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Elementos de madeira sob �exão e compressão Profa. Larissa Camporez Araújo Descrição Você vai entender o comportamento das vigas de madeira e das peças comprimidas, além de conhecer as equações utilizadas para o dimensionamento das vigas e das peças comprimidas. Propósito O entendimento do comportamento das peças de madeira e de como se dá o desenvolvimento dessas peças, sejam as vigas sejam as peças comprimidas, é essencial para os engenheiros projetistas que irão trabalhar com este material estrutural. Objetivos Módulo 1 Comportamento de vigas de madeira Módulo 2 Projeto de vigas de madeira Reconhecer as equações e as condições para o projeto de vigas de madeira. Identificar o comportamento das vigas de madeira. Módulo 3 Comportamento de peças comprimidas Identificar o comportamento das peças comprimidas de madeira. Módulo 4 Projeto de peças comprimidas em compressão simples Reconhecer as equações e as condições para o projeto de peças de madeira submetidas à compressão simples. Introdução Olá! Antes de começarmos, assista ao vídeo e compreenda como a madeira pode ser utilizada como elemento de construção e como ela se comporta sob tensões de flexão e compressão. 1 - Comportamento de vigas de madeira Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car o comportamento das vigas de madeira. Vigas de madeira: conceitos e dimensões Aprenda neste vídeo como dimensionar vigas de madeira, para que sirvam como elementos de construção de edificações. Conceitos gerais e tipos construtivos Conheça no vídeo um panorama dos diferentes tipos de construções, como são classificados e os critérios adotados para o dimensionamento adequado de cada uma dessas estruturas. Iniciaremos o nosso estudo com a apresentação das tensões que atuam nas vigas, os tipos de peças de madeira que compõem as vigas e as dimensões mínimas de contraflechas indicadas pela ABNT NBR 7190-1:2022. Nas vigas de madeira, as tensões atuantes são as normais de tração e compressão que agem no sentido longitudinal, ou seja, na direção paralela às fibras. Nos apoios e demais pontos de aplicação de carga pontual, a viga é submetida a tensões de compressão normal às fibras. Também temos a tensão cisalhante na direção normal às fibras que são as tensões verticais na seção, e na direção paralela às fibras que são as tensões horizontais. Observe a seguir as tensões normais e cisalhantes e a flambagem lateral em uma viga de madeira. Flexão simples: (a) viga em flexão no plano vertical com tensões normais longitudinais e transversais e tensões cisalhantes; (b) flambagem lateral de vigas. A flambagem lateral geralmente ocorre em vigas altas e esbeltas. É identificada quando a viga perde o equilíbrio no plano principal de flexão e σ τ consequentemente apresenta deslocamentos laterais com rotação de torção. A presença da flambagem lateral reduz a capacidade de resistência à compressão da viga e, para evitá-la, são realizadas contenções laterais intermediárias ao longo da viga. Para garantir a segurança da viga no estado-limite último, as tensões solicitantes de projeto devem ser inferiores às tensões resistentes. Para evitar a ocorrência de danos em elementos acessórios da estrutura e o desconforto visual dos usuários, os deslocamentos finais devem ser menores do que os valores-limite estabelecidos em norma para o estado-limite de deformação excessiva. Tipos construtivos Veja os tipos mais comuns de vigas de madeira: Peça simples maciça, muito usada como viga em obra provisória em andaimes e escoras. Tipos construtivos de vigas de madeira - Viga de madeira roliça. Peça simples de madeira, geralmente utilizada na construção de pontes de serviço. Normalmente suas seções transversais são maiores do que as da madeira serrada e podem ser usadas peças lavradas de: 20 cm x 20 cm, 20 cm x 30 cm, 30 cm x 30 cm etc. Vigas de madeira roliça Vigas de madeira lavrada Tipos construtivos de vigas de madeira - Viga de madeira lavrada. Peça simples de madeira, normalmente obedece às dimensões transversais padronizadas comercialmente. Tipos construtivos de vigas de madeira - Viga de madeira serrada. Apresentam grande importância entre os produtos industriais, pois são construídas com comportamento equivalente ao da madeira maciça, porém com dimensões muito superiores. Por exemplo, vigas retangulares de seção de 30 cm x 200 cm. Vigas de madeira serrada Vigas de madeira laminada ou microlaminada e colada Tipos construtivos de vigas de madeira - Viga de madeira laminada ou microlaminada e colada. São utilizados os tarugos para a ligação de duas ou mais peças maciças. A altura é limitada pelo tamanho das peças maciças. Tipos construtivos de vigas de madeira - Vigas compostas de peças maciças por entarugamento. A união entre as interfaces das peças maciças é realizada por cola, pregos ou conectores de anel. A altura é limitada pelo tamanho das peças maciças. Vigas compostas de peças maciças por entarugamento Vigas compostas de peças maciças com interfaces contínuas Tipos construtivos de vigas de madeira - Viga composta de peças maciças com interfaces contínuas. A alma é formada por tábuas ou pranchas pregadas nos flanges. São treliças de diagonais múltiplas. Tipos construtivos de vigas de madeira - Viga composta com alma descontínua, pregada. Esse tipo de viga também pode ser feita de madeira recomposta com lascas orientadas. A ligação é feita com cola ou pregos. Permite fazer vigas compostas de grandes alturas com formas eficientes. Tipos construtivos de vigas de madeira - Viga composta com alma formada por placas de madeira compensada ou de madeira recomposta com lascas orientadas. Viga composta com alma descontínua, pregada Viga composta com alma formada por placas de madeira compensada Critérios de dimensionamento As vigas compostas, ou seja, aquelas formadas por mais de uma peça, serrada e com ligações por pregos, podem ser dimensionadas à flexão e à flexão composta como se fossem vigas maciças, desde que: para seções para seções ou caixão Em que A e I são a área e o momento de inércia, respectivamente, da viga composta considerada como maciça. Já as vigas compostas de seção retangular que são ligadas por conectores metálicos de anel podem ser consideradas maciças no dimensionamento à flexão se: para dois elementos superpostos para três elementos superpostos Dimensões mínimas e contra�echas e critérios de cálculo Confira como são realizados os cálculos para que as contraflechas dos elementos de madeira sejam dimensionadas. Dimensões mínimas e contra�echas De acordo com a ABNT NBR 7190-1:2022, nas vigas, a área mínima das seções transversais é de e a espessura mínima é de Em estruturas Ar = A Ir = 0, 95I T Ir = 0, 85I I Ir = 0, 85I Ir = 0, 70I 50cm2 5cm. industrializadas de madeira, as seções mínimas tanto da madeira quanto dos elementos de ligação podem ser inferiores às mencionadas na norma, desde que haja comprovação experimental ou teórica de sua eficiência. Atenção! No caso de estruturas industrializadas, cabe à empresa produtora dessas estruturas o controle de qualidade dos materiais e de sua aplicação. Quanto à contraflecha, normalmente, é especificado no projeto o seu valor para compensar os deslocamentos totais provocados pelas cargas permanentes. As vigas laminadas coladas podem ser construídas com contraflecha, para isso basta colar as lâminas com a curvatura especificada. Já para as vigas de madeira maciça, não é possível preparar as peças com contraflechas. Na verificação do estado-limite de deformação excessiva, a contraflecha pode ser deduzida a partir do deslocamento total. De acordo com a ABNT NBR 7190-1:2022, nas peças que são dadas contraflechas, a geometria dessa contraflecha deve ser a mais próxima de uma parábola ao longo do vão. Critérios de cálculo Para o dimensionamento das vigas de madeira, é necessário realizar a verificação de dois critérios: É formuladaa partir da teoria clássica de resistência dos materiais, embora a madeira não apresente o comportamento linear da Lei de Hooke até a ruptura. Para peças compostas, consideramos a ineficiência das ligações com a redução dos valores de momento de inércia ou dos momentos resistentes. Está relacionada aos requisitos estéticos, evitando os danos nos componentes acessórios, e visa ao conforto dos usuários, como evitar Limitação das tensões (estado-limite último) Limitação de deformação (estado-limite de deformação) deformação exagerada em assoalhos de edificação ou ponte. É realizada por meio da limitação das flechas das vigas. Os valores-limite para as flechas de vigas são indicados pela ABNT NBR 7190-1 e estão representados na tabela para vigas biapoiadas ou contínuas e para vigas em balanço. O cálculo da deformação considera a existência ou não de materiais frágeis ligados à estrutura, como forros, pisos e divisórias, para que sejam evitados danos por meio do controle de deslocamento das vigas nesses materiais não estruturais. Confira! Tipo de viga Vigas biapoiadas ou contínuas L/300 a L/500 L/150 a L/300 L/250 a L/350 Vigas em balanço L/150 a L/250 L/75 a L/150 L/125 a L/175 Tabela: Valores-limite de deslocamentos para elementos correntes fletidos. ABNT NBR7190-1, 2022, p. 67 Podemos observar a seguir as deformações que devem ser consideradas para os casos correntes de elementos fletidos de madeira, a menos que haja restrições especiais. Verificação esquemática dos deslocamentos-limite. Segundo a ABNT NBR 7190-1, as flechas em razão das ações permanentes podem ser parcialmente compensadas por contraflechas realizadas durante a construção. Porém, os valores das contraflechas não podem ser superiores a 2/3 dos deslocamentos instantâneos permanentes Além dos limites de deslocamentos indicados na tabela anterior, as flechas instantâneas devido apenas às ações variáveis não podem superar 1/500 dos δinst δfin δnet,fin (∑M l=1 δinst,gi,k). vãos ou 1/250 do comprimento dos balanços correspondentes, nem o valor absoluto de 15 mm (ABNT NBR 7190-1, 2022). Também deve ser considerado o valor-limite de vibrações nas estruturas sobre as quais o público em geral pode caminhar. Devem ser evitadas vibrações que tragam desconforto aos usuários. A menor frequência natural de vibração dos elementos da estrutura do piso não pode ser inferior a 8 Hz para o caso particular de pisos sobre os quais as pessoas andem regularmente, como em residências e escritórios. Vigas de madeira Confira neste vídeo o que são as vigas de madeira e como elas podem ser utilizadas para construção de edificações. Generalidades e vão teórico As vigas de madeira maciça são as mais utilizadas no Brasil. Geralmente, são disponibilizadas em madeira serrada com dimensões padronizadas e comprimento limitado em 5 m. A madeira serrada é utilizada na construção de telhados, assoalhos, casas, galpões, treliças etc. Já a madeira lavrada pode ser obtida nas regiões de madeireiras com seções transversais e comprimentos especiais, normalmente, superiores às dimensões da madeira serrada. Vejamos as considerações de dimensionamento para tipos diferentes de vigas: Vigas simples ou contínuas principais de pontes e soalhos As ancoragens devem ser adequadas, seja por meio Vigas secundárias e as pranchas de soalhos Os cálculos são realizados tratando as vigas como vigas simplesmente de parafusos ou vigas de amarração, para absorver possíveis reações negativas de cargas móveis. apoiadas sobre dois apoios, não considerando a influência favorável da continuidade. De acordo com a ABNT NBR 7190-1:2022, para o projeto de vigas submetidas à flexão simples reta, devemos considerar o menor dos seguintes valores para o vão teórico das vigas fletidas: Distância entre eixos do apoio. Vão livre acrescido da altura da seção transversal da peça no meio do vão, não se considerando acréscimo maior que 10 cm. Ou seja: Confira a representação dessas medidas: Vão teórico da viga simples e contínua. Em que é a distância entre centros dos apoios, é o vão livre, é a altura da viga e é o vão teórico de vigas. Em trechos intermediários de vigas contínuas, o vão teórico é igual à distância entre os centros dos apoios. Já nos trechos externos, o vão teórico é igual ao vão livre acrescido da semialtura ( ) da viga e da semilargura do apoio intermediário. Vejamos agora as considerações para a resistência à flexão W em vigas de seção circular e, posteriormente, para vigas de seção quadrada. l é o menor valor entre ⎧⎪⎨⎪⎩ l0 l′ + h ≤ l′ + 10cm l0 l′ h l l0 h/2 Vigas de seção circular O módulo resistente à flexão é aproximadamente igual ao das vigas de seção quadrada de área equivalente, as quais podem ser dimensionadas como tal. Já para as vigas de seção circular com diâmetro variável - peças roliças, desde que atendida a relação pode-se calcular o diâmetro equivalente utilizando a seguinte equação: Vigas de seção quadrada Apresentam a mesma resistência tanto no plano paralelo à face quanto no plano da diagonal. Posição do diâmetro equivalente para peças de seção circular variável. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 As vigas de madeira são dimensionadas no estado-limite último a fim de garantir sua segurança em relação à ruptura da estrutura. Sendo assim, as tensões de projeto precisam ser inferiores às tensões resistentes. Marque a opção que apresenta todas as tensões de uma viga biapoiada de madeira. deq ≤ 1, 5 ⋅ dmín (deq) deq = dmin + dma ́x − dmin 3 Parabéns! A alternativa D está correta. Nas vigas de madeira, temos as tensões normais de compressão e tração paralelas às fibras devido aos esforços de flexão, a compressão normal às fibras devido às cargas pontuais e as tensões cisalhantes tanto na direção normal como na direção paralela às fibras devido ao esforço cortante. A Tensões normais de tração na direção paralela às fibras, tensões de compressão normal às fibras e tensão cisalhante nas direções normal e paralela às fibras. B Tensões normais de compressão na direção paralela às fibras, tensões de tração normal às fibras e tensão cisalhante nas direções normal e paralela às fibras. C Tensões normais de compressão na direção paralela às fibras, tensões de compressão normal às fibras e tensão cisalhante nas direções normal e paralela às fibras. D Tensões normais de tração e compressão na direção paralela às fibras, tensões de compressão normal às fibras e tensão cisalhante nas direções normal e paralela às fibras. E Tensões normais de tração e compressão na direção normal às fibras, tensões de tração paralela às fibras e tensão cisalhante nas direções normal e paralela às fibras. Pfeil; Pfeil, 2003, p. 94. Questão 2 As vigas de madeira sofrem deformações vertical e de flambagem lateral. A fim de evitar as deformações excessivas verticais, uma opção disponível para o engenheiro estrutural é a especificação de contraflecha no projeto, que consiste na deformação especificada para compensar os deslocamentos provocados pelas cargas permanentes na estrutura. Sendo L o comprimento de uma viga biapoiada, marque a opção que apresenta os valores-limite para o deslocamento instantâneo dessa viga. A L/300 a L/500 B L/150 a L/250 C L/150 a L/300 D L/75 a L/150 E L/125 a L/175 Parabéns! A alternativa A está correta. Os valores-limite de deslocamento para as vigas são: Tipo de viga Vigas biapoiadas ou contínuas L/300 a L/500 L/150 a L/300 L/250 a L/350 Vigas em balanço L/150 a L/250 L/75 a L/150 L/125 a L/175 Tabela: Valores-limite de deslocamentos para elementos correntes fletidos. ABNT NBR7190-1, 2022, p. 67 2 - Projeto de vigas de madeira Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as equações e as condições para o projeto de vigas de madeira. δinst δfin δnet,fin Equações e condições para o projeto de vigas de madeira Veja nestevídeo como é possível realizar o dimensionamento das cargas de cisalhamento e verificar a estabilidade lateral das vigas. Cisalhamento longitudinal em vigas Veja neste vídeo como é determinado o cisalhamento longitudinal em vigas maciças, e como é realizada a redução da força cortante. Vigas maciças Segundo a ABNT NBR 7190-1:2022, para as vigas maciças submetidas à flexão com força cortante, a condição de segurança em relação às tensões tangenciais é calculada por esta equação: Em que é a máxima tensão de cisalhamento atuando no ponto mais solicitado da peça, é a força cortante na seção de estudo, é o momento estático da τd = Vd.S b. I ≤ fv0,d τd Vd S seção para o ponto em que se quer calcular a tensão, é a largura ou somatória das larguras no ponto da seção em estudo e é o momento de inércia da seção transversal. Já em vigas com seção transversal retangular, de largura e altura com área a equação passa a ser: Quando não há determinação experimental específica, pode-se adotar: Para coníferas: Para folhosas: Redução da força cortante próxima aos apoios De acordo com a ABNT NBR 7190-1:2022, em vigas com altura que recebem forças concentradas ou distribuídas, que gerem tensões de compressão nos planos longitudinais, a uma distância a partir do eixo do apoio, o cálculo das tensões de cisalhamento pode ser feito com uma força cortante reduzida de valor, conforme esta equação: E tem origem no ponto teórico do apoio e é um fator redutor que anula o cortante no ponto mas retoma os valores normais de para Vigas entalhadas de seção retangular Para a ABNT NBR 7190-1:2022, no caso de variações bruscas de seção retangular transversal, devido aos entalhes presentes nas vigas, devemos multiplicar a tensão de cisalhamento na seção mais fraca, de altura pelo fator obtendo o valor calculado conforme a seguinte equação: b I b h, A = b ⋅ h, τd = 1, 5 Vd A fv0,d = 0, 12 ⋅ fc0,d fv0,d = 0, 10 ⋅ fc0,d h 0 ≤ z ≤ 2h Vred = V ⋅ z 2h z z/2h z = 0, V z ≥ 2h. h1, h/h1, τd = 1, 5 Vd b ⋅ h1 ( h h1 ) Devemos também respeitar a restrição Observe! Vigas com entalhes. Quando a ABNT NBR 7191-1:2022 recomenda a utilização de parafusos verticais dimensionados à tração axial para a totalidade da força cortante a ser transmitida ou o emprego de variações de seção com mísulas de comprimento não menor que três vezes a altura do entalhe, obedecendo sempre ao limite absoluto: Estabilidade lateral de vigas Assista ao vídeo e entenda como a norma ABNT NBR 7190-1:2022 é utilizada para lidar com a flambagem lateral em vigas. Recomendações da ABNT NBR 7190-1:2022 h1 > 0, 75 ⋅ h. h1 h ≤ 0, 75 h1/h ≥ 0, 5. De acordo com a Norma Brasileira 7190-1 de 2022, as vigas sujeitas à flexão simples reta, além de respeitarem as condições de segurança, devem ter sua estabilidade lateral verificada por teoria cuja validade tenha sido comprovada experimentalmente. A verificação da estabilidade lateral pode ser dispensada nos casos de vigas de seção transversal retangular de largura b e altura h medida no plano de atuação do carregamento, desde que dois requisitos sejam atendidos: a. Impedir as rotações nas seções extremas da viga, ou seja, nos pontos de apoio. b. Impedir os deslocamentos laterais nos pontos de apoio e em qualquer ponto com travamento lateral, caso exista. O comprimento que é a distância entre pontos adjacentes da borda comprimida com deslocamentos laterais nos pontos de apoio e em qualquer ponto com travamento lateral, atende à seguinte condição: Em que e é obtido nesta tabela: Tabela: Coeficiente de correção para e Veja a versão acessível da tabela apresentada. Para os casos de peças em que a condição de não seja atendida, a verificação de estabilidade pode ser dispensada desde que atenda à condição indicada na próxima tabela. Tipo de viga Vigas biapoiadas ou contínuas L/300 a L/500 L/150 a L/300 L/250 a L/350 L1, L1 b ≤ E0,ef βMfm,d βM = 4 π ⋅ βE γf ⋅ ( h b ) 3/2 ( h b − 0, 63) 1/2 BE = 4 βM βM γf = 1, 4 BE = 4. L1 δinst δfin δnet,fin https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/07456/docs/anexo_01.pdf Tipo de viga Vigas em balanço L/150 a L/250 L/75 a L/150 L/125 a L/175 Tabela: Valores-limite de deslocamentos para elementos correntes fletidos. ABNT NBR7190-1, 2022, p. 67 Além da condição indicada pela tabela, também espera-se que a peça tenha o valor máximo de cálculo da tensão de compressão atendido pela expressão: Já a estabilidade lateral de vigas de seção não retangular deve ser estudada individualmente. Segundo a ABNT NBR 7190-1:2022, com relação às peças que compõem as vigas em que a instabilidade lateral pode ocorrer, o desvio no alinhamento axial da peça, medido na metade da distância entre os apoios, deve ser limitado em: para peças de madeira serrada ou roliça. para peças de madeira laminada colada. O fenômeno da �ambagem lateral Esse fenômeno pode ser entendido pela flexão de um elemento comprimido; assim, a parte superior da seção fica comprimida devido à ação do momento fletor com tendência de flambagem no eixo de menor momento de inércia. Devido à estabilidade da parte inferior da viga que está submetida à esforços de tração, o deslocamento lateral é dificultado e o fenômeno ocorre pela torção da seção (PFEIL; PFEIL, 2003). δinst δfin δnet,fin (σc,d), σc,d ≤ Ec0,ef ( L1 b )βM L/300 → L/500 → u ∅ Flambagem lateral de viga biapoiada. Para impedir a flambagem, podem ser realizadas amarrações laterais, conhecidas como contraventamento, que têm por objetivo impedir a torção da viga. Segundo Pfeil e Pfeil (2003), não é possível uma completa amarração da viga para evitar a torção na prática, por isso é necessária a verificação de segurança contra a flambagem lateral. Veri�cação de tensões em �exão Assista ao vídeo e confira como podemos verificar as flexões que ocorrem em vigas retangulares. Confira também os conceitos de flexão simples e flexão simples oblíqua. Flexão simples As vigas são elementos que normalmente estão submetidos à flexão. Para os casos em que as vigas estejam submetidas a momento fletor cujo plano de ação contenha um eixo central de inércia da seção transversal resistente, a ABNT NBR 7190-1:2022 recomenda que a seguinte expressão seja atendida: Em que é o máximo de cálculo da tensão atuante de flexão, calculado por é o valor de cálculo da resistência à flexão. Caso seja usada a tabela a seguir, deve-se considerar que é o valor de cálculo do momento fletor e é o módulo de resistência da seção transversal à direção paralela às fibras, em relação ao eixo central de inércia perpendicular ao plano de ação do momento fletor. Tabela: Classes de resistência de espécies de florestas nativas definidas em ensaios de corpos de prova isentos de defeitos. Veja a versão acessível da tabela apresentada. Para as madeiras lameladas coladas cruzadas, deve-se consultar o item 6.7.4.10.2 da ABNT NBR 7190-1:2022 para determinar o módulo de resistência da peça. Para peças com fibras inclinadas de ângulos deve-se aplicar a conforme apresenta o item 6.2.8 da norma. Viga retangular σM,d fm,d = Md W fm,d ≤ 1 σM,d Md W ; fm,d fm,d = fc0,d ⋅Md W α > 6∘, fm,d, https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/07456/docs/anexo_02.pdf Observe agora as tensões de compressão e de tração para uma viga retangular com altura h e base b submetida à flexão. Tensões normais em vigas de seção retangular. Para as vigas retangulares, podemos considerar as seguintes equações para as tensões de flexão de compressão e de tração, respectivamente: Como: A tensão de compressão será determinante para o dimensionamento das vigas de madeira. E teremos o cálculo das tensões de tração e compressão na flexão dado, respectivamente, por: Flexão simples oblíqua De acordo com a ABNT NBR 7190-1:2022, para os casos de vigas com seções submetidas a momento fletor cujo plano de ação não contém um de seus eixos centraisde inércia, a condição de segurança é expressa pela mais rigorosa das condições: σcd = 6Md bh2 ≤ fcd σtd = 6Md bh2 6∘, fα = f0 ⋅ f90 f0 ⋅ sen2 α+ f90 ⋅ cos2 α σ90,d ≤ fc90,d fc90,d fc90,d ≤ 0, 25 ⋅ fc0,d ⋅ αn αn Extensão (a') do carregamento perpendicular às fibras, medida paralelamente a estas cm Coeficiente 1 2,00 2 1,70 3 1,55 4 1,40 5 1,30 7,5 1,15 10 1,10 15 1,00 Tabela: Valores de ABNT NBR 7190-1, 2022, p. 17. Para os casos em que a força estiver aplicada a menos de da extremidade da peça ou a extensão do carregamento, medida paralelamente à direção das fibras, for admite-se Para os casos que não estiverem na tabela, a ABNT NBR 7190-1:2022 permite a interpolação linear. Flexocompressão A avaliação da flexocompressão é dada pela mais rigorosa das duas equações a seguir, as quais devem ser aplicadas ao ponto mais solicitado da borda mais comprimida, considerando uma função quadrática para a influência das tensões devido à forçanormal de compressão. Veja! αn αn. 7, 5cm a′ ≥ 15cm, αn = 1. ( σNc0,d fc0,d ) 2 + σMx,d fm,d + kM σMy,d fm,d ≤ 1e( σNc0,d fc0,d ) 2 + kM σMx,d fm,d + σMy,d fm,d ≤ 1 Em que é o valor de cálculo da parcela de tensão normal atuante em virtude apenas da força normal de compressão e é a resistência de cálculo à compressão paralela às fibras. é a tensão máxima de cálculo devido às componentes de flexão atuantes segundo as direções principais e é a resistência de cálculo na flexão. O coeficiente de correção pode ser: 0,7 para seção retangular 1,0 para outras seções transversais Para peças com fibras inclinadas de ângulos , deve-se aplicar a redução à resistência a e Condição de estabilidade das peças De acordo com a ABNT NBR 7190-1:2022, se e a peça deve satisfazer apenas as condições de compressão ou da flexocompressão. Não é necessária a verificação de estabilidade. Porém, nos casos em que o índice de esbeltez relativo for maior do que em qualquer direção, além da verificação apresentada em compressão e flexocompressão, devem ser atendidas as condições de estabilidade dadas pelas seguintes inequações: Observe o comportamento de um material elástico: (a) de um material plástico e (b) de uma seção transversal submetida à flexocompressão: Resistência de uma seção sujeita à flexocompressão: (a) material elástico (b) material inelástico. A madeira apresenta comportamento linear elástico na tração e inelástico na compressão. Logo, a superposição das tensões normais devido ao esforço normal e ao momento fletor só é válida até a tensão limite de proporcionalidade, σNc0,d fc0,d σM,d fm,d kM α > 6∘ fc0,d fm,d λrel, x ≤ 0, 3 λrel, y ≤ 0, 3, 0, 3, σNc,d kcxfc0,d + σMx,d fm,d + kM σMy,d fm,d ≤ 1 σNc,d kcxfc0,d + kM σMx,d fm,d + σMy,d fm,d ≤ 1 ou seja, não pode ser aplicada na ruptura. A ruptura é atingida quando a máxima deformação se iguala a Estabilidade global – contraventamento Confira no vídeo como é possível realizar o contraventamento em peças compridas, para que a estabilidade global da peça seja atingida. Generalidades As estruturas que precisam ser contraventadas são aquelas formadas por um sistema principal de elementos estruturais, dispostos com sua maior rigidez em planos paralelos entre si. O contraventamento é realizado por outros elementos estruturais com a maior rigidez em planos ortogonais aos primeiros. O objetivo é impedir deslocamentos transversais excessivos do sistema principal e garantir a estabilidade global do conjunto. De acordo com a ABNT NBR 7190-1:2022, para o dimensionamento do contraventamento, devem ser consideradas as imperfeições geométricas das peças, as excentricidades inevitáveis dos carregamentos e os efeitos de segunda ordem decorrentes das deformações das peças fletidas. Na falta de determinação específica da influência desses fatores, é permitido, na situação de cálculo, considerar uma força em cada nó do contraventamento com direção perpendicular ao do plano de resistência dos elementos do sistema principal. Veja! fel, εc = εN + εM . F1d Parâmetros para a verificação da estabilidade lateral. Contraventamento de peças comprimidas Para a ABNT NBR 7190-1: 2022, as peças comprimidas pela força de cálculo as quais apresentam articulações fixas em ambas as extremidades e cuja estabilidade requeira o contraventamento lateral por elementos espaçados entre si por devem obedecer às condições a seguir. As forças atuantes em cada um dos nós do contraventamento podem ser admitidas com o valor mínimo convencional de , correspondente a uma curvatura inicial da peça com flechas da ordem de do comprimento do arco correspondente. A rigidez da estrutura de apoio transversal das peças de contraventamento deve assegurar que a eventual instabilidade teórica da barra principal comprimida corresponda a um eixo deformado constituído por m semiondas de comprimento entre nós indeslocáveis. Ainda, em relação a rigidez afirmamos que deve atender, no mínimo, às seguintes condições: Os valores de devem ser consultados nesta tabela: Nd, L1, F1d Nd/150 1/300 Kbr,1 L1 Kbr,1 Kbr,1,min = 2αm π2E0,efI2 L3 1 αm = 1 + cos π m αm m 2 3 4 5 1 1,5 1,7 1,8 2 Tabela: Valores de . ABNT NBR 7190-1, 2022, p. 29. Consideramos o número de intervalos de comprimento entre as linhas de contraventamento ao longo do comprimento total da peça principal. é a distância entre elementos de contraventamento, é o valor do módulo de elasticidade efetivo da peça principal contraventada. é o momento de inércia da seção transversal da peça principal contraventada, para flexão no plano de contraventamento. A ABNT NBR 7190-1:2002 ainda afirma que, se os elementos de contraventamento forem comprimidos pelas forças eles também devem ter sua estabilidade verificada. Essa verificação será dispensada quando os elementos de contraventamento forem efetivamente fixados em ambas as extremidades, de modo que eles possam cumprir sua função, sendo solicitados apenas à tração em um de seus lados. Para o contraventamento do banzo comprimido de treliças ou de vigas fletidas, admite-se o descrito acima, devendo-se considerar como a força máxima de compressão atuante nas barras desse banzo ou a resultante das tensões de compressão na viga. Para as vigas, a norma afirma que, para a validade dessas hipóteses, é necessário que estejam impedidas de rotacionar em torno de seu eixo longitudinal das seções transversais de suas duas extremidades. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 São diversos os tipos de peças comprimidas de madeira e que podem, por exemplo, ser encontrados em treliças e sistemas de contraventamento. A ∞ αm αm m L1 (m− 1) L L1 E0, ef I2 F1d, Nd Rcd imagem a seguir representa uma seção do tipo: Parabéns! A alternativa C está correta. Na imagem abaixo, podemos ver diversos tipos de peças comprimidas. A ordem delas é: a. Seções maciças de madeira roliça. b. Seções maciças de madeira lavrada. c. Seções maciças de madeira serrada. d. Seções maciças de madeira laminada colada. e. Seções compostas de madeira serrada ou laminada. A Maciça de madeira roliça. B Maciça de madeira serrada. C Maciça de madeira laminada colada. D Composta de madeira serrada. E Maciça de madeira lavrada. Seções transversais de peças comprimidas. Questão 2 A flambagem por flexão ocorre nas peças de madeira comprimidas devido à falta de retilinidade das peças e por não ser possível a centralização do carregamento. Uma importante propriedade da peça de madeira para verificar a flambagem por flexão é a sua esbeltez. Dada uma coluna quadrada com lado igual a 12 cm, engastada nas duas extremidades, ou seja, com rotação e translação lateral impedidas e comprimento de 4,5 m, determine sua esbeltez. Parabéns! A alternativa E está correta. Calculando, temos: A 47,54 B 58,71 C 72,93 D 98,75 E 101,32 4 - Projeto de peças comprimidas em compressão simples Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as equações e as condições para o projeto de peças de madeira submetidas à compressão simples. Dimensionamento à compressão simples e exemplos de cálculo Assista ao vídeo e confira como são realizados os cálculos para dimensionar a compressão em um projeto com elementos de madeira. L0 = KE.L = 0, 65.4, 5 = 2, 925m λ = L0 √I/A = 2, 925√12 0, 1 = 101, 32 Cálculos para o dimensionamento à compressão simples Assista ao vídeo e confira como dimensionar a compressão simples em elementos construtivos. Veja também o dimensionamento de peças curtas e peças com esbeltez moderada. Peças curtas Para o caso de colunas curtas, não é necessário considerar a redução da resistência à compressão devido à flambagem. Segundo Pfeil e Pfeil (2003), para a compressão simples de colunas curtas, a resistência da coluna é igual à resistência da coluna mais solicitada: Ou seja, da resistência dos materiais, basta aplicara equação: tensão é igual à força sobre a área. Peças medianamente esbeltas Já para as peças comprimidas de esbeltez intermediária, temos a resistência sendo afetada pela flambagem devido aos efeitos de imperfeições λ h/20. N ∗ g = Ng + (ψ1 + ψ2)Nq Sendo e os valores característicos dos esforços normais oriundos da carga permanete e variável, respectivamente, e e são coeficientes para a composição da combinação de carga variável. Além de verificar a estabilidade, é fundamental realizar a análise das condições de resistência da seção. Exemplo do cálculo da carga máxima de projeto Vamos juntos neste vídeo calcular as propriedades mecânicas, para carga máxima de projeto e conferir os conceitos de coluna curta e coluna medianamente esbelta. Vamos analisar agora um exemplo adaptado de Pfeil e Pfeil (2003, p. 149-150). Para um caibro de de guaiçara, submetido a carregamento de longa duração e de classe de umidade 2, sujeito à compressão simples, calcular a carga máxima de projeto para diversos comprimentos de flambagem considerando coluna curta e coluna medianamente esbelta. Cálculo das propriedades mecânicas Admitindo a carga de longa duração e classe 2 de umidade, a partir das tabelas a seguir, teremos: Ng Nq ψ1 ψ2 7, 5cm× 7, 5cm Nd Classes de carregamento em função dos tipos de madeira e de ação variável Definição de classes de carregamento e valores de . Valores de . Classes de resistência para espécies de madeiras nativas do Brasil. kmod1 Classes de umidade, em função do tipo de madeira e de sua recompostagem k mod 2 Classificação em relação à resistência Classes de resistência de espécies de florestas nativas definidas em ensaios de corpos de prova isentos de defeito. Veja a versão acessível das tabelas apresentadas. Se tivermos um e um poderemos estimar os valores de da seguinte maneira: Confira na tabela a seguir o coeficiente de fluência: Material Classes de umidade (1) (2 e 3) (4) Madeira serrada, MLC, MLCC, LVL e roliça 0,6 0,8 2,0ª Compensado estrutural 0,8 1,0 2,5 OSB estrutural 1,5 2,25 - Especificação de classes, em função de variáveis mecânicas e densidade γ = 1, 4 kmod = 0, 63, fcdecef fcd = kmod ⋅ fck γ = 0, 63 ⋅ 60 1, 4 = 27MPa Ecef = kmod ⋅Ec, med = 0, 63 ⋅ 19500 = 12285MPa https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/07456/docs/anexo_04.pdf Material Classes de umidade (1) (2 e 3) (4) a Não é permitido o uso de MLCC para classe de umidade 4 Tabela: Coeficiente de fluência. ABNT NBR 7190-1, 2022, p. 66 Em que: Coluna curta, Coluna curta é toda coluna contida em um intervalo entre Veja um exemplo da determinação de Coluna medianamente esbelta, Para esse intervalo, teremos: Fazendo os cálculos para teremos: φ = 0, 8 λ30cm, A 5, 6MPa B 5, 6kN/cm2 C 7, 8MPa D 7, 8kN/cm2 Parabéns! A alternativa A está correta. Como é uma coluna curta e para a compressão simples, temos: Questão 2 O engenheiro estrutural, para fazer a verificação da resistência ao esforço de compressão simples de uma coluna curta, foi ao local da obra é verificou que a madeira utilizada foi a copaíba para uma situação de carga de longa duração e classe 2 de umidade. Consultando a NBR 7190-1 e 7190-3, o valor que ele encontrou para a tensão resistente de compressão foi de: Classe de Resistência Nome popular Nome cientifico D40 Canelão Ocotea sp. D40 Catanudo Micropholis sp. D40 Copaíba Copaifera sp. D40 Cupiúba Goupia glabra D40 Goiabão Planchonella pachycarpa D40 Louro Verde Ocotea sp. E 8, 4kN/m2 λ