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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA GRUPO MULTIVIX A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacan- do-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conheci- mento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 instituições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquis - taram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida nacionalmente como refe- rência em qualidade educacional. 2 APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter esco- lhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cacho- eiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-gradu- ação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na modalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprovada pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo entre as 100 melhores do País, a Multivix preo- cupa-se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, procura fazer a sua parte, investindo em projetos sociais, ambientais e na promoção de oportunidades para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! - R E I T O R APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Aluno(a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por você ter escolhido a Multi- vix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de quali- dade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na modalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprovada pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo entre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa-se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, procura fazer a sua parte, investindo em projetos sociais, ambientais e na promoção de oportunidades para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir com nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multi- vix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor Executivo do Grupo Multivix Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor Executivo do Grupo Multivix 3 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 4 BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) Valeria Antonia Pereira, Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva / Pereira - Multivix, 2024. Catalogação: Biblioteca Central Multivix 2024 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 5 Lista de Quadros UNIDADE 1 Quadro 1: Processo de enfermagem 35 UNIDADE 3 Quadro 1: Modelo de Indicador 74 Quadro 2: Metas internacionais de segurança do paciente 77 Quadro 3: Protocolos de segurança 80 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 6 Lista de Figuras UNIDADE 1 Figura 1: Leitos de Unidade de Terapia Intensiva 21 Figura 2: Assistência ao paciente em UTI 23 Figura 3: Tecnologias em UTI 24 Figura 4: Prontuário eletrônico 26 Figura 5: UTI Neonatal 30 Figura 6: Treinamento dos profissionais 36 UNIDADE 2 Figura 1: Hemodinâmica 43 Figura 2: Marcapasso interno 45 Figura 3: Cateter de Sawn-Ganz. 47 Figura 4: Representação de bactérias patogênicas 50 Figura 5: Pneumonia 50 Figura 6: Exame de PCR 56 Figura 7: Materiais processados 59 UNIDADE 3 Figura 1: Bioética e UTI 66 Figura 2: Representação do cuidado humanizado 67 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 7 Figura 3: Enfermagem e Humanização 69 Figura 4: Visitação a paciente 71 UNIDADE 4 Figura 1: Tecnologia em Doenças vasculares 87 Figura 2: Doença da artéria coronária 89 Figura 3: Monitorização cardíaca 90 Figura 4: Ventilação invasiva 95 Figura 5: Pneumonia 96 Figura 6: Sistema circulatório 100 Figura 7: Massagem cardíaca 104 UNIDADE 5 Figura 1: Abdome agudo 110 Figura 2: Exame físico 111 Figura 3: Tomografia 113 Figura 4: Alimentação 116 Figura 5: Assistência de Enfermagem 121 Figura 6: Glicemia capilar 124 Figura 7: Gasometria 125 UNIDADE 6 Figura 1: Doença renal 131 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 8 Figura 2: Terapia renal substitutiva 136 Figura 3: Exame do sangue 138 Figura 4: Transfusão 139 Figura 5: Acidentes vascular cerebral 143 Figura 6: Sedação 149 9 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Sumário APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 16 UNIDADE 1 1 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 19 1.1 NECESSIDADES ESTRUTURAIS, DE EQUIPAMENTOS E MATERIAIS – LEGISLAÇÃO NO ÂMBITO DA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE CRÍTICO 19 1.1.1 AMBIENTE DA UTI: ESTRUTURA FÍSICA E EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA SEU FUNCIONAMENTO 20 1.1.2 PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES REGULAMENTADORAS EM UTI 22 1.2 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS E ÍNDICES PROGNÓSTICOS EM UTI 24 1.2.1 USO DAS TECNOLOGIAS NAS UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA 25 1.2.2 ÍNDICES PROGNÓSTICOS E SUA APLICAÇÃO NA PRÁTICA CLÍNICA (APACHE, SOFA, TISS, SAPS, MODS, MPM E NAS) 28 1.3 UTI PEDIÁTRICA E NEONATAL 29 1.3.1 CARACTERÍSTICAS NA ESTRUTURAincidência de infecções hospitalares em UTIs. Dessa forma, a equipe de enfermagem desempenha um papel ativo, garantindo que todas as etapas de processamento sejam realizadas de acordo com as normas estabelecidas, minimizando riscos para os pacientes e para os próprios profissionais de saúde. 2.4.1 CRITICIDADE DE MATERIAIS E TIPOS DE PROCESSAMENTO A classificação dos materiais utilizados em UTIs é essencial para definir o nível adequado de processamento, evitando a contaminação cruzada e a disseminação de patógenos. • Os materiais críticos são aqueles que entram em contato com tecidos estéreis ou com o sistema vascular, como catéteres venosos centrais e instrumentos cirúrgicos, exigindo esterilização completa antes de seu uso. • Materiais semicríticos, como sondas respiratórias e endoscópios, entram em contato com membranas mucosas ou pele não íntegra, e, por isso, necessitam de um alto nível de desinfecção. • Já os materiais não críticos, como estetoscópios e monitores, entram em contato apenas com pele íntegra e requerem uma desinfecção de baixo nível para assegurar a segurança dos pacientes (Padilha et al., 2014). Essa classificação orienta os profissionais de enfermagem a aplicarem os métodos corretos para cada tipo de equipamento, minimizando os riscos de infecção. 60 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 7: Materiais processados Fonte: Veltier, Shutterstock, 2024 #PraTodosVerem: Fotografia colorida de prateleiras de uma estante de metal cinza de um arsenal com materiais estéreis embalados e identificados. 61 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Os métodos de esterilização variam de acordo com a criticidade dos mate- riais e o tipo de patógeno que pode estar presente. Para os materiais críticos, a esterilização em autoclave é o método mais comum, utilizando calor úmido sob alta pressão para eliminar todos os microrganismos. Em casos em que o material não pode ser submetido a altas temperaturas, como os endoscópios, a esterilização química com subs- tâncias como óxido de etileno é indicada (Murakami; Santos, 2017). A escolha correta do método de esterilização é essencial para garantir que o material esteja seguro para uso no paciente, sem comprometer sua integri- dade ou funcionalidade. Os materiais semicríticos, que não necessitam de esterilização completa, são submetidos a processos de desinfecção de alto nível. Substâncias químicas como glutaraldeído e ácido peracético são frequentemente utilizadas para eliminar a maioria dos patógenos, com exceção de alguns esporos bacte- rianos. A desinfecção de baixo nível, destinada a materiais não críticos, pode ser realizada com o uso de soluções antissépticas menos potentes, como álcool a 70%, adequadas para superfícies e equipamentos que não entram em contato direto com tecidos vulneráveis (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). A desinfecção e a esterilização eficazes possibilitam o controle de infecções hospitalares, e os profissionais de enfermagem devem estar capacitados para escolher e aplicar corretamente cada método. Além do processamento de materiais, é importante que a equipe de enfer- magem monitore a manutenção e a limpeza dos equipamentos para garantir que continuem a operar de maneira segura e eficaz. Seguir as diretrizes de esterilização e desinfecção ajuda a prevenir a disseminação de microrga- nismos resistentes, um risco significativo em UTIs devido à exposição cons- tante dos pacientes a antibióticos e procedimentos invasivos (Padilha et al., 2014). Portanto, o conhecimento e a aplicação rigorosa das técnicas de processa- mento de materiais são essenciais para proteger a saúde dos pacientes e a segurança do ambiente hospitalar. 62 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva CONCLUSÃO A Unidade 2 - Prevenção de infecção e acidentes em UTI destacou a impor- tância de práticas rigorosas de controle de infecções e manejo seguro de procedimentos invasivos para garantir a segurança dos pacientes críticos. Discutimos a monitorização hemodinâmica, o acesso venoso central e a monitorização intracraniana, todos procedimentos que exigem cuidados meticulosos para evitar complicações. Além disso, exploramos os protocolos de prevenção de infecções, como a higienização das mãos, o uso adequado de EPIs e o processamento de mate- riais utilizados em UTI, reforçando a importância de seguir diretrizes base- adas em evidências. A sepse e o choque séptico, com seu manejo adequado e o uso racional de antibióticos, foram apresentados como desafios críticos, cuja intervenção rápida e eficaz pode salvar vidas. O objetivo central da unidade, que é capacitar os profissionais de enfer- magem a implementar estratégias que previnam infecções e acidentes, foi reafirmado à medida que abordamos como cada prática discutida contribui diretamente para a segurança e a recuperação dos pacientes, tornando a UTI um ambiente mais controlado e eficaz no tratamento de condições graves. 63 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais desse tema, leia os artigos a seguir. 1. DIAS, F. S. et al. Monitorização hemodinâmica em unidade de terapia intensiva: uma perspectiva do Brasil. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, [s. l.], v. 26, n. 4, p. 360-366, 2014. Disponível em: https://doi. org/10.5935/0103-507X.20140055. Acesso em: 9 out. 2024. 2. EVANS, L. et al. Campanha de sobrevivência à sepse: diretrizes interna- cionais para o manejo da sepse e choque séptico. Critical Care Medi- cine, [s. l.], v. 49, n. 11, nov. 2021. Disponível em: https://sccm.org/sccm/ media/PDFs/Surviving-Sepsis-Campaign-2021-Portuguese-Translation. pdf. Acesso em: 9 out. 2024. 3. OLIVEIRA, A. C. et al. Infecções relacionadas à assistência em saúde e gravidade clínica em uma unidade de terapia intensiva. Revista Gaúcha de Enfermagem, [s. l.], v. 33, n. 3, p. 89-96, 2012. Disponível em: https://doi. org/10.1590/S1983-14472012000300012. Acesso em: 9 out. 2024. 4. OLIVEIRA, C. S.; PACHECO, T. P.; OLIVEIRA, D. M. O uso indiscriminado de antibióticos em UTI. Research, Society and Development, [s. l.], v. 11, n. 15, 2022. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/down- load/37479/31230/412611. Acesso em: 9 out. 2024. 5. VÍDEOS orientações de prevenção de infecções em UTI. Tecnologia e Inovação em Saúde, [s. l.], 2020. Disponível em: https://tis.ufpr.br/videos- -orientacoes-de-prevencao-de-infeccoes-em-uti/. Acesso em: 9 out. 2024. https://doi.org/10.5935/0103-507X.20140055 https://doi.org/10.5935/0103-507X.20140055 https://sccm.org/sccm/media/PDFs/Surviving-Sepsis-Campaign-2021-Portuguese-Translation.pdf https://sccm.org/sccm/media/PDFs/Surviving-Sepsis-Campaign-2021-Portuguese-Translation.pdf https://sccm.org/sccm/media/PDFs/Surviving-Sepsis-Campaign-2021-Portuguese-Translation.pdf https://doi.org/10.1590/S1983-14472012000300012 https://doi.org/10.1590/S1983-14472012000300012 https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/download/37479/31230/412611 https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/download/37479/31230/412611 https://tis.ufpr.br/videos-orientacoes-de-prevencao-de-infeccoes-em-uti/ https://tis.ufpr.br/videos-orientacoes-de-prevencao-de-infeccoes-em-uti/ Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 64 OBJETIVOS Ao final desta unidade, esperamos que possa: Aplicar os princípios éticos na tomada de decisão em UTI. Desenvolver pensamento crítico sobre a humanização da assistência de saúde ao cliente crítico. Conhecer as principais estratégias de gestão da qualidade. UNIDADE 3 65 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 3 HUMANIZAÇÃO E PRINCÍPIOS BIOÉTICA NA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE CRÍTICO A humanização e os princípios bioéticos são pilares fundamentais na assis- tência ao paciente crítico, especialmente no ambiente de terapia intensiva, em que a tomada de decisões éticas e o cuidado humanizado são indispen- sáveis para garantira dignidade e o bem-estar do paciente. Nesta unidade, você terá a oportunidade de explorar como esses conceitos se aplicam à prática de enfermagem, compreendendo a importância da autonomia do paciente, do consentimento informado, da confidencialidade e do respeito à privacidade. Ao final do estudo, esperamos que possa aplicar esses princípios no cuidado diário, promovendo uma assistência que valo- rize tanto a segurança quanto a humanização, elementos essenciais para o enfrentamento de dilemas éticos em cenários críticos. A discussão dos temas de bioética e humanização se conecta com tópicos abordados anteriormente, como as responsabilidades no gerenciamento de risco e segurança, e prepara o terreno para futuras discussões sobre proto- colos assistenciais e a comunicação em emergências. Nesta unidade, serão aprofundados temas como o cuidado humanizado, a gestão de visitas abertas e a promoção da segurança, oferecendo uma visão completa das necessidades emocionais e éticas no cuidado intensivo. 3.1 PRINCÍPIOS DE BIOÉTICA NAS RELAÇÕES E NA PRÁTICA PROFISSIONAL. Os princípios de bioética são centrais para guiar as relações e práticas profis- sionais na enfermagem, especialmente em ambientes de terapia intensiva, nos quais decisões éticas complexas surgem com frequência. Conceitos como autonomia, consentimento informado, confidencialidade e justiça devem ser aplicados para garantir que as decisões respeitem a dignidade e os direitos dos pacientes, mesmo em situações de grande vulnerabilidade (Murakami; Santos, 2017). 66 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva No contexto da UTI, em que os pacientes muitas vezes estão incapacitados de tomar decisões por conta própria, o consentimento informado precisa ser obtido de forma clara e respeitosa, refletindo a valorização da autonomia individual (Padilha et al., 2014). Figura 1: Bioética e UTI Fonte: Panchenko Vladimir, Shutterstock, 2023. #PraTodosVerem: Fotografia colorida com elementos interativos de uma pessoa movimen- tando ícones de conectividade, como malhete de juiz, balança da justiça, mãos acolhendo um coração, dentro de quadrados ligados por linhas; ao centro, lê-se “código de conduta”, simbolizando a integração dos ícones para formação do código de conduta. Além disso, o respeito à privacidade e à confidencialidade é um aspecto ético e legal que o enfermeiro deve observar rigorosamente no manejo de informações pessoais e de saúde dos pacientes (Viana; Torre, 2017). Assim, a bioética atua como um guia que equilibra o cuidado técnico com a consideração pelos valores e direitos dos pacientes, criando uma assistência que integra tanto as necessidades clínicas quanto as morais e humanas envolvidas no cuidado crítico. 67 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 3.1.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS E LEGAIS NA PRÁTICA DA ENFER- MAGEM EM UTI Na prática da enfermagem em UTI, as considerações éticas e legais envolvem um cuidado constante com a autonomia do paciente, especialmente em situações em que sua capacidade de decisão pode estar comprometida. A autonomia, enquanto princípio bioético, preconiza o respeito pelas escolhas individuais, garantindo que o paciente tenha participação ativa em deci- sões que afetam sua saúde, mesmo em contextos críticos como o da UTI (Murakami; Santos, 2017). Figura 2: Representação do cuidado humanizado Fonte: Andrei_R, Shutterstock, 2021. #PraTodosVerem: Fotografia colorida mostra as mãos de um profissional da saúde segu- rando as mãos de um paciente durante atendimento. No entanto, em muitos casos, o paciente encontra-se em estado de incons- ciência ou sedação profunda, o que impossibilita a manifestação de sua vontade. Nesses casos, o consentimento informado, obtido previamente ou por meio de representantes legais, torna-se um instrumento indispensável para assegurar que as decisões de cuidado sejam baseadas nos desejos previamente expressos pelo paciente, garantindo uma prática que respeite sua autonomia e integridade moral (Padilha et al., 2014). 68 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva A confidencialidade e a privacidade também desempenham papel funda- mental na prática ética de enfermagem em UTI. O ambiente intensivo muitas vezes expõe os pacientes a uma maior vulnerabilidade no que diz respeito ao compartilhamento de informações sensíveis, como dados de saúde e condi- ções clínicas. A confidencialidade, nesse contexto, não é apenas um dever ético, mas também uma exigência legal, protegida por legislações como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil (Viana; Torre, 2017). Quando a privacidade do paciente é violada, seja por negligência no manejo de informações, seja por descuidos no ambiente hospitalar, as implicações éticas e legais podem ser graves, comprometendo tanto a segurança do paciente quanto a confiança entre equipe de saúde e familiares (Freitas, 2018). Portanto, o cuidado ético em UTI requer um equilíbrio entre a tomada de decisões rápidas e eficazes, muitas vezes urgentes, e o respeito a princípios bioéticos como a autonomia, a confidencialidade e a privacidade. Os enfer- meiros, ao atuarem em um ambiente de alta complexidade, devem estar atentos a esses princípios e buscar constante atualização sobre as norma- tivas legais que regulamentam a prática profissional. Reflita Em situações em que o paciente da UTI não pode expressar sua vontade, como os profissionais de enfermagem podem garantir que o princípio da autonomia seja respeitado ao tomar decisões críticas? Ao promover o consentimento informado e assegurar o sigilo das infor- mações, o enfermeiro não apenas garante o bem-estar do paciente, mas também fortalece sua prática profissional com base em princípios éticos sólidos e em conformidade com as diretrizes legais (Murakami; Santos, 2017; Padilha et al., 2014; Freitas, 2018). 69 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 3.2 HUMANIZAÇÃO A humanização na assistência ao paciente crítico é um conceito que busca equilibrar a alta tecnicidade do cuidado em UTI com práticas que valorizam o aspecto humano e emocional do tratamento. Nesse contexto, a humani- zação envolve não apenas o cuidado com o paciente, mas também o suporte à família, a comunicação empática e o acolhimento diante de uma situação de vulnerabilidade extrema (Viana; Torre, 2017). Figura 3: Enfermagem e Humanização Fonte: PeopleImages.com - Yuri A, Shutterstock, 2024 #PraTodosVerem: A imagem mostra uma enfermeira de costas, abraçando de forma afetuosa uma idosa que está sorrindo. O enfermeiro, ao adotar uma abordagem humanizada, reconhece a singu- laridade de cada paciente, respeitando suas necessidades, medos e expec- tativas, ao mesmo tempo em que colabora com a equipe para garantir um atendimento centrado na pessoa e não apenas na doença (Viana; Torre, 2017). Além disso, a humanização inclui práticas como a visita aberta, que permite maior proximidade entre paciente e familiares, trazendo benefícios emocio- nais tanto para o internado quanto para seus entes queridos (Freitas, 2018). 70 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Esse enfoque humanizado não é apenas uma escolha ética, mas uma estratégia que pode influenciar positivamente a recuperação, gerando um ambiente de cuidado mais acolhedor e respeitoso. 3.2.1 O CUIDADO HUMANIZADO O cuidado humanizado em UTI valoriza profundamente a comunicação clara e empática entre a equipe de enfermagem, o paciente e seus familiares. Em ambientes críticos, essa comunicação é essencial para diminuir a ansiedade, fornece orientações seguras e transmitir confiança. Uma comunicação efetiva, que escuta as preocupações e acolhe as necessi- dades emocionais, contribui diretamente para a humanização do cuidado. Quando a enfermagem é capaz de comunicar informações complexas de maneira acessível e empática, o processo de tomada de decisão torna-se mais colaborativo, facilitandotanto o entendimento da família quanto a cooperação do paciente, mesmo em condições de vulnerabilidade (Viana; Torre, 2017). Além da comunicação, o cuidado humanizado também envolve a adoção de práticas que estejam centradas no paciente. Esse conceito, segundo Murakami e Santos (2017), propõe que a assistência deve ser personalizada, integrando não apenas os aspectos clínicos, mas também os valores, crenças e desejos individuais de cada paciente. No ambiente de UTI, em que frequentemente o paciente está incapacitado de expressar suas vontades, é responsabilidade do enfermeiro garantir que as decisões de cuidado respeitem a individualidade e as preferências previa- mente estabelecidas. O cuidado centrado no paciente envolve, ainda, uma maior participação da família no processo assistencial, o que é fundamental para a manutenção de uma abordagem humanizada e ética (Viana; Torre, 2017). Práticas como a visita aberta exemplificam a humanização no contexto de UTI, permitindo que os familiares acompanhem de perto o tratamento, o que fortalece o vínculo entre a equipe de saúde e os entes queridos do paciente (Freitas, 2018). 71 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Saiba Mais O artigo “Percepções da equipe de enfermagem acerca da humanização em terapia intensiva” explora as visões dos profissionais de saúde sobre a importância de práticas humanizadas em ambientes de alta tecnologia, como as UTIs. O estudo aborda a relação entre o cuidado técnico e a comunicação humanizada com pacientes e familiares. Fonte: CASTRO, A. R. et al. Percepções da equipe de enfermagem acerca da humanização em terapia inten- siva. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, [s. l.], v. 32, 2019. Disponível em: https://ojs.unifor.br/RBPS/article/ view/8668/pdf. Acesso em: 5 nov. 2024. Essa proximidade não só oferece suporte emocional à família, mas também contribui para que o paciente se sinta amparado, mesmo em momentos de maior fragilidade. Ao integrar uma comunicação efetiva com um cuidado centrado no paciente, a enfermagem promove um ambiente terapêutico mais acolhedor e respeitoso, atendendo tanto às necessidades físicas quanto emocionais de todos os envolvidos no processo de cuidado (Viana; Torre, 2017; Freitas, 2018). 3.2.2 VISITA ABERTA EM UTI A visita aberta na UTI, uma prática cada vez mais adotada, tem impactos significativos no bem-estar emocional do paciente crítico e de seus fami- liares. Ao permitir a proximidade contínua entre pacientes e familiares, essa prática contribui para a redução da ansiedade e do medo, favorecendo uma sensação de segurança e conforto emocional para o paciente. https://ojs.unifor.br/RBPS/article/view/8668/pdf https://ojs.unifor.br/RBPS/article/view/8668/pdf 72 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 4: Visitação a paciente Fonte: Halfpoint, Shutterstock, 2024 #PraTodosVerem: A imagem mostra um homem à beira da cama visitando uma criança deitada em um leito de hospital em uso de oxigenioterapia. Segundo Viana e Torre (2017), a presença dos familiares pode diminuir a sensação de isolamento e desamparo vivenciada no ambiente de terapia intensiva, especialmente em pacientes que enfrentam longos períodos de internação. Além disso, para os familiares, a possibilidade de estar presente ao lado do ente querido proporciona alívio emocional e um sentimento de participação ativa no cuidado, fatores que podem minimizar o sofrimento causado pela hospitalização prolongada (Freitas, 2018). Entretanto, apesar dos benefícios emocionais, a visita aberta em UTI também apresenta desafios que precisam ser cuidadosamente gerenciados pela equipe de enfermagem. A presença de familiares, em alguns casos, pode interferir nas rotinas da equipe, além de gerar desgaste emocional 73 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva em pacientes que estão em condições clínicas delicadas e necessitam de repouso e estabilidade (Viana; Torre, 2017). Para minimizar esses desafios, é essencial que a equipe estabeleça proto- colos claros para a visitação, equilibrando a necessidade de proximidade afetiva com as demandas de segurança e saúde no ambiente crítico. O geren- ciamento adequado da visita aberta exige que os profissionais de saúde mantenham uma comunicação transparente e orientadora, garantindo que os familiares compreendam as limitações impostas por certas condições clínicas e os cuidados necessários para preservar o bem-estar do paciente (Murakami; Santos, 2017). O gerenciamento da visita aberta em cenários críticos, portanto, deve ser bem planejado e adaptado às especificidades de cada paciente. O estabe- lecimento de horários flexíveis, combinado com protocolos de higienização e restrições em situações de risco de infecção, são estratégias eficazes para manter um ambiente seguro sem comprometer a humanização do cuidado (Freitas, 2018). Curiosidade Curiosamente, políticas de “portas abertas” em UTIs, comuns em países como Suécia e Reino Unido, oferecem benefícios significativos aos pacientes e familiares. Estudos mostram que a flexibilização dos horários de visita melhora a satisfação, reduz a ansiedade e favorece a recuperação, sem aumentar o risco de infecções (Viana; Torre, 2017). Além disso, a equipe de enfermagem desempenha um papel central na mediação entre as necessidades do paciente e as expectativas dos fami- liares, sendo necessária uma abordagem empática e colaborativa para asse- gurar que o ambiente da UTI permaneça seguro e acolhedor. A organização e o controle da visita aberta não apenas favorecem o bem-estar emocional, mas também melhoram a qualidade da assistência ao promover uma abor- dagem mais humanizada e centrada no paciente (Viana; Torre, 2017). 74 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 3.3 QUALIDADE E INDICADORES ASSISTENCIAIS A busca pela qualidade na assistência de enfermagem em UTI é um aspecto que envolve tanto a segurança do paciente quanto a eficiência dos processos assistenciais. A qualidade do atendimento está intimamente ligada à utili- zação de indicadores assistenciais, que permitem monitorar e avaliar o desempenho das práticas adotadas, identificando áreas que necessitam de aprimoramento e garantindo que o cuidado prestado seja seguro e baseado em evidências (Hinkle; Cheever, 2019). Quadro 1: Modelo de Indicador Elaborada pela autora, 2024. #PraTodosVerem: Exemplo de cálculo de taxa de IRAS, utilizado para acompanhar a infecção hospitalar de um serviço de saúde. O cálculo diz que a Taxa de IRAS é igual ao número de casos de IRAS vezes 100, dividido pelo total de saídas. Esses indicadores, que incluem aspectos como taxas de infecção, mortali- dade e complicações, são ferramentas valiosas para a gestão da UTI, pois possibilitam uma visão objetiva dos resultados alcançados e orientam as decisões de melhoria contínua (Viana; Torre, 2017). Além disso, a adoção de protocolos baseados em indicadores assistenciais permite que a equipe de enfermagem identifique rapidamente desvios nos processos e implemente ações corretivas, sempre focando a promoção da segurança e o bem-estar do paciente (Freitas, 2018) 75 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 3.3.1 QUALIDADE HOSPITALAR E PROCESSOS DE AVALIAÇÃO A qualidade hospitalar, especialmente no contexto da UTI, é constantemente avaliada por meio de ferramentas e processos específicos que ajudam a garantir a segurança e a eficácia dos cuidados prestados. Entre essas ferramentas, destacam-se as auditorias internas e os checklists de boas práticas, que oferecem uma maneira estruturada de monitorar e ajustar as rotinas assistenciais. Auditorias internas permitem que a equipe de saúde revise seus procedi- mentos à luz de normas e padrões previamente estabelecidos, identificando áreas que precisam de ajustes. Já os checklists, que incluem protocolos para prevenção de infecções e controle de medicamentos, auxiliam na uniformi-zação dos processos e no cumprimento das melhores práticas assistenciais, o que contribui para um atendimento mais seguro e padronizado (Viana; Torre, 2017). Os processos de avaliação da qualidade em UTI também estão fortemente ligados à implementação de protocolos de melhoria contínua. A melhoria contínua envolve uma análise frequente dos resultados assistenciais, como taxas de infecção, mortalidade e complicações, seguida da adaptação de práticas clínicas com base nas evidências científicas mais atuais (Viana; Torres, 2017). Essa abordagem permite que a equipe de enfermagem faça ajustes proativos nos cuidados oferecidos, sempre focando a minimização de riscos e a otimização da saúde do paciente. A avaliação periódica dos indicadores de qualidade possibilita um ciclo cons- tante de aprimoramento, no qual as intervenções são revistas e refinadas à medida que novos dados são coletados e analisados (Hinkle; Cheever, 2019). Adotar essas estratégias de avaliação e melhoria contínua, além de promover a qualidade assistencial, fortalece a cultura de segurança dentro da UTI. Como observado por Freitas (2018), a equipe que participa ativamente desses processos de avaliação torna-se mais consciente de suas práticas e dos resultados esperados, o que facilita a implementação de mudanças quando necessário. 76 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva A melhoria contínua não só reforça a segurança do paciente, mas também incentiva uma prática de enfermagem mais reflexiva e baseada em evidên- cias, promovendo uma assistência alinhada às melhores práticas de saúde. 3.3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS INDICADORES UTILIZADOS EM UTI Na UTI, os indicadores de resultado clínico são instrumentos fundamentais para avaliar a qualidade do cuidado prestado e monitorar o impacto das intervenções realizadas. Esses indicadores, que incluem desfechos como taxas de mortalidade, incidência de infecções e complicações associadas ao tratamento, oferecem uma visão objetiva sobre o estado de saúde dos pacientes e a eficácia das práticas adotadas pela equipe de enfermagem (Viana; Torre, 2017). O acompanhamento contínuo desses dados permite não apenas identificar problemas no cuidado, mas também desenvolver estratégias para a redução de eventos adversos, promovendo um atendimento mais seguro. Segundo Hinkle e Cheever (2019), a análise dos indicadores de resultado é vital para assegurar que o tratamento oferecido esteja alinhado com as melhores evidências e para direcionar melhorias na assistência clínica. Além dos indicadores de resultado clínico, os indicadores de processo também desempenham um papel importante na avaliação da qualidade assistencial. Esses indicadores avaliam a adesão da equipe de saúde aos protocolos estabelecidos, como os protocolos de prevenção de infecções e de segurança no manejo de medicamentos. A observância dessas práticas é essencial para garantir a padronização do cuidado e minimizar a ocorrência de erros (Freitas, 2018). Indicadores como o tempo de resposta a emergências e a aplicação correta dos procedimentos de higienização são exemplos de métricas que impactam diretamente a segurança dos pacientes. O monitoramento desses indicadores de processo possibilita identificar falhas no fluxo de trabalho e ajustar as práticas para garantir a consistência do cuidado prestado (Viana; Torre, 2017). 77 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva A integração de indicadores de resultado clínico e de processo fornece uma visão abrangente do desempenho assistencial na UTI, promovendo uma cultura de melhoria contínua e segurança. Ao combinar o monitoramento dos desfechos dos pacientes com a análise da execução dos processos internos, a equipe de enfermagem consegue não apenas avaliar a qualidade do cuidado oferecido, mas também implementar mudanças que elevam o padrão da assistência (Murakami; Santos, 2017). Esse acompanhamento regular garante que os protocolos sejam seguidos de maneira eficaz e que as intervenções adotadas tragam resultados posi- tivos, contribuindo para a otimização do ambiente de cuidado e a proteção dos pacientes mais vulneráveis (Freitas, 2018). 3.4 SEGURANÇA DO PACIENTE E GERENCIAMENTO DE RISCO A segurança do paciente e o gerenciamento de risco são pilares da assis- tência de enfermagem em UTI, visando minimizar a ocorrência de eventos adversos e garantir um ambiente seguro para o cuidado. Em um cenário de alta complexidade, em que intervenções invasivas e decisões rápidas são constantes, a identificação e mitigação de riscos tornam-se ainda mais desa- fiadoras e necessárias. Segundo Freitas (2018), a criação de uma cultura de segurança, em que a equipe é treinada para reconhecer e reportar incidentes, é vital para reduzir erros e melhorar a qualidade do cuidado. O gerenciamento de risco envolve, portanto, não apenas a aplicação de protocolos de segurança, mas também o monitoramento contínuo de práticas, a fim de promover melhorias e evitar falhas no sistema de cuidado (Hinkle; Cheever, 2019). 78 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Quadro 2: Metas internacionais de segurança do paciente Adaptada de Metas…, 2021. #PraTodosVerem: Esquema representativo das seis metas internacionais de segurança do paciente em todo o mundo, fomentada pela Organização Mundial da Saúde. Estão organi- zadas de forma numerada e com cores distintas para cada meta. As metas são as seguintes: 1 – Identificar corretamente o paciente; 2– Melhorar a comunicação entre os profissionais da saúde; 3 – Melhorar a prescrição, o uso e a administração de medicamentos; 4 – Assegurar cirurgia em local de intervenção, procedimento e paciente correto; 5 – Higienizar as mãos para evitar infecção; 6 – Reduzir o risco de quedas e de lesão por pressão. 79 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Esse processo proativo exige atuação conjunta de todos os profissionais de saúde, assegurando que as intervenções sejam realizadas de forma segura e que o paciente receba uma assistência eficaz e humanizada (Viana; Torre, 2017). 3.4.1 ESTRATÉGIAS DE PROMOÇÃO PARA CULTURA DE SEGU- RANÇA A promoção de uma cultura de segurança na UTI começa com a identifi- cação e notificação de eventos adversos. A detecção precoce de incidentes, como erros de medicação ou falhas nos procedimentos, é essencial para prevenir danos ao paciente e para implementar melhorias nos processos assistenciais. A criação de um ambiente em que a equipe de enfermagem se sinta enco- rajada a relatar esses eventos sem medo de punições é um dos pilares para a construção dessa cultura. A notificação dos incidentes permite uma análise detalhada das causas e facilita a adoção de medidas corretivas, evitando a repetição dos erros e promovendo um cuidado mais seguro (Freitas, 2018). Ao tratar cada evento adverso como uma oportunidade de aprendizado, a UTI pode melhorar continuamente suas práticas e protocolos, minimizando riscos e aprimorando a qualidade da assistência prestada (Viana; Torre, 2017). Além da notificação, o treinamento contínuo da equipe de enfermagem em práticas de segurança é outro aspecto central para a manutenção de um ambiente seguro. Em um cenário de alta complexidade como a UTI, no qual as situações podem mudar rapidamente, é essencial que os profissio- nais estejam sempre atualizados sobre as melhores práticas e protocolos de segurança (Hinkle; Cheever, 2019). 80 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Quadro 3: Protocolos de segurança Adaptada de Brasil, 2020. #PraTodosVerem: A imagem ilustra um ciclo dos 9 certos da Administração de Medica- mentos. No centro, em uma caixa, está o título “9 certos da Administração de medica- mentos”. Ao redor desse título, em uma disposição circular, estão as etapas que devem ser seguidas para garantir a administração segura de medicamentos, em sentido horário: Paciente certo; Medicamento certo; Via certa; Hora certa;.Dose certa; Registro certo; Orien- tação certa; Forma certa; Resposta certa. As setas conectam cada etapa em uma sequência contínua, enfatizando que todos esses fatores são interligados e essenciais para a adminis- tração correta e segura de medicamentos aos pacientes. Treinamentos regulares não só fortalecem o conhecimento técnico, mas também ajudam a padronizar procedimentos, garantindo que todos os membros da equipe estejam alinhados com as diretrizes mais recentes de segurança e gerenciamento de risco. A educação permanente em saúde 81 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva deve ser uma prática institucionalizada, pois a capacitação contínua forta- lece a confiança dos profissionais e contribui para a redução de erros no cuidado (Viana; Torre, 2017). A combinação entre a notificação de eventos adversos e o treinamento contínuo formam a base de uma cultura de segurança robusta, na qual a equipe de enfermagem está equipada para reconhecer riscos e agir de forma preventiva. Esse ciclo de aprendizado contínuo e atualização cons- tante promove uma assistência de maior qualidade e segurança, garantindo que os pacientes da UTI recebam o cuidado adequado em um ambiente que minimiza a ocorrência de falhas (Freitas, 2018). Ao incorporar essas estratégias de forma sistemática, a UTI se torna um espaço que valoriza não apenas o cuidado técnico, mas também a segu- rança e o bem-estar dos pacientes e profissionais. 3.4.2 GESTÃO DE RISCO A gestão de risco na UTI é uma prática que visa identificar, avaliar e mitigar os potenciais riscos que podem comprometer a segurança do paciente crítico. A análise de risco envolve uma avaliação contínua dos processos assisten- ciais, com o objetivo de antecipar possíveis falhas e implementar medidas preventivas. A capacidade de reconhecer riscos, como erros de medicação, falhas no manuseio de equipamentos ou inconsistências nos protocolos, permite que a equipe de enfermagem atue de forma proativa, minimizando danos e aumentando a segurança (Viana; Torre, 2017). A prevenção de erros está diretamente ligada à adoção de práticas base- adas em evidências, que garantem que as intervenções sejam realizadas de maneira precisa e segura. Segundo Freitas (2018), a análise regular dos eventos ocorridos e a implementação de medidas corretivas são fundamen- tais para reduzir a probabilidade de incidentes futuros. Além da análise manual e dos processos de mitigação de risco, o uso de tecnologias avançadas tem se mostrado um recurso eficaz no aprimora- mento da gestão de risco na UTI. 82 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Sistemas de monitoramento contínuo, por exemplo, permitem a detecção em tempo real de alterações no estado do paciente, enquanto alertas auto- matizados podem sinalizar rapidamente situações de risco, como o uso incorreto de medicamentos ou alterações nos parâmetros vitais (Hinkle; Cheever, 2019). Essas ferramentas tecnológicas oferecem à equipe de enfermagem um suporte adicional, facilitando a identificação de problemas antes que eles se tornem críticos. A integração dessas tecnologias nos processos de trabalho contribui não só para a prevenção de erros, mas também para a melhoria da eficiência e rapidez das intervenções, garantindo uma resposta mais ágil e segura (Viana; Torre, 2017). Atenção A qualidade dos cuidados de saúde e a segurança do paciente dependem de ferramentas que estabeleçam conexões claras entre intervenções e resultados. Como afirma um dogma de gestão: ‘O que não se pode medir, não se pode melhorar’. A informatização dos registros de enfermagem é essencial para capturar e analisar dados, minimizando incertezas e aumentando a eficiência no cuidado (Viana; Torre, 2017). O uso dessas tecnologias, combinado com uma cultura de segurança focada na prevenção de erros, fortalece a gestão de risco na UTI. Ao integrar tecno- logias com práticas assistenciais baseadas em evidências, a equipe de enfer- magem consegue identificar os fatores de risco de maneira mais eficaz, ao mesmo tempo em que desenvolve estratégias personalizadas para mitigar esses riscos (Freitas, 2018). Esse enfoque, que une tecnologia e análise sistemática, resulta em um ambiente de cuidado mais seguro e eficiente, em que a segurança do paciente é constantemente monitorada e aprimorada. 83 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva CONCLUSÃO Ao longo da Unidade 3 - Humanização e princípios bioética na assistência ao paciente crítico foram discutidos aspectos essenciais para a prática de enfermagem em UTI, como a aplicação dos princípios bioéticos, a impor- tância do cuidado humanizado e a promoção da segurança do paciente. Inicialmente, foi abordada a relevância da autonomia, o consentimento informado, a privacidade e a confidencialidade nas relações e nas decisões éticas em ambientes de alta complexidade. Em seguida, explorou-se a humanização do cuidado, com foco na comuni- cação empática e no cuidado centrado no paciente, destacando também os impactos emocionais e a gestão da visita aberta em UTI. Por fim, os tópicos de qualidade assistencial e segurança do paciente enfati- zaram o uso de indicadores clínicos e de processo, além de estratégias para promover uma cultura de segurança e de gerenciamento de risco, incluindo o uso de tecnologias no ambiente de cuidados intensivos. Em suma, a unidade reafirma que a prática de enfermagem em UTI deve equilibrar a excelência técnica com a ética, a humanização e a segurança, garantindo um atendimento integral e respeitoso ao paciente crítico. 84 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais desse tema, leia os materiais a seguir. 1. CAMARGO, M. M. et al. Mapeamento cruzado entre indicadores clínicos para a assistência em terapia intensiva e intervenções de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, [s. l.], v. 73, n. 6, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/dPV3h64TDRZ4wxWTNDHC9cK/?lang=p- t&format=pdf. Acesso em: 5 nov. 2024. 2. FELIX, Z. C. et al. O cuidar de enfermagem na terminalidade: observância dos princípios da bioética. Revista Gaúcha de Enfermagem, [s. l.], v. 35, n. 3, p. 97-102, set. 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rgenf/a/yqfxh- FNspxNMCTgfrxdXxTL/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 5 nov. 2024.. 3. MEDEIROS, A. C. et al. Integralidade e humanização na gestão do cuidado de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva. Revista da Escola de Enfermagem da USP, [s. l.], v. 50, n. 5, p. 817-823, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reeusp/a/rNrN8QYGBq65CLXrnQvcSPD/?lang=pt&- format=pdf. Acesso em: 5 nov. 2024. 4. MICHELAN, V. C. de A.; SPIRI, W. C. Percepção da humanização dos trabalhadores de enfermagem em terapia intensiva. Revista Brasileira de Enfermagem, [s. l.], v. 71, n. 2, p. 397-404, mar. 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/dFxvZ3XkkhzxJLRGZF3xZyR/?lang=pt&for- mat=html#. Acesso em: 5 nov. 2024. 5. VIEIRA, F. P. C.; GARCIA, P. C.; FUGULIN, F. M. T. Tempo de assistência de enfermagem e indicadores de qualidade em Unidade de Terapia Inten- siva pediátrica e neonatal. Acta Paulista de Enfermagem, [s. l.], v. 29, n. 5, p. 558-564, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ape/a/vT8VFpKK- Gy3bdPPDz6bSX3H/?lang=pt#. Acesso em: 5 nov. 2024. https://www.scielo.br/j/reben/a/dPV3h64TDRZ4wxWTNDHC9cK/?lang=pt&format=pdf https://www.scielo.br/j/reben/a/dPV3h64TDRZ4wxWTNDHC9cK/?lang=pt&format=pdf https://www.scielo.br/j/rgenf/a/yqfxhFNspxNMCTgfrxdXxTL/?lang=pt&format=pdf https://www.scielo.br/j/rgenf/a/yqfxhFNspxNMCTgfrxdXxTL/?lang=pt&format=pdf https://www.scielo.br/j/reeusp/a/rNrN8QYGBq65CLXrnQvcSPD/?lang=pt&format=pdf https://www.scielo.br/j/reeusp/a/rNrN8QYGBq65CLXrnQvcSPD/?lang=pt&format=pdf https://www.scielo.br/j/reben/a/dFxvZ3XkkhzxJLRGZF3xZyR/?lang=pt&format=html https://www.scielo.br/j/reben/a/dFxvZ3XkkhzxJLRGZF3xZyR/?lang=pt&format=html https://www.scielo.br/j/ape/a/vT8VFpKKGy3bdPPDz6bSX3H/?lang=pthttps://www.scielo.br/j/ape/a/vT8VFpKKGy3bdPPDz6bSX3H/?lang=pt Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 85 OBJETIVOS Ao final desta unidade, esperamos que possa: Diferenciar as complicações cardíacas das respiratórias. Implementar a assistência de enfermagem de forma assertiva através da SAE. Reconhecer a fisiologia da parada cardior- respiratória e descrever o processo de reani- mação. UNIDADE 4 86 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 4 ASSISTÊNCIA AO PACIENTE CRÍTICO COM DISFUNÇÃO CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA Esta unidade é essencial para aprender a lidar com complicações que exigem intervenções imediatas e precisas, típicas do ambiente de terapia intensiva. Ao longo do estudo, você será exposto a conhecimentos fundamentais para a prática clínica, como o monitoramento hemodinâmico, a assistência nas arritmias e nas insuficiências respiratórias, além do manejo de situações críticas, como choque e parada cardiorrespiratória. O objetivo principal é garantir que você consiga avaliar, diferenciar e aplicar intervenções de enfermagem baseadas em evidências para promover a esta- bilização do paciente crítico. Este conteúdo se conecta com as discussões anteriores sobre a organização da UTI e o controle de infecções, avançando para aspectos práticos que serão essenciais em futuras unidades, como o cuidado em disfunções metabólicas e neurológicas. A unidade abrange desde a avaliação cardiovascular e respiratória até as estratégias de reanimação cardiopulmonar, oferecendo um panorama completo dos desafios enfrentados pela equipe de enfermagem ao cuidar de pacientes em risco. 4.1 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS COMPLICAÇÕES CARDIOVASCULARES A assistência de enfermagem nas complicações cardiovasculares envolve uma série de intervenções importantes para garantir a segurança e a estabi- lização do paciente em estado grave. Nesta seção, você será apresentado às principais condições cardiovascu- lares que podem ocorrer em pacientes internados em Unidades de Terapia 87 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Intensiva, como arritmias, infartos, anginas e insuficiência cardíaca (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). A avaliação e o monitoramento contínuo desses pacientes são essenciais para a detecção precoce de sinais de deterioração, permitindo intervenções rápidas e adequadas (Hinkle; Cheever, 2019). O enfermeiro precisa dominar o uso de tecnologias de monitoramento hemodinâmico, além de estar preparado para implementar protocolos de intervenção em emergências (Murakami; Santos, 2017). Figura 1: Tecnologia em Doenças vasculares Fonte: greenbutterfly, Shutterstock, 2024 #PraTodosVerem: Fotografia colorida representando, ao fundo, um registro gráfico da condução elétrica do coração na tela de um aparelho de eletrocardiógrafo. À frente, ícones de tecnologia, saúde e conectividade, ligados por linhas, flutuam em torno da imagem de uma mão segurando o ícone de um coração. A compreensão desses conceitos, alinhada ao uso de diretrizes baseadas em evidências, permite a você desenvolver uma prática clínica mais segura e assertiva, colaborando diretamente para o desfecho positivo do paciente crítico. Além disso, procuram prepará-lo para o estudo das complicações respiratórias e de outras disfunções orgânicas que serão abordadas nas próximas seções (Padilha et al., 2014). 88 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 4.1.1 AVALIAÇÃO CARDIOVASCULAR DO PACIENTE CRÍTICO A avaliação cardiovascular do paciente crítico é uma das atividades mais importantes para a equipe de enfermagem nas Unidades de Terapia Inten- siva, pois possibilita o monitoramento contínuo do estado hemodinâmico, fornecendo dados que orientam as decisões clínicas. Esse monitoramento pode ser realizado de forma invasiva ou não invasiva, cada qual com suas características e aplicações específicas. O uso de sistemas como a pressão arterial invasiva, que envolve a inserção de um cateter arterial, permite uma avaliação mais precisa e contínua da pressão arterial, enquanto métodos não invasivos, como o eletrocardiograma (ECG), são utilizados para observar alterações no ritmo cardíaco e a resposta do coração às intervenções clínicas (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Esses métodos são complementares e oferecem uma concepção abrangente do estado cardiovascular, permitindo ao enfermeiro detectar sinais de insta- bilidade de forma precoce. 89 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 2: Doença da artéria coronária Fonte: Nandalal Sarkar, Shutterstock, 2024 #PraTodosVerem: Ilustração colorida representando a doença arterial coronariana, mostrando o processo de estreitamento das artérias coronárias, o que restringe o fluxo sanguíneo e pode levar a um ataque cardíaco. No lado esquerdo, há uma figura de um homem com as mãos no tórax e com expressão de dor, representando sintomas de ataque cardíaco. No centro, há uma ilustração do coração com artérias detalhadas, destacando a formação de depósitos de gordura e placas. À direita, uma lista de sintomas de ataque cardíaco inclui dor no peito, vômito, suor frio e tontura. A interpretação dos dados obtidos no monitoramento exige um conheci- mento técnico apurado e experiência clínica. Alterações na pressão arte- rial, como a hipotensão, associadas a mudanças no ritmo cardíaco, podem indicar a necessidade de intervenções imediatas, como a administração de medicamentos vasoativos ou o ajuste do suporte ventilatório (Hinkle; Cheever, 2019). O monitoramento hemodinâmico contínuo também possibilita uma avaliação precisa da perfusão tecidual, sendo essencial para identificar preco- cemente situações como choque hipovolêmico ou cardiogênico. A detecção 90 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva dessas condições requer uma compreensão clara de como esses dados se correlacionam com o estado clínico do paciente (Murakami; Santos, 2017). Ademais, a equipe de enfermagem deve estar atenta aos sinais precoces de descompensação cardiovascular, como taquicardia, hipotensão, extremi- dades frias e perfusão capilar prolongada, que indicam comprometimento da circulação e oxigenação tecidual (Padilha et al., 2014). A identificação rápida desses sinais é fundamental para a implementação de intervenções que evitem a piora do quadro clínico. Ao correlacionar esses achados com diagnósticos diferenciais, a enfermagem pode colaborar eficazmente com a equipe multidisciplinar para ajustar o plano de cuidados e melhorar o prognóstico do paciente (Tobase; Tomazini, 2017). 4.1.2 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS ARRITMIAS, INFARTOS, ANGINAS E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA A assistência de enfermagem em casos de arritmias cardíacas exige precisão e conhecimento dos protocolos, como os previstos no Suporte Avançado de Vida em Cardiologia (ACLS). Em situações de arritmias graves, como taquicardia ventricular, fibrilação atrial e bradicardia, a equipe de enfermagem deve estar preparada para agir rapidamente, aplicando as medidas necessárias para estabilizar o paciente. A monitorização contínua do ritmo cardíaco é essencial para a detecção precoce de alterações, e a administração de medicamentos como amioda- rona e atropina, conforme os protocolos estabelecidos, pode ser necessária (Murakami; Santos, 2017). 91 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 3: Monitorização cardíaca Fonte: Pepermpron, Shutterstock, 2018. #PraTodosVerem: Ilustração colorida representando monitorização cardíaca e registro gráfico da condução elétrica do coração no traçado do eletrocardiograma. Ao centro, há o desenho do tórax de uma pessoa; à esquerda, um zoom sobre a região do coração mostra o resultado do exame de eletrocardiograma; à direita, o aparelho holter que monitora o paciente. Além disso, a intervenção rápida com desfibrilação em casos de taquicardia ventricular sem pulso ou fibrilação ventricular fazparte do ACLS, sendo uma das principais responsabilidades da enfermagem no suporte ao paciente crítico (Tobase; Tomazini, 2017). No manejo do infarto agudo do miocárdio (IAM), a enfermagem é essencial para o controle da dor e administração de medicamentos que favorecem o prognóstico do paciente. A dor torácica é um dos principais sinais do IAM, e seu controle deve incluir a administração de nitratos, como a nitroglice- rina, que ajudam a reduzir a carga de trabalho do coração, além de morfina para o alívio da dor e da ansiedade (Padilha et al., 2014). Antiagregantes plaquetários, como o ácido acetilsalicílico, são indicados para reduzir o risco de formação de trombos, que podem agravar o quadro de infarto (Hinkle; Cheever, 2019). Além disso, o conhecimento em eletrocardiograma permite ao enfermeiro identificar alterações isquêmicas precoces, contribuindo para interven- ções mais rápidas e eficazes. O enfermeiro deve monitorar continuamente 92 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva o paciente durante essa fase, observando a resposta aos medicamentos e possíveis efeitos adversos, ajustando a terapia conforme necessário. Reflita No manejo de arritmias e infarto agudo do miocárdio (IAM), a rapidez de resposta da equipe de enfermagem é essencial para o desfecho positivo do paciente. Conside- rando isso, como a capacitação contínua da equipe pode impactar diretamente na redução da mortalidade em emergências cardiovasculares? Nos pacientes com angina e insuficiência cardíaca, o monitoramento cons- tante e o suporte medicamentoso são essenciais para prevenir a deterio- ração clínica. Em casos de angina, a intervenção de enfermagem visa reduzir a demanda de oxigênio do miocárdio, utilizando medicamentos como betabloquea- dores e nitratos (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Na insuficiência cardíaca, o controle do volume hídrico e a administração de diuréticos são fundamentais para aliviar os sintomas de sobrecarga hídrica e reduzir o esforço cardíaco (Murakami; Santos, 2017). Além disso, a educação do paciente e da família sobre o manejo contínuo da condição faz parte do cuidado de enfermagem, promovendo um trata- mento mais integrado e uma melhor qualidade de vida para o paciente. 4.2 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS A assistência de enfermagem nas complicações respiratórias é de extrema importância no cuidado ao paciente crítico, pois as alterações na função respiratória podem levar rapidamente à deterioração do quadro clínico. 93 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Nesta seção, você conhecerá os principais aspectos do manejo de pacientes com insuficiências respiratórias, como derrame pleural e pneumonia, condi- ções frequentemente encontradas em Unidades de Terapia Intensiva (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). O monitoramento contínuo da função respiratória, por meio da ausculta pulmonar e da avaliação de parâmetros como a gasometria arterial, permite à equipe de enfermagem identificar precocemente sinais de desconforto respiratório e hipoxemia (Hinkle; Cheever, 2019). A atuação da enfermagem, ao aplicar estratégias como a ventilação mecâ- nica e a administração de oxigênio, é essencial para estabilizar o paciente e evitar a progressão para insuficiência respiratória mais grave (Murakami; Santos, 2017). Além disso, o manejo adequado de dispositivos, como drenos torácicos, e a implementação de cuidados preventivos, como a higiene brôn- quica, são práticas fundamentais para minimizar complicações e promover a recuperação respiratória (Padilha et al., 2014). 4.2.1 AVALIAÇÃO RESPIRATÓRIA DO PACIENTE CRÍTICO A avaliação respiratória do paciente crítico é essencial para identificar rapi- damente alterações na troca gasosa e na função pulmonar, permitindo à equipe de enfermagem tomar decisões informadas sobre intervenções tera- pêuticas. Um dos métodos mais utilizados nessa avaliação é a análise da gasometria arterial, que fornece informações detalhadas sobre o equilíbrio ácido-base e os níveis de oxigênio e dióxido de carbono no sangue. A correta interpretação desses dados é essencial para detectar quadros de hipoxemia ou acidose respiratória, orientando a necessidade de suporte ventilatório ou ajustes no tratamento (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Por exemplo, uma baixa de PaO₂ indica hipoxemia, exigindo aumento da oferta de oxigênio. Por meio da gasometria, o enfermeiro pode avaliar a gravidade da insuficiência respiratória e ajustar a oferta de oxigênio ou ventilação mecânica conforme as necessidades do paciente (Hinkle; Cheever, 2019). Além da gasometria, a ausculta pulmonar é uma ferramenta clínica valiosa que permite ao enfermeiro identificar sinais de comprometimento respira- 94 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva tório por meio dos sons respiratórios. Estertores, por exemplo, podem indicar a presença de líquidos nos pulmões, frequentemente associados a condições como pneumonia ou edema pulmonar (Padilha et al., 2014). Já os sibilos sugerem broncoconstrição, comumente encontrados em pacientes com asma ou DPOC, enquanto os roncos podem estar relacionados à obstrução parcial das vias aéreas superiores (Murakami; Santos, 2017). O treinamento para diferenciar esses sons é importante para que a equipe de enfermagem identifique precocemente o agravamento do quadro clínico e tome as medidas necessárias, como a administração de broncodilatadores ou a intensificação da terapia ventilatória. Assim, a combinação da interpretação da gasometria arterial com a ausculta pulmonar oferece uma visão abrangente do estado respiratório do paciente, permitindo ao enfermeiro tomar decisões rápidas e direcionadas para otimizar a ventilação e garantir oxigenação adequada. Essas avaliações contí- nuas são fundamentais para ajustar as intervenções e monitorar a resposta do paciente às terapias instituídas, minimizando o risco de deterioração e complicações associadas (Tobase; Tomazini, 2017). A prática dessas técnicas, fundamentada em diretrizes e protocolos estabe- lecidos, promove um cuidado mais seguro na unidade de terapia intensiva. 4.2.2 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS INSUFICIÊNCIAS RESPIRATÓRIAS, DERRAME PLEURAL E PNEUMONIA A assistência de enfermagem em casos de insuficiências respiratórias envolve uma série de intervenções focadas em garantir que o paciente receba a oxigenação e ventilação adequadas para sua estabilização. Em situações de insuficiência respiratória aguda, uma das principais estra- tégias é a ventilação mecânica, que pode ser aplicada de forma invasiva ou não invasiva, conforme a gravidade do quadro clínico. A ventilação não invasiva (VNI), utilizando máscaras faciais ou nasais, é indi- cada para pacientes que ainda conseguem respirar espontaneamente, mas 95 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva precisam de suporte para melhorar a troca gasosa, evitando a intubação e seus riscos associados (Murakami; Santos, 2017). Já a ventilação mecânica invasiva, com intubação endotraqueal, é utilizada em casos mais graves, nos quais o paciente não consegue manter uma respi- ração eficaz, necessitando de suporte total para garantir uma ventilação adequada (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Figura 4: Ventilação invasiva Fonte: Pepermpron, Shutterstock, 2021. #PraTodosVerem: Ilustração colorida mostra instalação de ventilação mecânica invasiva em um paciente. Ambas as modalidades apresentam benefícios e desafios, cabendo à enfer- magem monitorar continuamente o paciente para ajustar os parâmetros ventilatórios conforme sua resposta clínica. 96 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Saiba Mais Para uma compreensão detalhada sobre as competên- cias do enfermeiro no manejo de pacientes em ventilação mecânica, consulte a Resolução Cofen n. 639/2020. Essa resolução regula a atuação do enfermeiro em contextos intra e extra-hospitalares, abordando desde a instalação de ventiladoresmecânicos até os cuidados necessários para garantir a segurança e o bem-estar do paciente. Fonte: COFEN - CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen n. 639/2020. Dispõe sobre as competên- cias do Enfermeiro no cuidado aos pacientes em ventilação mecânica no ambiente extra e intra-hospitalar. Brasília: Cofen, 2020. Disponível em: https://www.cofen.gov.br/reso- lucao-cofen-no-639-2020/. Acesso em: 31 out. 2024. Nos casos de derrame pleural, que consiste no acúmulo de líquido na cavi- dade pleural, o manejo do dreno torácico é uma das intervenções mais frequentes. A enfermagem deve acompanhar a instalação do dreno e moni- torar seu funcionamento ao longo do tratamento, verificando a quantidade de líquido drenado e avaliando a eficácia da intervenção (Padilha et al., 2014). O monitoramento contínuo permite identificar precocemente complica- ções, como infecções ou deslocamento do dreno, além de assegurar que o paciente esteja confortável e com o dreno em posição adequada para favo- recer a recuperação pulmonar. Também é necessário que a equipe de enfer- magem realize cuidados específicos, como o manejo asséptico do local de inserção, a troca de curativos e a monitorização dos sinais vitais, prevenindo complicações relacionadas ao procedimento (Tobase; Tomazini, 2017). Em pacientes com pneumonia, o foco da assistência de enfermagem deve estar na administração de terapias que facilitem a respiração, como oxige- noterapia e suporte ventilatório, além da administração de antibióticos conforme prescrição médica (Hinkle; Cheever, 2019). https://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-639-2020/ https://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-639-2020/ 97 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 5: Pneumonia Fonte: Alexander_P, Shutterstock, 2024. #PraTodosVerem: Ilustração representando a pneumonia, mostrando a diferença entre alvéolos saudáveis e alvéolos afetados. O pulmão saudável apresenta alvéolos com paredes finas e espaços livres, permitindo uma troca gasosa eficaz. Em contraste, o pulmão com pneumonia apresenta alvéolos com paredes inflamadas e preenchidos com fluido e pus, o que dificulta a respiração e compromete a função pulmonar. O enfermeiro também deve realizar a higiene brônquica para promover a eliminação de secreções, ajudando a prevenir complicações como atelecta- sias e a melhorar a ventilação pulmonar. Essas intervenções são essenciais para garantir que o paciente com pneumonia, que muitas vezes apresenta dificuldades respiratórias severas, mantenha uma oxigenação adequada e melhore progressivamente com o tratamento (Padilha et al., 2014). 98 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 4.3 CHOQUE HIPOVOLÊMICO E CARDIOGÊNICO O choque hipovolêmico e o cardiogênico são emergências médicas que exigem uma resposta rápida e eficaz da equipe de enfermagem para prevenir a deterioração do paciente. O choque hipovolêmico, caracterizado pela perda significativa de volume sanguíneo ou de fluidos corporais, e o choque cardiogênico, resultante da falha do coração em bombear sangue de forma eficiente, demandam inter- venções distintas, mas igualmente urgentes (Murakami; Santos, 2017). Nesta seção, você entenderá as diferenças fisiopatológicas entre esses tipos de choque, compreendendo como a enfermagem pode atuar desde o reco- nhecimento precoce dos sinais clínicos, como hipotensão e taquicardia, até o manejo das intervenções, incluindo a administração de fluidos, medica- mentos inotrópicos e o uso de dispositivos de suporte circulatório (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Essas situações representam um desafio na prática clínica, pois exigem habilidades de avaliação contínua e uma colaboração efetiva com a equipe multidisciplinar para ajustar rapidamente o tratamento, garantindo a esta- bilização hemodinâmica do paciente (Padilha et al., 2014). 4.3.1 FISIOPATOLOGIA DO CHOQUE HIPOVOLÊMICO, TRATAMENTO E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM O choque hipovolêmico é caracterizado pela perda significativa de volume sanguíneo ou de fluidos corporais, resultando em uma perfusão tecidual inadequada e, se não tratado rapidamente, pode levar à falência orgânica. O reconhecimento precoce dos sinais de hipovolemia, como queda na pressão arterial, taquicardia e redução da diurese, é essencial para uma intervenção oportuna (Hinkle; Cheever, 2019). A enfermagem é importante para a monitorização contínua desses parâmetros e aplicação de protocolos que permitam iniciar rapidamente o manejo com reposição volêmica. O uso de expansores volêmicos, como cristaloides e coloides, deve ser adminis- 99 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva trado de forma criteriosa para restaurar o volume intravascular e estabilizar o paciente (Murakami; Santos, 2017). Entretanto, a reposição de fluidos requer monitoramento rigoroso para prevenir complicações como a sobrecarga volêmica, que pode causar edema pulmonar, especialmente em pacientes mais vulneráveis. O monitoramento hemodinâmico em tempo real, observando parâmetros como a pressão venosa central e a saturação de oxigênio, é indispensável para ajustar a terapia conforme a resposta do paciente (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). A enfermagem deve avaliar constantemente sinais de deterioração, como dispneia e alterações na ausculta pulmonar, que podem indicar acúmulo excessivo de fluidos nos pulmões, necessitando de ajustes na terapia. Além disso, a equipe de enfermagem deve estar atenta às necessidades contí- nuas de reposição volêmica, sem comprometer a função cardíaca e respira- tória do paciente. A administração precisa de fluidos deve ser equilibrada com o uso de medicamentos vasoativos, quando necessário, para garantir que a perfusão tecidual seja adequada sem causar sobrecarga circulatória (Padilha et al., 2014). Essa abordagem exige acompanhamento minucioso e comunicação eficaz entre a equipe multidisciplinar, permitindo o ajuste das intervenções conforme a evolução do quadro clínico do paciente. 4.3.2 FISIOPATOLOGIA DO CHOQUE CARDIOGÊNICO, TRATAMENTO E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM O choque cardiogênico ocorre quando o coração perde a capacidade de bombear sangue de forma eficiente, resultando em perfusão inadequada dos órgãos e tecidos. Geralmente causado por infartos do miocárdio ou disfunções graves do músculo cardíaco, esse tipo de choque requer inter- venções rápidas para restaurar a contratilidade cardíaca e garantir o fluxo sanguíneo adequado. 100 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 6: Sistema circulatório Fonte: ledokolua, Shutterstock, 2023. #PraTodosVerem: Ilustração colorida representando o sistema circulatório do corpo humano em uma gravura de um corpo humano, com veias e artérias, em azul e vermelho, respectivamente. As terapias farmacológicas, como o uso de inotrópicos, são essenciais nesse contexto. Medicamentos como a dobutamina e a noradrenalina são frequen- temente utilizados para aumentar a contratilidade cardíaca e manter a perfusão tecidual, especialmente em pacientes com débito cardíaco severa- mente comprometido (Murakami; Santos, 2017). A enfermagem deve moni- 101 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva torar atentamente os efeitos desses medicamentos, observando a pressão arterial, a frequência cardíaca e a perfusão periférica, a fim de garantir que a intervenção esteja promovendo a estabilização do quadro clínico (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Em alguns casos, a terapia medicamentosa isolada não é suficiente para sustentar a função circulatória, sendo necessário o uso de dispositivos de suporte mecânico. O balão intra-aórtico, inserido na aorta, auxilia na melhora da perfusão coro- nariana e na redução da sobrecarga cardíaca, facilitando o bombeamento de sangue durante a diástole. Já a oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) é empregada em pacientes com falência circulatória grave, propor- cionando suporte completo ao coração e aos pulmõesenquanto o orga- nismo se recupera (Padilha et al., 2014). O papel da enfermagem é fundamental no monitoramento desses disposi- tivos, assegurando sua correta instalação e funcionamento, além de observar possíveis complicações, como tromboses ou infecções associadas ao uso prolongado. O cuidado contínuo do paciente em choque cardiogênico exige vigilância constante das variáveis hemodinâmicas e respiratórias, tanto para ajustar as terapias farmacológicas quanto para garantir o bom funcionamento dos suportes mecânicos. A equipe de enfermagem deve administrar com precisão os medicamentos, além de monitorar os sinais vitais e a resposta do paciente às intervenções. Atenção O choque cardiogênico exige intervenção rápida, com monitoramento rigoroso de medicamentos e dispositivos como o balão intra-aórtico e ECMO para evitar complica- ções graves (Murakami; Santos, 2017). A manutenção de uma comunicação eficaz com a equipe multidisciplinar é importante para ajustar as intervenções em tempo real, otimizando o trata- 102 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva mento e proporcionando ao paciente as melhores chances de recuperação (Tobase; Tomazini, 2017). 4.4 ATENDIMENTO À PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA O atendimento à parada cardiorrespiratória é uma das situações mais desa- fiadoras e urgentes enfrentadas pela equipe de enfermagem em unidades de terapia intensiva, exigindo uma resposta imediata e coordenada. Neste tópico, falaremos dos protocolos de Suporte Básico e Avançado de Vida, com ênfase nas manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e no uso adequado do desfibrilador externo automático (DEA) (Murakami; Santos, 2017). A habilidade de identificar rapidamente os sinais de parada cardiorrespi- ratória, iniciar compressões torácicas de qualidade e gerenciar a ventilação são aspectos essenciais para aumentar as chances de retorno da circulação espontânea (Hinkle; Cheever, 2019). Além disso, a enfermagem é de extrema importância para o acompanha- mento pós-parada, monitorando de perto a recuperação hemodinâmica e respiratória do paciente, bem como o suporte neurológico necessário para minimizar danos após o evento (Padilha et al., 2014). A compreensão desses procedimentos o preparará para atuar de forma eficiente e integrada com a equipe multidisciplinar, garantindo um atendi- mento rápido e eficaz em emergências. 4.4.1 O SUPORTE BÁSICO E AVANÇADO DE VIDA O suporte básico e avançado de vida (ACLS) é essencial para o atendimento adequado à parada cardiorrespiratória, sendo a ressuscitação cardiopul- monar (RCP) uma das principais intervenções. A equipe de enfermagem deve estar capacitada para seguir as diretrizes mais recentes do ACLS, que enfatizam a importância de compressões torá- 103 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva cicas de alta qualidade, com profundidade e frequência adequadas, garan- tindo a perfusão tecidual durante o evento (Murakami; Santos, 2017). Além disso, a ventilação adequada, utilizando dispositivos como bolsa-vál- vula-máscara ou ventilação mecânica, é fundamental para manter a oxige- nação do paciente. A rapidez na identificação da parada cardiorrespiratória e a execução imediata da RCP aumentam significativamente as chances de retorno da circulação espontânea, melhorando o prognóstico do paciente (Hinkle; Cheever, 2019). Outro aspecto essencial do atendimento é o uso do desfibrilador externo automático (DEA), que corrige arritmias fatais, como fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso. A equipe de enfermagem pode utilizar o DEA para avaliar o ritmo cardíaco e, se necessário, aplicar choques elétricos que restabeleçam o ritmo normal do coração. Além disso, durante o ACLS, o uso de medicamentos como adrenalina e amiodarona atuam no manejo da parada, ajudando a reverter a arritmia e estabilizar o paciente (Padilha et al., 2014). A equipe de enfermagem deve ser treinada para administrar esses medi- camentos conforme os protocolos estabelecidos, garantindo a dosagem correta e o momento apropriado da administração. O treinamento contínuo da equipe de enfermagem em técnicas de RCP e no uso do DEA é fundamental para assegurar uma resposta rápida e eficiente em emergências. A aplicação dessas intervenções, conforme preconizado pelas diretrizes do ACLS, deve ser regularmente monitorada e revisada para garantir que os cuidados prestados estejam alinhados com os padrões mais recentes de atendimento (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Assim, a equipe estará preparada para atuar de forma coordenada e eficaz, aumentando as chances de sucesso na reanimação e melhorando a quali- dade do atendimento ao paciente em parada cardiorrespiratória. 4.4.2 RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR A ressuscitação cardiopulmonar (RCP) não termina com o retorno da circu- lação espontânea (ROSC); na verdade, o período pós-parada cardiorrespi- 104 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva ratória (PPCPR) é uma fase crítica, em que a monitorização contínua do paciente é indispensável para garantir a estabilidade hemodinâmica e evitar danos secundários. Após o ROSC, o foco da equipe de enfermagem é manter a perfusão adequada dos órgãos vitais e prevenir a recorrência da parada. Figura 7: Massagem cardíaca Fonte: Luciano Cosmo, Shutterstock,2020 #PraTodosVerem: Ilustração colorida representando os movimentos de compressão e rela- xamento durante a compressão torácica em uma parada cardíaca. A monitorização dos parâmetros vitais, como pressão arterial e saturação de oxigênio, é essencial, assim como a avaliação contínua das funções cardíaca e respiratória (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). 105 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Além disso, é fundamental iniciar medidas de suporte avançado, como o ajuste de medicações vasoativas e ventilação mecânica, para assegurar que o paciente permaneça hemodinamicamente estável (Hinkle; Cheever, 2019). Outro aspecto importante do cuidado pós-parada envolve a proteção neuro- lógica. Após uma parada cardiorrespiratória, o cérebro é particularmente vulnerável a lesões isquêmicas, tornando necessária a avaliação neurológica contínua para detectar sinais de comprometimento. O manejo da tempe- ratura terapêutica, conhecido como hipotermia induzida, é uma estratégia utilizada para minimizar danos cerebrais em pacientes que não recuperam imediatamente a consciência após o ROSC (Murakami; Santos, 2017). A enfermagem é responsável por monitorar a temperatura corporal e ajustar os protocolos de hipotermia, visando reduzir o metabolismo cerebral e prevenir lesões mais graves. Além do controle da temperatura, a avaliação neurológica regular inclui o uso de escalas, como a Escala de Coma de Glasgow, que auxilia a equipe no monitoramento do nível de consciência e da função neurológica ao longo do tempo (Padilha et al., 2014). A equipe de enfermagem, portanto, desem- penha um papel ativo na vigilância contínua e no ajuste das intervenções terapêuticas durante o período pós-parada. Garantir a estabilidade hemodinâmica e neurológica é um passo essencial para otimizar a recuperação do paciente, prevenindo complicações tardias e promovendo um cuidado de alta qualidade em um momento extrema- mente delicado. Curiosidade Na ressuscitação, a enfermagem garante o acesso intrave- noso (IV) para administrar medicações, como a adrenalina, conforme as diretrizes da AHA de 2020. Quando o IV não é viável, o acesso intraósseo (IO) é utilizado para assegurar o retorno da circulação espontânea (ROSC) (AHA, 2020). 106 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva CONCLUSÃO Na Unidade 4 - Assistência ao paciente crítico com disfunção cardiovas- cular e respiratória, abordamos de forma detalhada as principais interven- ções de enfermagem em complicações como arritmias, infartos, insufici- ência respiratória e choque, destacando o manejo clínico em situações de emergência. Foram discutidoso monitoramento contínuo, o uso de terapias farmaco- lógicas, as estratégias de ventilação mecânica e a ressuscitação cardiopul- monar, sempre com foco na atuação precisa e embasada da enfermagem. A compreensão dessas condições e a aplicação de protocolos baseados em evidências, como o ACLS e o manejo pós-parada cardiorrespiratória, são essenciais para a estabilização do paciente crítico e para a melhora dos desfechos clínicos. Assim, o principal objetivo desta unidade foi capacitá-lo a identificar e intervir de maneira eficaz nas disfunções cardiorrespiratórias, reforçando a importância da atuação proativa e integrada da enfermagem para garantir a segurança e a recuperação do paciente em terapia intensiva. 107 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais desse tema, leia os materiais a seguir. BARROS, E. J. S. et al. Cuidados de enfermagem ao paciente acometido por infarto agudo do miocárdio. Revista Eletrônica Acervo Saúde, [s. l.], v. 13, n. 10, 2021. Disponível em: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/ view/8741. Acesso em: 31 out. 2024. MARCELINO, B. F. et al. Cuidados de enfermagem ao paciente adulto em ventilação mecânica. Revista Eletrônica Acervo Saúde, [s. l.], v. 24, n. 8, 2024. Disponível em: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/ view/14709. Acesso em: 31 out. 2024. MELO FILHO, C. A. de. et al. Uso do lactato na monitorização hemodinâmica do paciente grave na unidade de terapia intensiva. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, São Paulo, v. 7, n. 14, 2024. Disponível em: https://www.revis- tajrg.com/index.php/jrg/article/view/933. Acesso em: 31 out. 2024. SANTOS, C. et al. Importância do enfermeiro frente a implementação do protocolo de RCP. Revista Recien – Revista Científica de Enfermagem, [s. l.], v. 9, n. 28, p. 3-8, 2019. Disponível em: https://recien.com.br/index.php/Recien/ article/view/214. Acesso em: 31 out. 2024. SILVA, A. A. et al. Gasometria arterial: métodos e suas aplicabilidades para a enfermagem em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Revista Eletrônica Acervo Enfermagem, [s. l.], v. 17, 2022. Disponível em: https://acervomais. com.br/index.php/enfermagem/article/view/9334. Acesso em: 31 out. 2024. https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/8741 https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/8741 https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/14709 https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/14709 https://www.revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/933 https://www.revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/933 https://recien.com.br/index.php/Recien/article/view/214 https://recien.com.br/index.php/Recien/article/view/214 https://acervomais.com.br/index.php/enfermagem/article/view/9334 https://acervomais.com.br/index.php/enfermagem/article/view/9334 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 108 OBJETIVOS Ao final desta unidade, esperamos que possa: Descrever os cuidados de enfermagem aos pacientes com complicações diges- tivas. Compreender as diferentes possibili- dades de distúrbios hidroeletrolíticos e desequilíbrios ácido-básicos, correlacio- nando-os aos casos clínicos. Aplicar a assistência adequada de enfer- magem. UNIDADE 5 109 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 5 ASSISTÊNCIA AO PACIENTE CRÍTICO, DISFUNÇÃO DIGESTIVA E METABÓLICA Esta unidade insere-se no contexto da enfermagem intensiva, oferecendo subsídios fundamentais para sua atuação diante de condições críticas que comprometem o sistema digestivo e o metabolismo. Este conteúdo é essencial para que você, futuro enfermeiro, compreenda as particularidades dos cuidados voltados a pacientes com disfunções diges- tivas e metabólicas, para as quais as intervenções precisas podem fazer a diferença na estabilidade e na recuperação do quadro clínico. Com o estudo desta unidade, você será capaz de avaliar e manejar compli- cações, como hemorragias digestivas, abdome agudo, distúrbios hidroele- trolíticos e ácido-básicos, cetoacidose diabética e coma hipoglicêmico, utili- zando protocolos baseados em evidências e técnicas de suporte nutricional apropriadas. A construção desse conhecimento parte da compreensão de temas traba- lhados anteriormente sobre a avaliação e o monitoramento de pacientes críticos e o preparará para tópicos futuros, como as disfunções neurológicas e geniturinárias, estruturando assim uma formação progressiva e integrativa. 5.1 HEMORRAGIA DIGESTIVA, ABDOME AGUDO E HIPERTENSÃO INTRA-ABDOMINAL Hemorragias digestivas, abdome agudo e hipertensão intra-abdominal representam situações de risco de vida que exigem respostas rápidas e embasadas na prática de enfermagem para o manejo eficaz de pacientes críticos (Padilha et al., 2014). 110 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 1: Abdome agudo Fonte: brgfx, Freepik, 2024. #PraTodosVerem: Ilustração colorida mostra uma mulher com as mãos no abdome ao mesmo tempo que se curva e apresenta expressão de dor. Hemorragias digestivas, causadas por condições como úlceras gástricas ou varizes esofágicas, podem levar à perda sanguínea significativa, impactando diretamente a estabilidade hemodinâmica do paciente (Hinkle; Cheever, 2019). No abdome agudo, frequentemente desencadeado por apendicite, pancreatite ou perfurações intestinais, a identificação precoce dos sinais de dor intensa, distensão abdominal e febre é fundamental para o diagnóstico e a intervenção (Nettina, 2021). Já a hipertensão intra-abdominal, que ocorre quando a pressão dentro da cavidade abdominal aumenta de forma perigosa, pode comprometer 111 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva a perfusão dos órgãos e exige intervenções de monitoramento contínuo e controle preciso dos fluidos administrados (Murakami; Santos, 2017). Nesse contexto, o enfermeiro atua realizando a avaliação detalhada dos sintomas, interpretando exames laboratoriais e de imagem, e coordenando os cuidados pré e pós-procedimento, desde o suporte hemodinâmico à administração de soluções intravenosas, para proporcionar a melhor assis- tência ao paciente em situações críticas (Viana; Torre, 2017). 5.1.1 AVALIAÇÃO DO SISTEMA GASTRINTESTINAL A avaliação do sistema gastrintestinal em pacientes críticos envolve uma abordagem clínica completa e sistemática para identificar rapidamente sinais e sintomas que indiquem complicações. Durante a coleta de histórico, o enfermeiro deve investigar fatores como presença de dor, frequência e aparência das evacuações, histórico de doenças gastrintestinais e consumo de medicamentos que possam influenciar o trato digestivo, como anti-infla- matórios ou anticoagulantes (Padilha et al., 2014). 112 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 2: Exame físico Fonte: Freepik, 2024. #PraTodosVerem: Ilustração mostra uma enfermeira examinando a cavidade oral de uma paciente que está sentada a sua frente. A avaliação física, incluindo inspeção, palpação, percussão e ausculta, permite detectar sinais como distensão abdominal, dor à palpação e alterações na peristalse. A identificação de sintomas como dor abdominal, presença de sangue nas fezes ou em vômito e alterações nos sinais vitais, como taqui- cardia ou hipotensão, são indicativos de possíveis emergências gastrintes- tinais, sendo pontos que o enfermeiro deve observar para um acompanha- mento preciso e rápido (Nettina, 2021). 113 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Exames laboratoriais e de imagem são fundamentais para auxiliar o diag- nóstico e o monitoramento de alterações no sistema gastrintestinal. Exames como hemograma e coagulograma possibilitam avaliar o nível de hemoglo- bina e a capacidade de coagulação, dados essenciais para pacientes com risco de hemorragia digestiva, em que uma queda nos níveis de hemoglo- bina pode indicar perda sanguínea ativa (Murakami; Santos, 2017). FiguraE ORGANIZAÇÃO DA UTI NEO/PED 31 1.3.2 LEGISLAÇÃO NO ÂMBITO DA UTI NEO/PED 32 1.4 GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM 33 1.4.1 PROCESSO DE ENFERMAGEM EM UTI 33 1.4.2 TREINAMENTO DE PROFISSIONAIS E EDUCAÇÃO EM SAÚDE DO PACIENTE E FAMÍLIA 36 CONCLUSÃO 38 MATERIAL COMPLEMENTAR 39 10 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva UNIDADE 3 2 PREVENÇÃO DE INFECÇÃO E ACIDENTES EM UTI 42 2.1 PROCEDIMENTOS INVASIVOS DE ALTA COMPLEXIDADE 42 2.1.1 MONITORIZAÇÃO HEMODINÂMICA E MARCAPASSO 44 2.1.2 ACESSO CENTRAL PROFUNDO E MONITORIZAÇÃO INTRACRANIANA 46 2.2 PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO 48 2.2.1 INFECÇÕES HOSPITALARES NO PACIENTE CRÍTICO 50 2.2.2 PRINCÍPIOS GERAIS NO CONTROLE DA INFECÇÃO HOSPITALAR 53 2.3 SEPSE E CHOQUE SÉPTICO 54 2.3.1 SEPSE, CHOQUE SÉPTICO E INFECÇÕES RELACIONADAS A ASSISTÊNCIA À SAÚDE 55 2.3.2 USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS 57 2.4 PROCESSAMENTO DE MATERIAIS UTILIZADOS EM UTI 58 2.4.1 CRITICIDADE DE MATERIAIS E TIPOS DE PROCESSAMENTO 59 CONCLUSÃO 62 MATERIAL COMPLEMENTAR 63 3 HUMANIZAÇÃO E PRINCÍPIOS BIOÉTICA NA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE CRÍTICO 65 3.1 PRINCÍPIOS DE BIOÉTICA NAS RELAÇÕES E NA PRÁTICA PROFISSIONAL. 65 3.1.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS E LEGAIS NA PRÁTICA DA ENFERMAGEM EM UTI 67 3.2 HUMANIZAÇÃO 68 UNIDADE 2 11 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 3.2.1 O CUIDADO HUMANIZADO 70 3.2.2 VISITA ABERTA EM UTI 71 3.3 QUALIDADE E INDICADORES ASSISTENCIAIS 73 3.3.1 QUALIDADE HOSPITALAR E PROCESSOS DE AVALIAÇÃO 74 3.3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS INDICADORES UTILIZADOS EM UTI 76 3.4 SEGURANÇA DO PACIENTE E GERENCIAMENTO DE RISCO 77 3.4.1 ESTRATÉGIAS DE PROMOÇÃO PARA CULTURA DE SEGURANÇA 79 3.4.2 GESTÃO DE RISCO 81 CONCLUSÃO 83 MATERIAL COMPLEMENTAR 84 4 ASSISTÊNCIA AO PACIENTE CRÍTICO COM DISFUNÇÃO CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA 86 4.1 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS COMPLICAÇÕES CARDIOVASCULARES 86 4.1.1 AVALIAÇÃO CARDIOVASCULAR DO PACIENTE CRÍTICO 88 4.1.2 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS ARRITMIAS, INFARTOS, ANGINAS E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 90 4.2 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS 92 4.2.1 AVALIAÇÃO RESPIRATÓRIA DO PACIENTE CRÍTICO 93 4.2.2 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS INSUFICIÊNCIAS RESPIRATÓRIAS, DERRAME PLEURAL E PNEUMONIA 94 4.3 CHOQUE HIPOVOLÊMICO E CARDIOGÊNICO 98 UNIDADE 4 12 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 4.3.1 FISIOPATOLOGIA DO CHOQUE HIPOVOLÊMICO, TRATAMENTO E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM 98 4.3.2 FISIOPATOLOGIA DO CHOQUE CARDIOGÊNICO, TRATAMENTO E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM 99 4.4 ATENDIMENTO À PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA 102 4.4.1 O SUPORTE BÁSICO E AVANÇADO DE VIDA 102 4.4.2 RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR 103 CONCLUSÃO 106 MATERIAL COMPLEMENTAR 107 UNIDADE 5 5 ASSISTÊNCIA AO PACIENTE CRÍTICO, DISFUNÇÃO DIGESTIVA E METABÓLICA 109 5.1 HEMORRAGIA DIGESTIVA, ABDOME AGUDO E HIPERTENSÃO INTRA-ABDOMINAL 109 5.1.1 AVALIAÇÃO DO SISTEMA GASTRINTESTINAL 111 5.1.2 HEMORRAGIA DIGESTIVA, ABDOME AGUDO E HIPERTENSÃO INTRA-ABDOMINAL – TRATAMENTO E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM 115 5.2 TERAPIA NUTRICIONAL EM UTI 116 5.2.1 DIETA ENTERAL 117 5.2.2 DIETA PARENTAL 118 5.3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NOS DISTÚRBIOS METABÓLICOS 120 5.3.1 DISTÚRBIOS DO EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO E ÁCIDO-BÁSICO 122 5.4 CETOACIDOSE DIABÉTICA E COMA HIPOGLICÊMICO 123 5.4.1 ANÁLISE DOS GASES SANGUÍNEOS 125 13 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva CONCLUSÃO 127 MATERIAL COMPLEMENTAR 128 UNIDADE 6 6 ASSISTÊNCIA AO PACIENTE CRÍTICO, DISFUNÇÃO GENITURINÁRIA, NEUROLÓGICA E HEMATOLÓGICA 130 6.1 INSUFICIÊNCIA RENAL E MÉTODOS DIALÍTICOS 130 6.1.1 AVALIAÇÃO DO SISTEMA GENITURINÁRIO DO PACIENTE CRÍTICO 132 6.1.2 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA E CRÔNICA 133 6.1.3 DIÁLISE PERITONIAL E HEMODIÁLISE 135 6.2 TRANSFUSÃO SANGUÍNEA 137 6.2.1 CRITÉRIOS PARA TRANSFUSÃO DE HEMOCOMPONENTES 138 6.2.2 CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PROCESSO DE TRANSFUSÃO 139 6.3 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO, HIPERTENSÃO INTRACRANIANA E MONITORIZAÇÃO NEUROLÓGICA 141 6.3.1 AVALIAÇÃO DO SISTEMA NEUROLÓGICO DO PACIENTE CRÍTICO 142 6.3.2 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (HEMORRÁGICO E ISQUÊMICO) E HIPERTENSÃO INTRACRANIANA 144 6.4 DOR E SEDAÇÃO 145 6.4.1 MEDIDAS DE AVALIAÇÃO DA DOR 146 6.4.2 CONTROLE DA DOR 147 6.4.3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ANALGESIA E SEDAÇÃO 148 CONCLUSÃO 150 14 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva MATERIAL COMPLEMENTAR 151 REFERÊNCIAS 152 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 15 Iconografia Atenção Para Saber Saiba Mais Dicas Onde Pesquisar Leitura Complementar Glossário Midias Integradas Anotações Exemplo Reflita Atividades de Aprendizagem Curiosidades Questões Áudios Citações Download 16 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Seja bem-vindo(a) a disciplina Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva! Esta disciplina aborda a organização e estrutura da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com foco no gerenciamento de risco e segurança do paciente. Serão discutidos o controle de infecção hospitalar (SEPSES e IRAS), além de procedimentos invasivos de alta complexidade. Também serão explo- radas ações imediatas e mediatas em situações de urgência e emergência, incluindo medidas de prevenção de acidentes, aspectos éticos no cuidado ao paciente e à família, e o estudo de patologias graves relacionadas ao ambiente de emergência. A disciplina também inclui o cuidado de enfermagem sistematizado para pacientes de alto risco e situações emergenciais em todas as fases do ciclo vital. Além disso, serão discutidas novas tecnologias e tendências na assis- tência especializada, com ênfase na assistência integral ao paciente e apoio à sua família em momentos críticos. Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 17 OBJETIVOS DA DISCIPLINA • Assistir e avaliar o paciente em estado crítico, relacionando a fisiopato- logia dos sistemas orgânicos e suas afecções à clínica do paciente, por meio de protocolos e práticas baseadas em evidências para a promoção da recuperação, manutenção e segurança desses pacientes. • Reconhecer as tecnologias e estrutura necessárias para a fundamentação do processo de enfermagem e na integralidade da assistência. Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 18 OBJETIVOS Ao final desta unidade, esperamos que possa: Compreender os princípios básicos da citologia diagnóstica e suas aplicações clínicas. Identificar as técnicas de coleta e preparo de amostras citológicas. Avaliar critérios citológicos para o diag- nóstico de neoplasias. UNIDADE 1 19 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 1 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA A estrutura e a organização adequadas em uma Unidade de Terapia Inten- siva (UTI) são responsáveis, entre outros fatores, pelo sucesso no cuidado a pacientes em estado crítico, sendo elemento relevante no contexto da enfer- magem intensiva. Nesta unidade, você compreenderá a importância de uma infraestrutura bem planejada e equipada, além de explorar os protocolos e legislações que regulam a prática nessa área. Ao longo do estudo, desenvolverá habilidades para reconhecer e aplicar os conceitos de gestão do espaço físico, o uso adequado de equipamentos e tecnologias e o cumprimento das normas sanitárias e de segurança, funda- mentais para a prática de enfermagem em UTI. A introdução deste tema se conectará com os próximos estudos sobre geren- ciamento de risco e segurança do paciente. Serão discutidos tópicos como o dimensionamento da UTI, as inovações tecnológicas e as peculiaridades da assistência pediátrica e neonatal, estabelecendo as bases para uma prática de enfermagem eficiente e segura. 1.1 NECESSIDADES ESTRUTURAIS, DE EQUIPAMENTOS E MATERIAIS – LEGISLAÇÃO NO ÂMBITO DA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE3: Tomografia Fonte: storyset, Freepik, 2024. #PraTodosVerem: Ilustração de um enfermeiro acompanhando um paciente deitado no equipamento de tomografia. 114 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva A endoscopia, frequentemente solicitada em casos de suspeita de sangra- mentos no trato superior, permite visualização direta de lesões em órgãos como o esôfago e estômago, enquanto a tomografia computadorizada e a ultrassonografia são recursos de imagem que ajudam a avaliar estruturas abdominais em casos de abdome agudo ou hipertensão intra-abdominal. A interpretação desses resultados deve ser integrada à prática de enfermagem, possibilitando uma visão detalhada e contínua das condições do paciente (Hinkle; Cheever, 2019). O monitoramento constante e a análise criteriosa dos exames realizados são essenciais para a continuidade dos cuidados, permitindo ao enfermeiro identificar alterações clínicas de maneira ágil e precisa. A comunicação com a equipe multidisciplinar, com foco nas alterações detectadas nos exames laboratoriais e de imagem, colabora para decisões terapêuticas rápidas e coordenadas, especialmente em casos em que o quadro clínico pode evoluir para choque hipovolêmico ou outras complicações graves (Padilha et al., 2014; Hinkle; Cheever, 2019). Atenção A identificação de sintomas como dor abdominal, presença de sangue nas fezes ou em vômito e alterações nos sinais vitais, como taquicardia e hipotensão, são indicativos de possíveis emergências gastrintestinais que exigem resposta rápida do enfermeiro. A observação e a interpretação desses sinais permitem uma intervenção eficaz, essencial para a estabilidade do paciente em estado crítico (Nettina, 2021). Nesse contexto, o conhecimento técnico do enfermeiro é necessário para interpretar corretamente os sinais clínicos e associá-los aos exames, o que facilita intervenções adequadas, como ajuste de terapias de suporte hemo- dinâmico e reposição volêmica (Murakami; Santos, 2017). Dessa forma, a avaliação gastrintestinal em pacientes críticos exige um olhar atento, além de práticas baseadas em evidências, que assegurem o suporte vital e contri- buam para a estabilidade do paciente (Viana; Torre, 2017). 115 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 5.1.2 HEMORRAGIA DIGESTIVA, ABDOME AGUDO E HIPERTENSÃO INTRA-ABDOMINAL – TRATAMENTO E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM No atendimento a pacientes com hemorragia digestiva, abdome agudo ou hipertensão intra-abdominal, a assistência pré e pós-procedimento reali- zada pelo enfermeiro contribui para o sucesso das intervenções diagnósticas e terapêuticas. O preparo para procedimentos como endoscopia e laparo- tomia inclui orientar o paciente sobre o processo, realizar o jejum prévio, ajustar medicamentos e preparar os acessos venosos necessários (Murakami; Santos, 2017). Após os procedimentos, é importante monitorar a evolução das feridas, manejar sondas e drenos com técnica asséptica e observar atentamente sinais de complicações, como febre, dor intensa ou distensão abdominal, que podem indicar infecção ou outras intercorrências (Padilha et al., 2014). Esses cuidados contínuos permitem ao enfermeiro identificar rapidamente mudanças no quadro clínico, assegurando que o paciente receba suporte adequado em todas as etapas do tratamento (Viana; Torre, 2017). Para garantir a estabilidade do paciente, são necessários o suporte hemodi- nâmico e a reposição volêmica, especialmente em casos de hemorragia, em que a perda de sangue pode levar a um choque hipovolêmico. O enfermeiro deve selecionar e administrar soluções intravenosas apropriadas, como cris- taloides ou coloides, conforme as necessidades hemodinâmicas do paciente, ajustando a velocidade de infusão e observando parâmetros vitais, como pressão arterial e frequência cardíaca, para evitar sobrecarga de fluidos ou piora do quadro (Hinkle; Cheever, 2019). Este monitoramento frequente contribui para a reposição efetiva do volume intravascular, ajudando a preservar a perfusão dos órgãos e prevenindo disfunções que poderiam se agravar em um cenário de hipovolemia não controlada (Padilha et al., 2014). Ao longo do processo de tratamento, a vigilância contínua de sinais e sintomas permite ajustar a abordagem terapêutica conforme o quadro do paciente. A reposição volêmica adequada, associada a uma avaliação clínica cuidadosa, permite a detecção de sinais de estabilização ou piora, possi- bilitando ao enfermeiro ajustar as intervenções de acordo com a evolução 116 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva clínica observada. Com esse acompanhamento próximo o enfermeiro atua diretamente na manutenção da estabilidade hemodinâmica e na recu- peração do paciente, reforçando o cuidado individualizado e baseado em protocolos específicos para cada condição (Nettina, 2021). 5.2 TERAPIA NUTRICIONAL EM UTI A terapia nutricional em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) é uma estra- tégia indispensável para promover a recuperação e manter a homeostase de pacientes em estado crítico. Nesses contextos, a oferta de nutrientes deve ser cuidadosamente planejada, pois condições como hipermetabolismo, cata- bolismo exacerbado e alterações no sistema digestivo exigem abordagens nutricionais específicas e monitoramento contínuo (Padilha et al., 2014). Figura 4: Alimentação Fonte: rawpixel.com, Freepik, 2024. #PraTodosVerem: Ilustração mostra os braços de cinco pessoas erguidos segurando respec- tivamente, um brócolis, um copo com água, um comprimido com a palavra “saúde”, uma maçã e uma cenoura. A escolha entre nutrição enteral e parenteral depende do quadro clínico do paciente e da sua capacidade de absorção e digestão. A dieta enteral é 117 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva preferida sempre que o trato gastrintestinal é funcional, e a nutrição paren- teral é indicada em casos de obstruções intestinais ou quando há contrain- dicações ao uso de sondas (Murakami e Santos, 2017). Além disso, o manejo adequado da terapia nutricional contribui para prevenir complicações, como infecções associadas a acessos venosos na nutrição parenteral ou broncoas- piração na enteral, exigindo do enfermeiro atenção aos sinais de intolerância e ajustes contínuos das taxas de infusão (Nettina, 2021). Saiba Mais Para ampliar seu conhecimento sobre a atuação do enfer- meiro na Terapia Nutricional Oral, Enteral e Parenteral, consulte a Diretriz Braspen de Enfermagem em Terapia Nutricional Oral, Enteral e Parenteral (Matsuba et al., 2021). Este documento aborda recomendações práticas e evidên- cias atualizadas para uma assistência segura e eficaz em nutrição clínica. Fonte: MATSUBA, C. S. T. et al. Diretriz Braspen de enfer- magem em terapia nutricional oral, enteral e paren- teral. Braspen Journal, [s. l.], v. 36, supp. 3, p. 2-62, 2021. Disponível em: https://braspenjournal.org/article/10.37111/ braspenj.diretrizENF2021/pdf/braspen-36-3%2C+Supl+- 3-6537d56ba953950a50771815.pdf. Acesso em: 8 out. 2024. Dessa forma, a terapia nutricional é uma intervenção complexa que busca garantir o suporte adequado ao organismo, favorecendo o equilíbrio meta- bólico e a evolução clínica positiva do paciente (Viana; Torre, 2017). 5.2.1 DIETA ENTERAL A administração da dieta enteral em UTI envolve protocolos rigorosos que visam otimizar a absorção de nutrientes e reduzir o risco de complicações. A seleção da dieta deve ser baseada nas necessidades nutricionais e no https://braspenjournal.org/article/10.37111/braspenj.diretrizENF2021/pdf/braspen-36-3%2C+Supl+3-6537d56ba953950a50771815.pdf https://braspenjournal.org/article/10.37111/braspenj.diretrizENF2021/pdf/braspen-36-3%2C+Supl+3-6537d56ba953950a50771815.pdf https://braspenjournal.org/article/10.37111/braspenj.diretrizENF2021/pdf/braspen-36-3%2C+Supl+3-6537d56ba953950a50771815.pdf 118 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva quadro clínico do paciente, considerando aspectoscomo calorias, proteínas e micronutrientes essenciais (Murakami; Santos, 2017). O preparo cuida- doso e a técnica correta na administração da dieta são fundamentais para garantir a segurança do paciente; o posicionamento elevado da cabeceira, por exemplo, reduz o risco de broncoaspiração, uma complicação poten- cialmente grave (Padilha et al., 2014). Além disso, é fundamental que a taxa de infusão siga as recomendações preconizadas para evitar sobrecarga gástrica, e que o enfermeiro realize um monitoramento atento à tolerância do paciente, incluindo observação de sintomas como náusea, vômito e diar- reia (Viana; Torre, 2017). Para avaliar a eficácia da terapia enteral, o enfermeiro deve monitorar regu- larmente parâmetros clínicos e laboratoriais que indiquem o estado nutri- cional do paciente. O acompanhamento do peso corporal, o balanço hídrico e os valores laboratoriais, como albumina e proteínas plasmáticas, oferecem uma visão ampla sobre a resposta do organismo à terapia nutricional e permitem ajustes conforme necessário (Hinkle; Cheever, 2019). Em muitos casos, a aferição da glicemia capilar também é necessária para identificar possíveis descompensações metabólicas associadas à dieta (Nettina, 2021). Esse monitoramento deve ser constante e integrado à avaliação clínica, de modo a prevenir tanto subnutrição quanto sobrecarga calórica, condições que podem comprometer a evolução do paciente. A prevenção de complicações na dieta enteral é uma das responsabilidades do enfermeiro, que deve adotar estratégias para evitar problemas frequentes, como broncoaspiração, obstrução de sondas e distensão abdominal. A observação rigorosa da técnica de administração, o manejo cuidadoso da sonda e o controle das taxas de infusão ajudam a minimizar esses riscos (Padilha et al., 2014). Caso ocorram sinais de intolerância, o enfermeiro deve prontamente identificar e interromper a dieta, comunicar à equipe e adotar medidas para resolver a complicação, como o reposicionamento da sonda ou o ajuste das taxas de infusão (Murakami; Santos, 2017). A atenção a esses detalhes assegura que a terapia enteral ofereça o suporte nutricional neces- sário, contribuindo para uma recuperação mais segura e eficaz do paciente em estado crítico. 119 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 5.2.2 DIETA PARENTAL A dieta parenteral é indicada para pacientes que não podem receber nutrição por via enteral, como aqueles com obstrução intestinal, síndromes de má absorção ou condições graves no trato digestivo que impedem o uso seguro de sondas (Padilha et al., 2014). Nesses casos, a nutrição parenteral permite a administração de nutrientes diretamente na corrente sanguínea, sendo fundamental que a solução seja cuidadosamente preparada para atender às necessidades metabólicas e evitar complicações. O enfermeiro deve garantir que a solução contenha as concentrações adequadas de glicose, aminoácidos, lipídios, vitaminas e eletrólitos, ajus- tando os componentes conforme a prescrição médica e as necessidades específicas do paciente (Murakami; Santos, 2017). Além disso, a adminis- tração deve ser feita por meio de um catéter venoso central, exigindo técnica estéril e preparo rigoroso para prevenir infecções e garantir a segurança do paciente durante o procedimento. O monitoramento metabólico é indispensável na terapia parenteral para avaliar a resposta do paciente e ajustar a nutrição conforme necessário. O acompanhamento de glicemia capilar, eletrólitos séricos e função hepática e renal é realizado de forma contínua, possibilitando identificar alterações metabólicas que possam exigir intervenção rápida, como hiperglicemia, desequilíbrios eletrolíticos ou elevação de enzimas hepáticas (Nettina, 2021). Esse monitoramento precisa ser aliado a uma análise clínica constante, para que o enfermeiro consiga ajustar o suporte nutricional e evitar complica- ções, especialmente em pacientes de UTI, em que o metabolismo pode variar rapidamente em resposta ao quadro clínico (Hinkle; Cheever, 2019). A interpretação desses parâmetros permite ao enfermeiro tomar decisões informadas, em conjunto com a equipe multiprofissional, e garantir que o paciente receba o suporte nutricional ideal. 120 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Curiosidade Sabia que a solução de nutrição parenteral precisa estar à temperatura ambiente antes da administração? Retirar a bolsa da geladeira uma hora antes da infusão ajuda a evitar desconforto e complicações metabólicas para o paciente, mas é importante não aquecer a bolsa artificialmente, pois isso pode comprometer a qualidade dos nutrientes (Padilha et al., 2014). Para manter a segurança do paciente e a efetividade da terapia parenteral, são necessários cuidados rigorosos com o catéter venoso central. O enfer- meiro deve observar práticas estritas de assepsia na manipulação do cateter, realizar trocas de curativos regulares e garantir a permeabilidade do acesso para prevenir infecções associadas à corrente sanguínea, que são riscos conhecidos na nutrição parenteral (Padilha et al., 2014). A manutenção do catéter envolve monitoramento constante quanto a sinais de infecção, como febre e dor no local, e cuidados específicos para evitar complicações mecânicas, como obstrução ou trombose. A combi- nação desses cuidados, a observação atenta e o monitoramento contínuo garantem que a nutrição parenteral seja administrada de forma segura e eficaz, contribuindo para a estabilidade e a recuperação do paciente em estado crítico (Viana; Torre, 2017). 5.3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NOS DISTÚRBIOS METABÓLICOS Assistir pacientes críticos com distúrbios metabólicos exige conhecimento detalhado sobre o equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico, já que altera- ções nessas funções impactam diretamente a estabilidade e a recuperação clínica. Distúrbios como hiponatremia, hipercalemia, acidose e alcalose são comuns em pacientes de UTI e podem surgir em decorrência de condições clínicas como insuficiência renal, diabetes e infecções graves (Murakami; Santos, 2017). O enfermeiro deve avaliar continuamente os sinais e sintomas 121 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva desses desequilíbrios, incluindo alterações na pressão arterial, frequência cardíaca, nível de consciência e resultados laboratoriais, e colaborar com a equipe para ajustar intervenções como reposição de eletrólitos e controle dos parâmetros hemodinâmicos (Nettina, 2021). Figura 5: Assistência de Enfermagem Fonte: vectorpouch, Freepik, 2024. #PraTodosVerem: Ilustração de um paciente deitado em um leito e sendo monitorado por um monitor multiparâmetro enquanto está sendo avaliado por uma enfermeira. Esse acompanhamento permite detectar rapidamente mudanças no estado metabólico do paciente e implementar intervenções seguras, visando o restabelecimento do equilíbrio interno e contribuindo para o prognóstico positivo do paciente crítico (Padilha et al., 2014). 122 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 5.3.1 DISTÚRBIOS DO EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO E ÁCIDO-BÁSICO Os distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico, como hipona- tremia, hipercalemia, acidose e alcalose, representam desafios frequentes no cuidado de pacientes críticos. A hiponatremia, ou baixo nível de sódio no sangue, pode causar sintomas como fraqueza, confusão mental e, em casos mais graves, convulsões. A hipercalemia, caracterizada pelo excesso de potássio, se manifesta com arritmias e fraqueza muscular (Padilha et al., 2014). No caso dos distúrbios ácido-básicos, a acidose pode ser identificada por uma respiração rápida e profunda e pela diminuição do pH sanguíneo, enquanto a alcalose, opostamente, causa sintomas como tremores e irrita- bilidade (Hinkle; Cheever, 2019). A avaliação desses desequilíbrios exige do enfermeiro a capacidade de correlacionar os sintomas clínicos com exames laboratoriais, como eletrólitosséricos e gasometria, estabelecendo um diag- nóstico diferencial preciso que possibilite intervenções rápidas e adequadas (Murakami; Santos, 2017). As intervenções de enfermagem específicas para corrigir esses desequilíbrios incluem o ajuste de infusões intravenosas e a administração controlada de eletrólitos, como sódio e potássio, seguindo orientações médicas e protocolos estabelecidos. O enfermeiro deve observar as respostas do paciente às inter- venções e estar atento para ajustar infusões de acordo com as necessidades fisiológicas, garantindo que as taxas de administração estejam adequadas para evitar sobrecargas ou deficiências eletrolíticas (Viana; Torre, 2017). Por exemplo, em casos de hiponatremia, a reposição de sódio deve ser gradual para evitar complicações neurológicas, e, na hipercalemia, a administração de soluções de gluconato de cálcio ou diuréticos pode ser necessária para estabilizar os níveis de potássio (Nettina, 2021). O acompanhamento contínuo da resposta do paciente às intervenções e a comunicação com a equipe médica são essenciais para garantir a segurança e a eficácia das terapias administradas. O enfermeiro monitora os parâmetros laboratoriais e vitais, como frequência cardíaca e pressão arterial, identifi- cando prontamente qualquer descompensação que exija ajuste terapêutico 123 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva (Padilha et al., 2014). Esse monitoramento constante permite ao enfermeiro colaborar ativamente com a equipe na tomada de decisões, promovendo um ambiente de cuidado integrado e dinâmico, que é fundamental para a recuperação e estabilidade do paciente com distúrbios metabólicos graves (Murakami; Santos, 2017). 5.4 CETOACIDOSE DIABÉTICA E COMA HIPOGLICÊMICO A cetoacidose diabética e o coma hipoglicêmico são complicações meta- bólicas graves do diabetes que demandam intervenção rápida e precisa na UTI. A cetoacidose ocorre quando a deficiência de insulina leva o organismo a utilizar ácidos graxos como fonte de energia, resultando na produção de corpos cetônicos e consequente acidose metabólica, caracterizada por sintomas como respiração profunda, desidratação e confusão mental (Hinkle; Cheever, 2019). Já o coma hipoglicêmico é causado por níveis extre- mamente baixos de glicose no sangue, podendo ser induzido por doses excessivas de insulina ou jejum prolongado, e se manifesta por sinais como sudorese, tremores, alterações de consciência e até convulsões (Padilha et al., 2014). 124 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 6: Glicemia capilar Fonte: brgfx, Freepik, 2024. #PraTodosVerem: Ilustração de um aparelho de verificação de glicemia marcando 100 mg/ dl na tela, e uma gota de sangue de um dedo sendo colocada para verificação dos níveis de glicose no sangue. A assistência de enfermagem nessas situações envolve monitoramento contínuo dos níveis de glicose e gases sanguíneos, administração controlada de insulina e glicose intravenosa, além de vigilância constante dos sinais vitais para ajustes imediatos no suporte hemodinâmico, proporcionando ao paciente o manejo seguro e eficaz durante essas emergências metabólicas (Murakami; Santos, 2017). 125 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 5.4.1 ANÁLISE DOS GASES SANGUÍNEOS A análise dos gases sanguíneos é uma ferramenta indispensável na avaliação de pacientes em estado crítico com cetoacidose diabética e coma hipoglicê- mico, fornecendo informações detalhadas sobre o equilíbrio ácido-básico e oxigenação. Parâmetros como o pH, a pressão parcial de dióxido de carbono (pCO₂), o bicarbonato (HCO₃-) e a pressão parcial de oxigênio (pO₂) ajudam a identificar acidose e alcalose metabólica ou respiratória, bem como níveis de hipoxemia que podem ser significativos no quadro do paciente (Hinkle e Cheever, 2019). Na cetoacidose diabética, o pH frequentemente se apre- senta diminuído, refletindo a acidose metabólica, enquanto no coma hipo- glicêmico, as alterações podem variar dependendo da severidade do quadro e das intervenções anteriores (Padilha et al., 2014). A correlação dos resul- tados laboratoriais com o quadro clínico é fundamental para que o enfer- meiro compreenda o estado metabólico e tome decisões terapêuticas asser- tivas, ajustando o suporte necessário para o paciente. As intervenções de enfermagem baseadas nos resultados da gasometria exigem atenção às necessidades específicas de cada paciente. Figura 7: Gasometria Fonte: Freepik, 2024. #PraTodosVerem: Fotografia de um profissional de saúde calçando luvas e colhendo sangue com uma seringa com agulha do antebraço de um paciente. 126 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Em casos de cetoacidose, o manejo da terapia insulínica é fundamental para reduzir os níveis de glicose e corrigir a acidose, enquanto a administração de fluidos intravenosos, como soluções salinas, ajuda a restaurar o volume intravascular e corrigir a desidratação associada (Murakami; Santos, 2017). No coma hipoglicêmico, a rápida administração de glicose é essencial para reverter os sintomas e prevenir danos neurológicos permanentes, além de ser necessário ajustar a glicemia cuidadosamente para evitar oscilações extremas (Nettina, 2021). Em ambas as situações, o suporte respiratório pode ser necessário para esta- bilizar o paciente, especialmente quando os gases sanguíneos indicam hipo- xemia ou dificuldades respiratórias que possam comprometer a oxigenação. O monitoramento contínuo de parâmetros vitais, glicemia e balanço hídrico é imprescindível para ajustar a terapia de acordo com a evolução clínica do paciente. O enfermeiro deve realizar medições regulares de glicose e dosar a infusão de insulina conforme as respostas metabólicas do paciente, garan- tindo uma abordagem segura e eficaz (Viana; Torre, 2017). Da mesma forma, o acompanhamento dos sinais vitais permite identificar alterações rápidas que podem indicar instabilidade hemodinâmica ou metabólica, sendo a intervenção imediata necessária para a manutenção da estabilidade do paciente. Reflita Como a interpretação detalhada dos gases sanguíneos pode influenciar diretamente a tomada de decisões clínicas em pacientes com cetoacidose diabética e coma hipoglicêmico? A prática de enfermagem, aliada à interpretação dos gases sanguíneos e ao monitoramento contínuo, contribui diretamente para um manejo seguro e personalizado em emergências como a cetoacidose diabética e o coma hipoglicêmico (Padilha et al., 2014). 127 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva CONCLUSÃO Na Unidade 5 - Assistência ao paciente crítico, disfunção digestiva e meta- bólica, foram abordados os principais aspectos que envolvem o cuidado em condições como hemorragia digestiva, abdome agudo, hipertensão intra-ab- dominal, cetoacidose diabética, coma hipoglicêmico e distúrbios do equilí- brio hidroeletrolítico e ácido-básico. Cada tópico discutiu tanto a avaliação clínica detalhada e a interpretação de exames laboratoriais, quanto as intervenções de enfermagem necessá- rias para a estabilização do paciente, incluindo o manejo da terapia nutri- cional, tanto enteral quanto parenteral, e as práticas de reposição volêmica e suporte hemodinâmico. A ideia central da unidade foi capacitar você para o desenvolvimento de um cuidado seguro e eficaz, embasado em evidências, que reconheça a comple- xidade desses quadros e promova intervenções específicas, que são essen- ciais para a recuperação e estabilidade dos pacientes em estado crítico. Dessa forma, o conteúdo ofereceu uma base sólida, preparando-o para identificar, avaliar e atuar frente às disfunções digestivas e metabólicas no contexto intensivo. 128 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais desse tema, leia os materiais a seguir: 1. BARRETO, P. et al. Posicionamento Braspen – Manejo da disfunção do trato gastrointestinal na UTI. BraspenJournal, [s. l.], v. 37, n. 3, p. 228-243, 2022. Disponível em: https://braspenjournal.org/article/10.37111/braspenj.2022. BRASPEN_posicionamentofibras/pdf/braspen-37-3-228.pdf. Acesso em: 8 out. 2024. 2. BORGES, D. M. S. et al. Cuidados de enfermagem no manejo aos pacientes com cetoacidose diabética: revisão integrativa. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, [s. l.], v. 18, n. 115, p. 824-830, 2024. Disponível em: https://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/ view/2485/1482. Acesso em: 8 out. 2024. 3. GONÇALVES, C. V. et al. Monitoramento da Terapia Nutricional Enteral em Unidade de Terapia Intensiva: adequação calórico-proteica e sobrevida. Braspen Journal, [s. l.], v. 32, n. 4, p. 341-346, 2017. Disponível em: https:// braspenjournal.org/article/doi/10.37111/braspenj.2017.32.4.08. Acesso em: 8 out. 2024. 4. MOLESKI, S. M. Avaliação do paciente gastrointestinal. Manual MSD – Versão para Profissionais de Saúde, [s. l.], 2023. Disponível em: https:// www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointesti- nais/abordagem-ao-paciente-gastrointestinal/avalia%C3%A7%C3%A3o- -do-paciente-gastrointestinal?ruleredirectid=762. Acesso em: 8 out. 2024. 5. PEREIRA, B. M. Protocolos de mensuração e tratamento da hipertensão intra-abdominal. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, [s. l.], v. 48, p. e20202838, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rcbc/a/ NVd4zW6Bgng8VQsQwmyQsqg/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 8 out. 2024. https://braspenjournal.org/article/10.37111/braspenj.2022.BRASPEN_posicionamentofibras/pdf/braspen-37-3-228.pdf https://braspenjournal.org/article/10.37111/braspenj.2022.BRASPEN_posicionamentofibras/pdf/braspen-37-3-228.pdf https://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/2485/1482 https://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/2485/1482 https://braspenjournal.org/article/doi/10.37111/braspenj.2017.32.4.08 https://braspenjournal.org/article/doi/10.37111/braspenj.2017.32.4.08 https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/abordagem-ao-paciente-gastrointestinal/avalia%C3%A7%C3%A3o-do-paciente-gastrointestinal?ruleredirectid=762 https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/abordagem-ao-paciente-gastrointestinal/avalia%C3%A7%C3%A3o-do-paciente-gastrointestinal?ruleredirectid=762 https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/abordagem-ao-paciente-gastrointestinal/avalia%C3%A7%C3%A3o-do-paciente-gastrointestinal?ruleredirectid=762 https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/abordagem-ao-paciente-gastrointestinal/avalia%C3%A7%C3%A3o-do-paciente-gastrointestinal?ruleredirectid=762 https://www.scielo.br/j/rcbc/a/NVd4zW6Bgng8VQsQwmyQsqg/?lang=pt&format=pdf https://www.scielo.br/j/rcbc/a/NVd4zW6Bgng8VQsQwmyQsqg/?lang=pt&format=pdf Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 129 OBJETIVOS Ao final desta unidade, esperamos que possa: Abordar os principais métodos substi- tutivos da função renal, possibilitando bases científicas para a identificação de técnicas dialíticas. Aplicar a assistência adequada na trans- fusão de hemocomponentes Compreender os diferentes distúrbios neurológicos correlacionando aos casos clínicos. Aplicar a adequada assistência na sedação e na ocorrência de dor. UNIDADE 6 130 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 6 ASSISTÊNCIA AO PACIENTE CRÍTICO, DISFUNÇÃO GENITURINÁRIA, NEUROLÓGICA E HEMATOLÓGICA A assistência ao paciente crítico com disfunção geniturinária, neurológica e hematológica envolve conhecimentos essenciais para o enfermeiro que atua em Unidades de Terapia Intensiva, em que a compreensão da fisiopato- logia e dos protocolos específicos pode determinar uma intervenção eficaz e segura. Ao longo desta unidade, você será orientado a reconhecer os sinais clínicos e os parâmetros de avaliação para complicações renais, neurológicas e hema- tológicas, assim como a aplicar os métodos dialíticos, os cuidados com a transfusão de hemocomponentes e o manejo de situações neurológicas críticas, como o acidente vascular encefálico e a hipertensão intracraniana. A unidade constrói-se sobre os conceitos de disfunção cardiovascular e respi- ratória previamente abordados, oferecendo uma continuidade ao desen- volvimento das habilidades de avaliação e assistência em sistemas corpo- rais interdependentes. Posteriormente, você avançará para o domínio de técnicas relacionadas ao manejo de outras disfunções em UTI, consolidando uma visão integrada do cuidado intensivo. 6.1 INSUFICIÊNCIA RENAL E MÉTODOS DIALÍTICOS A insuficiência renal representa uma condição complexa e recorrente em pacientes críticos, exigindo do enfermeiro um conhecimento amplo sobre os mecanismos de avaliação e estratégias de suporte e substituição da função renal. 131 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 1: Doença renal Fonte: Freepik, 2024. #PraTodosVerem: Ilustração colorida de um rim em corte anatômico ao centro, com duas pessoas ao lado, ambas usando jalecos. À esquerda, a pessoa segura uma prancheta e uma lupa; e à direita, a pessoa segura um grande comprimido. Abaixo do rim, há tubos de ensaio com líquido vermelho em um suporte. Acima dos tubos, há um ícone de check indicando aprovação ou confirmação. Em unidades de terapia intensiva, o monitoramento cuidadoso e contínuo é essencial para detectar sinais iniciais de disfunção, promovendo interven- ções que previnam a progressão do quadro clínico (Padilha et al., 2014). O suporte dialítico, seja por meio da hemodiálise ou da diálise peritoneal, atua no controle do equilíbrio hidroeletrolítico e na remoção de toxinas, processos vitais para a estabilização dos pacientes com insuficiência renal (Hinkle; Cheever, 2019). 132 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Saiba Mais Para entender melhor os diagnósticos e intervenções de enfermagem em pacientes com lesão renal aguda, consulte o artigo a seguir que examina as principais intervenções em UTIs, como controle de infecção e equilíbrio hídrico. Esse artigo oferece uma visão abrangente das necessi- dades de cuidado e das estratégias de enfermagem em casos críticos. Fonte: GRASSI, M. F. et al. Diagnósticos, resultados e inter- venções de enfermagem em pacientes com lesão renal aguda. Acta Paul Enferm., [s. l.], v. 30, n. 5, p. 538-545, 2017. Disponível: https://www.scielo.br/j/ape/a/yZd6jnPcmGKCS- bJTtgkxDvw/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 8 nov. 2024. Essa compreensão da fisiopatologia e dos cuidados específicos na insufici- ência renal aguda e crônica permite ao enfermeiro adotar práticas funda- mentadas, garantindo uma assistência segura e qualificada no ambiente intensivo. 6.1.1 AVALIAÇÃO DO SISTEMA GENITURINÁRIO DO PACIENTE CRÍTICO A avaliação do sistema geniturinário em pacientes críticos baseia-se em exames laboratoriais e de imagem, que permitem identificar e monitorar alterações na função renal. Entre os exames laboratoriais principais estão a dosagem de creatinina e ureia, marcadores de excreção renal que indicam a capacidade de filtração glomerular e ajudam a identificar disfunções ou insuficiência renal (Padilha et al., 2014). A creatinina sérica, que aumenta com a redução da filtração, é um indicador importante, e a ureia pode revelar tanto o estado de hidratação quanto o catabolismo proteico do paciente (Hinkle; Cheever, 2019). https://www.scielo.br/j/ape/a/yZd6jnPcmGKCSbJTtgkxDvw/?lang=pt&format=pdf https://www.scielo.br/j/ape/a/yZd6jnPcmGKCSbJTtgkxDvw/?lang=pt&format=pdf 133 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Eletrólitos como sódio e potássio também são fundamentais, uma vez que seus níveis refletem o equilíbrio hidroeletrolítico, permitindo ajustar inter- venções para corrigir desequilíbrios que podem afetar o sistema cardiovas- cular e outros órgãos (Murakami; Santos, 2017). Além dos exames laboratoriais,o monitoramento do débito urinário fornece informações valiosas sobre a função renal e a resposta do paciente aos trata- mentos. A diurese horária, mensurada frequentemente com o auxílio de cateteres urinários, indica a perfusão renal e permite uma avaliação contínua do estado do paciente crítico (Padilha et al., 2014). Débito urinário baixo pode sinalizar lesão renal aguda, especialmente em pacientes com múltiplas insuficiências orgânicas, exigindo intervenção imediata para prevenir a progressão da disfunção (Hinkle; Cheever, 2019). O enfermeiro, ao realizar a monitorização de débito e interpretar esses parâ- metros, contribui ativamente para o ajuste das terapias e para a manutenção da estabilidade clínica do paciente. 6.1.2 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA E CRÔNICA Na assistência de enfermagem a pacientes com lesão renal aguda (LRA) — também chamada de insuficiência renal aguda, termo utilizado anterior- mente — o foco está na detecção precoce dos sinais de disfunção renal e na aplicação de intervenções para reverter ou estabilizar o quadro. A LRA é comum em ambientes de terapia intensiva, e a monitorização cons- tante do débito urinário e dos parâmetros bioquímicos, como creatinina e eletrólitos, é essencial para identificar precocemente a redução da função renal (Padilha et al., 2014; Hinkle; Cheever, 2019). Intervenções como a reposição volêmica ajustada e o controle de agentes nefrotóxicos, que podem acelerar o comprometimento renal, são práticas críticas para reduzir os danos aos rins (Murakami; Santos, 2017). 134 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva A atuação do enfermeiro envolve não apenas a execução desses cuidados, mas também a avaliação frequente da resposta do paciente, ajustando o plano terapêutico de acordo com as necessidades apresentadas e em cola- boração com a equipe multidisciplinar (Freitas, 2018). Para pacientes com insuficiência renal crônica (IRC), a assistência de enfer- magem na UTI requer cuidados específicos, com ênfase no suporte contínuo e no monitoramento intensivo. Pacientes dialíticos crônicos, quando em ambiente crítico, podem neces- sitar de ajustes nas terapias de substituição renal, incluindo a frequência e o tipo de diálise, seja peritoneal ou hemodiálise, para garantir o controle dos níveis de toxinas e do equilíbrio hidroeletrolítico (Padilha et al., 2014; Hinkle; Cheever, 2019). Nesses casos, é fundamental que o enfermeiro observe sinais de sobrecarga hídrica, como edema e alterações na pressão arterial, além de monitorar os acessos vasculares para prevenir complicações infecciosas ou obstrutivas (Murakami; Santos, 2017). Curiosidade A lesão renal aguda (LRA), inicialmente chamada de insu- ficiência renal aguda, foi identificada durante a Segunda Guerra Mundial com uma taxa de mortalidade de 100%. Desde então, classificações como RIFLE e AKIN têm ajudado na detecção precoce e no manejo mais eficaz da LRA, especialmente em UTIs, reduzindo a mortalidade e melhorando os desfechos clínicos (Padilha et al., 2014) . A gestão desses cuidados, que inclui a avaliação da condição clínica e ajustes terapêuticos, promove a manutenção da estabilidade do paciente em estado crítico e o suporte necessário à continuidade dos cuidados dialíticos (Freitas, 2018). 135 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 6.1.3 DIÁLISE PERITONIAL E HEMODIÁLISE A escolha entre diálise peritoneal e hemodiálise em pacientes críticos depende de uma avaliação cuidadosa das indicações e contraindicações de cada método. A hemodiálise é recomendada em casos que demandam remoção rápida de toxinas e controle de sobrecarga hídrica, sendo mais indi- cada para pacientes hemodinamicamente estáveis e com acesso vascular adequado (Hinkle; Cheever, 2019). Em contrapartida, a diálise peritoneal é geralmente indicada para pacientes instáveis ou com dificuldade de acesso vascular, pois permite uma troca mais lenta de líquidos e solutos utilizando a cavidade peritoneal como membrana filtrante, o que minimiza o impacto hemodinâmico (Padilha et al., 2014). Essa escolha fundamenta-se em avaliações que consideram o estado clínico do paciente e a possibilidade de resposta ao tratamento, orientando a equipe de enfermagem e médica para o método mais adequado. 136 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 2: Terapia renal substitutiva Fonte: Riswan Ratta, Unsplash, 2024. #PraTodosVerem: Ilustração colorida mostra um paciente deitado em uma cama de hospital, recebendo tratamento de diálise. Ele está conectado a uma máquina de hemodiá- lise ao lado, com duas bolsas de sangue na parte superior. O paciente parece relaxado, com o braço ligado por tubos à máquina que filtra o sangue. Ambos os métodos dialíticos apresentam riscos específicos que exigem intervenções da enfermagem para garantir a segurança do paciente. Na diálise peritoneal, a peritonite é uma complicação comum, geralmente associada à contaminação do catéter ou do fluido dialítico; para preveni-la, o 137 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva enfermeiro deve realizar uma assepsia rigorosa durante as trocas e monitorar sinais de infecção, como febre e turvação do efluente (Murakami; Santos, 2017). Na hemodiálise, a hipotensão intradialítica é uma complicação frequente, devido à rápida remoção de fluidos; para gerenciá-la, o enfermeiro moni- tora os sinais vitais e ajusta a taxa de ultrafiltração conforme necessário, buscando estabilizar o paciente e prevenir desconforto ou descompensação (Padilha et al., 2014). A atuação da enfermagem é, portanto, essencial para monitorar e intervir prontamente nas complicações, promovendo um cuidado contínuo e seguro durante a terapia dialítica. 6.2 TRANSFUSÃO SANGUÍNEA A transfusão sanguínea é uma intervenção frequente e essencial no cuidado intensivo, utilizada para restaurar o volume sanguíneo e corrigir déficits específicos de hemocomponentes, como hemácias, plaquetas e plasma, em pacientes críticos. Essa prática exige que o enfermeiro possua conhecimento técnico e habi- lidade para avaliar as indicações clínicas, acompanhar os parâmetros labo- ratoriais e realizar a transfusão de maneira segura e precisa, considerando sempre as condições particulares de cada paciente (Hinkle; Cheever, 2019). Na UTI, a transfusão é uma ferramenta vital que contribui diretamente para a estabilização hemodinâmica e a resposta imunológica dos pacientes, especialmente aqueles em risco de sangramento ou com doenças hemato- lógicas e alterações graves na coagulação (Murakami; Santos, 2017). O enfermeiro, ao integrar essas práticas com protocolos rigorosos de segu- rança, assegura uma assistência de qualidade e fundamentada em evidên- cias para promover o cuidado e minimizar possíveis complicações durante o processo transfusional (Padilha et al., 2014). 138 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 6.2.1 CRITÉRIOS PARA TRANSFUSÃO DE HEMOCOMPONENTES A decisão pela transfusão de hemocomponentes em pacientes críticos deve ser fundamentada em critérios específicos, considerando o tipo de defici- ência e a condição clínica do paciente. Figura 3: Exame do sangue Fonte: AntonSAN, Shutterstock, 2024. #PraTodosVerem: Fotografia colorida mostra uma mão com luva azul segurando um tubo de ensaio contendo líquido vermelho, representando uma amostra de sangue. O fundo é branco, destacando o tubo e a mão enluvada. Para a transfusão de concentrado de hemácias, por exemplo, indica-se geral- mente quando há anemia significativa associada a sintomas de hipóxia teci- dual ou em casos de sangramento agudo, com o objetivo de restaurar a capacidade de transporte de oxigênio (Hinkle; Cheever, 2019). A reposição de plaquetas é recomendada em situações de trombocitopenia grave, especialmente em pacientes com risco de sangramento ativo ou em procedimentos invasivos, enquanto o uso de plasma fresco congeladoé indi- cado para corrigir distúrbios de coagulação ou em casos de sangramento 139 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva com deficiência de múltiplos fatores de coagulação (Padilha et al., 2014). O crioprecipitado, por sua vez, é usado quando há necessidade de reposição de fibrinogênio, como em quadros de coagulopatia associados a sangra- mento ativo (Murakami; Santos, 2017). Cada tipo de hemocomponente apresenta indicações específicas que o enfermeiro deve compreender para participar de decisões fundamentadas e seguras. A avaliação laboratorial é essencial para subsidiar essas decisões transfusio- nais, orientando a necessidade e o tipo de hemocomponente a ser adminis- trado. Exames como o hemograma, com destaque para os níveis de hemoglobina e contagem plaquetária, fornecem parâmetros sobre o estado hematoló- gico do paciente e indicam a necessidade de transfusão de hemácias ou plaquetas conforme os valores críticos identificados (Freitas, 2018; Hinkle; Cheever, 2019). Já o tempo de coagulação, como o TP e o TTPA, e o nível de fibrinogênio são essenciais para avaliar o perfil de coagulação e decidir pela administração de plasma fresco congelado ou crioprecipitado em casos de distúrbios hemos- táticos (Padilha et al., 2014). Com base na interpretação desses exames e na condição clínica do paciente, o enfermeiro em UTI contribui de forma direta para o planejamento trans- fusional, assegurando que as intervenções sejam realizadas de acordo com protocolos e com foco na estabilização e segurança do paciente. 6.2.2 CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PROCESSO DE TRANS- FUSÃO Os cuidados de enfermagem durante o processo de transfusão incluem o monitoramento constante para identificar rapidamente reações transfusio- nais, permitindo intervenções imediatas em caso de adversidades. 140 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 4: Transfusão Fonte: ivector, Shutterstock, 2022. #PraTodosVerem: Ilustração colorida mostra transfusão de sangue. Um paciente está sentado em uma cadeira, conectado a uma bolsa de sangue que aparece em destaque ao fundo, com um símbolo de coração no centro. Ao lado, uma pessoa em pé, provavelmente um profissional de saúde, observa a cena usando um crachá com o símbolo de coração. Reações como febre, urticária, calafrios e dor lombar podem ser sinais iniciais de incompatibilidade ou de resposta adversa à transfusão e exigem a interrupção do procedimento e avaliação imediata da condição do paciente (Hinkle; Cheever, 2019). Em casos mais graves, como choque anafilático ou reações hemolíticas agudas, o enfermeiro deve estar preparado para realizar intervenções rápidas, incluindo suporte ventilatório e hemodinâmico conforme neces- sário, além de comunicar imediatamente a equipe médica (Padilha et al., 2014; Murakami; Santos, 2017). Esse monitoramento durante toda a infusão é essencial para garantir que qualquer alteração seja prontamente abor- dada, minimizando o risco de complicações graves para o paciente. Além do monitoramento, é imprescindível que o enfermeiro siga um checklist de segurança rigoroso antes, durante e após a transfusão, garan- tindo que todos os passos sejam realizados de forma segura. Esse checklist 141 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva inclui a identificação correta do paciente e a verificação da compatibilidade sanguínea antes de iniciar a transfusão, uma etapa crítica para evitar erros que poderiam desencadear reações adversas (Freitas, 2018; Hinkle; Cheever, 2019). Durante o procedimento, a monitorização dos sinais vitais deve ser frequente, e, após a infusão, o enfermeiro deve continuar acompanhando o paciente, observando-o para reações tardias, como febre ou alterações hemodi- nâmicas, além de registrar todas as etapas e intercorrências do processo (Padilha et al., 2014). Esses procedimentos de segurança formam a base para uma assistência de qualidade, reduzindo riscos e promovendo a segurança do paciente durante o processo transfusional. 6.3 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO, HIPERTENSÃO INTRACRANIANA E MONITORIZAÇÃO NEUROLÓGICA O manejo de pacientes com acidente vascular encefálico (AVE) e hipertensão intracraniana em terapia intensiva envolve conhecimentos específicos que permitem ao enfermeiro atuar de forma eficaz na estabilização e monitori- zação desses pacientes críticos. Situações de AVE e de hipertensão intracraniana representam desafios frequentes na UTI, exigindo do enfermeiro habilidades de avaliação e inter- venção rápidas para evitar a progressão de lesões neurológicas e promover a estabilidade do quadro clínico (Hinkle; Cheever, 2019). A atuação da enfermagem é essencial para aplicar protocolos de monitori- zação neurológica contínua e para colaborar com a equipe na identificação precoce de sinais de deterioração, com o objetivo de ajustar as intervenções terapêuticas conforme a evolução do paciente (Padilha et al., 2014). Esse conjunto de práticas torna-se fundamental para o cuidado em UTI, assegurando que o paciente receba assistência qualificada e adaptada às demandas dinâmicas e complexas da função neurológica em estado crítico (Murakami; Santos, 2017). 142 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 6.3.1 AVALIAÇÃO DO SISTEMA NEUROLÓGICO DO PACIENTE CRÍTICO A avaliação neurológica do paciente crítico envolve o uso de escalas que ajudam a monitorar o estado neurológico de forma precisa e contínua, faci- litando intervenções rápidas e adequadas. A Escala de Coma de Glasgow é utilizada para avaliar o nível de consciência por meio de respostas motoras, verbais e oculares, e qualquer mudança nos escores pode indicar piora neurológica (Hinkle; Cheever, 2019). Em casos de acidente vascular encefálico, a NIH Stroke Scale (NIHSS) é espe- cialmente útil, pois permite avaliar déficits neurológicos específicos, como a força motora e a visão, orientando o tratamento de acordo com a gravidade do quadro (Padilha et al., 2014). 143 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 5: Acidentes vascular cerebral Fonte: brgfx, Freepik, 2024. #PraTodosVerem: Ilustração colorida mostra os tipos de derrame cerebral humano, com um cérebro ao centro e três tipos principais de acidente vascular cerebral (AVC) ao redor. À esquerda, o “hemorrágico” mostra um vaso sanguíneo rompido, causando sangramento. À direita, “aterosclerose” exibe um vaso parcialmente bloqueado por placas de gordura. Na parte inferior, “isquêmico” mostra um vaso com bloqueio que impede o fluxo de sangue. Cada tipo é ilustrado com detalhes dos vasos sanguíneos para destacar as diferenças entre os tipos de AVC. Além disso, a escala RASS (Richmond Agitation-Sedation Scale) é aplicada para pacientes sedados ou intubados, monitorando os níveis de sedação e agitação e possibilitando ajustes na sedação para o controle adequado do paciente (Murakami; Santos, 2017). 144 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva A monitorização da pressão intracraniana (PIC) é um aspecto crítico na avaliação de pacientes com risco de hipertensão intracraniana, comum em casos de lesões cerebrais e pós-AVE. O método invasivo, realizado por meio de catéteres intraventriculares, oferece medições precisas da pressão no cérebro, mas requer cuidados de enfermagem rigorosos para prevenir infec- ções e complicações associadas (Padilha et al., 2014). Atenção A Escala de Coma de Glasgow é utilizada para avaliar o nível de consciência por meio de respostas motoras, verbais e oculares, e qualquer mudança nos escores pode indicar piora neurológica (Hinkle; Cheever, 2019). A monitorização não invasiva, que inclui ultrassonografia e Doppler trans- craniano, também pode ser utilizada para acompanhar a PIC em pacientes para os quais o método invasivo é contraindicado, oferecendo informações sobre a dinâmica cerebral (Hinkle; Cheever, 2019). A enfermagem, ao utilizar essas técnicas e escalas,desempenha um papel essencial na detecção precoce de alterações e no ajuste das intervenções, contribuindo para a manutenção da estabilidade neurológica no ambiente crítico. 6.3.2 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (HEMORRÁGICO E ISQUÊMICO) E HIPERTENSÃO INTRACRANIANA Na assistência ao paciente com acidente vascular encefálico (AVE), o enfer- meiro é fundamental na prevenção de complicações que podem compro- meter a recuperação. Intervenções como a mobilização precoce, a higiene pulmonar e o posi- cionamento adequado são medidas fundamentais para evitar pneumonia, 145 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva tromboembolismo venoso e úlceras de pressão, complicações frequentes em pacientes com comprometimento neurológico e reduzida mobilidade (Padilha et al., 2014). A observação contínua do estado neurológico e a atenção a sinais de dete- rioração permitem ao enfermeiro ajustar o plano de cuidados e promover um ambiente seguro que facilita a recuperação e previne o agravamento do quadro (Hinkle; Cheever, 2019). No manejo da hipertensão intracraniana, terapias como a drenagem ventri- cular externa e a osmoterapia, com o uso de soluções hipertônicas ou manitol, são recursos frequentemente utilizados. A enfermagem é responsável pelo monitoramento do volume drenado e pela observação de sinais de infecção nos acessos invasivos, além de realizar o controle rigoroso do balanço hídrico e das condições hemodinâmicas do paciente para evitar complicações (Murakami; Santos, 2017). A atuação constante do enfermeiro, integrando o controle da hipertensão intracraniana com intervenções direcionadas à segurança e conforto, é essen- cial para estabilizar o quadro e reduzir o risco de lesão cerebral adicional (Padilha et al., 2014). 6.4 DOR E SEDAÇÃO O manejo da dor e da sedação em pacientes críticos é um componente central do cuidado em terapia intensiva, que visa não apenas proporcionar alívio e conforto, mas também promover a estabilidade clínica e psicológica. Em ambiente de UTI, muitos pacientes enfrentam desconfortos intensos e necessitam de intervenções que vão desde a avaliação precisa da dor até o controle adequado do nível de sedação, especialmente em situações que envolvem procedimentos invasivos e ventilação mecânica (Hinkle; Cheever, 2019). A atuação da enfermagem nesse contexto envolve o uso de ferramentas para avaliar a dor e o nível de sedação de forma contínua, integrando abor- dagens farmacológicas, como analgésicos e sedativos, e métodos não farma- 146 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva cológicos, que também podem colaborar para a redução do estresse e do desconforto (Murakami; Santos, 2017). Esse conjunto de práticas, embasado em protocolos e em uma visão huma- nizada do cuidado, permite que o enfermeiro contribua de forma decisiva para o bem-estar e a recuperação do paciente crítico, criando uma base sólida para intervenções que serão aprofundadas nos próximos tópicos (Viana; Torre, 2017). 6.4.1 MEDIDAS DE AVALIAÇÃO DA DOR A avaliação da dor em pacientes críticos requer o uso de escalas específicas, uma vez que muitos desses pacientes estão sedados ou intubados, impossi- bilitados de relatar o próprio desconforto. A escala CPOT (Critical Care Pain Observation Tool) é utilizada para avaliar a dor nesses contextos, baseando-se em sinais comportamentais, como expressões faciais, tensão muscular e movimentos corporais, que indicam a presença de dor mesmo na ausência de comunicação verbal (Padilha et al., 2014). A BPS (Behavioral Pain Scale) é outra escala efetiva, especialmente para pacientes intubados, avaliando fatores como expressão facial e resposta motora, e fornecendo uma pontuação objetiva que facilita o ajuste das inter- venções analgésicas pela equipe de enfermagem (Hinkle; Cheever, 2019). Essas ferramentas tornam-se essenciais no ambiente de UTI, onde a avaliação contínua e precisa é fundamental para garantir o conforto do paciente. Para pacientes com déficit neurológico, a avaliação da dor exige aborda- gens ainda mais específicas, pois as limitações cognitivas e de comunicação complicam a identificação dos sinais de desconforto. Nesses casos, o enfer- meiro deve observar sinais sutis, como variações na frequência cardíaca, pressão arterial e respostas musculares involuntárias, complementando a observação com escalas comportamentais adequadas à condição do paciente (Murakami; Santos, 2017). 147 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Essa atenção a sinais fisiológicos e comportamentais permite uma avaliação mais ampla e adaptada à complexidade do quadro clínico, garantindo que o manejo da dor seja eficaz e proporcione alívio adequado, mesmo quando o paciente não consegue expressar verbalmente o que sente (Viana; Torre, 2017). 6.4.2 CONTROLE DA DOR O controle da dor em pacientes críticos na UTI envolve o uso criterioso de analgésicos, com destaque para opioides, anti-inflamatórios e adjuvantes. Opioides como fentanil e morfina são frequentemente utilizados devido à sua potente ação analgésica, sendo indicados para alívio rápido em situ- ações de dor intensa, embora exijam monitoramento rigoroso devido ao risco de efeitos colaterais, como depressão respiratória e hipotensão (Hinkle; Cheever, 2019). Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como o ibuprofeno, também são usados, embora com cautela em pacientes com risco de sangramento ou insuficiência renal, pois podem causar efeitos adversos nesses sistemas (Padilha et al., 2014). Além disso, adjuvantes como antidepressivos e anticonvulsivantes são admi- nistrados para potencializar a analgesia, sendo úteis em casos de dor neuro- pática, mas exigem avaliação constante dos efeitos colaterais e da dosagem para assegurar que o alívio da dor seja alcançado com segurança (Murakami; Santos, 2017). Paralelamente ao uso de fármacos, métodos não farmacológicos são incor- porados ao cuidado para promover alívio adicional da dor e contribuir para o bem-estar do paciente. Técnicas como o posicionamento adequado no leito, mudanças frequentes de decúbito e o uso de dispositivos de apoio podem minimizar o descon- forto físico, especialmente em pacientes imobilizados (Freitas, 2018). Estí- mulos sensoriais, como a musicoterapia e o toque terapêutico, também são utilizados, proporcionando uma redução na percepção da dor e auxiliando no relaxamento. 148 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Reflita Como as intervenções não farmacológicas, como mudanças de decúbito e musicoterapia, podem contribuir para o controle da dor em pacientes críticos, além dos benefícios dos analgésicos tradicionais? Essas intervenções são fundamentais para um cuidado integral e humani- zado, permitindo que a enfermagem ofereça um suporte além da farmaco- logia e reforce o controle da dor como parte essencial da recuperação em ambiente crítico (Viana; Torre, 2017). 6.4.3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ANALGESIA E SEDAÇÃO A assistência de enfermagem na analgesia e sedação em UTI requer o cumprimento de protocolos específicos que visam garantir o conforto e a segurança do paciente em estado crítico. Entre os fármacos mais utilizados estão o propofol, o midazolam e o fentanil, administrados conforme protocolos de sedação contínua ou intermitente, com ajustes de dose baseados na resposta e nas necessidades do paciente (Padilha et al., 2014). O propofol, por sua ação rápida e curta duração, é geralmente preferido para sedação profunda de curta duração, enquanto o midazolam é indi- cado para sedação prolongada, com ação ansiolítica e amnésica que ajuda a reduzir o estresse e a agitação (Hinkle; Cheever, 2019). O fentanil, um opioide potente, é essencial no controle da dor intensa, sendo administrado de forma contínua ou intermitente para permitir alívio adequado e monito- ramento dos sinais vitais pelo enfermeiro (Murakami; Santos, 2017).149 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 6: Sedação Fonte: Nicoleta Ionescu, Shutterstock, 2024. #PraTodosVerem: Fotografia colorida de um profissional de saúde usando luvas azuis apli- cando uma injeção no braço de um paciente, que está deitado em uma maca. A cena indica um procedimento de sedação. A sedação prolongada, contudo, pode acarretar complicações como deli- rium, dependência de sedativos e supressão respiratória, exigindo que o enfermeiro adote práticas preventivas, como o despertar diário controlado. Essa técnica consiste na interrupção temporária da sedação para avaliar o nível de consciência e a função neurológica, o que contribui para a redução do risco de dependência e ajuda a prevenir o delirium, comum em pacientes sedados por longos períodos (Viana; Torre, 2017). Durante o despertar, o enfermeiro monitora sinais de desconforto, dor e esta- bilidade respiratória, ajustando a sedação conforme a resposta do paciente e colaborando com a equipe multiprofissional para um manejo seguro e adaptado ao quadro clínico (Padilha et al., 2014). Essa assistência contínua permite uma sedação eficiente e diminui os riscos associados, promovendo um cuidado mais humanizado e ajustado às demandas individuais do paciente crítico. 150 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva CONCLUSÃO A Unidade 6 - Assistência ao paciente crítico, disfunção geniturinária, neurológica e hematológica abordou aspectos fundamentais do cuidado intensivo, enfocando o manejo da insuficiência renal e métodos dialíticos, a transfusão de hemocomponentes, a monitorização e assistência em acidentes vasculares encefálicos e na hipertensão intracraniana, além do controle da dor e sedação em pacientes críticos. Cada tópico enfatizou o papel essencial da enfermagem na avaliação precisa, na prevenção de complicações e na implementação de intervenções tera- pêuticas específicas para promover a estabilização e o conforto do paciente. Por meio de práticas rigorosas e de uma compreensão integrada das técnicas e protocolos, o enfermeiro contribui diretamente para a segurança e recu- peração de pacientes em situações complexas e potencialmente instáveis. Assim, a unidade reafirma o objetivo central de capacitar você a oferecer uma assistência de qualidade, fundamentada em evidências e sensível às necessidades dos pacientes críticos, consolidando sua atuação como parte essencial da equipe de cuidados intensivos. 151 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais desse tema, leia os materiais a seguir. 1. AMARAL, D. M.; FERNANDES, L. Acidente vascular encefálico e uso da escala NIHSS. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, [s. l.], v. 5, n. 5, p. 774-785, 2023. Disponível em: https://bjihs.emnuvens.com. br/bjihs/article/view/641/797. Acesso em: 8 nov. 2024. 2. BENICHEL, C. R.; MENEGUIN, S. Fatores de risco para lesão renal aguda em pacientes clínicos intensivos. Acta Paul Enferm., [s. l.], v. 33, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ape/a/jdJNTm8KfCC5jLq8M3s8Md- z/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 8 nov. 2024. 3. LUFT, J. et al. Lesão renal aguda em unidade de tratamento intensivo: características clínicas e desfechos. Cogitare Enfermagem, [s. l.], v. 21, n. 2, 2016. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/4836/4836536500 10/483653650010.pdf. Acesso em: 8 nov. 2024. 4. RIBEIRO, K. R. A. Cuidados de enfermagem aos pacientes com insufici- ência renal crônica no ambiente hospitalar. Revista Recien, [s. l.], v. 6, n. 18, p. 26-35, 2016. Disponível em: https://www.recien.com.br/index.php/ Recien/article/view/110/113. Acesso em: 8 nov. 2024. 5. SILVA, D. N. et al. Cuidados de enfermagem à vítima de acidente vascular cerebral. Revista Eletrônica Acervo Saúde, [s. l.], v. 36, 2019. Disponível em: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/2136/980. Acesso em: 8 nov. 2024. https://bjihs.emnuvens.com.br/bjihs/article/view/641/797 https://bjihs.emnuvens.com.br/bjihs/article/view/641/797 https://www.scielo.br/j/ape/a/jdJNTm8KfCC5jLq8M3s8Mdz/?lang=pt&format=pdf https://www.scielo.br/j/ape/a/jdJNTm8KfCC5jLq8M3s8Mdz/?lang=pt&format=pdf https://www.redalyc.org/journal/4836/483653650010/483653650010.pdf https://www.redalyc.org/journal/4836/483653650010/483653650010.pdf https://www.recien.com.br/index.php/Recien/article/view/110/113 https://www.recien.com.br/index.php/Recien/article/view/110/113 https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/2136/980 152 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva REFERÊNCIAS AHA - AMERICAN HEART ASSOCIATION. Destaques das Diretrizes de RCP e ACE de 2020 da American Heart Association. Dallas: AHA, 2020. Disponível em: https://cpr.heart.org/-/media/cpr-files/cpr-guidelines-files/highlights/ hghlghts_2020eccguidelines_portuguese.pdf. Acesso em: 31 out. 2024. BRASIL. 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COFEN - CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen n. 639/2020. Dispõe sobre as competências do Enfermeiro no cuidado aos pacientes em ventilação mecânica no ambiente extra e intra-hospitalar. Brasília: Cofen, 2020. Disponível em: https://www.cofen.gov.br/resolucao-co- fen-no-639-2020/. Acesso em: 31 out. 2024. COFEN - CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen n. 736, de 17 de janeiro de 2024. Dispõe sobre a implementação do Processo de Enfermagem em todo contexto socioambiental onde ocorre o cuidado de enfermagem. Brasília: Cofen, 2024. Disponível em: https://www.cofen.gov.br/ resolucao-cofen-no-736-de-17-de-janeiro-de-2024/. Acesso em: 13 set. 2024. https://cpr.heart.org/-/media/cpr-files/cpr-guidelines-files/highlights/hghlghts_2020eccguidelines_portuguese.pdf https://cpr.heart.org/-/media/cpr-files/cpr-guidelines-files/highlights/hghlghts_2020eccguidelines_portuguese.pdf https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/caderno-4-medidas-de-prevencao-de-infeccao-relacionada-a-assistencia-a-saude.pdf https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/caderno-4-medidas-de-prevencao-de-infeccao-relacionada-a-assistencia-a-saude.pdf https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/caderno-4-medidas-de-prevencao-de-infeccao-relacionada-a-assistencia-a-saude.pdf https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/protocolo-de-seguranca-na-prescricao-uso-e-administracao-de-medicamentos/view https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/protocolo-de-seguranca-na-prescricao-uso-e-administracao-de-medicamentos/view https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/protocolo-de-seguranca-na-prescricao-uso-e-administracao-de-medicamentos/view https://ojs.unifor.br/RBPS/article/view/8668/pdf https://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-639-2020/ https://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-639-2020/ https://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-736-de-17-de-janeiro-de-2024/https://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-736-de-17-de-janeiro-de-2024/ 153 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva FREITAS, E. O. Terapia Intensiva: práticas na atuação da enfermagem. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2018. E-book. Disponível em: https://integrada.minha- biblioteca.com.br/#/books/9788536530529/. Acesso em: 5 nov. 2024. GRASSI, M. F. et al. Diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem em pacientes com lesão renal aguda. Acta Paul Enferm., [s. l.], v. 30, n. 5, p. 538-545, 2017. Disponível: https://www.scielo.br/j/ape/a/yZd6jnPcmGKCSbJT- tgkxDvw/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 8 nov. 2024. HINKLE, J. L.; CHEEVER, K. H. Brunner & Suddarth: tratado de enfermagem médico cirúrgica. 14. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2019. v. 2. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527736954/. Acesso em: 5 nov. 2024. MATSUBA, C. S. T. et al. Diretriz Braspen de enfermagem em terapia nutri- cional oral, enteral e parenteral. Braspen Journal, [s. l.], v. 36, supp. 3, p. 2-62, 2021. 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A. P. P.; TORRE, M. Enfermagem em terapia intensiva: práticas integrativas. Barueri: Manole, 2017. Disponível em: https://integrada.minha- biblioteca.com.br/#/books/9788520455258/. Acesso em: 5 nov. 2024. VIANA, R. A. P. P.; WHITAKER, I. Y.; ZANEI, S. S. V. Enfermagem em terapia intensiva: práticas e vivências. Porto Alegre: ArtMed, 2020. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582715895/. Acesso em: 31 out. 2024. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520455258/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520455258/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582715895/ Quadro 1: Modelo de Indicador Quadro 2: Metas internacionais de segurança do paciente Quadro 3: Protocolos de segurança Figura 1: Leitos de Unidade de Terapia Intensiva Figura 2: Assistência ao paciente em UTI Figura 3: Tecnologias em UTI Figura 4: Prontuário eletrônico Figura 5: UTI Neonatal Figura 6: Treinamento dos profissionais Figura 1: Hemodinâmica Figura 2: Marcapasso interno Figura 3: Cateter de Sawn-Ganz. Figura 4: Representação de bactérias patogênicas Figura 5: Pneumonia Figura 6: Exame de PCR Figura 7: Materiais processados Figura 1: Bioética e UTI Figura 2: Representação do cuidado humanizado Figura 3: Enfermagem e Humanização Figura 4: Visitação a paciente Figura 1: Tecnologia em Doenças vasculares Figura 2: Doença da artéria coronária Figura 3: Monitorização cardíaca Figura 4: Ventilação invasiva Figura 5: Pneumonia Figura 6: Sistema circulatório Figura 7: Massagem cardíaca Figura 1: Abdome agudo Figura 2: Exame físico Figura 3: Tomografia Figura 4: Alimentação Figura 5: Assistência de Enfermagem Figura 6: Glicemia capilar Figura 7: Gasometria Figura 1: Doença renal Figura 2: Terapia renal substitutiva Figura 3: Exame do sangue Figura 4: Transfusão Figura 5: Acidentes vascular cerebral Figura 6: SedaçãoCRÍTICO Vamos abordar o planejamento adequado das necessidades estruturais, dos equipamentos e dos materiais em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no cuidado ao paciente crítico. Um aspecto é a organização física da UTI, que inclui a disposição de espaços como postos de enfermagem, salas de isolamento e áreas para a acomo- dação de equipamentos, visa otimizar o atendimento, proporcionando um ambiente seguro e eficiente tanto para os profissionais de saúde quanto para os pacientes (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). 20 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Outro fator é a escolha dos equipamentos e sua manutenção. Apare- lhos como ventiladores mecânicos, monitores multiparâmetros e bombas de infusão estão diretamente relacionados à qualidade da assistência (Murakami; Santos, 2017). Temos também as regulamentações, como a RDC 7 e a RDC 50, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); a Portaria GM/MS n. 3432/1998 e a Portaria GM/MS n. 2392/2011, que estabelecem diretrizes importantes sobre o dimensionamento das equipes e a organização dos espaços, assegurando a eficiência e qualidade na assistência (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Com base nessas regulamentações, esta unidade abordará como esses elementos são integrados à prática cotidiana, oferecendo suporte tanto para a operação eficiente quanto para a manutenção da segurança no cuidado intensivo. 1.1.1 AMBIENTE DA UTI: ESTRUTURA FÍSICA E EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA SEU FUNCIONAMENTO O dimensionamento e o layout da UTI garantem a funcionalidade e a segu- rança tanto dos pacientes quanto dos profissionais de saúde. Um planejamento adequado do espaço físico deve levar em conta áreas específicas, como os postos de enfermagem, que precisam estar estrategi- camente posicionados para permitir a visão ampla dos leitos, facilitando a vigilância contínua dos pacientes críticos (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Além disso, as salas de isolamento são essenciais para prevenir infecções, enquanto áreas dedicadas ao armazenamento e fácil acesso aos equipa- mentos garantem a agilidade nas intervenções de emergência (Padilha et al., 2014). 21 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 1: Leitos de Unidade de Terapia Intensiva Fonte: Kanowa, Shutterstock, 2019. #PraTodosVerem: Fotografia colorida de uma sala hospitalar moderna com várias camas equipadas com monitores e máquinas de suporte, indicando uma área de tratamento intensivo ou UTI. Ao lado de cada cama há equipamentos de monitoramento, prontos para cuidar de pacientes em estado crítico. O ambiente é limpo, organizado e iluminado, características essenciais de uma UTI para oferecer cuidados intensivos e monitoramento contínuo aos pacientes. O planejamento detalhado ajuda a otimizar o fluxo de trabalho e contribui para a redução de riscos à saúde do paciente, conforme as regulamentações exigidas pela Anvisa (Tobase; Tomazini, 2017). No que diz respeito aos equipamentos essenciais para o funcionamento da UTI, é necessário destacar a importância de dispositivos como ventiladores mecânicos, monitores multiparâmetros e bombas de infusão. Esses equi- pamentos contribuem para a manutenção das funções vitais e o monitora- mento contínuo do estado clínico do paciente (Murakami; Santos, 2017). A escolha e a disposição desses dispositivos no ambiente da UTI permite que as intervenções de suporte à vida sejam realizadas de forma rápida e 22 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva eficiente. Adicionalmente, a manutenção regular desses aparelhos, conforme os protocolos de segurança, assegura a redução de falhas técnicas que possam comprometer a qualidade do atendimento (Freitas, 2018). O layout adequado da UTI e a seleção dos equipamentos devem seguir crité- rios de funcionalidade e as diretrizes estabelecidas pelas regulamentações nacionais, como as RDCs da Anvisa, que preveem requisitos mínimos para o ambiente físico e para a disponibilização de recursos tecnológicos (Padilha et al., 2014). Os layouts mais comuns nas UTIs incluem o modelo de salão, que facilita o monitoramento simultâneo de vários pacientes; e os quartos individuais, que oferecem mais privacidade e controle de infecções. O semi-isolamento combina ambos, permitindo supervisão sem comprometer a privacidade (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Atenção O layout e a disposição física da UTI são cruciais para a segurança e a funcionalidade do ambiente. Postos de enfermagem devem ser estrategicamente posicionados para garantir uma visão ampla dos leitos, facilitando a vigi- lância contínua e rápida intervenção nos cuidados inten- sivos (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). A implementação de um ambiente bem planejado, com equipamentos modernos e devidamente mantidos, reflete diretamente na qualidade do cuidado intensivo, tornando a UTI um espaço capaz de responder às demandas complexas e dinâmicas que o cuidado ao paciente crítico exige (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). 1.1.2 PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES REGULAMENTADORAS EM UTI As principais legislações que regulamentam o funcionamento das UTIs no Brasil, estabelecidas pela Anvisa, definem padrões de infraestrutura e segu- 23 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva rança no cuidado ao paciente crítico. A RDC 7, de 2010, e a Portaria GM/MS n. 3432/1998 estabelecem os requisitos mínimos para a organização das UTIs, incluindo a quantidade mínima de profissionais por paciente, a neces- sidade de um enfermeiro exclusivo por turno, e a infraestrutura básica, como ventiladores e monitores (Padilha et al., 2014). A RDC 50 e a Portaria GM/MS n. 2392/2011 orientam sobre as condições físicas e o dimensionamento dos espaços, garantindo que a UTI seja proje- tada para permitir uma circulação eficiente de profissionais e equipamentos, minimizando riscos e otimizando o atendimento ao paciente (Tobase; Toma- zini, 2017). Essas normas têm como objetivo assegurar a segurança de profis- sionais e pacientes, criando um ambiente que atenda às demandas técnicas e humanas. Figura 2: Assistência ao paciente em UTI Fonte: Halfpoint, Shutterstock, 2024. #PraTodosVerem: Fotografia colorida de um profissional de saúde colocando uma máscara de oxigênio em uma paciente deitada em um leito hospitalar. 24 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Outro aspecto importante das regulamentações da Anvisa é a garantia de protocolos que visam à segurança do paciente e à prevenção de infecções. Essas diretrizes definem parâmetros claros para o controle de infecções hospitalares, determinando a importância de práticas como a higienização das mãos, o uso de equipamentos de proteção individual e o isolamento de pacientes com doenças contagiosas (Freitas, 2018). Além disso, as normas estabelecem que as UTIs devem contar com equi- pamentos de suporte avançado à vida em número suficiente, garantindo que todas as emergências possam ser adequadamente atendidas (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Com base nessas legislações, é possível assegurar que a UTI mantenha um padrão elevado de cuidado, minimizando os riscos e garantindo a eficiência das intervenções. Além das regulamentações técnicas, a legislação brasileira também reforça os direitos do paciente crítico, especialmente no que diz respeito à humani- zação do atendimento e ao direito à informação. Essas legislações, como o Estatuto do Idoso e o Estatuto da Criança e do Adolescente, asseguram que os pacientes em estado crítico, bem como seus familiares, tenham o direito de ser informados sobre o estado de saúde, os tratamentos a serem reali- zados e os riscos envolvidos (Murakami; Santos, 2017). Essa abordagem humanizada também garante a presença de familiares no ambiente hospitalar, respeitando os limites impostos pela situação clínica do paciente e pela segurança do ambiente. Tais direitos visam promover um cuidado que transcende o aspecto técnico, focando também o bem-estar emocionale psicológico do paciente e da sua família (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). 1.2 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS E ÍNDICES PROGNÓSTICOS EM UTI As inovações tecnológicas têm transformado significativamente o ambiente das UTIs, permitindo um cuidado mais preciso e seguro para os pacientes críticos. O uso de tecnologias como a monitorização remota, os prontuá- rios eletrônicos e os sistemas de suporte à decisão clínica têm facilitado a gestão de informações e a tomada de decisões, aumentando a eficiência no atendimento (Murakami; Santos, 2017). 25 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 3: Tecnologias em UTI Fonte: Chaikon, Shutterstock, 2019. #PraTodosVerem: Fotografia colorida da tela do monitor de uma central de monitora- mento, na qual se observa simultaneamente os parâmetros de todos os pacientes monito- rados. Além das inovações, os índices prognósticos, como APACHE e SOFA, permitem uma avaliação detalhada da condição do paciente, auxiliando os profissionais de saúde a preverem desfechos clínicos e a ajustarem o plano de cuidados de forma individualizada (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Esses avanços melhoram o controle sobre a evolução do estado clínico dos pacientes e otimizam a alocação de recursos e o planejamento da assis- tência de enfermagem, contribuindo diretamente para a melhoria dos resul- tados em saúde (Freitas, 2018). 1.2.1 USO DAS TECNOLOGIAS NAS UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA A monitorização remota e a telemedicina têm transformado o cuidado intensivo nas UTIs, permitindo o acompanhamento contínuo dos pacientes 26 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva à distância, mesmo em unidades com limitações de pessoal ou recursos. A telemedicina possibilita que especialistas em locais remotos avaliem casos complexos em tempo real, auxiliando na tomada de decisões clínicas e proporcionando uma assistência mais ágil e qualificada (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Essas tecnologias também possibilitam a descentralização do cuidado, ampliando o acesso a regiões menos favorecidas e otimizando o tempo de resposta em situações de emergência (Murakami; Santos, 2017). Reflita Como as inovações tecnológicas, como a telemedicina e o monitoramento remoto, podem impactar a qualidade do cuidado em Unidades de Terapia Intensiva? Essas tecno- logias realmente contribuem para uma assistência mais humanizada ou podem criar barreiras entre profissionais e pacientes? Os sistemas de informatização de dados clínicos, como os prontuários eletrônicos, têm se consolidado como aliados importantes na segurança do paciente. Eles garantem o registro preciso e acessível de informações, permi- tindo que as equipes de saúde visualizem o histórico clínico, os resultados de exames e as prescrições em tempo real (Freitas, 2018). Essa informatização não só diminui a ocorrência de erros humanos, espe- cialmente na administração de medicamentos, como também assegura que os profissionais sigam os protocolos adequados, melhorando a qualidade do cuidado prestado (Tobase; Tomazini, 2017). 27 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 4: Prontuário eletrônico Fonte: Shutterstock, 2015. #PraTodosVerem: Fotografia colorida na altura do tronco detalha um médico utilizando um tablet, acessando informações. O profissional veste jaleco branco e está com um este- toscópio pendurado no pescoço. A integração de dados clínicos também facilita a gestão do fluxo de pacientes e a alocação de recursos na UTI, proporcionando um planejamento mais eficiente das equipes e equipamentos. Os softwares de gestão permitem uma visão ampla da condição clínica, auxiliando na tomada de decisões críticas, especialmente em situações de urgência, em que a precisão e a velocidade das informações são essenciais (Padilha et al., 2014). Assim, o uso dessas tecnologias melhora a comunicação entre as equipes multidisciplinares e fortalece a segurança e a eficácia do tratamento ofere- cido aos pacientes críticos. 28 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 1.2.2 ÍNDICES PROGNÓSTICOS E SUA APLICAÇÃO NA PRÁTICA CLÍNICA (APACHE, SOFA, TISS, SAPS, MODS, MPM E NAS) Os índices prognósticos, como APACHE, SOFA e SAPS, são ferramentas essen- ciais na avaliação dos pacientes em UTI, ajudando a estimar a gravidade das doenças e prever desfechos. O Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE) utiliza parâ- metros fisiológicos e condições preexistentes para calcular a probabilidade de mortalidade (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Curiosidade O índice APACHE, utilizado para avaliar a gravidade dos pacientes em UTI, foi desenvolvido inicialmente em 1981 e tem sido constantemente atualizado desde então. Ele considera 12 variáveis fisiológicas e ajuda a prever a morta- lidade hospitalar, tornando-se uma ferramenta vital no planejamento do cuidado intensivo (Murakami; Santos, 2017). O Sequential Organ Failure Assessment (SOFA) avalia a falência de múlti- plos órgãos, sendo eficaz no monitoramento da progressão de insuficiências ao longo do tempo (Murakami; Santos, 2017). Já o Simplified Acute Physiology Score (SAPS) é um sistema simplificado que permite comparar diferentes UTIs, facilitando a previsão de mortalidade hospitalar (Freitas, 2018). O TISS mensura a carga de trabalho no cuidado intensivo, facilitando o gerenciamento de recursos humanos (Padilha et al., 2014). O MODS avalia a disfunção de múltiplos órgãos, enquanto o MPM utiliza dados iniciais de admissão para prever a mortalidade, sendo útil nas primeiras horas na UTI (Murakami; Santos, 2017; Freitas, 2018). 29 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva O Nursing Activities Score (NAS) é uma ferramenta que mensura a carga de trabalho da equipe de enfermagem, quantificando o tempo necessário para cada atividade. Ele fornece dados sobre a complexidade do cuidado e a demanda de trabalho para cada paciente (Padilha et al., 2014). Com isso, o NAS permite ajustar o número de profissionais de acordo com as neces- sidades de cada turno, garantindo uma assistência mais eficiente e segura (Tobase; Tomazini, 2017). A integração de índices como APACHE, SOFA, SAPS e NAS na prática clínica permite uma abordagem personalizada para o cuidado intensivo. Esses sistemas ajudam a prever complicações, ajustar tratamentos de forma precoce e otimizar a alocação de recursos, tornando o atendimento mais eficaz e seguro para os pacientes críticos (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). 1.3 UTI PEDIÁTRICA E NEONATAL A UTI pediátrica e neonatal exige uma abordagem diferenciada, uma vez que os pacientes atendidos nesses ambientes apresentam características fisiológicas específicas que demandam cuidados especializados. O cuidado intensivo voltado para crianças e recém-nascidos envolve a adaptação da estrutura física da unidade e a utilização de equipamentos adequados, como incubadoras e ventiladores neonatais, além de uma equipe com treinamento especializado para lidar com as particularidades do desenvolvimento infantil (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). As necessidades dos pequenos pacientes, que podem variar de recém-nas- cidos prematuros a crianças com condições críticas, exigem protocolos diferenciados que garantam o suporte adequado às suas funções vitais (Murakami; Santos, 2017). 30 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 5: UTI Neonatal Fonte: Iryna Inshyna, Shutterstock, 2023. #PraTodosVerem: Fotografia colorida de um recém-nascido em uma incubadora rece- bendo cuidados intensivos conectada a aparelhos. Um profissional ausculta o coração do bebê através da abertura lateral da incubadora. Além disso, a presença dos pais ou responsáveis é incentivada, promovendo um cuidado mais humanizado e que leve em consideração o impacto emocional da internação tanto para a criança quanto para a família (Freitas, 2018). Com isso, a UTI pediátrica e neonatal se destaca por integrar tecnologia e humanizaçãono atendimento dos pacientes mais vulneráveis. 31 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 1.3.1 CARACTERÍSTICAS NA ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DA UTI NEO/PED A estrutura e a organização da UTI pediátrica e neonatal são moldadas pelas especificidades dos pacientes atendidos, exigindo adaptações no espaço físico, nos equipamentos e na composição da equipe. Na UTI neonatal, por exemplo, o ambiente é projetado para acomodar incubadoras e equipamentos delicados, como ventiladores específicos para neonatos, para estabilizar as funções vitais de bebês prematuros ou com patologias graves (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Já a UTI pediátrica, por atender crianças de diferentes idades e tamanhos, necessita de uma maior flexibilidade no layout e nos equipamentos, como camas ajustáveis e dispositivos adequados ao tamanho e peso dos pacientes (Murakami; Santos, 2017). A presença de áreas dedicadas para o cuidado individualizado é fundamental para garantir o controle de infecções e promover um ambiente seguro tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde. Além da estrutura física, os cuidados com recém-nascidos críticos envolvem práticas específicas para assegurar a sobrevivência e o desenvolvimento saudável desses pacientes. Um dos aspectos mais sensíveis é a termorregu- lação, visto que neonatos, especialmente os prematuros, são incapazes de manter sua temperatura corporal e dependem de incubadoras que oferecem um ambiente controlado (Freitas, 2018). Outro ponto essencial é o manejo de acessos venosos, que devem ser reali- zados com extrema precisão para minimizar complicações, já que as veias dos recém-nascidos são muito frágeis (Padilha et al., 2014). O suporte nutricional também merece destaque, com a nutrição enteral ou parenteral sendo fundamentais para garantir o aporte calórico necessário para o crescimento e recuperação dos neonatos. A equipe de enfermagem que atua na UTI pediátrica e neonatal precisa ser altamente especializada, com treinamento contínuo para lidar com as parti- cularidades desses pacientes. A formação de profissionais capacitados para 32 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva operar equipamentos delicados e prestar cuidados diferenciados é essencial para garantir a qualidade da assistência (Tobase; Tomazini, 2017). Além disso, o trabalho interdisciplinar, envolvendo médicos, fisioterapeutas e nutricionistas permite abordar todas as dimensões do cuidado neonatal e pediátrico, garantindo que as necessidades dos pacientes sejam atendidas de forma integrada e eficiente (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). 1.3.2 LEGISLAÇÃO NO ÂMBITO DA UTI NEO/PED A regulamentação das UTIs pediátricas e neonatais no Brasil é estabele- cida por normas que asseguram a qualidade do cuidado prestado a esses pacientes. A Portaria GM/MS n. 930/2012, a Portaria n. 895/2017 e a Portaria GM/MS n. 2.862/2023 definem diretrizes como o dimensionamento adequado das equipes, a infraestrutura necessária e o uso de equipamentos especializados no atendimento infantil (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Essas normas garantem que o ambiente da UTI esteja preparado para atender às necessidades específicas de crianças e recém-nascidos, promo- vendo a segurança e a eficiência no tratamento, além de exigir a presença de tecnologia avançada e profissionais capacitados (Freitas, 2018). Em paralelo, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) assegura o direito à presença dos pais durante a internação, fortalecendo o vínculo familiar, mesmo em um ambiente tecnificado como a UTI (Murakami; Santos, 2017). A presença dos pais contribui não apenas para o apoio emocional, mas também para personalizar o cuidado, fornecendo informações que auxiliam a equipe no planejamento do tratamento adequado (Padilha et al., 2014). As regulamentações também promovem o direito à informação, garan- tindo que os pais sejam plenamente informados sobre o estado de saúde da criança, os procedimentos e as opções de tratamento (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Isso fortalece o compromisso com a humanização do atendi- mento, assegurando que a família seja uma parte ativa no processo de recu- peração e garantindo os direitos da criança durante toda a internação. 33 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 1.4 GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM O gerenciamento de enfermagem em uma UTI é uma atividade estratégica que envolve a organização e a coordenação dos cuidados, visando garantir a eficiência no atendimento e a segurança dos pacientes. Nesse ambiente, em que as demandas são altamente complexas, o enfermeiro gestor atua na distribuição de recursos humanos, no planejamento da assistência e na coordenação das equipes multidisciplinares (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). O gerenciamento eficiente inclui a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e do processo de enfermagem, que, juntos, permitem a personalização do cuidado e o monitoramento contínuo dos resultados (Murakami; Santos, 2017). O processo de enfermagem envolve etapas como avaliação, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação das ações de cuidado, garan- tindo um atendimento estruturado. O enfermeiro também é responsável por capacitar sua equipe, promovendo treinamentos contínuos que garantam a atualização das práticas assistenciais e o uso correto das tecnologias dispo- níveis (Padilha et al., 2014). Ao equilibrar as necessidades dos pacientes e da equipe, o gerenciamento de enfermagem promove um ambiente de trabalho organizado e propício à excelência no cuidado. 1.4.1 PROCESSO DE ENFERMAGEM EM UTI A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) visa garantir a quali- dade e a segurança do cuidado em UTIs, organizando etapas como coleta de dados, diagnóstico, planejamento e avaliação contínua (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Essa sistematização permite personalizar o cuidado de acordo com as necessidades de cada paciente, favorecendo melhores desfechos clínicos (Murakami; Santos, 2017). Com a Resolução 736/2024 do Cofen, o processo de enfermagem (PE) foi atua- lizado e diferenciado da SAE, agora compreendendo fases como avaliação, diagnóstico, planejamento, implementação e evolução do cuidado. Aplicável 34 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva em todos os contextos de atuação de enfermeiros, o PE fortalece a gestão do cuidado e promove ajustes contínuos à evolução clínica do paciente, espe- cialmente em UTIs. Saiba Mais A Resolução Cofen n. 736, de 17 de janeiro de 2024, esta- belece a obrigatoriedade da implementação do Processo de Enfermagem em todas as áreas onde ocorre o cuidado de enfermagem. Fonte: COFEN - CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen n. 736, de 17 de janeiro de 2024. Dispõe sobre a implementação do Processo de Enfermagem em todo contexto socioambiental onde ocorre o cuidado de enfermagem. Brasília: Cofen. 2024. Disponível em: https:// www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-736-de-17-de-janei- ro-de-2024/. Acesso em: 13 set. 2024. A resolução também destaca a importância da documentação e da formação contínua da equipe para garantir a atualização das práticas assistenciais. https://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-736-de-17-de-janeiro-de-2024/ https://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-736-de-17-de-janeiro-de-2024/ https://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-736-de-17-de-janeiro-de-2024/ 35 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Quadro 1: Processo de enfermagem Elaborada pela autora, 2024. #PraTodosVerem: Esquema de cinco círculos conectados por setas apresentando as fases do processo de enfermagem: avaliação, diagnóstico de enfermagem, planejamento, imple- mentação e evolução. O planejamento da equipe de enfermagem dentro da UTI também precisa ser ajustado com base na carga de trabalho, levando em consideração a complexidade dos cuidados demandados por paciente. O uso do NAS nesse processo permite quantificar asatividades de enfermagem e o tempo gasto com cada paciente, possibilitando um dimensionamento mais adequado da equipe (Padilha et al., 2014). 36 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Esse planejamento evita a sobrecarga dos profissionais, garantindo que a equipe de enfermagem consiga manter um padrão elevado de assistência sem comprometer a segurança dos pacientes. Dessa forma, o NAS serve como um guia para ajustar a alocação de recursos humanos, favorecendo um ambiente de trabalho mais equilibrado e produtivo (Tobase; Tomazini, 2017). O gerenciamento adequado da carga de trabalho é fundamental para manter o bem-estar da equipe e a qualidade do atendimento. A alocação de profissionais com base em dados objetivos, como o NAS, permite que o enfermeiro gestor tome decisões mais informadas e otimize a distribuição das tarefas diárias. Isso não apenas melhora o fluxo de trabalho dentro da UTI, mas também assegura que os pacientes recebam os cuidados adequados, de acordo com suas necessidades específicas (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). A combinação da SAE com um planejamento estratégico da equipe contribui para uma assistência mais eficaz, promovendo tanto a segurança do paciente quanto a eficiência operacional da UTI. 1.4.2 TREINAMENTO DE PROFISSIONAIS E EDUCAÇÃO EM SAÚDE DO PACIENTE E FAMÍLIA O treinamento contínuo da equipe de enfermagem em UTIs visa garantir que os profissionais estejam preparados para lidar com a complexidade dos cuidados intensivos. Programas de capacitação que utilizam simula- ções realísticas e atualizações tecnológicas ajudam a aprimorar habilidades técnicas e asseguram que os enfermeiros manejem novas tecnologias e procedimentos com segurança (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Essas práticas também são importantes para padronizar intervenções, asse- gurando uma resposta precisa e rápida em um ambiente que exige exce- lência (Murakami; Santos, 2017). 37 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 6: Treinamento dos profissionais Fonte: PeopleImages.com - Yuri A, Shutterstock, 2023. #PraTodosVerem: Fotografia colorida de um grupo de profissionais de saúde, incluindo uma líder experiente e outros membros da equipe em treinamento. Eles estão em uma discussão sobre práticas clínicas, enquanto os enfermeiros escutam atentamente. A cena representa um treinamento de enfermagem, no qual são compartilhadas orientações essenciais para o cuidado eficiente dos pacientes. A educação em saúde voltada para pacientes e familiares complementa esse cuidado, promovendo um ambiente mais humanizado e colaborativo. Instruir os familiares sobre procedimentos, metas de recuperação e medidas de segurança, como o uso adequado de EPIs e a higienização das mãos, ajuda a reduzir a ansiedade e a criar uma atmosfera de transparência (Padilha et al., 2014). A participação ativa dos familiares no processo de cuidado, quando bem-in- formados, beneficia tanto o paciente quanto a equipe de enfermagem (Tobase; Tomazini, 2017). 38 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Essa educação também se estende ao período pós-alta, com orientações detalhadas sobre medicamentos, mudanças de estilo de vida e sinais de alerta que requerem atenção médica imediata (Murakami; Santos, 2017). Preparar os familiares para esses desafios contribui para a continuidade do cuidado domiciliar, prevenindo complicações e melhorando os desfechos clínicos a longo prazo (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Dessa forma, o cuidado educacional na UTI promove o bem-estar do paciente e assegura um suporte contínuo no ambiente doméstico (Freitas, 2018). 39 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva CONCLUSÃO Na Unidade 1 – Estrutura e organização em Unidade de Terapia Intensiva, foram abordados aspectos essenciais para a compreensão e organização das UTIs, destacando as necessidades estruturais, as inovações tecnológicas e o gerenciamento eficiente da equipe de enfermagem. Discutimos desde o planejamento físico e os equipamentos indispensáveis para o funciona- mento da UTI até a implementação da SAE, além da importância da capa- citação contínua dos profissionais e da educação em saúde para pacientes e familiares. A análise dos índices prognósticos e da gestão baseada na carga de trabalho, bem como o enfoque na UTI pediátrica e neonatal, demonstraram a comple- xidade e a particularidade do cuidado intensivo. A ideia central desta unidade é reforçar que, ao integrar tecnologia, proto- colos clínicos e um gerenciamento eficiente, os profissionais de enfermagem podem garantir um cuidado seguro e de alta qualidade aos pacientes críticos, promovendo melhores desfechos clínicos e uma assistência humanizada. 40 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais desse tema, leia os artigos a seguir. 1. ALTAFIN, J. A. M. et al. Nursing Activities Score e carga de trabalho em Unidade de Terapia Intensiva de hospital universitário. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, [s. l.], v. 26, n. 3, p. 292-298, jul. 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbti/a/MWQqPmQdvSDQ9Fjtycvf3dC/?format=ht- ml&lang=pt#. Acesso em: 13 set. 2024 2. ARAUJO NETO, J. D. et al. Profissionais de saúde da Unidade de Terapia Intensiva: percepção dos fatores restritivos da atuação multiprofissional. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, [s. l.], v. 29, n. 1, p. 43-50, 2016. Disponível em: https://ojs.unifor.br/RBPS/article/view/4043. Acesso em: 13 set. 2024. 3. NASCIMENTO, F. J. Humanização e tecnologias leves aplicadas ao cuidado de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva: uma revisão sistemá- tica. Nursing Edição Brasileira, [s. l.], v. 24, n. 279, p. 6035-6044, 2021. Disponível em: https://revistanursing.com.br/index.php/revistanursing/ article/view/1709. Acesso em: 13 set. 2024. 4. PRAZERES, L. E. N. et al. Atuação do enfermeiro nos cuidados em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal: revisão Integrativa da literatura. Research, Society and Development, [s. l.], v. 10, n. 6, p. e1910614588, 2021. Dispo- nível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/14588. Acesso em: 13 set. 2024. 5. SILVA, L. A.; MUNIZ, M. V. Escore SOFA na avaliação da disfunção de múlti- plos órgãos em pacientes com Covid-19 em Unidade de Terapia Intensiva. Revista Eletrônica Acervo Saúde, [s. l.], v. 15, n. 10, p. 1-10, 2022. Dispo- nível em: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/11109. Acesso em: 13 set. 2024. https://www.scielo.br/j/rbti/a/MWQqPmQdvSDQ9Fjtycvf3dC/?format=html&lang=pt https://www.scielo.br/j/rbti/a/MWQqPmQdvSDQ9Fjtycvf3dC/?format=html&lang=pt https://ojs.unifor.br/RBPS/article/view/4043 https://revistanursing.com.br/index.php/revistanursing/article/view/1709 https://revistanursing.com.br/index.php/revistanursing/article/view/1709 https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/14588 https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/11109 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 41 OBJETIVOS Ao final desta unidade, esperamos que possa: Identificar os princípios gerais no controle da Infecção hospitalar Compreender as principais infecções rela- cionadas ao paciente crítico Prestar assistência adequada no choque e sepse. UNIDADE 2 42 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 2 PREVENÇÃO DE INFECÇÃO E ACIDENTES EM UTI A prevenção de infecções e acidentes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) é um aspecto central na prática da enfermagem, pois o ambiente crítico exige rigor técnico e protocolos que garantam a segurança dos pacientes. Esta unidade abordará procedimentos invasivos de alta complexidade, controle de infecções e manejo de condições como sepse e choque séptico, temas que são aplicados diariamente por profissionais de saúde em UTIs. Ao final desta unidade, você terá compreendido as técnicas de monitorização hemodinâmica, os acessos venosos e a pressão intracraniana,dos pacientes críticos a infecções relacionadas à assistência à saúde, como as infecções de corrente sanguínea e pneumonia associada à ventilação mecânica. 49 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Saiba Mais Para complementar seu estudo sobre prevenção de infec- ções relacionadas à assistência à saúde, recomendamos o “Caderno 4 - Medidas de prevenção de infecção relacio- nada à assistência à saúde”, publicado pela Anvisa em 2017. Esse material traz diretrizes detalhadas sobre a prevenção de infecções hospitalares em diferentes contextos, como ventilação mecânica, uso de catéteres e procedimentos cirúrgicos, com foco em práticas baseadas em evidências para aumentar a segurança do paciente. Fonte: BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de prevenção de infecção relacionada à assis- tência à saúde. Brasília: Anvisa, 2017. Disponível em: https:// www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/ servicosdesaude/publicacoes/caderno-4-medidas-de-pre- vencao-de-infeccao-relacionada-a-assistencia-a-saude. pdf. Acesso em: 10 out. 2024. Esse tema é essencial para garantir a segurança dos pacientes, uma vez que os procedimentos invasivos e o uso prolongado de dispositivos, como catéteres e sondas, aumentam os riscos de infecção. A enfermagem desem- penha um papel fundamental na implementação de protocolos rigorosos de higienização, no uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e no monitoramento de sinais precoces de infecção. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/caderno-4-medidas-de-prevencao-de-infeccao-relacionada-a-assistencia-a-saude.pdf https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/caderno-4-medidas-de-prevencao-de-infeccao-relacionada-a-assistencia-a-saude.pdf https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/caderno-4-medidas-de-prevencao-de-infeccao-relacionada-a-assistencia-a-saude.pdf https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/caderno-4-medidas-de-prevencao-de-infeccao-relacionada-a-assistencia-a-saude.pdf https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/caderno-4-medidas-de-prevencao-de-infeccao-relacionada-a-assistencia-a-saude.pdf 50 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 4: Representação de bactérias patogênicas Fonte: MIA Studio, Shutterstock, 2021. #PraTodosVerem: Composição de fotografia e ilustração representando microrganismos do tipo corona ao lado e sobrepondo a lateral direita de uma mulher com máscara de proteção. O controle dessas infecções requer uma abordagem baseada em evidên- cias, como destacam Viana, Whitaker e Zanei (2020), e envolve a aplicação de medidas de assepsia, cuidados com dispositivos invasivos e a conscien- tização sobre o uso racional de antibióticos. Dessa forma, a integração de práticas de prevenção é essencial para reduzir complicações e melhorar os desfechos clínicos dos pacientes internados em UTI (Padilha et al., 2014). 2.2.1 INFECÇÕES HOSPITALARES NO PACIENTE CRÍTICO As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) são uma preocupação significativa em UTIs, onde os pacientes estão expostos a diversos fatores de risco, principalmente devido ao uso prolongado de dispositivos invasivos. Entre as infecções mais comuns, destacam-se a pneumonia associada à ventilação mecânica, as infecções de corrente sanguínea associadas a caté- teres venosos centrais e as infecções urinárias relacionadas ao uso de sondas vesicais. 51 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 5: Pneumonia Fonte: N Universe, Shutterstock, 2024. #PraTodosVerem: Ilustração coloridas de pulmões sendo o direito com as estruturas internas aparentes. Uma mão segura uma lupa direcionada para essas estruturas. Ao redor, ilustrações de vírus circundam o pulmão. Essas condições são responsáveis por aumentar a morbidade, o tempo de internação e os custos hospitalares. De acordo com Viana, Whitaker e Zanei (2020), a prevenção dessas infecções envolve o uso adequado de técnicas de assepsia, a manipulação cuidadosa dos dispositivos e a adesão a protocolos rigorosos de desinfecção. 52 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva ATENÇÃO As IRAS são uma preocupação significativa em UTIs, onde o uso prolongado de dispositivos invasivos aumenta os riscos de complicações infecciosas. A higienização rigorosa e o monitoramento contínuo dos dispositivos são essen- ciais para prevenir essas infecções (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). Os pacientes críticos são especialmente vulneráveis a essas infecções devido a fatores como imunossupressão, tempo prolongado de hospitalização e múltiplos procedimentos invasivos. Cada dispositivo implantado, como catéteres e sondas, representa uma possível porta de entrada para micror- ganismos, o que torna o controle rigoroso de infecção uma prioridade abso- luta. Murakami e Santos (2017) destacam que, além de práticas de higiene, é essencial monitorar constantemente os sinais de infecção, como febre ou alterações nos parâmetros clínicos, para uma detecção precoce e inter- venção rápida. As medidas preventivas incluem a aplicação de bundles de cuidados para cada tipo de infecção, como a higiene das mãos, a troca periódica de caté- teres e a higienização adequada do ambiente. A literatura sugere que a implementação de práticas baseadas em evidências, como o uso de solu- ções antissépticas e a redução do uso indiscriminado de dispositivos inva- sivos, pode reduzir significativamente a incidência de IRAS (Padilha et al., 2014). Dessa forma, cabe à enfermagem não apenas executar essas práticas com rigor, mas também educar a equipe e à família do paciente garantir que todos os cuidados preventivos sejam seguidos de forma adequada. 53 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva 2.2.2 PRINCÍPIOS GERAIS NO CONTROLE DA INFECÇÃO HOSPITALAR A higienização correta das mãos e o uso adequado de EPIs são práticas essenciais para a prevenção de infecções hospitalares, especialmente em ambientes críticos como a UTI. A lavagem das mãos é considerada a principal medida de prevenção, conforme orienta a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma vez que interrompe a cadeia de transmissão de patógenos entre pacientes e profis- sionais de saúde. Além disso, o uso correto de EPIs, como luvas, máscaras e aventais, é necessário para proteger tanto o profissional quanto o paciente. A adesão rigorosa a essas práticas reduz significativamente a incidência de infecções associadas à assistência, conforme discutido por Viana, Whitaker e Zanei (2020), sendo um pilar central nas diretrizes nacionais e internacionais de controle de infecção. Além das práticas individuais, o ambiente da UTI também requer atenção especial no que diz respeito à desinfecção de superfícies e equipamentos. A desinfecção adequada de áreas de contato frequente, como leitos, mesas e monitores, é fundamental para reduzir a presença de microrganismos pato- gênicos. A esterilização de equipamentos médicos invasivos e não invasivos, como sondas e ventiladores, deve seguir protocolos específicos de limpeza e desinfecção. Padilha et al. (2014) enfatizam a importância de um ambiente limpo e esterilizado para prevenir a transmissão de infecções, especialmente em pacientes imunocomprometidos ou com dispositivos invasivos. O manejo adequado de resíduos também tem sua função na prevenção de infecções. O descarte seguro de materiais contaminados, como agulhas e catéteres, e a segregação correta dos resíduos biológicos são práticas que evitam a exposição acidental de profissionais e de outros pacientes aos patógenos. Murakami e Santos (2017) reforçam a importância de seguir normas rigo- rosas para o descarte e o processamento de resíduos em ambientes hospi- 54 Assistênciade Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva talares, o que contribui para a segurança do paciente e de toda a equipe de saúde. Curiosidade Você sabia que a higienização das mãos é considerada a medida mais simples e eficaz para prevenir infecções hospitalares? Segundo a OMS, a adesão a essa prática pode reduzir em até 50% a ocorrência de infecções relacionadas à assistência à saúde. Além disso, o uso correto de EPIs e os protocolos de desinfecção são fundamentais para garantir a segurança dos pacientes em UTIs. Dessa forma, a integração de práticas adequadas de higienização, desin- fecção e manejo de resíduos é essencial para o controle eficiente de infec- ções em UTI. 2.3 SEPSE E CHOQUE SÉPTICO A sepse e o choque séptico representam duas das condições mais graves enfrentadas em UTIs, caracterizadas por uma resposta descontrolada do organismo a uma infecção, levando à falência de múltiplos órgãos e, sem tratamento adequado, à morte. A identificação precoce dessas condições é fundamental para a implementação de intervenções imediatas, como a administração de fluidos, antibióticos e suporte hemodinâmico, visando à estabilização do paciente. Conforme Viana, Whitaker e Zanei (2020), o manejo eficaz da sepse requer a aplicação de protocolos baseados em escalas de avaliação, como o SOFA, para monitorar a gravidade do quadro. A equipe de enfermagem atua no reconhecimento dos sinais iniciais de sepse e na aplicação de cuidados intensivos que podem fazer a diferença nos desfechos clínicos. 55 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Além disso, é fundamental compreender a fisiopatologia da sepse para ajustar as intervenções terapêuticas de maneira eficaz e reduzir a mortali- dade, como observado por Hinkle e Cheever (2019). 2.3.1 SEPSE, CHOQUE SÉPTICO E INFECÇÕES RELACIONADAS A ASSISTÊNCIA À SAÚDE A sepse é uma resposta inflamatória exacerbada do organismo a uma infecção, que pode evoluir rapidamente para choque séptico, caracteri- zado por uma disfunção circulatória e metabólica, resultando em falência múltipla de órgãos. A fisiopatologia da sepse envolve uma sequência de eventos sistêmicos, incluindo vasodilatação generalizada, hipoperfusão tecidual e aumento da permeabilidade capilar, o que leva à queda da pressão arterial e à insufici- ência de órgãos vitais, como rins e pulmões (Hinkle; Cheever, 2019). O choque séptico ocorre quando esses mecanismos falham em manter a homeostase, exigindo intervenções imediatas e agressivas para evitar a progressão para morte. Nessa fase, o corpo entra em um estado de disfunção grave, e a recuperação depende da rapidez e da eficácia do manejo terapêu- tico. 56 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Figura 6: Exame de PCR Fonte: Arif biswas, Shutterstock, 2023. #PraTodosVerem: Fotografia colorida de uma mão com luva azul segurando um tubo pequeno tampa vermelha contendo amostra de sangue para exame de investigação de sepse no qual está escrito “Sepsis (PCR) - Test” A identificação precoce da sepse possibilita um tratamento eficaz, e o uso de escalas de avaliação, como o SOFA (Sequential Organ Failure Assess- ment) e qSOFA (quick SOFA), é amplamente recomendado para monitorar a gravidade do quadro. Essas escalas ajudam a avaliar a disfunção orgânica e a prever a mortalidade, permitindo que a equipe de enfermagem e outros profissionais de saúde intervenham prontamente. Conforme Viana, Whitaker e Zanei (2020), o reconhecimento dos sinais iniciais de sepse — como taquicardia, hipotensão e alterações na consciência — permite o início imediato de intervenções baseadas em protocolos de manejo, que incluem a administração de fluidos intravenosos, antibióticos 57 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva de amplo espectro e, quando necessário, suporte vasopressor para manter a perfusão adequada. O manejo da sepse e do choque séptico exige uma abordagem multidisci- plinar e rápida, com diretrizes claras para a administração de antibióticos dentro da primeira hora após o reconhecimento da condição e a reposição volêmica adequada para estabilização hemodinâmica. Hinkle e Cheever (2019) ressaltam que o uso de suporte vasopressor e ventila- tório, quando indicado, deve ser iniciado rapidamente para evitar a progressão para falência irreversível de órgãos. A enfermagem, nesse contexto, tem um papel fundamental na aplicação dos protocolos de manejo e na monitori- zação contínua dos parâmetros clínicos, o que pode impactar diretamente nos desfechos do paciente séptico. 2.3.2 USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS O uso de antibióticos no tratamento de sepse requer uma abordagem estra- tégica, que se inicia com a antibioticoterapia empírica, antes que os resul- tados microbiológicos estejam disponíveis. Essa abordagem visa controlar a infecção de forma imediata, utilizando antibióticos de amplo espectro que atuem contra uma variedade de possíveis patógenos. No entanto, assim que se obtém os resultados de cultura e sensibilidade, a terapia antibiótica deve ser ajustada para se tornar dirigida, ou seja, focada no agente patogênico específico identificado (Hinkle; Cheever, 2019). Essa transição é fundamental para reduzir o risco de efeitos adversos, como toxi- cidade e a promoção da resistência bacteriana, além de melhorar a eficácia do tratamento. O uso inadequado e prolongado de antibióticos, tanto no âmbito empírico quanto no dirigido, pode resultar no desenvolvimento de resistência bacte- riana, um dos maiores desafios enfrentados em Unidades de Terapia Inten- siva. A resistência bacteriana ocorre quando microrganismos evoluem para se tornarem insensíveis às drogas anteriormente eficazes, tornando as infec- ções mais difíceis de tratar e aumentando a mortalidade (Viana; Whitaker; Zanei, 2020). 58 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Para combater esse problema, é necessário que os profissionais de saúde sigam protocolos rigorosos para a escolha de antibióticos e monitorem de perto a resposta do paciente, ajustando o tratamento sempre que possível para evitar o uso prolongado de antimicrobianos de amplo espectro. Reflita Como as práticas de controle de infecção em UTIs podem impactar diretamente os desfechos clínicos dos pacientes? De que maneira o uso correto de antibióticos e a higie- nização adequada previnem complicações graves em pacientes críticos? Práticas baseadas em evidências são essenciais para promover o uso racional de antibióticos em UTIs. A implementação de guidelines que estabelecem a antibioticoterapia empírica inicial seguida pela terapia dirigida, bem como o monitoramento de indicadores de resistência bacteriana, são estraté- gias recomendadas para evitar o uso excessivo e irracional de antibióticos (Murakami; Santos, 2017). Além disso, a educação contínua dos profissionais de saúde sobre os riscos do uso inadequado de antimicrobianos e a adesão a programas de stewardship antimicrobiano são fundamentais para preservar a eficácia dos tratamentos disponíveis e proteger a saúde dos pacientes a longo prazo. 2.4 PROCESSAMENTO DE MATERIAIS UTILIZADOS EM UTI O processamento de materiais em UTIs é uma prática essencial para garantir a segurança dos pacientes, prevenindo infecções relacionadas à assistência à saúde. Em um ambiente de alta complexidade, onde o uso de dispositivos invasivos é frequente, o correto processamento de materiais, como catéteres, sondas e equipamentos de monitorização, torna-se indispensável. 59 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva A classificação dos materiais em críticos, semicríticos e não críticos orienta a escolha dos métodos de esterilização ou desinfecção apropriados, assegu- rando que não haja transmissão de patógenos entre os pacientes. De acordo com Padilha et al. (2014), a adoção de protocolos rigorosos de desinfecção e esterilização, além do descarte seguro de resíduos hospita- lares, é fundamental para reduzir ahttps://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-736-de-17-de-janeiro-de-2024/ 153 Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva FREITAS, E. O. Terapia Intensiva: práticas na atuação da enfermagem. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2018. E-book. Disponível em: https://integrada.minha- biblioteca.com.br/#/books/9788536530529/. Acesso em: 5 nov. 2024. GRASSI, M. F. et al. Diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem em pacientes com lesão renal aguda. Acta Paul Enferm., [s. l.], v. 30, n. 5, p. 538-545, 2017. Disponível: https://www.scielo.br/j/ape/a/yZd6jnPcmGKCSbJT- tgkxDvw/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 8 nov. 2024. HINKLE, J. L.; CHEEVER, K. H. Brunner & Suddarth: tratado de enfermagem médico cirúrgica. 14. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2019. v. 2. 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Acesso em: 31 out. 2024. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520455258/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520455258/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582715895/ Quadro 1: Modelo de Indicador Quadro 2: Metas internacionais de segurança do paciente Quadro 3: Protocolos de segurança Figura 1: Leitos de Unidade de Terapia Intensiva Figura 2: Assistência ao paciente em UTI Figura 3: Tecnologias em UTI Figura 4: Prontuário eletrônico Figura 5: UTI Neonatal Figura 6: Treinamento dos profissionais Figura 1: Hemodinâmica Figura 2: Marcapasso interno Figura 3: Cateter de Sawn-Ganz. Figura 4: Representação de bactérias patogênicas Figura 5: Pneumonia Figura 6: Exame de PCR Figura 7: Materiais processados Figura 1: Bioética e UTI Figura 2: Representação do cuidado humanizado Figura 3: Enfermagem e Humanização Figura 4: Visitação a paciente Figura 1: Tecnologia em Doenças vasculares Figura 2: Doença da artéria coronária Figura 3: Monitorização cardíaca Figura 4: Ventilação invasiva Figura 5: Pneumonia Figura 6: Sistema circulatório Figura 7: Massagem cardíaca Figura 1: Abdome agudo Figura 2: Exame físico Figura 3: Tomografia Figura 4: Alimentação Figura 5: Assistência de Enfermagem Figura 6: Glicemia capilar Figura 7: Gasometria Figura 1: Doença renal Figura 2: Terapia renal substitutiva Figura 3: Exame do sangue Figura 4: Transfusão Figura 5: Acidentes vascular cerebral Figura 6: Sedação