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FISIOLOGIA LICENCIATURA EM ENFERMAGEM MARTA DORA FREITAS ORNELAS médica Especialista em mgf doutorada em medicina 2020 / 2021 1 FISIOLOGIA / MEDICINA GERAL E FAMILIAR / ENFERMAGEM SISTEMA AVALIAÇÃO DA UNIDADE CURRICULAR UC Semestral com 40 Horas AVALIAÇÃO: 2 testes, cada um com 50% de ponderação na nota final 9,5 valores = Nota mínima exigida em cada um dos testes de avaliação Época de recurso / melhoria ou Época especial (de acordo com o estatuto do aluno) DATAS DOS TESTES DE AVALIAÇÃO - Dezembro 2020 - 29 Janeiro 2021 3 a disciplina / apresentação / Métodos de avaliação 1 - introdução à fisiologia humana - a célula e os seus componentes - O Meio extracelular / Intracelular - a membrana celular - A homeostasia e OS seus mecanismos de controlo - o papel fundamental de alguns sistemas - rESPIRATÓRIO, SNC, RENAL, GI - feedback - CONTROLO GENÉTICO - MEIO AMBIENTE / HÁBITOS E ESTILOS DE VIDA 2 - SISTEMAS DO CORPO HUMANO PLANO DE AULAS Medicina / Profissionais de Saúde 18/10/2022 DOENÇA / SAÚDE Doença - (do latim dolentia, padecimento) é o estado resultante da consciência da perda da homeostase de um organismo vivo. Este estado pode ser total ou parcial e surge devido a inflamações, infeções, isquemias, modificações genéticas, sequelas de traumas, hemorragias ou disfunções orgânicas. O dano patológico pode ser estrutural ou funcional. DIFERENTES SIGNIFICADOS DA DOENÇA O “estar doente”, o “ter uma doença” e o “ser doente”! 7 · Punição (expiação) · Perda (diminuição ou restrições) · Ameaça (à integridade) · Valor (oportunidade de aprendizagem/desenvolvimento) · Alívio · Desafio (tarefas novas) · Inimiga (combate) NÍVEIS DE VULNERABILIDADE § Antropológica/Ontológica (finitude da condição humana) § Fenomenológica (recetividade pessoal) § Existencial (sensibilidade subjetiva) § Psicológica (dor mental) § Fisiológica (fragilidade da vida do doente) § Natural (fragilidade da natureza) § Social (fragilidades sociais) § Cultural (fragilidade das tradições e costumes) “Quem sofre não são os corpos, são as pessoas” Cassell A dor refere-se a uma situação mais pontual, desagradável e sensorial/física (sendo que também pode ser emocional) resultante de lesões anatómicas reais, enquanto que, o sofrimento, generaliza um mal-estar acentuado (distress) causado por acontecimentos que ameaçam a integridade da pessoa como um todo (whole person) e que é um estado mais complexo, tanto a nível afetivo, como cognitivo e que pode levar a um sentimento de impotência pessoal. SAÚDE - UM BEM COMPLEXO E DESEJÁVEL FACTORES GENÉTICOS E DOENÇA "Cancer is a Preventable Disease that Requires Major Lifestyle Changes" CONCEITOS IMPORTANTES NA GENÉTICA: Fenótipo: características observadas num determinado indivíduo. Um fenótipo particular pode ser resultante de um genótipo, do ambiente ou de ambos Genótipo: constituição genética de um indivíduo Mutação: é causada por uma alteração na sequência de nucleótidos do DNA que na tradução leva à produção de uma proteína não funcional Polimorfismo: A presença numa população de duas ou mais variantes distintas na mesma posição em que a frequência da variante mais rara esteja presente em mais de 1% da população. O polimorfismo pode afectar ligeiramente a função da proteína ou não ter significado funcional 18/10/2022 FISIOLOGIA HUMANA Explicar as características e os mecanismos específicos do corpo humano que fazem dele um ser vivo; VIDA como resultado de complexos sistemas de controle Fome, Frio, Medo Todo o sangue na circulação percorre todo o circuito circulatório, em média, uma vez a cada minuto, quando o corpo está em repouso e até por seis vezes por minuto, quando a pessoa está extremamente ativa; Conceitos Fundamentais de Patologia PATOLOGIA - Do grego physis (natural, natureza) + pathos (doença) + logos (ciência) Patologia Clínica; Anatomia Patológica Sobrenatural (ano 570 aC) Pitágoras – Empédocles – Platão Hipócrates Galeno Teoria dos 4 Humores Corporais: sangue, linfa, bílis amarela e bílis negra) – consoante qtdds no corpo havia Eucrasia ou Discrasia Desiquilibrio Humoral – 1 doença – 1 terapêutica (sangria, purgação, vómito, suor) Patologia Clinica – Ciência que se ocupa do estudo dos procedimentos bioquímicos e biológicos realizados no sangue, fluidos, excreções Anatomia Patológica – Estudo das alterações macro e microscópicas ocorridas nas células e tecidos Sobrenatural até ao ano 570 a.C.; Filosofias de Pitágoras (570 até 496 a.C.) Platão (427-347 a.C.) Empédocles (495-435 a.C.) – Doença surge do desiquilíbrio dos 4 elementos que constituíam o mundo (Terra, Ar, Fogo e Água) Hipócrates (460-377 a.C) – FOI O 1º PATOLOGISTA; Tratado “corpus Hipocraticus”); Pai da Medicina; Eucrasia – Equilíbrio; Discrasia – Doença e Dor Galeno – Dissecção de animais (estruturas anatómicas/função); sinais físicos anormais – clínica - descobertas post mortem; Humores 18/10/2022 Mondino de Luzzi (Bolonha) 1316 – 1º Livro de Anatomia Mattias Schleiden e Theodor Schwann – “…todas as plantas e tecidos animais são constituídos por unidades microscópicas individuais…” – TEORIA CELULAR 1850 “o corpo é um estado celular e a doença um conflito entre as células” Século XX – Biologia Molecular – DNA Em 1858, 19 anos depois do aparecimento da Teoria Celular Rudolf Virchow revolucionou o mundo da medicina: “…pathology is physiology with obstacles…” Das conclusões e testemunhos de Virchow saliento uma que na minha opinião condensa o que de facto é a melhor definição de patologia : “…pathology is physiology with obstacles…” DNA – Também denominado por “a molécula da vida” 18/10/2022 Bloco de conhecimento científico, ideias e métodos de investigação, essenciais para a compreensão e prática de uma medicina baseada na evidência PATOLOGIA Dedica-se ao estudo das alterações estruturais e funcionais nas células, tecidos e órgãos que dão origem às doenças. Explica os porquês e as causas dos sinais e sintomas manifestados por pacientes e ao mesmo tempo, fornece informações sólidas para a assistência clínica e tratamentos racionais, PATOLOGIA como termo mais abrangente do que “fisiopatologia” pq é usado no contexto de uma análise mais pormenorizada da doença – escala microscópica; 18/10/2022 FISIOPATOLOGIA IDENTIFICAÇÃO E COMPREENSÃO DAS CAUSAS DA DOENÇA PREVENÇÃO RESOLUÇÃO / TRATAMENTO Taxa de mortalidade passou de 40% para 2% FLORENCE NIGHTINGALE (1820-1910) Primeiro modelo de melhoria continuada Rígidos padrões sanitários e cuidados de enfermagem Resultado das intervenções 18/10/2022 ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DO CORPO HUMANO Átomos Moléculas Organelos Células SISTEMAS DO CORPO HUMANO Sistema digestivo Sistema cardiovascular Sistema linfático Sistema respiratório Sistema urinário 23 SISTEMAS DO CORPO HUMANO Sistema nervoso Sistema hormonal Sistema reprodutor 24 Organização Funcional do Corpo Humano - No corpo humano existem cerca de 100 trilhões de CÉLULAS * Membrana Celular * Líquido Intracelular - Líquido Extracelular = “Meio Interno” do corpo (local onde todas as células vivem) Homeostasia Controlo Genético (da Síntese de Proteínas; Reprodução e Funcionamento Celular) INTRODUÇÃO À FISIOLOGIA 25 REGULAÇÃO DO MEIO INTERNO O corpo humano funciona como um sistema aberto, isto é, realiza trocas de matéria e de energia com o meio exterior. Estas trocas são essenciais para manter constantes as condições do meio interno. Matéria Energia Homeostasia — Capacidade em manter estáveis as condições internas do corpo face às contínuas alterações do meio exterior. A célula é confinada dentro de uma estreita faixa de função e estrutura por seus programas genéticos de metabolismo e diferenciação, por limitações das células vizinhas e pela disponibilidade de substrato metabólico. Se os limites da resposta adaptativa a um estímulo forem ultrapassados, ou, em certos casos, quando a adaptaçãoé impossível, sobrevém uma sequência de eventos, chamada de genericamente de lesão celular. A lesão celular é reversível até certo ponto, mas, se o estímulo persistir ou for intenso o suficiente desde o início, a célula atinge o “ponto sem retorno”, e sofre lesão celular irreversível e morte celular. LÍQUIDO EXTRACELULAR - Contém grandes quantidades de sódio, cloreto e íons bícarbonato + nutrientes para as células, como oxigênio, glicose, ácidos gordos e aminoácidos. Contém também o dióxido de carbono; O líquido extracelular é transportado para todas as partes do corpo em duas fases: 1) movimentação do sangue pelo corpo, nos vasos sanguíneos; 2) movimentação de líquido entre os capilares sanguíneos e os espaços intercelulares entre as células dos tecidos. LÍQUIDO INTRACELULAR - Contém grandes quantidades de íons potássio, magnésio e fosfato; Mecanismos especiais para o transporte de iões, através das membranas celulares, mantêm as diferenças de concentração iônicas entre os líquidos extracelulares e intracelulares REGULAÇÃO DO MEIO INTERNO O meio interno é formado pelos fluidos que circulam no corpo (sangue e linfa), que banham todas as células (líquido extracelular) e que fazem parte da sua constituição (líquido intracelular). Líquido extracelular Linfa ORGANIZAÇÃO GERAL DO SISTEMA CIRCULATÓRIO Quando o sangue passa pelos capilares sanguíneos, ocorre troca contínua do líquido extracelular entre a parte plasmática do sangue •e o líquido intersticial que preenche os espaços intercelulares O líquido extracelular, em todas as partes do corpo - tanto no plasma quanto no liquido intersticial - está continuamente a ser misturado, mantendo homogeneidade quase completa do líquido extracelular no corpo. CONSTITUIÇÃO QUÍMICA DO ORGANISMO REGULAÇÃO DO MEIO INTERNO Sistema Nervoso e Hormonal Sistema Respiratório Pele Sistema Digestivo Sistema Urinário Sistema Circulatório Para manter a homeostasia, o organismo necessita da interconexão de todos os sistemas de órgãos, sendo o sistema nervoso e o sistema hormonal particularmente importantes. O CORPO HUMANO EM EQUILÍBRIO COM O MEIO MANUTENÇÃO DA HOMEOSTASIA COMO MANTEMOS A HOMEOSTASIA Sistema Respiratório Sistema Renal Sistema Musculo-Esquelético Sistema Nervoso Sistema Endócrino Sistema Gastrointestinal + Fígado Sistema Imune Pele Sistema Reprodutor MECANISMOS DE CONTROLO DA HOMEOSTASE -sensor -centro de controle -efector - Sensor deteta ruturas na homeostase (provocadas por impulsos nervosos ou alterações nos níveis hormonais ) - Centro de controle localizado no SNC que recebe sinais oriundos do sensor e regula a resposta do organismo a essas ruturas (iniciando o mecanismo efector) - Efector Atua restabelecendo a homeostase RETROALIMENTAÇÃO / FEEDBACK - positiva - negativa MECANISMOS DE CONTROLO HOMEOSTÁTICOS FEEDBACK NEGATIVO A alta concentração de dióxido de carbono desencadeia eventos/ordens para a sua diminuição até atingir o valor normal, o que é negativo para o estímulo inicial A diminuição da concentração de dióxido de carbono produz feedback para aumentar a sua concentração. Essa resposta também é negativa em relação ao estímulo inicial. FEEDBACK POSITIVO - Promove a instabilidade e em alguns casos, a morte; O estímulo inicial causa mais estímulo, que é o feedback positivo: Coagulação Parto Hemorragia A CÉLULA ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA Água, Electrólitos, Proteínas, Lípidos e Carbohidratos SISTEMAS FUNCIONAIS MEMBRANA CELULAR 38 A MEMBRANA CELULAR MEMBRANA CELULAR A dupla camada lipídica básica é composta por moléculas de fosfolipídios. Uma extremidade da molécula de fosfolipídio é solúvel em água - hídrofílica. A outra extremidade é solúvel apenas em lipídios - é hidrofóbica; A extremidade do fosfolipídio com fosfato é hidrofílica e a extremidade com ácidos gordos é hidrofóbica; 1 – ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DA MEMBRANA Membrana celular – 7,5 a 10 nm de espessura Apesar das particularidades individuais, todas as membranas biológicas são formadas por uma dupla camada fosfolípidica e por proteínas unidas por ligações covalentes e que se comportam segundo o Modelo , Mosaico Fluído Os fosfolípidos são moléculas antipáticas e dispõem-se em bicamada com a porção hidrófoba não polar (caudas de ácidos gordos) dirigida para o centro da membrana e com a porção hidrofílica polar (cabeça com terminal fosfato) direcionada para o exterior ou interior da célula Os fosfolípidos que a constituem podem-se mover rapidamente na sua monocamada por difusão lateral, rotação e flexão O colesterol interpõe-se na bicamada fosfolipídica com o seu núcleo esteróide disposto paralelamente às cadeias de ácidos gordos Bicamada lipídica (25% fosfolípidos; 12% colesterol; 4% outros lípidos) – Permeabilidade; Temperatura; “Tampão de Fluidez” Proteínas (55%) – Responsáveis pela maioria das funções da célula Proteínas Membranares As proteínas extrínsecas ou periféricas ligam-se às superfícies interna ou externa por forças eletrostáticas e podem ser removidas por procedimentos químicos fracos (ex.: alterações na composição iónica do meio). As proteínas intrínsecas ou integrais interatuam com os lípidos membranares por ligações hidrófobas e só detergentes potentes ou solventes orgânicos as removem; Proteínas de: reconhecimento; recetores; transporte (bomba sódio e potássio); junção… Carbohidratos na Membrana Correspondem a cerca de 3% do total de componentes da membrana celular; Os carbohidratos ligam-se predominantemente à superfície externa das proteínas membranares e dos lípidos, formando as glicoproteínas e os glicolípidos, respetivamente. A camada resultante de carbohidratos na superfície membranar externa constitui o glicocálice, que desempenha importantes funções. Alguns glicolípidos e glicoproteínas têm ácido siálico que confere uma carga negativa à célula, permitindo-lhe repelir substâncias carregadas negativamente; participa na adesão entre células e em reações imunes e algumas funcionam como recetores para ligação de hormonas como é o caso da insulina; 2 – MECANISMOS DE TRANSPORTE MEMBRANAR 1 – DIFUSÃO 2 – OSMOSE 3 – TRANSPORTE MEDIADO POR PROTEÍNAS 3.1 – TRANSPORTE PASSIVO 3.2 – TRANSPORTE ATIVO 3.2.1 – PRIMÁRIO 3.2.2 – SECUNDÁRIO 3.3 – ENDOCITOSE E EXOCITOSE 3.4 – TRANSPORTE EPITELIAL 3.4.1 – VIA PARACELULAR 3.4.2 – VIA TRANSCELULAR 2 – MECANISMOS DE TRANSPORTE MEMBRANAR 1 – DIFUSÃO O estado de equilíbrio de um sistema contendo moléculas com movimento aleatório é aquele em que a desordem/entropia é máxima, a energia livre é mínima e os solutos estão uniformemente distribuídos pelo sistema). A difusão é um meio de transporte rápido e eficaz para curtas distâncias mas muito ineficaz para distâncias com mais de alguns microns. Devido à lentidão da difusão para distâncias macroscópicas, os organismos multicelulares desenvolveram sistemas circulatórios (ex: sangue, transporte axonal) que asseguram um movimento rápido de partículas para longas distâncias. A difusão proporciona o movimento de partículas entre células e sangue. A Lei de Fick para a difusão define quantitativamente as relações entre estes três fatores. Postula que a quantidade de uma substância difundida por unidade de tempo num dado momento, isto é, o fluxo de difusão (J) é proporcional ao coeficiente de difusão (D, cm2/s), à área disponível de troca (A) e ao gradiente de concentração (AC) e inversamente proporcional à distância a que ocorre a difusão 2 – MECANISMOS DE TRANSPORTE MEMBRANAR 1 – DIFUSÃO Permeabilidade relativa da bicamada lipídica a diferentes classes de moléculas: quanto mais pequena e lipossolúvel for a molécula mais rapidamente se difunde pela bicamada Oxigénio, Dióxido de Carbono, Ácidos gordos e Hormonas Esteróides = Moleculas Apolares; Água = Polar – Devido ao seu pequeno tamanho sofre rápida difusão membranar; Aquaporinas (proteínas membranares / canais para a difusão da água) 2 – MECANISMOS DE TRANSPORTE MEMBRANAR 2 – OSMOSE Osmose é o processo pelo quala água se move espontaneamente através de uma membrana semipermeável (i.e., permeável à água mas não aos solutos) das regiões de maior concentração de água para as de menor concentração Diferença entre TONICIDADE e OSMOLARIDADE CONSIDEREMOS UMA CÉLULA NUMA SOLUÇÃO ISOTÓNICA À QUAL SE ADICIONA UMA CERTA QUANTIDADE DE SOLUTO: Se a célula for permeável ao soluto parte deste passa para o citoplasma. Após o equilíbrio difusional e osmótico ser atingido, a osmolaridade intra e extracelular ficam iguais. Neste caso, a adição de soluto torna a solução extracelular isotónica e hiperosmótica relativamente à inicial. Se a célula for impermeável ao soluto adicionado, o aumento da concentração de soluto extracelular cria um gradiente de pressão osmótica que causa saída de água, havendo diminuição do volume celular. A solução extracelular fica, assim, hipertónica e hiperosmótica relativamente à inicial. 2 – MECANISMOS DE TRANSPORTE MEMBRANAR 3 – MEDIADO POR PROTEÍNAS O transporte de solutos polares e iões através de uma membrana celular realiza-se por intermédio de proteínas membranares intrínsecas. Este transporte designa-se por transporte mediado por proteínas ou simplesmente, transporte mediado; O transporte mediado classifica-se, sob o ponto de vista termodinâmico, em activo e passivo. As principais diferenças são a bidireccionalidade do transporte passivo e o gasto energético do transporte activo. As proteínas de transporte podem ser divididas em 2 grupos principais: canais e transportadores; 2 – MECANISMOS DE TRANSPORTE MEMBRANAR 3 – MEDIADO POR PROTEÍNAS 3.1 - PASSIVO O transporte passivo, por definição, não requer energia metabólica e ocorre apenas segundo o gradiente de concentração. Também se designa difusão facilitada porque o transporte de substâncias mediado por proteínas ocorre dos locais de maior concentração para os locais de menor concentração, sendo muito mais rápido do que seria de esperar pela sua lipossolubilidade. É um mecanismo particularmente eficaz na captação celular de substâncias que são metabolizadas (como a glicose), uma vez que a sua conversão química intracelular sustenta o gradiente de concentração. O transporte passivo é determinado pelo(a): a) Gradiente de concentração através da membrana; b) Número de proteínas transportadoras; c) Velocidade de interação soluto-proteína de transporte; d) Velocidade de alteração conformacional da proteína de transporte 2 – MECANISMOS DE TRANSPORTE MEMBRANAR 3 – MEDIADO POR PROTEÍNAS 3.2 - ACTIVO Por definição, transporte activo é um processo que desloca solutos contra o seu gradiente electroquímico e que está ligado a uma fonte de energia. Esta pode ser o ATP (transporte activo primário) ou um gradiente transmembranar de um segundo soluto (transporte activo secundário) No transporte activo primário o transportador é uma ATPase que catalisa o ATP e se autofosforila. Esta fosforilação pode alterar a afinidade do seu local de ligação para o soluto e a taxa de alteração conformacional, causando uma assimetria na distribuição da substância transportada. Existem três classes de ATPases transportadoras de iões: tipo P, tipo V e tipo F. A ATPase tipo F mitocondrial é a principal fonte de ATP e as de tipo P e V são as principais consumidoras de ATP (Quadro II). 2 – MECANISMOS DE TRANSPORTE MEMBRANAR 3 – MEDIADO POR PROTEÍNAS 3.2 – ACTIVO (Primário) 2 – MECANISMOS DE TRANSPORTE MEMBRANAR 3 – MEDIADO POR PROTEÍNAS 3.2 - ACTIVO 2 – MECANISMOS DE TRANSPORTE MEMBRANAR 3 – MEDIADO POR PROTEÍNAS 3.2 – ACTIVO (Secundário) No transporte activo secundário é utilizada a energia potencial química armazenada num gradiente de concentração de outra molécula. Assim, o fluxo de iões dos locais de maior concentração (estado energético mais elevado) para os de menor concentração ( estado energético mais baixo) fornece a energia necessária para o transporte activo contra-gradiente do soluto Em última análise, a energia para o transporte activo secundário provém do ATP que é utilizado pela bomba Na+/K+ para criar o gradiente de sódio. Se inibirmos a produção de ATP, o transporte activo primário de sódio cessa, deixa de existir o gradiente de sódio, o que conduz à falência dos sistemas de transporte activo secundário dependentes do gradiente de sódio no transporte activo secundário, o movimento de sódio é sempre segundo o seu gradiente enquanto que o soluto é transportado activamente contra-gradiente, isto é, para os locais de maior concentração Se o movimento do soluto e do ião ocorrem na mesma direção designa-se por simporte (ou cotransporte): - co-transportador de Na+-glicose (forma de absorção intestinal da glicose); - co-transportador Na+-K+-2Cl- (importante na reabsorção de solutos nos túbulos renais); - trocador Na+-Ca2+ (entrada de sódio e saída de cálcio) Se ocorrer em direções opostas diz-se tratar de um antiporte (ou contra-transporte). 2 – MECANISMOS DE TRANSPORTE MEMBRANAR 3 – MEDIADO POR PROTEÍNAS 3.2 – ACTIVO (Secundário) Principais Características dos Diferentes Tipos de Transporte 2 – MECANISMOS DE TRANSPORTE MEMBRANAR 4 – MEDIADO POR VESÍCULAS PARA TRANSPORTAR MACROMOLÉCULAS ATRAVÉS DA SUA MEMBRANA PLASMÁTICA ENDOCITOSE - Entrada de material para a célula sem atravessar a sua membrana celular; Requer energia metabólica (activo): - Regiões da membrana plasmática se invaginam e formam vesículas intracelulares que encerram um pequeno volume de matriz extracelular - A maior parte das vesículas endocíticas fundem-se com lisossomas primários, constituindo os lisossomas secundários onde o conteúdo da vesícula é digerido - A Endocitose mediada por receptores é um tipo particular de endocitose que envolve regiões membranares com a proteína clatrina que permitem a formação de vesículas franjadas ou revestidas - A Fagocitose ocorre apenas em células especializadas, como os macrófagos e os granulócitos envolve a digestão de partículas de grandes dimensões (ex.: vírus, bactérias, detritos celulares) - A Pinocitose é característica de todas as células e permite a captação de fluídos e dos seus constituintes ENDOCITOSE 2 – MECANISMOS DE TRANSPORTE MEMBRANAR 4 – MEDIADO POR VESÍCULAS A EXOCITOSE ocorre quando vesículas intracelulares se fundem com a membrana plasmática, é uma forma de adicionar componentes à membrana plasmática e uma via pela qual moléculas impermeáveis (como proteínas sintetizadas pelas células) podem ser libertadas para o fluído extracelular. A libertação de neurotransmissores dos terminais axonais ocorre por exocitose. EXOCITOSE 2 – MECANISMOS DE TRANSPORTE MEMBRANAR 5 – TRANSPORTE EPITELIAL A membrana das células epiteliais encontra-se polarizada relativamente às suas características de transporte e permeabilidade. As células epiteliais do intestino delgado e do túbulo proximal do rim são bons exemplos desta polaridade; As junções apertadas que unem as células lateralmente, evitam que as proteínas transportadoras das membranas luminal e basolateral se misturem; A membrana luminal destas células tem sistemas de transporte activo secundário que permitem a entrada de glicose e de aminoácidos pelo gradiente de sódio, mas deixam a célula por sistemas de transporte passivo presentes na membrana basolateral; Via Paracelular - Através das junções apertadas entre as células Via Transcelular - Atravessando a membrana luminal, o citoplasma da célula e a membrana basolateral A = Paracelular B = Transcelular 2 – MECANISMOS DE TRANSPORTE MEMBRANAR 5 – TRANSPORTE EPITELIAL BIBLIOGRAFIA Alberts B, Bray D, Lewis J, Raff M, Roberts K, Watson JD, editors. Molecular Biology of the Ceil. New York: Garland, 1994:477-549. 2. Berne RM, Levy MN, editors. Physiology. St Louis: Mosby, 1998:3-42. 3. Beme RM, Levy MN, editors. Principies of Physiology. St Louis: Mosby, 2000:4-38. 4. Guyton AO, Hall JE, editors. Textbook of Medical Physiology. Philadelphia: Saunders, 2000:40-66. 5. Murray RK, Granner DK, Mayes PA, RodwellVW, editors. Harper's Biochemestry. Connecticut: Appieton & Lange, 1993:467-485. 6. Schauff C., Moffett D., Moffett S, editors. Human Physiology. Dubuque: Wn C Brown Publisber, 1993:137-186. 7. Vander A, Sherman J, Luciano D, editors. Human Physiology. 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