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Intervenção de terceiros (assistência)

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Universidade do Oeste de Santa Catarina 
Acadêmico: Lucas Hanser de Andrade 
Professora: Márcia coser Petri 
Curso: Direito 
Matéria: Direito Processual Civil 1 
 
Intervenção de terceiros 
 São terceiros, para o direito processual, aqueles que não figuram como partes 
(autor e réu). Há casos em que, por forçada intervenção, o terceiro poderá adquirir a 
condição de parte, neste caso, assume a condição de auxiliar de parte. Somente se 
justificará a intervenção do terceiro que possa ter sua esfera jurídica atingida pela decisão 
judicial. São cinco as formas de intervenção expressamente previstas no CPC (Código de 
Processo Civil): a assistência, a denunciação da lide, o chamamento ao processo, a 
oposição e a nomeação à autoria. Todas as formas podem ser agrupadas em duas 
categorias, as de intervenção voluntária e provocada. Somente haverá intervenção de 
terceiro quando este ingressa no processo em andamento, casos em que o terceiro poderá 
demandar novos processos não poderão ser considerados intervenção. 
 A classificação em uma ou outra dessas categorias depende da iniciativa do 
ingresso do terceiro no processo. Há casos em que o próprio terceiro a manifesta 
(voluntária), nos quais se enquadram a assistência e a oposição, e casos nos quais a 
iniciativa não decorre da vontade do terceiro, mas de uma das partes (provocada), nos 
quais podemos citar a denunciação da lide, o chamamento ao processo e a nomeação à 
autoria. 
 Na maioria dos casos de intervenção (denunciação da lide, chamamento ao 
processo, oposição e nomeação à autoria), quando o terceiro se transforma em parte, 
desde o momento em que este for admitido no processo, adquirirá a condição de parte, 
porém, há situações em que atuará como auxiliar de uma das partes. É o que ocorre na 
assistência, entre tanto se faz necessário a distinção entre a simples e a litisconsorcial, 
pois o assistente litisconsorcial adquire a condição de verdadeiro litisconsorte ulterior. 
Portanto somente o assistente simples não se transformará em parte, mas em auxiliar dela. 
 
 Tipos de processos que admitem intervenção de terceiro 
 As diversas formas de intervenção existentes são próprias dos processos de 
conhecimento, sejam eles condenatórios, constitutivos ou declaratórios. Pode haver 
restrições conforme o procedimento: se for sumário só caberá a assistência e aquelas 
fundadas em contrato de seguro (comumente a denunciação da lide, mas poderão ser 
admitidas outras formas, desde que neste fundamento). Já o procedimento do Juizado 
Especial Cível, toda a espécie de intervenção é vedada. 
Em princípio, também se admite, excepcionalmente, a intervenção de terceiros 
na forma de assistência nas cautelares de antecipação de provas nas quais o terceiro se 
torna parte interessada. Poderá, também excepcionalmente, haver nomeação à autoria em 
processo cautelar quando este for ajuizado em face de parte ilegítima, nas hipóteses do 
art. 62 e 63, do CPC. 
 
Assistência 
A assistência é SEMPRE voluntária, isto é, a iniciativa de ingresso há de partir 
sempre do próprio terceiro. Não se admite que o juízo mande intimar o terceiro para que 
assuma a condição de assistente. A intervenção do assistente pode ocorrer desde o início, 
e ser efetiva; ou em fase tardia, com pouca influência no resultado, o que deve ser levado 
em consideração pelo juiz, na fixação dos honorários. 
 Os assistentes, simples e litisconsorcial, podem ingressar a qualquer tempo no 
processo, enquanto ainda não tiver havido o trânsito em julgado da sentença. Para tanto, 
devem formular um requerimento dirigido, que ouvirá as partes. 
 Existem basicamente duas espécies de assistência em nosso ordenamento 
jurídico, que diferem quanto ao cabimento, poderes do assistente e efeitos da intervenção: 
assistência simples e assistência litisconsorcial. 
 
 Assistência simples 
É o mecanismo pelo qual se admite que um terceiro, que tenha interesse jurídico 
em que a sentença seja favorável a uma das partes, possa requerer o seu ingresso, para 
auxiliar aquele a quem deseja que vença. 
 
Interesse jurídico 
Terá interesse jurídico o terceiro que tiver uma relação jurídica com uma 
das partes, diferente daquela sobre a qual versa o processo, mas poderá ser afetada 
pelo resultado. Basicamente quem poderá ingressar como assistente simples é o 
terceiro que, não sendo titular da relação jurídica que está sendo discutida em juízo, 
é titular de uma relação com ela interligada. Por isso poderá sofrer os efeitos da 
sentença que, decidindo sobre uma relação, repercutirá sobre as outras que com ela 
guardam prejudicialmente. 
O interesse jurídico depende basicamente de três circunstâncias: 
 Que o terceiro tenha uma relação jurídica com uma das partes; 
 Que essa relação seja diferente da que está sendo discutida no processo, 
pois se for a mesma ele deverá figurar como litisconsorte e não como assistente; 
 Que essa relação jurídica possa ser afetada reflexamente pelo resultado 
do processo. 
 Interesse jurídico não se confunde com o meramente econômico, se este 
for o caso, há o impedimento do ingresso como assistente simples. Exemplo disso é 
se o terceiro for credor de alguém que figure como parte em ação indenizatória. Se 
ele for o credor do autor, terá interesse em que a sentença seja de procedência, porque 
dará ao seu devedor maiores condições para a quitação da dívida; se o devedor 
figurar como réu, o terceiro torcerá para que seja julgado improcedente o processo, 
pois o réu ficará com maiores dificuldades de adimplemento, correndo o risco de 
tornar-se insolvente. 
 
Ao assistente simples caberá a possibilidade de praticar todos os atos processuais 
que não contrariem a vontade do assistido. Para que o terceiro possa praticar os atos que 
deseja no processo, não é preciso autorização expressa da parte. No silêncio, ele pode 
realizá-los, desde que compatíveis com a condição de assistente. Porém a parte principal 
tem o poder de vedar ao assistente a prática de atos que não queria que ele realizasse. 
Pode o assistente simples, não havendo vedação do assistido: 
 Apresentar constatação em favor do réu que for revel, caso em que passará 
a ser considerado gestor de negócios; 
 Apresentar exceção de impedimento; 
 Apresentar réplica, se o autor a quem assiste não o fizer; 
 Juntar novos documentos pertinentes ao esclarecimento dos fatos; 
 Requerer provas e participar da sua produção, arrolando testemunhas, 
formulando quesitos ou complementando os apresentados pela parte e participando das 
audiências, nas quais poderá formular reperguntas e requerer contradita das testemunhas 
do adversário; 
 Interpor recurso, salvo se a parte principal tiver renunciado a esse direito, 
manifestando o desejo de não recorrer. 
É totalmente vedado ao assistente simples: 
 Praticar qualquer ato de disposição de direito; 
 Se opor a atos de disposição feitos pelo assistido; 
 Suscitar exceção de incompetência relativa ou suspeição; 
 Reconvir e ajuizar ação declaratória incidental. 
 A coisa julgada material não pode se estender ao assistente simples, porque ele 
não é titular da relação de direito material discutida em juízo, mas de outra relação, que 
com aquela tem relação de interdependência. Não pode, portanto, ser atingido diretamente 
pelos efeitos da sentença, e pela imunização desses efeitos, mas tão somente de maneira 
reflexiva, indireta e imediata. 
 
 Assistência litisconsorcial 
 Trata-se de uma forma de intervenção atribuída ao titular ou cotitular da relação 
jurídica que está sendo discutida em juízo. Somente existe no âmbito da legitimidade 
extraordinária, pois só assim é possível que terceiro seja titular ou cotitular de relaçãojurídica discutida em juízo. No campo da legitimidade ordinária, o titular potencial da 
relação jurídica teria de figurar como parte. 
Quando há legitimidade extraordinária concorrente, como ocorre com as ações 
reivindicatórias ou possessórias de bens em condomínio, que podem ser ajuizadas apenas 
por um dos titulares, por mais de um ou por todos, poderão ocorrer três possíveis 
situações. Para entendê-las, é preciso lembrar que o bem é um só, embora pertença a 
vários donos: 
 A ação pode ser ajuizada por apenas um dos condôminos, e pode assim 
permanecer até o final. Como o objeto será todo o imóvel, em caso de sentença de mérito 
estender-se-á a todos os condôminos, não só àquele que propôs a ação; 
 A ação poderá ser ajuizada por todos os condôminos em conjunto, ou por 
alguns deles, caso em que ocorrerá um litisconsórcio facultativo unitário. Todos os 
condôminos serão afetados pelos efeitos da decisão judicial; 
 A ação poderá ser ajuizada por um dos cotitulares, e os demais quererem 
ingressar depois. Poderão fazê-lo sempre, a qualquer tempo, na condição de assistentes 
litisconsorciais; 
 
Em havendo legitimidade extraordinária concorrente, nada mais é que 
litisconsorte facultativo unitário ulterior: se mais de um cotitular ingressar com a 
demanda, haverá o litisconsórcio facultativo unitário. Se só um ingressar, e todos os 
demais o fizerem posteriormente, serão chamados assistentes litisconsorciais. Só não 
serão chamados de litisconsortes porque ingressaram ulteriormente. 
 Ao assistente litisconsorcial caberá a participação não subordinada ao assistido, 
que não tem poderes de veto, como no caso da assistência simples. O assistente 
litisconsorcial pode praticar isoladamente os atos que sejam benéficos, e o benefício se 
estenderá à parte. Mas os atos desfavoráveis serão ineficazes até mesmo em relação a ele. 
Como o assistente litisconsorcial é tratado como verdadeiro litisconsorte 
unitário, desde o seu ingresso, ele e o assistido passarão a ter prazos em dobro, caso os 
procuradores sejam diferentes (CPC, Art. 91). 
 
Referências 
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. 
 
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado / 
Marcus Vinicius Rios Gonçalves. – São Paulo: Saraiva, 2011.

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