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Profª Mestre Cristiane Barrio Novo 
Contato: (011) 99647.2037 
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PROCESSO CIVIL III 
5º SEMESTRE 
 
Profª Mestre Cristiane Barrio Novo 
@profacristianebarrionovo 
Contato:(011) 99647-2037 
 
 
 
 Fevereiro de 2025 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Tutela provisória 
 (arts. 294 a 311 do CPC) 
 
 
1. PRIMEIROS PASSOS: 
 
Dá­se o nome de tutela provisória ao provimento jurisdicional que visa adiantar 
os efeitos da decisão final no processo ou assegurar o seu resultado prático. 
 
A tutela provisória (cautelar ou antecipada) exige dois requisitos: 
✓ a probabilidade do direito substancial (o chamado fumus boni iuris) e 
✓ o perigo de dano ou o risco do resultado útil do processo (periculum in 
mora). 
 
A soma desses dois requisitos deve ser igual a 100%, de forma que um compensa o 
outro. 
 
Se a urgência é muito acentuada (perigo de dano ao direito substancial ou risco de 
resultado útil do processo), a exigência quanto à probabilidade diminui. Ao revés, se a 
probabilidade do direito substancial é proeminente, diminui­se o grau da urgência. 
 
A tutela provisória pode ser concedida com base na urgência, somada à 
probabilidade do direito substancial, ou somente com base na evidência. 
 
Na tutela denominada da evidência (as hipóteses estão contempladas no art. 
311), a probabilidade do direito é de tal ordem que dispensa o perigo de dano o risco 
do resultado útil do processo – dispensa a urgência. 
 
Entendeu o legislador que diante de um caso concreto que se enquadre nas hipóteses 
mencionadas no art. 311, deve­se dispensar a urgência. 
 
A probabilidade do direito material é de 100% – embora continue apenas provável 
até que sobre ele recaia uma declaração definitiva – que ao requerente da tutela provisória 
(de regra, o autor) deve­se conceder a fruição do direito, sendo que a parte adversa é que 
deve suportar os efeitos da demora do processo. 
 
O provimento de caráter provisório será apreciado e, se for o caso, deferido pelo 
juiz mediante requerimento da parte, sendo vedada a concessão ex officio. 
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Por parte entende­se quem deduz pretensão em juízo, ou seja, quem pleiteia o 
reconhecimento de algum direito material. 
 
De regra, é o autor quem pleiteia a tutela provisória, mas também o réu na 
reconvenção ou nas ações dúplices. 
 
A tutela provisória pode ser concedida a qualquer tempo, enquanto for útil e em 
qualquer procedimento, ou seja, no procedimento comum, nos procedimentos especiais, no 
processo de execução e nos procedimentos afetados aos Juizados Especiais. 
 
 Evidentemente, quanto aos procedimentos para os quais a lei já prevê alguma 
modalidade de tutela provisória, as regras do CPC somente serão aplicadas subsidiariamente, 
como é o caso, por exemplo, das ações possessórias, do mandado de segurança e da ação 
civil pública. 
Mas também nesses casos (da legislação especial) a tutela recebe a denominação de 
provisória, podendo ser satisfativa (antecipada) ou cautelar. 
 
Possível também é a concessão de tutelas provisórias na fase recursal e nos processos 
de competência originária dos tribunais. 
 
Nesses casos, a competência para apreciar o pedido é do relator do recurso ou da 
ação de competência originária. 
 
Na ação rescisória, por exemplo, há previsão de concessão de tutela antecipada. Nos 
recursos, a tutela provisória recebe o nome de tutela antecipatória recursal. Mudam­ se os 
nomes, as denominações, mas não a essência. 
 
Resumindo: 
Tutela provisória é gênero do qual são espécies: 
(i) a tutela de urgência e 
(ii) a tutela de evidência. 
 
A primeira pode ser de duas naturezas: 
(a) cautelar ou 
(b) antecipada. 
 
A tutela de urgência, em qualquer de suas naturezas 
(cautelar ou antecipada), poderá ser pleiteada: 
(a) em caráter antecedente ou 
(b) em caráter incidental. 
 
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Quadro resumo 
 
 
2. A URGÊNCIA E A EVIDÊNCIA COMO FUNDAMENTOS DAS 
TUTELAS PROVISÓRIAS 
 
Tendo em vista os fundamentos do art. 294 do CPC, denominamos “tutela de 
urgência” e “tutela da evidência”. 
Ambas as modalidades constituem espécie do gênero tutelas provisórias. 
 
Haverá urgência quando existirem elementos nos autos que evidenciem a 
probabilidade do direito e o perigo na demora na prestação jurisdicional (art. 
300). 
Em outras palavras, se por meio de cognição sumária o juiz verificar que pode ser o 
autor o titular do direito material invocado e que há fundado receio de que esse direito 
possa experimentar dano ou que o resultado útil do processo possa ser comprometido, a 
tutela provisória será concedida sob o fundamento urgência. 
 
Somente a urgência não é suficiente para a concessão da tutela provisória. 
 
Aliás, embora o Código estabeleça que o fundamento é a urgência, esta é menos 
relevante do que a probabilidade. 
 
Pode ser que uma parte demonstre extrema urgência no que se refere a possível dano 
ou ao resultado útil do processo, entretanto, se não demonstrar que o direito afirmado 
não goza de razoável probabilidade, a tutela provisória não será deferida. 
 
 Mais relevante é a probabilidade. 
 
Se o direito postulado é altamente provável, pode­se até considerar que o perigo na 
demora, ou seja, está contido na própria noção de probabilidade. 
 
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Afinal, não seria razoável que quem afirme e comprove um direito com elevada 
carga de probabilidade tivesse que suportar os efeitos deletérios do tempo. 
 
É o que ocorre, por exemplo, com a tutela possessória. Demonstrada o quanto baste 
a existência da posse, o direito é concedido ao autor independentemente de demonstração 
de periculum in mora. 
 
Fato é que, na tutela com base na urgência (é assim a classificação do Código) deve 
o juiz utilizar a fórmula P1 + P2 = 100, onde P1 representa a probabilidade e P2 o 
periculum in mora. É de se lembrar que 100% de P2 não é suficiente para o deferimento 
da tutela. Na composição dos dois requisitos, exige­se, se não integralmente, pelo menos 
uma certa dose de probabilidade. 
Com base nessa fórmula, o legislador também previu o deferimento da tutela da 
evidência. Nesse caso, a dosagem de probabilidade (P1) é de tal ordem que dispensa o 
componente P2 (periculum in mora). Para caracterizar a situação de evidência do 
direito há que se verificar uma das situações contempladas no art. 311. 
Nesse caso, a concessão da tutela independerá da demonstração do perigo da demora 
na prestação jurisdicional, contentando­se com a situação de evidência. 
 
A tutela provisória de urgência pode ser cautelar ou antecipada. 
 
Será cautelar quando buscar preservar os efeitos úteis de uma tutela futura, de 
natureza satisfativa (acautela­se aquilo que um dia poderá ser satisfeito, realizado). 
 
Será antecipada quando conferir eficácia imediata a uma decisão futura, por meio 
da antecipação dos efeitos, total ou parcialmente. 
 
Ambas, no entanto, podem ser identificadas por terem uma mesma finalidade, que 
é minimizar os efeitos do tempo e garantir a própria efetividade do processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Quadro resumo
 
 
3. DISPOSIÇÕES COMUNS A TODAS AS ESPÉCIES DE TUTELAS 
PROVISÓRIAS 
a. A tutela provisória requerida em caráterincidental independe do 
pagamento de custas (art. 295). 
 
A tutela provisória requerida em caráter incidental, ou seja, após o protocolo da 
petição inicial, independe do pagamento de custas, visto que será processada nos 
mesmos autos do pedido principal. 
Há apenas um processo e, em decorrência disso, há o pagamento de custas apenas 
em relação ao primeiro pedido (o principal). 
Tal regra se destina, sobretudo, ao autor. 
Isso porque o réu só tem a possibilidade de pleitear qualquer medida após a citação, 
hipótese em que não haverá pagamento de custas. 
Quanto ao autor, se requerer a tutela provisória antecipadamente, neste ato efetivará 
o pagamento das custas. 
 
b. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, 
mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada (art. 296, 
caput). 
 
Por se tratar de provimento emergencial de segurança, concedida com base em 
cognição sumária, a tutela provisória é revogável. 
Basta para a revogação da medida que se verifique a não existência do direito 
substancial afirmado pelo requerente ou o desaparecimento da situação de perigo 
acautelada. 
 
 
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A modificação ocorrerá, por exemplo, quando, também mediante requerimento da 
parte interessada, entender o juiz que uma medida menos drástica é suficiente para 
acautelar o direito postulado. 
 
Pode­se substituir o arresto pela caução ou protesto contra alienação de bens. A 
revogação dependerá de prévio requerimento da parte contrária, não podendo, portanto, 
ser concedida de ofício. 
 
A tutela provisória de urgência de natureza antecipada, apesar de ter seu 
conteúdo, total ou parcialmente, coincidente com o pleito principal, tem tratamento 
idêntico ao dispensado à tutela provisória cautelar. 
 
Pode o juiz, então, mediante requerimento, justificando as razões de seu 
convencimento, modificar ou revogar a medida concedida, desfazendo a situação 
jurídica pretendida como solução definitiva da controvérsia. 
 
Em síntese, a tutela provisória de urgência (satisfativa ou cautelar) tem duração 
limitada no tempo, produzindo efeitos até que desapareça a situação de perigo, ou até a 
superveniência do provimento final. 
 
A tutela da evidência também é revogável e modificável. 
 
Embora o direito antecipado mediante essa tutela seja qualificado de “evidente”, 
pode essa qualificação ceder quando submetida ao contraditório. 
 
Exemplo: pode o réu, na fase da instrução, apresentar prova capaz de gerar a dúvida 
a que se refere o inc. IV do art. 311, pelo que deve o juiz revogar a tutela inicialmente 
concedida. 
 
Pouco importa se satisfativa ou cautelar; se concedida com base na urgência ou na 
evidência, trata­se de tutela provisória, porque será substituída por uma tutela exauriente 
definitiva, seja de procedência ou improcedência do pedido principal. Igualmente, 
trata­se de tutela temporária, uma vez que seus efeitos são limitados no tempo. 
 
Em qualquer hipótese, a concessão da tutela provisória terá conservada a sua eficácia 
durante o período de suspensão do processo (hipóteses do art. 313), salvo decisão 
judicial em sentido contrário (art. 296, parágrafo único). 
 
 
 
 
 
 
 
 
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c. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para 
efetivação da tutela provisória (art. 297). 
A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao 
cumprimento provisório da sentença, no que couber (parágrafo 
único). 
 
Por meio dessa técnica poderá o juiz determinar as medidas que considerar 
adequadas, tanto de natureza cautelar quanto de natureza antecipada, para efetivação da 
tutela provisória. 
A redação do parágrafo único faz referência à “efetivação da tutela provisória”, 
mandando aplicar, no que couber, as normas referentes ao cumprimento provisório da 
sentença. 
Isso quer dizer que a tutela provisória, quando não for impugnada ou quando a 
impugnação se der mediante recurso ao qual não se tenha atribuído efeito suspensivo, 
poderá ser executada independentemente do trânsito em julgado da decisão que a 
concedeu ou mesmo da análise do mérito da questão principal. 
No entanto, a execução provisória, porque sujeita a ser revogada ou modificada a 
qualquer tempo (art. 296 do CPC), sempre se dará por conta e risco do exequente, 
que ficará obrigado a responder pelos prejuízos eventualmente causados pela medida caso 
ela venha a ficar sem efeito. 
 
d. Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a tutela 
provisória, o juiz justificará as razões de seu convencimento de modo 
claro e preciso (art. 298). 
 
Necessidade de se observar o contraditório antes de proferir a decisão, acredita o 
legislador que a advertência levará o juiz a abster­se de proferir decisões sem 
fundamentos. Aplica­se aqui o disposto no art. 489, § 1º do CPC. 
 
e. A competência para apreciar a tutela provisória será do juízo da causa 
quando ela for requerida em caráter incidental; será do juízo 
competente para conhecer do pedido principal quando requerida em 
caráter antecedente (art. 299). 
 
Quando se tratar de medida (cautelar ou antecipada) incidental, o juiz competente é 
o juiz da causa em tramitação. 
Quando antecedente, faz­se um prognóstico, ou seja, seguindo­se as regras de 
competência, define­se o órgão competente e, então, indica­o na petição inicial. 
 
 
 
 
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Em se tratando de ação de competência originária de tribunal – por exemplo, ação 
rescisória –, segue­se a mesma lógica. A competência será do tribunal. Igualmente se 
passa com a tutela provisória recursal, que pode consistir em tutela antecipatória 
recursal ou concessão de efeito suspensivo a recurso (tutela cautelar). A competência 
para a concessão de tutela provisória em recursos ou em causas de competência 
originária, em regra, será do relator (art. 299, parágrafo único; art. 932, II). 
 
f. Tutela provisória e contraditório – a regra é a concessão antes de 
ouvir o demandado. 
 
De acordo com o disposto no art. 9º, o qual, juntamente com o art. 10, 
consubstanciam o princípio do contraditório, não se proferirá decisão contra uma das 
partes sem que ela seja previamente ouvida. 
Ao mesmo tempo, o parágrafo único do art. 9º excepciona a regra do contraditório 
para as tutelas provisórias fundadas na urgência e na evidência. 
Assim, quanto às tutelas provisórias, em qualquer uma de suas modalidades, a regra 
é que pode ser concedida antes mesmo de ouvir o demandado. 
 
No que respeita à tutela da evidência, fundada nos incisos I (abuso do direito de 
defesa ou protelação) e IV (prova documental suficiente, juntada com a inicial, à qual o 
réu não opõe prova capaz de gerar dúvida) do art. 311, a manifestação do demandado 
na primeira hipótese (inciso I) e ausência ou deficiência probatória na hipótese do inciso 
IV a prévia apresentação da defesa constitui requisito indispensável à caracterização das 
hipóteses, razão pela qual não se cogita da concessão antes de estabelecido o 
contraditório (inc. II, parágrafo único, art. 9º). 
A rigor, em hipótese alguma se veda a concessão da tutela provisória antes da 
manifestação da parte contrária. O que ocorre é que as hipóteses previstas nos incisos I 
e IV do art. 311 só se caracterizam com a manifestação do réu. 
 
4. TUTELA PROVISÓRIA E RECURSO 
Das decisões (interlocutórias) que concedem tutela provisória (cautelar ou 
satisfativa, antecipada ou da evidência) cabe agravo de instrumento. 
As hipóteses de cabimento de agravo de instrumento encontram­se previstas, em 
numerus clausus, no art. 1.015 do CPC. 
Logo no inc. I figura adecisão interlocutória que versa sobre tutela provisória. 
O agravo de instrumento não tem efeito suspensivo automático, mas o relator pode 
concedê­lo (art. 1.019, I). 
 
 
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Quadro resumo 
 
 
 
5. DISPOSIÇÕES GERAIS REFERENTES ÀS TUTELAS DE 
URGÊNCIA (CAUTELAR E ANTECIPADA) 
 
5.1. Fungibilidade entre as tutelas de urgência 
(cautelar e antecipada) 
A fungibilidade é de mão dupla, embora não prevista expressamente no texto do 
parágrafo único do art. 305, pelo que deverá o juiz, presentes os respectivos pressupostos, 
aplicar o procedimento da tutela cautelar requerida equivocadamente como tutela 
antecipada. 
Em nome da efetividade que tal alteração incute no processo de conhecimento, é de 
bom alvitre desprezar diferenças terminológicas. 
 
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Nada obsta que a fungibilidade se estenda também à tutela da evidência. 
 
Requerida a tutela de urgência, pode­se deferir a tutela da evidência, desde que 
demonstrados os requisitos do art. 311, dispensando­se a prova da urgência. 
Ao revés, requerida a tutela da evidência, pode­se deferir a tutela da urgência, desde que 
demonstrado o periculum in mora. 
É isso aí. Não importa o rótulo do perfume, e sim a fragrância. 
 
5.2 Requisitos para concessão das tutelas de urgência 
Como já afirmado, a tutela dita de urgência pode ter natureza cautelar ou 
antecipada (satisfativa). 
O principal requisito para concessão dessa modalidade de tutela é a probabilidade 
do direito invocado, não obstante ela receber a denominação de “tutela de urgência”. 
 Melhor seria se o legislador tivesse escolhido a expressão “tutela do provável” para 
denominar essa espécie de tutela, contrapondo à “tutela da evidência”, figurando o 
provável como um minus em relação à evidência. 
Aliás, na tutela da evidência, o direito afirmado pela parte é de tal ordem provável 
que o legislador se contenta com a evidência do direito substancial, dispensando­se a 
urgência. 
Na tutela do provável, exatamente porque a probabilidade não alcança o grau da 
evidência, exige­se uma certa dose de urgência externa, ou seja, urgência que não esteja 
contida na própria noção do direito afirmado. 
Para a concessão da tutela de urgência exige­se a presença de dois requisitos: 
a) probabilidade do direito invocado mais o perigo de dano ou 
b) a probabilidade do direito invocado mais o risco ao resultado útil do processo 
(art. 300, caput). 
A probabilidade do direito deve estar evidenciada por prova suficiente, de forma 
que possa levar o juiz a acreditar que a parte é titular do direito material disputado. 
 Trata­se de um juízo provisório. 
Basta que, no momento da análise do pedido, todos os elementos convirjam no 
sentido de aparentar a probabilidade das alegações. Essa análise pode ser feita 
liminarmente (antes da citação) ou em qualquer outro momento do processo. 
Pode ser que no limiar da ação os elementos constantes dos autos ainda não permitam 
formar um juízo de probabilidade suficiente para o deferimento da tutela provisória. 
Contudo, depois da instrução, a probabilidade pode restar evidenciada, enseja a 
concessão da tutela requerida. 
Pouco importa se, posteriormente, no julgamento final, após o contraditório, a 
convicção do magistrado seja diferente daquela que se embasou para conceder a tutela. 
 
 
 
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 Para a concessão da tutela de urgência não se exige que da prova surja a certeza 
das alegações, contentando­se a lei com demonstração de ser provável a existência do 
direito alegado pela parte que pleiteou a medida. 
Quanto ao perigo na demora da prestação jurisdicional (periculum in mora), ou 
seja, o perigo de dano ou o risco de que a não concessão da medida acarretará à utilidade 
do processo, trata­se de requisito que pode ser definido como o fundado receio de que o 
direito afirmado pela parte, cuja existência é apenas provável, sofra dano irreparável ou 
de difícil reparação. 
Esse dano pode se referir ao objeto das ações ressarcitórias ou inibitórias. 
O dano ao direito substancial em si ou ao resultado útil do processo acaba por ter 
como referibilidade o direito material, uma vez que o processo tem como escopo 
principal a certificação e/ou a realização desse direito. 
Saliente­se que não basta a mera alegação, sendo indispensável que o autor aponte 
fato concreto e objetivo que leve o juiz a concluir pelo perigo de lesão. 
O fato de um devedor estar dilapidando seu patrimônio pode caracterizar esse 
requisito e ensejar a concessão de uma tutela de urgência que será efetivada mediante o 
arresto de bens. 
Por outro lado, a iminência de vir a público uma publicidade enganosa, com alta 
potencialidade de dano ao consumidor, pode caracterizar o requisito exigido para o 
deferimento da tutela provisória de urgência. 
 
5.3 Prestação de caução real ou fidejussória como requisito para a 
concessão das tutelas de urgência 
Para a concessão da tutela de urgência pode o juiz determinar que o requerente 
preste caução real ou fidejussória (art. 300, § 1º). 
A primeira é aquela prestada sob a forma de garantia real (art. 1.419 do CC), como 
o penhor e a hipoteca. 
Nessa modalidade de garantia, um bem é destinado a assegurar o ressarcimento de 
eventual prejuízo, para, se for o caso, garantir o pagamento das perdas e danos 
decorrentes da execução da medida. 
Já a caução fidejussória é uma espécie de garantia pessoal, no caso prestada por um 
terceiro, que se torna responsável pelo ressarcimento de eventuais prejuízos. 
Segundo parte da doutrina, a exigência de caução é ato discricionário do juiz. 
Contudo, em razão de todos os atos judiciais serem vinculados, preferimos defender que 
a caução vai depender do grau de probabilidade do direito invocado. 
Quanto mais provável o direito, maior é o ônus da parte adversa de suportar os 
efeitos da demora do processo. 
A expressão “conforme o caso”, constante no § 1º do art. 300, além de se referir 
à modalidade da garantia a ser exigida (caução real ou fidejussória), pode ser 
compreendida como faculdade de se exigir ou não a caução. 
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Não é por outra razão que o requisito da caução consta das disposições gerais da 
tutela de urgência, indicando que a tutela da evidência não se condiciona à exigência de 
tal garantia. 
Contudo, diante das circunstâncias do caso concreto, pode o juiz, sempre em decisão 
fundamentada, condicionar o deferimento da tutela da evidência à prestação de caução. 
 
A prestação de caução, entretanto, não pode constituir obstáculo a uma tutela 
adequada. 
Assim, no caso de impossibilidade de prestar caução, em razão de situação de 
hipossuficiência econômica, possível é a dispensa da garantia (art. 300, § 1º, parte final). 
 Exigir caução da parte que não tem meios para prestá­la é o mesmo que negar­lhe a 
tutela adequada. 
 
5.4 Momento para o deferimento das tutelas de urgência 
Quanto ao momento para deferimento da tutela, pode ser liminarmente, na 
hipótese de o requerente, juntamente com o pedido inicial (principal ou de tutela 
antecedente) já apresentar os elementos para aferir a probabilidade e a situação de 
urgência (art. 300, § 2º). 
Também é possível a concessão liminar da medida quando houver fundado receio 
de que a parte contrária, sendo cientificada da medida, possa torná­la ineficaz. 
Por exemplo, desaparecendo com os bens arrestados. 
Quando o pedido inicial não vier instruído com os elementos necessários à aferição 
dos requisitos necessários à concessão da medida, pode­se designar audiência de 
justificaçãoou mesmo aguardar a contestação do réu ou mesmo a audiência de instrução 
e julgamento. 
É de se lembrar que a tutela de urgência pode ser deferida até na sentença ou mesmo 
em grau recursal. 
Sempre será tempo, enquanto útil for, de se antecipar os efeitos da decisão de mérito 
ou de acautelar o direito material postulado. 
A previsão de realização de justificação prévia se restringe às tutelas de urgência. 
 Na tutela da evidência, essa circunstância (a evidência do direito substancial 
afirmado) decorre de situações pré­constituídas (incs. II, III e IV do art. 311) ou que 
aflorarão a partir da contestação do réu (inc. I), daí por que não se cogita de justificação 
prévia. 
Nessa modalidade de tutela provisória, a medida será concedida sempre 
liminarmente ou após a apresentação da defesa. Contudo, nada obsta que a situação de 
evidência possa surgir após a instrução da causa, por exemplo, ensejando o deferimento 
da tutela da evidência. 
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5.5 A reversibilidade dos efeitos da decisão como 
condicionante para deferimento da tutela de urgência de 
natureza antecipada 
O § 3º do art. 300 veda a concessão da tutela de urgência de natureza 
antecipada quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. 
Embora a urgência sirva para qualificar essa modalidade de tutela, o legislador 
supervaloriza a probabilidade. 
Porque na tutela de urgência, a probabilidade é menos acentuada – vez que os 
requisitos referentes ao fumus boni iuris e ao periculum in mora se somam – do que na 
tutela da evidência, exige­se que os efeitos sejam reversíveis. 
Não deixa de ser estranho o fato de a probabilidade, somada à urgência não serem 
suficientes para inverter o ônus da demora da prestação jurisdicional, mas assim é a lei. 
 Na ponderação, o provável e urgente vale menos que o irreversível. 
Essa exigência é justificada pela nossa cultura jurídica, que ao longo do tempo 
sedimentou­se no sentido de pressupor que a realização de um direito exige tutela 
definitiva. 
Exemplo: o autor, em juízo de delibação (provisório), demonstra que o réu é culpado 
pelo acidente automobilístico que o deixou tetraplégico e que tem extrema urgência de 
tratamento de saúde e alimentos. Mesmo assim, seguindo a literalidade da lei, não 
poderia o réu ser compelido a prestar alimentos, já que, em razão da situação de carência 
do autor, uma vez consumidos os alimentos, este não teria condições de restituí­los. 
O contrassenso fez com que doutrina e jurisprudência mitigassem o requisito da 
reversibilidade. 
Há situações em que, não obstante a irreversibilidade do provimento a ser concedido, 
a urgência é tão premente que a espera pela cognição exauriente é capaz de inviabilizar 
a própria utilidade da medida. 
É um caso de potencial irreversibilidade para ambas as partes, diante da qual se 
permite ao julgador proceder a um juízo de ponderação e assim propender à proteção 
daquele que, não possuindo o bem da vida naquele momento, sofrerá maior impacto. 
 Exemplo: consumidor que precisa fazer uma cirurgia de emergência, mas o 
fornecedor (plano de saúde) alega não haver previsão de cobertura. 
Nesses casos, a jurisprudência entende plausível a mitigação desse requisito 
negativo, sob a égide do princípio da proporcionalidade.5 
Espera­se que a jurisprudência cada vez mais mitigue o requisito da reversibilidade, 
uma vez que a interpretação literal do citado dispositivo impede que crises do direito 
material, eivadas de extrema urgência, sejam de pronto estancadas com a concessão da 
tutela adequada, violando o próprio fim a que o instituto se destina. 
 
 
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Na tutela da evidência, em razão da situação (de evidência) do direito em que se 
sustenta, não se exige o tal requisito da irreversibilidade. 
 
5.6 Indenização pelos prejuízos decorrentes da tutela de 
urgência 
A decisão concessiva da tutela provisória, como o próprio termo está a indicar, 
é provisória e temporária. 
Esse atributo, previsto no art. 296, até pela dicção do dispositivo, alcança todas 
as modalidades de tutela provisória. 
Exatamente porque provisória, a efetivação do provimento deve ser feita de forma a 
possibilitar o retorno ao estado anterior, seja por meio da restituição específica do bem 
objeto da efetivação ou da composição de perdas e danos. 
Embora o dispositivo específico que trata do ressarcimento por eventuais prejuízos 
causados pela efetivação da tutela provisória (art. 302) esteja inserido no Título II, 
que trata da tutela de urgência, esse regramento se estende também à tutela provisória 
concedida com base na evidência. 
Isso porque também a tutela da evidência contém o atributo da provisoriedade e por 
ser passível de modificação está sujeita a causar danos à parte adversa. 
É certo que a situação de evidência do direito mitiga em muito a possibilidade de 
reversão dos efeitos da tutela antecipadamente concedida, mas não se pode afastar a 
possibilidade de prejuízos e, portanto, de ressarcimento, mormente em razão de conduta 
dolosa ou culposa da parte requerente. 
De qualquer forma, seguindo a linha do Código, vamos tratar da responsabilidade 
pelo dano oriundo da tutela de urgência. 
A fim de garantir a restituição das partes ao estado anterior, o beneficiário da tutela 
de urgência se obriga a indenizar a parte adversa pelos danos experimentados nas 
seguintes hipóteses, previstas nos incisos do art. 302 = ler 
 
O patrimônio do beneficiário da medida responde pelos prejuízos que a efetivação 
da tutela acarretar, sendo estes liquidados nos mesmos autos e executados de acordo com 
as normas estabelecidas para as execuções por quantia certa. 
A responsabilidade será subjetiva ou objetiva, dependendo da hipótese. 
Nas hipóteses dos incs. I e IV a responsabilidade será subjetiva, isto é, o 
ressarcimento do prejuízo dependerá da prova de que o beneficiário da medida agiu com 
dolo ou culpa ao exercer o direito afirmado. 
Em decorrência dos atributos do direito fundamental de ação não se pode cogitar de 
responsabilidade objetiva pelo simples fato de ter movimentado a máquina judiciária 
com vistas à certificação, com consequente antecipação ou acautelamento, de direito 
controvertido. 
Profª Mestre Cristiane Barrio Novo 
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Nas demais hipóteses (incs. II e III), a culpa já está inserida na descrição 
normativa. 
Exemplo: se “A” disputa com “B” a propriedade de um veículo e, em sede de tutela 
antecipada, consegue ordem para que o bem não seja utilizado por “B”. Caso “B” 
comprove ter sofrido prejuízos porque utilizava o veículo para o trabalho, “A” poderá vir 
a ser responsabilizado. “A” responderá objetivamente, por exemplo, se deferida a medida 
cautelar em caráter antecedente, não deduziu o pedido principal no prazo de trinta dias 
(arts. 308, caput, e 309, I) e por isso o processo foi extinto sem julgamento do mérito. 
“B” terá que provar o dolo ou culpa de “A” (por exemplo, que este obteve a tutela 
provisória com base em falsa prova) se o pedido principal foi julgado improcedente. 
 
Cabe ressalvar que alguns doutrinadores admitem a responsabilidade objetiva em 
qualquer hipótese. Também há precedentes no STJ no sentido de possibilitar a 
responsabilização objetiva pelo simples fato de a antecipação da tutela não ser 
confirmada na sentença. 
 
Quadro resumo 
 
 
 
ANALISE DE CASO PRATICO: 
 
Em 19 de março de 2024, Agenor da Silva Gomes, brasileiro, natural do Rio 
de Janeiro, bibliotecário, viúvo, aposentado, residente na Rua São João 
Batista, n. 24, apartamento 125, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, 
contrata o Plano de Saúde Bem-Estar para prestação de serviços de 
assistência médica comcobertura total em casos de acidentes, cirurgias, 
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emergências, exames, consultas ambulatoriais, resgate em ambulâncias e 
até mesmo com uso de helicópteros, enfim, tudo o que se espera de um dos 
melhores planos de saúde existentes no país. Em 4 de janeiro de 2025, foi 
internado na Clínica São Marcelino Champagnat, na Barra da Tijuca, Rio de 
Janeiro, vítima de grave acidente vascular cerebral (AVC). Seu estado de 
saúde piora a cada dia, e seu único filho Arnaldo da Silva Gomes, brasileiro, 
natural do Rio de Janeiro, divorciado, dentista, que reside em companhia 
do pai, está seriamente preocupado. Ao visitar o pai, no dia 16 de janeiro 
do mesmo mês, é levado à direção da clínica e informado pelo médico 
responsável, Dr. Marcos Vinícius Pereira, que o quadro comatoso do senhor 
Agenor é de fato muito grave, mas não há motivo para que ele permaneça 
internado na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) da clínica, e sim em 
casa com a instalação de home care com os equipamentos necessários à 
manutenção de sua vida com conforto e dignidade. Avisa ainda que, em 48 
horas, não restará outra saída senão dar alta ao senhor Agenor para que ele 
continue com o tratamento em casa, pois certamente é a melhor opção de 
tratamento. Em estado de choque com a notícia, vendo a impossibilidade 
do pai de manifestar-se sobre seu próprio estado de saúde, Arnaldo entra 
em contato imediatamente com o plano de saúde, e este informa que nada 
pode fazer, pois não existe a possibilidade de instalar home care para 
garantir o tratamento do paciente. Desesperado, Arnaldo procura você, 
advogado(a), em busca de uma solução. Redija a peça processual adequada, 
fundamentando-a apropriadamente. 
 
Vamos conversar focados na TUTELA PROVISÓRIA.

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