liminar inaudita altera pars (sem ouvir a parte contrária) isso viola o contraditório?Não. Porque nessa hipótese temos o contraditório diferido, o contraditório postergado. 
	O que justifica o Juiz conceder uma liminar sem ouvir a outra parte? A primeira delas é a urgência, muitas vezes se formos primeiro ouvir o réu pra depois conceder uma liminar, quando esta for concedida já não assegurará mais direito algum. 
	Outra situação muito parecida com essa, mas que não se confunde, o que vai justificar a concessão de liminar sem ouvir a outra parte é o que está no artigo 804 do CPC:
“É lícito ao juiz conceder liminarmente ou após justificação prévia a medida cautelar, sem ouvir o réu, quando verificar que este, sendo citado, poderá torná-la ineficaz; caso em que poderá determinar que o requerente preste caução real ou fidejussória de ressarcir os danos que o requerido possa vir a sofrer. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)”
	Eventualmente o Réu tomando conhecimento da ação ele altera o estado de coisas e a execução que está sendo pleiteada não serve para mais nada. 
	Exemplo: Eu quero uma busca e apreensão do bem, o Juiz manda ouvir o Réu sobre o que eu estou pedindo. O Réu some com a coisa, Quando o Juiz manda buscar e apreender a coisa já desapareceu e a ação não atingirá seu fim.
	A última questão que vamos ver é a do atentado. O que é o atentado? O atentado está disposto no artigo 879 do CPC, que assim dispõe: 
“Comete atentado a parte que no curso do processo:
I - viola penhora, arresto, seqüestro ou imissão na posse;
II - prossegue em obra embargada;
III - pratica outra qualquer inovação ilegal no estado de fato.”
	Observe o que está no artigo 881 do CPC: 
“A sentença, que julgar procedente a ação, ordenará o restabelecimento do estado anterior, a suspensão da causa principal e a proibição de o réu falar nos autos até a purgação do atentado.”
	Lembrando-se que o que é procedente não é a ação, mas o pedido. 
	
	A proibição do Réu falar nos autos no caso do artigo 881 do CPC viola o contraditório ou não? Não. Porque que há aqui é uma forma indireta de coagir o sujeito a desfazer a “lambança” que está fazendo, purgar o atentado. O que purgar o atentado? Desfazer a lambança que está fazendo. 
Tanto é assim, que assim que ele desfizer voltará a falar nos autos normalmente. 
Então, segundo a doutrina, também no caso do atentado não há nenhuma violação do princípio do contraditório pelo simples fato do sujeito ficar proibido de falar nos autos. 
O contraditório, portanto, tem exceção? Não. Vimos três situações onde não está excepcionado o contraditório. Então, olha a importância do contraditório: não podemos ter processo, devido processo legal, processo justo sem que seja observado o princípio do contraditório. 
A ampla defesa é uma decorrência do contraditório. A contestação, os recursos são corporificações do princípio da ampla defesa. 
Uma questão moderna em relação ao contraditório e a ampla defesa, O artigo 285-A do CPC dispõe: 
“Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)”
Isso daí é uma criação da lei 11.277/06. Essa lei autoriza que o Juiz pegue uma sentença anterior, quando o caso for assemelhado, e aplique essa mesma decisão a um outro processo sem sequer citar o réu. O Juiz neste caso profere uma sentença de mérito sem sequer citar o Réu. Há quem sustente que este artigo viola o princípio do contraditório. Por enquanto não há decisão definitiva dos Tribunais. 
O aluno diz: Mas se a sentença é de improcedência o Réu não foi prejudicado. 
Celso Belmiro diz que ainda assim. O Autor tem direito de ouvir o que o Réu tem a dizer, tem possibilidade de concordar com o que o Réu disse. De repente o Réu pode deixar de alegar alguma coisa que acabe por favorecer o Autor. Subtrai-se do Autor a possibilidade de ter o direito a tutela jurisdicional observando todo o procedimento. Por outro lado há alegação também da violação da imparcialidade, o Juiz sem citar o Réu já “toma asdores” dele. Não há formação da relação jurídica. 
Pergunta de aluno inaudível. Resposta de Celso Belmiro: A questão da constitucionalidade no Tribunal seguiria a reserva de plenário. A questão de constitucionalidade no controle difuso é talvez a única situação em que o Juiz apita mais que o Desembargador. Por quê? Porque o Juiz pode reconhecer uma lei inconstitucional e julgar encima disso. No caso do Desembargador, ele não pode julgar a lei como inconstitucional, reserva de plenário (só quem pode decidir se aquela lei é inconstitucional é o órgão colegiado), mas na prática passa-se por cima disso solenemente.
 A outra questão é que se eu começo a julgar em cima de súmulas e com base nestas eu abrevio o procedimento eu estaria violando o contraditório? A situação mais grave de todas é a do artigo 285-A do CPC. Se o artigo 285-A já é inconstitucional, eu posso até perquirir se essas outras situações seriam ou não. Mas antes de mais nada, a discussão de efeito vinculante de decisões está em moda há pelo menos 15 anos. Cada vez mais está sendo prejudicada essa discussão porque por meio de Emendas Constitucionais já há a previsão de súmulas vinculantes. Antes da EC 45/04 nós tínhamos efeito vinculante no nosso direito? Sim, na CF a ação declaratória de constitucionalidade tinha. A lei 9868/99 transferiu esse efeito também para a ADIN. Agora a EC 45/04 colocou na CF, para ser regulamentada, a questão do efeito vinculante. Dentro de muito pouco tempo isso vai estar definido. E as súmulas do Tribunal, desde que mencione que são novas súmulas da safra da EC 45/04, e que tem efeito vinculante, o Juiz vai ter que atender. Viola o contraditório? É possível se alegar que sim, mas não se terá a quem reclamar. 
I.3) PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
Vamos utilizar a classificação dos pressupostos que parece mais simples, mas lembrando que cada autor trata da matéria da maneira que entende ser mais conveniente. 
Há quem fale em pressupostos objetivos e subjetivos; há quem fale em pressupostos intrínsecos e extrínsecos. Nós vamos dividir os pressupostos processuais em: PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA E PRESSUPOSTOS DE VALIDADE do processo. 
Para definirmos os pressupostos de existência vamos pegar um desenho de processo que fazemos sempre: 
 Juiz (órgão jurisdicional) 
 demanda citação Processo Judicial
Autor Réu 
Quais são os pressupostos de existência do processo? Partes, Juiz (órgão jurisdicional), demanda (ato de pedir a prestação jurisdicional). 
	Se com base no desenho eu consigo extrair os pressupostos de existência do processo, em cima disso eu consigo extrair os pressupostos de validade. Para cada pressuposto de existência vai corresponder um pressuposto de validade do processo. 
	Se eu digo que para que se exista processo há necessidade de partes, para que esse processo se desenvolva de forma válida as partes têm que ser o quê? Capazes. 
	Se eu digo que para que exista processo tem que existir Juiz (órgão jurisdicional), para que esse processo se desenvolva de forma válida o Juiz tem que ser o quê? Competente. 
	Se eu digo que para que exista processo deve haver a provocação, a demanda, o ato de pedir a prestação jurisdicional, o sujeito pode fazer isso de qualquer jeito? Pode pegar um papel de pão e escrever em aramaico e ajuizar a demanda? Não. A demanda tem que obedecer a uma forma legal.
	Quais são então os pressupostos de validade do processo? Capacidade das partes, Competência, Forma Legal da Demanda. 
	Em relação à citação, há quem a coloque como pressuposto de existência, há quem coloque pressuposto de validade e há quem diga que a citação não é pressuposto nem de existência, nem de validade.
	Para Celso Belmiro, por questão de coerência com o que iremos ver pela frente, colocaremos a citação como pressuposto de existência. 
	
	Duas observações sobre o desenho que fizemos acima. Muita atenção com a competência e com a citação. Por quê? Por que, onde estão esses nossos pressupostos processuais? Estão no artigo 267 do CPC. Não estão elencados, mas a previsão genérica deles está no artigo 267 d CPC. 
	E o artigo 267 do CPC diz: 
“Art. 267. Extingue-se o processo, sem julgamento do mérito:
Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
I - quando o juiz indeferir a petição inicial;
Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;
Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;
VII - pelo compromisso arbitral;
Vll - pela convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de 23.9.1996)
Vlll - quando o autor desistir da ação;
IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;
X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;
XI - nos demais casos prescritos neste Código.”
	O inciso IV do artigo 267 do CPC fala em falta de pressupostos de constituição e desenvolvimento válido do processo. Logo, se está faltando um pressuposto processual qual é a conseqüência? Extinção do processo sem “julgamento” do mérito. 
	Por que estamos chamando a atenção para a competência e a citação? Porque, se eventualmente o Juízo não for competente o processo é extinto? Não. A conseqüência da incompetência é a remessa dos autos para o Juízo Competente, seja a incompetência absoluta ou relativa. 
	E a citação? Em se verificando que o Réu não foi citado, o que acontece com o processo? O processo é extinto? Não. Anula-se tudo o que foi praticado naquele processo e volta-se ao início. E o Réu vai ter oportunidade de se manifestar sobre a petição inicial do Autor. A falta de citação também não vai levar a extinção do processo. 
	E aí as críticas que existem são: que pressupostos são esses que se não estiverem presentes não levam a extinção do processo? A idéia de pressuposto é que pressupõe algo, ou seja, tem que estar presente, não estando levam a extinção. 
	Por isso, a competência e a citação são pressupostos processuais, mas que alguns autores não classificam dessa forma por conta do que chamamos atenção acima. 
	Ainda sobre a citação, existem duas situações. A primeira é a seguinte: O sujeito ajuíza a petição inicial e o Juiz indefere a petição inicial. Indeferida a inicial, o sujeito apela. O Tribunal vai julgar a apelação e entende que o indeferimento da inicial estava correto. O sujeito interpõe recurso especial para o STJ, recurso extraordinário pra o STF. O STF 10 anos depois que o Juiz estava certo ao indeferir a inicial. Pergunta, o Réu foi citado em algum momento? Não, em momento algum. E aí? Nós temos como dizer que não houve processo? Não. Teve processo. E aí, como vamos dizer que a citação é um pressuposto de existência processual se acabamos de ver uma hipótese onde houve processo onde o Réu não foi citado? 
	A outra situação é a do novo artigo 285-A do CPC. O Juiz no 285-A não indefere a inicial, ele julga improcedente o pedido de imediato, sem citar o Réu. Não há como dizer que não houve um processo, houve processo sem a citação do Réu. 
	Mais um elemento para criticar a citação como pressuposto processual. 
	Os pressupostos processuais de existência e validade têm que estar presentes. No entanto, existe outra categoria de pressuposto processual que não pode estar presente. Se não podem estar presente, são chamados de pressupostos processuais negativos. 
	Que pressupostos processuais não podem estar presentes? Litispendência, Coisa Julgada e Perempção. 
	O que é litispendência e coisajulgada? Litispendência e coisa julgada têm uma origem comum. A gente compara duas ações e elas são exatamente iguais. Para comparar as ações e chegar à conclusão de que elas são exatamente iguais, que critérios eu irei utilizar? Elementos de identificação das causas ou de individualização das pretensões ou Elementos da ação. Esses elementos se nós conseguirmos dominá-los e aplicá-los terão um utilidade imensa em diversas situações (para saber se há ou não há litisconsórcio, pra saber se as causas são conexas, pra saber se há litispendência ou coisa julgada,...). 
ELEMENTOS DA AÇÃO ELEMENTO SUBJETIVO – partes
 ELEMENTO OBJETIVO – pedido
 ELEMENTO CAUSAL – causa de pedir
 
	Então quando eu vou comparar duas ações eu vou observar as partes, a causa de pedir e o pedido. Para eu chegar a conclusão de que existe a litispendência ou a coisa julgada os três elementos devem ser exatamente iguais. Se um deles for diferente, as ações podem ser parecidas, mas não são idênticas. Se são parecidas podem levar à conexão, à continência. 
	Eu não posso ter duplicidade de ações. Quando eu tenho litispendência e quando eu tenho coisa julgada? Na litispendência as duas ações ainda estão em curso e na coisa julgada uma delas já se encerrou. 
	Onde está isso tudo que a gente falou? Está no artigo 301 do CPC, parágrafos 1º a 3º: 
“Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - inexistência ou nulidade da citação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - incompetência absoluta; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
III - inépcia da petição inicial; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IV - perempção;   (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
V - litispendência;   (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Vl - coisa julgada;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
VII - conexão;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Vlll - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IX - compromisso arbitral; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IX - convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de 23.9.1996)
X - carência de ação;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Xl - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar. (Incluído pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 4o Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)”
	E a perempção o que é? Perempção é o seguinte: o sujeito ajuizou a ação a primeira vez, aí abandonou; ajuizou a ação de novo e abandonou novamente; na terceira vez o sujeito ajuíza e novamente abandona. Quando ele abandona pela terceira vez está caracterizada a perempção. 
	Qual é a conseqüência da perempção? Não poder ajuizar a ação uma quarta vez. “A perempção nada mais é do que uma penalidade para o autor ‘bisonho”. Se o Autor ajuizar a ação pela quarta vez, esta vai ser extinta de pronto. 
	A perempção está no artigo 268, parágrafo único: 
“Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o autor intente de novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.
Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo fundamento previsto no no III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito”.
	Os pressupostos negativos estão no artigo 267, inciso V do CPC: 
“Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
...
V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;
...”
	
Atenção!!! No inciso 267, inciso V do CPC sublinhe a palavra perempção e faça remissão ao parágrafo único do artigo 268 do CPC. Sublinha litispendência e coisa julgada e faça remissão para o artigo 301, parágrafos 1º a 3º. 
	Vamos falar especificamente do pressuposto processual de validade do processo CAPACIDADE DAS PARTES. Esse pressuposto é abordado sob três aspectos: 
 PARA SER PARTE
CAPACIDADE 
 DAS PARA ESTAR EM JUÍZO
 PARTES 
 
 POSTULATÓRIA
	Quem tem capacidade postulatória? O advogado. Artigo 36 do CPC: 
“Art. 36. A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimento dos que houver”.
	Para ajuizar uma ação, bem como para se defender em uma ação tem que ter advogado. Quando que excepcionalmente a parte pode estar em juízo sem que esteja representada por advogado? Quando o Autor é advogado, podendo neste caso postular em causa própria; quando houver falta de advogado no local ou recusa ou impedimento dos que houver. Nestes dois últimos casos só no cível, penal nem pensar!!!!
	Como fica a procuração nessa hipótese? O sujeito vai atuar sem procuração no processo? Não tem procuração!!! Pelo amor de Deus!!! Não tem que ter procuração. 
	Já ouviu a expressão procuração em causa própria? Procuração em causa própria não tem nada a ver com isso. É uma coisa muito comum em atividade notarial de escritura, onde o sujeito nomeia alguém para em causa própria poder fazer a transferência de um bem. Não é o sujeito dando poderes para si mesmo. 
	A procuração em causa própria é em causa própria de quem? Em causa própria do outorgado. Não ache que a procuração em causa própria é sujeito dando poderes para si mesmo, ao contrário do que o nome sugere não é isso. 
A nomeia B, para que B pratique um ato em seu próprio interesse. 
Além do artigo 36 do CPC onde mais o sujeito poderá estar em juízo sem advogado? Juizados Especiais nas causas até 20 salários mínimos; Habeas Corpus; a CLT permite que o trabalhador ajuíze uma reclamação trabalhista sem advogado, existe previsão legal, mas existe provimento do TRT dizendo que nessa hipótese o sujeito será encaminhado a órgão que lhe prestará defesa técnica; Revisão Criminal. 
	Tirando-se essas hipóteses que se pinçam aqui e ali, vale a regra, e a regra é a necessidade de advogado. 
	Pergunta de aluno: No procedimento dos juizados, nas causas de até 20 salários mínimos é muito comum as grandes empresas mandarem preposto sem advogado. Esse preposto leva a contestação assinada por advogado, essa contestação é válida? Celso Belmiro responde que sim. Pra ele essa discussão fica prejudicada em momento anterior, se o sujeito pode estar sozinho ele pode levar a contestação assinada por ele próprio. 
	Se a causa fosse acima de 20 salários mínimos surgiria dúvida, pois seria necessário o advogado. 
	O sujeito pode ser ao mesmo tempo preposto e advogado? Existe Enunciado dos JuizadosEspeciais dizendo que não. 
	
	A capacidade para ser parte é regulada pela capacidade civil de direito ou de gozo. Capacidade para ser parte significa capacidade de figurar no processo, como Autor ou como Réu. 
	A capacidade de estar em juízo significa o quê? Significa a capacidade de estar em juízo “sozinho”. A expressão sozinho guarde na cabeça. O significado é capacidade de estar em juízo. A capacidade de estar em juízo é regida pela capacidade civil de exercício ou de fato. Logo, se eu quero verificar a capacidade das partes eu tenho que passar pela capacidade civil. 
Capacidade civil se divide em: CAPACIDADE DE DIREITO ou DE GOZO e CAPACIDADE DE FATO ou DE EXERCÍCIO. 
	A capacidade civil de direito ou de gozo nasce junto com a personalidade. Em se tratando de pessoa física a capacidade de direito surge com o nascimento com vida. 
	Quem tem capacidade para ser parte? Como é regida pela capacidade civil de direito, temos as pessoas físicas nascidas com vida. E o nascituro pode ajuizar ação? Ele pode ser o autor da ação? É questão polêmica. A posição que ainda é dominante é que não é possível, pois o nascituro não tem personalidade ainda. E os direitos que têm que ser resguardados? Serão, mas ele não será autor da ação. 
	A pessoa jurídica adquire personalidade com o registro dos atos constitutivos. Onde?Depende. RCPJ; Junta Comercial, Banco Central. Depende da atividade que ele vai exercer.
	Além de pessoa física e pessoa jurídica quem mais pode figurar no processo como autor? Apesar de não ter personalidade jurídica podem figurar no processo são as pessoas formais ou quase pessoas jurídicas: Condomínio; Espólio; Massa Falida; Herança Jacente. 
	
	A capacidade para estar em juízo é regida pela capacidade civil de exercício ou de fato.

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