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Processo Civil CEJ 6

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PROCESSO CIVIL – Celso Belmiro – 2007 – página � PAGE �124�
6ª aula (13/04/2007)
OPOSIÇÃO
	A Oposição compete a quem pretende, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre o qual controvertem Autor e Réu. 
 Juiz Juiz 
 C A B C 	A
(oposição)								B opostos
 								(litisconsórcio necessário
									unitário)	
	
	O litisconsórcio é unitário porque ou C é o proprietário do bem e o bem não vai para os dois, ou C não é proprietário do bem e este vai para A e B. 
	Há duas ações, a principal e a oposição.
	A ação originária é sempre julgada? Ela tem sempre o seu mérito julgado? 
 
	O julgamento da ação originária depende do julgamento de improcedência da oposição. 
	Se o C tiver seu pedido julgado procedente, em se reconhecendo na oposição que o bem pertence a ele, acabou. Não é preciso mais julgar a ação principal. Só irei julgar a ação originária, só vou verificar se é do A ou do B se na oposição o pedido do oponente for julgado improcedente. 
	Quando eu verifico que o julgamento de uma ação depende do resultado de outra ação, qual é a relação que existe entre elas? Prejudicialidade. 
	Então oposição e ação originária estão unidas pelo vínculo da prejudicialidade, especificamente a oposição é uma prejudicial em relação a uma ação originária. 
	A oposição é prejudicial em relação à ação originária. Prejudicial é o que vem primeiro, então na relação entre as duas a posição é que é prejudicial, a que vai ter o seu julgamento condicionado não é a prejudicial, a oposição é prejudicial em relação a ação originária. 
	Repare que curiosamente o Código começa a tratar de intervenção de terceiro pela oposição. A primeira intervenção tratada no Código no capítulo que o mesmo reserva a intervenção é a oposição, já que a assistência está em um capítulo a parte, junto com o litisconsórcio.
	O artigo 56 do CPC dispõe: 
“Art. 56. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu, poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos.”
	Já há no artigo o limite temporal para a oposição (até ser proferida a sentença). Já caiu em prova pra se dizer se era verdadeiro ou falso: a oposição quando apresentada no Tribunal deve ser dirigida ao Relator do recurso. E aí, isso é verdadeiro ou falso? É falso. Por quê? Porque não cabe oposição no Tribunal, é isso? Não. Desdobrando a pergunta, cabe oposição no Tribunal? Cabe. Pois existem ações que começam no Tribunal. Qual é a parte da frase que está errada, então? A frase estava errada porque na situação específica prevista o Tribunal estava julgando um recurso, está atuando como segundo grau de jurisdição, então já foi proferida sentença e, portanto, não cabe oposição por desrespeito ao limite temporal do artigo 56 do CPC que diz que é cabível até ser proferida a sentença. 
	Até a sentença. Mas existe um marco temporal dentro do procedimento ordinário que vai alterar o processamento da oposição. Antes desse marco ela vai ter um processamento, depois desse marco ela vai ter outro processamento. Que marco é esse? A Audiência, leia-se, a Audiência de Instrução e Julgamento. O que acontece antes e o que acontece depois? 
	Assim dispõe o artigo 59 do CPC: 
“Art. 59. A oposição, oferecida antes da audiência, será apensada aos autos principais e correrá simultaneamente com a ação, sendo ambas julgadas pela mesma sentença.”
	O Código não fala em Audiência de Instrução e Julgamento, ele fala só audiência. Por que então, que eu estou dizendo que é audiência de instrução e julgamento? Porque estamos trabalhando sempre com o procedimento ordinário e no procedimento ordinário existem duas audiências: a audiência de conciliação (audiência preliminar) e a audiência de instrução e julgamento. Por que estou falando que é a Audiência de Instrução e Julgamento?Porque todos os artigos onde aparecem a expressão audiência, essa audiência é a de instrução e julgamento, por que? Porque o Código de Processo Civil é de 1963 e em 63 não existia a audiência preliminar. A audiência preliminar surgiu com a reforma do Código de Processo Civil em 1994. Então, todos os artigos do CPC de 1963 que falam em audiência estão se referindo a audiência única que existia então, que era a de instrução e julgamento. 
	A aposição oferecida antes da audiência de instrução e julgamento será julgada na mesma sentença que a ação principal, mas na ordem lógica, o Juiz irá apreciar primeiro a oposição. 
	Basta observar o que está disposto no artigo 61 do CPC: 
“Art. 61. Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação e a oposição, desta conhecerá em primeiro lugar.”
	E se for apresentada depois da audiência? Pode? Pode. Só não é possível a apresentação de oposição depois da sentença. Se a oposição for apresentada depois da AIJ, artigo 60 do CPC: 
“Art. 60. Oferecida depois de iniciada a audiência, seguirá a oposição o procedimento ordinário, sendo julgada sem prejuízo da causa principal. Poderá o juiz, todavia, sobrestar no andamento do processo, por prazo nunca superior a 90 (noventa) dias, a fim de julgá-la conjuntamente com a oposição.”
	Qual é o problema de julgar a oposição sem prejuízo da causa principal? Qual é o problema de julgar a oposição em olhar o que está se passando na causa ordinária ou vice versa? O que pode advir daí? Decisões conflitantes. Como poderá ser evitado esse problema? Segunda parte do artigo 60 do CPC “poderá o juiz, todavia sobrestar no andamento do processo, por prazo nunca superior a 90 (noventa) dias, a fim de julgá-la conjuntamente com a oposição.”.
	O Juiz suspende o processo, para que possa julgar a ação e principal e a oposição na mesma sentença. 
	E passado esse prazo de 90 dias, ainda poderia se fazer alguma coisa para evitar decisões conflitantes? Sim. Sabe por quê? 90 dias por esse artigo 60 do CPC. Mas quando eu tenho o vínculo da prejudicialidade presente eu posso m valer de uma cláusula geral de suspensão do processo, que está no artigo 265, inciso IV do CPC: 
“Art. 265. Suspende-se o processo:
I - ...
II - ...
III -...
 IV - quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente; 
...”
	Este artigo trata da suspensão prejudicial do processo. Por que prejudicial? Porque vai fazer mal se suspender? Não. Prejudicial não tem nada a ver com causar prejuízo, com fazer mal. 
	Então, no artigo 60 do CPC devemos sublinhar “90 dias” e colocar do lado mais artigo 265, IV, a do CPC. 
	Para terminar oposição vamos analisar uma questão de prova bastante interessante, que pedia a diferença entre oposição e embargos de terceiro. Tem diferença? Tem. Primeiro porque oposição é intervenção de terceiros e embargos de terceiro é uma ação autônoma. Para Celso Belmiro essa diferença é estúpida porque a posição é uma ação, o sujeito está intervindo no processo dos outros movendo uma ação contra os sujeitos da ação principal. Essa distinção leva em consideração meramente o critério topográfico. Pra Celso Belmiro esta distinção é questionável. 
	A segunda distinção é referente ao tipo de processo que caberá oposição. Caberá oposição no processo de conhecimento, onde eu busco definir de quem é o direito. A declaração, o reconhecimento do direito só é possível no processo de conhecimento. E os Embargos de Terceiro? Que tipo de processo caberá Embargos de Terceiro? 
	A tendência natural que nós temos é achar que Embargos de Terceiro cabem somente em processo de execução. Até porque é a situação mais comum realmente. Mas Embargos de Terceiros não cabem só em processo de execução não, cabem mais aonde ? O artigo 1046 do CPC dispõe: 
“Art. 1.046. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse deseus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer Ihe sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos”.
	Penhora, ocorre em processo de execução. A ação de depósito é procedimento especial, mas existe depósito em ação de execução, subseqüente a penhora segue o depósito, logo pode ser de conhecimento ou de execução. Segue o artigo, arresto, seqüestro, nestes casos trata-se de cautelar. Alienação judicial pode ser execução, hasta pública, como pode ser também um processo de conhecimento, exemplo, ação judicial para extinção de condomínio. 
	Logo, em que tipo de processo vai caber Embargos de Terceiro? Em qualquer um. 
	É mais comum que seja no processo de execução, mas cabe também em processo de conhecimento e processo cautelar. 
	A terceira e principal distinção: Na oposição o sujeito discute a titularidade daquele direito. Em se tratando de coisa, a propriedade dele sobre aquele bem. E nos Embargos de terceiro o que se discute? O bem, não sendo parte no processo, sofrendo uma ação ou um esbulho na posse de seus bens. Todas as situações previstas para os Embargos de Terceiro, o sujeito está defendendo a POSSE que ele tem sobre aquele bem. Se ele for proprietário, tanto melhor. Mas para se valer dos Embargos de Terceiro, basta o sujeito ter a POSSE e entrar com Embargos de terceiro defendendo essa posse. Essa era a diferença que o examinador queria na prova. 
	O artigo 58 do CPC não modifica a natureza do litisconsórcio, aliás, ele é tranqüilamente dispensável. Por quê? Ele não tem a menor utilidade, ele nada mais é do que a aplicação do princípio da independência dos atos dos litisconsortes. Vide artigo 48 do CPC: 
“Art. 48. Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos; os atos e as omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros.”
	O que o artigo 58 do CPC resolveu esmiuçar? Isso. Se um dos opostos reconhecer a procedência do pedido, contra o outro vai seguir a oposição. Se um dos dois resolve dizer que realmente o bem pertence ao C, a oposição vai ser extinta? Se apenas um deles fizer isso? Não. a posição vai continuar até ser julgada. 
	Por isso, Celso Belmiro diz que o artigo 58 do CPC não tem a menor utilidade e não muda a natureza do litisconsórcio. Mesmo o litisconsórcio entre os opositores sendo unitário ou simples, se um dos opositores reconhecer o direito do oposto o processo seguirá em relação ao outro. 
 	OBS: Se a propriedade, se o proprietário estiver afastado da posse do bem ele não poderá ingressar com Embargos de Terceiro. Porque o que é defendido nos Embargos de Terceiro é a posse, e a posse direta. 
	Pergunta do aluno: Se o bem é penhorado e o proprietário não estiver na posse direta do bem ele não poderá ingressar com Embargos de Terceiro para defender seu bem? Por exemplo, o imóvel alugado do proprietário é penhorado e este imóvel está alugado e o proprietário quer se valer dos Embargos de Terceiro par impedir aquela alienação, que alegar que aquela penhora é indevida ou que não houve a publicação de editais como prevê a lei e o bem não pode ser alienado. 
	O professor disse que iria pensar com mais calma nesta questão. 
	Após o intervalo o professor informou que pesquisou na internet e achou um acórdão no STJ que diz o seguinte: “o artigo 1046 do CPC não exclui a possibilidade do credor sem garantia, com posse indireta, pela tradição ficta convencionada no termo próprio, ajuizar Embargos de terceiro.” É um julgado admitindo o ajuizamento de Embargos de Terceiro por aquele que tenha posse, meramente, indireta. 
	Mas a questão parece ao professor um pouco tormentosa.
	Transportando a jurisprudência para a pergunta, parece a Celso Belmiro que a melhor solução seria, até porque não existe outro instrumento para o sujeito que é o proprietário do bem, permitir ao proprietário sem posse direta se valer dos Embargos de Terceiro, revendo a resposta anterior que tinha dado. 
	
RECURSO DE TERCEIRO PREJUDICADO 
	É outra modalidade de intervenção de terceiro voluntária. 
	A intervenção recursal, ou seja, o recurso de terceiro prejudicado, também não está no capítulo que o CPC dedica à intervenção de terceiros. Ela aparece no capítulo dos recursos. 
	O sujeito irá se meter no processo dos outros interpondo recurso. 
	O artigo 499 do CPC prevê o Recurso de Terceiro prejudicado: 
‘Art. 499. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público.
§ 1o Cumpre ao terceiro demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial.
§ 2o O Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no processo em que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei.”
	Para que o terceiro possa se intrometer no processo dos outros, para que o terceiro possa recorrer de um processo do qual ele não é parte, qual os requisitos que ele tem que preencher: primeiro, interesse jurídico; o segundo, o terceiro deverá demonstrar prejuízo causado na sua esfera de interesse por conta daquela decisão. Demonstrado o interesse jurídico, demonstrado o prejuízo causado pela decisão o terceiro pode recorrer. 
	Digamos que o sujeito que pode ingressar como Assistente em uma ação não ingressa, pois entende que o sujeito que seria seu assistido irá sair vitorioso no processo, então ele não ingressa como Assistente e o sujeito que seria Assistido não sai vitorioso. O que o sujeito que poderia ter sido Assistente pode fazer? Ele pode recorrer. Recurso de terceiro prejudicado. Ele continua pensando: a sentença é uma excrescência, é claro que o Tribunal vai reformar. O Tribunal não reforma a sentença. O acórdão transita em julgado. 
	E aí? Ele tendo interesse jurídico que poderia ter sido assistente e não foi, que poderia ter recorrido e não recorreu, que ele pode fazer agora? 
Ação Rescisória? Vamos ver o que diz o artigo 487 d CPC: 
“Art. 487. Tem legitimidade para propor a ação:
I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular;
II - o terceiro juridicamente interessado;
III - o Ministério Público:
a) se não foi ouvido no processo, em que Ihe era obrigatória a intervenção;
b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei.” 
	O interesse jurídico justifica a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e vai justificar também o ajuizamento de uma ação rescisória pelo terceiro. 
	Recurso de terceiro é o nome de um recurso? Tipo, os recursos são: Apelação, Agravo, Embargos de Declaração. Recurso de Terceiro, Embargos Infringentes...? Recurso de terceiro é um tipo de recurso? Não. 
	Se Recurso de Terceiro não é um tipo de Recurso, é uma forma de interposição, que recursos o Terceiro pode interpor? O nosso sistema recursal dá ao terceiro a possibilidade de interpor os mesmos recursos que a parte pode interpor. 
	O Recurso de Terceiro Prejudicado é forma de interposição de recurso. 
	Então, se eu tenho uma decisão interlocutória que está causando prejuízo ao terceiro, que recurso o terceiro pode interpor? Pode interpor Agravo de terceiro prejudicado. 
	Se há uma sentença prejudicando terceiro o que este pode fazer? Interpor apelação, apelação do terceiro prejudicado. 
	Qual é o prazo que o terceiro tem para interpor o recurso? O mesmo prazo que tem a parte para interpor o recurso. 
	Apenas uma observação em relação a isso: a parte por estar no processo sabe que o prazo do recurso está sendo contado pela intimação. Como o terceiro vai saber que o prazo dele está correndo? O terceiro é intimado? Não. Como vou saber quem é o terceiro interessado? O terceiro tem que se informar para saber se o prazo está correndo, pois por ser terceiro ele não é intimado da decisão. 
	Alémdo artigo 499 do CPC, outro artigo do CPC trata de recurso de terceiro. E é um artigo muito interessante porque de certa forma acaba com uma polêmica que existia referente a ser a Assistência intervenção de terceiro ou não, ser o recurso de terceiro prejudicado, intervenção de terceiro ou não. Essa discussão existia porque a Assistência e o Recurso de Terceiro Prejudicado não estão no capítulo que trata da intervenção de terceiro, então muita gente dizia que estas não eram intervenção de terceiro. 
	O artigo 280 do CPC, com a redação alterada em 2002, acaba com essa polêmica: 
“Art. 280. No procedimento sumário não são admissíveis a ação declaratória incidental e a intervenção de terceiros, salvo a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato de seguro. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)”
	Não cabe a intervenção de terceiros no procedimento sumário. 
	A alteração de 2002 foi só para acrescentar essa parte final (intervenção fundada em contrato de seguro), em 1995 já havia a redação até recurso de terceiro prejudicado. 
	Então se lermos ao contrário o que está sendo dito no artigo que a assistência e o recurso de terceiro prejudicado são modalidades de terceiro. 
	Depois dessa redação, as discussões, entre ser a assistência e o recurso de terceiro prejudicado intervenção de terceiro, caíram e hoje se tem quase sedimentado que são modalidades de intervenção de terceiro. 
	Das três modalidades de intervenção de terceiro vistas até aqui, nas três, quem estava fora do processo queria se meter no processo, por algum motivo. Vamos agora mudar radicalmente. Vamos analisar as modalidades de intervenção de terceiro forçada, ou provocada, onde o terceiro quer mais ficar na dele, ficar fora do processo, mas quem está no processo dá um jeito de trazer o terceiro para dentro, dá um jeito de fazer a decisão produzir efeitos em relação ao terceiro. A primeira modalidade de intervenção de terceiro forçada que iremos ver é a denúncia da lide. 
DENÚNCIA DA LIDE
	
	A Denúncia da Lide é o instrumento através do qual o denunciante exerce, desde logo, direito de regresso contra aquele que, pela lei ou pelo contrato esteja obrigado a suportar a condenação que lhe seja imposta na demanda base. 
	Então, como em toda a modalidade de intervenção de terceiro, tem um processo já instaurado, tem uma ação em curso, tem um demanda base. Como se dá isso? A ajuíza uma ação em face de B. Em função da relação de direito material é possível que B tenha direito de regresso contra C. Ou seja, caso B venha a ser condenado naquele processo, ele B, tem direito de regresso em face de outra pessoa, no caso C. Então, B condenado na ação que lhe moveu A poderia ingressar com uma outra ação de regresso contra C, uma ação regressiva. 
	O que a denúncia da lide permite? Que o direito de regresso que seria exercido em outro processo, já seja resolvido juntamente com a demanda base ajuizada, 
	
		Juiz Demanda base
 
A B relação de prejudicialidade
 Denunciante
				 
 Denúncia da lide
 C (“Demanda Incidental de garantia”)
			 Denunciado 
	Então, se B tem direito de regresso contra alguém ele já naquele processo denuncia à lide a C. 
	O que nós conseguimos enxergar na denunciação da lide? A primeira coisa é a economia processual. Outra coisa é a cumulação de ações, antes eu tinha a demanda base, com a denúncia da lide passamos a ter outra demanda, outra ação naquele mesmo processo. 
	Há uma cumulação de ações o objetiva e subjetiva. Por que cumulação objetiva e cumulação subjetiva? Objetiva vem de objeto, de pedido. Antes eu tinha só um objeto, o da demanda base pra julgar. Agora eu tenho o objeto da demanda base e também o da denúncia da lide. Há, portanto, uma cumulação de objetos. 
	Subjetiva vem de sujeitos. Quem figurava no processo antes? A e B. Quem passa a figurar no processo com a denúncia? A, B e também agora C. 
	A denúncia da lide é sempre julgada? O mérito da denúncia da lide é sempre julgado? 
	A denúncia da lide é pra que hipótese mesmo? Para a hipótese em que B tiver direito de regresso contra C. Para que este direito de regresso esteja configurado o que é necessário? Que o B seja condenado. O B sendo condenado na demanda base, vamos verificar se ele tem realmente, ou não, direito de regresso contra C. Agora se o pedido do A for julgado improcedente B não será condenado. Eu tenho que julgar a denúncia da lide? Não. Logo, demanda base e denúncia da lide entre elas existe um vínculo. Qual? Prejudicialidade. 
	A denúncia da lide só será julgada dependendo do que acontecer na demanda base, mas precisamente eu só vou julgar a denúncia da lide quando o denunciante for condenado, se o pedido do Autor for julgado procedente. Caso contrário, não. 
	 A demanda base, a ação originária é prejudicial em relação a denúncia da lide. Quem será julgada primeiro será a demanda base, a demanda originária. Vamos ver o que diz o artigo 70 do CPC: 
“Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória:
I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta;
II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada;
III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.”
	A redação do artigo 70 do CPC é pavorosa, desde o caput até o ponto final do inciso III. 
	De início vamos ler o artigo 70 do CPC da seguinte forma: Cabe denúncia da lide. Depois verificaremos se ela é obrigatória ou se não é obrigatória. E se for obrigatória, em que hipótese isso ocorre. 
	A redação do inciso I do artigo 70 é cristalina, não é? Auto explicativa, portando podemos passar ao inciso II. Rsrsrs 
	Ainda que a gente leia cinco vezes o inciso I a gente não faz idéia do que ele quer dizer. Então vamos tentar entender o que diz o inciso I do artigo 70 do CPC. Do contexto o que percebemos é que alguém está transferindo alguma coisa para alguém (alienante e adquirente). 
	A vende uma casa para B. B paga a A o valor do imóvel a A. A é o alienante e B o adquirente. Essa é a relação de direito material. Quem não faz parte dessa relação de direito material é terceiro. C é terceiro. Isso na relação de direito material. 
 
A B C terceiro
 $
	Só que o terceiro (C) entrou numa de dizer que ele era o proprietário do bem. Ele terceiro quer que a coisa seja entregue para ele. C ajuíza uma ação reivindicatória. Se ele quer que a coisa seja entregue, quem é o réu da ação? Com quem a coisa está. Se foi B quem adquiriu e está com a coisa, B é o réu da ação reivindicatória. Agora se B tiver que entregar a coisa a C, ficará por isso mesmo? Não. B tem o direito de regresso em face de quem vendeu o bem para ele. Esse direito de regresso ele vai exercer através da denúncia da lide. B adquirente será o denunciante e A alienante será o denunciado. O B está ali naquele processo garantido pelo A. A, olha aqui o C dizendo que o bem que você me vendeu é dele, se eu tiver que entregar o bem para ele eu vou encima de você. Vou exercer meu direito de regresso, já reconhecido dentro do processo principal. O que o inciso I está falando é isso.
	 Juiz 
 Ação Reivindicatória 
C Bterceiro adquirente
 
 denunciante
 Denúncia da lide
 A
 alienante
 (denunciado)
	Por que o inciso I do artigo 70 do CPC faz uma lambança sem fim? Porque ele dá aos sujeitos da relação processual a nomenclatura que eles possuem lá na relação de direito material. Processualmente falando, estamos falando em intervenção de terceiros, quem é o terceiro? O terceiro que irá intervir no processo é o A. 
	O Código resolve utilizar a nomenclatura que os sujeitos têm lá na relação de direito material. Lá na relação de direito material C é terceiro, B é adquirente e A o alienante. Por que a lambança? Porque o Código está tratando de intervenção de terceiros e está chamando o Autor da ação de terceiro. Ele é terceiro lá na relação de direito material, no processo ele não é terceiro. 
	Vamos ler o artigo 70, inciso I novamente pra verificar se ficou claro ao que está falando, agora. Significa o seguinte: Cabe denunciação da lide ao alienante (que se tornará denunciado), na ação em que terceiro reivindica a coisa cujo domínio foi transferido à parte (adquirente da coisa do alienante), a fim de que esta (a parte, o adquirente da coisa) possa exercer o direito que da evicção lhe resulta. Então, o adquirente vai denunciar à lide ao alienante para que possa ter reconhecido o direito de evicção que lhe resulta. 
	O que é evicção? Evicção é a perda de um bem em virtude de sentença que reconheça a outrem direito anterior sobre este bem. 
	A propósito, o substantivo relacionado ao verbo perder é perda. 
	A sentença reconhecendo que o bem pertence a terceiro na relação material, deu-se para o adquirente do bem a evicção. Então o adquirente tem o direito de recobrar do alienante o que pagou pelo bem, mais as perdas e danos. 
	Esclarecido o inciso I passemos ao inciso II do artigo 70 do CPC:
“Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória:
I - ...
II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada;
III- ...”
	O que podemos extrair da redação do artigo 70, II do CPC é que a posse está dividida em posse direta e posse indireta. E o Código, neste artigo, cita exemplo, já adiantando que é meramente exemplificativo, de situações onde ocorre a posse indireta. 
	A situação mais comum de divisão da posse é a entre locador e locatário. O locador tem a posse indireta e o locatário a posse direta. 
Locador Locatário
posse indireta		posse direta
ou posse mediata		ou posse imediata
	Fulano diz que o locatário está esbulhando a sua posse e ingressa com uma ação reivindicatória. Se o locatário tiver que sais do bem locado, vai ficar por isso mesmo ou o locatário tem algum direito? O locatário tem direito de regresso contra o locador. E este direito de regresso que ele ia buscar ver reconhecido em outro processo, já neste ele pode buscar através da denúncia da lide. E aqui, mais do que nunca, aquela relação de garantia que falamos está presente. O locatário está naquele imóvel porque o locador disse que era o proprietário, porque o locador fez o contrato de locação, então o locador tem que garantir aquela situação. O locatário, então denuncia à lide o locador. 
			JUIZ
 Ação de Reintegração
Fulano 					Locatário
 Denunciação da lide
					 Locador
	Penhor na Caixa Econômica: Quando você leva suas jóias até a Caixa Econômica, como garantia do seu empréstimo, quem passa a ser o possuidor daquelas jóias é a Caixa Econômica, ela é o credor pignoratício e tem a posse direta do bem. Assim como tem a posse direta o locatário. 
	Penhor é direito real de garantia. 
	Numa eventual ação que seja movida contra o credor pignoratício, ele vendo a possibilidade de ser condenado vai denunciar à lide ao proprietário do bem. 
	Penhor é uma entre tantas outras hipóteses em que a posse está dividida em posse direta e posse indireta. 
 Vovó 			 Caixa Econômica 
(proprietária das jóias)	 (credor pignoratício)
	Quem denuncia a lide é o possuidor direto, é quem tem a posse direta. Vai denunciar quem à lide? Vai denunciar quem tem a posse indireta da coisa. 
	
	Vamos então para o inciso III, do artigo 70 do CPC: 
“Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória:
I - ...
II - ...
III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.”
	É aí que começa o nosso problema. Por que nossos problemas começam aí? Porque se interpretarmos literalmente o que está colocado neste artigo teremos praticamente a definição de denúncia da lide. Se interpretarmos literalmente o inciso III, nem precisariam existir os outros dois incisos. 
	Para salvar a estrutura do artigo 70 do CPC, para salvar o que está disposto nos incisos I e II, o inciso III tem uma interpretação restritiva. 
	O que se pretende com essa interpretação restritiva? Qualquer direito de regresso vai autorizar a denúncia da lide? Havendo a eventual possibilidade de direito de regresso vai ser autorizada a denúncia da lide? Não. 
	Imagine a seguinte situação: O sujeito comprou um carro novinho, saiu todo feliz da concessionária, sorriso de orelha a orelha. Saiu com os vidros abertos, tocando funk, e encheu o carro de adesivo. Esse carro sai concessionária e está vendo um buraco na pista, pisa no freio e nada do carro parar, cai no buraco, capota, bate em outro carro que está parado em local irregular e atropela uma pessoa que passava na rua. A pessoa que passava na rua vítima, portanto, resolve ajuizar uma ação de indenização contra o motorista. Esse sujeito tem direito de regresso contra alguém? Ele pode ter direito de regresso contra alguém? Pode. Contra a montadora, contra a concessionária que vendeu o carro pra ele sem fazer a revisão, contra o Estado, pelo buraco na pista que acabou por causar o acidente, contra o sujeito do carro que estava parado em local irregular. 
	Direito de regresso ele pode ter contra todas essas pessoas. Mas, pergunto: Esse sujeito a ser demandado ele pode denunciar à lide a montadora, a concessionária, ao Estado, ao outro motorista? Não. Por quê? Porque se permitirmos essas denunciações da lide, quem irá ser prejudicado é a vítima autora da ação. Esta não tem nada a ver com isso, não tem nada a ver com o fato de quando o carro sair da fábrica ter que ser revisado, nem da concessionária, nem com o fato da rua ter um buraco, nem com o fato de outro motorista estar parado em local irregular. 
	Pra se impedir essa denúncia da lide temos que buscar elementos. Quais são os elementos para isso? A interpretação restritiva do artigo 70, inciso III do CPC, não é qualquer direito de regresso (possível, eventual direito de regresso) que vai autorizar a denúncia da lide. 
	Para que haja a denúncia da lide com base no inciso III do artigo 70 do CPC, o que é necessário? Quais são os elementos para essa interpretação restritiva? O direito de regresso deve decorrer diretamente da lei ou do contrato. É vedada a introdução de fundamento jurídico novo. 
	Então para caber a denúncia da lide, se não estiver enquadrada nem no inciso I, nem II do artigo 70 do CPC, o direito de regresso deve decorrer diretamente da lei ou do contrato e a através da denúncia não é possível a introdução, a alegação “de fundamento jurídico novo”. 
	O que é fundamento jurídico novo? Abstratamente, é o fundamento diverso, diferente daquilo quese alega na ação originária. 
	Se o Juiz verificar que a introdução desse tipo de discussão nova na denúncia da lide vai causar prejuízo a defesa das partes e principalmente ao Autor da ação, prejuízo a dinâmica do processo, ele vai indeferir essa denúncia da lide. 
	Um exemplo clássico de fundamento jurídico novo é o Estado denunciando à lide ao servidor causador do dano. A responsabilidade do Estado é objetiva. A denúncia da lide ao servidor passa pela análise de responsabilidade subjetiva do mesmo. 
	O Código em diversas passagens tem nas modalidades de intervenção de terceiro situações aonde o processo vais se arrastar, as intervenções de terceiro vão tumultuar o processo. Tanto que a lei em alguns casos impede a intervenção de terceiro, por exemplo, no procedimento sumário. No procedimento sumário, alei proíbe a intervenção de terceiros sob o argumento de que a mesma tumultua o processo. 
	Quando a denunciação da lide é obrigatória? O caput, do artigo 70 do CPC diz que é obrigatória. Para analisarmos essa obrigatoriedade ou não temos que saber o que significa ser obrigatório. Não existe obrigatoriedade sem conseqüência. A norma jurídica tem que ser preceito e sanção. Sanção quando se descumprir o preceito. A norma jurídica é dotada de coercibilidade. Obrigação sem conseqüência é recomendação, é conselho. 
	Para eu dizer que a denúncia é obrigatória eu tenho que ter uma conseqüência: você tem que denunciar, se você não denunciar... 
	Qual seria a conseqüência para a hipótese do sujeito não denunciar? Perder o direito de regresso. Ou você denuncia agora, ou você perde o direito de regresso. 
	Partindo dessa premissa vamos verificar que a perda do direito material não tem que estar regulada na lei processual. Quem tem que tratar da perda do direito material é a lei do direito material, não é o CPC, é o CC. Se obrigatoriedade houver, tendo como conseqüência a perda do direito material, essa obrigatoriedade tem que decorrer do CC. O CC cuida disso? Cuida, no artigo 456. 
	Assim dispõe o artigo 456 do CC: 
“Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.
Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos.”
	
	“Como lhe determinarem as leis do processo”, qual é o instrumento que a lei do processo prevê para essa “notificação” prevista no artigo 456 do CC? A denúncia da lide. 
	Para exercer o direito que resulta da evicção o adquirente tem que denunciar à lide ao alienante. 
	Logo, em que hipótese é obrigatória a denúncia da lide? Já percebemos que é uma questão polêmica. 
	Há quem faça uma interpretação literal, ou seja, se o caput do artigo 70 do CPC diz que é obrigatória, ela é obrigatória. 
	Há quem diga que nunca é obrigatória, é uma faculdade que o sujeito tem de ver a sua situação já resolvida naquele processo, mas se ele não quiser, continua com a possibilidade de ajuizar outra ação. 
	A maioria dos autores sustenta que a denúncia da lide só é obrigatória no inciso I do artigo 70 do CPC, por conta do artigo 456 do CC. 
	Então no artigo 70 do CPC, sublinha obrigatória e joga uma setinha para o inciso I e do lado desse inciso faça remissão ao artigo 456 do CC. Famosos “bisus” lícitos rsrsrs
	Para encerrar denúncia da lide: 
POSIÇÃO DE DENUNCIANTE E DENUNCIADO EM FACE DA DEMANDA BASE
		
	
		Juiz Demanda base
 
A B relação de prejudicialidade
Autor Réu
			 Denunciante
				 
 Denúncia da lide
 C (“Demanda Incidental de garantia”)
			 Denunciado 
	Apesar do título, eu quero saber na realidade o que C faz da vida em relação à demanda base. A é Autor da demanda base e B é Réu da demanda base.
	Em relação à denúncia da lide, B é Autor da denúncia da lide e C é Réu da denúncia da lide. 
	O que C é em relação à demanda base? Qual é a posição que ele assume em relação à demanda base? O Código em dois artigos dá a entender uma coisa que não é de todo verdadeira. Vamos ver os artigos 74 e o 75 do CPC:
“Art. 74. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado, comparecendo, assumirá a posição de litisconsorte do denunciante e poderá aditar a petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu.
Art. 75. Feita a denunciação pelo réu:
I - se o denunciado a aceitar e contestar o pedido, o processo prosseguirá entre o autor, de um lado, e de outro, como litisconsortes, o denunciante e o denunciado;
II - se o denunciado for revel, ou comparecer apenas para negar a qualidade que Ihe foi atribuída, cumprirá ao denunciante prosseguir na defesa até final;
III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor, poderá o denunciante prosseguir na defesa.”
	A denunciação da lide feita pelo Autor é a hipótese mais rara. 
	Tanto no artigo 74 do CPC, quanto no artigo 75 do CPC o Código fala de um litisconsórcio formado entre denunciante e denunciado. Será que isso é verdade? 
	Digamos que a ação base seja de A em face do B para a cobrança de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais). Isto posto, julgo procedente o pedido e condeno B a pagar R$ 50.000, 00 (cinqüenta mil reais) a A. Julgou procedente o pedido da ação base. Então, ele vai partir para julgar a denúncia da lide. Aí, julga procedente a denúncia e condeno C a pagar R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) a B. 
OBS: a fita do lado A acabou e na virada perdeu-se a explicação final da situação acima.
	Por exemplo, o Juiz condena a seguradora a pagar R$ 50.00,00. O motorista não tem dinheiro. O fato do motorista não ter dinheiro, vai gerar a seguinte situação se mantivermos a proibição anterior: se o motorista não tem dinheiro não paga, a vítima vai ficar “a ver navios” e a seguradora vai se dar bem. 
	Então nessa hipótese existe jurisprudência do STJ admitindo condenação direta do denunciado. 
	Condeno a seguradora a pagar R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais). É uma decisão, reiterada, mas que de certa forma vai um pouco de encontro com as regras do processo porque não existe relação jurídica entre a seguradora e a vítima. Mas para não se compactuar com a iniqüidade faz-se vista grossa para os rigores do processo. Tecnicamente não seria possível essa condenação direta. Mas não permitir neste caso, seria deixar a vítima no sereno e vou enriquecer a seguradora. 
NOMEAÇÃO À AUTORIA 
	A nomeação à autoria visa a corrigir eventual ilegitimidade passiva, evitando a prematura extinção do processo sem resolução do mérito. 
	A origem da nomeação à autoria é a seguinte: o sujeito ajuizou a ação contra o Réu errado. 
	Caso clássico: A ajuíza uma ação de reintegração de posse m face do caseiro. O caseiro é parte legítima para esta ação? Não. Por quê? Porque não tem a posse, não é possuidor. É mero detentor.
	Quando se ajuíza uma ação em face de quem não tem legitimidade ad causum para figurar naquela ação qual é a solução para esse processo? Extinção sem resolução do mérito. 
	Pois então, a nomeação à autoria busca evitar que isso aconteça. Busca corrigir o pólo passivo. Como? O sujeito indicado pelo Autor como Réu, nomeia à autoria quem deve responder pro essa ação. 
	
		JUIZ 
Autor Réu 
 Ilegítimo 
			 (nomeante) 
	
						 Nomeação à autoria
			
			Réu legítimo
		 (nomeado)
	
	Dispõem os artigos 62 e 63 do CPC:
“Art. 62. Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio,deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor.
Art. 63. Aplica-se também o disposto no artigo antecedente à ação de indenização, intentada pelo proprietário ou pelo titular de um direito sobre a coisa, toda vez que o responsável pelos prejuízos alegar que praticou o ato por ordem, ou em cumprimento de instruções de terceiro.”
	Ambos tratam de hipóteses de cabimento de nomeação à autoria. 
	O que se está querendo com a nomeação mesmo? Que saia o Réu errado e ingressa o Réu certo. Quando sai alguém do processo e entra alguém no seu lugar, que nome damos a essa situação? Substituição de partes ou sucessão processual. 
	A nomeação à autoria vai funcionar quando sair o Réu errado e o Réu certo assumir. 
	Só que o nosso Código condiciona essa sucessão processual ao chamado, sistema da dupla concordância. Dupla concordância, concordância de dois, que dois? Do Autor da ação e o nomeado. 
	A exigência da concordância do nomeado é o problema, é aí que “a porca torce o rabo”. Por quê? Se o nomeado concordar ele passa a ser o Réu do processo, se o nomeado não concordar nada acontece. 
	Pergunta-se? O nomeado vai concordar? Não. O sujeito vai concordar que tenha um processo contra ele? Pra que? 
	Para que isso funcionasse deveria haver uma penalidade para o nomeado que de má fé não concorda com a nomeação. Mas enquanto não houver essa penalidade a nomeação à autoria não serve para nada. Quando se condiciona a concordância do nomeado, a eficácia da nomeação à autoria é reduzida a quase zero. 
	Vamos ler o artigo 66 do CPC: 
“Art. 66. Se o nomeado reconhecer a qualidade que Ihe é atribuída, contra ele correrá o processo; se a negar, o processo continuará contra o nomeante.”
	A nomeação é obrigatória? É. Olhem o que dispõe o artigo 69 do CPC: 
“Art. 69. Responderá por perdas e danos aquele a quem incumbia a nomeação:
I - deixando de nomear à autoria, quando Ihe competir;
II - nomeando pessoa diversa daquela em cujo nome detém a coisa demandada.”
	É claro que alei não fala, mas tem que haver um quê de culpa, pelo menos, aí nisso. Não se pode condenar um sujeito em perdas e danos porque ele não nomeou à autoria se ele não tinha condições de fazer isso. Essa responsabilidade de perdas e danos exige que o sujeito de propósito não nomeie à autoria só para atrasar a vida do Autor. 
CHAMAMENTO AO PROCESSO 
	
	O Chamamento ao processo está ligado na maioria das vezes à obrigação solidária. Ou seja, numa relação de direito material eu tenho um credor comum e de outro lado B, C e D como devedores solidários. O que é inerente a solidariedade mesmo? 
	Nesse caso, solidariedade passiva. 
	Digamos que a dívida é de R$ 3.000,00 (três mil reais). 
	Para que exista a solidariedade, dois aspectos devem estar presentes, quais são eles? Do credor comum para com os devedores solidários, ele credor pode exigir a integralidade do pagamento da dívida de qualquer um dos três devedores solidários. 
	O outro aspecto que não pode ser esquecido é da relação dos devedores entre si. E entre eles, no caso em questão, cada um deve R$ 1.000,00 (mil reais). Isso só entre eles. Um dos devedores não pode chegar para o credor e dizer que irá pagar só mil.
	Processualmente falando, A ajuíza uma ação em face de B, cobrando do B esses R$ 3.000,00 (três mil). Se B pagar terá direito a R$ 2.000,00 (dois mil reais), tem direito de cobrar de C e D a quota parte deles na dívida. Isso seria buscado em outro processo. 
	O que o Chamamento ao Processo permite? Permite que o devedor solidário chame C e D, os outros devedores solidários para o processo. Aí surge a grande questão envolvendo o Chamamento ao Processo. Feito o Chamamento, se a sentença reconhecer que o Autor da ação está com a razão, se a sentença julgar procedente o pedido do Autor quem é condenado? Opção 1, o B é condenado e pagando, pode pegar dos outros as suas cotas parte. Opção 2, os três são condenados e quem pagar pode buscar dos outros suas cotas parte.
	Qual das duas opções? Vamos ver a lei, artigo 80 do CPC: 
“Art. 80. A sentença, que julgar procedente a ação, condenando os devedores, valerá como título executivo, em favor do que satisfizer a dívida, para exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou de cada um dos co-devedores a sua quota, na proporção que Ihes tocar.”
	A sentença condena os três. Portanto, qual é a configuração do processo depois de fito o chamamento? A de um lado, Autor e B, C e D Réus do outro. 
	O Chamamento ao Processo cria um litisconsórcio entre chamante e chamados. 
	Essa é a posição majoritária, hoje. Mas existem críticas a ela. Que críticas? O credor, o A poderia ajuizar a ação contra os três, mas não quis. Ajuizou a ação contra apenas um deles. A lei, o direito material permite que ele exija, por inteiro, a dívida de apenas um dos devedores. Esse devedor uma vez citado resolve chamar ao processo os outros e passam a ser Réus na ação. 
	Então, diz-se que o direito material (CC) dá com uma mão e o direito processual tira com a outra (CPC). Está se obrigando o Autor a litigar contra quem não queria. Para a posição minoritária o condenado será apenas o B e ele pagando vai cobrar do outros devedores suas cotas parte. 
	Vamos ver o que diz o artigo 77 do CPC: 
“Art. 77. É admissível o chamamento ao processo: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - do devedor, na ação em que o fiador for réu; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)”
	A gente vai ler o artigo 77 do CPC de baixo pra cima. 
	
	O inciso II, do artigo 77 do CPC trata da hipótese em que existem diverso fiadores e só um deles é citado. Entre os fiadores a responsabilidade é o que? Solidária. Portando desnecessário esse dispositivo porque cai no inciso III. 
	O inciso I, sim, é diferente. O fiador tem que tipo de responsabilidade? O fiador tem responsabilidade subsidiária. O que significa isso? Primeiro se esgotam as possibilidades de se obter recebimento do devedor, se não obtiver, aí os bens do fiador entram na história. O que caracteriza essa subsiariedade da responsabilidade do fiador é o benefício de ordem, que está no CPC no artigo 595: 
“Art. 595. O fiador, quando executado, poderá nomear à penhora bens livres e desembargados do devedor. Os bens do fiador ficarão, porém, sujeitos à execução, se os do devedor forem insuficientes à satisfação do direito do credor.
Parágrafo único. O fiador, que pagar a dívida, poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo.”
	Apenas uma observação de ordem prática: isso é o fiador como ele foi criado, como ele foi concebido lá no CC. A prática transformou o fiador. Por quê? Porque é possível a renúncia. Renúncia ao benefício de ordem. E se houver renúncia ao benefício de ordem o fiador passa a ter que tipo de responsabilidade? Responsabilidade solidária. 
	A prática fez com que o fiador se transformasse em responsável solidário, até porque os contratos de fiança são em sua maioria contratos de adesão, que trazem cláusula de renúncia ao benefício de ordem. 
	Nós vamos tratar do fiador que tem responsabilidade subsidiária, o fiador do inciso I, que tem benéfico de ordem para alegar. 
	O credor ajuíza uma ação de cobrança em face do fiador. Processo de conhecimento. O fiador que tem benefício de ordem para alegar, o que esse fiador faz? Ele é parte ilegítima? Não. A dívida também é dele. Que esse fiador faz? O benefício de ordem está no artigo 595 do CPC, e este artigo fala em fiador EXECUTADO. Neste caso ele está sendo executado? Não. Ele foi citado numa ação de cobrança. Então na ação de cobrança não poderá alegar benefício de ordem, o que fará então? Irá chamar ao processo o devedor.A sentença condena quem? Condena o fiador e também o devedor. Aí o credor insiste no recebimento do fiador. Não haverá propriamente um processo de execução, mas uma fase de cumprimento de sentença, exige do fiador. O que o fiador faz? Agora sim poderá alegar em seu favor o benefício de ordem do artigo 595 do CPC. 
	Imagine a seguinte hipótese: o fiador foi citado na ação de cobrança, mas pensa que é fiador mesmo e que sua responsabilidade é subsidiária, e não chama o devedor principal à ação de cobrança. Não chamando o devedor à ação, a sentença vai condenar quem? Só o fiador. Transitada em julgado, forma-se o título executivo em face de quem? Do fiador. Ele pode alegar benefício de ordem? Porque quando ele alega o benefício de ordem na execução esta se vira contra o devedor. Mas para se ter execução contra alguém é preciso que se tenha título executivo contra aquela pessoa. Se a sentença condenou só o fiador, não há título executivo contra o devedor. Logo, o fiador não poderá alegar benefício de ordem. 
	Para validamente alegar na execução o benefício de ordem, deve o fiador, necessariamente, ter chamado ao processo de conhecimento o devedor principal. 
	Registre-se uma coisa importantíssima: estamos sempre partindo do pressuposto que vamos buscar a formação de um título judicial em face do fiador e do devedor para que possamos ter a execução deste título, desta sentença. Não entra, a princípio nesta discussão nossa, a possibilidade da fiança ser um título extrajudicial. Existe discussão em relação a isto, mas iremos tratar disso dentro de títulos executivos extrajudiciais e o contrato de fiança se encaixando dentro desse conceito ou não. 
	Isso que falamos anteriormente funciona quando buscamos a formação de título executivo judicial. 
	A execução (lato sensu) se divide em: cumprimento da sentença e processo de execução. 
Então, muitas vezes a execução do sujeito está acontecendo, mas ele não possui crachá de executado, continua sendo Réu da ação, apesar de estar sendo executado. 
	Vimos todas as modalidades de intervenção de terceiro. Existe alguma outra modalidade de intervenção além dessas que estão aqui?
	Vamos ver a lei 9469/97. Assim dispõe o artigo 5º desta lei: 
“Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais.
Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes.” 
	A União poderá intervir como? Que modalidade de intervenção é esse? Exige-se aí interesse jurídico para essa intervenção ou simplesmente pelo fato de ter no processo como Autora ou Ré, Autarquia, Empresa Pública, Sociedade de Economia Mista Federal autorizaria essa intervenção? 
	Há quem sustente que isso é uma modalidade especial de ASSISTÊNCIA, uma categoria própria, especial de assistência, uma assistência que não teria interesse jurídico, daí as críticas que se fazem ao que está colocado neste artigo 5º. 
	Há quem sustente que esta é uma modalidade de intervenção diferente, uma modalidade de intervenção que não se confunde com nenhuma dessas que vimos anteriormente. 
	Agora vamos ver uma questão que falei anteriormente, em relação a denúncia da lide do Estado ao servidor causador do dano. Vamos falar ainda que de forma ligeira sobre a Responsabilidade Civil do Estado. 
	O nosso ordenamento adotou em relação a responsabilidade civil do Estado a teoria do risco administrativo, o que faz com que a responsabilidade civil do Estado seja objetiva. O que significa isso? Responsável o Estado pelo dano causado não é necessário que se busque a culpa lato sensu (elemento subjetivo). 
	Para que haja responsabilidade, em regra, o que é necessário? Ação ou omissão; nexo causal; dano/resultado e o elemento subjetivo culpa lato sensu. 
	Na responsabilidade objetiva deve existir ação ou omissão, nexo causal, dano/resultado, mas dispensa-se a culpa. 
	Dizer que o Estado responde objetivamente quer dizer que ele sempre responde? Não. Por quê? Porque existem causas de exclusão e causas de atenuação dessa responsabilidade. 
	Quando é excluída a responsabilidade civil do Estado? Caso fortuito e o fato ou culpa exclusiva da vítima. 
	E quando a responsabilidade do Estado é atenuada, ou seja, apesar de responsabilizado esta responsabilidade é atenuada? Fato ou culpa concorrente da vítima. 
	E a responsabilidade do servidor? Ela também é objetiva? Não. Se eu quero que o servidor seja responsabilizado por um ato por ele praticado, eu tenho, como em qualquer situação, provar a culpa desse servidor na prática daquele ato. 
	Vistas estas premissas, vítima ajuíza uma ação em face do Estado. Sabemos que a responsabilidade civil do Estado é objetiva, mas onde isso está previsto? No artigo 37, parágrafo 6º da CF: 
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
... 
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”
	O Estado tem direito de regresso, se tem direito de regresso ele pode se valer de que modalidade de intervenção? Denúncia da lide. 
	Denúncia da lide do Estado ao servidor responsável, que agiu com dolo ou culpa. Exatamente essa denúncia que queremos saber se é possível ou não. 
	Pra examinarmos a possibilidade ou não temos que buscar no artigo 70 do CPC. O artigo 70, I do CPC fala da alienação da coisa e da evicção. O inciso II do artigo 70 fala da situação da posse desdobrada em direta e indireta, é o caso? Não. 
	Então se for possível a denúncia da lide do Estado ao servidor é com base no inciso III do artigo 70. 
	O que se falou do inciso III do artigo 70? Que tem uma interpretação restritiva. E um dos elementos dessa interpretação restritiva é a impossibilidade de introdução de fundamento jurídico novo. 
	Quando o sujeito ajuíza a ação em face do Estado, qual é a responsabilidade discutida na ação? Responsabilidade Objetiva. 
	O Estado denunciando o servidor irá inserir que tipo de responsabilidade na discussão? Responsabilidade subjetiva. 
	O primeiro entendimento, que é o dos administrativistas, é de que não cabe denúncia da lide do Estado ao servidor, uma vez que representaria, numa demanda onde se discute responsabilidade objetiva, a introdução de fundamento jurídico novo (responsabilidade subjetiva), o que é vedado na denúncia com base no artigo 70, III do CPC.
	Então, com base nesta corrente, condenado o Estado ele após o término do processo ingressaria com ação regressiva em face do servidor. Aí, digamos que o que o servidor alegue na contestação culpa exclusiva da vítima. E o juiz acolhendo o argumento do servidor, julga improcedente o pedido do Estado. A culpa exclusiva da vítima afasta a responsabilidade subjetiva do servidor, pergunta, afasta a responsabilidade objetiva do Estado? Afasta. Então se o Estado tivesse alegado isso na hipótese, não teria sido condenado a pagar. 
	Diante desta hipótese levantada acima, surge um segundo entendimento sobre a possibilidade ou não do Estado denunciar à lide ao servidor. Esse segundo entendimento é o dos processualistas, que entendem que é cabível a denúncia da lide, mas é de todorecomendável que o servidor ingresse no processo, apresente suas alegações, produza a sua prova para que sejam de plano solucionadas todas as questões envolvendo indenização eventuais direitos de regresso. 
	E aí cabe ou não cabe essa denúncia? 
	A jurisprudência do STJ tem acolhido esse segundo entendimento, ou seja, a possibilidade da denúncia da lide. 
	Mas não é questão de todo pacífica. 
	Existe Enunciado do TJ/RJ que adota o primeiro entendimento. 
I.6) Competência
	Acabado isso vamos nos preocupar agora com o início do processo, com a estabilização desse processo. 
	Pra gente começar um processo, a primeira questão é: imagine, você advogado com um cliente na sua frente contando uma história e resolve ajuizar uma ação. Você já sabe o que vai aplicar ao caso, e aí você começa escrever. A primeira coisa que você coloca é Exmo. Sr. Dr. Juiz e aí você se dá conta do tamanho da sua ignorância. Você não sabe a quem direcionar a sua petição inicial. 
	Por que cuidamos da competência agora e não no momento em que é tratada normalmente nos livros e em outros módulos? A competência normalmente é tratada juntamente com jurisdição. 
	Celso Belmiro entende que a preocupação com a competência surge quando você vai ajuizar a demanda, quando você vai instaurar o processo. 
	Competência é o conjunto de limites dentre do qual cada órgão do Poder judiciário vai legitimamente exercer a função jurisdicional. 
	
	Competência não é divisão da jurisdição. Por que não podemos dizer que competência é divisão ou medida da jurisdição? Porque a jurisdição é uma e indivisível. É um fato que temos que engolir. 
	Em Teoria Geral do Estado nos dizem que o poder é uno e indivisível. Assim como superamos este fato, vamos superar o da jurisdição. 
	A jurisdição é uma só, ela é uma e indivisível. O que há é uma repartição de atribuições. E cada órgão do Poder judiciário vai receber uma parcela dessas atribuições, e essa parcela é que significa competência. 
	Se a atuação do órgão jurisdicional se dá dentro dos limites de suas atribuições, sua atuação é legítima e temos a função jurisdicional sendo exercida de forma correta, temos a competência do órgão jurisdicional. Se eventualmente o órgão jurisdicional extrapola esse limite, passamos a trabalhar com incompetência. 
	Quando vamos peneirando para preencher nossa petição inicial, passamos por várias etapas. A primeira delas é a competência internacional. Vamos querer saber se o Poder Judiciário brasileiro é competente para julgar a minha ação. 
	Temos competência internacional: 
			CONCORRENTE 
 			 EXCLUSIVA
	
	Dispõe o artigo 86 do CPC: 
“Art. 86. As causas cíveis serão processadas e decididas, ou simplesmente decididas, pelos órgãos jurisdicionais, nos limites de sua competência, ressalvada às partes a faculdade de instituírem juízo arbitral.”
	O que quer dizer a expressão “simplesmente decididas”? O professor diz que não faz a menor idéia do que teria pretendido o legislador com essa expressão. 
	Vamos falar então do artigo 88 do CPC, que trata da competência internacional que é nosso primeiro questionamento: 
 
“Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no no I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal.”
	O artigo 88 do CPC trata da competência internacional concorrente. Ele diz que o Poder Judiciário brasileiro é competente também. Não há a exclusão da hipótese de outro Poder Judiciário se julgue também competente para julgar aquela causa. 
	Por que o artigo 88 do CPC é concorrente? Porque a competência exclusiva está no artigo 89 do CPC: 
“Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.”
	
	Ns situações do artigo 89 do CPC quem tem que decidir é o Poder judiciário brasileiro, até por questão de soberania. 
	
	Decidido que é o Poder judiciário brasileiro o competente para julgar aquela causa, partimos para as demais verificações de competência e vamos afunilando até chegar no juízo ao qual iremos dirigir a nossa petição inicial. 
	CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA
					OBJETIVO
										 horizontal
CRITÉRIO DA				 NO MESMO 
FIXAÇÃO DA FUNCIONAL PROCESSO	 vertical
COMPETÊNCIA				 
						 PROCESSO DIFERENTE
					TERRITORIAL
	Vamos falar então nos critérios de fixação de competência. 
	Chiovenda tem uma divisão clássica desses critérios de fixação. Quais são? Critério Objetivo, Critério Funcional, Critério Territorial. 
	O critério objetivo se divide em valor e matéria. 
	Que órgão jurisdicional ou juízo tem a sua competência definida em razão do valor? Juizados Especiais (causas até 40 salários no Juizado Estadual e até 60 salários no Juizado Federal). 
	E em razão da matéria? Quando se fala em matéria ou material estamos falando das Varas Especializadas. E isso varia em função de cada Organização Judiciária Estadual. Existem Varas Especializadas que existem no RJ, mas não existem em SP ou em MG. Em razão da matéria que tipo de Varas temos no RJ? Empresarial, Família, Órfãos e Sucessões, Fazenda Pública, Registros Públicos, Juizados da Infância e Juventude. Criadas em função da matéria. 
	É bom assimilar isso por quê? Porque quando formos tratar de incompetência, e como diagnosticar a incompetência, precisamos dominar esses critérios de fixação da competência que irão, lá na frente, se dividir em critérios absolutos e relativos.
	O que é competência funcional? É o critério mais chatinho. 
	A competência funcional envolve a distribuição das diversas atividades jurisdicionais em um único ou em mais de um processo. 
	A competência funcional no mesmo processo pode ser horizontal e vertical. 
	Ex. Eu ajuízo no Rio uma ação contra um Réu que mora em Angra dos Reis. Como esse Réu será citado? Por Carta Precatória. Qual é o juízo competente para processar essa Carta Precatória? Estamos diante de uma questão de competência funcional. Quando se expede uma carta precatória estamos criando outro processo? Não. Então, trata-se de competência funcional dentro do mesmo processo. 
	Ser vertical ou horizontal envolve a hierarquia que existe ou não entre os órgãos envolvidos. Comarca da Capital e Comarca de Angra, existe hierarquia entre esses órgãos? Não. Então, a Carta precatória é um exemplo de competência funcional no mesmo processo, horizontal. 
	ATENÇÃO!!!!! Entrância não tem nada a ver com hierarquia. 
	
	Estou num processo qualquer e o Juiz profere uma sentença. Eu quero saber qual é o órgão competente para julgar o meu recurso. A competência recursal é uma competência funcional. 
	Quando alguém interpõe um recurso está criando um novo processo? Não. Então, competência funcional no mesmo processo. 
	Quando eu tenho a atividade de revisão da decisão proferida, quando eu estou falando de primeira instância e Tribunal, eu tenho hierarquia entre esses órgãos? Tenho. Competência funcional no mesmo processo vertical, reconhecendo que há hierarquia entre esses órgãos. 
	Processos diferentes? Que processos diferentes são esses? Processo de Execução e Processo Cautelar. 
	A competência para o julgamento do processo de execução e para o julgamento de um processo cautelar é uma competência de natureza funcional. 
	
	E competência territorial? Quando eu falo em competência territorial eu estou levando em consideração critérios,aspectos, meramente geográficos. 
	E dentro desse aspecto geográfico vem pra gente a noção de foro. O que é foro? Foro é circunscrição territorial. É pegar o mapa do Estado do RJ e dividir em diversos foros, pegar o mapa do Brasil e dividir em diversos foros.
	Foro na justiça estadual equivale a quê? Equivale a Comarca. 
	Uma Comarca para cada município? Não. Uma Comarca pode abranger mais de um município. Existem requisitos para um município se transformar numa Comarca. Então, não é uma Comarca para cada município. 
	Foro na Justiça Federal se chama Sessão Judiciária. É um pra cada Estado? Sim. Cada Estado corresponde a uma Sessão Judiciária. Os Tribunais Federais é que são só cinco, que são pro Região. Por exemplo, o Rio faz parte da 2ª Região judiciária federal, juntamente com o Espírito Santo. 
	Você não vai ao foro distribuir uma ação. Você vai distribuir a ação no Fórum. 
	Vamos partir então para um artigo interessante que nós pulamos de propósito, que é o artigo 87 do CPC: 
	
Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia.
	O artigo 87 do CPC trata de um princípio da perpetuatio jurisdicionis, ou princípio da perpetuação da jurisdição, ou mais propriamente do princípio da perpetuação da competência. 
	O que está no artigo 87 do CPC? A ação começou naquele lugar, naquela Vara, haja o que houver vai morrer naquela Vara. Fixada a Competência daquela Vara, pode haver o for que a ação permanecerá naquela Vara. 
	Há exceções ao princípio da perpetuatio jurisdicionis. Ou seja, existe a possibilidade de que a ação seja distribuída em uma Vara e por algum motivo ela vá para outra. Que exceções são essas? Supressão de órgão judiciário; alteração da competência em razão da matéria ou da hierarquia. 
	Além do que o próprio artigo 87 do CPC estabelece como exceção, temos que enxergar que não é só a supressão do órgão judiciário que vai possibilitar essa alteração da competência não. Mas comum até, do que a supressão do órgão jurisdicional, é a criação de órgão jurisdicional. Por exemplo, um lugar onde só existem duas Varas Cíveis e cria - se mais uma. E aí o que acontece? Se está se criando mais uma Vara é porque as duas não estão dando vasão. Criada esta terceira Vara como serão feitas as distribuições dos processos? A terceira Vara vai ficar esperando as iniciais ou redistribui? 
	A primeira solução é durante um tempo ficar indo ação só pra terceira Vara criada. 
	A segunda solução, que é a mais usual, é pegar um tanto que está na primeira e na segunda e enviar para terceira. Redistribuição dos processos já existentes. Onde está regulado isso? Na lei que cria a nova Vara vem estabelecido como vai ser feita essa distribuição compensatória. E isso pode? Pode. Mas onde está essa permissão para excepcionar o princípio da jurisdicionis? Não está no artigo 87 do CPC, mas é interpretação que se dá a ele. 
 
	A criação de um novo órgão judiciário também possibilita a alteração da competência também.

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