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APG 11- Perfeito, mas nem tanto... CIRROSE E HIPERTENSÃO PORTAL Matheus Guedes Magalhães- Medicina Objetivos: 1. Revisar a morfofisiologia do sistema porta e fígado; 2. Estudar a etiologia, epidemiologia, manifestações clínicas, diagnóstico e complicações da cirrose; 3. Compreender a etiologia, epidemiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas e diagnóstico da hipertensão portal; 4. Discutir os impactos do abuso do álcool nas relações familiares. ANATOMIA: O fígado é a glândula mais pesada do corpo, pensando aproximadamente 1,4 kg em um adulto médio. Se encontra situado inferiormente ao diafragma e ocupa a maior parte do hipocôndrio direito. Já a vesícula biliar é um saco em forma de pera que está localizado em uma depressão da face posterior do fígado. Medes de 7 a 10 cm de comprimento e normalmente pende da margem inferior anterior do fígado. O fígado é quase totalmente recoberto pelo peritônio visceral e completamente coberto por uma camada de tecido conjuntivo denso irregular que se encontra profundamente ao peritônio. O fígado é dividido em dois lobos hepáticos: • Um lobo hepático direito grande; • Um lobo hepático esquerdo menor; São separados pelo ligamento falciforme, uma prega do mesentério. Esse ligamento se estende da face inferior do diafragma entre os dois lobos principais do fígado até seu aspecto superior, ajudando a suspender o fígado na cavidade abdominal. Ainda estão presentes: • O lobo quadrado inferior; • O lobo caudado posterior; Os quais, pertencem ao lobo hepático esquerdo. Na margem livre do ligamento falciforme está presente o ligamento redondo, um remanescente da veia umbilical do feto. Este cordão fibroso se estende do fígado ao umbigo. Os ligamentos coronários direito e esquerdo são extensões estreitas do peritônio parietal que suspendem o fígado do diafragma. As partes da vesícula biliar incluem: • O fundo da vesícula biliar; • O corpo da vesícula biliar; • O colo da vesícula biliar. HISTOLOGIA: Hepatócitos: são as principais células funcionais que realizam funções metabólicas, secretoras e endócrinas, formando arranjos de lâminas hepáticas. Essas lâminas hepáticas são placas de hepatócitos de célula de espessura limitado, revestidos pelos sinusóides hepáticos. A bile, um líquido amarelo, marrom ou verde-oliva é APG 11- Perfeito, mas nem tanto... CIRROSE E HIPERTENSÃO PORTAL Matheus Guedes Magalhães- Medicina secretado pelos hepatócitos, atuando como produto de excreção quanto como secreção digestório. Canalículos de bile: Os canalículos de bile são pequenos ductos entre os hepatócitos que coletam a bile produzida pelos hepatócitos. Dos canalículos de bile, a bile passa para os dúctulos biliares e, em seguida, para os ductos biliares. Os ductos biliares se unem e, por fim, formam os ductos hepáticos esquerdo e direito, que são maiores e se unem e saem do fígado como o ducto hepático comum. O ducto hepático comum junta-se ao ducto cístico da vesícula biliar para formar o ducto colédoco. Por ele, a bile entra no duodeno do intestino delgado para participar da digestão. Sinusóides hepáticos: são capilares sanguíneos entre os hepatócitos que recebem o sangue oxigenado de ramos de artéria hepática e sangue venoso rico em nutrientes da veia porta do fígado. Os sinusóides convergem e entregam o sangue a uma veia central, que flui o sangue para as veias hepáticas, que drenam para a veia cava inferior. Em contraste, a bile flui para a direção oposta. Os sinusóides possuir as células estreladas do fígado, que destroem os eritrócitos e leucócitos envelhecidos, bactérias e outros materiais estranhos do sangue venoso que drena do canal alimentar. Os hepatócitos, o sistema de ductos biliares e os sinusóides hepáticos podem ser organizados de três maneiras: Lóbulo hepático: Cada lobo hepático tem formato de hexágono (6 lados), onde no centro está a veia central, que irradia para fora, onde estão presentes as fileiras de hepatócitos sinusoides hepático. Localizado nos três cantos está a tríade portal. Lóbulo portal: enfatiza a função exócrinas do fígado, a secreção biliar. Possui forma triangular e é definido por três linhas retas imaginárias que ligam três veias centrais que estão mais próximas da tríade portal. Ácino hepático: cada ácino possui partes de dois lóbulos hepáticos vizinhos. Ele proporciona uma descrição de interpretação de padrões lógicos de armazenamento e liberação de glicogênio e efeitos tóxicos, degeneração e regeneração em relação a proximidade das zonas acionares com os ramos da tríade portal. APG 11- Perfeito, mas nem tanto... CIRROSE E HIPERTENSÃO PORTAL Matheus Guedes Magalhães- Medicina VASCULARIZAÇÃO: O fígado recebe o sangue proveniente da artéria hepática, que contém o sangue oxigenado, e pela veia porta, recebendo o sangue venoso contendo nutrientes recém-absorvidos, fármacos e microorganismos e toxinas do canal alimentar. Os ramos da artéria hepática e da veia porta do fígado levam o sangue para os sinusóides hepáticos, onde a maior parte do oxigênio, dos nutrientes e de algumas substâncias tóxicas são absorvidas pelos hepatócitos. FUNÇÕES: Os hepatócitos secretam diariamente de 800 a 1.000 ml de bile, um líquido amarelo, marrom ou verde-oliva. Ele possui um pH entre 7,6 e 8,6, constituído por água, sais biliares, colesterol, um fosfolipídio chamado lectina, pigmentos biliares e vários íons. O principal pigmento biliar é a bilirrubina. A fagocitose de eritrócitos envelhecidos libera ferro, globina e bilirrubina. O ferro e a globina são reciclados; a bilirrubina é secretada na bile e, por fim, é decomposta no intestino. Um de seus produtos de degradação, a estercobilina, dá coloração marrom normal das fezes. A bile desempenha um papel de emulsificação, a fragmentação de grandes glóbulos lipídicos em uma suspensão de pequenos glóbulos lipídicos. Os sais biliares ajudam na absorção de lipídios após sua digestão. Além da produção da bile, o fígado desempenha o metabolismo de carboidratos, lipídios, proteínas, fármacos e hormônios, excreção de bilirrubina, síntese de sais biliares, armazenamento , fagocitose e ativação da vitamina D. A cirrose representa a via final comum de uma lesão hepática crônica e persistente em indivíduo geneticamente predisposto e que, independentemente da etiologia, acarretará fibrose e formação nodular difusas, com consequente desorganização da arquitetura lobular e vascular do órgão. Dessa maneira, a composição da matriz extracelular e a estrutura do fígado cirrótico são as mesmas, quer a lesão tenha sido causada por álcool, vírus, doença genética ou metabólica. A doença apresenta distribuição global, independentemente de raça, idade e gênero. Levando em consideração estudos de autópsia, estima-se que a prevalência de cirrose que entre 4,5 e 9,5%, o que poderia corresponder a cerca de 100 milhões de acometidos no mundo todo. No entanto, existem acentuadas variações geográficas na incidência e prevalência, dependendo largamente da predominância dos fatores causais. O impacto da doença hepática crônica e da cirrose na saúde pública tem sido mensurado a partir de registros de obituários. Em 2001, estimou-se que 771.000 pessoas morreram por cirrose no mundo todo, ocupando a 14 principal causa de morte no mundo. Entretanto, a partir de estudos realizados em diferentes regiões do mundo, foi demonstrado uma redução real dos casos de óbito por cirrose hepática. Isto foi atribuído a melhorias na abordagem das complicações, principalmente aquelas relacionadas com a hipertensão portal, com a utilização de medicamentos mais potentes, tratamento endoscópico, colocação de TIPS. A cirrose pode ser classificada de acordo comaspectos anatômicos, os quais são representados pelo tamanho dos nódulos de regeneração e com a distribuição de tecido fibroso; e pode ser classificada de acordo com os agentes etiológicos. CLASSIFICAÇÃO ANATÔMICA: Micronodular: representada por nódulos pequenos, com pouca variação de tamanho, uniformes com até 3mm de diâmetro, sendo sempre observados septos finos de até 2 mm, que os separam e envolvem todo o lóbulo. APG 11- Perfeito, mas nem tanto... CIRROSE E HIPERTENSÃO PORTAL Matheus Guedes Magalhães- Medicina Macronodular: representada por septos de tamanhos variados, com nódulos atingindo diâmetros entre 3 a 30 mm, multilobulares, com deformação grosseira do fígado. Representa evolução da cirrose micronodular, já que perpetua a ação lesiva exercida pela agente etiológico. Mista: Representada pela coexistência, em um mesmo paciente, a presença de micro e macro nódulos. CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA: Metabólicos: decorrentes de erros congênitos ou adquiridos do metabolismo e que acometem crianças ou adultos jovens, como na galactosemia, na tirosinemia, na doença de Wilson, ou pacientes de idade mais avançada, como na hemocromatose, defciência de alfa 1- antitripsina e esteato-hepatite não alcoólica, entre outras. Virais: ocasionadas pelos vírus B (associado ou não ao vírus Delta) ou C da hepatite. Alcoólico: principal agente etiológico entre pacientes adultos. Ocorre após período médio de 5 a 10 anos de ingestão de quantidade diária superior a 80 mg de etanol para os homens e 60 g para as mulheres. Induzida por fármacos: como metotrexato, isoniazida, oxifenisatina e alfametildopa , entre outras. Autoimune: consequente à evolução da hepatite ou da colangiopatia autoimune, caracteristicamente afetando mulheres em idade jovem ou na pós-menopausa, com fenômenos autoimunes concomitantes. Atualmente, existem, pelo menos, três tipos de hepatite autoimune (HAI) bem caracterizados que podem ocasionar cirrose. Biliares: enquanto a cirrose biliar primária representa entidade clínica definida, a cirrose biliar secundária é o processo final de doenças crônicas que acometem a árvore biliar com colangites de repetição, como na colangite esclerosante e na obstrução das vias biliares. Obstrução do fluxo venoso hepático: causa anóxia congestiva do fígado, como ocorre na síndrome de Budd-Chiari, na doença venosa- oclusiva e na pericardite constritiva. Criptogênicas: a despeito de todo o processo na identificação etiológica das cirroses, em torno de 5 a 10% delas permanecem com a etiologia indeterminada em todo o mundo. As principais alterações encontradas na cirrose incluem: • Fibrose difusa; • Nódulos regenerativos; • Arquitetura lobular alterada; • Estabelecimento de derivações vasculares intra-hepáticas; Pode ocorrer ainda: • Capilarização dos sinusoides; • Fibrose perissinusoidal; • Trombose vascular • Lesões obliterativas no trato portal e veias hepáticas. Juntas essas alterações são responsáveis pelo desenvolvimento de hipertensão portal e suas complicações. A fibrose representa o acúmulo relativo e absoluto dos componentes da matriz extracelular, em detrimento do componente celular. Esse acúmulo de tecido conjuntivo no fígado decorre de uma maior síntese e/ ou menor degradação desses componentes. Os mecanismos que determinam a reparação do tecido ou sua progressão para a fibrose são mediados pelas citocinas decorrentes da necrose e da infamação local, liberadas pelos linfócitos e monócitos/macrófagos, que podem efetivamente estimular ou inibir a proliferação, a síntese proteica e a movimentação das células responsáveis pela síntese do tecido fibroso (fibrogênese) e de sua degradação (fibrólise). APG 11- Perfeito, mas nem tanto... CIRROSE E HIPERTENSÃO PORTAL Matheus Guedes Magalhães- Medicina Dentre os fatores citados, encontram-se o TGF- beta 1 (fator transformador do crescimento), o TNF (fator de necrose tumoral), as interleucinas, a fibronectina, o fator de crescimento plaquetário, sendo que destes o TGF-beta 1 parece o principal mediador da fibrogênese. As células efetoras do processo são os miofibroblastos que regulam tanto a fibrogênese como a fibrólise. Esses miofibroblastos são originados primariamente pela ativação das células estreladas dos sinusoides ou dos fibroblastos portais, das células derivadas da medula óssea e também da transição epitelial mesenquimal. Além de sintetizar as proteínas da matriz extracelular, as células estreladas estão diretamente associadas à degradação da matriz. Essa fibrólise depende da ativação das enzimas metaloproteases, como as colagenases. A atividade dessas enzimas é regulada por um sistema em que a ação das substâncias ativadoras das prometaloproteases (como o inibidor da C1-esterase e o PAI-1 – inibidor da ativação do plasminogênio) é contrabalanceada pela ação de substâncias que poderiam inibir sua liberação ou bloquear diretamente sua atividade, como o TIMPs (inibidor tecidual das metaloproteases) e a alfa-2 macroglobulina. Metaloproteases e TIMPs seriam produzidas pelas células estreladas sob a regulação de citocinas infamatórias e também pelos macrófagos hepáticos, ou seja, as células de Kupfer, por intermédio da liberação de metaloproteases e citocinas anti-infamatórias, principalmente a IL-10. Outros mecanismos fbrogênicos, além daquele mediado pelas citocinas, também podem ocorrer. Vários estudos têm concordado sobre o papel do sistema de estresse oxidativo (EOx) hepático e da reduzida produção do óxido nítrico (ON), potente vasodilatador, na circulação porto- esplênica. Ambos teriam participação direta no processo fibrogênico, bem como na disfunção endotelial hepática que acompanha a progressão da doença até o estabelecimento da cirrose e da hipertensão portal (HP). A ativação do sistema EOx resulta, em última instância, na produção de espécies reativas de oxigênio, que culminam com destruição e necrose celular por meio da peroxidação lipídica. Os produtos dessas lipoperoxidação, apresentam elevado potencial fibrogênico, por meio da estimulação direta das células estreladas. A redução na biodisponibilidade do ON está diretamente relacionada com a atividade aumentada desse sistema pró-oxidativo, uma vez que o ON que se liga ao superóxido dismutase (SOD) é capaz de modular a produção do peroxinitrito (ONOO- ), um potente agente oxidante com fundamental papel na lesão oxidativa hepática. Por outro lado, as alterações da matriz extracelular determinadas pela fibrose auxiliam a perpetuar o processo fibrótico. Os componentes da matriz extracelular, os colágenos, proteoglicanos e as glicoproteínas encontram-se em concentração elevada no tecido hepático, seja nos septos fibrosos, seja na fibrose intersticial, e podem interferir no processo fibrogênico, atuando como mediadores desse processo. Outras áreas maiores do desenvolvimento no processo fibrogênico hepático incluem o papel da microbiota intestinal e da hipóxia tecidual, com o estabelecimento de um microambiente anaeróbico pró-infamatório, além da influência das modificações epigenéticas na progressão da fbrose. As manifestações são variadas, desdém hepatomegalia assintomática até uma insuficiência hepática. Em muitos casos, não há sintomas até que a doença esteja muito avançada. Os pacientes podem ser classificados de acordo com as formas clínicas de apresentação em: compensados e descompensados. Pacientes com cirrose compensada podem ser assintomáticos ou podem relatar sintomas inespecíficos, como emagrecimento, anorexia, fraqueza e fadiga. Pacientes com cirrose descompensada podem apresentar icterícia, APG 11- Perfeito, mas nem tanto... CIRROSE E HIPERTENSÃO PORTAL Matheus Guedes Magalhães- Medicinaprurido, sinais de sangramento gastrointestinal superior (hematêmese, melena, hematoquezia), distensão abdominal por ascite ou por confusão. A diarreia é comum, embora alguns paciente se queixam de constipação, hepatomegalia e icterícia também. Essa diarreia pode ser multifatorial, como alterações na motilidade intestinal, crescimento excessivo de bactérias do intestino delgado, alteração da permeabilidade intestinal e deficiência do ácido biliar. Nas mulheres, pode manifestar amenorreia ou sangramento menstrual irregular. Homens podem desenvolver hipogonadismo, sendo manifestado por impotência, infertilidade, perda da unidade sexual e atrofia testicular, sendo predominante em pacientes com cirrose alcoólica e hemocromatose. O paciente pode referir dor abdominal causada pelo crescimento do fígado ou estiramento da cápsula de Gilson, sendo dor localizada no quadrante superior direito ou na região epigástrica, sendo vaga e incomoda, causando sensação de plenitude. A esplenomegalia, ascite e shunts são consequências da hipertensão porta. O diagnóstico da cirrose é, antes de tudo, anatomopatológico; por esse motivo, a forma mais correta de fazê-lo seria por meio da biópsia do fígado, com agulha. Entretanto, em decorrência das alterações da coagulação que esses pacientes apresentam e pelas alterações vasculares hepáticas e peri-hepáticas, há elevado risco de complicações desse procedimento. Em vários pacientes, por outro lado, as alterações encontradas ao exame físico (como hepatoesplenomegalia, com fígado nodular, sinais periféricos de insufciência hepátitica) e/ou no exame de imagem (alteração da ecogenicidade e retração do parênquima com superfície nodular e os sinais de hipertensão portal) e exame endoscópico (varizes esofagogástricas) tornam a biópsia desnecessária. Ela só seria utilizada se houvesse dúvida em relação a etiologia. Em função dos riscos da biópsia, vários marcadores não invasivos têm sido empregados no estudo dos pacientes hepatopatias, e é exatamente nos cirróticos que eles têm encontrado sua melhor aplicação. MARCADORES NÃO INVASIVOS DE FIBROSE HEPÁTICA: Biomarcadores diretos: aqueles envolvidos com a síntese e a degradação da matriz extra-celular, como ácido hialurônico, pró-colágeno tipo III, metaloproteases etc. Biomarcadores indiretos: compostos por parâmetros não diretamente relacionados à matriz, mas que refletem as alterações bioquímicas da fibrose, como níveis de AST, ALT, bilirrubinas, proteínas e contagem de plaquetas. Aminotransferases: são elevadas em pacientes com cirrose. O AST é mais elevado que o ALT. Fosfatase alcalina: geralmente é elvada na cirrose, mas é menos de duas a três vezes o limite normal superior. Gama-glutamil transpeptidase (GGT): se correlacionam com a fosfatase alcalina, mas são inespecíficos. Os níveis são altos na doença hepática crônica casada por álcool do que em outras doenças. APG 11- Perfeito, mas nem tanto... CIRROSE E HIPERTENSÃO PORTAL Matheus Guedes Magalhães- Medicina Bilirrubina: podem ser normais na cirrose compensada, mas aumenta a medida que a cirrose progride. Albumina A: é sintetizada no fígado, então os níveis caem à medida que a função sintética do fígado diminui com agravamento da cirrose. Tempo de protrombina A: estará aumentado à medida que a capacidade do fígado cirrótico de sintetizar os fatores de coagulação diminui. EXAMES DE IMAGEM: Ultrassonografia (USS): na cirrose avançada o fígado estará pequeno e nodular, atrofia no lobo direito e hipertrofia no caudado ou esquerdo. Tomografia (TC): fornece informações semelhantes a USS, porém os achados incluem a ascite e as varizes. Elastografia. Biópsia hepática: padrão ouro para diagnóstico. • Ginecomastia; • Trombocitopenia; • Padrão feminino de distribuição dos pelos pubianos em consequência da atrofia testicular; • Redução dos níveis dos fatores de coagulação; • Eritema palmar; • Encefalopatia com asterixe; • Sinais neurológicos. A hipertensão portal é caracterizada pelo aumento da resistência ao fluxo sanguíneo no sistema venoso porta e pressão sustentada na veia porta. Teoricamente é definida por uma pressão na veia porta maior ou igual a 6 mmHg, porém é clinicamente significativa quando está maior ou igual a 10 mmHg. Assim, em condições normais, o sangue venosos que retorna dos órgãos abdominais para o coração, se acumula na veia porta e circula pelo fígado antes de entrar na veia cava. A hipertensão portal pode ser classificada de acordo com o local da etiologia dessa síndrome: Pré-hepática: gerada por todas as condições que aumentam a resistência ao fluxo sanguíneo até chegar a veia porta, como trombose da veia esplênica. Intra-hepática: é gerada pelas condições que aumentam a congestão dentro do sistema venoso porta, como a cirrose hepática. Pode ser dividida ainda em: • Pré-sinusoidal; • Sinusoidal; • Pós-sinusoidal. Pós-hepática: está relacionada com a congestão no sistema da veia cava inferior, principalmente a insuficiência cardíaca direita. As duas etiologias mais comuns são a cirrose e esquistossomose hepática. Nos países ocidentais, a hipertensão portal é mais típica como o resultado da cirrose, com a hipertensão portal não cirótica representando menos de 10% dos casos. Síndrome de Budd-Chiari é uma doença congestiva do fígado, causada por obstrução de várias veias hepáticas ou do segmento hepático da veia cava inferior, sendo a principal causa a trombose das veias hepáticas. A síndrome de obstrução sinusoidal ou doença venoclusiva hepática é uma variante da síndrome Budd-Chiari encontrada mais comumente em pacientes tratados com quimioterápicos antineoplásicos, irradiação do fígado ou transplante de medula óssea. Se desenvolve quando há a resistência ao fluxo sanguíneo portal, sendo agravada pelo aumento do fluxo sanguíneo colateral portal. A resistência geralmente ocorre dentro do fígado (cirrose), mas APG 11- Perfeito, mas nem tanto... CIRROSE E HIPERTENSÃO PORTAL Matheus Guedes Magalhães- Medicina também pode ser pré-hepática ou pós-hepática (síndrome de Budd-Chiari). Existem dois componentes para o aumento da resistência, sendo as mudanças estruturais e as mudanças dinâmicas. As alterações estruturais ocorrem quando há uma distorção da microcirculação hepática por fibrose, nódulos, angiogênese e oclusão vascular. As alterações dinâmicas ocorrem quando há contração de células estelares hepáticas ativadas e miofibroblastos que cercam os sinusóides hepáticos e estão nos septos fibrosos e nas células musculares lisas e vasculares. Acredita-se que as alterações dinâmicas levam ao aumento da produção de vasoconstritores e a redução de vasodilatadores endoteliais, como o óxido nítrico. A medida em que essa hipertensão piora, o fluxo sanguíneo esplanico aumenta devido a liberação local de fator de crescimento endotelial vascular, óxido nítrico e outros vasodilatadores, que geram a vasodilatação arteriolar esplaniquica e angiogênese. Além de piorar a hipertensão portal, essa situação leva a hipotensão sistêmica, subpreenchimento vascular, estimulação de sistemas vasoativos endógenos, expansão do volume plasmático e aumento do débito cardíaco, fatores importantes para o desenvolvimento da ascite. Geralmente é assintomática até que as complicações se desenvolvam. As manifestações incluem: • Esplenomegalia; • Vasos colaterais da parede abdominal; • Trombocitopenia. Porém, existem outras manifestações observadas por causas subjacentes da hipertensão portal, como angioma de aranha, ginecomastia em paciente com cirrose, ou as complicações da hipertensão portal. !! Elevação da pressão e dilatação dos canais venosos situados antes da obstrução, levandoa ascite, esplenomegalia, encefalopatia hepática e a formação dos shunts portossistêmicos com sangramento de varizes esofágicas. !! O baço cresce por consequência do desvio (shunting) do sangue para a veia esplênica. Com isso, causa o sequestro de quantidades de elementos sanguíneos e leva ao desenvolvimento da síndrome hiperesplenismo. Essa síndrome é caracterizada na redução da sobrevida de todos os elementos celulares do sangue, com redução das contagens, levando a anemia, trombocitopenia e leucopenia. !! Os shunts portossistêmicos é a elevação da pressão na veia porta, formando vasos colaterais calibrosos entre a veia porta e as veias sistêmicas e as umbilicais. Esses vasos colaterais podem causar hemorroidas. As veias dilatadas ao redor do umbigo são conhecidas como cabeça de Medusa. Esses shunts também podem desenvolver e causar o desvio do sangue dos capilares pulmonares, interferindo na oxigenação sanguínea e causando cianose. !! Também pode gerar as varizes esofágicas, é uma das principais complicações em pacientes com hipertensão porta mais devastadora em pessoas com cirrose hepática. !! Peritonite bacteriana espontânea: incluem febre, dor e sensibilidade abdominal, estado mental alterado e lesão renal aguda. !! Ascite é o acumulo de fluido dentro da cavidade peritoneal. Podem se queixar de ganho de peso, falta de ar, saciedade precoce e dispneia resultante do acúmulo de líquido. O diagnóstico é feito pelo gradiente de pressão venosa hepática (HVPG). APG 11- Perfeito, mas nem tanto... CIRROSE E HIPERTENSÃO PORTAL Matheus Guedes Magalhães- Medicina Gradiente de pressão venosa hepática: é medido para aproximar o gradiente de pressão entre a veia porta e a veia cava inferior. Pode quantificar o grau de hipertensão portal. O valor normal é de 1 a 5 mmHg, e quando há a hipertensão portal significativa, é maior ou igual a 10 mmHg, no momento em que pode desenvolver as varizes. Se o valor for maior ou igual a 12 mmHg, os pacientes se tornam risco para desenvolver o sangramento visceral e ascite. Pode fazer testes não invasivos como a ultrassonografia e elastografia transitória. Ultrassonografia: é feito com o uso de Doppler, podendo encontrar o aumento da velocidade média do fluxo portal, maior do que 12 m por segundo; diâmetro da veia portal, esplenomegalia, ascites, circulação colateral, entre outros. Elastografia transitória: é utilizado a ultrassom, sendo um método não invasivo para detectar a fibrose hepática. O uso de bebidas alcoólicas está atrelado à cultura em que, desde os primórdios, se fazia uso da mesma como gesto de comemoração em diversas festividades, atos religiosos, comerciais ou complementos culinários. Contudo, o uso inapropriado/excessivo destas acarreta complicações para a vida do indivíduo. O alcoolismo tem aumentado progressivamente em toda sociedade, tornando-se um grande problema de saúde pública, e seu uso constante está ligado aos fatores de fácil acesso e baixo custo. Considerada uma droga lícita, o álcool é um dos principais responsáveis pelas causas de óbitos por abuso de drogas no Brasil. De oito mil mortes por ano, o álcool é responsável por 85% delas. O número de dependentes cresce substancialmente, afetando tanto jovens quanto adultos. Ainda que seja ingerido em poucas quantidades, acarreta consequências graves para todos ao redor do alcoolista. Os malefícios provocados pelo alcoolismo vão além, pois pessoas que possuem essa dependência têm maiores chances de sofrer algum tipo interferência no ambiente de trabalho, ou seja, é prejudicial tanto para as relações familiares quanto para as relações do meio social e profissional.
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