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DIAGNÓSTICO POR IMAGEM 
7. ULTRASSONOGRAFIA DE FÍGADO E VIAS 
BILIARES 
FÍGADO 
A ultrassonografia hepática é uma ferramenta essencial para avaliar a anatomia e a função do fígado e das 
vias biliares. O fígado é um órgão grande, composto por quatro lobos principais, sendo o lobo esquerdo, 
subdividido em lateral e medial, o lobo direito, também com lateral e medial, o lobo quadrado, e o lobo 
caudado, que é dividido em dois processos: o processo papilar e o processo caudado. A ultrassonografia 
permite examinar cada um desses lobos de forma detalhada, identificando alterações, como aumento de 
tamanho, lesões, cistos, ou alterações na ecogenicidade, que podem indicar problemas no funcionamento 
hepático ou nas vias biliares. Além disso, a técnica pode ser utilizada para monitorar condições como 
hepatite, cirrose, ou obstruções biliares, proporcionando um diagnóstico preciso e acompanhando a 
evolução de doenças hepáticas ao longo do tempo. 
 
 
A fisiologia hepática envolve uma série de funções vitais para o organismo. O fígado é responsável pela 
produção de bile, que é essencial para a digestão e absorção de gorduras. Ele também atua no 
armazenamento de glicose na forma de glicogênio, que pode ser mobilizado conforme a necessidade do 
corpo. O fígado armazena ferro e vitaminas, fundamentais para a função metabólica e produção de células 
sanguíneas. 
Além disso, o fígado desempenha um papel crucial no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios, 
regulando os níveis de nutrientes no sangue. Sua ação desintoxicante elimina substâncias tóxicas, como 
amônia e medicamentos, transformando-as em compostos mais facilmente excretáveis. O fígado também 
realiza a destruição de hemácias velhas ou anormais, contribuindo para a renovação celular e a manutenção 
da saúde sanguínea. 
Durante o desenvolvimento fetal, o fígado tem a função hemocitopeiótica, ou seja, ele é responsável pela 
produção de células sanguíneas. Além disso, o fígado é o local de síntese de diversas proteínas, como 
fatores imunológicos, proteínas de coagulação e substâncias transportadoras de oxigênio e gorduras, que 
são essenciais para o funcionamento normal do organismo. 
Em termos de lesões hepáticas, estudos indicam que são necessárias lesões em 70% do parênquima 
hepático para que ocorram alterações bioquímicas significativas. O fígado também contém ductos biliares, 
que se unem e formam o ducto hepático, o qual desemboca na papila duodenal, onde a bile é liberada para 
ajudar na digestão. 
A anatomia ultrassonográfica do fígado e suas estruturas associadas envolve uma série de pontos 
importantes que são avaliados para garantir uma análise completa e precisa. 
A localização do fígado deve ser observada, pois ele ocupa uma posição no quadrante superior direito do 
abdômen. Sua posição pode ser alterada em casos de patologias ou distúrbios, por isso a avaliação precisa 
da localização é fundamental. As dimensões do fígado devem ser analisadas para garantir que ele não esteja 
aumentado ou diminuído, o que pode indicar doenças hepáticas. 
As margens e contornos do fígado também são examinados para verificar se há irregularidades, que podem 
ser indicativas de patologias como tumores ou cirrose. A relação de ecogenicidades entre as diferentes 
estruturas hepáticas e adjacentes é crucial, com comparações entre o fígado, baço, rins e outras partes do 
abdomen. Normalmente, o fígado tem uma ecogenicidade homogênea, e alterações nesta ecogenicidade 
podem indicar doenças hepáticas. 
A lobulação do fígado, que envolve a organização do tecido hepático em lobos e sublobos, também deve ser 
observada para verificar qualquer anormalidade. A vascularização do fígado é outro ponto de avaliação 
importante, e a ultrassonografia Doppler pode ser utilizada para visualizar o fluxo sanguíneo nos vasos 
hepáticos, ajudando a identificar condições como trombose ou hipertensão portal. 
Quanto à localização topográfica, deve-se verificar a posição do fígado em relação a outras estruturas 
importantes do abdômen, como o diafragma, que separa o fígado da cavidade torácica; o 
ligamento/gordura falciforme, que mantém o fígado ancorado na parede anterior do abdômen; o rim 
direito, localizado logo abaixo do fígado; e o estômago, que pode ter relação direta com o fígado 
dependendo da anatomia de cada paciente. 
 
Na avaliação ultrassonográfica das dimensões do fígado, é importante notar que a literatura apresenta um 
consenso limitado sobre as medições exatas, sendo um parâmetro subjetivo. Para isso, um dos aspectos 
avaliados é o arco costal, que ajuda a delimitar o limite inferior do fígado. A distância entre o diafragma e o 
estômago também é um ponto relevante na medição, pois pode refletir alterações no tamanho do fígado. 
As margens do fígado devem ser arredondadas ou abauladas; uma alteração nesse contorno, como margens 
abauladas, pode ser indicativa de aumento hepático. 
Além disso, é essencial ter cuidado com variações anatômicas, especialmente em indivíduos com tórax 
profundo, já que isso pode influenciar a posição e as dimensões do fígado. O fígado deve estar situado dentro 
do gradil costal, e qualquer alteração na sua posição ou tamanho pode sinalizar uma patologia. 
Quanto aos contornos e margens, elas devem ser afinadas e bem definidas em uma ultrassonografia 
normal. Não se pode medir com precisão o fígado como um todo, mas as margens do fígado geralmente têm 
contornos agudos ou pontiagudos. Se houver abaulamento da ponta do fígado, isso sugere que o órgão 
está aumentado de tamanho. 
A localização do transdutor para a avaliação do fígado é tipicamente realizada na região subxifoide, que 
oferece uma visão clara das estruturas hepáticas. 
O sistema porta hepático é observado como um conjunto de vasos, que aparece na ultrassonografia com 
uma característica hipoecogênica, ou seja, com menos ecogenicidade do que o baço, o que ajuda a 
diferenciá-lo de outras estruturas. Também deve ser observado o ligamento falciforme, que é um tecido 
fibroso que conecta o fígado à parede anterior do abdômen. 
Por fim, qualquer alça intestinal visível dentro do fígado, geralmente, é o duodeno, que pode ser identificado 
por sua característica anatômica e localização específica em relação ao fígado. 
Ecogenicidade do fígado é um dos parâmetros fundamentais na ultrassonografia e se refere à capacidade 
do órgão de refletir as ondas do ultrassom, o que determina sua aparência na imagem. Em relação a outros 
órgãos, o fígado normalmente apresenta uma ecogenicidade uniformemente hipoecogênica, ou seja, ele 
reflete menos as ondas do ultrassom, tornando-se mais escuro nas imagens comparado a órgãos como o 
baço. A ecogenicidade do fígado é geralmente menor que a do baço e igual ou maior que a do córtex renal. 
A ecogenicidade também pode ser comparada ao ligamento falciforme, que normalmente apresenta uma 
ecogenicidade similar ou ligeiramente superior à do fígado. No entanto, é importante lembrar que há 
variantes da normalidade relacionadas a fatores como idade, peso e raça do animal, o que pode influenciar 
a aparência ecográfica do fígado. Mudanças sutis na ecogenicidade, como aquelas causadas por pequenas 
patologias ou alterações fisiológicas, podem ser difíceis de identificar, exigindo experiência e atenção 
cuidadosa. 
Quanto à ecotextura, o fígado normalmente apresenta uma textura uniforme e homogênea, sem variações 
notáveis entre as áreas do órgão. Sua ecotextura é geralmente mais grosseira que a do baço, o que pode 
ajudar a distinguir o fígado de outros órgãos ao examinar a ultrassonografia. Alterações na ecotextura, como 
áreas mais densas ou irregulares, podem indicar patologias como cirrose ou infiltrações de gordura. 
Vascularização hepática na ultrassonografia pode ser identificada por algumas características específicas 
dos vasos presentes no fígado. Os vasos portais são visíveis como paredes brilhantes e hiperecóicas, ou 
seja, mais refletivas ao ultrassom. Já os vasos hepáticos aparecem como áreas anecóicas (semeco) e podem 
ter formatos circulares ou lineares, espalhados por todo o fígado. Por outro lado, as artérias hepáticas e os 
ductos biliares geralmente não são identificados na ultrassonografia padrão, a menos que haja alguma 
anomalia ou condição clínica específica que os torne visíveis. 
Quando se fala em alterações hepáticas, é importante considerar tanto as alterações focais (localizadas em 
uma área específica do fígado) quanto as difusas (que afetam o órgão de maneira mais generalizada). As 
alterações de dimensões no fígado podem ser observadas na ultrassonografia e são uma das principais 
formas de identificar condições patológicas. A hepatomegalia, que é o aumento do volume do fígado, pode 
ser identificada por características como o arredondamento das margens hepáticas e o aumento da 
distância entre o diafragma e o estômago, o que indica que o fígado está se expandindo para baixo. Também 
pode ocorrer a impressão renal, um sinal de que o fígado está ocupando mais espaço do que o normal e 
afetando a posição ou a forma dos órgãos vizinhos. 
As causas de alterações hepáticas podem ser múltiplas e incluem tanto hepatopatias (doenças do fígado) 
quanto cardiopatias (doenças do coração), que podem afetar a circulação sanguínea e levar a alterações no 
fígado, como congestão ou acúmulo de substâncias no órgão. 
 
Alterações de dimensões no fígado também podem ser observadas quando há diminuição do volume 
hepático, um quadro conhecido como microhepatia. Esse processo é caracterizado pelo decréscimo da 
distância entre o diafragma e o estômago, indicando uma redução do tamanho do fígado. Em casos de 
microhepatia, a visualização do fígado na ultrassonografia pode ser comprometida, podendo até ser difícil 
de visualizá-lo, mesmo quando não há excesso de gás no estômago. 
As causas para a diminuição do volume hepático incluem condições como hipovolemia (diminuição do 
volume sanguíneo), fibrose hepática, cirrose, shunts (desvios circulatórios anormais) e hipertensão portal. 
Todas essas condições podem resultar na diminuição do tamanho do fígado devido a processos patológicos 
que afetam a circulação sanguínea ou a estrutura do órgão, levando à perda de função e ao encolhimento 
do tecido hepático. 
 
Alterações de ecogenicidade no fígado podem indicar diferentes condições patológicas. Quando ocorre um 
aumento difuso da ecogenicidade, o fígado se torna hiperecogênico, o que pode ser um sinal de várias 
doenças. Entre as causas mais comuns estão a lipidose ou esteatose hepática, que é o acúmulo de gordura 
nas células hepáticas, e a fibrose hepática, que ocorre devido à formação de tecido cicatricial após 
inflamações crônicas. Outras condições incluem diabetes, hiperadrenocorticismo (HAC), hipotireoidismo, e 
endocrinopatias, que podem afetar a função hepática e provocar alterações na ecogenicidade. Cirrose 
hepática, que é o estágio final de doenças hepáticas crônicas, também é uma causa frequente de aumento 
de ecogenicidade, assim como a hepatopatia esteroide, que ocorre com o uso excessivo de corticosteroides. 
O linfoma hepático, que é um câncer no fígado, também pode resultar nesse aumento de ecogenicidade, 
assim como a colangiohepatite crônica, uma inflamação das vias biliares. Hepatopatias tóxicas, como as 
causadas por medicamentos ou substâncias tóxicas, e a hepatopatia vacuolar, caracterizada por vacúolos 
nas células hepáticas, também são causas possíveis. Por fim, neoplasias hepáticas também podem provocar 
alterações no fígado, fazendo com que ele se torne mais ecogênico. Essas condições devem ser analisadas 
com atenção para diagnóstico e acompanhamento adequados. 
 
Alterações de ecogenicidade no fígado, quando há diminuição difusa da ecogenicidade, indicam um fígado 
hipoecogênico, o que pode ocorrer em diversas condições patológicas. Entre as causas mais comuns estão 
hepatites agudas, que causam inflamação e redução da ecogenicidade hepática, e a hepatopatia reacional, 
que está associada a doenças inflamatórias e infecciosas. O linfoma, um tipo de câncer que pode afetar o 
fígado, também pode causar essa diminuição na ecogenicidade. Além disso, congestão passiva e ativa do 
fígado, que resulta de problemas no sistema circulatório, e leucemia, uma doença hematológica que pode 
afetar o fígado, são outras causas possíveis. 
Quando se observam alterações hepáticas focais, essas podem se apresentar em diferentes padrões de 
ecogenicidade. Lesões anecoicas, como cistos e abscessos, têm aparência escura no ultrassom, assim como 
certas neoplasias e hematomas. Lesões hipoecogênicas são associadas a abscessos, hematomas, 
neoplasias e hiperplasia, podendo ser indicativas de processos inflamatórios ou tumorais. Por outro lado, 
lesões hiperecogênicas, mais claras no ultrassom, podem ser observadas em casos de hiperplasia, 
abscessos, fibrose, neoplasias, linfomas e calcificação, que podem estar associadas à formação de tecido 
cicatricial ou à presença de depósitos de cálcio. Finalmente, lesões mistas, que apresentam características 
tanto anecoicas quanto hipoecogênicas ou hiperecogênicas, podem indicar condições complexas como 
abscessos, hematomas e neoplasias, exigindo um diagnóstico cuidadoso para determinar a causa 
subjacente. 
 
VESÍCULA BILIAR E VIAS BILIARES 
 
A vesícula biliar localiza-se entre o lobo quadrado e o lobo medial direito do fígado, e sua principal função 
é o armazenamento e liberação da bile, que é crucial para emulsificar as gorduras e permitir a absorção de 
lipídeos no trato gastrointestinal. 
Na ultrassonografia, ao avaliar a vesícula biliar, o formato é um dos principais pontos de interesse. Ela pode 
apresentar formas ovaladas, arredondadas ou em forma de pêra, sendo a forma mais importante que o 
volume, pois fornece informações sobre a saúde da vesícula. O tamanho da vesícula biliar pode variar, com 
uma repleção aumentada observada especialmente em jejum, quando a vesícula está mais cheia de bile. 
Quanto à parede da vesícula biliar, ela deve ser espessa até 1 mm e regular, ecogênica (refletindo som na 
ultrassonografia) e lisa, o que indica uma vesícula saudável. O conteúdo da vesícula biliar é tipicamente 
anecrônico e homogêneo, ou seja, a bile aparece como uma área escura e uniforme no exame. 
No caso dos ductos biliares, em cães, esses ductos são raramente visíveis, mas em gatos, é mais comum 
observar sua presença na ultrassonografia. A visualização dos ductos biliares pode ser relevante para 
identificar obstruções ou outras patologias hepáticas e biliares. 
 
As alterações da vesícula biliar (VB) e vias biliares incluem diversas condições que podem afetar sua função 
e estrutura. Entre essas alterações, destacam-se: 
Lama biliar, que é o acúmulo de bile espessa na vesícula biliar, frequentemente causada por jejum 
prolongado, endocrinopatias, dislipidemia (alteração na composição da bile), e hipomotilidade em 
pacientes idosos. Em gatos, a lama biliar possui maior importância clínica devido à prevalência e 
complicações associadas. 
A parede espessa da vesícula biliar pode ocorrer devido a várias condições, incluindo doenças sistêmicas, 
hipertensão portal, insuficiência cardíaca congestiva (ICC), anafilaxia, hipoproteinemia, doenças 
inflamatórias como colangite e colecistite, ascite e toxemia. Essas condições podem causar inchaço e 
espessamento da parede, sinalizando uma alteração funcional ou estrutural. 
Outras alterações incluem concreções biliares, como cálculos (colelitíase), que são formados por depósitos 
de bile e podem obstruir o fluxo biliar. Os pólipos são raros e podem ser encontrados na vesícula biliar, 
representando um tipo de neoplasia benigna. Já as neoplasias podem ser malignas, resultando em tumores 
na vesícula biliar. 
A mucocele é outra condição em que a vesícula biliar se distende devido ao acúmulo de muco espesso, 
geralmente associado a inflamação ou distúrbios biliares. A colecistite é a inflamação da vesícula biliar, 
geralmente causada por uma infecção ou obstrução. 
Outras condições incluemruptura de parede, que pode ser causada por trauma ou pressão excessiva, e 
agênese, uma anomalia rara em que a vesícula biliar não se desenvolve. 
A colangiohepatite é uma inflamação que afeta tanto a vesícula biliar (VB) quanto os ductos biliares, sendo 
mais comum em gatos. Sua etiologia pode ser variável, com causas infecciosas ascendentes, geralmente 
provenientes do duodeno, ou parasitárias, como o Platynossoma, um parasita hepático que pode causar 
danos ao sistema biliar. 
A colecistite, por outro lado, é uma inflamação exclusiva da vesícula biliar. Ela se caracteriza pelo 
espessamento da parede da VB, podendo estar associada à presença de lama biliar ou cálculos biliares. A 
sensibilidade dolorosa durante a varredura ultrassonográfica pode ser um sinal de Murphy, um sinal clínico 
de irritação da vesícula biliar. 
A mucocele é uma condição grave, especialmente em animais de pequeno porte e idosos, caracterizada por 
conteúdo denso e imóvel dentro da vesícula, que assume uma forma triangular, lembrando um kiwi. O risco 
de ruptura da vesícula é elevado, e a mucocele pode causar colestase, uma condição em que o fluxo biliar é 
bloqueado. Isso pode levar a complicações graves, exigindo intervenção urgente. 
As concreções biliares, ou cálculos, podem ser compostas por colesterol, bilirrubina, cálcio, magnésio ou 
oxalato. O sombreamento dessas concreções no ultrassom depende da sua composição, com alguns 
cálculos mais densos produzindo um sombreamento mais evidente durante o exame. 
 
Não estude para passar, estude para salvar vidas

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