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Histologia das Glândulas Digestórias

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Histologia das Glândulas Digestórias 
Gustavo Ribeiro de Souza Filho 
 
As glândulas digestórias possuem como função básica lubrificar, proteger, digerir e 
absorver, por meio de suas secreções. 
Há três tipos principais: 
1- Glândulas Salivares 
2- Pâncreas exócrino 
3- Fígado 
 
Glândulas salivares 
Devemos avaliá-las em 3 aspectos: 
1- Estrutura do ducto excretor – Simples quando o ducto ramifica ou composta 
quando o ducto não ramifica. 
2- Estrutura das unidades secretoras - Tubulares quando o ducto se encontra em 
tubo ou alveolares quando se encontra em ácino. 
3- Produto da secreção – Serosas quando o fluido é aquoso ou mucosa quando é 
espesso e rico em glicoproteínas. 
4- Mecanismo de secreção – Merócrina quando o produto é liberado por exocitose, 
apócrina se liberar parte do conteúdo celular ou holócrina se a célula constituir 
o produto de secreção. 
As glândulas salivares possuem uma estrutura em comum. Todas elas são revestidas por 
uma cápsula de tecido conjuntivo, esta envolve os ductos salivares formando um lobo. 
Cada lobo é cortado por septos interlobares que subdividem o lobo em lóbulos. Dos 
lóbulos segue-se uma extensa rede de ductos que convergem a secreção até o ducto 
principal, onde haverá a abertura para a cavidade oral. 
A secreção das glândulas salivares é denominada saliva. Ela desempenha várias funções, 
entre elas lubrificar, proteger e digerir. A lubrificação acontece para dissolver e 
umidificar o alimento para a deglutição. A proteção ocorre por meio de substâncias 
antibacterianas como lisozimas e IgA. Já a digestão, tem a participação da amilase 
degradando os carboidratos e a lipase lingual, na hidrólise de lipídios. 
 
Glândula Parótida 
Esta glândula é do tipo tubuloacinosa, sendo seus ácinos do tipo serosos. Cada ácino 
seroso é constituído de células piramidais, com a localização do núcleo mais basal. O 
retículo endoplasmático destas células é bastante desenvolvido para a produção de 
proteínas, que ao formar grânulos de secreção se tornam mais visíveis na região apical 
destas células. 
 
Glândula Submandibular 
Também tubuloacinosa, esta glândula possui uma prevalência de ácinos mucosos, com a 
pouca presença de células serosas em formato de meia-lua. As células mucosas 
produzem principalmente mucina, substância que ajuda a formar uma camada fina e 
protetora que reveste a superfície dos tecidos duros. 
 
Glândula Sublingual 
Esta glândula além de ser tubuloacinosa, também é considerada mista, sendo ao mesmo 
tempo serosa e mucosa. Suas células mucosas lembras as células caliciformes do epitélio 
intestinal, produzindo também a mucina. 
 
Pâncreas Exócrino 
O pâncreas é uma glândula mista. Sua parte exócrina é considerada tubuloacinosa 
ramificada formada por: cabeça, colo, corpo e cauda. Já a sua irrigação e drenagem é 
realizada pelas artérias celíacas, mesentéricas superior e esplênica; e o sistema porta 
e veia esplênica. Enquanto a inervação é feita por meio dos nervos vago e esplênico. 
A estrutura é semelhante à das glândulas salivares. É envolvido por tecido conjuntivo, 
sem, no entanto, formar uma cápsula; os lóbulos são divididos por septos, que possuem 
cada: vasos sanguíneos, vasos linfáticos, nervos e ductos excretores. 
A parte funcional do pâncreas exócrino é o ácino, eles são constituídos de: células 
centroacinosas do tipo epitélio cúbico baixo, que revestem o ducto intercalar; e células 
piramidais. As células piramidais possuem grânulos de zimogênio em sua superfície 
apical, onde ficam armazenadas as enzimas pancreáticas. 
A qualidade das enzimas varia de acordo com a alimentação, por exemplo, uma dieta rica 
em proteínas leva a uma maior produção de proteases, enquanto carboidratos levam a 
maior quantidade de amilase. 
Vale ressaltar que enzimas proteolíticas como a tripsina e a quimiotripsina são secretadas 
em sua forma inativa, para que não ocorra a degradação do próprio pâncreas. Quando 
estas atingem o ducto intercalar, são diluídas em água e íons bicarbonato par neutralizar 
o quimo ácido no lúmen duodenal. 
 
Fígado 
O fígado é a maior glândula do corpo humano, é formado por 4 lobos e envolvido por 
uma cápsula hepática de fibras elásticas colágenas. O fluxo sanguíneo se dá por meio da 
veia porta (que parte do intestino, baço e pâncreas) e a artéria hepática. Os dois sangues 
se misturam nos sinusoides presentes nos lóbulos hepáticos e converge para a vênula 
central, indo para a veia sublobular, veia coletora, veia hepática e por fim veia cava 
inferior. 
A unidade funcional do fígado é o lóbulo hepático. Cada lóbulo hepático possui um 
formato hexagonal e é constituído de cordões hepáticos anastomosados que delimitam os 
capilares sinusoides. No centro de cada lóbulo ainda há uma vênula central, que coleta 
o sangue dos sinusoides. No espaço adjacente a cada lóbulo hepático, mais precisamente 
nos vértices do hexágono, há a tríade portal constituída de: ducto biliar, artéria 
hepática e veia porta. 
As células que constituem os lóbulos são os hepatócitos, estes produzem a bile e a 
secretam nos espaços intercelulares, chamados canalículos biliares. Cada canalículo 
drena a bile para os canais de Hering e deste para os ductos biliares hepáticos na tríade 
portal. Os canalículos que drenam para o mesmo ducto biliar formam um lóbulo porta, 
este é delimitado pelas vênulas centrais dos três lóbulos hepáticos adjacentes. 
Outra forma de análise da estrutura funcional do fígado é a partir da concepção de ácino 
hepático. Cada ácino seria delimitado pelo ramo terminal da artéria hepática, partindo 
da tríade portal e terminando na vênula central. O ácino hepático possui 3 zonas: I, II e 
III, em que a zona I é a mais rica em oxigênio e a III a mais pobre. 
Desse modo, podemos organizar os lóbulos hepáticos de 3 maneiras: estrutura (lóbulo 
hepático); drenagem da bile (lóbulo portal); gradiente de O2 (ácino hepático). 
Agora daremos uma ênfase maior aos hepatócitos. Estas células são divididas em duas 
partes: um domínio basolateral e um domínio apical. O domínio basolateral é 
responsável pela absorção de substâncias provindas do sangue e secreção de proteínas 
plasmáticas. Já o domínio apical participa da formação do canalículo biliar e da produção 
da bile. 
Entre as funções do hepatócito, podemos citar: síntese de colesterol e sais biliares; 
catabolismo de glicogênio e liberação de glicose; desintoxicação de drogas lipossolúveis. 
No fígado há células que realizam atividades paralelas aos dos hepatócitos. Entre elas 
temos as células de Kupffer que realiza fagocitose de corpos estranhos no fígado. Além 
das células de Ito, que renovam a matriz extracelular e regularizam o fluxo sanguíneo 
nos sinusoides. 
 
Vesícula biliar e a Bile 
A bile é uma mistura de substâncias orgânicas e inorgânicas produzida pelos hepatócitos 
e transportada no canalículo biliar. Sua composição está relacionada com os ácidos 
biliares derivados do colesterol e íons Na+ e Cl-. 
Entre as funções da bile vale destacar: excreção de colesterol, sais biliares e eletrólitos; 
absorção de gorduras no lúmen intestinal; transporte de IgA; excreção de produtos 
metabólicos de drogas e metais pesados; inibir o crescimento de bactérias no intestino. 
Ao ser produzida pelo hepatócito, a bile vai para a vesícula biliar. Esta estrutura tem 
como função armazenar, concentrar e liberar a bile. A partir de contrações na túnica 
muscular da vesícula, a bile é secretada para o ducto colédoco que desemboca na papila 
maior no duodeno. Nesta cavidade a bile facilita a ação das enzimas pancreáticas, sendo 
os ácidos biliares absorvidos no intestino e transportados até o fígado pela veia porta.

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