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Processo Civil CEJ 13

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PROCESSO CIVIL – Celso Belmiro – 2007 – página � PAGE �272�
13ª aula (01/06/2007)
JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO
	Lembrando, que estamos acompanhando a dinâmica do procedimento ordinário, chegando ao final dele vamos falar do sumário e ver quais são as diferenças. 
	O que acontece nessa etapa do procedimento ordinário? No julgamento conforme o estado do processo temos uma situação marcante: alguma decisão o Juiz vai ter que proferir uma decisão. Pode ser de diversas maneiras, mas alguma decisão será proferida. 
	Até então, o Juiz mandará o processo pra cá, mandará o processo pra lá, mandar o Autor se manifestar sobre a contestação do Réu, abrir vista para o Autor se manifestar em réplica. No momento do julgamento conforme o estado do processo não, ele terá que proferir uma decisão. 
	Que tipo de decisão vamos encontrar dentro do julgamento conforme o estado do processo? Existem três tipos: A primeira é de extinção do processo; a segunda é o julgamento antecipado da lide; o terceiro é o “saneamento”. 
	No artigo 329 do CPC começa o julgamento conforme o estado do processo, mas o artigo 328 do CPC inicia o assunto dispondo: 
“Art. 328. Cumpridas as providências preliminares, ou não havendo necessidade delas, o juiz proferirá julgamento conforme o estado do processo, observando o que dispõe o capítulo seguinte.”
	Em seguida dispõe o artigo 329 do CPC:
“Art. 329. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 267 e 269, II a V, o juiz declarará extinto o processo.”
	O título da seção onde se encontra este artigo é “Da Extinção do Processo”. Agora, o processo vai ser sempre extinto, pode demorar pouco, pode demorar demais, mas em algum momento o processo vai ser sempre extinto. 
	Chamar o que veremos agora de extinção do processo não retrata exatamente o que está se passando, então vamos acrescentar uma palavrinha aí: extinção “prematura” do processo. Vamos extinguir o processo fora do momento normal para sua extinção. 
	O artigo 329 do CPC faz menção ao artigo 267 e 269 do CPC. Em função disso vamos enxergar porque dessa extinção prematura. O artigo 267 do CPC trata de quê? O artigo 267 trata da extinção do processo sem julgamento do mérito. Quando a inicial é inepta; quando está faltando alguma condição da ação; quando está faltando um pressuposto processual; quando há litispendência, coisa julgada, perempção, convenção de arbitragem. Se estiver presente uma das hipóteses do artigo 267 do CPC o Juiz vai levar o processo adiante? Não. Presente qualquer das situações previstas no artigo 267 do CPC o processo será extinto sem resolução do mérito. Mas extinto sem resolução do mérito quando? Agora. Não preciso levar o processo adiante. Aliás, nas hipóteses do artigo 267 do CPC o Juiz poderia ter extinguido o processo antes até desse momento, já ao receber a inicial poderia ter indeferido, mas não indeferiu e o Réu foi citado e apresentou contestação, o Juiz ao receber a contestação poderia ter extinguido o processo, mas não o fez. Chegou o momento de proferir a decisão e nesse momento especificamente o Juiz tem que se manifestar sobre as condições da ação, sobre a presença dos pressupostos processuais. Se estes não estiverem presentes, extinção do processo sem julgamento do mérito. 
	Mas o artigo 329 do CPC fala também do artigo 269 do CPC, e este trata das hipóteses em que o processo é extinto com resolução do mérito. Mas apesar de haver a resolução do mérito, repare que está no inciso II ao inciso V. O Juiz não vai praticar no processo um único ato no processo que não seja estritamente necessário, imagine que o Juiz é um exterminador compulsivo do processo. Sendo possível extinguir o processo agora, não vai levar o processo adiante um dia. Então, por essa ótica do funil e reconhecendo que o Juiz é um exterminador compulsivo do processo nós só vamos para a etapa posterior se não der pra para na anterior. 
	O inciso II do artigo 269 do CPC trata da extinção do processo quando o Réu reconhece o pedido. Por que nessa hipótese o processo é extinto com a resolução do mérito? Porque há a necessidade de formar o título executivo. Pergunta: O Juiz tem algum trabalho nesse processo? Não. Vai levar o processo adiante? Não. Então, o inciso II do artigo 269 do CPC vai extinguir o processo com resolução do mérito, mas não precisa levar o processo adiante, até o final. 
	O inciso II do artigo 269 do CPC fala que haverá extinção do processo com resolução do mérito se as partes transigirem. Por que na transação vai haver extinção do processo com resolução do mérito? Pelo mesmo motivo do Reconhecimento do pedido, necessidade de formação do título executivo. Quando as partes transigem, quando chegam a um acordo, o Juiz tem algum trabalho? Não. 
	O inciso IV, do artigo 269 do CPC fala que haverá extinção do processo se o Juiz pronunciar a decadência ou a prescrição. Se de cara reconhece a prescrição ou a decadência o processo será levado adiante? Não. 
	O inciso V do artigo 269 do CPC fala que haverá extinção do processo com resolução do mérito quando o Autor renuncia ao direito sobre o qual se funda a ação. Por que temos a extinção com resolução do mérito? Para formar o título executivo. Quando o Autor renuncia ao direito sobre o qual se funda a cão, o Juiz tem que levar esse processo adiante, existe mais alguma coisa para ele fazer no processo? Não. 
	Então, o que há de comum entre as hipóteses do artigo 267 e as do artigo 269 do CPC? Tanto no artigo 267, quanto no artigo 269, dos incisos II ao V, não tem porque se levar o processo adiante. O Juiz já agora poderá extinguí-lo, seja com ou sem julgamento do mérito. 
	Reparem, eu só vou passar para a etapa seguinte se eu não puder voltar para a etapa anterior. Se eu vou extinguir o processo com base no artigo 267 ou no artigo 269, eu só vou adiante com o processo se ocorrer a hipótese do artigo 269, inciso I do CPC, quando eu for julgar procedente ou improcedente o pedido do Autor, aí eu caio no julgamento antecipado da lide. 
	No julgamento antecipado da lide eu estou julgando o pedido do Autor. Mas em determinadas situações eu já poderei fazê-lo agora. Quando? Quando a lei autorizar o julgamento antecipado da lide. E quando a lei autoriza o julgamento antecipado da lide? Matéria só de direito; matéria de fato e de direito, mas que os fatos já estejam provados; na revelia. 
	É o que dispõe o artigo 330 do CPC: 
“Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em audiência;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - quando ocorrer a revelia (art. 319). (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)”
No artigo 330 do CPC, onde fala “o juiz conhecerá diretamente do pedido, faça uma remissão ao artigo 269, inciso I do CPC. 
Matéria só de direito, exemplo: o sujeito ajuíza uma ação pleiteando uma declaração de que determinado tributo é inconstitucional.O Juiz vai julgar essa ação. Tem algum fato para ser provado aí? O Juiz vai nomear um perito pra dizer se a lei é constitucional ou inconstitucional? Tem alguma prova a ser produzida? Não. Matéria só de direito. Não tem porque levar o processo adiante. O Juiz já agora poderá julgar procedente ou improcedente o pedido do Autor. 
	Matéria de fato e de direito onde os fatos já estão provados, exemplo: o sujeito ajuíza uma ação de despejo e naquele caso específico existia necessidade de notificação prévia do locatário. Quando o Autor ajuizou essa ação de despejo ele juntamente com a inicial apresentou o mandado de notificação feito pelo cartório e com a assinatura do devedor. O devedor na contestação alega que não foi notificado. Existe fato a ser provado aí? Tem alguma controvérsia sobre os fatos? Tem. A existência ou não dessa notificação. Agora, o fato controvertido já está provado, pois quando o Autor ajuizou a petiçãoinicial ele já apresentou a prova da notificação. É matéria de fato e de direito, mas o fato já foi provado. 
	E na revelia? Qual o principal efeito da revelia? A presunção de veracidade dos fatos alegados pelo Autor. Está sempre presente esse efeito? Não. Então, a lei autoriza o julgamento antecipado da lide quando ocorrer a revelia, mas somente quando esta produzir o efeito da presunção de veracidade dos fatos alegados pelo Autor. O inciso II do artigo 330 do CPC coloca entre parêntese o artigo 319 do CPC. 
	Qual é a conseqüência para o Autor da presunção de veracidade dos fatos por ele alegados? Dispensa o Autor de ter que provar os fatos por ele alegados. Qual é a conseqüência da presunção de veracidade dos fatos para o procedimento? O salto para o julgamento antecipado da lide. 
	Então, de novo, vamos falar da lógica do funil. Só passarei para a etapa seguinte se eu não puder parar na etapa anterior. Se eu não pude parar ainda, se eu tenho que levar este processo adiante, eu vou levá-lo adiante por que motivo? O que há de comum entre essas três modalidades de julgamento antecipado da lide? Não há necessidade de prova. Então, se eu vou levar o processo adiante, se eu não pude parar ainda é porque eu tenho que produzir provas, é porque há necessidade de dilação probatória, tem que haver produção de provas. Mas o Juiz tem que ordenar isso, ele irá ordenar isso na terceira etapa, que é o saneamento. 
	Até bem pouco tempo o artigo 331 do CPC falava em saneamento, o título dessa seção III do capítulo V, era até bem pouco tempo “Do Saneamento”. O que vai acontecer agora é de fato a designação da audiência preliminar. 
	Temos que tomar cuidado porque vamos falar de diversas audiências: audiência preliminar do procedimento ordinário; audiência de instrução e julgamento; quando formos falar do procedimento sumário teremos a audiência inicial lá do procedimento sumário; quando formos falar de juizado especial vai haver a audiência dos Juizados Especiais e cada uma delas com finalidades próprias, com requisitos e incidentes próprios. Então, não confundir. Estamos falando de procedimento ordinário e da audiência preliminar do artigo 331 do CPC. 
	Pra que serve a Audiência preliminar do artigo 331 do CPC? O artigo 331 do CPC foi alterado em 2002, antes dessa alteração ele fava em audiência de conciliação, o que estava errado. Por que estava errado? Porque não era uma audiência só de conciliação. Chamar de audiência de conciliação algo que não serve só para a conciliação restringe o âmbito da incidência do instituto. Uma das finalidades era realmente a conciliação, mas não era a única finalidade. 
	Desde 1994 o artigo 331 do CPC a redação falava da necessidade de conciliação. Por quê? A reforma de 1994 colocou como dever do Juiz, no artigo 125 do CPC, tentar a qualquer tempo conciliar as partes. Além de mexer no artigo 125, criou no artigo 331 a audiência de conciliação. E por que essa necessidade de conciliação? Porque é muito melhor uma conciliação medonha, pavorosa, do que uma sentença brilhante. A evolução do pensamento processual indica que a conciliação é a melhor forma de composição da lide. 
	Por mais maravilhosa que seja a sentença uma das partes não sairá satisfeita. E se a parte não sair satisfeita ela fará o quê? Recorrer, recorrer e recorrer. O processo acaba não terminando nunca. Com a conciliação eu consigo colocar uma pedra em cima daquela lide, será menos um processo para julgar. 
	O Juiz tentará a conciliação, utilizando-se de meios de convencimento, técnicas de persuasão. Tentará mostrar as partes que a conciliação é a melhor solução para aquele litígio. O Juiz quando consegue a conciliação ganha, inclusive, pontos para sua promoção. 
	Conciliação não significa transação. Transação pressupõe concessões recíprocas, mútuas. A transação é uma espécie de conciliação. A transação gera a extinção do processo com a resolução do mérito.
	É possível que as partes cheguem a uma conciliação e o Réu reconheça a procedência do pedido. E aí, como será extinto o processo? Também teremos nesse caso a procedência do pedido com a resolução do mérito. 
	É possível que o Autor na conciliação renuncie ao seu direito material. Neste caso o processo será extinto como? Também com resolução do mérito. 
	Mas é possível que as partes cheguem a uma conciliação e o Autor desista da ação. Houve uma conciliação. O produto dessa conciliação foi a desistência da ação por parte do Autor. Quando o Autor desiste da ação, o que acontece com o processo? O processo é extinto sem resolução do mérito. 
Então, muito cuidado!!! Na maioria das vezes quando as partes chegam a um acordo, quando há conciliação, o processo é extinto com resolução do mérito. Mas, quando o resultado da conciliação é a desistência da ação por parte do Autor, o processo é extinto sem resolução do mérito.
	E se não houver conciliação? Acabou a audiência? Não. Por quê? Porque a audiência não é só de conciliação. Por isso em 2002 o nome foi alterado, passou a ser chamada de audiência preliminar. Não havendo conciliação, a audiência prossegue e prossegue pra quê? Pra que outros objetivos da audiência sejam atingidos. 
	Não houve conciliação, eu tenho que levar o processo adiante. No entanto, para levar esse processo adiante eu tenho que dizer se este processo está apto a ir adiante, eu tenho que dizer se esse processo atende às condições da ação, se atende aos pressupostos processuais. 
	Já vimos que essa matéria pode ser vista pelo Juiz a qualquer tempo, ainda que o Juiz não veja o Tribunal poderá fazê-lo, a qualquer tempo. Se isso pode ser analisado a qualquer tempo, porque agora o Juiz tem que fazer? Porque o Juiz tem que proferir uma decisão. Estamos num momento do processo em que alguma decisão no processo tem que ser proferida.Essa decisão é a decisão de saneamento do processo. 
	Fala-se muito em despacho saneador. Mas despacho saneador é uma expressão duplamente errada. Por quê? Porque o ato praticado pelo Juiz ao declarar que estão presentes os pressupostos processuais e as condições da ação não pode ser considerado um despacho, pois tem conteúdo decisório, o Juiz está proferindo uma decisão. A natureza desse ato praticado pelo Juiz é de decisão interlocutória. 
	E por que não é propriamente um saneador? Saneador dá uma idéia de movimento, de alteração. Não é propriamente um saneador. Qual é o resultado dessa decisão: o processo estará saneado após a decisão, ou a decisão declara que o processo não contém vício nenhum? Se eu disser que o processo estará saneado após a decisão, será uma decisão constitutiva, ou seja, o processo estará saneado a partir dela, então eu dependo da decisão para que o processo seja considerado saneado. Se eu disser que a decisão declara que o processo não contém vício nenhum, será uma decisão declaratória, não modifica nada, reconhece que o processo não tem vício nenhum. 
	O ato praticado pelo Juiz ao declarar que estão presentes os pressupostos processuais e as condições da ação tem natureza de decisão interlocutória, tem natureza declaratória. 
	Então, temos, como primeira finalidade da audiência do artigo 331 do CPC a conciliação, a segunda finalidade é o saneamento e a terceira finalidade qual é?
	Só chegamos nesse momento do processo por quê? Porque há a necessidade de dilação probatória. Agora, para que o processo chegue ao seu final, e o Juiz deve ter o compromisso com o fim do processo, o mesmo deve organizar as provas. Então, a terceira finalidade da audiência do artigo 331 do CPC é organizar a atividade probatória. 
	A organização da atividade probatória está prevista no artigo 331 do CPC, em seu parágrafo 2º:
“Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto,com poderes para transigir. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
§ 1o Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 2o Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 3o Se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias da causa evidenciarem ser improvável sua obtenção, o juiz poderá, desde logo, sanear o processo e ordenar a produção da prova, nos termos do § 2o. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)”
		De acordo com o parágrafo 2º do artigo 331 do CPC primeiro o Juiz fixará os pontos controvertidos, depois defere as provas e por último designa audiência de instrução e julgamento, se for o caso. 
	A organização da atividade probatória, a organização da instrução envolve: primeiro, a fixação dos pontos controvertidos. O que significa isso? De tudo o que está sendo discutido no processo o que ainda é controvertido é o fato A. Verificar o que está provado e o que não está provado. Segundo, o deferimento das provas. O deferimento ou indeferimento. Quando o Autor requere as suas provas? Na inicial. E o Réu? Na contestação. E quando o Juiz vai analisar os requerimentos dessas provas? Agora. É nesse momento que o Juiz vai verificar quais as provas que são necessárias, são imprescindíveis e quais as que não são necessárias, aquelas que podem ser dispensadas. 
	Então, ele vai fixar os pontos controvertidos e vai dizer que para a comprovação daquele fato eu defiro a produção da prova tal. A prova X não é necessária. 
	A terceira etapa dessa organização da atividade probatória é a designação de audiência de instrução e julgamento, se for o caso. E quando é o caso? Quando teremos a necessidade da designação de instrução e julgamento? Quando houver necessidade de prova testemunhal, de depoimento pessoal da parte, quando houver necessidade de esclarecimento oral do perito. O que há de comum entre testemunha, depoimento pessoal da parte e esclarecimento oral do perito? São todas modalidades de prova oral. Então, a designação de AIJ vai se dar se houver necessidade de produção de prova oral. 
	Sempre será designada a audiência preliminar do artigo 331 do CPC? A redação anterior do artigo 331 do CPC ela falava: 
“Art. 331. Se não se verificar qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes e a causa versar sobre direitos disponíveis, o juiz designará audiência de conciliação, a realizar-se no prazo máximo de 30 (trinta) dias, à qual deverão comparecer as partes ou seus procuradores, habilitados a transigir.  (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)”
A lei falava em “direitos disponíveis”. Na época surgiu o seguinte questionamento, a audiência vai ser sempre designada? Existiam três correntes: uma dizia que só se fosse direito disponível (interpretação literal); outra corrente dizia que haveria audiência se os direitos, ainda que indisponíveis, admitissem conciliação; uma terceira corrente dizia que a audiência deveria ser sempre designada, pois quando eu falo em disponibilidade ou não do direito eu estaria olhando só para a primeira finalidade da audiência que seria a conciliação, mas a audiência não possuía só essa finalidade, possuía também a finalidade de sanear o processo e organizar a atividade probatória. 
	O que acontecia com muita freqüência era que, apesar da lei estabelecer que era dever do Juiz tentar a conciliação das partes, não é todo o Juiz que tem essa vocação. A maioria não tem e tem má vontade com essa audiência porque é muito mais simples receber o processo e despachar ou proferir decisão sem ter que esperar as partes sentadas, a ficar tentando conciliar partes. Então, era muito comum o Juiz pular essa etapa ou então, proferia o seguinte despacho: manifestem-se as partes sobre a intenção ou possibilidade de conciliação. Os Juízes sem autorização legal proferiam esse despacho. Ou quando não faziam isso, terceirizavam a conciliação criando nas Varas juizados informais de conciliação, como uma etapa prévia, era terceirizado para um conciliador. Mas devemos lembrar que não havia autorização legal para isso, como existe no Juizado Especial. 
	A lei 10.444/02 passou a justificar esse tipo de postura do Juiz. E passou a justificar como?
	A própria redação do artigo 331 do CPC dá a idéia do funil, ou seja, que só chegaremos nesse ponto se não pudermos para antes:
“Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)”
	A lei 10.444/02 alterou a redação e passou a dizer ao invés de direitos disponíveis e passou a falar em “direitos que admitam transação”. Aparentemente se filiou o legislador a segunda corrente, ou seja, não vou olhar para o direito para saber se ele é disponível ou não, vou olhar primeiro para ver se ele admite ou não conciliação. 
	O prazo de 30 dias que prevê o artigo 330 do CPC, se a audiência não for realizada nesse prazo há alguma conseqüência? Não. É só uma recomendação. Esse prazo de 30 dias do artigo 331 do CPC é um prazo impróprio. 
	O que é um prazo impróprio? É aquele em que não existe conseqüência nenhuma caso não seja observado. Os prazos que a lei fixa para o Juiz praticar um ato são prazos impróprios. 
	Se o Autor não comparecer a audiência preliminar o que acontece? Lá no Juizado se o Autor não comparece a audiência de conciliação o processo é extinto e ainda tem que pagar as custas. E aqui, nessa audiência preliminar, qual é a conseqüência do não comparecimento do Autor? Nenhuma. Só não será possível a conciliação. 
	E se o Réu não comparece? Lá no procedimento sumário a conseqüência é a revelia, pois a contestação é apresentada na audiência. No processo sumário o Réu é citado para comparecer a audiência. Ele não é citado, como no procedimento ordinário, para oferecer contestação. 
	No procedimento ordinário, o não comparecimento do Réu na audiência preliminar do artigo 331 do CPC não traz conseqüência nenhuma.
	Ou seja, o não comparecimento das partes a audiência preliminar do artigo 331 do CPC não traz qualquer conseqüência, a não ser a não conciliação. 
	O parágrafo 3º do artigo 331 do CPC é novidade, trata da dispensa da audiência preliminar. Trata das hipóteses em que o Juiz não vai designar a audiência. O Juiz irá em seu gabinete sanear o processo e ordenar a produção da prova, como ato isolado. 
	A primeira hipótese de dispensa da audiência preliminar é se o litígio não admitir transação. A segunda hipótese de dispensa da audiência preliminar é mais interessante, “se as circunstâncias das causa evidenciarem ser improvável sua obtenção”. Como o Juiz vai chegar a essa conclusão, se naquele caso concreto vai ser provável ou não a conciliação? Olha aí a justificativa para o tal do despacho: digam as partes sobre a intenção de se conciliarem. 
	Aquilo que não tinha previsão legal, que era um absurdo, agora tem fundamento. Eu sou Juiz, eu tenho que verificar se é provável ou não a obtenção da conciliação, o que eu faço? Eu profiro um despacho pedindo que as partes se manifestem. Se o Autor se manifesta dizendo que não e o Réu também diz que não, eu não faço audiência nenhuma, elimino da minha agenda essa audiência. Está justificado o despacho e está justificada, também, essa terceirização. Por que está justificado? Porque eu sou Juiz e eu preciso saber se é provável ou não naquele caso concreto ter conciliação, então eu coloco alguém para fazer isso por mim. Coloco o conciliador pra ver se vaihaver ou não conciliação naquela hipótese. Se não houver conciliação nenhuma eu Juiz não perco meu tempo designando essa audiência preliminar. O parágrafo 3º foi acrescentado pela lei 10.444/02, justamente para justificar estas situações de dispensa da audiência preliminar. 
	No julgamento antecipado da lide eu tenho uma hipótese em que o Juiz está julgando o pedido do Autor, mas já pode fazer agora. Devemos lembrar, também, da hipótese do artigo 285-A do CPC, hipótese recente em que o Juiz já vai julgar o pedido do Autor (improcedente) sem sequer citar o Réu. O artigo 285-A do CPC permite que o Juiz, mesmo sem citar o Réu, já de cara julgue improcedente o pedido do Autor. Se pode julgar improcedente mesmo sem citar o Réu, pode julgar improcedente depois da contestação do Réu. Pode. “Quem pode o mais, pode o menos”. Se o artigo 285-A do CPC autoriza que o Juiz assim que a inicial é apresentada ele julgue improcedente o pedido do Autor, é claro que depois do Réu citado e apresentada sua contestação ele também pode julgar improcedente o pedido, numa hipótese de julgamento de improcedência do pedido, que não se encaixa propriamente em julgamento antecipado da lide, nem em julgamento ao final do processo. É antecipada, mas não é propriamente um “julgamento antecipado da lide”, porque o artigo 330 do CPC não fala dessa situação. 
	
II.4) DIREITO PROBATÓRIO
	O Direito Probatório se divide em duas vertentes, duas temáticas diferentes: teoria geral da prova e as provas em espécie. 
	O que vai importar pra nós aqui é a primeira vertente, ou seja, a questão envolvendo a teoria geral da prova, não vamos falar aqui das provas em espécie, porque o Código dedica uma série de artigos a elas; quando há uma polêmica envolvendo o direito probatório, via de regra é sobre a teoria geral das provas, então, dominando a teoria geral das provas tira-se de letra as provas em espécie. Vamos, então, focar o nosso estudo na teoria geral das provas. 
	Primeiramente temos que saber o que é prova. Lembrando que a finalidade do Juiz num processo de conhecimento é julgar o pedido do Autor. Só que para isso é preciso superar uma série de obstáculos. Na primeira aula resumimos a atividade do Juiz num processo de conhecimento e essa atividade envolvia o quê? O Juiz ouve as alegações do Autor e do Réu, o Juiz colhe as provas produzidas, o Juiz atribui valor a essas provas, o Juiz forma a sua convicção e com base nessa convicção o Juiz profere a sentença de mérito, julgando improcedente ou procedente o pedido do Autor. 
	Nessa dinâmica, provas aparecem em três oportunidades: colhe as provas produzidas, atribui valor a essas provas, forma a sua convicção. Tudo dentro de um processo de conhecimento vai girar em torno das provas. Vemos então a importância da abordagem dessa matéria. 
 	CONCEITO DE PROVA
	O que é prova? Prova é todo elemento levado aos autos com a finalidade de formar a convicção do Juiz acerca da existência do direito da parte. 
	Tudo que se leva ao processo, tudo que se leva aos autos que tiver como finalidade convencer o Juiz de que o Autor está certo ou de que o Réu está certo. 
	OBJETO DA PROVA
	O que se prova? O que é objeto da prova? O que se prova no processo são os fatos. O objeto da prova, o que deve ser provado são os fatos. Com isso temos outra informação: não há necessidade de provar o direito. Iura novit curia, O Juiz conhece o direito, e por isso a máxima “dá-me os fatos que te darei o direito”. 
	Então, a princípio não há necessidade de prova sobre direito, de uma lei. Qual é a exceção a essa regra? O artigo 337 do CPC: 
“Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz.”
	Que tipo de lei tem que ser provada? Estadual ou municipal, estrangeiro, direito consuetudinário. 
	Se a parte alegar uma dessas leis deve provar a existência e a vigência das mesmas. 
	Como se prova a existência e a vigência desse direito estadual ou municipal? Publicação no DO ou a Certidão do órgão legislativo. 
	A Certidão do órgão legislativo possui uma vantagem sobre a publicação no D.O, a Certidão prova além da existência, a vigência daquela lei. 
	O final do artigo 337 do CPC fala “se assim determinar o Juiz”. Apesar dessa expressão, não é a mais correta interpretação literal aí, por quê? Porque o que se espera é que havendo uma alegação de direito municipal ou estadual ou consuetudinário ou estrangeiro a parte, mesmo que o Juiz não determine, produza essa prova, inclusive para respeitar o contraditório, para que a outra parte tenha a possibilidade de se manifestar sobre tal direito, sobre o alegado. 
	O Juiz que vai determinar a prova do direito municipal ou estadual leia-se de outro Estado, de outro Município e não daquele onde está exercendo suas funções. Se o sujeito é Juiz do Estado do Rio de Janeiro ele tem que conhecer a lei do Estado do RJ, se o sujeito é Juiz do Estado do Rio de Janeiro e do Município de Nova Iguaçu, deve conhecer o direito deste Município. Na localidade onde o Juiz exerce suas funções este deve conhecer o direito desta localidade. 
	Como se prova direito estrangeiro? Em relação à prova de direito estrangeiro há uma flexibilidade maior. Para a prova desse direito admite-se a utilização de doutrina, de parecer de um jurisconsulto especializado sobre aquela matéria. O direito estrangeiro não se prova somente através de publicação em D.O ou de Certidão de órgão legislativo. 
	Para que a parte vai querer provar direito estrangeiro? O juiz daqui vai aplicar a lei estrangeira? Vai. Por exemplo: um brasileiro vai a Argentina, conhece uma uruguaia e casa-se no Chile e tem um filho na Colômbia, outro na Venezuela, e quando chega no México ele dá uma “bifa” nela e se separam nos Estados Unidos. Ela volta pra o Brasil e ajuíza a separação aqui no Brasil. Há a possibilidade em relação a nacionalidade, a capacidade civil, da utilização de uma lei estrangeira, isso é o direito internacional privado. Regras de conexão que estão na LICC. Então, é possível sim que o Juiz daqui venha a aplicar uma lei de outro país. Mas lei, direito, MATERIAL. Direito processual não, sempre será o brasileiro. 
	A lei processual será sempre a brasileira, eventualmente, a lei material poderá ser a de outro país. 
	E o Direito Consuetudinário? Como se prova o costume? Costume se prova através de testemunhas. 
	Partindo do princípio que são os fatos que devem ser provados, existem fatos que independem de prova. 
	FATOS QUE INDEPENDEM DE PROVA
	Apesar de serem fatos eles independem de prova. Onde encontramos isso? Vamos para o artigo 334 do CPC: 
“Art. 334. Não dependem de prova os fatos:
I - notórios;
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;
III - admitidos, no processo, como incontroversos;
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.”
	O que é fato notório? Fato notório tem a definição antiga e questionada de que: fato notório é aquilo que todo mundo sabe. “Aquele de conhecimento geral inconteste”. O que todos sabem e ninguém contesta. 
	A noção de fato notório não tem que ser essa, de que todo mundo conhece. Por que? Porque eu quero qualificar o fato como notório para os sujeitos do processo (Autor, Juiz e Réu). 
	Aprova dispensada não tem que ser do conhecimento geral inconteste, tem que ser do conhecimento inconteste dos sujeitos do processo. Se o Autor, se o Juiz e se o Réu têm conhecimento do fato, é um fato notório, em conseqüência não há necessidade de prova do mesmo. 
	Na verdade, numa ordem natural, primeiro viria o inciso III do artigo 334 do CPC, para depois vir o inciso II. Por que? Porque o inciso III, o fato tornou-se admitido no processo como incontroverso. Há uma premissa que houve omissão da parte na impugnação daquele fato. 
	Se o Réu não apresentou contestação o que acontece com os fatos alegados pelo Autor? Presumem-se verdadeirose incontroversos. Se a simples omissão, que é a que está no inciso III, já vai dispensar a prova do fato, com muito mais razão o que está no inciso II. Por que? Porque no inciso III nós temos uma omissão, no inciso II é mais que o inciso III. A parte no inciso II confessa. Se a simples omissão vai dispensar a prova, com muito mais razão a se a parte comparece ao processo e confessa dispensará a prova do fato.
	O inciso IV do artigo 334 do CPC trata das presunções, que podem ser tanto de direito material, quanto de direito processual. Por exemplo, filho havido na constância do casamento, presume-se que seja do marido. 
	A nota promissória o título de crédito que se encontra em poder do devedor, qual é a presunção que se estabelece aí? Presume-se o pagamento. 
	A revelia gera uma presunção processual. 
	O artigo 659, parágrafo 4º do CPC também é uma presunção processual. Averbação da penhora de bem imóvel gera presunção absoluta de conhecimento daquela penhora por terceiros. 
	ÔNUS DA PROVA E INVERSÃO
	
	Provar é um ônus. A parte que alega a existência de um fato a seu favor não é obrigada a provar esses fatos, prova se quiser. Se não provar tem conseqüência? Tem. Qual é a conseqüência de não provar o que alegou? O resultado do processo não vai ser favorável aos seus interesses. 
	O ônus da prova é o interesse que tem a parte em levar aos autos as provas que formarão a convicção do Juiz acerca da existência do seu direito. 
	Mais importante que definir o ônus da prova é entendermos as chamadas regras de distribuição do ônus da prova. A idéia é: quem tem que provar o quê? E essas regras de distribuição na verdade são regras de julgamento. São regras que o Juiz vai utilizar no momento de proferir a sentença. (Quem tinha que me provar o que, me provou?) Essas regras de distribuição estão no artigo 333 do CPC:
“Art. 333. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.”
	A regra essencial, elementar, de distribuição do ônus da prova está no artigo 333, inciso I do CPC. É o Autor que tem que provar os fatos constitutivos do seu direito. O inciso II do artigo 333 do CPC é aplicado de forma subsidiária. 
	Quando o Réu terá o ônus da prova? Quando houver fato modificativo, impeditivo ou extintivo do direito do Autor. Quando o Réu apresenta qualquer um desses fatos que tipo de defesa ele está apresentando? Defesa indireta de mérito. E por que nessa hipótese o Réu tem que provar esses fatos? O que é inerente à defesa indireta de mérito? A confissão. Ocorre a inversão da regra de distribuição do ônus da prova neste caso pelo simples fato de que o Réu na defesa indireta de mérito antes de alegar os fatos modificativos, impeditivos ou extintivos do direito do Autor, ele confessou. Se ele não tivesse confessado, como ficaria o ônus da prova? Como sempre é. O Autor é quem tem que provar os fatos constitutivos do seu direito. 
	O inciso II do artigo 333 do CPC é aplicado subsidiariamente porque a regar é o inciso I, excepcionalmente eu terei o ônus da prova incidindo sobre o Réu. Quando? Quando este apresentar a defesa indireta de mérito. 
	
	É possível que o ônus da prova seja invertido? É. Quando? Não propriamente nesse parágrafo único do artigo 333 do CPC, pois ele tem uma redação meio bizarra. Mas quando é possível a inversão do ônus da prova mais modernamente? Nas relações de consumo. O Código de Defesa do Consumidor prevê como uma das garantias do consumidor a inversão do ônus da prova (artigo 6º, inciso VIII, do CDC). 
	
	Dentro do processo em que momento deve se dar essa inversão do ônus da prova? Falamos que as regras de distribuição são regras de julgamento que o Juiz vai aplicar lá no final, quando for proferir a sentença. E havendo a inversão do ônus da prova? Essa inversão não pode se dar só no final do processo não, pois violaria o contraditório. O Juiz não pode apenas na sentença inverter o ônus da prova. O Juiz deve já no início inverter o ônus da prova ou no máximo até o saneamento do processo, porque dá tempo das partes trabalharem com a realidade da inversão e produzir as provas que devem produzir. 
	FATOS NEGATIVOS
	O que são fatos negativos? São fatos que não ocorreram. 
	Surge um grande problema. Quando falamos de provas de fatos, estamos falando de fatos que aconteceram. 
	No caso dos fatos negativos eu tenho que provar que um fato não aconteceu. 
	A princípio eu não tenho como provar que uma coisa não aconteceu. 
	A idéia dos fatos negativos é essa. Não deve o Juiz determinar a prova dos fatos negativos, fatos que não aconteceram. 
	Vamos fazer uma distinção entre: fatos negativos indefinidos e fatos negativos definidos.
	Fato negativo indefinido é o que os autores chamam de uma universalidade de inocorrência. Como eu vou provar que uma determinada pessoa nunca foi a São Paulo? Os fatos negativos indefinidos realmente não têm como ser provado. 
	Mas, há os fatos negativos definidos. E estes admitem prova. A mais boba das ações, ação de cobrança, se formos analisarmos friamente temos um fato negativo na história, qual é? Por exemplo, eu emprestei dinheiro para B, este não me pagou. Eu ajuizei uma ação de cobrança, eu tenho que provar que ela não me pagou. 
	Outro exemplo, eu contrato C para construir uma piscina na minha casa, ele não constrói, eu ajuízo uma ação de obrigação de fazer. O que tem que ser provado aí? Que não foi construída a piscina. Tem como provar? Tem. Eu posso apresentar o contrato, eu posso apresentar a nota fiscal da loja de material de construção, posso apresentar uma foto de onde deveria existir a piscina e não tem. 
	Essas questões envolvendo os fatos negativos e a prova dos fatos negativos é muito interessante, pois vemos conseqüências práticas disso e algumas aberrações cometidas por Juízes. 
	Exemplo, dentro dos requisitos da Usucapião urbana há o de não ter outro imóvel. O Juiz pede então para que o Autor comprove que não possui outro imóvel. Como o Autor vai provar isso? Ao contrário do que podemos imaginar não existe um Registro de Imóvel celestial, ou seja, um registro que nos diga se o Autor tem imóvel em algum lugar do planeta ou quiçá do universo. A exigência não é de não possuir o Autor imóvel na localidade da usucapião, a exigência é de não possuir outro imóvel em lugar nenhum. 
	Esse fato negativo não tem como ser provado. Assim, o Juiz não pode determinar que o Autor prove isso. Na verdade, se alguém tem que provar que o Autor possui outro imóvel é o Réu.

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