Prévia do material em texto
CURSO DE MEDICINA- SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS III Complexo de Ghon ITACOATIARA-AM 2024 Tayza kimberly Lima de Almeida Complexo de Ghon Trabalho apresentado ao curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas, para obtenção de nota da disciplina de Sistemas Orgânicos Integrados III. Professora: Carolinie Cruz ITACOATIARA-AM 2024 INTRODUÇÃO A tuberculose é uma doença crônica contagiosa, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, no qual acometem na maioria das vezes os pulmões, podendo afetar, também, outros órgãos ou tecidos. As lesões destrutivas queacontecem nessa doença são causadas pela própria defesa do organismo (reação inflamatória inespecífica) e a transmissão ocorre por meio de aerossóis, ou seja, por meio de pequenas gotículas contaminadas. Quando o indivíduo é contaminado pela bactéria, o bacilo inalado se aloja nos espaços aéreos distais da parte inferior do lobo superior ou na parte superior do lobo inferior, próximo à pleura, visto que é um local que apresenta boa oxigenação. Após o contágio, desenvolve-se uma inflamação branco-acinzentada no local, chamada de Foco de Ghon. Os bacilos da tuberculose, tanto livres como no interior dos fagócitos, são drenados para os linfonodos regionais, os quais também frequentemente sofrem caseação. Essa combinação de lesão parenquimatosa pulmonar e envolvimento nodal são referidos como complexo de Ghon. Assim, pode-se dizer que quando o indivíduo apresenta a lesão pulmonar em focos de infecção e com um nódulo linfático associado, o mesmo apresenta o complexo de Ghon ou o também chamado, complexo primário da tuberculose. COMPLEXO DE GHON O Complexo de Ghon é uma lesão específica nos pulmões causada pela tuberculose. Foi nomeado após Anton Ghon, um patologista austríaco que descreveu a condição em 1912. O Complexo de Ghon ocorre quando o bacilo da tuberculose (Mycobacterium tuberculosis) infecta o pulmão e desencadeia uma resposta do sistema imunológico. Geralmente o bacilo penetra em nosso organismo por via inalatória, alcançando os pulmões. Neste primeiro contato, o bacilo geralmente se localiza no ápice do lobo inferior ou na base do lobo superior do pulmão (portanto na região média), na região sub-pleural. A primeira resposta inflamatória é inespecífica e ineficiente; com o passar dos dias, macrófagos derivados dos monócitos do sangue se acumulam no foco inflamatório. Inicialmente os macrófagos são incapazes de destruir os bacilos. Dias depois há o desenvolvimento de uma resposta imunológica mediada por células T e os macrófagos tornam-se eficientes na destruição dos bacilos. Alguns macrófagos fundem-se entre si, dando origem às células gigantes do tipo Langhans. Em torno deste acúmulo de células, há linfócitos e fibroblastos. A este arranjo nodular de macrófagos, macrófagos modificados, linfócitos e fibroblastos, dão o nome de granuloma. Com o aparecimento do fenômeno da hipersensibilidade (10 a 14 dias), ocorre uma forma peculiar de necrose no centro do granuloma, chamada de necrose caseosa. Com o passar do tempo a lesão vai se tornando menos celular, envolta por fibrose densa, ocorrendo até mesmo a calcificação da lesão (que pode ser vista radiologicamente). Bacilos podem permanecer viáveis no interior destas lesões por muitos anos. Esta lesão é chamada de nódulo de Ghon ou nódulo primário. Resposta inflamatória inicial pouco eficiente, bacilos podem alcançar os linfonodos do hilo pulmonar e provocar aí lesões idênticas àquelas do pulmão. O nódulo de Ghon é o primeiro granuloma tuberculoso. Geralmente ocorre na região subpleural do lobo médio (se for no pulmão direito) ou na região inferior do lobo superior ou superior do lobo inferior (se for no pulmão esquerdo), porque as regiões médias dos pulmões são as áreas mais arejadas (portanto, a probabilidade de chegarem bacilos aí é maior). Na grande maioria dos casos a lesão é pequena e de cura espontânea (detecção difícil). Aqui temos duas peças em que a lesão foi maior. Na de cima, a delimitação é boa, mas há necrose caseosa central. Na de baixo, a lesão é maior e sua delimitação é menos precisa. Se o paciente sobrevivesse, provavelmente evoluiria para uma caverna. Quando o indivíduo apresenta a lesão pulmonar e a lesão ganglionar satélite, dizemos que ele apresenta o complexo de Ghon ou complexo primário da tuberculose. Esse complexo é uma lesão pulmonar causada pela tuberculose. Nesse mesmo, a pessoa irá ter lesões que consistem em focos de infecção calcificados e nódulos linfáticos associados. Esse complexo, ocorre mais comumente em crianças, só que ela pode ressurgir na velhice também,podendo abrigar bactérias que servem de fonte de infecção a longo prazo. Elaé muito conhecida pelo fato de estar associada à tuberculose primária. Imagem 1: Complexo de Ghon, caracterizado por lesão no parênquima pulmonar (seta), associado a linfonodomegalia hilar (cabeça de seta). Imagem 2: O conjunto das duas lesões é chamado lesão em halteres (complexo primário), pois lembra as bolas de um haltere com a barra (não visível) representando a via linfática de disseminação. IMPORTÂNCIA CLÍNICA O complexo de Ghon se forma pela associação entre o foco de Ghon, o qual representa um foco de lesão calcificada no tecido pulmonar causada pela tuberculose, acompanhado de uma linfadenopatia hilar ou paratraqueal. Como esse complexo, mantem bactérias viáveis, transformando-as em fontes de infecções de longo prazo podendo ou não ser reativado e desencadear a tuberculose secundaria ao passar dos anos. Por isso, é necessário identificar esses achados para que o manejo adequado de tuberculose seja conduzido e que a doença não volte a reincidir na forma secundaria. O aparecimento do Complexo de Ghon nos pulmões é um sinal de infecção tuberculosa primária. Isso significa que o indivíduo foi exposto ao Mycobacterium tuberculosis e desenvolveu uma resposta imunológica à infecção. É crucial reconhecer esse sinal para iniciar o tratamento adequado e monitorar o paciente para evitar a progressão para a tuberculose ativa. O Complexo de Ghon pode ser identificado em exames de imagem, como radiografias de tórax. Essas imagens ajudam os profissionais de saúde a diagnosticar a tuberculose e monitorar a resposta ao tratamento. Além disso, o acompanhamento do complexo de Ghon ao longo do tempo pode ajudar a determinar se a infecção está progredindo ou permanece inativa. Embora muitos casos de Complexo de Ghon permaneçam latentes e não causem sintomas significativos, há um risco de que a infecção se torne ativa e cause tuberculose. Portanto, é essencial acompanhar de perto os pacientes com Complexo de Ghon e fornecer tratamento preventivo, se necessário, para evitar complicações futuras. Identificar e tratar precocemente a infecção tuberculosa primária, indicada pelo Complexo de Ghon, é fundamental para o controle da transmissão da doença. O tratamento eficaz não apenas ajuda a curar o paciente, mas também reduz o risco de disseminação da tuberculose para outras pessoas na comunidade. REFERÊNCIAS: Kumar, Vinay, et al. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. Norris, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2021.