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PDF SINTÉTICO COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Livro Eletrônico Presidente: Gabriel Granjeiro Vice-Presidente: Rodrigo Calado Diretor Pedagógico: Erico Teixeira Diretora de Produção Educacional: Vivian Higashi Gerência de Produção de Conteúdo: Magno Coimbra Coordenadora Pedagógica: Élica Lopes Todo o material desta apostila (incluídos textos e imagens) está protegido por direitos autorais do Gran. Será proibida toda forma de plágio, cópia, reprodução ou qualquer outra forma de uso, não autorizada expressamente, seja ela onerosa ou não, sujeitando-se o transgressor às penalidades previstas civil e criminalmente. CÓDIGO: 231129303641 BRUNO PILASTRE Doutor em Linguística pela Universidade de Brasília. É autor de obras didáticas de Língua Portuguesa (Gramática, Texto, Redação Oficial e Redação Discursiva). Pela Editora Gran Cursos, publicou o “Guia Prático de Língua Portuguesa” e o “Guia de Redação Discursiva para Concursos”. No Gran Cursos Online, atua na área de desenvolvimento de materiais didáticos (educação e popularização de C&T/CNPq: http://lattes.cnpq.br/1396654209681297). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 3 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre SUMÁRIO Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 PDF Sintético de Interpretação e Compreensão de Textos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1. Interpretação e Compreensão de Textos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.1. Pressupostos e subentendidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.2. Vozes Discursivas e Tipos de Discurso | Intertextualidade . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.3. Elementos da Comunicação e Funções da Linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.4. Níveis de Linguagem | Variação Linguística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2. Tipologias e Gêneros Textuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.1. Os Gêneros Textuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 3. Coesão e Coerência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 4. Semântica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 4.1. Denotação e Conotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 4.2. Sinonímia e Antonímia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 4.3. Polissemia e Ambiguidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 5. Figuras e Vícios de Linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 6. Reescrita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Questões de Concurso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Gabarito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Gabarito Comentado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 Anexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 4 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre APRESENTAÇÃOAPRESENTAÇÃO Escrever um livro é algo desafiador. Porém, escrever para o público concurseiro torna a tarefa ainda mais árdua. Afinal, há candidatos com diferentes níveis de conhecimento, estudando para seleções de áreas variadas. No entanto, existe algo em comum entre aqueles que se preparam para um concurso público: todos querem a aprovação o mais rápido possível e não têm tempo a perder! Foi pensando nisso que esta obra nasceu. Você tem em suas mãos um material sintético! Isso porque ele não é extenso, para não desperdiçar o seu tempo, que é escasso. De igual modo, não foge da batalha, trazendo tudo o que é preciso para fazer uma boa prova e garantir a aprovação que tanto busca! Também identificará alguns sinais visuais, para facilitar a assimilação do conteúdo. Por exemplo, afirmações importantes aparecerão grifadas em azul. Já exceções, restrições ou proibições surgirão em vermelho. Há ainda destaques em marca-texto. Além disso, abusei de quadros esquemáticos para organizar melhor os conteúdos. Tudo foi feito com muita objetividade, por alguém que foi concurseiro durante muito tempo. Para você me conhecer melhor, comecei a estudar para concursos ainda na adolescência, e sempre senti falta de ler um material que fosse direto ao ponto, que me ensinasse de um jeito mais fácil, mais didático. Enfrentei concursos de nível médio e superior. Fiz desde provas simples, como recenseador do IBGE, até as mais desafiadoras, sendo aprovado para defensor público, promotor de justiça e juiz de direito. Usei toda essa experiência, de 16 anos como concurseiro, e de outros tantos ensinando centenas de milhares de alunos de todo o país para entregar um material que possa efetivamente te atender. A Coleção PDF Sintético era o material que faltava para a sua aprovação! Professor Aragonê Fernandes APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR Professor Bruno Pilastre Doutor em Linguística pela Universidade de Brasília. Professor Efetivo do Instituto Federal de Goiás. No Gran, é autor de materiais didáticos de Gramática, Texto, Redação Oficial e Redação Discursiva. Olá! Sou o professor Bruno Pilastre, autor do PDF Sintético de Interpretação e Compreensão de Textos. Meu objetivo, ao longo desta aula, é simples: ser sintético, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 5 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre relevante e preciso na abordagem do conteúdo de Texto em concursos públicos. Para atingir esse objetivo, utilizarei os meus 15 anos de experiência na elaboração de obras didáticas preparatórias para processos seletivos e toda a minha trajetória acadêmica (Graduação, Mestrado e Doutorado). Espero atender todas as suas demandas. É isso. Feita essa rápida apresentação, podemos iniciar os trabalhos! O conteúdo deste livroorientação geral com relação a isso. São iniciativas locais. Não tenho como quantificar, mas não é algo absolutamente novo”, diz. Ensinar a escolher A educação financeira é pauta no Brasil antes mesmo da BNCC. Em 2010 foi instituída, por exemplo, a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), com o objetivo de promover ações O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 31 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre de educação financeira no Brasil. Na página Vida e Dinheiro, da entidade, estão disponíveis livros didáticos que podem ser baixados gratuitamente e outros materiais informativos para jovens e para adultos. As ações da Enef são coordenadas pela AEF-Brasil. Claudia explica que a AEF-Brasil foi convocada pelo Ministério da Educação (MEC) para disponibilizar materiais e cursos para preparar os professores e, com isso, viabilizar a implementação da educação financeira nas escolas. As avaliações mostram que o Brasil ainda precisa avançar. No Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2015, o Brasil ficou em último lugar em um ranking de 15 países em competência financeira. O Pisa oferece 4 avaliações em competência financeira de forma optativa aos países integrantes do programa. O resultado da última avaliação dessa competência, aplicada em 2018, ainda não foi divulgado. Os resultados disponíveis mostram que a maioria dos estudantes brasileiros obteve desempenho abaixo do adequado e não conseguem, por exemplo, tomar decisões em contextos que são relevantes para eles, reconhecer o valor de uma simples despesa ou interpretar documentos financeiros cotidianos. É CORRETO afirmar que esse texto pertence ao domínio discursivo: a) Escolar. b) Jornalístico. c) Acadêmico. d) Publicitário. 017. 017. (SELECON/ASSISTENTE/CRA-RR/2021) Os desafios da conservação da água no Brasil Um dos países com maior disponibilidade de recursos hídricos do mundo, o Brasil tem problemas com seus indicadores de água. O acesso à água tratada e à coleta e tratamento de esgoto no país é desigual. As áreas urbanas tendem a ter índices melhores, enquanto áreas irregulares e afastadas são mais prejudicadas. Além de políticas públicas que assegurem o atendimento, que é dificultado pela distribuição desequilibrada da água e da população no território brasileiro, outro imbróglio é a conservação do próprio recurso, que enfrenta desafios. Falta de saneamento Um dos maiores vilões da qualidade da água no Brasil é a oferta de saneamento básico. Pouco mais da metade da população brasileira, 52,4%, tinha coleta de esgoto em 2017, e apenas 46% do esgoto total é tratado, de acordo com o Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento. Dessa forma, um grande volume de esgoto não coletado ou não tratado é despejado em corpos d’água, provocando problemas ambientais e de saúde. “Essa falta de infraestrutura de saneamento básico tem um impacto brutal na qualidade das águas de todo o país”, diz o especialista Carlos. Não só a carência de coleta e de tratamento de esgoto é problemática, mas também a poluição causada por indústrias e pela agricultura, como o lançamento de agrotóxicos. Desmatamento, em especial no Cerrado O desmatamento de matas ciliares, que acontece em todas as bacias hidrográficas do Brasil, altera a quantidade e a qualidade dos corpos hídricos. Essa vegetação protege o solo, ajuda na infiltração da água da chuva e na alimentação do lençol freático e permite a recarga dos aquíferos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 32 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Sua retirada aumenta o assoreamento, a perda do solo, a erosão e a taxa de evaporação da água. Segundo José Francisco Gonçalves Júnior, professor do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB), todos esses impactos reunidos podem levar a uma indisponibilidade natural de recursos hídricos. Em outra frente, o desmatamento do Cerrado, considerado a “caixa d’água do Brasil” por causa de sua posição estratégica na formação de bacias hidrográficas, vem sendo devastado pela expansão da fronteira agrícola. “Qualquer alteração no Cerrado pode levar a uma degradação de inúmeras bacias hidrográficas de extrema relevância para obtenção de recursos hídricos brasileiros”, afirma Gonçalves. Para o professor, o uso do solo do bioma teve um efeito positivo na produtividade agrícola, mas a falta de uma regulação mais firme tem levado a uma superexploração, com vários danos. “Perda de território, de recarga de aquíferos, uma perda muito grande de nascentes e uma degradação e diminuição da disponibilidade de água”, enumera. (Disponível em https://www.dw.com/pt-br/os-desafios-daconserva%C3%ATH%C3%A30-da- %C3%A1 A presença de falas de especialistas é uma das características que revela o pertencimento do texto ao tipo: a) jornalístico b) filosófico c) literário d) jurídico 018. 018. (CEBRASPE/ANALISTA/PGE-PE/2019) Texto CB2A1-I 1| Raras vezes na história humana, o trabalho, a riqueza, o poder e o saber mudaram simultaneamente. Quando isso ocorre, sobrevêm verdadeiras descontinuidades que marcam 4| época, pedras miliares no caminho da humanidade. A invenção das técnicas para controlar o fogo, o início da agricultura e do pastoreio na Mesopotâmia, a organização da democracia na 7| Grécia, as grandes descobertas científicas e geográficas entre os séculos XII e XVI, o advento da sociedade industrial no século XIX, tudo isso representa saltos de época, que 10| desorientaram gerações inteiras. Se observarmos bem, essas ondas longas da história, como as chamava Braudel, tornaram-se cada vez mais curtas. 13| Acabamos de nos recuperar da ultrapassagem da agricultura pela indústria, ocorrida no século XX, e, em menos de um século, um novo salto de época nos tomou de surpresa, 16| lançando-nos na confusão. Dessa vez o salto coincidiu com a O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 33 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre rápida passagem de uma sociedade de tipo industrial dominada pelos proprietários das fábricas manufatureiras para uma 19| sociedade de tipo pós-industrial dominada pelos proprietários dos meios de informação. O fórceps com o qual a recém-nascida sociedade 22| pós-industrial foi extraída do ventre da sociedade industrial anterior é representado pelo progresso científico e tecnológico, pela globalização, pelas guerras mundiais, pelas revoluções 25| proletárias, pelo ensino universal e pelos meios de comunicação de massa. Agindo simultaneamente, esses fenômenos produziram uma avalanche ciclópica — talvez a 28| mais irresistível de toda a história humana — na qual nós, contemporâneos, temos o privilégio e a desventura de estar envolvidos em primeira pessoa. 31| Ninguém poderia ficar impassível diante de uma mudança dessa envergadura. Por isso a sensação mais difundida é a desorientação. 34| A nossa desorientação afeta as esferas econômica, familiar, política, sexual, cultural... É um sintoma de crescimento, mas é também um indício de um perigo, porque 37| quem estádesorientado sente-se em crise, e quem se sente em crise deixa de projetar o próprio futuro. Se deixarmos de projetar nosso futuro, alguém o projetará para nós, não em 40| função de nossos interesses, mas do seu próprio proveito. Domenico de Masi. Alfabeto da sociedade desorientada: para entender o nosso tempo. Trad. Silvana Cobucci e Federico Carotti. São Paulo: Objetiva, 2017, p. 93-4 (com adaptações). O texto caracteriza-se como dissertativo-argumentativo, devido, entre outros aspectos, à presença de evidências e fatos históricos utilizados para validar a argumentação do autor. 019. 019. (INÉDITA/2023) A frase abaixo que mostra a presença do discurso indireto livre é: a) Sentiu o cheiro bom dos preás que desciam do morro, mas o cheiro vinha fraco e havia nele partículas de outros viventes. Parecia que o morro se tinha distanciado muito. b) A cachorra Baleia assustou-se. Que faziam aqueles animais soltos de noite? A obrigação dela era levantar-se, conduzi-los ao bebedouro. c) Pouco a pouco a cólera diminuiu, e sinhá Vitória, embalando as crianças, enjoou-se da cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios. d) Nesse momento Fabiano andava no copiar, batendo castanholas com os dedos. Sinhá Vitória encolheu o pescoço e tentou encostar os ombros às orelhas. e) Defronte do carro de bois faltou-lhe a perna traseira. E, perdendo muito sangue, andou como gente em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 34 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 020. 020. (INÉDITA/2023) Alguns narradores, como os de Machado de Assis, interrompem suas narrativas para fazer comentários com os leitores; o trecho abaixo em que o narrador comenta o processo de composição da narrativa é: a) “Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contracção cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...” b) “Tinha dezessete anos; pungia-me um buçozinho que eu forcejava por trazer a bigode. Os olhos, vivos e resolutos, eram a minha feição verdadeiramente máscula. Como ostentasse certa arrogância, não se distinguia bem se era uma criança com fumos de homem, se um homem com ares de menino.” c) “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho juvenil.” d) “A Casa Verde foi o nome dado ao asilo, por alusão à cor das janelas, que pela primeira vez apareciam verdes em Itaguaí. Inaugurou-se com imensa pompa; de todas as vilas e povoações próximas, e até remotas, e da própria cidade do Rio de Janeiro, correu gente para assistir às cerimônias, que duraram sete dias.” e) “Nisto, o cônego estremece. O rosto ilumina-se-lhe. A pena, cheia de comoção e respeito, completa o substantivo com o adjetivo. Sílvia caminhará agora ao pé de Sílvio, no sermão que o cônego vai pregar um dia destes, e irão juntinhos ao prelo, se ele coligir os seus escritos, o que não se sabe.” 021. 021. (INÉDITA/2023) Todos os segmentos textuais abaixo são pertencentes à dinâmica do discurso argumentativo; o segmento em que a argumentação constitui uma falácia é: a) Restrições que apresentam impactos inegáveis, como afirma o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho, Bob Machado: “com a pandemia, há um aumento das desigualdades sociais”. b) No fim, e mesmo considerando uma certa margem de erro dadas as diferenças de metodologia, o saldo negativo de 191 mil vagas de 2020 ainda foi um resultado bem menos catastrófico que o de 2015 (perda de 1,54 milhão de postos de trabalho) e 2016 (saldo negativo de 1,32 milhão), quando o Brasil não teve pandemia nem lockdown. c) Portanto, atitudes legislativas direcionadas à efetivação e reconhecimento de direitos, como férias, 13º salário e FGTS, ainda confrontam a persistência de práticas de raiz O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 35 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre escravocrata. Recentes casos julgados pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, como o “Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde vs. Brasil”, condenaram o Estado pela ausência de proteção dos trabalhadores contra práticas de trabalho forçado. d) Machado de Assis é o maior escritor brasileiro porque nenhum outro foi capaz de produzir uma obra que atingisse a mesma magnitude da criação literária do Bruxo do Cosme Velho. e) Em relação ao perfil social das pessoas resgatadas de escravidão contemporânea até o momento em 2021, dados do Seguro-Desemprego do trabalhador resgatado mostram que 89% são homens; 49% têm entre 18 e 39 anos; e 35% residem no Nordeste. Quanto ao grau de instrução, 21% declararam só ter cursado até o 5º ano, 20% haviam estudado do 6º ao 9º ano e outros 18% tinham ensino médio completo. 022. 022. (INÉDITA/2023) Das falácias argumentativas abaixo, aquela que exemplifica uma simplificação exagerada é: a) “Se se defende a restrição à venda de armas de fogo para se evitar assassinatos, devemos também restringir a venda de motosserras. Basta lembrar o caso de Paraipaba, em que um homem tentou assassinar com uma motosserra um desafeto”. b) “As jornalistas Aline Valek e Clara Averbuck lançaram um blog chamado “Escritório Feminista” na Carta Capital. Certamente vão falar mal dos homens, pois é isso o que toda feminista faz”. c) Os africanos gostavam de ser escravos. Como disse Daenerys Targaryen, de Game of Thrones, “As pessoas aprendem a amar as correntes que as prendem”. d) Se no Brasil os jovens da geração “nem-nem” passarem a trabalhar e a estudar, erradicaremos a fome em nosso país! e) “Quem lê jornais deve ser considerado um bom cidadão por seu alto nível de informação”. 023. 023. (INÉDITA/2023) O segmento abaixo que exemplifica o tipo de texto denominado instrucional é: a) Os pronomes de tratamento apresentam certas peculiaridades quanto às concordâncias verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala), levam a concordância para a terceira pessoa. b) Há uma correlação bem documentada em todo o mundo entre a pobreza e as altas taxas de natalidade. Em países pequenos e grandes, capitalistas e comunistas, católicos e muçulmanos, ocidentais e orientais — em quase todos esses casos, o crescimento exponencial da população diminui ou cessa quando desaparece a pobreza esmagadora. A isso se dá o nome de transição demográfica. c) Nos últimos tempos, vem se disseminando a tese da proposição de um suposto gênero neutro na língua portuguesa. O tema é complexo, ainda mais quando se ignoram questões O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgaçãoou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br https://diplomatique.org.br/trabalho-escravo-contemporaneo-e-a-pandemia-de-covid-19/ 36 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre caras para a ciência linguística, como a distinção entre gênero social e gênero gramatical, a função da escrita enquanto sistema representacional que se relaciona com a fala e, mais do que tudo isso, a dinamicidade em se tratando de línguas naturais. d) Era uma vez um galo que acordava bem cedo todas as manhãs e dizia para a bicharada do galinheiro: - Vou cantar para fazer o sol nascer... Ato contínuo, subia até o alto do telhado, estufava o peito, olhava para o nascente e ordenava, definitivo: - Có-có-ri-có-có... E ficava esperando. e) Inspeção de segurança antes do uso: (i) a inspeção de segurança deve ser realizada antes das atividades a serem exercidas por cada usuário. Para cada novo exercício, os dispositivos e acessórios a serem utilizados devem ser conferidos quanto a sua segurança, limpeza e adequação; (ii) certifique-se de que todos os componentes do equipamento estejam devidamente fixados e posicionados antes de realizar os exercícios. Caros membros da Secretaria de Redação e do Conselho Editorial da Folha, Nós, jornalistas da Folha aqui subscritos, vimos por meio desta carta expressar nossa preocupação com a publicação recorrente de conteúdos racistas nas páginas do jornal. Sabemos ser incomum que jornalistas se manifestem sobre decisões editoriais da chefia, mas, se o fazemos neste momento, é por entender que o tema tenha repercussões importantes para funcionários e leitores do jornal e no intuito de contribuir para uma Folha mais plural. O episódio a motivar esta carta foi a publicação de artigo de opinião intitulado “Racismo de negros contra brancos ganha força com identitarismo” (Ilustrada Ilustríssima, 16/1), em que Antonio Risério identifica supostos excessos das lutas identitárias, que estariam levando a racismo reverso. [...] Reconhecemos o pluralismo que está na base dos princípios editoriais da Folha e a defesa que nela se faz da liberdade de expressão. No entanto estes não se dissociam de outros valores que o jornalismo deve defender, como a verdade e o respeito à dignidade humana. A Folha não costuma publicar conteúdos que relativizam o Holocausto, nem dá voz a apologistas da ditadura, terraplanistas e representantes do movimento antivacina. Por que, então, a prática seria outra quando o tema é o racismo no Brasil? Se textos como o de Antonio Risério atraem audiência no curto prazo, sua consequência seguinte é minar a credibilidade, que é, e deve ser, o pilar máximo de um jornal como a Folha. Por esses motivos, convidamos a uma reflexão e uma reavaliação sobre a forma como o racismo tem sido abordado na Folha. Acreditamos que buscar audiência às expensas da população negra seja incompatível com estar a serviço da democracia. (Carta aberta de jornalistas da Folha à direção do jornal, 19 de janeiro de 2022) 024. 024. (INÉDITA/2023) O texto precedente pertence ao gênero carta argumentativa. Levando em consideração o texto lido, assinale a característica menos adequada a esse gênero. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 37 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre a) Explicitação do destinatário da carta por meio do vocativo. b) Adoção de expressões coloquiais e de linguagem figurada. c) Estruturação textual coesa, clara e objetiva. d) Apresentação de argumentação que sustenta o ponto de vista de quem subscreve a carta. e) Emprego de formas verbais e pronominais em primeira pessoa. 025. 025. (INÉDITA/2023) O texto a seguir foi retirado de uma Carta do Leitor do jornal Folha de S.Paulo, de 17 de fevereiro de 2022. Chegar bem aos 100 Excelente o artigo de Karla Giacomin na coluna Como Chegar Bem aos 100 (“Desconstrução de políticas de Estado precisa ser denunciada, Corrida, 17/2). Precisamos denunciar essa desconstrução política, especialmente aquelas que contemplam as necessidades da população idosa. Marília Berzins (São Paulo, SP) A marca que NÃO está presente nesse gênero textual é: a) a presença da assinatura do emissor; b) a utilização de linguagem próxima à do jornal; c) o emissor busca posiciona-se em relação a determinada publicação ou acontecimento recente; d) o emprego de intertextualidade; e) uma solicitação de resposta do jornal acerca do questionamento realizado. COESÃO E COERÊNCIA Você mora em um lugar competitivo? Essa é a pergunta feita pelo Ranking de competitividade dos estados, que metrifica, em uma escala de 0 a 100, todos os cantos do Brasil, para classificar as 27 unidades federativas com base em dez pilares diferentes: segurança pública, infraestrutura, sustentabilidade social, solidez fiscal, educação, sustentabilidade ambiental, eficiência da máquina pública, capital humano, potencial de mercado e inovação. De acordo com os gráficos mostrados a seguir, dos mais de vinte estados, apenas cinco não mudaram de posição ao longo do último ano (2022), com destaque para São Paulo e Santa Catarina, que lideram, assim como Rio de Janeiro e Roraima, que subiram bastante. [...] Ao todo, são quase noventa critérios avaliados dentro dos pilares fundamentais, que incluem desde infraestrutura até o capital humano de cada localidade, com pesos diferentes entre si. Paulistas lideram o ranking há anos. No ano de 2022, porém, houve piora no quesito segurança patrimonial, com aumento no número de furtos e roubos. Estados do Norte e do Nordeste são os menos competitivos do país. Trata-se de uma ferramenta de avaliação da administração pública, de diagnóstico e auxílio na escolha das prioridades e de promoção de boas práticas organizacionais, que, além de ajudar O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 38 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre políticos a priorizarem ações com base em uma inteligência de dados bem robusta — ou seja, como um sistema de incentivo para os líderes públicos —, pode ser um bom indicador da gestão pública da região. São referências adotadas pelo ranking que apresentam novos parâmetros para os estados brasileiros. Internet: (com adaptações). Em relação aos aspectos gramaticais do texto precedente, julgue os seguintes itens. 026. 026. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023) A forma pronominal “Essa”, em “Essa é a pergunta” (início do primeiro parágrafo), estabelece coesão por substituição. 027. 027. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023) No trecho “apenas cinco não mudaram de posição” (segundo parágrafo), foi utilizada a estratégia de coesão por elipse. 028. 028. (IBFC/ANALISTA/DETRAN-DF/2022) Eu deveria cantar. Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então pudesse acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e uma Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se tivesse, e nos últimos meses nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”. Agradecer, pedir luz, como nos tempos em que tinha fé. Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha espreita. OuDeus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei ali parado no começo da tarde escaldante de fevereiro, olhando o telefone que acabara de desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos, mesmo sem nenhuma fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico. Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não tinha pais ricos, dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho numa cidade infernal como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do apartamento. Nada muito sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda e os joelhos tremessem com frequência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos e pernas ainda funcionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos. Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo. Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do meio-dia. Pense nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicidade, o pequeno milagre capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo nem ritmo que eu, com certa complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a chamar de minha vida, tinha um nome. Chamava-se – um emprego. (ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 39 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre O emprego do pronome demonstrativo presente em “dessas atitudes” é justificado pelo seguinte papel coesivo: a) proximidade espacial em relação ao interlocutor. b) referência antecipada a elementos pouco específicos. c) proximidade de tempo entre a enunciação e a referência. d) referência a elementos já apresentados no texto. 029. 029. (INÉDITA/2023) Uma marca da textualidade é a coesão, a ligação formal entre termos. Assinale a frase abaixo em que os termos destacados não estão ligados por coesão. a) A malária é uma doença infecciosa causada por protozoários que são transmitidos pela picada das fêmeas. b) Em período chuvoso, quando a terra desliza, são carregadas com ela as casas construídas nos morros. c) Há uma famosa observação do primeiro-ministro Chou En-Lai, muito citada, que traduz essa noção singular do que seja o tempo. d) A paciência é uma virtude que é baseada no autocontrole emocional. e) O que me parece mais relevante é discutir os fatores estruturais, que de certa forma impelem nessas conjunturas à tensão inflacionária incidir dessa forma. Eu deveria cantar. Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então pudesse acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e uma Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se tivesse, e nos últimos meses nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”. Agradecer, pedir luz, como nos tempos em que tinha fé. Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha espreita. Ou Deus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei ali parado no começo da tarde escaldante de fevereiro, olhando o telefone que acabara de desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos, mesmo sem nenhuma fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico. Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não tinha pais ricos, dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho numa cidade infernal como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do apartamento. Nada muito sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda e os joelhos tremessem com frequência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos e pernas ainda funcionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos. Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 40 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do meio-dia. Pense nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicidade, o pequeno milagre capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo nem ritmo que eu, com certa complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a chamar de minha vida, tinha um nome. Chamava-se – um emprego. (ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12). 030. 030. (INÉDITA/2023) O pronome “sua” (terceiro período do sexto parágrafo) retoma “homem” (segundo período do sexto parágrafo). SEMÂNTICA 031. 031. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023) Você mora em um lugar competitivo? Essa é a pergunta feita pelo Ranking de competitividade dos estados, que metrifica, em uma escala de 0 a 100, todos os cantos do Brasil, para classificar as 27 unidades federativas com base em dez pilares diferentes: segurança pública, infraestrutura, sustentabilidade social, solidez fiscal, educação, sustentabilidade ambiental, eficiência da máquina pública, capital humano, potencial de mercado e inovação. De acordo com os gráficos mostrados a seguir, dos mais de vinte estados, apenas cinco não mudaram de posição ao longo do último ano (2022), com destaque para São Paulo e Santa Catarina, que lideram, assim como Rio de Janeiro e Roraima, que subiram bastante. [...] Ao todo, são quase noventa critérios avaliados dentro dos pilares fundamentais, que incluem desde infraestrutura até o capital humano de cada localidade, com pesos diferentes entre si. Paulistas lideram o ranking há anos. No ano de 2022, porém, houve piora no quesito segurança patrimonial, com aumento no número de furtos e roubos. Estados do Norte e do Nordeste são os menos competitivos do país. Trata-se de uma ferramenta de avaliação da administração pública, de diagnóstico e auxílio na escolha das prioridades e de promoção de boas práticas organizacionais, que, além de ajudar políticos a priorizarem ações com base em uma inteligência de dados bem robusta — ou seja, como um sistema de incentivo para os líderes públicos —, pode ser um bom indicador da gestão pública da região. São referências adotadas pelo ranking que apresentam novos parâmetros para os estados brasileiros. Internet: (com adaptações). Em relação aos aspectos gramaticais do texto precedente, julgue o seguinte item. No primeiro período do último parágrafo, a palavra “robusta” está empregada com o mesmo sentido de arrojada. 032. 032. (CEBRASPE/ANALISTA/APEX BRASIL/2021) Texto CB2A1-I A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas oportunidades para o pequeno negócio, o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE), que se veem na contingência de mudança O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO- 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br about:blank 41 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e novas oportunidades, com uma fatia maior do comércio eletrônico. Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio eletrônico, várias vantagens podem ser apresentadas, como a facilidade de estabelecer compras online 24 horas por dia, sete dias da semana. Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da atividade empresarial, como quadro pessoal, loja física e mobilidade urbana, a diminuição de tempo gasto com as operações e a sustentabilidade com a teoria de utilização racional de papéis (em inglês, less paper). Este guia é direcionado aos pequenos empresários, aos varejistas e a todo tipo de comerciante que vise ampliar suas atividades pelo uso de novas tecnologias. Os produtos englobados por este guia resumem-se em mercadorias, software, hardware e serviço. Os consumidores protegidos pela norma conceituam-se como membro individual do público geral, que compra ou usa produtos para fins pessoais ou finalidades domésticas. Todavia, para que esse sistema de transações de comércio eletrônico seja eficaz, o comerciante deve planejar, implantar e desenvolver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo atualizado e transparente, de modo a auxiliar os consumidores na efetivação da credibilidade desse tipo de negociação online. Para tanto, a capacidade, a adequação, a conformidade, a pluralidade e a diversidade na rede devem gerar um maior suporte ao consumidor, em relação às suas reclamações e dúvidas na transação eletrônica. Utilize o passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedido em seu comércio eletrônico! ABNT/ SEBRAE. Guia de implementação ABNT NBR ISO 10008: gestão da qualidade –satisfação do cliente – diretrizes para transações de comércio eletrônico de negócio a consumidor. Rio de Janeiro: 2014, p. 31 (com adaptações). No primeiro parágrafo do texto CB2A1-I, o vocábulo “contingência” está empregado com o sentido de a) obrigação. b) circunstância. c) iminência. d) urgência. 033. 033. (FGV/AUDITOR/TCE-ES/2023) Todas as frases abaixo mostram verbos ligados à ação de “ver”. A frase em que o verbo sublinhado NÃO está adequadamente empregado, por não ter seu sentido adequado ao contexto, é: a) O atirador mirou com cuidado o alvo pretendido; b) O caçador vislumbrou o animal entre a folhagem; c) No museu, pessoas observam desatentas os inúmeros quadros; d) Ao entrarem na Capela Sistina, os turistas contemplam obrigatoriamente as pinturas do teto; e) O daltonismo não permitia que ele distinguisse o verde do vermelho. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 42 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 034. 034. (FGV/AUXILIAR/PREF. MUN. PAULÍNIA-SP/2021) Um jornal de Paulínia é chamado de vespertino; isso significa que esse jornal a) era distribuído somente em alguns bairros. b) só era distribuído à tarde. c) era publicado somente nos dias úteis. d) tratava exclusivamente de eventos festivos. e) era marcado por fazer críticas violentas. 035. 035. (INÉDITA/2023) Assinale a frase a seguir que está isenta de ambiguidade. a) A nomeação do Ministro foi surpreendente. b) O médico descartou os aparelhos velhos. c) Pedro encontrou Maria andando pela orla da praia d) A descrição de Saramago foi bem feita. e) Os operadores não atendiam ninguém de roupa suja. FIGURAS E VÍCIOS DE LINGUAGEM 036. 036. (FCC/TÉCNICO/TRT-18/2023) Imagine uma pessoa afivelada a uma cama com eletrodos colados em suas têmporas. Ao se girar um botão situado em local distante, a corrente elétrica nos eletrodos aumenta em grau infinitesimal, de modo que o paciente não chegue a sentir. Um hambúrguer gratuito é então ofertado a quem girar o botão. Ocorre, porém, que, quando milhares de pessoas fazem isso − sem que cada uma saiba das ações das demais −, a descarga elétrica gerada é suficiente para eletrocutar a vítima. Quem é responsável pelo quê? Algo tenebroso foi feito, mas de quem é a culpa? O efeito isolado de cada giro do botão é, por definição, imperceptível − são todos “torturadores inofensivos”. Mas o efeito conjunto é ofensivo ao extremo. Até que ponto a somatória de ínfimas partículas de culpa se acumula numa gigantesca dívida moral coletiva? − O experimento mental concebido pelo filósofo britânico Derek Parfit dá o que pensar. A mudança climática em curso equivale a uma espécie de eletrocussão da biosfera. Quem a deseja? A quem interessa? O ardil da desrazão vira do avesso a “mão invisível” da economia clássica. O aquecimento global é fruto da alquimia perversa de incontáveis ações humanas, mas não resulta de nenhuma intenção humana. E quem assume − ou deveria assumir − a culpa por ele? Os 7 bilhões de habitantes da Terra pertencem a três grupos: o primeiro bilhão, no cobiçado topo da escala de consumo, responde por 50% das emissões de gases-estufa; os 3 bilhões seguintes por 45%; e os 3 bilhões na base da pirâmide (metade sem acesso a eletricidade) por 5%. Por seu modo de vida, situação geográfica e vulnerabilidade material, este último grupo − o único inocente − é o mais tragicamente afetado pelo “giro de botão” dos demais. (GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 43 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Pode ser considerada paradoxal a seguinte expressão empregada no texto: a) efeito isolado. b) torturadores inofensivos. c) ínfimas partículas. d) intenção humana. e) vulnerabilidade material. 037. 037. (IDECAN/DESENVOLVEDOR/SEFAZ-RR/2023) Postei uma foto no meu perfil do Instagram em que apareço tomando a vacina contra a Covid-19. Na legenda, de poucas palavras, deixei claro que era a terceira dose. Recebi muitas curtidas e alguns comentários, entre eles o de uma moça que perguntou: “Martha, você já tomou a terceira dose?” Dias antes, havia postado sobre o lançamento do meu novo livro no Rio, em fevereiro próximo, e disse na legenda: “Não há outras cidades confirmadas. Quando houver, avisarei”. De novo, muitas curtidas e alguns comentários, entre eles: “E Goiânia?” “Curitiba quando?” Não sou louca de desconsiderar: é carinho, eu sei. Mas é também um sintoma. Houve um tempo em que as pessoas liam livros, muitos deles extensos, divididos em dois ou três volumes. Depois veio a era tecnológica e com ela a impaciência: leituras rápidas, cultura do aperitivo. E agora nem isso: a criatura passa os olhos por duas linhas e não registra nada. Ninguém mais quer perder tempo, é o argumento de defesa. Mas não me convenço. A falta de foco, sim, é que nos faz perder tempo: somos obrigados a repetir as perguntas, repetir as respostas, voltar aos mesmos assuntos duas, três, cinco vezes. Estamos nos comunicando miseravelmente, trocando mensagens cifradas por WhatsApp, com preguiça de dar uma informação completa, de prestar atenção nos detalhes, de facilitar o entendimento. Agimos como aquelas telefonistas estressadas que atendiam um cliente enquanto deixavam outros sete pendurados (na saudosaépoca em que não falávamos com robôs). Essa pressa toda pra quê mesmo? Dizem que é o tal do “Fear of Missing Out”, ou em bom português, “medo de ficar por fora”. Em vez de a pessoa se dedicar uns minutinhos a concluir o que está fazendo – uns minutinhos!! – ela some e já está em outra e depois outra e ainda outra interação, que serão igualmente capengas. Isso é medo de ficar por fora? A pessoa já está em órbita e não percebeu. Fica batendo de porta em porta e não entra em lugar nenhum. Adentre, amigo. Puxe uma cadeira e sente. Converse. Pergunte pela família. Olhe nos olhos. Cinco minutos de atenção não arrancarão pedaço. Fique o suficiente para demonstrar que se importa com seu interlocutor. Cale-se e escute. Nutra esses preciosos cinco minutos, para que eles não se dissolvam por inanição. Ando bem tonta com a esquizofrenia cibernética, com o parcelamento de informações, com a falta de cuidado e de concentração. Ninguém mais se esforça minimamente para estabelecer uma conexão verdadeira. Agora virou moda dizer que fulano tá ON, sicrana tá ON. Balela. ON a gente estava quando se importava. Agora estão todos OFF, desligados crônicos, vivendo a falsa ilusão de uma vida plena. ON está aquele que consegue pausar. Martha Medeiros. In: NSC Total. Acesso em:https://www.nsctotal.com.br/colunistas/martha- medeiros/quem-esta-on, 14 out., 2022 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 44 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre “Ando bem tonta com a esquizofrenia cibernética, com o parcelamento de informações, com a falta de cuidado e de concentração.” (linhas 22 e 23) O uso repetido da preposição com é um recurso linguístico chamado de a) catáfora. b) dêitico. c) elipse. d) anáfora. e) silepse. 038. 038. (CEBRASPE/INSTITUTO RIO BRANCO/DIPLOMATA) A sentença “Eu era a imagem do que não era” expressa um paradoxo ou oximoro. 039. 039. (INÉDITA/2023) André DahmerAndré Dahmer A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item. O humor da tirinha reside no fato de o personagem “Homem Literal” ser incapaz de interpretar figurativamente a expressão “Vá ver se eu estou lá na esquina”. 040. 040. (INÉDITA/2023) Uma antítese é um tipo de linguagem figurada em que ocorre a presença de duas palavras de sentido oposto; a frase abaixo em que NÃO ocorre a presença de uma antítese ou de um paradoxo é: a) “Onde nasci, morri. Onde morri, existo. E das peles que visto muitas há que não vi.” (Carlos Drummond de Andrade); b) “Ao olhar para o Universo, o homem é nada. Ao olhar para o Universo, o homem é tudo.” (Marcelo Gleiser); c) “Em tristes sombras morre a formosura; em contínuas tristezas a alegria.” (Gregório de Matos); d) “Oh, metade exilada de mim, leva os teus sinais, que a saudade dói como um barco que aos poucos descreve um arco e evita atracar no cais.” (Chico Buarque); e) “Qualquer novo conhecimento provoca dissoluções e novas integrações.” (Hugo von Hofmannsthal). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 45 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 041. 041. (INÉDITA/2023) O papel social da literatura africana Em 1987, Wole Soyinka tornou-se o primeiro negro a receber um Nobel de Literatura. Fazia apenas 27 anos que a Nigéria, seu país natal, se tornara independente. Pensar que um africano poderia receber um prêmio de reconhecimento mundial por seu intelecto e sua obra é algo recente em nossa história. Faz 34 anos do reconhecimento de Soyinka e 28 anos que uma mulher negra, Toni Morrison, recebeu o Nobel de Literatura de 1993. A realidade de pessoas não brancas e não Ocidentais receberem reconhecimento no Ocidente é tão nova quanto a emergência dos Estados africanos contemporâneos e o fim das leis de segregação nos Estados Unidos e África do Sul. Se autores do século XVI, como Shakespeare ou Camões, podiam ser naturalmente considerados como parte do cânone da Literatura, os autores não europeus, em especial as mulheres do Sul global, estavam fora desse mundo. Mas quem fez o mundo do modo que ele é, excludente, segregado e racializado? Nossa história foi e em muitos sentidos continua sendo mediada pelo Ocidente e essa mediação fez e faz constantes escolhas intelectuais e políticas embasadas em fortes estruturas mentais inventadas pelo próprio Ocidente. Duas marcantes ideias dessa estrutura mental para pensarmos o papel social da literatura africana são o racismo e o eurocentrismo. São apenas duas delas, mas deveras definidoras. Seguindo o pensamento ocidental desde sua expansão globalizante no século XVI, damo-nos conta de que sua visão de mundo é excludente. Ou seja, os africanos, suas culturas, suas línguas e suas literaturas (orais e escritas) não merecem existir. Ao olhar do estrangeiro que possui um cocuruto recheado de ideias eurocêntricas do que é errado e do que é certo, ao chegar em África esse estrangeiro só enxerga coisas erradas, formas desviantes de todas expressões morais, éticas, sociais e culturais de seu berço europeu. O mesmo ocorreu com os povos originários da América, da Oceania e da Ásia. Não falam como falam na Europa, não conhecem e não acreditam no mesmo deus, não vivem como se vive na Europa. O continente que colonizou a maior parte do mundo tratou de classificar o mundo por meio do que considerava ausências. Se não há o que existe na Europa, então não existe nada. É então esse povo classificado pelo outro, considerado inferior e sem valor. Mas em vez de entender o não europeu apenas como diferente e assim deixá-lo, o pensamento centrado na Europa se propõe universal. Por isso, ao encontrar esse mundo diferente, o desejo de quem se considera correto é de destruir ou alterar aquilo que se considera errado. E assim foi que a missão colonizadora, carregada de uma visão de mundo estrangeira aos africanos, penetrou em suas “terras selvagens”, entre seus “povos incivilizados” para direcioná-los da “escuridão para a luz.” A noite colonial foi longa e seus efeitos ainda existem. A literatura africana é um testemunho disso. Foi nesse mundo que Wole Soyinka nasceu. Ele e outros de sua geração, como Chinua Achebe, Ngũgĩ wa Thiong’o, Es’kia Mphahlele, Flora Nwapa, Buchi Emecheta, Ousmane Sembène, Ana Paula Tavares, Uanhenga Xitu e Rebeka Njau. Essa geração, em diferentes locais da África, viveu a noite colonial, viu os sóis das independências e descobriu a vida no crepúsculo de um mundo que ainda existe entre a colônia e a pós-colônia. (Le Monde Diplomatique Brasil. 4.10.2022) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 46 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Utiliza-se a figura de linguagem conhecida como piada da internet conta que no seguinte trecho: a) [...] o pensamento centrado na Europa se propõe universal. (6º parágrafo) b) Em 1987, Wole Soyinka tornou-se o primeiro negro a receber um Nobel de Literatura. (1º parágrafo) c) Ou seja, os africanos, suas culturas, suas línguas e suas literaturas (orais e escritas) não merecem existir. (4º parágrafo) d) Pensarque um africano poderia receber um prêmio de reconhecimento mundial por seu intelecto e sua obra é algo recente em nossa história. (1º parágrafo) e) A noite colonial foi longa e seus efeitos ainda existem. (7º parágrafo) 042. 042. (INÉDITA/2023) A frase que exemplifica um caso de linguagem figurada é: a) O dólar é uma moeda estável. b) O Brasil está queimando. c) A atriz acusa o diretor de assédio. d) Os empresários apresentaram um manifesto ao governo. e) O Ministro Celso de Mello antecipa aposentadoria e deixará STF em 13 de outubro. 043. 043. (FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TJ-RO/2021) Uma piada da internet conta que “Na minha cidade, havia um sujeito tão magro que, para ter certeza de que havia entrado no Banco, ele devia passar duas vezes pela mesma porta giratória”. Essa piada se apoia em um caso de linguagem figurada denominado: a) metáfora, porque mostra uma comparação; b) hipérbole, porque contém um exagero; c) eufemismo, porque traz a atenuação de uma ideia ruim; d) gradação, porque se apoia numa sequência de termos; e) ironia, porque afirma algo por meio do seu contrário. 044. 044. (FCC/DEFENSOR/DPE-RS/2018) Tomando resolutamente a sério as narrativas dos “selvagens”, a análise estrutural nos ensina, já há alguns anos, que tais narrativas são precisamente muito sérias e que nelas se articula um sistema de interrogações que elevam o pensamento mítico ao plano do pensamento propriamente dito. Sabendo a partir de agora, graças às Mitológicas, de Claude Lévi-Strauss, que os mitos não falam para nada dizerem, eles adquirem a nossos olhos um novo prestígio; e, certamente, investi-los assim de tal gravidade não é atribuir-lhes demasiada honra. Talvez, entretanto, o interesse muito recente que suscitam os mitos corra o risco de nos levar a tomá-los muito “a sério” desta vez e, por assim dizer, a avaliar mal sua dimensão de pensamento. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 47 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Se, em suma, deixássemos na sombra seus aspectos mais acentuados, veríamos difundir-se uma espécie de mitomania esquecida de um traço todavia comum a muitos mitos, e não exclusivo de sua gravidade: o seu humor. Não menos sérios para os que narram (os índios, por exemplo) do que para os que os recolhem ou leem, os mitos podem, entretanto, desenvolver uma intensa impressão de cômico; eles desempenham às vezes a função explícita de divertir os ouvintes, de desencadear sua hilaridade. Se estamos preocupados em preservar integralmente a verdade dos mitos, não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam e considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes e fazer rir aqueles que o escutam. A vida cotidiana dos “primitivos”, apesar de sua dureza, não se desenvolve sempre sob o signo do esforço ou da inquietude; também eles sabem propiciar-se verdadeiros momentos de distensão, e seu senso agudo do ridículo os faz várias vezes caçoar de seus próprios temores. Ora, não raro essas culturas confiam a seus mitos a tarefa de distrair os homens, desdramatizando, de certa forma, sua existência. Essas narrativas, ora burlescas, ora libertinas, mas nem por isso desprovidas de alguma poesia, são bem conhecidas de todos os membros da tribo, jovens e velhos; mas, quando eles têm vontade de rir realmente, pedem a algum velho versado no saber tradicional para contá-las mais uma vez. O efeito nunca se desmente: os sorrisos do início passam a cacarejos mal reprimidos, o riso explode em francas gargalhadas que acabam transformando-se em uivos de alegria. Considerando o contexto, está correto o que se afirma em: a) “caçoar” (4º parágrafo) está empregado em sentido metafórico. b) “primitivos” (4º parágrafo) e “selvagens” (1º parágrafo) são sinônimos. c) “mitos” e “pensamento” (2º parágrafo) são antônimos. d) “selvagens” (1º parágrafo) é hiperônimo de “homens”. e) “primitivos” (4º parágrafo) está empregado de forma irônica. 045. 045. (IUDS/OFICIAL/CÂM. DE ESTÂNCIA DE SOCORRO/2022) Pode-se dizer, em relação ao texto que: a) o termo “doces” gera humor devido a relação de sinonímia. b) não há polissemia, pois os termos têm significado único. c) “doces tempos” é ambíguo e responsável por desencadear o efeito de humor. d) o vocábulo “doces” é polissêmico porque ambas as ocorrências têm sentido denotativo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 48 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre REESCRITA 046. 046. (CEBRASPE/PROFESSOR/SEE-PE/2023) Com altos índices de evasão escolar, baixo engajamento e conteúdos pouco conectados à realidade dos alunos, o ensino médio já era, antes da pandemia de covid-19, a etapa mais desafiadora da educação básica. Com o fechamento das escolas e o distanciamento dos estudantes do convívio educacional, os últimos anos escolares passaram a trazer ainda mais dificuldades a serem enfrentadas — reforçadas pelas desigualdades raciais, socioeconômicas e de acesso à Internet. Nenhuma avaliação diagnóstica precisou os prejuízos totais da pandemia para a aprendizagem dos alunos, mas há alguns estudos que ajudam a entender melhor o cenário. Uma pesquisa realizada pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) apontou que houve piora em todas as séries avaliadas. Segundo a pesquisa amostral, em matemática, o desempenho alcançado no 3º ano do ensino médio foi de 255,3 pontos na escala de proficiência, inferior aos 261,7 obtidos pelos estudantes ao final do 9º ano do ensino fundamental no Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) de 2019. Em língua portuguesa, os estudantes do 9º ano apresentaram uma queda de 12 pontos, e os do 3º ano do ensino médio, de 11 pontos. Após o retorno presencial, estados e municípios ainda têm muito trabalho para identificar os reais prejuízos, dimensioná-los e encontrar caminhos e soluções para que professores e estudantes possam retomar a aprendizagem. Para Suelaine Carneiro, coordenadora de educação na Geledés, organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e homens negros, “há um consenso de que não foi possível atender todos os alunos” na educação pública. “Os dados indicam um baixo número de participação dos estudantes, somado à impossibilidade de os familiares acompanharem a resolução das tarefas”, afirma. Mas não fica apenas nisso. “Em termos de aprendizagem, os dados também mostram dificuldades no que diz respeito à compreensão e à resolução das tarefas.” De acordo com ela, a situação de alunos negros requer ainda mais atenção. “É preciso prestar atenção nessa condição: a pessoa já estava vulnerável socialmente, sem a possibilidade de realizar um isolamento dentro de casa, pois vive em uma casa pequena ou onde não há cômodos suficientes”, contextualiza Suelaine. Agravada pela pandemia, que engrossou o número de trabalhadores desempregados, a questão econômica foi um dos grandes fatores que impactou a vida dos estudantes do ensino médio. “Temos alunos que estão trabalhando no horário de aula, dizendo que precisam ajudar a família, e aos fins de semana assistem às atividades”, relata a professora Lucenir Ferreira, da Escola Estadual Mário Davi Andreazza, em Boa Vista (RR). Lucenir conta que muitos alunos chegam a falar que não conseguem aprender nada e desabafam por sentir quea aprendizagem foi prejudicada, principalmente os que estão em processo de preparação para o vestibular. Apesar dos desafios, Suelaine acredita que os impactos não são irreversíveis, como outros especialistas têm apontado. “Você pode recuperar dois anos se houver políticas públicas, compromisso público com a educação, de forma a desenvolver diferentes ações”, diz ela. Internet: (com adaptações). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 49 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Em relação aos aspectos gramaticais do texto precedente, julgue o seguinte item. Em “Para Suelaine Carneiro” (início do quarto parágrafo), a palavra “Para” poderia ser substituída por Segundo, sem prejuízo dos sentidos e da correção gramatical do texto. 047. 047. (IADES/AUDITOR/VISA-DF/2023) Operação Pronto Emprego A Secretaria DF Legal deu início, em agosto de 2020, à Operação Pronto Emprego, com o objetivo de combater as invasões de terra e obras irregulares, ainda em fase inicial de construção. A operação busca dar resposta às denúncias dessa natureza dentro do prazo de até 72 horas, a partir do conhecimento do fato. Dessa forma, procura reduzir os impactos social, político e financeiro, inclusive para os infratores. São removidas casas e barracos desabitados, cercamentos, bases para construção, muros, caixas d’água irregulares, cisternas, poços, entre outras edificações ilegais. NEUBERGER, Tereza. Disponível em:Júlio Renato Lancellotti em dois, a banda boa seria de uma simpatia comovente. O religioso tem fraqueza por doces retrôs, como marzipã e marrom-glacé, especialmente o espanhol. Reserva os sábados para regar plantas. Vive rodeado por uma coleção de imagens de seus santos preferidos, a maioria deles com histórias de vida dificílimas. Gosta de citações. Em momentos graves das conversas, encaixa uma da escritora existencialista Simone de Beauvoir: “O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos.” Em horas mais descontraídas, lembra da frase atribuída ao bovino Homer, o pai na animação Os Simpsons: “Se a culpa é minha, eu coloco em quem eu quiser.” Orgulha-se de nunca ter tirado férias e só ter ido ao exterior rapidamente e a trabalho, em rasantes pela Itália, Colômbia, Nicarágua, Panamá e El Salvador. Parece muito feliz com sua opção de não ter carro, roupas de marca, sapatos caros ou títulos imponentes demais dentro da Igreja Católica. Transita, embevecido, entre pilhas de livros espalhadas pela casa onde mora com três sobrinhos no bairro do Belém, na Zona Leste de São Paulo – só na sala, são três, escoradas umas nas outras; no corredor, quatro, que sobem do chão até o teto como cobras. Às vezes, fica pensando quem é que cuidará desse acervo quando morrer. A metade atroz do padre partido ao meio seria casca-grossa. Ele tem iracúndias sagradas – e não raro estoura alguma gritaria fenomenal na sacristia da Paróquia São Miguel Arcanjo, uma pequena igreja, bem no limite entre os bairros do Belenzinho e da Mooca, que comanda há 36 anos. Personalista, tende a narrar os feitos de sua comunidade na primeira pessoa, o que às vezes irrita e espana alguns colaboradores. Como, ao longo da vida, já visitou vários círculos do Inferno de Dante, é desconfiado e solta frases que parecem delírios persecutórios como “o próximo ataque, eu nunca sei de onde virá…”. Exige, sempre, soluções imediatas para o que quer e arma circos homéricos quando não consegue – como sabem todos os últimos prefeitos de São Paulo. E, por causa desse conjunto, pode provocar decepções nos que esperam virtude total dos líderes espirituais, mais ou menos como aquele desapontamento planetário de 2019, quando o papa Francisco, num arroubo de irritação extrema, tascou uma palmada nas mãos de uma peregrina que o puxou pelo braço. Na vida pública, o padre Júlio Lancellotti é há décadas realmente cortado ao meio, em duas fatias irreconciliáveis. Por um lado, é beatificado em vida por seu destemido trabalho de assistência aos excluídos dos excluídos: os sem-teto, a população carcerária, os menores infratores, as crianças órfãs portadoras de HIV, os jovens LGBTQIA+ que são marginalizados. Por outro, é demonizado como aproveitador da população carente, um “esquerdopadre” viciado em mídia. Lancellotti reage suspendendo os ombros, num misto de indiferença e desânimo, sempre que fala desse O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 52 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre pêndulo frequente sobre sua cabeça. “Na verdade, eu acho é que muita gente me vê como um enigma”, diz, ajeitando o longo crucifixo que usa no pescoço. Mesmo dentro da Igreja Católica, o padre Júlio ocupa um lugar próprio, sujeito a rapapés e pedradas. No Brasil, a instituição é formada por uma tropa de 268 bispos, 48 cardeais na ativa e 19 428 padres distribuídos por 12,2 mil paróquias. Para se manter dentro dos preceitos, todos precisam andar na linha hierárquica e fechar questão em temas fundamentais de fé e moral, o que não é pouco. De resto, a Igreja é um cintilante regime democrático. Qualquer integrante do clero tem o direito de ser um conservador, um moderado ou um progressista. Nesse aquário colorido, a maioria esmagadora dos sacerdotes com influência que vai além de seus altares integra a categoria dos cantores e/ou youtubers ligados à Renovação Carismática, corrente de orientação conservadora. Dono de um magnetismo envolvente, o padre Marcelo Rossi é o expoente dessa ala. Aos 72 anos, vigário episcopal para a Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, o padre Júlio Lancellotti é também um nome famoso, mas acomoda-se numa gaveta mais solitária. Ele é, hoje, o padre mais político do Brasil. (Angélica Santa Cruz. O Padre que morde. Revista Piauí, 18 de julho de 2021). A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os próximos itens. 051. 051. (INÉDITA/2023) Sem prejuízo da correção gramatical, a expressão “com histórias de vida dificílimas” poderia ser substituída por “com histórias de vida dificílima”. 052. 052. (INÉDITA/2023) Em “Transita, embevecido, entre pilhas de livros espalhadas pela casa onde mora com três sobrinhos no bairro do Belém”, o vocábulo “embevecido” poderia ser substituído por “envaidecido”, sem prejuízo do sentido original do texto. 053. 053. (INÉDITA/2023) Estaria gramaticalmente correta a substituição de “há” por “existe” em “que comanda há 36 anos” (2º parágrafo). 054. 054. (INÉDITA/2023) Em “pela casa onde mora com os sobrinhos”, o vocábulo “onde” poderia ser substituído pela expressão “em que”, sem prejuízo da correção gramatical e do sentido original do texto. 055. 055. (QUADRIX/PROFESSOR L. PORTUGUESA/SEDF/2018) Pronomes 1 Antes de apresentar o Carlinhos para a turma, Carolina pediu: — Me faz um favor? — O quê? 4 — Você não vai ficar chateado? — O que é? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 53 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre — Não fala tão certo. 7 — Como assim? — Você fala certo demais. Fica meio esquisito. — Por quê? 10 — É que a turma repara. Sei lá, parece... — Soberba? — Olha aí, “soberba”. Se você falar “soberba”, ninguém vai saber o que é. Não fala “soberba”. Nem “todavia”. Nem “outrossim”. E cuidado com os pronomes. — Os pronomes? Não posso usá‐los corretamente? 16 — Está vendo? Usar eles. Usar eles! O Carlinhos ficou tão chateado que, junto com a turma, não falou nem certo nem errado. Não falou nada. Até comentaram: — Ó, Carol, teu namorado é mudo? Ele ia dizer “Não, é que, falando, sentir‐me‐ia vexado”, mas se conteve a tempo. Depois, quando estavam sozinhos, a Carolina agradeceu, com aquela voz que ele gostava. 24 — Comigo você pode botar os pronomes onde quiser, Carlinhos. Aquela voz de cobertura de caramelo. Luis Fernando Verissimo. Contos de verão. In: O Estado de S. Paulo, Caderno 2, Cultura, p. D2, jan./2000. Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto, julgue os itens a seguir. No trecho “— Você fala certo demais. Fica meio esquisito.” (linha 8), a inserção de ponto e vírgula no lugar de ponto continuativo entre as duas orações, com a devida conversão de letra maiúscula em minúscula, manteria a correção gramatical e a coesão textual. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 54 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre GABARITOGABARITO INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS 1. b 2. e 3. a 4. c 5. e 6. d 7. C 8. C 9. C 10.E TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS . 11. e 12. e 13. e 14. d 15. d 16. b 17. a 18. C 19. b 20. a 21. d 22. d 23. e 24. b 25. e COESÃO E COERÊNCIA 26. C 27. C 28. d 29. d 30. E SEMÂNTICA 31. E 32. b 33. c 34. b 35. b FIGURAS E VÍCIOS DE LINGUAGEM 36. b 37. d 38. C 39. C 40. d 41. e 42. b 43. b 44. e 45. c REESCRITA 46. C 47. c 48. a 49. C 50. E 51. C 52. E 53. E 54. C 55. C O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 55 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre GABARITO COMENTADOGABARITO COMENTADO INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS 001. 001. (CONSULPLAN/ANALISTA/SEGER/2023) Relacione adequadamente os fatores às suas respectivas características. 1. Aceitabilidade. 2. Intencionalidade. 3. Situacionalidade. 4. Informatividade. 5. Intertextualidade. ( ) � Está direcionada ao protagonista do ato comunicativo. Trata-se da disposição e do empenho de se construir um discurso coerente, coeso e com grande capacidade de satisfazer determinada audiência. Diz respeito às informações e conhecimentos prévios que o autor tem para chegar a seu público. ( ) � É voltada para o contexto no qual a situação comunicativa está inserida. Ela se relaciona à adequação ou não do contexto, pois ele pode influenciar no significado do texto que, inserido em contextos distintos, pode produzir significados completamente diversos. ( ) � Consiste na influência e na relação que um texto exerce sobre outro. Esse processo ocorre durante a produção de um texto, no qual o autor coloca, na estrutura de sua produção, referências explícitas ou implícitas de outra obra. ( ) � Nesse fator, consideram-se as informações prévias e as informações novas obtidas no texto. É preciso que haja equilíbrio entre ambas, pois um texto que possui apenas informações prévias não traz novidade ao leitor. Já um texto somente com informações novas pode dificultar a compreensão da leitura. ( ) � Esse fator está focando no leitor. O leitor precisa de algum conhecimento sobre o assunto para poder analisar o texto e decidir se concorda com a intenção do autor. É através de sua interpretação do texto que ele poderá reconhecer o que está implícito ou explícito no texto. A sequência está correta em a) 1, 3,5, 4, 2. b) 2, 3, 5, 4, 1. c) 3, 1, 2, 5, 4. d) 5, 1, 4, 2, 3. e) 5, 2, 3, 4, 1. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 56 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre A sequência correta é esta (cada termo seguido de sua definição): (2) a intencionalidade está direcionada ao protagonista do ato comunicativo. Trata-se da disposição e do empenho de se construir um discurso coerente, coeso e com grande capacidade de satisfazer determinada audiência. Diz respeito às informações e conhecimentos prévios que o autor tem para chegar a seu público; (3) a situacionalidade é voltada para o contexto no qual a situação comunicativa está inserida. Ela se relaciona à adequação ou não do contexto, pois ele pode influenciar no significado do texto que, inserido em contextos distintos, pode produzir significados completamente diversos; (5) a intertextualidade consiste na influência e na relação que um texto exerce sobre outro. Esse processo ocorre durante a produção de um texto, no qual o autor coloca, na estrutura de sua produção, referências explícitas ou implícitas de outra obra; (4) no critério informatividade, consideram-se as informações prévias e as informações novas obtidas no texto. É preciso que haja equilíbrio entre ambas, pois um texto que possui apenas informações prévias não traz novidade ao leitor. Já um texto somente com informações novas pode dificultar a compreensão da leitura (1) o critério da aceitabilidade está focando no leitor. O leitor precisa de algum conhecimento sobre o assunto para poder analisar o texto e decidir se concorda com a intenção do autor. É através de sua interpretação do texto que ele poderá reconhecer o que está implícito ou explícito no texto. Letra b. 002. 002. (IBFC/ACAI/IBGE/2022) ciclo vicioso minha namorada sempre sonha que namora seu namorado antigo minha ex-namorada sempre sonha que me namora e eu, desconfiado, tenho feito tudo para não sonhar... (Cacaso, Poesia Completa, p.126) O sentido do texto constrói-se por meio de sua organização interna. Desse modo, de acordo com o poema, o esforço do enunciador por “não sonhar” deve-se ao fato de: a) sentir muito ciúme de sua atual namorada. b) desejar ocupar o sonho de sua ex-namorada. c) não acreditar em sonhos de amores antigos. d) querer que sua atual namorada sonhe com ele. e) não querer sonhar com sua ex-namorada. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 57 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre O eu-lírico não quer sonhar com sua ex-namorada. Esse receio é depreensível pela cadeia de eventos anteriores (quem sonha, sonha com a/o ex). O esforço para não sonhar não decorre, então, dos fatos apontados em “a”, “b”, “c” ou “d”. Letra e. 003. 003. (IDECAN/TÉCNICO/SEFAZ-RR/2023) Relações de poder e decisão: conflitos entre médicos e administradores hospitalares Os hospitais abrigam tensões de natureza grupal e profissional. Seu corpo diretivo e clínico é constituído por médicos que usualmente têm dificuldade de aceitar normas disciplinares e de ouvir recomendações, principalmente quando elas vêm dos administradores hospitalares. Esta pesquisa tem como objetivo analisar como administradores hospitalares da cidade de Belo Horizonte percebem as relações de poder entre sua categoria profissional e a dos médicos proprietários de hospitais e suas consequências. Os discursos de nove administradores hospitalares, com experiência mínima de quatro anos na gerência de hospitais, foram coletados e analisados usando a metodologia qualitativa. A pesquisa identificou que o hospital é um local da disciplina médica, no qual o médico controla o cotidiano dos demais profissionais, determinando o tipo de comportamento esperado. Os empregados entrevistados se ressentem da falta de autonomia na gestão e consideram que isso prejudica o andamento dos processos e a qualidade dos serviços prestados. Queixam-se, principalmente, da falta de informações e da impossibilidade de participarem das decisões estratégicas. Admitem que o relacionamento com os médicos proprietários é permeado por conflitos, pois, muitas vezes, estes ignoram as questões colocadas pelos administradores e insistem na diferença de classe como forma de fazer prevalecer suas opiniões. A principal característica dos conflitos refere-se à percepção de superioridade do profissional médico em relação aos demais. RAM, Rev. Adm. Mackenzie 11 (6) • Disponível em: https://doi.org/10.1590/ S1678-69712010000600004 O tipo de linguagem predominante no Texto é a) referencial b) conativa c) metalinguística d) fática e) poética Predomina no texto a função referencial, pois o foco é o contexto (fatos do mundo). Não se trata, portanto, de função conativa (centrada no destinatário), metalinguística (centrada no próprioeletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 6 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre PDF SINTÉTICO DE INTERPRETAÇÃO E PDF SINTÉTICO DE INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOSCOMPREENSÃO DE TEXTOS 1 . INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS1 . INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS Em concursos, há dois níveis principais de análise textual. No primeiro, denominado compreensão, exige-se de você, candidato(a), a capacidade de identificar informações explícitas no texto, bastando retornar a um determinado trecho para se assegurar de que a afirmativa da questão está adequada ou não. No segundo nível de análise, o da interpretação, exige-se a depreensão (por meio de uma série de procedimentos analíticos, sintetizados ao longo desta aula) de conhecimentos extraídos a partir dos elementos presentes no texto (e somente a partir do que o texto nos permite inferir). Os conhecimentos exigidos nesse tipo de operação (o da interpretação) são muito variados. Os mais fundamentais são estes: (i) Um texto pode ser verbal ou não verbal. No caso de texto verbal, há duas manifestações: a oralidade e a escrita. Na escrita, duas estruturas predominam: a prosa (organizada em períodos e parágrafos) e o poema (organizado em versos e estrofes). No texto não verbal, exigem-se conhecimentos sobre valores semânticos de linguagem corporal, de cores (e suas combinações), de formas gráficas, de arquétipos etc. Ao se unir texto verbal e não verbal, estamos diante de um texto misto (em algumas linhas teóricas, texto multimodal). (ii) Outro conhecimento exigido diz respeito aos critérios de textualidade (aceitabilidade, intencionalidade, informatividade, situacionalidade e intertextualidade). Em provas, as bancas avaliam cada um desses elementos de diferentes formas. No entanto, ainda que as abordagens sejam diferentes, é possível identificar o tipo de questão que prioriza a intencionalidade do autor, a intertextualidade estabelecida etc. 1 .1 . PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS1 .1 . PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS A distinção (com detalhes) entre pressupostos e subentendidos, fundamentais para uma interpretação adequada, é esta: Subentendidos Pressupostos Definição É aquilo que se pensa ou se deduz, mas que não foi dito ou escrito. É algo (uma marca discursiva) capaz de fazer supor a existência de uma informação. Manifestação Demanda análise (por inferências) do contexto de ocorrência. Há marcas discursivas, como: - Pontuação; - Formatação (gráfica); - Vocabulário; - Recursos morfológicos; - Padrões sintáticos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 7 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 1 .2 . VOZES DISCURSIVAS E TIPOS DE DISCURSO | INTERTEXTUALIDADE1 .2 . VOZES DISCURSIVAS E TIPOS DE DISCURSO | INTERTEXTUALIDADE Um texto nunca é “puro”, no sentido de nunca haver um texto que seja isolado no mundo discursivo. Explico melhor: todo texto é um intertexto. Quando lemos um artigo de opinião, o autor dialoga com diferentes perspectivas, diferentes intelectuais que também debateram aquele tema. Nesse debate, o autor também traz para o texto diferentes vozes, as quais dão mais força aos argumentos. Em minha aula, por exemplo, utilizo diversos conceitos e autores, formando um grande intertexto. As principais formas de intertextualidade (ou de integração de diferentes vozes discursivas) são a citação (explícita ou implícita), a paródia, a alusão, a paráfrase e a epígrafe. Em provas de concurso, predomina a exigência de conhecimentos sobre as formas de citação (em especial, pelo uso de aspas) e as de intertextualidade com pensamentos e formulações bastante conhecidas, como “penso, logo existo”. 1 .3 . ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO E FUNÇÕES DA LINGUAGEM1 .3 . ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO E FUNÇÕES DA LINGUAGEM O conteúdo sobre os elementos da comunicação e as funções da linguagem é avaliado em concursos da seguinte forma (comandos de questões retirados de provas das principais bancas): Banca Enunciado da questão sobre Funções da Linguagem CEBRASPE A função da linguagem predominante nesse diálogo está centrada no próprio canal da comunicação, estando os participantes praticando um ritual de contato, sem preocupação com o conteúdo da mensagem que veiculam: FCC Considerando-se a definição acima, ocorre metalinguagem no seguinte trecho: FGV Na passagem acima, a sequência “rs” é uma manifestação da seguinte função da linguagem: IDECAN O segmento sublinhado no período acima é exemplo da função da linguagem: QUADRIX No texto, o ponto de exclamação constitui marca de subjetividade do autor, o que evidencia a presença da função emotiva da linguagem. Os elementos da comunicação e as funções da linguagem estão sintetizados a seguir: Mensagem Função Poética Código Função Metalingística Canal Função Fática Receptor Função Apelativa Contexto/Referente Função Referencial Emissor Função Expressiva O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 8 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre O esquema acima deve ser lido desta maneira: (i) o emissor transmite uma mensagem ao receptor; (ii) essa mensagem tem como suporte o canal (o som de nossa voz ou o registro escrito, por exemplo) e está codificado em nossa língua portuguesa; (iii) essa mensagem está situada em um contexto situacional e faz referência ao mundo biossocial do emissor e do receptor. A depender da ênfase que se dê a cada um desses elementos, a função da linguagem (ou seja, do uso da linguagem) será diferente (daí os termos “função referencial”, “função expressiva” etc.). Veja a definição e um exemplo de cada função: Função Definição Exemplo Referencial (ou denotativa ou informativa) Centrada no contexto/referente, é a mais “neutra” em relação ao modo como as informações são transmitidas. L inguisticamente, é marcada pela impessoalidade. O objetivo é tratar de um “outro”, de um terceiro. Textos jornalísticos. Discursos científicos. Relatórios. Apelativa (ou conativa) Centrada no receptor. Busca agir sobre quem recebe a mensagem, de modo a modificar algum comportamento (fazer, deixar de fazer; convencer). Linguisticamente, é marcada pela forma imperativa e por recursos expressivos como exclamações (e entonações). Anúncios publicitários. Manuais. Expressiva (ou emotiva) Centrada no emissor. É subjetiva e expressas estados interiores (emoções ou sentimentos, por exemplo). Linguisticamente, é marcada pelo uso de primeira pessoa e por adjetivação. Relato pessoal. Poética Centrada na mensagem. Explora recursos linguísticos com fins expressivos e estéticos, trabalhando sobre a forma. Tipicamente, os textos poéticos exploram recursos linguísticos com fins expressivos. No entanto, nos textos poéticos, também podem predominar outras funções, como a metalinguística, a expressiva ou a apelativa. Fática Centrada no canal. É um recurso para manter a comunicação ativa, sendo evidente quando se busca consolidar o contato. Certificar-se (“está me ouvindo?”; “Alô!?”). Metalinguística Centrada no código (em nosso caso, na língua portuguesa). Uma aula de morfologia,código), fática (centrada no canal/contato) ou poética (centrada na mensagem). Letra a. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 58 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 004. 004. (IADES/AUDITOR/SEPLAD-DF/2023) As modificações viárias foram propostas para reduzir os engarrafamentos nas cidades, especialmente nos eixos de circulação, apresentando soluções de transportes de massa, confortáveis, seguros e incentivo aos deslocamentos ativos (ciclismo e caminhada) como alternativa ao modal automotivo. Para isso, foi estabelecida uma rede de transporte público estruturante, consolidando as principais rotas do Distrito Federal, com a implementação de corredores segregados de ônibus (BRTs), ampliação da linha do metrô, expansão da malha cicloviária, construção/melhoria das calçadas e construção de um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), ligando aeroporto de Brasília, W3 sul e norte e Eixo Monumental, conectado com os setores Sudoeste/ Octogonal e com o Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Disponível em: <https://www.codeplan.df.gov.br/wp content/uploads /2018/02/>. Acesso em: 7 fev. 2023, com adaptações. De acordo com o texto, uma rede de transporte público estruturante foi estabelecida para a) atender às rotas mais relevantes do Distrito Federal e expandir as ciclovias e calçadas. b) implementar corredores segregados de ônibus, ampliar a linha de metrô e aumentar o número de calçadas para pedestres. c) reduzir os engarrafamentos nas cidades com alternativas ao uso de carros particulares, melhores condições dos transportes coletivos e estímulo aos deslocamentos ativos. d) diminuir as distâncias entre o aeroporto de Brasília e as cidades administrativas. e) construir BRTs e VLTs confortáveis para os moradores de Brasília. A finalidade do estabelecimento de uma rede de transporte público estruturante é apresentada no primeiro parágrafo. Na alternativa (C), apresenta-se a finalidade adequada (nesse sentido, considero que seja possível estabelecer uma sinonímia entre “modal automotiva” e “carros particulares”). Nas demais alternativas, há algum tipo de incorreção (principalmente a extrapolação), pois no texto: (A) não se fala em “rotas mais relevantes”; (B) essa não é a finalidade; (D) essa não é a finalidade; (E) não se fala em “BRTs e VLTs confortáveis”. Letra c. 005. 005. (INSTITUTO AOCP/TÉCNICO/TRT 1ª REGIÃO/2018) Assinale a alternativa que apresenta um uso coloquial da linguagem. a) “[...] os idosos já não querem ser sábios, preferem estar robustos e musculosos [...]”. b) “[...] um egoísmo raivosamente autorreferencial que, pelo caminho, veio alterar o famoso equilíbrio latino de mens sana in corpore sano [...]”. c) “[...] os idosos eram sábios, esse era seu valor, mas agora vemos sua claudicação [...]”. d) “Seria saudável não perder de vista que o objetivo principal dessas sessões pagas não é tanto salvar a si mesmo, mas manter estável a economia do espírito [...]”. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 59 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre e) “[...] o mindfulness era patrimônio dos monges, a ioga era praticada por quatro gatos pingados e o espírito era cultivado lendo livros em gratificante solidão.”. O uso coloquial é marcado por diversos fatores, como vocabulário (expressões), padrões morfológicos e sintáticos. No caso das alternativas em análise, o uso da expressão gatos pingados (significando “poucos indivíduos) é o marcador de coloquialidade. Letra e. 006. 006. (FGV/PROFESSOR/SME-SP/2023) Leia o fragmento a seguir. Foi no Instituto de Letras da UFF, há alguns anos. Convidado, fez lá conferência um ex-Ministro de Angola. O assunto já não me lembra... Em todo caso, o tema é de somenos. Terminada a fala, com as palmas rituais, pôs-se o orador às ordens, para perguntas. À questão das línguas respondeu que, desgraçadamente, a oficial era a do colonizador, acreditando ele que essa anômala situação ainda duraria um século. Assinale a opção que apresenta o tipo de preconceito linguístico a que esse fragmento textual se refere. a) O preconceito socioeconômico, ligado ao fato de membros das classes mais pobres, pelo acesso limitado à educação e à cultura, geralmente, dominarem apenas as variedades linguísticas mais informais e de menor prestígio. b) O preconceito regional, ligado a um tipo de aversão ao sotaque ou aos regionalismos típicos de áreas mais pobres. c) O preconceito cultural, preso à aversão pela cultura de massa e às variedades linguísticas por ela usadas. d) O preconceito político, referente à imposição de uma língua a falantes de outras línguas. e) O preconceito racial, ligado às manifestações culturais de outras raças, inclusive a língua, considerando-as atrasadas. O texto faz referência ao preconceito linguístico do tipo político. Na fala do ex-Ministro da Angola (país lusófono, de colonização portuguesa), observamos a sobreposição da Língua Portuguesa (língua do colonizador) sobre a língua do colonizado (como o quimbundo e o umbundo). Não se trata, então, de preconceito socioeconômico, regional, cultural ou racial, ainda que esses aspectos estejam indiretamente relacionados ao preconceito político. Letra d. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 60 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Chamam‐se fonemas os sons elementares e distintivos que o ser humano produz quando, pela voz, exprime seus pensamentos e emoções. Desde logo, uma distinção se impõe: não se há de confundir fonema com letra. Fonema é uma realidade acústica, realidade que nosso ouvido registra; enquanto letra é o sinal empregado para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua. Na atividade linguística, o importante para os falantes é o fonema, e não a série de movimentos articulatórios que o determina. Assim sendo, enquanto a análise fonética se preocupa tão somente com a articulação, a fonêmica atenta apenas para o fonema que, reunindo um feixe de traços que o distingue de outro fonema, permite a comunicação linguística. Evanildo Bechara. Moderna gramática portuguesa. 37.a ed. rev. E ampl. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, p. 57 (com adaptações). 007. 007. (QUADRIX/PROFESSOR L. PORTUGUESA/SEDF/2018) Comparando‐se a forma padrão “registrar” com a grafia não padrão “registrá”, verifica‐se que não há alteração da posição da sílaba tônica da palavra, que permanece oxítona, estando a acentuação gráfica de “registrá” de acordo com o que prescreve a regra. Toda a afirmativa está correta. Note a forma flexionada com pronome enclítico “registrá- la”, a qual é acentuada por ser uma oxítona (o que demonstra ser verdadeira a análise proposta pelo item). Certo. 008. 008. (QUADRIX/PROFESSOR L. PORTUGUESA/SEDF/2018) Predomina no texto a função metalinguística, visto que o foco da mensagem é o próprio código linguístico. Quando uma linguagem fala sobre si mesma, temos metalinguagem. É exatamente isso o que observamos no texto: o autor fala sobre a língua utilizando a língua (escrita). Outros exemplos de metalinguagem:uma tirinha que fala sobre o ato de fazer tirinhas; uma pintura que fale sobre o ato de fazer uma pintura; um filme que fale sobre o ato de fazer um filme; uma fotografia que fale sobre o ato de fotografar. Certo. Texto CB1A1 Cresce, no mundo todo, o número de pessoas que demandam serviços de cuidado. De acordo com o último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), esse universo deverá ser de 2,3 bilhões de pessoas em 2030 — há cinco anos, eram 2,1 bilhões. O envelhecimento da população e as novas configurações familiares, com mulheres mais presentes no mercado O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 61 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre de trabalho e menos disponíveis para assumir encargos com parentes sem autonomia, têm levado os países a repensar seus sistemas de atenção a populações vulneráveis. Partindo desse panorama, as sociólogas Nadya Guimarães, da Universidade de São Paulo (USP), e Helena Hirata, do Centro de Pesquisas Sociológicas e Políticas de Paris, na França, identificaram, em estudo, o surgimento, nos últimos vinte anos, de arranjos que visam amparar indivíduos com distintos níveis de dependência, como crianças, idosos e pessoas com deficiência. Enquanto, em algumas nações, o papel do Estado é preponderante, em outras, a atuação de instituições privadas se sobressai. Na América Latina, o protagonismo das famílias representa o aspecto mais marcante. Conforme definição da OIT, o trabalho de cuidado, que pode ou não ser remunerado, envolve dois tipos de atividades: as diretas, como alimentar um bebê ou cuidar de um doente, e as indiretas, como cozinhar ou limpar. “É um trabalho que tem uma forte dimensão emocional, se desenvolve na intimidade e, com frequência, envolve a manipulação do corpo do outro”, diz Guimarães. Ela relata que o conceito de cuidado surgiu como categoria relevante para as ciências sociais há cerca de trinta anos e, desde então, tem sido crescente a sua presença em linhas de investigação em áreas como economia, antropologia, psicologia e filosofia política. “Com isso, a discussão sobre essa concepção ganhou corpo. Os estudos iniciais do cuidado limitavam-se à ideia de que ele era uma necessidade nas situações de dependência, mas tal entendimento se ampliou. Hoje, ele é visto como um trabalho fundamental para assegurar o bem-estar de todos, na medida em que qualquer pessoa pode se fragilizar e se tornar dependente em algum momento da vida”, explica a socióloga. Os avanços da pesquisa levaram à constatação de que a oferta de cuidados é distribuída de forma desigual na sociedade, recaindo, de forma mais intensa, sobre as mulheres. Ao refletir sobre esse desequilíbrio, a socióloga Heidi Gottfried, da Universidade Estadual Wayne, nos Estados Unidos da América, explica que persiste, nas sociedades, a noção arraigada de que o trabalho de cuidado seria uma manifestação de amor e, por essa razão, deveria ser prestado gratuitamente. Conforme Gottfried, a ideia decorre, entre outros aspectos, de construção cultural a respeito da maternidade e de que cuidar seria um talento feminino. Por outro lado, Guimarães lembra que, a partir de 1970, as mulheres aumentaram sua participação no mercado de trabalho brasileiro. Em cinco décadas, a presença feminina saltou de 18% para 50%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “Consideradas provedoras naturais dos serviços de cuidado, as mulheres passaram a trabalhar mais intensamente fora de casa. Esse fato, aliado ao envelhecimento da população, gerou o que tem sido analisado como uma crise no provimento de cuidados que, em países do hemisfério norte, tem se resolvido com uma mercantilização desses serviços, além de uma maior atuação do Estado, por meio da criação de instituições públicas de acolhimento, expansão de políticas de financiamento, formação e regulação do trabalho de cuidadores”, conta a socióloga. Na América Latina, entretanto, o fornecimento de cuidados é tradicionalmente feito pelas famílias, nas quais mulheres desempenham gratuitamente papel central como cuidadoras de crianças, idosos e pessoas com deficiência. Para a minoria que pode pagar, o mercado oferece serviços de cuidado que compensam a escassa presença do Estado. Christina Queiroz. Revista Pesquisa FAPESP. Ed. 299, jan./ 2021. Internet: (com adaptações). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 62 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Em relação a aspectos estruturais do texto CB1A1 e às informações por ele veiculadas, julgue os itens subsequentes. 009. 009. (CEBRASPE/TÉCNICO/INSS/2022) Os serviços de cuidados fornecidos na América Latina diferenciam-se dos providos em países do hemisfério norte. Ao longo do texto, observamos fatos que denotam a distinção entre os serviços de cuidados fornecidos por outros países (em especial, do hemisfério norte) e por países da América Latina. Certo. 010. 010. (CEBRASPE/TÉCNICO/INSS/2022) A profissionalização do trabalho de cuidados nos últimos anos remodelou a essência do conceito de cuidado. O que remodelou a essência do conceito de cuidado está descrito no terceiro período do primeiro parágrafo. Nele, não se encontra a profissionalização de cuidados como fator gerador de mudança na essência do conceito de cuidado. Errado. TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS . 011. 011. (FGV/ANALISTA/AL-RO/2018) A afirmativa abaixo que é inadequada em relação às narrativas é: a) toda narrativa implica mudanças de situações ou estados. b) as narrativas implicam uma causalidade na intriga. c) todas as narrativas mostram personagens humanos ou humanizados. d) uma narrativa mostra sempre uma integração de ações. e) os relatos narrativos implicam sempre um narrador personagem. Em narrativas, NÃO há obrigatoriedade de o narrador ser personagem. Como sabemos, há o narrador em terceira pessoa (observador ou onisciente). Letra e. 012. 012. (CEBRASPE/ASSISTENTE/SEFAZ-RS/2019) Texto 1A2-II O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br about:blank 63 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Neide nunca tinha pensado naquilo até que, mexendo um cremezinho de laranja na cozinha, a nutricionista do programa das dez da manhã falou: — Ninguém é obrigado a parecer velho. Tirando a canseira provocada por aquele horror de exames que o médico tinha pedido, Neide considerou que, aos sessenta e quatro anos, até que não parecia velha. Mexeu o creme com mais vigor. A dermatologista deu aparte: — Alguns estudos afirmam que a velhice começa aos trinta e seis anos de idade. Aos trinta e seis anos, ela já era casada havia doze anos com João Carlos, já era mãe dos gêmeos, já sustentava a casa e tinha até contratado um auxiliar só para atender as freguesas que batiam palmas no portão. Aos trinta e seis anos, João Carlos já havia sido despedido da firma e já indicava que ia se tornar um deprimido de marca e um desempregado crônico. O fogão de seis bocas e a campainha com barulho de sinovieram depois, e seus préstimos de doceira eram anunciados em uma tabuleta de madeira. A apresentadora, que já nem era tão mocinha, considerou que tudo dependia do estado de espírito da pessoa e das escolhas feitas durante a vida: — Às vezes, é preciso dizer não. Neide pensou que falar era fácil e que mais a vida mandava do que ela escolhia. Na tevê, a palavra era do geriatra, um homem robusto, de tez bronzeada e cabelos fartos e grisalhos. — As pessoas podem continuar sexualmente ativas até a morte. Literalmente, o amor não tem idade. Neide sentiu uma tontura, e, de repente, a colher de pau caiu ao chão com barulho. Foi bem na hora em que João Carlos entrou na cozinha: estava com sede. Varreu com os olhos a figura diante de si: o pijama azul de listras estava tão acabado que nem dava para pano de chão, e a barriga do marido esgarçava as casas dos dois últimos botões. A tontura deu uma pequena trégua, o suficiente para que ela se desgostasse à visão do descaimento. Cíntia Moscovich. Aos sessenta e quatro. In: Essa coisa brilhante que é a chuva. Rio de Janeiro: Record, 2012 (com adaptações). Assinale a opção que reproduz trecho do texto 1A2-II em que predomina a tipologia descrição. a) “Ninguém é obrigado a parecer velho” (l. 4) b) “Neide considerou que, aos sessenta e quatro anos, até que não parecia velha. Mexeu o creme com mais vigor” (l. 6 a 8) c) “Alguns estudos afirmam que a velhice começa aos trinta e seis anos de idade” (l. 9 e 10) d) “Foi bem na hora em que João Carlos entrou na cozinha: estava com sede” (l. 31 e 32) e) “a barriga do marido esgarçava as casas dos dois últimos botões” (l. 35 e 36) A descrição é uma “fotografia” por escrito. Nela, o autor busca compor verbalmente imagens, as quais são formadas na mente do leitor. Apenas em (E) isso ocorre: é possível imaginar O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 64 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre como a barriga do homem abria/rompia/desfiava as casas dos dois últimos botões (da roupa). Nas demais alternativas, temos o predomínio de outros elementos, como a narração. Letra e. 013. 013. (FGV/ANALISTA/MP-RJ/2019) Observe o seguinte texto descritivo a seguir. “A casa estava situada em centro de terreno; era bastante grande, com duas salas, quatro quartos, dois banheiros e um pequeno quintal. O piso de todos os cômodos era de cerâmica cinzenta e cada um deles possuía uma iluminação diferente”. Nesse caso, a estratégia discursiva parte: a) de longe para perto; b) de cima para baixo; c) das partes para o todo; d) de baixo para cima; e) do todo para as partes. A estratégia discursiva parte do todo (casa em um terreno), segue para os cômodos e finaliza na descrição de elementos do cômodo, como cerâmica e iluminação. Então temos a estratégia indicada na alternativa (e): a descrição parte do todo para as partes. Nesse tipo de questão, a banca demanda do candidato a capacidade de sintetizar uma noção presente em um trecho de texto. Essa síntese, no caso da questão em análise, é do tipo essência da estratégia discursiva no âmbito da descrição. Letra e. 014. 014. (FGV/PROFESSOR/SME-SP/2023) Como ensinar a ler Se eu fosse ensinar a uma criança a arte da jardinagem, não começaria com as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. Eu a levaria a passear por parques e jardins, mostraria flores e árvores, falaria sobre suas maravilhosas simetrias e perfumes; a levaria a uma livraria para que ela visse, nos livros de arte, jardins de outras partes do mundo. Aí, seduzida pela beleza dos jardins, ela me pediria para ensinar-lhe as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música, não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe falaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 65 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Se fosse ensinar a uma criança a arte da leitura, não começaria com as letras e as sílabas. Simplesmente leria as estórias mais fascinantes que a fariam entrar no mundo encantado da fantasia. Aí então, com inveja dos meus poderes mágicos, ela desejaria que eu lhe ensinasse o segredo que transforma letras e sílabas em estórias. É muito simples. O mundo de cada pessoa é muito pequeno. Os livros são a porta para um mundo grande. Pela leitura vivemos experiências que não foram nossas e então elas passam a ser nossas. Lemos a estória de um grande amor e experimentamos as alegrias e dores de um grande amor. Lemos estórias de batalhas e nos tornamos guerreiros de espada na mão, sem os perigos das batalhas de verdade. Viajamos para o passado e nos tornamos contemporâneos dos dinossauros. Viajamos para o futuro e nos transportamos para mundos que não existem ainda. Lemos as biografias de pessoas extraordinárias que lutaram por causas bonitas e nos tornamos seus companheiros de lutas. Lendo, fazemos turismo sem sair do lugar. E isso é muito bom. ALVES, Rubem, Ostra feliz não faz pérola. Ed. Planeta do Brasil Ltda. São Paulo. 2021. O texto precedente, considerando-se sua organização discursiva, deve ser incluído entre os textos a) descritivos. b) narrativos. c) dissertativos expositivos. d) dissertativos argumentativos. e) injuntivos. Há, no texto, uma clara defesa de um ponto de vista. Nessa defesa, o autor argumenta no sentido de convencer o leitor de que a forma de educar uma criança (ensinar a ler, a fazer jardinagem, a apreciar música) defendida por ele é a correta. Por essa razão, o texto é corretamente classificado como argumentativo. Não se trata de descrição (apresentação de propriedades/características de objeto, ser ou espaço), narração (apresentação de eventos praticados/sofridos por personagens em determinado tempo e espaço), injunção (comandos/orientações/instruções dirigidas a um interlocutor) ou exposição (apresentação de fenômenos, fatos e conceitos sobre o mundo). Letra d. 015. 015. (FGV/TÉCNICO/PGM/2023) Abaixo aparecem cinco slogans publicitários; o slogan que apela a uma estratégia diferente da dos demais casos, é: a) Um pouco de Veja e muito de limpeza; b) São os pequenos detalhes que fazem as grandes marcas; c) Após a escuridão vem a claridade com Eveready; d) Não faça economia: compre um BMW; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 66 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre e) Príncipe veste hoje o homem de amanhã. Na alternativa (D), não observamos os mesmos pares contrastivos em (A), (B), (C) e (E): pouco-muito, pequenos-grandes, escuridão-claridade, hoje-amanhã. Letra d. 016. 016. (IBGP/MUNICIPIO DE ITABIRA/ENGENHEIRO CIVIL/2020) Educação financeira chega ao ensino infantil e fundamental em 2020 Oferta estáprevista na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Antonia, auxiliar de escritório, todos os dias compra uma balinha ou um chocolate, no ponto de ônibus, na volta do trabalho, que custa R$ 0,50. “Eu não dava importância para aquele gasto. Imagina, R$ 0,50 não é nada! Mas eu nunca consegui economizar um centavo”. Fazendo as contas, esses centavos viram R$ 11 em um mês e R$ 132 em um ano. São situações como essa, retirada de livro didático disponível online, que ensinam estudantes de escolas em várias partes do país a terem consciência dos próprios gastos e a ajudar a família a lidar com as finanças. A chamada educação financeira, cuja oferta hoje depende da estrutura de cada rede de ensino passa a ser direito de todos os brasileiros, previsto na chamada Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “É uma grande oportunidade, uma grande conquista para a comunidade escolar do país”, diz a superintendente da Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil), Claudia Forte. “A educação financeira busca a modificação do comportamento das pessoas, desde pequeninas, quando ensina a escovar os dentes e fechar a torneira para poupar água e economizar. Isso é preceito de educação financeira”. A BNCC é um documento que prevê o mínimo que deve ser ensinado nas escolas, desde a educação infantil até o ensino médio. Educação financeira deve, pela BNCC, ser abordada de forma transversal pelas escolas, ou seja, nas várias aulas e projetos. Parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), homologado pelo Ministério da Educação (MEC), prevê que as redes de ensino adequem os currículos da educação infantil e fundamental, incluindo esta e outras competências no ensino, até 2020. A educação financeira nas escolas traz resultados, de acordo com a AEF-Brasil. Pesquisa feita em parceria com Serasa Consumidor e Serasa Experian, este ano, mostra que um a cada três estudantes afirmou ter aprendido a importância de poupar dinheiro depois de participar de projetos de educação financeira. Outros 24% passaram a conversar com os pais sobre educação financeira e 21% aprenderam mais sobre como usar melhor o dinheiro. Desafios Levar a educação financeira para todas as escolas envolve, no entanto, uma série de desafios, que vão desde a formação de professores, a oferta de material didático adequado e mesmo a garantia de tempo para que os professores se dediquem ao preparo das aulas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 67 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre De acordo com o presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Garcia, os municípios, que são os responsáveis pela maior parte das matrículas públicas no ensino infantil e fundamental, focarão, em 2020, na formação dos docentes, para que eles possam levar para as salas de aula não apenas educação financeira, mas outras competências previstas na BNCC. “Tivemos um grande foco na construção dos currículos e, agora, neste ano, [em 2020], entramos no processo de formação. Educação financeira, inclusão, educação socioemocional, todos esses elementos vão chegar de fato na sala de aula a partir da discussão que fizermos agora”, diz. Segundo ele, a implementação será concomitante à formação, já em 2020. De acordo com Garcia, não há um levantamento de quantos municípios já contam com esse ensino. “Não existe uma orientação geral com relação a isso. São iniciativas locais. Não tenho como quantificar, mas não é algo absolutamente novo”, diz. Ensinar a escolher A educação financeira é pauta no Brasil antes mesmo da BNCC. Em 2010 foi instituída, por exemplo, a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), com o objetivo de promover ações de educação financeira no Brasil. Na página Vida e Dinheiro, da entidade, estão disponíveis livros didáticos que podem ser baixados gratuitamente e outros materiais informativos para jovens e para adultos. As ações da Enef são coordenadas pela AEF-Brasil. Claudia explica que a AEF-Brasil foi convocada pelo Ministério da Educação (MEC) para disponibilizar materiais e cursos para preparar os professores e, com isso, viabilizar a implementação da educação financeira nas escolas. As avaliações mostram que o Brasil ainda precisa avançar. No Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2015, o Brasil ficou em último lugar em um ranking de 15 países em competência financeira. O Pisa oferece 4 avaliações em competência financeira de forma optativa aos países integrantes do programa. O resultado da última avaliação dessa competência, aplicada em 2018, ainda não foi divulgado. Os resultados disponíveis mostram que a maioria dos estudantes brasileiros obteve desempenho abaixo do adequado e não conseguem, por exemplo, tomar decisões em contextos que são relevantes para eles, reconhecer o valor de uma simples despesa ou interpretar documentos financeiros cotidianos. É CORRETO afirmar que esse texto pertence ao domínio discursivo: a) Escolar. b) Jornalístico. c) Acadêmico. d) Publicitário. A questão exige conhecimentos sobre o conteúdo de Tipologias e Gêneros Textuais. O texto é claramente uma notícia, e por isso ele se enquadra no domínio discursivo jornalístico. Não se trata de uma obra didática (domínio discursivo escolar), um texto acadêmico (como O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 68 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre um artigo científico) ou publicitário (uma propaganda, por exemplo). Por isso, temos a alternativa (B) como correta. Letra b. 017. 017. (SELECON/ASSISTENTE/CRA-RR/2021) Os desafios da conservação da água no Brasil Um dos países com maior disponibilidade de recursos hídricos do mundo, o Brasil tem problemas com seus indicadores de água. O acesso à água tratada e à coleta e tratamento de esgoto no país é desigual. As áreas urbanas tendem a ter índices melhores, enquanto áreas irregulares e afastadas são mais prejudicadas. Além de políticas públicas que assegurem o atendimento, que é dificultado pela distribuição desequilibrada da água e da população no território brasileiro, outro imbróglio é a conservação do próprio recurso, que enfrenta desafios. Falta de saneamento Um dos maiores vilões da qualidade da água no Brasil é a oferta de saneamento básico. Pouco mais da metade da população brasileira, 52,4%, tinha coleta de esgoto em 2017, e apenas 46% do esgoto total é tratado, de acordo com o Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento. Dessa forma, um grande volume de esgoto não coletado ou não tratado é despejado em corpos d’água, provocando problemas ambientais e de saúde. “Essa falta de infraestrutura de saneamento básico tem um impacto brutal na qualidade das águas de todo o país”, diz o especialista Carlos. Não só a carência de coleta e de tratamento de esgoto é problemática, mas também a poluição causada por indústrias e pela agricultura, como o lançamento de agrotóxicos. Desmatamento, em especial no Cerrado O desmatamento de matas ciliares, que acontece em todas as bacias hidrográficas do Brasil, altera a quantidade e a qualidade dos corpos hídricos. Essa vegetação protege o solo, ajuda na infiltração da água da chuva e na alimentação do lençol freático e permite a recarga dos aquíferos. Sua retirada aumenta o assoreamento, a perda do solo, a erosão e a taxa de evaporação da água. Segundo JoséFrancisco Gonçalves Júnior, professor do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB), todos esses impactos reunidos podem levar a uma indisponibilidade natural de recursos hídricos. Em outra frente, o desmatamento do Cerrado, considerado a “caixa d’água do Brasil” por causa de sua posição estratégica na formação de bacias hidrográficas, vem sendo devastado pela expansão da fronteira agrícola. “Qualquer alteração no Cerrado pode levar a uma degradação de inúmeras bacias hidrográficas de extrema relevância para obtenção de recursos hídricos brasileiros”, afirma Gonçalves. Para o professor, o uso do solo do bioma teve um efeito positivo na produtividade agrícola, mas a falta de uma regulação mais firme tem levado a uma superexploração, com vários danos. “Perda de território, de recarga de aquíferos, uma perda muito grande de nascentes e uma degradação e diminuição da disponibilidade de água”, enumera. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 69 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre (Disponível em https://www.dw.com/pt-br/os-desafios-daconserva%C3%ATH%C3%A30-da- %C3%A1 A presença de falas de especialistas é uma das características que revela o pertencimento do texto ao tipo: a) jornalístico b) filosófico c) literário d) jurídico O texto jornalístico (especialmente as reportagens) é caracterizado pela presença de falas de especialistas. A presença de falas de especialistas também ocorre em textos jurídicos e filosóficos, mas não é uma característica inerente ao gênero. Letra a. 018. 018. (CEBRASPE/ANALISTA/PGE-PE/2019) Texto CB2A1-I 1| Raras vezes na história humana, o trabalho, a riqueza, o poder e o saber mudaram simultaneamente. Quando isso ocorre, sobrevêm verdadeiras descontinuidades que marcam 4| época, pedras miliares no caminho da humanidade. A invenção das técnicas para controlar o fogo, o início da agricultura e do pastoreio na Mesopotâmia, a organização da democracia na 7| Grécia, as grandes descobertas científicas e geográficas entre os séculos XII e XVI, o advento da sociedade industrial no século XIX, tudo isso representa saltos de época, que 10| desorientaram gerações inteiras. Se observarmos bem, essas ondas longas da história, como as chamava Braudel, tornaram-se cada vez mais curtas. 13| Acabamos de nos recuperar da ultrapassagem da agricultura pela indústria, ocorrida no século XX, e, em menos de um século, um novo salto de época nos tomou de surpresa, 16| lançando-nos na confusão. Dessa vez o salto coincidiu com a rápida passagem de uma sociedade de tipo industrial dominada pelos proprietários das fábricas manufatureiras para uma 19| sociedade de tipo pós-industrial dominada pelos proprietários dos meios de informação. O fórceps com o qual a recém-nascida sociedade 22| pós-industrial foi extraída do ventre da sociedade industrial O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 70 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre anterior é representado pelo progresso científico e tecnológico, pela globalização, pelas guerras mundiais, pelas revoluções 25| proletárias, pelo ensino universal e pelos meios de comunicação de massa. Agindo simultaneamente, esses fenômenos produziram uma avalanche ciclópica — talvez a 28| mais irresistível de toda a história humana — na qual nós, contemporâneos, temos o privilégio e a desventura de estar envolvidos em primeira pessoa. 31| Ninguém poderia ficar impassível diante de uma mudança dessa envergadura. Por isso a sensação mais difundida é a desorientação. 34| A nossa desorientação afeta as esferas econômica, familiar, política, sexual, cultural... É um sintoma de crescimento, mas é também um indício de um perigo, porque 37| quem está desorientado sente-se em crise, e quem se sente em crise deixa de projetar o próprio futuro. Se deixarmos de projetar nosso futuro, alguém o projetará para nós, não em 40| função de nossos interesses, mas do seu próprio proveito. Domenico de Masi. Alfabeto da sociedade desorientada: para entender o nosso tempo. Trad. Silvana Cobucci e Federico Carotti. São Paulo: Objetiva, 2017, p. 93-4 (com adaptações). O texto caracteriza-se como dissertativo-argumentativo, devido, entre outros aspectos, à presença de evidências e fatos históricos utilizados para validar a argumentação do autor. Dentre os fatos históricos que trazem ao texto uma feição de dissertativo-argumentativo, temos “a ultrapassagem da agricultura pela indústria” (linhas 13 e 14) e “invenção das técnicas para controlar o fogo” (linhas 4 e 5). O uso desses fatos históricos tem por finalidade o convencimento do leitor acerca de um ponto de vista. Certo. 019. 019. (INÉDITA/2023) A frase abaixo que mostra a presença do discurso indireto livre é: a) Sentiu o cheiro bom dos preás que desciam do morro, mas o cheiro vinha fraco e havia nele partículas de outros viventes. Parecia que o morro se tinha distanciado muito. b) A cachorra Baleia assustou-se. Que faziam aqueles animais soltos de noite? A obrigação dela era levantar-se, conduzi-los ao bebedouro. c) Pouco a pouco a cólera diminuiu, e sinhá Vitória, embalando as crianças, enjoou-se da cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios. d) Nesse momento Fabiano andava no copiar, batendo castanholas com os dedos. Sinhá Vitória encolheu o pescoço e tentou encostar os ombros às orelhas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 71 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre e) Defronte do carro de bois faltou-lhe a perna traseira. E, perdendo muito sangue, andou como gente em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo. O discurso indireto livre é marcado pela mescla entre o discurso do narrador e o do personagem. Ocorre tipicamente quando não se pode definir com clareza se o enunciado foi produzido pelo narrador ou pelo personagem. Em (B), isso ocorre na interrogativa “Que faziam aqueles animais soltos de noite?”, pois não sabemos se esse questionamento foi feito pelo narrador ou pelo personagem (no caso, a cachorra Baleia). Nas demais alternativas, não há discurso indireto livre: há apenas a narração de eventos em terceira pessoa. Letra b. 020. 020. (INÉDITA/2023) Alguns narradores, como os de Machado de Assis, interrompem suas narrativas para fazer comentários com os leitores; o trecho abaixo em que o narrador comenta o processo de composição da narrativa é: a) “Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contracção cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...” b) “Tinha dezessete anos;pungia-me um buçozinho que eu forcejava por trazer a bigode. Os olhos, vivos e resolutos, eram a minha feição verdadeiramente máscula. Como ostentasse certa arrogância, não se distinguia bem se era uma criança com fumos de homem, se um homem com ares de menino.” c) “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho juvenil.” d) “A Casa Verde foi o nome dado ao asilo, por alusão à cor das janelas, que pela primeira vez apareciam verdes em Itaguaí. Inaugurou-se com imensa pompa; de todas as vilas e povoações próximas, e até remotas, e da própria cidade do Rio de Janeiro, correu gente para assistir às cerimônias, que duraram sete dias.” e) “Nisto, o cônego estremece. O rosto ilumina-se-lhe. A pena, cheia de comoção e respeito, completa o substantivo com o adjetivo. Sílvia caminhará agora ao pé de Sílvio, no sermão O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 72 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre que o cônego vai pregar um dia destes, e irão juntinhos ao prelo, se ele coligir os seus escritos, o que não se sabe.” Em “b”, “c”, “d” e “e”, os excertos narrativos estão centrados nos personagens e nos eventos internos à narrativa. Em “a”, o narrador dirige-se ao leitor (e fala sobre o processo de composição da narrativa), como podemos confirmar pela leitura deste trecho: “porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar”. É a chamada referência exofórica. Letra a. 021. 021. (INÉDITA/2023) Todos os segmentos textuais abaixo são pertencentes à dinâmica do discurso argumentativo; o segmento em que a argumentação constitui uma falácia é: a) Restrições que apresentam impactos inegáveis, como afirma o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho, Bob Machado: “com a pandemia, há um aumento das desigualdades sociais”. b) No fim, e mesmo considerando uma certa margem de erro dadas as diferenças de metodologia, o saldo negativo de 191 mil vagas de 2020 ainda foi um resultado bem menos catastrófico que o de 2015 (perda de 1,54 milhão de postos de trabalho) e 2016 (saldo negativo de 1,32 milhão), quando o Brasil não teve pandemia nem lockdown. c) Portanto, atitudes legislativas direcionadas à efetivação e reconhecimento de direitos, como férias, 13º salário e FGTS, ainda confrontam a persistência de práticas de raiz escravocrata. Recentes casos julgados pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, como o “Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde vs. Brasil”, condenaram o Estado pela ausência de proteção dos trabalhadores contra práticas de trabalho forçado. d) Machado de Assis é o maior escritor brasileiro porque nenhum outro foi capaz de produzir uma obra que atingisse a mesma magnitude da criação literária do Bruxo do Cosme Velho. e) Em relação ao perfil social das pessoas resgatadas de escravidão contemporânea até o momento em 2021, dados do Seguro-Desemprego do trabalhador resgatado mostram que 89% são homens; 49% têm entre 18 e 39 anos; e 35% residem no Nordeste. Quanto ao grau de instrução, 21% declararam só ter cursado até o 5º ano, 20% haviam estudado do 6º ao 9º ano e outros 18% tinham ensino médio completo. Há uma falácia em “d”: a petição de princípio (ou círculo vicioso), em que o autor apresenta a própria declaração como prova dela (Machado é o maior escritor brasileiro porque ele é o maior escritor brasileiro). Nas demais alternativas, as estratégias argumentativas não são O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br https://diplomatique.org.br/trabalho-escravo-contemporaneo-e-a-pandemia-de-covid-19/ 73 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre falácias: “a” citação de autoridade; “b” apresentação de dados e cotejamento; “c” adoção de método dedutivo (do geral para o particular); “e” apresentação de dados (estatísticos). Letra d. 022. 022. (INÉDITA/2023) Das falácias argumentativas abaixo, aquela que exemplifica uma simplificação exagerada é: a) “Se se defende a restrição à venda de armas de fogo para se evitar assassinatos, devemos também restringir a venda de motosserras. Basta lembrar o caso de Paraipaba, em que um homem tentou assassinar com uma motosserra um desafeto”. b) “As jornalistas Aline Valek e Clara Averbuck lançaram um blog chamado “Escritório Feminista” na Carta Capital. Certamente vão falar mal dos homens, pois é isso o que toda feminista faz”. c) Os africanos gostavam de ser escravos. Como disse Daenerys Targaryen, de Game of Thrones, “As pessoas aprendem a amar as correntes que as prendem”. d) Se no Brasil os jovens da geração “nem-nem” passarem a trabalhar e a estudar, erradicaremos a fome em nosso país! e) “Quem lê jornais deve ser considerado um bom cidadão por seu alto nível de informação”. Há simplificação exagerada em “d”: primeiramente, a erradicação da fome em nosso país não ocorrerá se no Brasil os jovens da geração “nem-nem” passarem a trabalhar e a estudar, pois há muitos outros fatores envolvidos (como distribuição de renda, abertura de vagas no mercado de trabalho etc.). Em segundo lugar, a solução é simplista: como se pode empregar, de uma hora para outra, todos os jovens da geração “nem-nem”? Em “a”, “b”, “c” e “e”, as falácias são estas, respectivamente: falsa analogia; generalização excessiva; apelo à autoridade irrelevante; generalização excessiva. Letra d. 023. 023. (INÉDITA/2023) O segmento abaixo que exemplifica o tipo de texto denominado instrucional é: a) Os pronomes de tratamento apresentam certas peculiaridades quanto às concordâncias verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala), levam a concordância para a terceira pessoa. b) Há uma correlação bem documentada em todo o mundo entre a pobreza e as altas taxas de natalidade. Em países pequenos e grandes, capitalistas e comunistas, católicos e muçulmanos, ocidentais e orientais — em quase todos esses casos, o crescimento exponencial O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 74 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre da população diminui ou cessa quando desaparece a pobreza esmagadora. A isso se dá o nome de transição demográfica. c) Nos últimos tempos, vem se disseminando a tese da proposição de um suposto gênero neutro na língua portuguesa. O tema é complexo, ainda mais quando se ignoram questões caras para a ciência linguística, como a distinção entre gênero social e gênero gramatical, a função da escrita enquanto sistema representacional que se relaciona com a fala e, mais do que tudo isso, a dinamicidade em se tratando de línguas naturais. d) Era uma vez um galo que acordava bem cedo todas as manhãs e dizia para a bicharada do galinheiro: - Vou cantar para fazer o sol nascer... Ato contínuo, subia até o alto do telhado, estufava o peito, olhava para o nascente e ordenava, definitivo: - Có-có-ri-có-có... E ficava esperando. e) Inspeção desegurança antes do uso: (i) a inspeção de segurança deve ser realizada antes das atividades a serem exercidas por cada usuário. Para cada novo exercício, os dispositivos e acessórios a serem utilizados devem ser conferidos quanto a sua segurança, limpeza e adequação; (ii) certifique-se de que todos os componentes do equipamento estejam devidamente fixados e posicionados antes de realizar os exercícios. O texto instrucional (ou injuntivo) é caracterizado pelo predomínio da função conativa, na qual se busca influenciar/dirigir o comportamento do interlocutor. Isso ocorre apenas em “e”, pois o texto realiza instruções em relação a como deve ocorrer a inspeção de segurança. Em “a”, temos um texto expositivo/metalinguístico; em “b”, um texto expositivo; em “c”, o texto é argumentativo; em “d”, por fim, temos um texto narrativo. Letra e. Caros membros da Secretaria de Redação e do Conselho Editorial da Folha, Nós, jornalistas da Folha aqui subscritos, vimos por meio desta carta expressar nossa preocupação com a publicação recorrente de conteúdos racistas nas páginas do jornal. Sabemos ser incomum que jornalistas se manifestem sobre decisões editoriais da chefia, mas, se o fazemos neste momento, é por entender que o tema tenha repercussões importantes para funcionários e leitores do jornal e no intuito de contribuir para uma Folha mais plural. O episódio a motivar esta carta foi a publicação de artigo de opinião intitulado “Racismo de negros contra brancos ganha força com identitarismo” (Ilustrada Ilustríssima, 16/1), em que Antonio Risério identifica supostos excessos das lutas identitárias, que estariam levando a racismo reverso. [...] Reconhecemos o pluralismo que está na base dos princípios editoriais da Folha e a defesa que nela se faz da liberdade de expressão. No entanto estes não se dissociam de outros valores O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 75 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre que o jornalismo deve defender, como a verdade e o respeito à dignidade humana. A Folha não costuma publicar conteúdos que relativizam o Holocausto, nem dá voz a apologistas da ditadura, terraplanistas e representantes do movimento antivacina. Por que, então, a prática seria outra quando o tema é o racismo no Brasil? Se textos como o de Antonio Risério atraem audiência no curto prazo, sua consequência seguinte é minar a credibilidade, que é, e deve ser, o pilar máximo de um jornal como a Folha. Por esses motivos, convidamos a uma reflexão e uma reavaliação sobre a forma como o racismo tem sido abordado na Folha. Acreditamos que buscar audiência às expensas da população negra seja incompatível com estar a serviço da democracia. (Carta aberta de jornalistas da Folha à direção do jornal, 19 de janeiro de 2022) 024. 024. (INÉDITA/2023) O texto precedente pertence ao gênero carta argumentativa. Levando em consideração o texto lido, assinale a característica menos adequada a esse gênero. a) Explicitação do destinatário da carta por meio do vocativo. b) Adoção de expressões coloquiais e de linguagem figurada. c) Estruturação textual coesa, clara e objetiva. d) Apresentação de argumentação que sustenta o ponto de vista de quem subscreve a carta. e) Emprego de formas verbais e pronominais em primeira pessoa. Uma carta argumentativa possui tipicamente as seguintes características (expressas em “a”, “c”, “d” e “e”): explicitação do destinatário da carta por meio do vocativo; estruturação textual coesa, clara e objetiva; apresentação de argumentação que sustenta o ponto de vista de quem subscreve a carta; e emprego de formas verbais e pronominais em primeira pessoa (do singular ou do plural). Em “b”, lemos uma característica que não é típica em cartas argumentativas: a adoção de expressões coloquiais e de linguagem figurada. Letra b. 025. 025. (INÉDITA/2023) O texto a seguir foi retirado de uma Carta do Leitor do jornal Folha de S.Paulo, de 17 de fevereiro de 2022. Chegar bem aos 100 Excelente o artigo de Karla Giacomin na coluna Como Chegar Bem aos 100 (“Desconstrução de políticas de Estado precisa ser denunciada, Corrida, 17/2). Precisamos denunciar essa desconstrução política, especialmente aquelas que contemplam as necessidades da população idosa. Marília Berzins (São Paulo, SP) A marca que NÃO está presente nesse gênero textual é: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 76 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre a) a presença da assinatura do emissor; b) a utilização de linguagem próxima à do jornal; c) o emissor busca posiciona-se em relação a determinada publicação ou acontecimento recente; d) o emprego de intertextualidade; e) uma solicitação de resposta do jornal acerca do questionamento realizado. As marcas linguístico-discursivas em “a”, “b”, “c” e “d” estão presentes no gênero textual carta do leitor em análise (seja no gênero, seja no exemplo analisado). Em “e”, temos uma marca não recorrente do gênero carta do leitor e inexistente no exemplo analisado: não há solicitação de resposta do jornal acerca do questionamento realizado. Letra e. COESÃO E COERÊNCIA Você mora em um lugar competitivo? Essa é a pergunta feita pelo Ranking de competitividade dos estados, que metrifica, em uma escala de 0 a 100, todos os cantos do Brasil, para classificar as 27 unidades federativas com base em dez pilares diferentes: segurança pública, infraestrutura, sustentabilidade social, solidez fiscal, educação, sustentabilidade ambiental, eficiência da máquina pública, capital humano, potencial de mercado e inovação. De acordo com os gráficos mostrados a seguir, dos mais de vinte estados, apenas cinco não mudaram de posição ao longo do último ano (2022), com destaque para São Paulo e Santa Catarina, que lideram, assim como Rio de Janeiro e Roraima, que subiram bastante. [...] Ao todo, são quase noventa critérios avaliados dentro dos pilares fundamentais, que incluem desde infraestrutura até o capital humano de cada localidade, com pesos diferentes entre si. Paulistas lideram o ranking há anos. No ano de 2022, porém, houve piora no quesito segurança patrimonial, com aumento no número de furtos e roubos. Estados do Norte e do Nordeste são os menos competitivos do país. Trata-se de uma ferramenta de avaliação da administração pública, de diagnóstico e auxílio na escolha das prioridades e de promoção de boas práticas organizacionais, que, além de ajudar políticos a priorizarem ações com base em uma inteligência de dados bem robusta — ou seja, como um sistema de incentivo para os líderes públicos —, pode ser um bom indicador da gestão pública da região. São referências adotadas pelo ranking que apresentam novos parâmetros para os estados brasileiros. Internet: (com adaptações). Em relação aos aspectos gramaticais do texto precedente, julgue os seguintes itens. 026. 026. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023) A forma pronominal “Essa”, em “Essa é a pergunta” (início do primeiro parágrafo), estabelece coesão por substituição. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 77 de 102gran.com.br PDFSINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre A coesão por substituição ocorre quando um vocábulo (principalmente pronomes) substituem outro termo (e, como isso, realizam a retomada). É exatamente o que ocorre em “Essa é a pergunta”, em que o pronome “Essa” substitui toda a oração interrogativa “Você mora em um lugar competitivo?”. Certo. 027. 027. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023) No trecho “apenas cinco não mudaram de posição” (segundo parágrafo), foi utilizada a estratégia de coesão por elipse. A elipse ocorre quando se pode depreender a existência de um termo suprimido. Isso ocorre no trecho em análise, pois é possível depreender a forma “estados” está subentendida em “apenas cinco [estados] não mudaram de posição”. Certo. 028. 028. (IBFC/ANALISTA/DETRAN-DF/2022) Eu deveria cantar. Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então pudesse acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e uma Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se tivesse, e nos últimos meses nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”. Agradecer, pedir luz, como nos tempos em que tinha fé. Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha espreita. Ou Deus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei ali parado no começo da tarde escaldante de fevereiro, olhando o telefone que acabara de desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos, mesmo sem nenhuma fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico. Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não tinha pais ricos, dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho numa cidade infernal como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do apartamento. Nada muito sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda e os joelhos tremessem com frequência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos e pernas ainda funcionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos. Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo. Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do meio-dia. Pense nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicidade, o pequeno milagre O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 78 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo nem ritmo que eu, com certa complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a chamar de minha vida, tinha um nome. Chamava-se – um emprego. (ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12). O emprego do pronome demonstrativo presente em “dessas atitudes” é justificado pelo seguinte papel coesivo: a) proximidade espacial em relação ao interlocutor. b) referência antecipada a elementos pouco específicos. c) proximidade de tempo entre a enunciação e a referência. d) referência a elementos já apresentados no texto. O pronome “essas”, presente em “dessas atitudes”, é um anafórico: retoma elementos já apresentados no texto. Não se trata de referência espacial ou temporal. Também não se trata de um termo catafórico (que antecipa algo a ser dito). Letra d. 029. 029. (INÉDITA/2023) Uma marca da textualidade é a coesão, a ligação formal entre termos. Assinale a frase abaixo em que os termos destacados não estão ligados por coesão. a) A malária é uma doença infecciosa causada por protozoários que são transmitidos pela picada das fêmeas. b) Em período chuvoso, quando a terra desliza, são carregadas com ela as casas construídas nos morros. c) Há uma famosa observação do primeiro-ministro Chou En-Lai, muito citada, que traduz essa noção singular do que seja o tempo. d) A paciência é uma virtude que é baseada no autocontrole emocional. e) O que me parece mais relevante é discutir os fatores estruturais, que de certa forma impelem nessas conjunturas à tensão inflacionária incidir dessa forma. Em (A), (B), (C) e (E), os termos destacados formam pares coesivos (são anáforas: o segundo termo do par retoma o primeiro): protozoários(segundo período do sexto parágrafo). Como o referente apontado pelo item é incorreto, a afirmativa está errada. Errado. SEMÂNTICA 031. 031. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 80 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Você mora em um lugar competitivo? Essa é a pergunta feita pelo Ranking de competitividade dos estados, que metrifica, em uma escala de 0 a 100, todos os cantos do Brasil, para classificar as 27 unidades federativas com base em dez pilares diferentes: segurança pública, infraestrutura, sustentabilidade social, solidez fiscal, educação, sustentabilidade ambiental, eficiência da máquina pública, capital humano, potencial de mercado e inovação. De acordo com os gráficos mostrados a seguir, dos mais de vinte estados, apenas cinco não mudaram de posição ao longo do último ano (2022), com destaque para São Paulo e Santa Catarina, que lideram, assim como Rio de Janeiro e Roraima, que subiram bastante. [...] Ao todo, são quase noventa critérios avaliados dentro dos pilares fundamentais, que incluem desde infraestrutura até o capital humano de cada localidade, com pesos diferentes entre si. Paulistas lideram o ranking há anos. No ano de 2022, porém, houve piora no quesito segurança patrimonial, com aumento no número de furtos e roubos. Estados do Norte e do Nordeste são os menos competitivos do país. Trata-se de uma ferramenta de avaliação da administração pública, de diagnóstico e auxílio na escolha das prioridades e de promoção de boas práticas organizacionais, que, além de ajudar políticos a priorizarem ações com base em uma inteligência de dados bem robusta — ou seja, como um sistema de incentivo para os líderes públicos —, pode ser um bom indicador da gestão pública da região. São referências adotadas pelo ranking que apresentam novos parâmetros para os estados brasileiros. Internet: (com adaptações). Em relação aos aspectos gramaticais do texto precedente, julgue o seguinte item. No primeiro período do último parágrafo, a palavra “robusta” está empregada com o mesmo sentido de arrojada. Os vocábulos “robusta” e “arrojada” não são sinônimos. Por isso, não são intercambiáveis (um não pode substituir o outro no contexto em análise). A diferença de significado é esta: “robusto” significa algo de constituição física muito forte, vigoroso; “arrojado” denota que aquilo que apresenta características inovadoras, progressistas; ousado. Errado. 032. 032. (CEBRASPE/ANALISTA/APEX BRASIL/2021) Texto CB2A1-I A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas oportunidades para o pequeno negócio, o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE), que se veem na contingência de mudança na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e novas oportunidades, com uma fatia maior do comércio eletrônico. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br about:blank 81 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio eletrônico, várias vantagens podem ser apresentadas, como a facilidade de estabelecer compras online 24 horas por dia, sete dias da semana. Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da atividade empresarial, como quadro pessoal, loja física e mobilidade urbana, a diminuição de tempo gasto com as operações e a sustentabilidade com a teoria de utilização racional de papéis (em inglês, less paper). Este guia é direcionado aos pequenos empresários, aos varejistas e a todo tipo de comerciante que vise ampliar suas atividades pelo uso de novas tecnologias. Os produtos englobados por este guia resumem-se em mercadorias, software, hardware e serviço. Os consumidores protegidos pela norma conceituam-se como membro individual do público geral, que compra ou usa produtos para fins pessoais ou finalidades domésticas. Todavia, para que esse sistema de transações de comércio eletrônico seja eficaz, o comerciante deve planejar, implantar e desenvolver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo atualizado e transparente, de modo a auxiliar os consumidores na efetivação da credibilidade desse tipo de negociação online. Para tanto, a capacidade, a adequação, a conformidade, a pluralidade e a diversidade na rede devem gerar um maior suporte ao consumidor, em relação às suas reclamações e dúvidas na transação eletrônica. Utilize o passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedido em seu comércio eletrônico! ABNT/ SEBRAE. Guia de implementação ABNT NBR ISO 10008: gestão da qualidade –satisfação do cliente – diretrizes para transações de comércio eletrônico de negócio a consumidor. Rio de Janeiro: 2014, p. 31 (com adaptações). No primeiro parágrafo do texto CB2A1-I, o vocábulo “contingência” está empregado com o sentido de a) obrigação. b) circunstância. c) iminência. d) urgência. O contexto é este: “A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas oportunidades para o pequeno negócio, o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE), que se veem na contingência de mudança na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e novas oportunidades, com uma fatia maior do comércio eletrônico.” Aqui, o sentido é de “eventualidade”, “caráter do que é circunstancial” (segundo o dicionário Houaiss, 2009). Nesse sentido, o substituto adequado é “circunstância”, em (B): “A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas oportunidades para o pequeno negócio, o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE), que se veem na circunstância de mudança O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 82 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e novas oportunidades, com uma fatia maior do comércio eletrônico.” Letra b. 033. 033. (FGV/AUDITOR/TCE-ES/2023) Todas as frases abaixo mostram verbos ligados à ação de “ver”. A frase em que o verbo sublinhado NÃO está adequadamente empregado, por não ter seu sentido adequado ao contexto, é: a) O atirador mirou com cuidado o alvo pretendido; b) O caçador vislumbrou o animal entre a folhagem; c) No museu, pessoas observam desatentas os inúmeros quadros; d) Ao entrarem na Capela Sistina, os turistas contemplam obrigatoriamente as pinturas do teto; e) O daltonismo não permitia que ele distinguisse o verde do vermelho. Os significados de “mirar” (fixar os olhos em), “vislumbrar” (enxergar parcial, indistinta ou fracamente; entrever), “contemplar” (fixar o olhar em (alguém, algo ou si mesmo), com encantamento, com admiração) e “distinguir” (perceber a diferença entre (coisas) ou ser diferente de (algo)) estão adequados para o contexto de ocorrência. No caso de “observar”, em (C), o problema está no emprego do vocábulo “desatentas”, já que o ato de observar pressupõe a ideia de ver com atenção. Letra c. 034. 034. (FGV/AUXILIAR/PREF. MUN. PAULÍNIA-SP/2021) Um jornal de Paulínia é chamado de vespertino; isso significa que esse jornal a) era distribuído somente em alguns bairros. b) só era distribuído à tarde. c) era publicadosomente nos dias úteis. d) tratava exclusivamente de eventos festivos. e) era marcado por fazer críticas violentas. O termo “vespertino” designa o turno do dia em que algo ocorre: à tarde. Assim, se o jornal é chamado de “vespertino”, isso significa que ele era distribuído/publicado neste turno (isto é, à tarde). Por isso, temos a alternativa (B) como adequada. Nas demais alternativas, as noções apresentadas não são compatíveis com a semântica do termo “vespertino”: local O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 83 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre de distribuição, dia da semana em que o jornal era publicado; tipo de evento abordado pelo jornal; e tipo de crítica realizada pelo jornal. Letra b. 035. 035. (INÉDITA/2023) Assinale a frase a seguir que está isenta de ambiguidade. a) A nomeação do Ministro foi surpreendente. b) O médico descartou os aparelhos velhos. c) Pedro encontrou Maria andando pela orla da praia d) A descrição de Saramago foi bem feita. e) Os operadores não atendiam ninguém de roupa suja. Em (B), não há ambiguidade: os sentidos veiculados pela frase são um só: alguém (o médico) fez algo (descartou os aparelhos que eram velhos). Em (A), (C), (D) e (E), há mais de um sentido para cada frase: (A) Ministro foi nomeado ou nomeou; (C) Pedro estava andando quando encontrou a Maria/Maria estava andando quando foi encontrada; (D) Saramago descreveu bem ou foi bem descrito (por outra pessoa); (E) os operadores não atendiam de roupa suja; ninguém era atendido se (o público a ser atendido) estivesse de roupa suja. Letra b. FIGURAS E VÍCIOS DE LINGUAGEM 036. 036. (FCC/TÉCNICO/TRT-18/2023) Imagine uma pessoa afivelada a uma cama com eletrodos colados em suas têmporas. Ao se girar um botão situado em local distante, a corrente elétrica nos eletrodos aumenta em grau infinitesimal, de modo que o paciente não chegue a sentir. Um hambúrguer gratuito é então ofertado a quem girar o botão. Ocorre, porém, que, quando milhares de pessoas fazem isso − sem que cada uma saiba das ações das demais −, a descarga elétrica gerada é suficiente para eletrocutar a vítima. Quem é responsável pelo quê? Algo tenebroso foi feito, mas de quem é a culpa? O efeito isolado de cada giro do botão é, por definição, imperceptível − são todos “torturadores inofensivos”. Mas o efeito conjunto é ofensivo ao extremo. Até que ponto a somatória de ínfimas partículas de culpa se acumula numa gigantesca dívida moral coletiva? − O experimento mental concebido pelo filósofo britânico Derek Parfit dá o que pensar. A mudança climática em curso equivale a uma espécie de eletrocussão da biosfera. Quem a deseja? A quem interessa? O ardil da desrazão vira do avesso a “mão invisível” da economia clássica. O aquecimento global é fruto da alquimia perversa de incontáveis ações humanas, mas não resulta de nenhuma intenção humana. E quem assume − ou deveria assumir − a culpa por ele? Os 7 bilhões de habitantes da Terra pertencem a três grupos: o primeiro bilhão, no cobiçado topo da escala de consumo, responde O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 84 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre por 50% das emissões de gases-estufa; os 3 bilhões seguintes por 45%; e os 3 bilhões na base da pirâmide (metade sem acesso a eletricidade) por 5%. Por seu modo de vida, situação geográfica e vulnerabilidade material, este último grupo − o único inocente − é o mais tragicamente afetado pelo “giro de botão” dos demais. (GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016) Pode ser considerada paradoxal a seguinte expressão empregada no texto: a) efeito isolado. b) torturadores inofensivos. c) ínfimas partículas. d) intenção humana. e) vulnerabilidade material. Segundo o dicionário Houaiss (2009), um paradoxo é uma contradição (isto é, uma oposição entre noções, as quais tipicamente são incompatíveis quando em contraste). Isso ocorre em (B), já que a figura de um torturador não pode ser considerada como inofensiva. Nas outras alternativas, não se observam paradoxos. Letra b. 037. 037. (IDECAN/DESENVOLVEDOR/SEFAZ-RR/2023) Postei uma foto no meu perfil do Instagram em que apareço tomando a vacina contra a Covid-19. Na legenda, de poucas palavras, deixei claro que era a terceira dose. Recebi muitas curtidas e alguns comentários, entre eles o de uma moça que perguntou: “Martha, você já tomou a terceira dose?” Dias antes, havia postado sobre o lançamento do meu novo livro no Rio, em fevereiro próximo, e disse na legenda: “Não há outras cidades confirmadas. Quando houver, avisarei”. De novo, muitas curtidas e alguns comentários, entre eles: “E Goiânia?” “Curitiba quando?” Não sou louca de desconsiderar: é carinho, eu sei. Mas é também um sintoma. Houve um tempo em que as pessoas liam livros, muitos deles extensos, divididos em dois ou três volumes. Depois veio a era tecnológica e com ela a impaciência: leituras rápidas, cultura do aperitivo. E agora nem isso: a criatura passa os olhos por duas linhas e não registra nada. Ninguém mais quer perder tempo, é o argumento de defesa. Mas não me convenço. A falta de foco, sim, é que nos faz perder tempo: somos obrigados a repetir as perguntas, repetir as respostas, voltar aos mesmos assuntos duas, três, cinco vezes. Estamos nos comunicando miseravelmente, trocando mensagens cifradas por WhatsApp, com preguiça de dar uma informação completa, de prestar atenção nos detalhes, de facilitar o entendimento. Agimos como aquelas telefonistas estressadas que atendiam um cliente enquanto deixavam outros sete pendurados (na saudosa época em que não falávamos com robôs). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 85 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Essa pressa toda pra quê mesmo? Dizem que é o tal do “Fear of Missing Out”, ou em bom português, “medo de ficar por fora”. Em vez de a pessoa se dedicar uns minutinhos a concluir o que está fazendo – uns minutinhos!! – ela some e já está em outra e depois outra e ainda outra interação, que serão igualmente capengas. Isso é medo de ficar por fora? A pessoa já está em órbita e não percebeu. Fica batendo de porta em porta e não entra em lugar nenhum. Adentre, amigo. Puxe uma cadeira e sente. Converse. Pergunte pela família. Olhe nos olhos. Cinco minutos de atenção não arrancarão pedaço. Fique o suficiente para demonstrar que se importa com seu interlocutor. Cale-se e escute. Nutra esses preciosos cinco minutos, para que eles não se dissolvam por inanição. Ando bem tonta com a esquizofrenia cibernética, com o parcelamento de informações, com a falta de cuidado e de concentração. Ninguém mais se esforça minimamente para estabelecer uma conexão verdadeira. Agora virou moda dizer que fulano tá ON, sicrana tá ON. Balela. ON a gente estava quando se importava. Agora estão todos OFF, desligados crônicos, vivendo a falsa ilusão de uma vida plena. ON está aquele que consegue pausar. Martha Medeiros. In: NSC Total. Acesso em:https://www.nsctotal.com.br/colunistas/martha-de sintaxe, de fonologia. Os dicionários. Essa nossa aula, que, por meio do código, busca explicar esse mesmo código. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 9 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 1 .4 . NÍVEIS DE LINGUAGEM | VARIAÇÃO LINGUÍSTICA1 .4 . NÍVEIS DE LINGUAGEM | VARIAÇÃO LINGUÍSTICA Seguindo o nosso projeto de sintetizar os conteúdos, apresento a seguir os níveis de linguagem e os tipos de variação linguística mais cobrados em concursos públicos. Níveis de linguagem (níveis de registro) Culto Faz-se uso da língua-padrão, aquela que possui prestígio social e segue as normas da gramática tradicional. É o nível de linguagem usado em situações formais e os falantes possuem alto nível de escolarização. Comum Está situado entre os níveis culto e coloquial. É o registro empregado por falantes com escolarização básica e pelos meios de comunicação de massa. Coloquial (popular) Não possui prestígio social e é utilizado em situações informais de comunicação. Não “segue” as normas da gramática tradicional e faz uso de vocabulário dito restrito (menos específico ou variado). Na sequência, a classificação das principais variações linguísticas (utilizo as definições de Camacho (2001)): Tipos de variação linguística Variação histórica (Diacrônica) Acontece ao longo de um determinado período de tempo e pode ser identificada ao se comparar dois estados de uma língua. O processo de mudança é gradual. Variação geográfica (Diatópica) Trata das diferentes formas de pronúncia, vocabulário e estrutura sintática entre regiões. Dentro de uma comunidade mais ampla, formam- se comunidades linguísticas menores em torno de centros polarizadores da cultura, política e economia, que acabam por definir os padrões linguísticos utilizados na região de sua influência. Variação social (Diastrática) Agrupa alguns fatores de diversidade: o nível socioeconômico, determinado pelo meio social onde vive um indivíduo; o grau de educação; a idade e o sexo. Variação estilística/social (Diafásica) Considera um mesmo indivíduo em diferentes circunstâncias de comunicação: se está em um ambiente familiar, profissional, o grau de intimidade, o tipo de assunto tratado e quem são os receptores. 2 . TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS2 . TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS Questões sobre as tipologias estão SEMPRE presentes em provas de concurso, especialmente nas bancas FGV e CEBRASPE (e nas bancas VUNESP, FCC, QUADRIX, IBFC e IDECAN). Considerando os últimos 5 anos, foram aplicadas nada menos que 1247 questões sobre tipologias e gêneros textuais. É um conteúdo muito relevante. Em especial, a banca FGV tem tirado o sono de muitos candidatos ao explorar em detalhes as características das tipologias. Para as outras bancas, dominar as noções fundamentais tem sido suficiente. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 10 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Para a síntese das tipologias e dos principais gêneros cobrados em concurso, utilizarei tabelas e mapas mentais. Iniciemos com o quadro sinóptico: TIPOLOGIA CARACTERÍSTICAS CENTRAIS FORMAS LINGUÍSTICAS TÍPICAS Narrativa Na narração, há seres que participam de eventos em determinado tempo e espaço. Os participantes desses eventos são os personagens, os quais podem ser reais ou fictícios. O evento (uma espécie de ação) é denotado por verbos nocionais e de movimento, como cantar, correr, beijar, nadar, ouvir etc. O tempo da narrativa é tipicamente o passado, mas pode ser o presente (a narração de um jogo de futebol) ou o futuro (obras proféticas, por exemplo). Em uma narrativa, o espaço pode ser físico (uma cidade, uma casa, uma escola) ou psicológico (mente do personagem ou do narrador). Verbos que denotam evento (com agente e paciente). Formas adjuntas que denotam tempo e espaço. Substantivos e pronomes pessoais para identificação e retomada de personagens. Descritiva Em uma descrição, apresentamos uma série de característica de determinado ser/objeto/espaço, formando na mente do leitor/ouvinte a imagem do que está sendo descrito. Na descrição, essa apresentação de características é verbal (oral ou escrita). A descrição pode ser objetiva ou subjetiva. A descrição pode ser global ou específica. Em termos de dinâmica, pode partir do geral para chegar ao particular ou partir do particular para chegar ao global. Predicações nominais. Adjetivação (ou subordinadas adjetivas). Forma verbal predominante: presente e aspecto imperfeito (para o pretérito). Dissertativa-Expositiva (Expositiva) No tipo textual dissertativo expositivo, o autor do texto expõe/apresenta ideias, fatos e fenômenos. Por ser de caráter expositivo, não se busca convencer o leitor em relação ao ponto de vista - pressupõe-se, assim, que a dissertação expositiva apenas apresenta a ideia, o fato ou o fenômeno. Estruturas de impessoalização. Verbos no presente e no passado (retomando eventos factuais). D i s s e r t a t i v a - Argumentativa (Argumentativa) No tipo textual dissertação argumentativa, diferentemente da dissertação expositiva, procura-se formar a opinião do leitor ou ouvinte, objetivando convencê-lo de que a razão (o discernimento, o bom senso, o juízo) está com o enunciador, de que quem enuncia é que está de posse da verdade. Para isso, utilizam-se argumentos. Estruturas de impessoalização. Verbos no presente e no passado (retomando eventos factuais). Há modalizadores discursivos que denotam a perspectiva do enunciador (adjetivos, estruturas sintáticas, voz verbal etc.). Injuntiva A propriedade básica do tipo textual injuntivo é: ensinar/orientar/instruir o leitor/ ouvinte/espectador a realizar uma tarefa. Verbos no infinitivo. Verbos no modo imperativo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 11 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Para cada tipologia, há certos pormenores, que, por vezes, são abordados pelas bancas, como na estrutura narrativa: tipo de narrador, tipo de personagem, tipos de discurso etc. Para relembrarmos cada característica, adoto os mapas mentais a seguir (que retomam algumas informações apresentadas no quadro anterior): Tipologia textual – Tipologia textual – narração Tipologia textual – Tipologia textual – descrição O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 12 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Tipologia textual – Tipologia textual – exposição ee argumentação O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 13 de 102gran.com.brmedeiros/quem-esta-on, 14 out., 2022 “Ando bem tonta com a esquizofrenia cibernética, com o parcelamento de informações, com a falta de cuidado e de concentração.” (linhas 22 e 23) O uso repetido da preposição com é um recurso linguístico chamado de a) catáfora. b) dêitico. c) elipse. d) anáfora. e) silepse. ATENÇÃO! O conceito de “anáfora” envolve dois significados. Segundo o dicionário Houaiss (2009), uma anáfora pode ser a “repetição de uma palavra ou grupo de palavras no início de duas ou mais frases sucessivas, para enfatizar o termo repetido” ou um “processo pelo qual um termo gramatical retoma a referência de um sintagma anteriormente”. A questão da banca examina o primeiro significado: a repetição do termo “com” configura uma anáfora. Não se trata, então, de catáfora (antecipação de uma expressão), dêitico (referente ao momento da enunciação), elipse (supressão de um termo que pode ser facilmente subentendido) ou silepse (concordância lógica). Letra d. 038. 038. (CEBRASPE/INSTITUTO RIO BRANCO/DIPLOMATA) A sentença “Eu era a imagem do que não era” expressa um paradoxo ou oximoro. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 86 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Comentário: estamos diante de um paradoxo, de expressões que denotam sentidos (ideias) contraditórias, opostas: ser x não ser. Observe, em especial, que a banca não faz distinção entre os termos “paradoxo” e “oximoro”. Certo. 039. 039. (INÉDITA/2023) André DahmerAndré Dahmer A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item. O humor da tirinha reside no fato de o personagem “Homem Literal” ser incapaz de interpretar figurativamente a expressão “Vá ver se eu estou lá na esquina”. Por “incapaz de interpretar figurativamente”, devemos entender: interpretar apenas literalmente (por isso ele é o “Homem Literal”!). Por meio da leitura da linguagem não verbal, observamos o Homem Literal de fato indo a algum lugar (a esquina), o que confirma a interpretação literal da expressão. Certo. 040. 040. (INÉDITA/2023) Uma antítese é um tipo de linguagem figurada em que ocorre a presença de duas palavras de sentido oposto; a frase abaixo em que NÃO ocorre a presença de uma antítese ou de um paradoxo é: a) “Onde nasci, morri. Onde morri, existo. E das peles que visto muitas há que não vi.” (Carlos Drummond de Andrade); b) “Ao olhar para o Universo, o homem é nada. Ao olhar para o Universo, o homem é tudo.” (Marcelo Gleiser); c) “Em tristes sombras morre a formosura; em contínuas tristezas a alegria.” (Gregório de Matos); O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 87 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre d) “Oh, metade exilada de mim, leva os teus sinais, que a saudade dói como um barco que aos poucos descreve um arco e evita atracar no cais.” (Chico Buarque); e) “Qualquer novo conhecimento provoca dissoluções e novas integrações.” (Hugo von Hofmannsthal). Em “d”, temos o predomínio de uma figura denominada comparação (além de haver personificação), não de antítese ou paradoxo. Nas demais alternativas, observam-se as seguintes antíteses: “a” nascer/morrer; morrer/existir; “b” nada/tudo; “c” tristeza/alegria; e “e” dissolução/integração. Letra d. 041. 041. (INÉDITA/2023) O papel social da literatura africana Em 1987, Wole Soyinka tornou-se o primeiro negro a receber um Nobel de Literatura. Fazia apenas 27 anos que a Nigéria, seu país natal, se tornara independente. Pensar que um africano poderia receber um prêmio de reconhecimento mundial por seu intelecto e sua obra é algo recente em nossa história. Faz 34 anos do reconhecimento de Soyinka e 28 anos que uma mulher negra, Toni Morrison, recebeu o Nobel de Literatura de 1993. A realidade de pessoas não brancas e não Ocidentais receberem reconhecimento no Ocidente é tão nova quanto a emergência dos Estados africanos contemporâneos e o fim das leis de segregação nos Estados Unidos e África do Sul. Se autores do século XVI, como Shakespeare ou Camões, podiam ser naturalmente considerados como parte do cânone da Literatura, os autores não europeus, em especial as mulheres do Sul global, estavam fora desse mundo. Mas quem fez o mundo do modo que ele é, excludente, segregado e racializado? Nossa história foi e em muitos sentidos continua sendo mediada pelo Ocidente e essa mediação fez e faz constantes escolhas intelectuais e políticas embasadas em fortes estruturas mentais inventadas pelo próprio Ocidente. Duas marcantes ideias dessa estrutura mental para pensarmos o papel social da literatura africana são o racismo e o eurocentrismo. São apenas duas delas, mas deveras definidoras. Seguindo o pensamento ocidental desde sua expansão globalizante no século XVI, damo-nos conta de que sua visão de mundo é excludente. Ou seja, os africanos, suas culturas, suas línguas e suas literaturas (orais e escritas) não merecem existir. Ao olhar do estrangeiro que possui um cocuruto recheado de ideias eurocêntricas do que é errado e do que é certo, ao chegar em África esse estrangeiro só enxerga coisas erradas, formas desviantes de todas expressões morais, éticas, sociais e culturais de seu berço europeu. O mesmo ocorreu com os povos originários da América, da Oceania e da Ásia. Não falam como falam na Europa, não conhecem e não acreditam no mesmo deus, não vivem como se vive na Europa. O continente que colonizou a maior parte do mundo tratou de classificar O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 88 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre o mundo por meio do que considerava ausências. Se não há o que existe na Europa, então não existe nada. É então esse povo classificado pelo outro, considerado inferior e sem valor. Mas em vez de entender o não europeu apenas como diferente e assim deixá-lo, o pensamento centrado na Europa se propõe universal. Por isso, ao encontrar esse mundo diferente, o desejo de quem se considera correto é de destruir ou alterar aquilo que se considera errado. E assim foi que a missão colonizadora, carregada de uma visão de mundo estrangeira aos africanos, penetrou em suas “terras selvagens”, entre seus “povos incivilizados” para direcioná-los da “escuridão para a luz.” A noite colonial foi longa e seus efeitos ainda existem. A literatura africana é um testemunho disso. Foi nesse mundo que Wole Soyinka nasceu. Ele e outros de sua geração, como Chinua Achebe, Ngũgĩ wa Thiong’o, Es’kia Mphahlele, Flora Nwapa, Buchi Emecheta, Ousmane Sembène, Ana Paula Tavares, Uanhenga Xitu e Rebeka Njau. Essa geração, em diferentes locais da África, viveu a noite colonial, viu os sóis das independências e descobriu a vida no crepúsculo de um mundo que ainda existe entre a colônia e a pós-colônia. (Le Monde Diplomatique Brasil. 4.10.2022) Utiliza-se a figura de linguagem conhecida como piada da internet conta que no seguinte trecho: a) [...] o pensamento centrado na Europa se propõe universal. (6º parágrafo) b) Em 1987, Wole Soyinka tornou-se o primeiro negro a receberum Nobel de Literatura. (1º parágrafo) c) Ou seja, os africanos, suas culturas, suas línguas e suas literaturas (orais e escritas) não merecem existir. (4º parágrafo) d) Pensar que um africano poderia receber um prêmio de reconhecimento mundial por seu intelecto e sua obra é algo recente em nossa história. (1º parágrafo) e) A noite colonial foi longa e seus efeitos ainda existem. (7º parágrafo) A metáfora é a “designação de um objeto ou qualidade mediante uma palavra que designa outro objeto ou qualidade que tem com o primeiro uma relação de semelhança” (Houaiss, 2009). Em (E), o termo “noite” não significa especificamente o “tempo que transcorre entre o ocaso e o nascer do sol”. Na verdade, designa um período de ignorância, de desesperança, de obscurantismo (isto é, o que representou o período colonial para a África). Nas demais alternativas ((A), (B), (C) e (D)), os termos estão sendo empregados em sentido predominantemente denotativo. Letra e. 042. 042. (INÉDITA/2023) A frase que exemplifica um caso de linguagem figurada é: a) O dólar é uma moeda estável. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 89 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre b) O Brasil está queimando. c) A atriz acusa o diretor de assédio. d) Os empresários apresentaram um manifesto ao governo. e) O Ministro Celso de Mello antecipa aposentadoria e deixará STF em 13 de outubro. A linguagem figurada está presente em (b), já que a expressão “O Brasil está queimando” não significa “toda a extensão territorial da República Federativa do Brasil está sendo tomada pelo fogo”. Pela expressão, quer-se dizer que os focos de queimadas estão se ampliando por muitas áreas (e, para destacar que as áreas são extensas e que e os focos são muitos, há uma espécie de exagero na afirmação, de ampliação do espaço em que as queimadas estão presentes). Nas demais alternativas, não há linguagem figurada, mas literal (o que se afirma em (a), (c), (d) e (e) traduz exatamente o que se vê em realidade). Letra b. 043. 043. (FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TJ-RO/2021) Uma piada da internet conta que “Na minha cidade, havia um sujeito tão magro que, para ter certeza de que havia entrado no Banco, ele devia passar duas vezes pela mesma porta giratória”. Essa piada se apoia em um caso de linguagem figurada denominado: a) metáfora, porque mostra uma comparação; b) hipérbole, porque contém um exagero; c) eufemismo, porque traz a atenuação de uma ideia ruim; d) gradação, porque se apoia numa sequência de termos; e) ironia, porque afirma algo por meio do seu contrário. Estamos diante de uma linguagem figurada denominada hipérbole: há um exagero em relação a quão magro é o sujeito. Letra b. 044. 044. (FCC/DEFENSOR/DPE-RS/2018) Tomando resolutamente a sério as narrativas dos “selvagens”, a análise estrutural nos ensina, já há alguns anos, que tais narrativas são precisamente muito sérias e que nelas se articula um sistema de interrogações que elevam o pensamento mítico ao plano do pensamento propriamente dito. Sabendo a partir de agora, graças às Mitológicas, de Claude Lévi-Strauss, que os mitos O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 90 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre não falam para nada dizerem, eles adquirem a nossos olhos um novo prestígio; e, certamente, investi-los assim de tal gravidade não é atribuir-lhes demasiada honra. Talvez, entretanto, o interesse muito recente que suscitam os mitos corra o risco de nos levar a tomá-los muito “a sério” desta vez e, por assim dizer, a avaliar mal sua dimensão de pensamento. Se, em suma, deixássemos na sombra seus aspectos mais acentuados, veríamos difundir-se uma espécie de mitomania esquecida de um traço todavia comum a muitos mitos, e não exclusivo de sua gravidade: o seu humor. Não menos sérios para os que narram (os índios, por exemplo) do que para os que os recolhem ou leem, os mitos podem, entretanto, desenvolver uma intensa impressão de cômico; eles desempenham às vezes a função explícita de divertir os ouvintes, de desencadear sua hilaridade. Se estamos preocupados em preservar integralmente a verdade dos mitos, não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam e considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes e fazer rir aqueles que o escutam. A vida cotidiana dos “primitivos”, apesar de sua dureza, não se desenvolve sempre sob o signo do esforço ou da inquietude; também eles sabem propiciar-se verdadeiros momentos de distensão, e seu senso agudo do ridículo os faz várias vezes caçoar de seus próprios temores. Ora, não raro essas culturas confiam a seus mitos a tarefa de distrair os homens, desdramatizando, de certa forma, sua existência. Essas narrativas, ora burlescas, ora libertinas, mas nem por isso desprovidas de alguma poesia, são bem conhecidas de todos os membros da tribo, jovens e velhos; mas, quando eles têm vontade de rir realmente, pedem a algum velho versado no saber tradicional para contá-las mais uma vez. O efeito nunca se desmente: os sorrisos do início passam a cacarejos mal reprimidos, o riso explode em francas gargalhadas que acabam transformando-se em uivos de alegria. Considerando o contexto, está correto o que se afirma em: a) “caçoar” (4º parágrafo) está empregado em sentido metafórico. b) “primitivos” (4º parágrafo) e “selvagens” (1º parágrafo) são sinônimos. c) “mitos” e “pensamento” (2º parágrafo) são antônimos. d) “selvagens” (1º parágrafo) é hiperônimo de “homens”. e) “primitivos” (4º parágrafo) está empregado de forma irônica. Uma forma de identificar que a palavra “primitivos” está sendo empregada com ironia é a presença de aspas. O mesmo ocorre, por exemplo, no primeiro parágrafo (“selvagens”). A alternativa (A) está incorreta porque a palavra “caçoar” não está sendo empregada no sentido metafórico (na verdade, emprega-se no sentido denotativo, literal). Em (B), os termos destacados não são intercambiáveis (como seria em uma sinonímia), pois denotam sentidos distintos. A alternativa (C) está errada porque os termos em destaque não são antônimos (o mito é uma espécie de pensamento). Por fim, na alternativa (D), a semântica O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 91 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre de “selvagem” não recobre o grupo semântico denotado por “homens”, por isso não pode ser hiperônimo. Letra e. 045. 045. (IUDS/OFICIAL/CÂM. DE ESTÂNCIA DE SOCORRO/2022) Pode-se dizer, em relação ao texto que: a) o termo “doces” gera humor devido a relação de sinonímia. b) não há polissemia, pois os termos têm significado único. c) “doces tempos” é ambíguo e responsável por desencadear o efeito de humor. d) o vocábulo “doces” é polissêmico porque ambas as ocorrências têm sentido denotativo. A ambiguidade está presente no termo “doce”, o qual é polissêmico: pode caracterizar situações/acontecimentos tranquilos, felizes ou pode caracterizar algo (um alimento) preparado com açúcar ou outra substância adoçante. Esse termo não é polissêmico porque ambas asocorrências têm sentido denotativo (na verdade, o primeiro sentido é figurado). No quadrinho em questão, o termo não estabelece relação de sinonímia (com outro termo). Letra c. REESCRITA 046. 046. (CEBRASPE/PROFESSOR/SEE-PE/2023) Com altos índices de evasão escolar, baixo engajamento e conteúdos pouco conectados à realidade dos alunos, o ensino médio já era, antes da pandemia de covid-19, a etapa mais desafiadora da educação básica. Com o fechamento das escolas e o distanciamento dos estudantes do convívio educacional, os últimos anos escolares passaram a trazer ainda mais dificuldades a serem enfrentadas — reforçadas pelas desigualdades raciais, socioeconômicas e de acesso à Internet. Nenhuma avaliação diagnóstica precisou os prejuízos totais da pandemia para a aprendizagem dos alunos, mas há alguns estudos que ajudam a entender melhor o cenário. Uma pesquisa O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 92 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre realizada pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) apontou que houve piora em todas as séries avaliadas. Segundo a pesquisa amostral, em matemática, o desempenho alcançado no 3º ano do ensino médio foi de 255,3 pontos na escala de proficiência, inferior aos 261,7 obtidos pelos estudantes ao final do 9º ano do ensino fundamental no Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) de 2019. Em língua portuguesa, os estudantes do 9º ano apresentaram uma queda de 12 pontos, e os do 3º ano do ensino médio, de 11 pontos. Após o retorno presencial, estados e municípios ainda têm muito trabalho para identificar os reais prejuízos, dimensioná-los e encontrar caminhos e soluções para que professores e estudantes possam retomar a aprendizagem. Para Suelaine Carneiro, coordenadora de educação na Geledés, organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e homens negros, “há um consenso de que não foi possível atender todos os alunos” na educação pública. “Os dados indicam um baixo número de participação dos estudantes, somado à impossibilidade de os familiares acompanharem a resolução das tarefas”, afirma. Mas não fica apenas nisso. “Em termos de aprendizagem, os dados também mostram dificuldades no que diz respeito à compreensão e à resolução das tarefas.” De acordo com ela, a situação de alunos negros requer ainda mais atenção. “É preciso prestar atenção nessa condição: a pessoa já estava vulnerável socialmente, sem a possibilidade de realizar um isolamento dentro de casa, pois vive em uma casa pequena ou onde não há cômodos suficientes”, contextualiza Suelaine. Agravada pela pandemia, que engrossou o número de trabalhadores desempregados, a questão econômica foi um dos grandes fatores que impactou a vida dos estudantes do ensino médio. “Temos alunos que estão trabalhando no horário de aula, dizendo que precisam ajudar a família, e aos fins de semana assistem às atividades”, relata a professora Lucenir Ferreira, da Escola Estadual Mário Davi Andreazza, em Boa Vista (RR). Lucenir conta que muitos alunos chegam a falar que não conseguem aprender nada e desabafam por sentir que a aprendizagem foi prejudicada, principalmente os que estão em processo de preparação para o vestibular. Apesar dos desafios, Suelaine acredita que os impactos não são irreversíveis, como outros especialistas têm apontado. “Você pode recuperar dois anos se houver políticas públicas, compromisso público com a educação, de forma a desenvolver diferentes ações”, diz ela. Internet: (com adaptações). Em relação aos aspectos gramaticais do texto precedente, julgue o seguinte item. Em “Para Suelaine Carneiro” (início do quarto parágrafo), a palavra “Para” poderia ser substituída por Segundo, sem prejuízo dos sentidos e da correção gramatical do texto. As duas formas – “para” e “segundo” – são conectivos que denotam conformidade. Por essa razão, são intercambiáveis (um termo pode substituir o outro no contexto de ocorrência em análise). Certo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 93 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 047. 047. (IADES/AUDITOR/VISA-DF/2023) Operação Pronto Emprego A Secretaria DF Legal deu início, em agosto de 2020, à Operação Pronto Emprego, com o objetivo de combater as invasões de terra e obras irregulares, ainda em fase inicial de construção. A operação busca dar resposta às denúncias dessa natureza dentro do prazo de até 72 horas, a partir do conhecimento do fato. Dessa forma, procura reduzir os impactos social, político e financeiro, inclusive para os infratores. São removidas casas e barracos desabitados, cercamentos, bases para construção, muros, caixas d’água irregulares, cisternas, poços, entre outras edificações ilegais. NEUBERGER, Tereza. Disponível em:8), poderia ser substituído pela forma verbal fazem. c) Em “é uma cidade que foi quase destruída com a Guerra do Paraguai” (linhas 4 e 5), poder-se-ia substituir a construção em voz passiva por sua correspondente na voz ativa: O Paraguai quase destruiu a cidade. d) Considerando a colocação pronominal, se, no trecho “Fazendas rurais e sua arquitetura tipicamente mineira fundem-se com o” (linhas 16 e 17), caso houvesse o acréscimo de não depois da palavra “mineira”, a próclise seria facultativa. e) No trecho “localizada às margens do Rio Paraguai” (linha 3), a expressão sublinhada poderia ser substituída por a beira do. A substituição proposta em (A) está adequada: o pronome relativo passa a “os quais” e o verbo “têm” deve ser registrado com circunflexo (porque o sujeito será de terceira pessoa do plural). Nas demais alternativas, as incorreções são estas: (B) no sentido de tempo decorrido, o verbo “fazer” deve permanecer invariável (terceira pessoa do singular: faz 30 anos); (C) a construção proposta não é a versão ativa da passiva correspondente (a versão ativa seria algo como “alguém/algo quase destruiu que [= uma cidade]”; (D) com a presença da palavra “não”, a próclise é obrigatória; (E) a substituição não registra a crase obrigatória em “à beira do”. Letra a. Eu deveria cantar. Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então pudesse acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e uma Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se tivesse, e nos últimos meses nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”. Agradecer, pedir luz, como nos tempos em que tinha fé. Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha espreita. Ou Deus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei ali parado no começo da tarde escaldante de fevereiro, olhando o telefone que acabara de desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos, mesmo sem nenhuma fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 95 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não tinha pais ricos, dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho numa cidade infernal como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do apartamento. Nada muito sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda e os joelhos tremessem com frequência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos e pernas ainda funcionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos. Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo. Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do meio-dia. Pense nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicidade, o pequeno milagre capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo nem ritmo que eu, com certa complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a chamar de minha vida, tinha um nome. Chamava-se – um emprego. (ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12). A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os próximos itens. 049. 049. (INÉDITA/2023) A substituição do trecho “tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas” (terceiro período do quarto parágrafo) por “como recuperar subitamente a visão ou erguer- se da cadeira de rodas com o semblante bem-aventurado e a leveza de quem caminha sobre as águas” manteria os sentidos e a coerência do texto. Todas as substituições estão adequadas, pois mantêm os sentidos originais e a coerência do texto: “tipo” e “como”; “de súbito” e “subitamente”; “beatificado” e “bem-aventurado”; e “pisa sobre” e “caminha sobre”. Certo. 050. 050. (INÉDITA/2023) No sexto período do terceiro parágrafo, a substituição de “Nem sequer” por Nem ao menos prejudicaria a coerência e a correção gramatical do texto. A substituição, na verdade, é adequada e não prejudicaria a coerência e a correção gramatical do texto. As duas formas expressam negação, introduzindo algo não realizado. Errado. No livro O Visconde Partido ao Meio, de Italo Calvino, o jovem Medardo di Terralba se mete em uma batalha pela cristandade, leva um balaço de canhão e sai cortado em duas metades: o lado esquerdo é benigno, o direito é insidioso. Se fosse possível dividir o padre Júlio Renato Lancellotti O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 96 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre em dois, a banda boa seria de uma simpatia comovente. O religioso tem fraqueza por doces retrôs, como marzipã e marrom-glacé, especialmente o espanhol. Reserva os sábados para regar plantas. Vive rodeado por uma coleção de imagens de seus santos preferidos, a maioria deles com histórias de vida dificílimas. Gosta de citações. Em momentos graves das conversas, encaixa uma da escritora existencialista Simone de Beauvoir: “O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos.” Em horas mais descontraídas, lembra da frase atribuída ao bovino Homer, o pai na animação Os Simpsons: “Se a culpa é minha, eu coloco em quem eu quiser.” Orgulha-se de nunca ter tirado férias e só ter ido ao exterior rapidamente e a trabalho, em rasantes pela Itália, Colômbia, Nicarágua, Panamá e El Salvador. Parece muito feliz com sua opção de não ter carro, roupas de marca, sapatos caros ou títulos imponentes demais dentro da Igreja Católica. Transita, embevecido, entre pilhas de livros espalhadas pela casa onde mora com três sobrinhos no bairro do Belém, na Zona Leste de São Paulo – só na sala, são três, escoradas umas nas outras; no corredor, quatro, que sobem do chão até o teto como cobras. Às vezes, fica pensando quem é que cuidará desse acervo quando morrer. A metade atroz do padre partido ao meio seria casca-grossa. Ele tem iracúndias sagradas – e não raro estoura alguma gritaria fenomenal na sacristia da Paróquia São Miguel Arcanjo, uma pequena igreja, bem no limite entre os bairros do Belenzinho e da Mooca, que comanda há 36 anos. Personalista, tende a narrar os feitos de sua comunidade na primeira pessoa, o que às vezes irrita e espana alguns colaboradores. Como, ao longo da vida, já visitou vários círculos do Inferno de Dante, é desconfiado e solta frases que parecem delírios persecutórios como “o próximo ataque, eu nunca sei de onde virá…”. Exige, sempre, soluções imediatas para o que quer e arma circos homéricos quando não consegue – como sabem todos os últimos prefeitos de São Paulo. E, por causa desse conjunto, pode provocar decepções nos que esperam virtude total dos líderes espirituais, mais ou menos como aquele desapontamento planetário de 2019, quando o papa Francisco, num arroubo de irritação extrema, tascou umapalmada nas mãos de uma peregrina que o puxou pelo braço. Na vida pública, o padre Júlio Lancellotti é há décadas realmente cortado ao meio, em duas fatias irreconciliáveis. Por um lado, é beatificado em vida por seu destemido trabalho de assistência aos excluídos dos excluídos: os sem-teto, a população carcerária, os menores infratores, as crianças órfãs portadoras de HIV, os jovens LGBTQIA+ que são marginalizados. Por outro, é demonizado como aproveitador da população carente, um “esquerdopadre” viciado em mídia. Lancellotti reage suspendendo os ombros, num misto de indiferença e desânimo, sempre que fala desse pêndulo frequente sobre sua cabeça. “Na verdade, eu acho é que muita gente me vê como um enigma”, diz, ajeitando o longo crucifixo que usa no pescoço. Mesmo dentro da Igreja Católica, o padre Júlio ocupa um lugar próprio, sujeito a rapapés e pedradas. No Brasil, a instituição é formada por uma tropa de 268 bispos, 48 cardeais na ativa e 19 428 padres distribuídos por 12,2 mil paróquias. Para se manter dentro dos preceitos, todos precisam andar na linha hierárquica e fechar questão em temas fundamentais de fé e moral, o que não é pouco. De resto, a Igreja é um cintilante regime democrático. Qualquer integrante do clero tem o direito de ser um conservador, um moderado ou um progressista. Nesse aquário colorido, a maioria esmagadora dos sacerdotes com influência que vai além de seus altares integra a categoria dos cantores e/ou youtubers ligados à Renovação Carismática, corrente O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 97 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre de orientação conservadora. Dono de um magnetismo envolvente, o padre Marcelo Rossi é o expoente dessa ala. Aos 72 anos, vigário episcopal para a Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, o padre Júlio Lancellotti é também um nome famoso, mas acomoda-se numa gaveta mais solitária. Ele é, hoje, o padre mais político do Brasil. (Angélica Santa Cruz. O Padre que morde. Revista Piauí, 18 de julho de 2021). A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os próximos itens. 051. 051. (INÉDITA/2023) Sem prejuízo da correção gramatical, a expressão “com histórias de vida dificílimas” poderia ser substituída por “com histórias de vida dificílima”. Em “com histórias de vida dificílimas”, a concordância do termo “dificílima” ocorre com “histórias de vida” (as “histórias de vida” é que são dificílimas). Em “com histórias de vida dificílima”, por sua vez, a “vida” é que é dificílima. A concordância, portanto, está adequada. Se há ou não mudança de sentido, isso não importa, pois o item expressa com clareza: “Sem prejuízo da correção gramatical”. Certo. 052. 052. (INÉDITA/2023) Em “Transita, embevecido, entre pilhas de livros espalhadas pela casa onde mora com três sobrinhos no bairro do Belém”, o vocábulo “embevecido” poderia ser substituído por “envaidecido”, sem prejuízo do sentido original do texto. O termo “envaidecido” não é sinônimo de “embevecido”, por isso a substituição gera prejuízo do sentido original do texto. “Embevecido” significa “extasiado”, “encantado”. Errado. 053. 053. (INÉDITA/2023) Estaria gramaticalmente correta a substituição de “há” por “existe” em “que comanda há 36 anos” (2º parágrafo). A substituição de “haver” por “existir” só é possível quando o verbo “haver” denota existência. Quando “haver” denota tempo decorrido, essa substituição não é gramaticalmente correta. Errado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 98 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 054. 054. (INÉDITA/2023) Em “pela casa onde mora com os sobrinhos”, o vocábulo “onde” poderia ser substituído pela expressão “em que”, sem prejuízo da correção gramatical e do sentido original do texto. As duas expressões (“onde” e “em que”) denotam localização. Além disso, a neutralidade de “que” permite a vinculação à expressão “casa”. Afirmativa correta, portanto. Certo. 055. 055. (QUADRIX/PROFESSOR L. PORTUGUESA/SEDF/2018) Pronomes 1 Antes de apresentar o Carlinhos para a turma, Carolina pediu: — Me faz um favor? — O quê? 4 — Você não vai ficar chateado? — O que é? — Não fala tão certo. 7 — Como assim? — Você fala certo demais. Fica meio esquisito. — Por quê? 10 — É que a turma repara. Sei lá, parece... — Soberba? — Olha aí, “soberba”. Se você falar “soberba”, ninguém vai saber o que é. Não fala “soberba”. Nem “todavia”. Nem “outrossim”. E cuidado com os pronomes. — Os pronomes? Não posso usá‐los corretamente? 16 — Está vendo? Usar eles. Usar eles! O Carlinhos ficou tão chateado que, junto com a turma, não falou nem certo nem errado. Não falou nada. Até comentaram: — Ó, Carol, teu namorado é mudo? Ele ia dizer “Não, é que, falando, sentir‐me‐ia vexado”, mas se conteve a tempo. Depois, quando estavam sozinhos, a Carolina agradeceu, com aquela voz que ele gostava. 24 — Comigo você pode botar os pronomes onde quiser, Carlinhos. Aquela voz de cobertura de caramelo. Luis Fernando Verissimo. Contos de verão. In: O Estado de S. Paulo, Caderno 2, Cultura, p. D2, jan./2000. Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto, julgue os itens a seguir. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 99 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre No trecho “— Você fala certo demais. Fica meio esquisito.” (linha 8), a inserção de ponto e vírgula no lugar de ponto continuativo entre as duas orações, com a devida conversão de letra maiúscula em minúscula, manteria a correção gramatical e a coesão textual. A reescrita proposta ficaria assim: “Você fala certo demais; fica meio esquisito.” Como se vê, as relações coesivas são mantidas com a substituição do ponto final por ponto e vírgula, dado que as orações são semanticamente próximas (interagem mais fortemente, tendo em vista a primeira afirmativa ser retomada na elipse do verbo “fica”, na segunda afirmativa). Certo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 100 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre REFERÊNCIASREFERÊNCIAS ADLER & DOREN. Como ler um livro. 1990. AZEREDO, J. Gramática Houaiss da língua portuguesa. 2008. BRASIL. Manual de Redação da Presidência da República. 2018. CAMACHO, R. Sociolinguística. 2001. GARCIA, O. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever aprendendo a pensar. 2013. HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 2009. JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. 2014. KOCH, I. Introdução à linguística textual. 2013. KOCH, I. O texto e a construção dos sentidos. 2008. MARCUSCHI, L. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. 2012. MEDEIROS, J. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 2017. PEIRCE, C. Semiótica.2016 PEREIRA & NEVES. Ler/Falar/Escrever. Práticas discursivas no ensino médio: uma proposta teórico-metodológica. 2012. PLATÃO & FIORIN. Para entender o texto: leitura e redação. 2007. PRETO, D. Sociolinguística: os níveis de fala. 2000. WALTON, D. Lógica informal. 2012. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 101 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre ANEXOANEXO SIGLAS E ABREVIATURAS e.g. – exempli gratia (forma latina de “por exemplo”). etc. – et cetera (forma latina de “e outras coisas”). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br Abra caminhos crie futuros gran.com.br O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Sumário Apresentação PDF Sintético de Interpretação e Compreensão de Textos 1. Interpretação e Compreensão de Textos 1.1. Pressupostos e subentendidos 1.2. Vozes Discursivas e Tipos de Discurso | Intertextualidade 1.3. Elementos da Comunicação e Funções da Linguagem 1.4. Níveis de Linguagem | Variação Linguística 2. Tipologias e Gêneros Textuais 2.1. Os Gêneros Textuais 3. Coesão e Coerência 4. Semântica 4.1. Denotação e Conotação 4.2. Sinonímia e Antonímia 4.3. Polissemia e Ambiguidade 5. Figuras e Vícios de Linguagem 6. Reescrita Questões de Concurso Gabarito Gabarito Comentado Referências AnexoPDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Tipologia textual -Tipologia textual - injunção 2 .1 . OS GÊNEROS TEXTUAIS2 .1 . OS GÊNEROS TEXTUAIS Os principais gêneros textuais possuem as seguintes características: Gênero textual Característica(s) Editorial Argumenta-se em favor de uma tese, a qual se encaminha para uma proposta de intervenção. O ponto de vista apresentado é o do veículo de comunicação ( jornal, canal de TV, rádio etc.), da empresa jornalística ou do redator-chefe. Artigo de opinião Busca-se convencer o leitor em relação a uma determinada ideia. O autor do artigo de opinião não representa o ponto de vista do veículo que publica o texto, mas sim do próprio articulista. Esse também é um gênero pertencente ao tipo textual dissertativo- argumentativo. É frequente o uso da primeira pessoa do singular e de modalizadores do discurso, marcando um posicionamento individual de quem escreve. Notícia Relata-se concisamente e objetivamente os fatos da realidade, destacando-se as seguintes informações: o que, quem, quando, onde, como e por quê. Reportagem É um texto jornalístico que trata de fatos de interesse público. A abordagem desses fatos é mais aprofundada (e didática) em relação à abordagem observada no gênero notícia. Crônica É um texto literário breve, com trama quase sempre pouco definida e motivos geralmente extraídos do cotidiano imediato. É um texto de natureza tipicamente narrativa. Conto É uma narrativa breve e concisa. No conto, há um só conflito, uma única ação (com espaço geralmente limitado a um ambiente). Além disso, há unidade de tempo e número restrito de personagens. O conflito é quase sempre resolvido após o clímax. Divinatório Possui valor “preditivo” e busca estabelecer o futuro (seja do interlocutor, seja de terceiros). Exemplo: horóscopo. Publ ic itár io e propagandístico Nos textos publicitários e propagandísticos, o emissor busca evidenciar a função conativa, atuando sobre o comportamento do destinatário. As formas linguísticas mais comuns são o imperativo (modo verbal), além de se adotarem outras estratégias de convencimento. Os suportes mais comuns são a mídia impressa, os canais de televisão e as redes sociais. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 14 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 3 . COESÃO E COERÊNCIA3 . COESÃO E COERÊNCIA A noção de coerência é vinculada à ideia de harmonia. Um texto coerente é um texto harmônico; e para haver harmonia, é necessário que as partes se integrem num todo coeso. Opa, já temos uma vinculação entre coerência e coesão. Há dois tipos centrais de coesão: a sequencial e a referencial. Na coesão sequencial, os termos se conectam numa sequência lógica e articulada. Para isso, utilizam-se as preposições e as conjunções, além de outras estruturas articuladoras (como certas formas adverbiais, e.g. primeiramente). Como estamos trabalhando em formato de síntese, faço remissão ao PDF Sintético de Gramática para a revisão das preposições e das conjunções (coordenativas e subordinativas). Na coesão referencial, três referências são relevantes: textual, espacial e temporal. Na coesão referencial espacial e temporal, os referentes são os elementos da enunciação (atores do discurso, contexto da enunciação e momento da enunciação). Coesão referencial Textual Espacial Temporal Anáfora (retoma) Perto do enunciador Presente Catáfora (antecipa) Perto do interlocutor Passado Longe do enunciador e do interlocutor Futuro As formas linguísticas típicas da coesão referencial são os pronomes e os verbos. Os pronomes retomam ou antecipam formas substantivas (sintagmas nominais) ou estruturas mais complexas (oracionais ou até paragrafais). Os verbos manifestam as propriedades gramaticais de tempo e de número-pessoa (as quais são capazes de referenciar). Outras estratégias de coesão referencial são utilizadas (e cobradas em concursos), como retomada por elipse (apagamento fonológico/gráfico de uma forma linguística subentendida), por sinonímia, por perífrase etc. Professor, esse conteúdo é muito cobrado em provas de concurso?Professor, esse conteúdo é muito cobrado em provas de concurso? Eu sempre falo para os meus alunos que as bancas cobram com muita frequência o conteúdo de coesão (sequencial e referencial). Nos últimos cinco anos, foram aplicadas 4.708 questões sobre esse tema. Isso nos mostra o quão importante é esse conhecimento para a sua preparação. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 15 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 4 . SEMÂNTICA4 . SEMÂNTICA O conteúdo de semântica é o mais complexo de se ensinar. Eis o porquê: não é possível apresentar a você, candidato em preparação para uma prova, os significados de todos os vocábulos em português. A única forma de se ampliar esse conhecimento é por meio de muita leitura (e eu sei que você tem lido muito – e isso é ótimo) e por meio de uma técnica bastante eficaz: depreender os sentidos do vocábulo pelo contexto. Vamos à segunda técnica. Imagine uma mulher conversando com uma amiga após um encontro ruim: “Nossa, não gostei do Pedro. Ele estava muito sorumbático no encontro. Eu esperava alguém mais animado, mais alegre”. A palavra desconhecida é “sorumbático”. Você consegue depreender o significado desse adjetivo? Pelo contexto, certamente é o contrário de animado, de alegre. Logo, seria algo como “triste”, “sombrio”. Pronto, chegamos ao significado correto da palavra em análise! Em termos técnicos, a semântica estuda o modo como um significante se une a um significado, formando um signo linguístico. Em concursos, os seguintes conceitos são fundamentais: denotação e conotação; sinonímia e antonímia e polissemia e ambiguidade. As bancas são muito prolíficas (uia, que palavra mais chique, professor!) na cobrança de conhecimentos de semântica. Somente nos últimos 5 anos (consulta na Plataforma Gran Questões), foram aplicadas 1275 questões sobre esse conteúdo. 4 .1 . DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO4 .1 . DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO A denotação é a relação significativa objetiva entre o significante e o significado. A denotação é o elemento estável da significação da palavra, elemento não subjetivo (isto é, descreve as coisas do mundo tal qual elas são). Pode ser analisado fora do discurso (contexto). A conotação, por sua vez, é o conjunto de alterações ou ampliações que se agregam ao sentido denotativo de um signo. Essas alterações e ampliações ocorrem por associações linguísticas de diversos tipos (estilísticas, fonéticas, semânticas) ou por identificação com algum dos atributos de coisas, pessoas e seres da natureza. Como ilustração, observe a palavra “cachorro”. Em sentido denotativo, esse signo denomina um “mamífero carnívoro da família dos canídeos”. Em sentido conotativo, essa palavra qualifica (ou denomina) um indivíduo indigno ou mau-caráter. As noções de denotação e conotação são próximas às noções de sentido literal (conforme ao próprio e genuíno significado das palavras, por oposição ao seu sentido figurado; exato, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br16 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre rigoroso) e sentido figurado (que se caracteriza por uso abundante e sistemático das figuras de palavra (tropos), como a metáfora, a metonímia e a sinédoque). 4 .2 . SINONÍMIA E ANTONÍMIA4 .2 . SINONÍMIA E ANTONÍMIA Para os conceitos de sinonímia e antonímia, basta lembrar do seguinte par: SINÔMIMO IGUAL ANTÔNIMO CONTRÁRIO Temos, então, o seguinte: a sinonímia é a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados iguais ou semelhantes; a antonímia é a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados diferentes, contrários. 4 .3 . POLISSEMIA E AMBIGUIDADE4 .3 . POLISSEMIA E AMBIGUIDADE Para os fenômenos semânticos de polissemia e ambiguidade, vale o seguinte esquema: POLISSEMIA MAIS DE 1 SIGNIFICADO AMBIGUIDADE Ou seja, na polissemia e na ambiguidade, a expressão linguística possui mais de um significado (mais de uma interpretação possível). A ambiguidade só será resolvida pelo contexto (isto é, só se sabe o significado “real” de uma frase quando conhecemos o contexto em que o enunciado ocorreu). Em uma prova recente da banca FGV (2023), uma frase foi apresentada em uma das alternativas: “Antes de sair, meu pai quis aconselhar-me.” Você consegue identificar a ambiguidade? Quem saiu? Quem falou a frase (o “eu” discursivo”) ou o pai? Apenas o contexto responde essas perguntas. A mesma situação ocorre na polissemia/homonímia, em que uma palavra possui mais de um significado (por exemplo, em “ele ficou no banco o dia todo”, em que não sabemos se o banco é um móvel (um assento) ou um estabelecimento (financeiro)). 5 . FIGURAS E VÍCIOS DE LINGUAGEM5 . FIGURAS E VÍCIOS DE LINGUAGEM Na Plataforma Gran Questões (filtros: Língua Portuguesa, últimos 4 anos, todas as bancas), há 918 questões sobre Figuras de Linguagem e 156 questões sobre Vícios de Linguagem. Os enunciados tipicamente apresentam estas formulações: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 17 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Banca Enunciado da questão sobre Figuras e Vícios de Linguagem CEBRASPE A personificação, figura de linguagem em que características humanas são atribuídas a algo inanimado ou abstrato, evidencia-se nas passagens da penúltima estrofe. No trecho “embaça-se um homem a si mesmo”, do texto, nota-se uso expressivo de pleonasmo, que, no caso em questão, configura-se pela FGV Essa frase refere-se a uma figura de linguagem denominada eufemismo, em que se apresenta uma coisa ruim por meio de expressões mais brandas. Assinale a opção que indica o problema de construção dessa frase. VUNESP Verifica-se um aparente paradoxo entre os termos que compõem a expressão A comunicação nas organizações quando bem executada contribui no envolvimento da equipe, na confiança dos clientes e do mercado, ou seja, no alcance dos resultados pretendidos. Contudo, quando há erros, os problemas são inevitáveis. Veja a charge a seguir e responda: qual é o tipo de erro cometido nesse tipo de comunicação? QUADRIX É correto afirmar que a expressão “resistir à tentação” constitui um exemplo da figura de linguagem conhecida como metáfora. Ocorre, na passagem, um vício grave de linguagem chamado, popularmente, de “gerundismo”, caracterizado pelo uso desnecessário da forma nominal gerúndio. As características e os exemplos de cada figura de linguagem e de cada vício de linguagem estão apresentados nos quadros a seguir. Utilizo as definições do Dicionário Houaiss (2009). Começamos pelas figuras de linguagem: FIGURAS DE LINGUAGEM Figura Definição Exemplo Antítese Figura pela qual se opõem, numa mesma frase, duas palavras ou dois pensamentos de sentido contrário. “Com luz no olhar e trevas no peito.” “A mão que afaga é a mesma que apedreja.” Oximoro (paradoxo) Figura em que se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão. “Claro enigma.” Antonomásia (ou perífrase) Variedade de metonímia que consiste em substituir um nome de objeto, entidade, pessoa etc. por outra denominação, que pode ser um nome comum (ou uma perífrase), um gentílico, um adjetivo etc., que seja sugestivo, explicativo, laudatório, eufêmico, irônico ou pejorativo e que caracterize uma qualidade universal ou conhecida do possuidor. Aleijadinho por Antônio Francisco Lisboa. O Salvador por Jesus Cristo. Anáfora Repetição de uma palavra ou grupo de palavras no início de duas ou mais frases sucessivas, para enfatizar o termo repetido Este amor que tudo nos toma, este amor que tudo nos dá, este amor que Deus nos inspira, e que um dia nos há de salvar. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 18 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre FIGURAS DE LINGUAGEM Catacrese Metáfora já absorvida no uso comum da língua, de emprego tão corrente que não é mais tomada como tal, e que serve para suprir a falta de uma palavra específica que designe determinada coisa. Braços de poltrona. Dentes do serrote. Nariz do avião. Pescoço de garrafa. Comparação Paralelo feito entre dois termos de um enunciado com sentidos diferentes. Dirige como um louco. Disfemismo Emprego de palavra ou expressão depreciativa, ridícula, sarcástica ou chula, em lugar de outra palavra ou expressão neutra. Ficar puto por ficar com raiva. Eufemismo Palavra, locução ou acepção mais agradável, de que se lança mão para suavizar ou minimizar o peso conotador de outra palavra, locução ou acepção menos agradável. Ele bateu as botas (morreu). Hipérbole Ênfase expressiva resultante do exagero da significação linguística. Morrer de medo. Estourar de rir. Metáfora Designação de um objeto ou qualidade mediante uma palavra que designa outro objeto ou qualidade que tem com o primeiro uma relação de semelhança. Ele tem uma vontade de ferro. Metonímia Figura de retórica que consiste no uso de uma palavra fora do seu contexto semântico normal, por ter uma significação que tenha relação objetiva, de contiguidade, material ou conceitual, com o conteúdo ou o referente ocasionalmente pensado. Adora Portinari por a obra de Portinari. Personificação (ou prosopopeia) Figura pela qual o orador ou escritor empresta sentimentos humanos e palavras a seres inanimados, a animais, a mortos ou a ausentes. “Ah, cidade maliciosa de olhos de ressaca” Sinestesia Cruzamento de sensações; associação de palavras ou expressões em que ocorre combinação de sensações diferentes numa só impressão. O cheiro áspero de terra. E seguimos com os principais vícios de linguagem: VÍCIOS DE LINGUAGEM Vício Definição Exemplo Ambiguidade (ou anfibologia) Propriedade que apresentam diversas unidades linguísticas (morfemas, palavras, locuções, frases) de significar coisas diferentes, de admitir mais de uma leitura. O rapaz bateu na velha com a bengala. Barbarismo Uso de formas vocabulares contrárias à norma culta da língua, seja do ponto de vista ortoépico (pronúncia), ortográfico, gramatical ou semântico. Peneu no lugar de pneu; Rúbrica no de rubrica; “Menas palavras” por “menos palavras”. Cacofonia Repetição de sons (fonemas ou sílabas) considerada desagradável ao ouvido. A última atividade será uma diligência no Pará para ouvir as populações afetadas. Pleonasmo Redundância determos no âmbito das palavras. Ele via tudo com seus próprios olhos. 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Solecismo Intromissão, na norma culta de uma língua, de construções sintáticas alheias a essa língua, geralmente por parte de pessoas que não dominam inteiramente suas regras. Os chamados erros de concordância, de regência, de colocação, a má construção de um período composto etc. 6 . REESCRITA6 . REESCRITA As questões de reescrita são as queridinhas das bancas. Na Plataforma Gran Questões (filtros: Língua Portuguesa, últimos 4 anos, todas as bancas), há 2750 questões sobre esse conhecimento em Língua Portuguesa. São muitas! Os enunciados tipicamente apresentam estas formulações: Banca Enunciado da questão sobre Reescrita CEBRASPE Assinale a opção em que a proposta de reescrita do último período do texto preserva os seus sentidos e a correção gramatical. FCC A frase acima ganha nova redação, na qual se mantêm seu sentido básico e a correção gramatical, na seguinte versão: FGV A reescritura da passagem do texto na qual NÃO se verifica nenhum desvio em relação à norma padrão do português é: IDECAN Assinale a alternativa em que a alteração do segmento sublinhado no período acima tenha provocado forte alteração de sentido. VUNESP Assinale a alternativa que reescreve o trecho destacado na passagem – O que não parece certo é apontar e discriminar, para excluir aqueles que não estão inseridos no grupo do bem. – de acordo com a norma-padrão. QUADRIX Estariam mantidas as relações sintáticas e de sentido do texto, bem como a sua clareza, caso o trecho “que nos permitem ver da imensidão do cosmo ao diminuto mundo subatômico” fosse reescrito da seguinte forma: Que permitem-nos ver da imensidão do cosmo ao diminuto mundo subatômico. Sempre digo em minhas aulas que as questões sobre reescrita são do tipo “guarda- chuva”, pois são capazes de abarcar muitos tópicos, em especial os relacionados à norma-padrão. Com isso, uma questão sobre o processo de reescrita pode propor uma nova redação de um trecho alterando vocábulos, modificando a ordem das palavras, alterando a voz (ativapassiva) etc. Nessas alterações, muitos conhecimentos são exigidos (e você deve ativá-los a partir de um olhar analítico bem refinado). Em muitas questões (talvez na maioria delas), exige-se também a manutenção (ou não) dos sentidos originais (quando os O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 20 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre sentidos são mantidos, estamos diante de uma paráfrase). Está claro, então, o porquê de as bancas lançarem mão de questões sobre reescrita, não é? Como o nosso projeto é sintetizar as informações sobre os conteúdos, REVISANDO os conhecimentos exigidos, farei uso de mapas mentais para retomar os principais tipos de reescrita exigidos em provas de concurso. Lembro da importância de articular esse conhecimento com o conteúdo de gramática, tudo bem? Tudo funciona de forma integrada. Vamos aos mapas! Mapa Mental - Mapa Mental - Reescrita (norma-padrão) 1 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 21 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Mapa Mental - Mapa Mental - Reescrita (norma-padrão) 2 Mapa Mental - Mapa Mental - Reescrita e Paráfrase O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 22 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre QUESTÕES DE CONCURSOQUESTÕES DE CONCURSO INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS 001. 001. (CONSULPLAN/ANALISTA/SEGER/2023) Relacione adequadamente os fatores às suas respectivas características. 1. Aceitabilidade. 2. Intencionalidade. 3. Situacionalidade. 4. Informatividade. 5. Intertextualidade. ( ) � Está direcionada ao protagonista do ato comunicativo. Trata-se da disposição e do empenho de se construir um discurso coerente, coeso e com grande capacidade de satisfazer determinada audiência. Diz respeito às informações e conhecimentos prévios que o autor tem para chegar a seu público. ( ) � É voltada para o contexto no qual a situação comunicativa está inserida. Ela se relaciona à adequação ou não do contexto, pois ele pode influenciar no significado do texto que, inserido em contextos distintos, pode produzir significados completamente diversos. ( ) � Consiste na influência e na relação que um texto exerce sobre outro. Esse processo ocorre durante a produção de um texto, no qual o autor coloca, na estrutura de sua produção, referências explícitas ou implícitas de outra obra. ( ) � Nesse fator, consideram-se as informações prévias e as informações novas obtidas no texto. É preciso que haja equilíbrio entre ambas, pois um texto que possui apenas informações prévias não traz novidade ao leitor. Já um texto somente com informações novas pode dificultar a compreensão da leitura. ( ) � Esse fator está focando no leitor. O leitor precisa de algum conhecimento sobre o assunto para poder analisar o texto e decidir se concorda com a intenção do autor. É através de sua interpretação do texto que ele poderá reconhecer o que está implícito ou explícito no texto. A sequência está correta em a) 1, 3,5, 4, 2. b) 2, 3, 5, 4, 1. c) 3, 1, 2, 5, 4. d) 5, 1, 4, 2, 3. e) 5, 2, 3, 4, 1. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 23 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 002. 002. (IBFC/ACAI/IBGE/2022) ciclo vicioso minha namorada sempre sonha que namora seu namorado antigo minha ex-namorada sempre sonha que me namora e eu, desconfiado, tenho feito tudo para não sonhar... (Cacaso, Poesia Completa, p.126) O sentido do texto constrói-se por meio de sua organização interna. Desse modo, de acordo com o poema, o esforço do enunciador por “não sonhar” deve-se ao fato de: a) sentir muito ciúme de sua atual namorada. b) desejar ocupar o sonho de sua ex-namorada. c) não acreditar em sonhos de amores antigos. d) querer que sua atual namorada sonhe com ele. e) não querer sonhar com sua ex-namorada. 003. 003. (IDECAN/TÉCNICO/SEFAZ-RR/2023)Relações de poder e decisão: conflitos entre médicos e administradores hospitalares Os hospitais abrigam tensões de natureza grupal e profissional. Seu corpo diretivo e clínico é constituído por médicos que usualmente têm dificuldade de aceitar normas disciplinares e de ouvir recomendações, principalmente quando elas vêm dos administradores hospitalares. Esta pesquisa tem como objetivo analisar como administradores hospitalares da cidade de Belo Horizonte percebem as relações de poder entre sua categoria profissional e a dos médicos proprietários de hospitais e suas consequências. Os discursos de nove administradores hospitalares, com experiência mínima de quatro anos na gerência de hospitais, foram coletados e analisados usando a metodologia qualitativa. A pesquisa identificou que o hospital é um local da disciplina médica, no qual o médico controla o cotidiano dos demais profissionais, determinando o tipo de comportamento esperado. Os empregados entrevistados se ressentem da falta de autonomia na gestão e consideram que isso prejudica o andamento dos processos e a qualidade dos serviços prestados. Queixam-se, principalmente, da falta de informações e da impossibilidade de participarem das decisões estratégicas. Admitem que o relacionamento com os médicos proprietários é permeado por conflitos, pois, muitas vezes, estes ignoram as questões colocadas pelos administradores e insistem na diferença de classe como forma de fazer prevalecer suas opiniões. A principal característica dos conflitos refere-se à percepção de superioridade do profissional médico em relação aos demais. RAM, Rev. Adm. Mackenzie 11 (6) • Disponível em: https://doi.org/10.1590/ S1678-69712010000600004 O tipo de linguagem predominante no Texto é a) referencial b) conativa O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 24 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre c) metalinguística d) fática e) poética 004. 004. (IADES/AUDITOR/SEPLAD-DF/2023) As modificações viárias foram propostas para reduzir os engarrafamentos nas cidades, especialmente nos eixos de circulação, apresentando soluções de transportes de massa, confortáveis, seguros e incentivo aos deslocamentos ativos (ciclismo e caminhada) como alternativa ao modal automotivo. Para isso, foi estabelecida uma rede de transporte público estruturante, consolidando as principais rotas do Distrito Federal, com a implementação de corredores segregados de ônibus (BRTs), ampliação da linha do metrô, expansão da malha cicloviária, construção/melhoria das calçadas e construção de um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), ligando aeroporto de Brasília, W3 sul e norte e Eixo Monumental, conectado com os setores Sudoeste/ Octogonal e com o Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Disponível em: <https://www.codeplan.df.gov.br/wp content/uploads /2018/02/>. Acesso em: 7 fev. 2023, com adaptações. De acordo com o texto, uma rede de transporte público estruturante foi estabelecida para a) atender às rotas mais relevantes do Distrito Federal e expandir as ciclovias e calçadas. b) implementar corredores segregados de ônibus, ampliar a linha de metrô e aumentar o número de calçadas para pedestres. c) reduzir os engarrafamentos nas cidades com alternativas ao uso de carros particulares, melhores condições dos transportes coletivos e estímulo aos deslocamentos ativos. d) diminuir as distâncias entre o aeroporto de Brasília e as cidades administrativas. e) construir BRTs e VLTs confortáveis para os moradores de Brasília. 005. 005. (INSTITUTO AOCP/TÉCNICO/TRT 1ª REGIÃO/2018) Assinale a alternativa que apresenta um uso coloquial da linguagem. a) “[...] os idosos já não querem ser sábios, preferem estar robustos e musculosos [...]”. b) “[...] um egoísmo raivosamente autorreferencial que, pelo caminho, veio alterar o famoso equilíbrio latino de mens sana in corpore sano [...]”. c) “[...] os idosos eram sábios, esse era seu valor, mas agora vemos sua claudicação [...]”. d) “Seria saudável não perder de vista que o objetivo principal dessas sessões pagas não é tanto salvar a si mesmo, mas manter estável a economia do espírito [...]”. e) “[...] o mindfulness era patrimônio dos monges, a ioga era praticada por quatro gatos pingados e o espírito era cultivado lendo livros em gratificante solidão.”. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 25 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 006. 006. (FGV/PROFESSOR/SME-SP/2023) Leia o fragmento a seguir. Foi no Instituto de Letras da UFF, há alguns anos. Convidado, fez lá conferência um ex-Ministro de Angola. O assunto já não me lembra... Em todo caso, o tema é de somenos. Terminada a fala, com as palmas rituais, pôs-se o orador às ordens, para perguntas. À questão das línguas respondeu que, desgraçadamente, a oficial era a do colonizador, acreditando ele que essa anômala situação ainda duraria um século. Assinale a opção que apresenta o tipo de preconceito linguístico a que esse fragmento textual se refere. a) O preconceito socioeconômico, ligado ao fato de membros das classes mais pobres, pelo acesso limitado à educação e à cultura, geralmente, dominarem apenas as variedades linguísticas mais informais e de menor prestígio. b) O preconceito regional, ligado a um tipo de aversão ao sotaque ou aos regionalismos típicos de áreas mais pobres. c) O preconceito cultural, preso à aversão pela cultura de massa e às variedades linguísticas por ela usadas. d) O preconceito político, referente à imposição de uma língua a falantes de outras línguas. e) O preconceito racial, ligado às manifestações culturais de outras raças, inclusive a língua, considerando-as atrasadas. Chamam‐se fonemas os sons elementares e distintivos que o ser humano produz quando, pela voz, exprime seus pensamentos e emoções. Desde logo, uma distinção se impõe: não se há de confundir fonema com letra. Fonema é uma realidade acústica, realidade que nosso ouvido registra; enquanto letra é o sinal empregado para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua. Na atividade linguística, o importante para os falantes é o fonema, e não a série de movimentos articulatórios que o determina. Assim sendo, enquanto a análise fonética se preocupa tão somente com a articulação, a fonêmica atenta apenas para o fonema que, reunindo um feixe de traços que o distingue de outro fonema, permite a comunicação linguística. Evanildo Bechara. Moderna gramática portuguesa. 37.a ed. rev. E ampl. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, p. 57 (com adaptações). 007. 007. (QUADRIX/PROFESSOR L. PORTUGUESA/SEDF/2018) Comparando‐se a forma padrão “registrar” com a grafia não padrão “registrá”, verifica‐se que não há alteração da posição da sílaba tônica da palavra, que permanece oxítona, estando a acentuação gráfica de “registrá” de acordo com o que prescreve a regra. 008. 008. (QUADRIX/PROFESSOR L. PORTUGUESA/SEDF/2018) Predomina no texto a função metalinguística, visto que o foco da mensagem é o próprio código linguístico. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 26 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICOCompreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Texto CB1A1 Cresce, no mundo todo, o número de pessoas que demandam serviços de cuidado. De acordo com o último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), esse universo deverá ser de 2,3 bilhões de pessoas em 2030 — há cinco anos, eram 2,1 bilhões. O envelhecimento da população e as novas configurações familiares, com mulheres mais presentes no mercado de trabalho e menos disponíveis para assumir encargos com parentes sem autonomia, têm levado os países a repensar seus sistemas de atenção a populações vulneráveis. Partindo desse panorama, as sociólogas Nadya Guimarães, da Universidade de São Paulo (USP), e Helena Hirata, do Centro de Pesquisas Sociológicas e Políticas de Paris, na França, identificaram, em estudo, o surgimento, nos últimos vinte anos, de arranjos que visam amparar indivíduos com distintos níveis de dependência, como crianças, idosos e pessoas com deficiência. Enquanto, em algumas nações, o papel do Estado é preponderante, em outras, a atuação de instituições privadas se sobressai. Na América Latina, o protagonismo das famílias representa o aspecto mais marcante. Conforme definição da OIT, o trabalho de cuidado, que pode ou não ser remunerado, envolve dois tipos de atividades: as diretas, como alimentar um bebê ou cuidar de um doente, e as indiretas, como cozinhar ou limpar. “É um trabalho que tem uma forte dimensão emocional, se desenvolve na intimidade e, com frequência, envolve a manipulação do corpo do outro”, diz Guimarães. Ela relata que o conceito de cuidado surgiu como categoria relevante para as ciências sociais há cerca de trinta anos e, desde então, tem sido crescente a sua presença em linhas de investigação em áreas como economia, antropologia, psicologia e filosofia política. “Com isso, a discussão sobre essa concepção ganhou corpo. Os estudos iniciais do cuidado limitavam-se à ideia de que ele era uma necessidade nas situações de dependência, mas tal entendimento se ampliou. Hoje, ele é visto como um trabalho fundamental para assegurar o bem-estar de todos, na medida em que qualquer pessoa pode se fragilizar e se tornar dependente em algum momento da vida”, explica a socióloga. Os avanços da pesquisa levaram à constatação de que a oferta de cuidados é distribuída de forma desigual na sociedade, recaindo, de forma mais intensa, sobre as mulheres. Ao refletir sobre esse desequilíbrio, a socióloga Heidi Gottfried, da Universidade Estadual Wayne, nos Estados Unidos da América, explica que persiste, nas sociedades, a noção arraigada de que o trabalho de cuidado seria uma manifestação de amor e, por essa razão, deveria ser prestado gratuitamente. Conforme Gottfried, a ideia decorre, entre outros aspectos, de construção cultural a respeito da maternidade e de que cuidar seria um talento feminino. Por outro lado, Guimarães lembra que, a partir de 1970, as mulheres aumentaram sua participação no mercado de trabalho brasileiro. Em cinco décadas, a presença feminina saltou de 18% para 50%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “Consideradas provedoras naturais dos serviços de cuidado, as mulheres passaram a trabalhar mais intensamente fora de casa. Esse fato, aliado ao envelhecimento da população, gerou o que tem sido analisado como uma crise no provimento de cuidados que, em países do hemisfério norte, tem se resolvido com uma mercantilização desses serviços, além de uma maior atuação do Estado, por meio da criação de instituições públicas de acolhimento, expansão de políticas de financiamento, formação e regulação do trabalho de cuidadores”, conta a socióloga. Na América Latina, entretanto, o fornecimento de cuidados é tradicionalmente feito pelas famílias, nas quais mulheres desempenham gratuitamente papel central como cuidadoras de O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 27 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre crianças, idosos e pessoas com deficiência. Para a minoria que pode pagar, o mercado oferece serviços de cuidado que compensam a escassa presença do Estado. Christina Queiroz. Revista Pesquisa FAPESP. Ed. 299, jan./ 2021. Internet: (com adaptações). Em relação a aspectos estruturais do texto CB1A1 e às informações por ele veiculadas, julgue os itens subsequentes. 009. 009. (CEBRASPE/TÉCNICO/INSS/2022) Os serviços de cuidados fornecidos na América Latina diferenciam-se dos providos em países do hemisfério norte. 010. 010. (CEBRASPE/TÉCNICO/INSS/2022) A profissionalização do trabalho de cuidados nos últimos anos remodelou a essência do conceito de cuidado. TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS . 011. 011. (FGV/ANALISTA/AL-RO/2018) A afirmativa abaixo que é inadequada em relação às narrativas é: a) toda narrativa implica mudanças de situações ou estados. b) as narrativas implicam uma causalidade na intriga. c) todas as narrativas mostram personagens humanos ou humanizados. d) uma narrativa mostra sempre uma integração de ações. e) os relatos narrativos implicam sempre um narrador personagem. 012. 012. (CEBRASPE/ASSISTENTE/SEFAZ-RS/2019) Texto 1A2-II Neide nunca tinha pensado naquilo até que, mexendo um cremezinho de laranja na cozinha, a nutricionista do programa das dez da manhã falou: — Ninguém é obrigado a parecer velho. Tirando a canseira provocada por aquele horror de exames que o médico tinha pedido, Neide considerou que, aos sessenta e quatro anos, até que não parecia velha. Mexeu o creme com mais vigor. A dermatologista deu aparte: — Alguns estudos afirmam que a velhice começa aos trinta e seis anos de idade. Aos trinta e seis anos, ela já era casada havia doze anos com João Carlos, já era mãe dos gêmeos, já sustentava a casa e tinha até contratado um auxiliar só para atender as freguesas que batiam palmas no portão. Aos trinta e seis anos, João Carlos já havia sido despedido da firma e já indicava que ia se tornar um deprimido de marca e um desempregado crônico. O fogão de seis bocas e a campainha com barulho de sino vieram depois, e seus préstimos de doceira eram anunciados em uma tabuleta de madeira. A apresentadora, que já nem era tão mocinha, considerou que tudo dependia do estado de espírito da pessoa e das escolhas feitas durante a vida: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br about:blank 28 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre — Às vezes, é preciso dizer não. Neide pensou que falar era fácil e que mais a vida mandava do que ela escolhia. Na tevê, a palavra era do geriatra, um homem robusto, de tez bronzeada e cabelos fartos e grisalhos. — As pessoas podem continuar sexualmente ativas até a morte. Literalmente, o amor não tem idade. Neide sentiu uma tontura, e, de repente, a colher de pau caiu ao chão com barulho. Foi bem na hora em que João Carlos entrou na cozinha: estava com sede. Varreu com os olhos a figura diante de si: o pijama azul de listras estava tão acabado que nem dava para pano de chão, e a barriga do marido esgarçava as casas dos dois últimos botões. A tontura deu uma pequena trégua, o suficiente para que ela se desgostasse à visão do descaimento. Cíntia Moscovich. Aos sessenta e quatro. In: Essa coisa brilhante que é a chuva. Rio de Janeiro: Record, 2012 (com adaptações). Assinale a opção que reproduz trechodo texto 1A2-II em que predomina a tipologia descrição. a) “Ninguém é obrigado a parecer velho” (l. 4) b) “Neide considerou que, aos sessenta e quatro anos, até que não parecia velha. Mexeu o creme com mais vigor” (l. 6 a 8) c) “Alguns estudos afirmam que a velhice começa aos trinta e seis anos de idade” (l. 9 e 10) d) “Foi bem na hora em que João Carlos entrou na cozinha: estava com sede” (l. 31 e 32) e) “a barriga do marido esgarçava as casas dos dois últimos botões” (l. 35 e 36) 013. 013. (FGV/ANALISTA/MP-RJ/2019) Observe o seguinte texto descritivo a seguir. “A casa estava situada em centro de terreno; era bastante grande, com duas salas, quatro quartos, dois banheiros e um pequeno quintal. O piso de todos os cômodos era de cerâmica cinzenta e cada um deles possuía uma iluminação diferente”. Nesse caso, a estratégia discursiva parte: a) de longe para perto; b) de cima para baixo; c) das partes para o todo; d) de baixo para cima; e) do todo para as partes. 014. 014. (FGV/PROFESSOR/SME-SP/2023) Como ensinar a ler Se eu fosse ensinar a uma criança a arte da jardinagem, não começaria com as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. Eu a levaria a passear por parques e jardins, mostraria flores e árvores, falaria sobre suas maravilhosas simetrias e perfumes; a levaria a uma livraria para que ela visse, nos livros de arte, jardins de outras partes do mundo. Aí, seduzida pela beleza dos jardins, ela me pediria para ensinar-lhe as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 29 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música, não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe falaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes. Se fosse ensinar a uma criança a arte da leitura, não começaria com as letras e as sílabas. Simplesmente leria as estórias mais fascinantes que a fariam entrar no mundo encantado da fantasia. Aí então, com inveja dos meus poderes mágicos, ela desejaria que eu lhe ensinasse o segredo que transforma letras e sílabas em estórias. É muito simples. O mundo de cada pessoa é muito pequeno. Os livros são a porta para um mundo grande. Pela leitura vivemos experiências que não foram nossas e então elas passam a ser nossas. Lemos a estória de um grande amor e experimentamos as alegrias e dores de um grande amor. Lemos estórias de batalhas e nos tornamos guerreiros de espada na mão, sem os perigos das batalhas de verdade. Viajamos para o passado e nos tornamos contemporâneos dos dinossauros. Viajamos para o futuro e nos transportamos para mundos que não existem ainda. Lemos as biografias de pessoas extraordinárias que lutaram por causas bonitas e nos tornamos seus companheiros de lutas. Lendo, fazemos turismo sem sair do lugar. E isso é muito bom. ALVES, Rubem, Ostra feliz não faz pérola. Ed. Planeta do Brasil Ltda. São Paulo. 2021. O texto precedente, considerando-se sua organização discursiva, deve ser incluído entre os textos a) descritivos. b) narrativos. c) dissertativos expositivos. d) dissertativos argumentativos. e) injuntivos. 015. 015. (FGV/TÉCNICO/PGM/2023) Abaixo aparecem cinco slogans publicitários; o slogan que apela a uma estratégia diferente da dos demais casos, é: a) Um pouco de Veja e muito de limpeza; b) São os pequenos detalhes que fazem as grandes marcas; c) Após a escuridão vem a claridade com Eveready; d) Não faça economia: compre um BMW; e) Príncipe veste hoje o homem de amanhã. 016. 016. (IBGP/MUNICIPIO DE ITABIRA/ENGENHEIRO CIVIL/2020) Educação financeira chega ao ensino infantil e fundamental em 2020 Oferta está prevista na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Antonia, auxiliar de escritório, todos os dias compra uma balinha ou um chocolate, no ponto de ônibus, na volta do trabalho, que custa R$ 0,50. “Eu não dava importância para aquele gasto. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para JESSICA NASCIMENTO DE CASTRO - 03280864100, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 30 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Imagina, R$ 0,50 não é nada! Mas eu nunca consegui economizar um centavo”. Fazendo as contas, esses centavos viram R$ 11 em um mês e R$ 132 em um ano. São situações como essa, retirada de livro didático disponível online, que ensinam estudantes de escolas em várias partes do país a terem consciência dos próprios gastos e a ajudar a família a lidar com as finanças. A chamada educação financeira, cuja oferta hoje depende da estrutura de cada rede de ensino passa a ser direito de todos os brasileiros, previsto na chamada Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “É uma grande oportunidade, uma grande conquista para a comunidade escolar do país”, diz a superintendente da Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil), Claudia Forte. “A educação financeira busca a modificação do comportamento das pessoas, desde pequeninas, quando ensina a escovar os dentes e fechar a torneira para poupar água e economizar. Isso é preceito de educação financeira”. A BNCC é um documento que prevê o mínimo que deve ser ensinado nas escolas, desde a educação infantil até o ensino médio. Educação financeira deve, pela BNCC, ser abordada de forma transversal pelas escolas, ou seja, nas várias aulas e projetos. Parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), homologado pelo Ministério da Educação (MEC), prevê que as redes de ensino adequem os currículos da educação infantil e fundamental, incluindo esta e outras competências no ensino, até 2020. A educação financeira nas escolas traz resultados, de acordo com a AEF-Brasil. Pesquisa feita em parceria com Serasa Consumidor e Serasa Experian, este ano, mostra que um a cada três estudantes afirmou ter aprendido a importância de poupar dinheiro depois de participar de projetos de educação financeira. Outros 24% passaram a conversar com os pais sobre educação financeira e 21% aprenderam mais sobre como usar melhor o dinheiro. Desafios Levar a educação financeira para todas as escolas envolve, no entanto, uma série de desafios, que vão desde a formação de professores, a oferta de material didático adequado e mesmo a garantia de tempo para que os professores se dediquem ao preparo das aulas. De acordo com o presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Garcia, os municípios, que são os responsáveis pela maior parte das matrículas públicas no ensino infantil e fundamental, focarão, em 2020, na formação dos docentes, para que eles possam levar para as salas de aula não apenas educação financeira, mas outras competências previstas na BNCC. “Tivemos um grande foco na construção dos currículos e, agora, neste ano, [em 2020], entramos no processo de formação. Educação financeira, inclusão, educação socioemocional, todos esses elementos vão chegar de fato na sala de aula a partir da discussão que fizermos agora”, diz. Segundo ele, a implementação será concomitante à formação, já em 2020. De acordo com Garcia, não há um levantamento de quantos municípios já contam com esse ensino. “Não existe uma