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Questões sobre prescrição

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Questões sobre prescrição:
Primeira questão:
C, condenado por roubo à pena de 4 anos de reclusão, iniciou o cumprimento de sua pena no dia 06.08.1991, tendo fugido dois anos após essa data. No dia 01.02.1997, cometeu novo delito de roubo, cuja sentença condenatória só transitou em julgado um ano depois. Ocorreu prescrição do primeiro crime de roubo?
Resposta: o caso trata de um assunto relacionado à prescrição da pretensão executória. Se o sujeito foi condenado à pena de 4 anos, a princípio, a prescrição ocorre em 8 anos (art. 109, IV). Com o início do cumprimento da pena, o prazo prescricional é interrompido e permanece interrompido enquanto o condenado estiver cumprindo a pena. Como ele fugiu dois anos após, ou seja, no dia 05.08.1993, nesta data, a prescrição executória voltou a correr. Como ele cometeu um novo crime no dia 01.02.1997, ao cometer este novo crime, ele é reincidente e a reincidência interrompe o prazo prescricional. Assim, o prazo prescricional que começou a correr com a fuga foi interrompido quando ele cometeu um novo crime em reincidência. Desta forma, não há prescrição no caso uma vez que do dia que ele fugiu (05.08.1993) até o dia que ele cometeu um novo crime, sendo reincidente, dia 01.02.1997, não transcorreram 4 anos, novo prazo prescricional.
Lembrem-se de que, quando o sujeito cumpre parte da pena e foge, o prazo a ser jogado na tabela do art. 109 é o do tempo que resta da pena. No caso relatado acima, a partir da fuga, como restavam dois anos a serem cumpridos, são os dois anos que deverão ser jogados na tabela do art. 109, o que dá um novo prazo prescricional de quatro anos, segundo o art. 109, V, do CPB. 
Lembrem-se, ainda, de que a reincidência ocorre quando o sujeito comete um novo crime (art. 63 do CPB).
Segunda questão:
D, condenado a 2 anos de reclusão por seqüestro, teve sua sentença na primeira instância publicada em 13.03.1993. Interpostos recursos pela apelação e pela defesa, o tribunal elevou a pena para 3 anos, em acórdão de 26.04.1998. Ocorreu a prescrição superveniente nesse caso?
Resposta:
Nesse caso, não se pode analisar a prescrição da pretensão punitiva pela pena em concreto levando-se em consideração a pena de dois anos, pena que foi fixada na sentença, pois para se analisar esse tipo de prescrição tem que haver sentença penal condenatória e transito em julgado para a acusação, ou seja, a acusação não ter recorrido visando a agravar a pena. Como neste caso ocorreu o recurso da acusação e a pena foi elevada para 3 anos, o prazo prescricional que antes era de de 4 anos, passou a ser de 8 anos, com a pena elevada pelo tribunal para 3 anos. 
Em conclusão: só podemos analisar prescrição da pretensão punitiva pela pena aplicada superveniente quando já existir sentença penal condenatória e transito em julgado para a acusação. O que não ocorreu no caso concreto.
Terceira questão: 
E, 71 anos de idade, foi condenado em sentença publicada em 23.11.1997 a 4 anos de reclusão pelo delito de extorsão praticado em 03.09.1992, mas cuja denúncia só foi oferecida em 05.10.1993. Ocorreu prescrição retroativa na hipótese em apreço?
Resposta:
No caso concreto, a pena do crime de extorsão é de 4 a 10 anos (art. 158 do CPB).
No caso de pena de 4 anos, a prescrição ocorrerá em 8 anos (art. 109, IV, do CP).
No caso de uma pena de 10 anos, a prescrição ocorrerá em 16 anos (art. 109, II, do CPB).
No problema, o réu foi condenado a uma pena de 4 anos. O problema não fala se houve o transito em julgado para a acusação. Assim, podemos responder partindo de duas premissas diferentes:
Se já houve o transito em julgado para a acusação, a prescrição da pretensão punitiva pela pena aplicada retroativa pode ser analisada. Como da data de recebimento da denúncia (dia 05.10.1993) até a data da sentença penal condenatória (dia 23.11.1997) não transcorreram 8 anos, não há prescrição. Entretanto, no caso concreto, o condenado tem 71 anos de idade, o que faz com que o prazo prescricional venha para a metade (art. 115 do CP), ou seja, 4 anos. Diante deste cenário, da data de recebimento da denúncia (05.10.1993) até a data da SPC (23.1.1997) já transcorreram mais de 4 anos. Desse modo, a prescrição da pretensão punitiva pela pena retroativa ocorreu no dia 4.10.1997, às 24h00min.
Se considerarmos que não houve trânsito em julgado para acusação, considerando que a pena para o crime de extorsão é de 4 a 10 anos e a sentença penal condenatória fixou a pena em 4 anos, não se pode analisar a prescrição da pretensão punitiva pela pena aplicada retroativa, uma vez que a análise dessa prescrição exige o transito em julgado para a acusação, não podendo mais a pena fixada na sentença ser elevada.

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