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1 CURSO ADMINISTRAÇÃO 2015/2 DISCIPLINA: ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES E COMPRAS Prof Nestor Rancich 1. GESTÃO DE ESTOQUES Segundo Corrêa, Gianesi e Caoni, estoque são quantidades ou acúmulos de materiais, peças ou produtos entre fases específicas dos processos de transformação ou de distribuição que proporcionam independência às fases dos processos entre os quais se encontram. Quanto mais independentes forem entre si as fases de um processo, maiores serão os estoques entre as mesmas, de forma que interrupções de uma das fases não acarretam interrupção na outra. Os estoques são meios para coordenar (ajustar) o comportamento da oferta com o comportamento da demanda. Quanto mais dependente a demanda for da oferta, menores as necessidades de estoques, e vice- versa. O estoque é um meio para ajustar o comportamento da oferta com o comportamento da demanda. O conceito de demanda é bastante antigo e utilizado nas áreas de economia e administração. Ambas estudam a demanda do mercado e seu comportamento como sendo variável no decorrer do tempo. Conceitua-se demanda como as várias quantidades que os consumidores estão dispostos e aptos a adquirir em função dos vários níveis de preços possíveis, em determinado período de tempo. Demanda também pode ser conceituada como desejos para atender uma determinada necessidade. Muitas organizações apresentam a demanda de seus produtos de forma sazonal, podendo ser esta diária, horária, semanal, mensal, etc., causando assim alguns problemas de capacidade de atendimento ao mercado consumidor, havendo sobras ou excedente de produtos e em alguns momentos, e falta em outros. A situação ideal seria obter a sincronização entra a demanda e a oferta, buscando manter o nível de estoques o mais próximo possível das necessidades dos clientes. Isso significa ter disponível no momento em que o cliente deseja realizar a compra. Em uma demanda oscilante, sazonal, o perigo reside justamente em não se conseguir atender o consumidor no momento desejado, ou seja, a empresa não perde de vender, ou então, oferece quantidades excessivas em um momento em que o cliente não esteja interessado em adquiri-lo. Nesta situação, a empresa pode perder mercado, pela falta de sincronia da oferta da empresa com a real e efetiva necessidade do cliente. Uma das funções, portanto da gestão de estoques é justamente buscar fazer a sincronia entre os desejos e necessidades de compras dos clientes e a oferta ideal, ou seja, quantidade de produtos disponíveis na empresa para não perder sua venda. Vejamos como exemplo o consumo de água de uma pequena cidade. A demanda de consumo de água potável independe da oferta da mesma (chuva). O fornecedor de água, no caso, possui um comportamento de fornecimento dependendo da região e época do ano, enquanto que o comportamento do comprador – demanda está relacionado com o número de pessoas de determinada região e das estações do ano. Os comportamentos de ambos são totalmente independentes já que as pessoas não consomem mais água nos dias de chuvas e nem menos água em períodos de menos chuvas. Portanto, neste exemplo entre a oferta e 2 a demanda necessita-se ter um estoque (uma represa de água) para conciliar e ajustar as diferentes taxas de consumo da população de água e seu suprimento pelas chuvas. Pelos gráficos, da figura 2.1 a seguir, o comportamento de oferta e consumo é bem diferente. Figura 2.1 – Represa (estoque de água) conciliando o consumo e suprimento de água 2.1 Funções e Objetivos dos Estoques A meta de qualquer empresa é maximizar o lucro sobre seus ativos circulantes e fixos. Estoque significa transformar dinheiro em materiais (matérias primas e componentes, materiais em processo e produtos acabados). Existe, portanto uma situação conflitante entre as disponibilidades de estoque e a vinculação de capital. O departamento de vendas deseja estoque elevado de produtos prontos para poder atender de imediato os clientes. O departamento de compras deseja lotes maiores para negociar e barganhar melhores preços. Os setores de produção desejam produzir lotes maiores para reduzir o custo unitário das peças produzidas. A área financeira objetiva reduzir os estoques para diminuir o capital investido. Portanto a administração de estoques deverá conciliar da melhor maneira os objetivos e interesses de todos, sem prejudicar a operacionalidade da empresa. Porque as empresas devem buscar reduzir ao máximo o estoque? Para aumentar a Rentabilidade do Capital (RC), conforme a fórmula a seguir: RC = Rentabilidade das vendas x Giro do capital Rentabilidade do Capital = Capital Lucro = Venda Lucro x Capital Venda Portanto, quanto maior for o giro do capital ou giro do estoque da empresa maior será sua rentabilidade. Quanto maior for o giro do estoque menor será a quantidade em estoque. Unidade de Tratamento de água Chuvas Comportamento do Suprimento de água Fase 1 Fase 2 Represa (estoque) Comportamento do Consumo de água da cidade Fonte: Adaptado de Corrêa; Gianesi; Caon, 2001, p. 50. 3 2.2 Políticas de Estoque A política de estoque consiste em definir diretrizes que orientam a administração de estoques e levam em consideração os seguintes aspectos e questões: Metas da empresa quanto ao tempo de entrega dos produtos ao cliente; Definição dos materiais a serem estocados; Até que níveis deverão flutuar os estoques para atender as flutuações de demanda; Até que ponto especular com estoques, fazendo compras antecipadas com desconto ou adquirir mais que o necessário com preço menor; Definição da rotatividade dos estoques. Princípios básicos para o dimensionamento e controle de estoques Os princípios básicos que orientam os estoques consistem, segundo Dias (1993, p.29) em determinar os seguintes itens: O que deve permanecer em estoque? Quando reabastecer estoques? Quanto de estoque será necessário para um período predeterminado. Funções da administração de estoques As principais funções da administração de estoques consistem em: Registrar todas as movimentações de entrada ou saída do estoque. Acionar departamento de compras para repor estoques; Controlar os estoques em termos de quantidade e valor; Fazer a guarda do estoque e realizar inventários periódicos Identificar e retirar do estoque itens obsoletos e danificados Fatores que definem a previsão para os estoques A previsão para os estoques parte da previsão de demanda ou do consumo dos materiais, e do tempo que o mesmo pode ser reposto: As informações básicas de demanda são classificadas em duas categorias: Quantitativas: em função do histórico das vendas no passado; correlação das vendas com outros indicadores (nicho de mercado, população, renda per capita, planos de financiamento), influências da propaganda entre outros; Qualitativas: opinião dos gerentes, vendedores, e pesquisa de mercado. 4 2.3 Tipos de Estoques Os estoques podem ser classificados por categorias em função das fases entre processos em que se encontram: estoques de matérias primas – são os materiais que sofrerão alteração no processo de produção ou revendidos a empresas fabricantes ou prestadoras de serviços que necessitam dito material; servem para regular diferentes taxas de suprimento entre o fornecedor e o processo de transformação das matérias primas; estoques de material semi-acabado – para regular diferentes taxas de produção entre doisprocessos de produção; estoques de produtos prontos – para atender diferenças entre as taxas de produção e a demanda do mercado; ou pela forma de pagamento condicionada à venda que denomina-se estoque consignado ou em consignação, que significa que os materiais ou produtos somente serão pagos ao fornecedor à medida que forem sendo vendidos vendidos. 2.4 Razões para se ter e manter estoques Segundo Corrêa, Gianesi e Caonii existem quatro motivos que levam ao surgimento dos estoques: Impossibilidade de coordenar o comportamento da oferta com a demanda ─ no momento em que não é possível haver uma coordenação entre o comportamento da oferta e o comportamento da demanda ou entre duas fases do processo de transformação ou fabricação fazendo com que as curvas de suprimento e consumo não sejam iguais, tem-se a necessidade de ter estoque. Vejamos o exemplo representado na Figura 2.1, onde há um comportamento previsível do consumo de água de determinada comunidade ou cidade e o mesmo está diretamente relacionado com o número de pessoas e das estações do ano. Por outro lado a oferta também possui um comportamento dentro de certa previsibilidade em cada região do planeta, períodos que chove mais e meses que chovem menos, mas seu comportamento não possui nenhuma relação de coordenação com o comportamento do consumo. As pessoas não tomam banho somente nos dias de chuvas e sim independentemente das condições climáticas. Portanto apesar de haver previsibilidade nas curvas de oferta e consumo as mesmas são independentes e sem coordenação alguma, portanto necessitando haver um estoque entre ambos, que na pratica são as represas ou lagos, rios que existem próximos aos pontos de consumo. Outro exemplo que pode ocorrer é entre fases de um processo industrial. Considere, por exemplo, um fornecedor de peças, que por inflexibilidade de seu processo, só fornece lotes múltiplos de 100 peças e o processo produtivo que utiliza essa peça apresenta um consumo mensal de 10 peças por semana, não havendo, portanto, uma coordenação entre suprimento e consumo. A cada compra de peças algum estoque será formado, até que o consumo de 10 peças por semana termine com o estoque e justifique nova compra. Note-se no exemplo que a empresa terá estoque de peças para 10 semanas. Outra possibilidade que poderá ocorrer é a falta de coordenação das informações. Mesmo que as curvas de suprimento e demanda dos materiais tenham certa coordenação, pode haver falta de coordenação das informações de demanda com as informações sobre as necessidades dos fornecimentos para atender a demanda. Outros exemplos semelhantes são aplicados em fabricantes de sorvetes, ovos de Páscoa, calendários, 5 equipamentos de ar condicionado, e outros cujas demandas apresentam picos em pequenos ou determinados períodos do ano; Incerteza – existem situações em que ocorrem imprevistos, nas curvas de consumo e suprimento e neste caso será necessário estabelecer um estoque para que o fluxo da demanda não seja prejudicado. Vejamos como exemplo um fornecedor de peças trabalhando de forma coordenada com o comportamento do consumo no fluxo de 60 peças por hora, e venha a ter um problema técnico em uma de suas máquinas de produção, a qual fica parada por um período de 5 horas. Se a empresa tiver 300 peças em estoque o fluxo da demanda não sofrerá solução de continuidade, caso contrário a demanda não será atendida, no mesmo intervalo de tempo; Especulação ─ existem situações em que a formação de estoque não se dá pela falta de coordenação ou incerteza entre as fase, mas sim por especulação no momento em que empresas antecipam as compras para enfrentar períodos de escassez do material. No ano de 2006 houve falta de aço no mundo, devido ao crescimento de demanda do mercado chinês. Muitas empresas brasileiras que anteviram tal cenário fizeram compras dessa matéria-prima no início do ano para atender o consumo do ano todo. O resultado foi que nesse ano o kg do aço aumentou 90%, pois a escassez e o aumento da demanda provocaram o aumento dos preços. As empresas que compraram o material para sua necessidade anual, realizaram bons lucros Estoque nos Centro de Distribuição (CDs) – Alguns setores do varejo que possuem demanda constante exigem estoques próximos aos mercados consumidores. A maioria dos produtos encontrados em uma rede de supermercados está dentro desta categoria. Como os fabricantes dos produtos nem sempre estão próximos aos pontos de consumo, obriga a existência de Centros de Distribuição com estoques de produtos para atender a demandas dos pontos de venda durante o período de reposição dos materiais pelos seus fabricantes. Outro exemplo de estoque nesta categoria é o estoque de entreposto aduaneiro onde empresas estrangeiras fazem um estoque n entreposto para atender as demandas no período de tempo para trazer de navio ou aéreo a reposição do estoque do entreposto. A gestão de estoque de determinado material ou produto consiste, portanto, tanto quanto possível coordenar seu consumo e seu suprimento. 2.5 Custos de Estoques Os custos de estoques podem ser dimensionados pelos seguintes critérios, segundo Bertaglia (2003. p.329): Custo de aquisição – são os custos relacionados com a compra e a posse do material para estoque. Esta categoria de custo envolve todos os custos de compra incluindo salário e encargos sociais do comprador, custos de cotação licitação, ligações telefônicas ou seja todas as atividades relacionadas com a aquisição do material; 6 Custos de manutenção de estoques – envolvem os custos de armazenagem, movimentação, seguro e proteção e segurança do estoque; Custo de capital – custo do capital (dinheiro) aplicado no estoque. Este custo deve ser obtido através do custo da fonte de capital aplicado em estoque. Não se aplica ao comprador quando o estoque for consignado pelo fornecedor, mas se aplica a este último. Custo de obsolescência – é o custo do material por não ter mais utilidade ao comprador. Nenhum consumidor se interessa mais pelo produto em função da existência de um substituto melhor e superior. 2.6 Gestão de Estoque na Cadeia de Suprimento Integrada Os estoques nos mais diversos pontos da cadeia logística irão depender do ciclo de reposição (Lead Time) de cada elo da cadeia no sentido de que não cesse o fornecimento aos clientes. Segundo Chingiii, o ciclo de reposição da cadeia de suprimento total é conhecido como time-to-market e consequentemente possui um estoque elevado e sobrecarga de custos onerosa. O estoque de abastecimento ao longo de toda a cadeia pode chegar a muitos dias parados nos fornecedores de matérias primas, nas fábricas, nos armazéns, nos depósitos e nas lojas. A tabela a seguir fornece uma idéia de um ciclo time-to-market e o número de dias dos produtos em estoque nas suas diversas fases: Tabela 1 ─ Time-to-Market de uma cadeia de suprimentos tradicional Local do Estoque Nº médio de dias do produto em estoque Loja 60 Distribuidor ou Atacadista 30 Transito fabrica distribuidor 5 Estoque de produtos prontos na Fabrica 15 Processo de Fabricação 20 Estoque de Matérias primas na fabrica 15 Estoque dos Fornecedores de Matéria Prima 20 Total de dias 165 Fonte: adaptado de Ching (2001, p.85) Em termos de custo do produto, os valores envolvidos com os materiais e sua administração em toda a cadeia de suprimentos representam volumes significativos. Deve-se ter o cuidado para que o valor da margem de contribuição de um fornecedor não seja transferido e que este passe a ser um custo variável no elo seguinte da cadeia de suprimento, pois nesse caso haveria um efeito em cascata, do valor da margemde contribuição de cada empresa da cadeia de suprimento, e que de forma alguma deva ser repassado ao cliente final. A competição pelos mercados faz com que as cadeias de suprimentos melhores gerenciadas em termos dos custos de materiais e sua administração na cadeia sejam mais competitivas que outras. As empresas da cadeia de suprimentos devem encontrar formas de que margens de contribuição de seus 7 negócios não se tornem custos variáveis e sim obter a margem de contribuição global e distribuí-la nos elementos da cadeia em função da proporcionalidade do valor agregado ao cliente de cada parte da cadeia. A gestão de estoque na cadeia de suprimento deve ser integrada à luz do ciclo de cada etapa. Na medida em que os valores dos materiais se tornam mais caros, mais rápido deverá ser o ciclo das operações e mais próximos deverão estar seu integrantes. Vejamos por exemplo as modernas montadoras de automóveis em que seu fornecedores sistemistas localizados ao seu arredor na mesma área industrial. Uma redução no ciclo total da cadeia de suprimento ou no time-to-market cria considerável vantagem competitiva, além de reduzir custos e aumentar as vendas. A avaliação da administração de materiais e gestão dos estoques na cadeia de suprimento no sentido de desenvolver e implantar uma estratégia competitiva deve analisar os seguintes pontos da cadeia, apresentados por Ching (2001, p.88): Os custos dos materiais do produto; Os custos logísticos das informações na cadeia; Os custos de transferência do produto na cadeia; Os tempos dos processos em toda a cadeia (ciclos em cada processo); Custo total da cadeia (variáveis e fixos); Valor a ser criado aos clientes; Capacidades e competências atuais e tendências demandadas; Processos que possam ser integrados visando reduzir custos; Relacionamento e comunicação entre os integrantes da cadeia. Ainda segundo Ching (2001, p.89), a cadeia de suprimento integrada e que define o time-to-market é estruturada em três grandes blocos. Logística de suprimentos – este bloco é o primeiro da cadeia e envolve todas as relações entre os fornecedores de matérias primas componentes e outras peças aos fabricantes dos produtos. Trata também dos meios de transporte e da movimentação de matérias primas e componentes aos fabricantes dos produtos. Na logistica de suprimentos, a atividades de compras assumem papel estratégico, sendo essenciais e importantes por envolver a categorização dos materiais, o processo de procura, a qualificação e gerenciamentos dos fornecedores, entre outros; Logística de manufatura ou produção – não envolve relação externa a não ser a terceirização de serviços e trata de todas as operações internas de produção da empresa. O estratégico neste bloco é sincronizar a produção às demandas dos clientes tendo a menor quantidade possível de materiais em processo, flexibilidade e rápidas respostas ao mercado, e altos níveis de qualidade; 8 Logística de distribuição – envolve as relações fabricante, distribuidor, varejista e cliente final. Na logística de distribuição, a melhor estratégia é formar alianças com parceiros dos canais que atendam os clientes ao menor custo. Também deve haver um sincronismo com a demanda e os modais de transporte de distribuição ao mercado são fatores extremamente importantes e exigem profunda análise quanto ao estudo das alternativas. A logística de manufatura e distribuição são abordadas em outras disciplinas do curso de Administração. 2.7 Logística de Suprimento Suprimentos é a fonte de todas as matérias primas, embalagens, componentes e outros insumos para atender as necessidades de conversão e fabricação dos produtos da logística de produção. A gestão de estoques na logística de suprimento exige relações comerciais e integração de processos, entre empresa e fornecedor, estreitas e duradouras. Algumas empresas não dão muita importância a logística de suprimentos enquanto para outras é extremamente estratégico. Tudo dependerá do número de matérias primas, componentes e fornecedores envolvidos. Não se deve subestimar a importância estratégica de suprimentos que terá maior ou menor importância em função das características de cada negócio e empresa. Os volumes movimentados no canal de suprimentos via de regra tendem a ser bem menores do que no canal de distribuição. Por ser o primeiro bloco na cadeia logística, e, portanto a mais distante do cliente final, é a mais afetada pelas variações do mercado e mais difícil de sincronizá-la com a demanda dos clientes. Segundo Chingiv, a estrutura da logística de suprimentos deve atender alguns requisitos essenciais nas seguintes áreas: Sistemas e processos – deve haver sistema de informação integrados, codificação de materiais e codificação de fornecedores, sistemas informatizados dimensionados adequadamente e integrados com fornecedores e controle de custos; Organização – deve conter um sistema de procura, seleção, avaliação, certificação e cadastramento de fornecedores, elaboração e análise de contratos, controladoria no sistema de compras; posicionamento do setor de compras na organização e equipes de compras por categoria de produtos; Recursos Humanos – pessoal com conhecimento técnico nos materiais, com habilidades e competências em negociações de compras, programas de treinamento e incentivar o trabalho em equipe. De acordo com o referido autor, os desafios da logística de suprimentos, ao fugir do tradicional, buscando a excelência são apresentadas no quadro a seguir: 9 Quadro 2.2 ─ Características do estado de excelência versus enfoque tradicional Atividades Enfoque Tradicional Busca da Excelência Fornecedores Âmbito local. Âmbito Internacional na busca dos mais competitivos. Relações com Fornecedores Meramente comerciais em cada transação. Visão de parceria aliança estratégica com objetivos comuns de longo prazo. Negociações Âmbitos dos interesses das partes. Âmbito dos interesses das partes com visão estratégica na cadeia de suprimentos. Seleção dos Fornecedores Baseada em preço Baseada em desempenho e resultado final. Sistema de Informações e Comunicação Realizada através de correspondências, telefone e reuniões presenciais. Sistemas de informática interligados com fornecedores permitindo troca de informações on-line. Quantidade da compra Para as necessidades de curto prazo Acordos e contratos de longo prazo com entregas freqüentes. Qualidade do produto Exige Inspeção e aceitação pela empresa compradora. Qualidade assegurada na fonte pelo Fornecedor. Fatores de decisão O menor custo visto isoladamente por cada empresa. O menor custo total na cadeia de suprimento. Fonte: Adaptado de Ching, 2001, p. 96-97. A gestão de estoque sob a visão moderna da cadeia de suprimento requer uma maior integração entre as empresas da cadeia. Essa integração promove melhoria de produtividade e benefícios competitivos resultantes de alguns pontos, segundo Ching (2001, p.98): Relações comerciais mais fortes e duradouras; Sintonia da demanda e oferta mais ajustada possibilitando menores quantidades de material em estoque; Racionalização nos processos de comunicação reduzindo burocracia; Redução de custos na cadeia de suprimentos; Melhor controle dos processos; Confiabilidade e garantia no cumprimento dos prazos de entrega; Foco comum nos requisitos de qualidade; Promove a interface multifuncional das empresas 2.8 Relações de parceria estratégica com fornecedores Segundo a consultoria Vantinee Associados, “parceria pode ser definida como um relacionamento comercial sob medida com base em confiança mútua, abertura, riscos e recompensas compartilhados que 10 proporcionam vantagem competitiva estratégica, resultando em um desempenho melhor do que seria possível individualmente”.v As parcerias são fortemente recomendadas para melhor promover a cadeia de suprimentos e se criar maior vantagem ao cliente final. A parceria permite ganhos de eficiência operacional, e assim constitui-se em uma barreira para reagir à concorrência, assegurando e fortalecendo posições. Exemplos de empresas nacionais que realizaram estratégias de parcerias com seus fornecedores e distribuidores são a Embraer (fabrica de aviões localizada em São José dos Campos, SP) e a Marcopolo (fabrica de ônibus localizada na cidade de Caxias dos Sul, RS). Ambas desenvolveram uma rede de suprimentos ou logística em sua cadeia de negócios envolvendo tanto fornecedores nacionais como estrangeiros, o que as tornou bastante competitivas perante seus concorrentes estrangeiros, que também desejam entrar no mercado brasileiro mas enfrentam grandes barreiras pela rede de parcerias que essas empresas criaram. A arquitetura e os projetos de parcerias custam tempo e dinheiro. Exigem grande dedicação das diretorias e corpo gerencial das empresas para compatibilizar culturas organizacionais, e estilos gerenciais, análise dos aspectos e competências técnicas e gerenciais das partes e o desenvolvimento do clima de confiabilidade mútua. O quadro a seguir apresenta uma comparação entre relacionamento colaborativo e de parceria. Quadro 2.3 ─ Características do estado de excelência versus enfoque tradicional Componente Nível Colaborativo Nível de Parceria Confiança Cada parceiro desempenha seu papel com honestidade e ética. Confiança centrada na qualidade do produto. A relação de confiança entre parceiros é total. Fornecimento considerado uma extensão da produção da fabrica. Entrega de Produtos Conforme programação. Atrasos ocorrem pelas restrições. Entrega just-in-time de acordo com a demanda do cliente. Sistema de produção Misto de empurrar (previsão de vendas) e puxar (demanda). Direcionado unicamente pela demanda do mercado (puxar). Nível de Estoque Estoque usado para compensar confiabilidade, flexibilidade e capacidade de produção. Estoque em processo hoje para entrega amanhã. Planejamento Realizado em conjunto eliminando conflitos. Realizado previamente e em níveis multidisciplinares. Comunicação Maior regularidade em certos níveis hierárquicos. Sistemas de comunicações interligados em todos os níveis. Escopo A parceria representa parcela modesta dos negócios. A parceria reflete a filosofia da relação. Contrato Em termos gerais e com longa duração. Em termos gerais e refletem a filosofia da relação de parceria. Fonte: Ching (2001, p.101). Resumo Vimos neste capitulo a importância da gestão dos estoques nas empresas. Os estoques de materiais devem ser dimensionados de tal forma para atender a demanda do mercado, e consequentemente a empresa deixe de vender ao cliente, e por outro lado que não tenham quantidades excessivas imobilizando 11 desnecessariamente capital e onerando os custos da empresa. O dimensionamento dos estoques está diretamente correlacionado com a dependência ou não do comportamento da demanda com o comportamento da oferta. Viu-se também a importância das parcerias entre fornecedor e comprador na gestão dos estoques e quais as tendências para tornar esta atividade mais produtiva e competitiva na cadeia de suprimentos. Referencias BERTAGLIA, P. R. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2003. Este autor enfoca a cadeia de abastecimento sob enfoque estratégico e aborda a importância da Tecnologia da Informação e as soluções em plataformas integradas na cadeia de suprimento para resposta mais rápidas e efetivas as demandas do mercado. CHING, H. Y. Gestão de Estoques na Cadeia de Logística Integrada. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. Este livro aborda muito bem a visão do estoque na cadeia de suprimento, e como repensar a logistica de suprimentos agragando valor ao cliente. CORREA, H.; GIANESI, I. G.N; AON, M. Planejamento Programação e Controle da Produção. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001. Esta obra, apesar de abordar o Planejamento Programaçao e Controle da Produção, explica muito bem a necessidade dos estoques, sua importancia e seu dimensionamento adequado. DIAS, M.A. P. Administração de Materiais – Uma abordagem Logistica. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1993. Este autor foi um dos primeiros da literatura nacional que tratou a administração de materiais de forma independente da administração da produção e trabalha de forma muito objetiva os conceitos funções sobre administração de materiais e estoques GONÇALVES, P. S. Administração de Materiais. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Este autor aborda a Administração de Materiais sob uma visão ampla e moderna, caracterizando a importância da integração na cadeia de suprimentos para incrementar vantagens competitivas às organizações ATIVIDADES 1) Como definir o nível adequado de estoques entre fases com comportamento de oferta e demandas independentes? 2) Como definir o nível adequado de estoques entre fases com comportamento de oferta e demandas dependentes? 3) Em que situações os estoques devem ter caráter especulativo? 4) Como o lead time e o time-to-market interferem nas quantidades em estoque? 5) Faça um comparativo entre gestão de estoque na concepção tradicional e na concepção moderna. i Corrêa, Gianesi e Caon, 2001, p. 49. ii Corrêa, Gianesi e Caon, 2001, p. 52. iii Ching, 2001, p. 85. iv Ching, 2001, p. 95. v Ching, 2001, p. 99.
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