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Estrongiloidíase Strongyloides stercoralis Reino: Animalia Filo: Aschelminthes Classe: Classe: Nematoda Ordem: Rhabditorida Família: Strongyloididae Espécie: Strongyloides stercoralis Classificação Taxônomica Há pelo menos 52 espécies descritas do nematódeo do gênero Strongyloides, no entanto, atualmente, somente duas delas são consideradas infectantes para os humanos: S. stercoralis e S. fuelleborn. S. stercoralis apresenta distribuição mundial, especialmente nas regiões tropicais, a maioria infectando mamíferos, entre eles cães, gatos e macacos. S. stercoralis foi descoberto pelo médico Louis A. Normand e descrito Arthur R. J. B. Bavay, em 1 876, enquanto trabalhavam juntos no Hospital Naval em Toulon, França. Seus pacientes eram soldados franceses que tinham voltado do serviço militar na Cochinchina (atual Vietnã) em cujas fezes diarreicas apresentavam formas larvárias do helminto. AGENTE ETIOLÓGICO • Possui corpo cilíndrico com aspecto filiforme longo. Mede de 1,7 a 2,5 mm de comprimento por 0,03 a 0,04mm de largura. • Apresenta cutícula fina e transparente. • Aparelho digestivo simples com boca contendo três lábios; esôfago longo, ocupando 25% do comprimento do parasito, tipo filarióide, que à altura do quinto anterior é circundado por um anel nervoso também denominado colar esofagiano; seguido por um intestino simples, terminando em ânus, próximo a extremidade posterior. Não há receptáculo seminal. • O aparelho genital, apresenta ovários, ovidutos e a vulva localizado no terço posterior do corpo. A fêmea colocade 30 a 40 ovos por dia, é ovovivípara, pois elimina na mucosa intestinal o ovo já larvado. MORFOLOGIA 1 - Fêmea Partenogenética Parasita Fêmeas parasitas no epitélio do intestino humano 70-100 vermes= 1000 ovos/dia=larvas (assintomáticos) • Possui aspecto fusiforme, com extremidade anterior arredonda e posterior afilada. Mede de 0,8 a 1,2mm de comprimento por 0,05 a 0,07 mm de largura. • Apresenta cutícula fina e transparente, com finas estriações. • Aparelho digestivo simples, com boca contendo três lábios; o esôfago, que é curto, tem aspecto rabditóide, pois se apresenta dividido em três porções sendo uma anterior, cilíndrica e alongada (corpo), uma intermediaria estreitada (istmo), e uma posterior, globosa (bulbo), o anel nervoso contorna a parte estreitada um pouco adiante do bulbo; o intestino é simples e de difícil observação devido a presença dos órgãos genitais; terminando em ânus. • Aparelho genital é constituído de útero anfidelfo, contendo até 28 ovos, ovários, ovidutos e a vulva situada próxima ao meio do corpo. Apresenta receptáculo seminal. MORFOLOGIA 2 - Fêmea de Vida Livre • Possui aspecto fusiforme, com extremidade anterior arredondada e posterior recurvada ventralmente. • Mede 0,7mm de comprimento por 0,04mm de largura. • Boca com três lábios, esôfago tipo rabditóide, seguido de intestino terminando em cloaca. • Aparelho genital contendo testículos, vesícula seminal, canal deferente e canal ejaculador, que se abre na cloaca. • Apresenta dois pequenos espículos, auxiliares na cópula, que se deslocam sustentados por uma estrutura quitinizada denominada gubemáculo. MORFOLOGIA 3 - Macho de vida livre • São elípticos, de parede fina e transparente, praticamente idênticos aos dos ancilostomídeos. • Os originários da fêmea parasita medem 0,05mm de comprimento por 0,03mm de largura e os da fêmea de vida livre são maiores, medindo 0,07mm de comprimento por 0,04mm de largura. • Excepcionalmente, os ovos podem ser observados nas fezes de indivíduos com diarréia grave ou após utilização de laxantes. 4 - Ovos MORFOLOGIA • O esôfago, que é do tipo rabditóide, dá origem ao nome das larvas. As originárias das fêmeas parasita são praticamente indistinguíveis das originadas das fêmeas de vida livre. • Medem 0,2 a 0,03mm de comprimento por 0,O 15 mm de largura. • O intestino termina em ânus afastado da extremidade posterior. Apresentam primórdio genital nítido localizadas um pouco abaixo do meio do corpo. Essa característica também auxilia na diferenciação das larvas de ancilostomídeos que apresentam somente vestígio de primórdio genital. Visualizada a fresco, as larvas se mostram muito ágeis com movimentos ondulatórios. As larvas L1 ou L2 originadas da Fêmea parasita atingem o meio externo, sendo encontradas de uma a 25 larvas por grama de fezes. Nas formas disseminadas são encontradas na bile, no escarro, na urina, nos líquidos duodenal, pleural e cefalorraquiano (LCR). MORFOLOGIA 5 - Larvas rabditóides • O esôfago, que é do tipo filarióide, dá origem ao nome das larvas. Este é longo, correspondendo a metade do comprimento da larva. • Medem de 0,35 a 0,50mm de comprimento por 0,01 a 0,031nm de largura. Apresentam vestíbulo bucal curto e intestino terminando em ânus, um pouco distante da extremidade posterior. A porção anterior é ligeiramente afilada e a posterior afina-se gradualmente terminando em duas pontas, conhecida com cauda entalhada, que a diferencia das larvas filarióides de ancilostomídeos, que é pontiaguda. • Esta é a forma infectante do parasito (L3) capaz, portanto, de penetrar pela pele ou pelas mucosas; além de serem vistas no meio ambiente, também podem evoluir no interior do hospedeiro, ocasionando os casos de auto-infecção interna. 6 -Larvas Filarióides MORFOLOGIA Adultos e larvas de Strongyloides stercoralis 1 = cavidade bucal 2 = anel nervoso 3 = esôfago 4 = intestino 5 = primórdio genital 6 = ânus 7 = gônada masculina 8 = espícula 9 = cloaca 10 = ovário 11 = oviduto 12= útero 13 = vulva * = receptáculo seminal Fêmea adulta partenogenética; parasita Larva rabditóide Larva filarióide Fêmea adulta vida livre Macho adulto vida livre 500 µm 200 a 300 µm As Fêmeas partenogenéticas em seu hábitat normal localizam-se na parede do intestino, mergulhadas nas criptas da mucosa duodenal, principalmente nas glândulas de Lieberkühn e na porção superior do jejuno, onde fazem as posturas. Nas formas graves, são encontradas da porção pilórica do estômago até o intestino grosso. As larvas rabditóides eliminadas nas fezes do indivíduo parasitado podem seguir dois ciclos: o direto, ou partenogenético, e o indireto, sexuado ou de vida livre, ambos monoxênicos. HABITAT E CICLO BIOLÓGICO CICLO BIOLÓGICO Devido a constituição genética das fêmeas partenogenéticas, parasitas que são triplóides (3n) e podem produzir, simultaneamente, três tipos de ovos, dando origem a três tipos de larvas rabditóides: 1. larvas rabditóides triplóides (3n) que se tranformam em larvas filarióides triplóides infectantes, completando o ciclo direto; 2. larvas rabditóides diplóides (2n) que originam as Fêmeas de vida livre; 3. larvas rabditóides haplóides (ln) que evoluem para macho de vida livre, estas duas últimas completam um ciclo indireto A fase dos ciclos que se passa no solo exige condições semelhantes as do ancilostomídeos: solo arenoso, umidade alta, temperatura entre 25 e 30°C e ausência de luz solar direta No ciclo direto as larvas rabditóides no solo ou sobre a pele da região perineal, após 24 a 72 horas, se transformam em larvas filarióides infectantes. No ciclo indireto as larvas rabditóides sofrem quatro transformações no solo e após 18 a 24 horas, produzem fêmeas e machos de vida livre. Os ovos originados do acasalamentodas formas adultas de vida livre serão triplóides, e as larvas rabditóides evoluem para larvas filarióides (3n) infectantes. As larvas filarióides não se alimentam e devido a ausência de bainha, são menos resistentes que as larvas filarióides dos ancilostomídeos, podendo permanecer no solo durante quatro semanas. CICLO BIOLÓGICO • Os ciclos direto e indireto se completam pela penetração ativa das larvas L3 na pele ou mucosa oral, esofágica ou gástrica do hospedeiro. • Estas larvas secretam melanoproteases, que as auxiliam, tanto na penetração quanto na migração através dos tecidos, que ocorre numa velocidade de 10cm por hora. • Algumas morrem no local, mas o ciclo continua pelas larvas que atingem a circulação venosa e linfática e através destes vasos seguem para o coração e pulmões. • Chegam aos capilares pulmonares, onde se transformam em L4, atravessam a membrana alveolar e, através de migração pela árvore brônquica, chegam a faringe. • Podem ser expelidas pela expectoração, que provocam, ou serem deglutidas, atingindo o intestino delgado, onde se transformam em Fêmeas partenogenéticas. • Os ovos são depositados na mucosa intestinal e as larvas alcançam a luz intestinal. • O período pré-patente, isto é, o tempo decorrido desde a penetração da larva filarióide na pele até que ela se tome adulta e comece a eliminar ovos larvados, e eclosão das larvas no intestino, é de aproximadamente 15 a 25 dias. CICLO BIOLÓGICO CICLO BIOLÓGICO Ciclo Biológico Eventualmente ingestão 24h desova! C IC L O B IO L Ó G IC O Hetero ou Primoinfecção: as larvas L3 penetram usualmente através da pele ou ocasionalmente através das mucosas, principalmente da boca e do esôfago. Nas condições naturais, a infecção percutânea se realiza de modo idêntico ao dos ancilostomideos. Auto-Infecção Externa ou Exógena: larvas rabditóides presentes na região perianal de indivíduos infectados transformam-se em larvas filarióides infectantes e aí penetram completando o ciclo direto. Auto-Infecção Interna ou Endógena: larvas rabditóides, ainda na luz intestinal de indivíduos infectados transformam-se em larvas filarióides, que penetram na mucosa intestinal (íleo ou cólon). Esse mecanismo pode cronificar a doença por vários meses ou anos. TRANSMISSÃO Patologia e Sintomatologia - Lesões cutâneas - Pulmões Hemorragias Pneumonia Síndrome de Loeffler (eusinófilos) - Intestino Lesões, Hemorragias Infecções Perfuração do intestino Obstrução - Febre, Pneumonia - Diarréia - Dores abdominais - Eosinofilia - Emagrecimento e anemia Manifestações cutâneas: placas ou pontos avermelhados no local da penetração Manifestações pulmonares: Síndrome de Löeffler, lesões avermelhadas Agravo Manifestações intestinais: diarréia, constipação, dores abdominais, perda de apetite, náuseas, vômitos, anemia, perda de peso, fraqueza, desidratação, irritabilidade Eosinofilia: 15-40% Patologia e Sintomatologia Clínico: impreciso Métodos parasitológicos ou diretos se fundamentam no encontro das formas evolutivas de S. stercoralis. Entre os métodos indiretos, destacam-se os imunológicos. Testes imunológicos RID: 90% dos casos ELISA e WB: alguns cruzados Diagnóstico Exames de fezes Pesquisa de larvas, em fezes sem conservantes, pelos métodos de Baermann-Moraes e de Rugai. Estes métodos se baseiam no hidro e termotropismo das larvas, necessitando de três a cinco amostras de fezes, colhidas em dias altemados, para confirmação da presença de larvas rabditóides. Coprocultura Método de Looss (carvão vegetal), método de Brumpt (papel de filtro em placa de Petri), método de Harada & Mori (papel de filtro em tubos) e método de cultura em placa de ágar (fezes semeadas em ágar contendo extrato de carne, cloreto de sódio e peptona) podem ser utilizadas.A coprocultura é um método limitado pela demora na obtenção dos resultados (cinco a sete dias) e risco de infecção durante a manipulação de larvas infectantes. Diagnóstico Aparelho de Baermann • Laboratorial: Pesquisa de larvas nas fezes (Ex. Pesquisa de larvas nas fezes (Ex. Baermann Baermann; ArakiKoga) • Secreções e outros líquidos Pesquisa das formas evolutivas através de exame direto ou após centrifugação nas seguintes possibilidades, conforme o quadro clínico: broncopulmonar - exame de escarro e lavado broncopulmonar; duodenal - colhido por tubagem; urina; liquido pleural; líquido ascítico e LCR. • Endoscopia Digestiva Visualização da mucosa gastrointestinal, recomendada em pacientes com infecção maciça e alterações duodenojejunais. Propicia a ampla visualização do aspecto da mucosa intestinal e a realização de biópsia em várias localizações. • Biopsia intestinal Realizada no duodeno, jejuno e íleo • Esfregaços citológicos Realizados em esfregaços obtidos de aspirado gástrico e cervicovaginal, corados pela técnica de Papanicolaou ou por outras colorações citológicas. • Hemograma Eosinofilos até 82% Diagnóstico Larva Strongyloides- fezes Controle - Saneamento básico - Pés calçados - Tratamento dos doentes - Homem como reservatório Ivermectina: dose única de acordo com o peso corporal Albendazol: 400 mg/dia por 3 dias Tiabendazol: 25mg/kg/dia (5-7 dias); 10 mg/dia (30 dias); 50mg/kg, dose única Cambendazol: 5mg/kg, dose única Tratamento Strongyloides stercoralis Epidemiologia No Brasil, a estrongiloidíase é uma doença parasitária de grande importância em saúde pública, cujas taxas de infecção variam de acordo com a região estudada. Os estudos epidemiológicos realizados predominam na faixa etária de zero a 15 anos. Referências CHIEFFI, P. P. Parasitoses Intestinais: diagnóstico e tratamento. São Paulo: Lemos Editorial, 2001. DE CARLI, G. A. Parasitologia Clínica: seleção de métodos e técnicas de laboratório para o diagnóstico das parasitoses humanas. 2ª ed. São Paulo: Atheneu, 2007. NEVES, D. P. ; et al. Parasitologia Humana – 12 ed.- São Paulo : Atheneu, 2011.
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