Prévia do material em texto
Psicologia escolar e psicologia da educação A psicologia da educação é essencial para profissionais da educação entenderem a história, as teorias do desenvolvimento e da aprendizagem e a função social da escola. Isso contribui para tornar a aprendizagem mais significativa para os estudantes. Prof. Alberto Abad, Profa. Renata Casemiro Cavour 1. Itens iniciais Objetivos Reconhecer o lugar da psicologia da educação na ciência psicológica e suas interfaces com outras subáreas da psicologia. Identificar, por meio da história, as principais escolas de psicologia, seus representantes e contribuições fundamentais para a psicologia da educação. Identificar as principais teorias do desenvolvimento e da aprendizagem. Reconhecer a função social da escola. Introdução Você sabia que a educação é um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento de uma nação? Sim, de fato, o professor, filósofo e pedagogo brasileiro Dermeval Saviani sempre defendeu a ideia de que, para beneficiar a sociedade em todos os campos econômico-sociais, é fundamental converter o investimento em educação no eixo principal do desenvolvimento. Isso se reflete diretamente na qualidade de vida de seus habitantes, como nas áreas de saúde, habitação, emprego e mobilidade social. Estudar, aprofundar e fomentar a pesquisa no campo da psicologia da educação e da psicologia escolar é vital para o desenvolvimento do Brasil, o que se reflete diretamente na qualidade de vida dos brasileiros. Assim, em nosso estudo sobre a psicologia da educação e a psicologia escolar, iniciaremos com a definição dos conceitos básicos, localizando a psicologia da educação no campo da ciência psicológica e diferenciando a psicologia da educação da psicologia escolar. Em seguida, traremos uma breve história da psicologia e as principais contribuições dos psicólogos mais destacados que se debruçaram na área de aprendizagem. Estudaremos duas teorias representativas da psicologia do desenvolvimento e da psicologia do ensino e aprendizagem. Por fim, analisaremos a função social da escola e contextualizaremos a queixa escolar na atualidade. • • • • Criança em consulta com psicóloga. 1. Conceitos básicos em psicologia da educação Psicologia da educação e ciência psicológica Explore, neste vídeo, a psicologia da educação e a ciência psicológica, partindo da etimologia da palavra “psicologia” até a explicação do objetivo de cada uma das áreas do saber. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Você já parou para pensar no que a palavra psicologia realmente significa? A psicologia é muito mais do que apenas uma ciência. Ela é uma janela para compreendermos a complexidade da mente humana e suas interações com o mundo ao nosso redor. Se buscarmos suas raízes etimológicas, encontraremos: A psicologia é, literalmente, é o tratado da alma. Mas vamos além das definições clássicas. No século XIX, o renomado psicólogo William James descreveu a psicologia como a ciência da vida mental, isto é, o estudo dos fenômenos que acontecem em nossas mentes, desde sentimentos e desejos até raciocínios e decisões. Hoje, a Associação Americana de Psicologia (APA) a define como o estudo da mente e do comportamento. Imagine a psicologia como uma ferramenta multifacetada que nos ajuda a decifrar os processos que ocorrem nas mentes, nos comportamentos e que envolvem as emoções humanas. Portanto, a psicologia nos permite entender como nos relacionamos uns com os outros e como reagimos ao mundo ao nosso redor. Ao mergulharmos nos meandros da mente, a psicologia nos capacita a lidar com problemas de saúde mental e comportamental, tanto no tratamento como na prevenção. O que torna a psicologia verdadeiramente fascinante é o fato de ela ser aplicável a todas as áreas da vida humana. Ela desempenha papel fundamental desde a melhoria das relações interpessoais até o aprimoramento do ambiente de trabalho e do sistema educacional. Por exemplo, quando experimentamos ansiedade ou grande tristeza, a psicologia nos mostra que não estamos sozinhos e que existem maneiras de lidar com esses sentimentos. E não é só isso! Ela nos ajuda a melhorar nossos relacionamentos, seja com nossos amigos, famílias ou colegas de trabalho, contribuindo com dicas preciosas sobre como nos comunicar melhor e resolver conflitos. Na escola, a psicologia nos mostra as dificuldades de aprendizagem, como lidar com a pressão dos estudos e como aprender melhor. A psicologia nos guia pelos desafios da vida, fornecendo-nos meio para enfrentarmos esses obstáculos e sairmos mais fortes e confiantes. Ela está sempre pronta para nos ajudar a sermos a nossa melhor versão! Psyché Palavra que vem do grego antigo e significa alma. Logia Palavra que também vem do grego antigo e é traduzida como tratado. Existem várias subáreas na psicologia, e cada uma foca uma especialidade para melhorar diferentes aspectos de nossas vidas. Vamos falar mais sobre isso! Psicologia da educação Também conhecida como psicologia educacional, dedica-se a entender o processo de ensino-aprendizagem em ambientes educacionais. Por meio dela, podemos criar estratégias e técnicas para ajudar docentes a identificarem e superarem as dificuldades dos alunos, como gerenciamento de motivação, tempo e organização. Ela fornece um mapa para criar um ambiente escolar mais acolhedor e propício ao crescimento dos alunos, desenvolvendo habilidades: Cognitivas Afetivas Sociais Vamos dar uma olhada em como isso acontece na prática. Imagine que um aluno tenha dificuldades para se concentrar nas aulas e manter a atenção. A psicologia da educação contribui com técnicas e atividades que estimulam a concentração, como jogos interativos ou métodos de estudo mais dinâmicos. Quando se trata de desenvolver habilidades emocionais, como resiliência ou inteligência emocional, a psicologia da educação também é importante. Por exemplo, se uma criança está passando por um momento difícil em casa, a escola pode oferecer apoio emocional e atividades que promovam a expressão de sentimentos, auxiliando-a a lidar com os problemas de forma saudável. Não podemos esquecer as habilidades sociais. A psicologia da educação trabalha para criar um ambiente no qual os alunos possam praticar a comunicação eficaz e aprender a resolver conflitos sociais de forma construtiva. Isso pode ocorrer por meio de trabalho em equipe ou projetos que incentivem a colaboração e o respeito mútuo. Resumindo A psicologia da educação ajuda os alunos a adquirirem conhecimentos acadêmicos e os prepara para enfrentarem os desafios da vida de forma mais completa e equilibrada. Ela contribui para fazer da escola um lugar verdadeiramente especial. Atividade 1 Questão 1 Considere o seguinte caso: Em uma escola secundária, um grupo de estudantes apresenta dificuldades de aprendizagem e comportamentais em sala de aula. O corpo docente luta para entender e lidar com esses desafios, e a direção da escola busca soluções para melhorar o ambiente educacional. Observando o contexto, como a psicologia da educação poderia contribuir para ajudar esses discentes e promover um ambiente escolar mais propício ao aprendizado e ao desenvolvimento? A Oferecendo apoio emocional aos alunos, ajudando-os a lidarem com questões pessoais que podem estar afetando seu desempenho acadêmico. B Fornecendo estratégias e técnicas de ensino adaptadas às necessidades individuais dos alunos, facilitando, assim, seu processo de aprendizagem. C Promovendo a comunicação eficaz entre estudantes e docentes, facilitando o reconhecimento e a resolução de conflitos em sala de aula. D Auxiliando na implementação de programas de desenvolvimento de habilidades sociais, incentivando a ajuda e a resolução pacífica de conflitos entre os alunos. E Colaborando com os responsáveis dos alunos, fornecendo orientações e recursos para apoiar o aprendizado e o desenvolvimento de seus filhos em casa. A alternativa B está correta. A psicologia educacional pode oferecer métodos e abordagenspara aprimorar práticas educacionais. C Oferecer serviços de aconselhamento psicológico para estudantes do ensino médio. D Realizar estudos sobre a eficácia de medicamentos para o tratamento de distúrbios de aprendizagem. E Criar políticas governamentais para reformar o sistema educacional no Brasil. A alternativa B está correta. A Abrapee tem como objetivo principal estabelecer uma ponte entre a psicologia escolar e educacional e a prática educacional, visando ao desenvolvimento de intervenções e práticas educacionais mais eficazes e centradas no aluno. Ao promover essa interação entre psicólogos e educadores, a Abrapee contribui para a melhoria da qualidade da educação no Brasil, bem como para o desenvolvimento integral dos estudantes. Função social da escola Neste vídeo, refletiremos sobre a função social da escola, com destaque para o processo de socialização, a reprodução social e a cultural. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. A história da psicologia da educação/escolar está atrelada às mudanças e aos desafios educativos no Brasil. Como exemplos dessas mudanças, podemos citar a ampliação e a universalização do acesso ao ensino obrigatório no país (década de 1960) e a instituição da Lei de Cotas (2012). No livro Função social da escola e organização do trabalho pedagógico, o professor José Geraldo Silveira Bueno considera que, para falar da função social da escola, é imprescindível considerar a relação entre indivíduo, sociedade e sua constituição recíproca – a escola cumpre o papel de reprodutora das relações sociais e de apoio à manutenção do status quo (BUENO, 2001). Conheça a seguir, características das funções essenciais da escola e da psicologia escolar. Funções essenciais da escola Referem-se à formação de cidadãos conscientes da realidade em que vivem, para que possam participar ativa, informada e conscientemente da vida social, política e econômica brasileira na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, com respeito às diferenças individuais, e com um sentido de inclusão (ABRAPEE). O professor Bueno, nesse sentido, enfatiza que a escola precisa dar “conta tanto do acesso à cultura tanto quanto de constituir-se como um espaço de convivência social que favoreça e estimule a formação da cidadania” (BUENO, 2001, p. 6). Funções essenciais da psicologia da educação/escolar Referem-se ao trabalho com os sujeitos ao longo dos processos de ensino e aprendizagem, sendo a divulgação de atividades práticas e de pesquisa dos psicólogos escolares e educacionais, observada nos objetivos da ABRAPEE, uma delas. Assim, para atingir uma das funções essenciais da escola, isto é, a formação de cidadãos, é preciso que a metodologia de ensino privilegie o processo de aprendizagem e a formação de cidadãos ativos, responsáveis e conscientes de seu papel na sociedade (BUENO, 2001). O professor Bueno (2001), em forma resumida, considera que o acesso à cultura e a criação de um espaço de convivência social que favoreça e estimule a formação da cidadania são as principais funções sociais da escola. A escola há de facilitar o desenvolvimento do processo de socialização das novas gerações para garantir a reprodução social e cultural da sociedade. Atividade 2 Questão 1 Sabe-se que a escola cumpre mais funções do que só educar. Selecione a opção que melhor descreve a função social da escola. A Proporcionar apenas conhecimento acadêmico aos alunos. B Preparar os estudantes exclusivamente para o mercado de trabalho. C Desenvolver habilidades sociais e emocionais, além de transmitir conhecimentos. D Oferecer atividades extracurriculares sem relação com o processo de aprendizagem. E Promover a competição entre os alunos para estimular o desempenho acadêmico. A alternativa C está correta. Embora a escola seja fundamental na transmissão de conhecimentos acadêmicos, sua função social vai além disso. Ela é um espaço em que os alunos têm oportunidade de desenvolver habilidades sociais, emocionais e cognitivas essenciais para sua vida pessoal e profissional e como cidadãos. Isso inclui aprender a trabalhar em equipe, resolver conflitos, comunicar-se eficazmente, desenvolver empatia e lidar com as próprias emoções. Portanto, a função social da escola é criar um ambiente que promova o desenvolvimento integral dos alunos, preparando-os para se tornarem membros responsáveis e produtivos da sociedade. Queixa escolar atual no Brasil Acompanhe, neste vídeo, a queixa escolar, abordando as principais dificuldades enfrentadas no processo de escolarização dos alunos. Falaremos ainda sobre a principal queixa da atualidade em nosso país! Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. A queixa escolar refere-se às dificuldades enfrentadas no processo de escolarização. Nesse sentido, para entender essas dificuldades, é preciso considerar o momento histórico em que elas surgem. Já vimos que a história da psicologia da educação/escolar está atrelada às mudanças e aos desafios educativos no Brasil em épocas diferentes, logo, para entender a queixa escolar na atualidade, devemos também fazer uma contextualização. Todos vivemos os efeitos devastadores da pandemia da covid-19. A pandemia teve efeitos na economia, na política, na sociedade e na educação – nesse sentido, é melhor denominá-la sindemia. Você sabe o que significa sindemia? O conceito de sindemia foi cunhado pelo antropólogo Merrill Singer e descreve a interação mutuamente agravante entre problemas de saúde (ex. a pandemia) e outros efeitos (ex. crises econômicas, sociais, políticas) que se potencializam mutuamente. Podemos denominar a covid-19 como uma sindemia porque suas consequências também afetaram os âmbitos educacional, econômico e político. Na educação, a covid-19 representou um desafio, em especial para a comunidade escolar durante a pandemia e após o retorno às aulas presenciais. As consequências decorrentes da pandemia foram muito variadas: a evasão escolar foi alta e alguns estudantes vivenciaram os efeitos do confinamento e do medo do contágio, como: ansiedade, estresse, exaustão, além de efeitos na saúde física e psicológica. A saúde emocional dos profissionais da educação também ficou comprometida pelo fato de compartilhar os mesmos efeitos do confinamento: a sobrecarga laboral que experimentou esse setor e, posteriormente, o medo do contágio no retorno às aulas presenciais (ABAD; ABAD, 2020). Não surpreende que o Censo Escolar 2022 aponte uma redução de matrículas, ao menos, no ensino médio. A análise escolar da atualidade deve considerar as consequências do contexto pandêmico, em especial com relação: Às desigualdades sociais. À evasão escolar. Ao comprometimento da saúde mental dos estudantes e docentes. Ao retorno a atividades presenciais. À escolarização de estudantes alvos da educação especial (deficiência física, auditiva, visual, intelectual, transtorno do espectro autista ou com altas habilidades/superdotação). Essa parcela de estudantes representou um desafio ainda maior durante e após a pandemia, por serem pessoas com comportamentos específicos, padrões, rotinas que apresentaram muitas dificuldades e resistências à adaptação aos novos protocolos de controle da pandemia (ABAD; ABAD, 2020). Atividade 3 Questão 1 A covid-19 teve impacto significativo em todo o mundo, resultando em milhões de casos e mortes, além de desafios socioeconômicos e de saúde pública. Por que ela pode ser considerada uma sindemia em relação à sua influência na educação? A Por causar apenas impactos negativos na educação, sem oferecer oportunidades de aprendizado e inovação. B Por resultar em mudanças temporárias na forma como a educação é entregue, mas sem impactos duradouros. C Por exacerbar desigualdades educacionais preexistentes e expôs deficiências nos sistemas educacionais. D Por não afetar a educação, pois as escolas rapidamente se adaptaram às medidas de segurança. E Por provocar diminuição na taxa de alfabetização em todo o mundo. A alternativaC está correta. Sindemia se refere à interação entre duas ou mais epidemias que exacerbam o impacto uma da outra. No contexto da covid-19, além dos impactos na saúde pública, a pandemia também teve efeitos significativos no setor educacional. • • • • • 5. Conclusão Considerações finais Observamos a importância dos estudos no campo da aprendizagem para tornar a psicologia uma ciência experimental, o que ocorreu no final do século XIX. Ao estudar os primórdios da psicologia da educação e a inter-relação com a psicologia do desenvolvimento e a psicologia do ensino e aprendizagem, foi mais fácil compreender a ideia de Dermeval Saviani sobre converter o investimento em educação no eixo principal do desenvolvimento do Brasil. Uma das funções mais importantes das interfaces entre a psicologia da educação e a psicologia escolar é o fato de facilitar a formação de cidadãos conscientes e responsáveis, que participem ativamente da vida no Brasil em diversas esferas: social, política e econômica. A psicologia da educação e a psicologia escolar podem determinar as bases para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, respeitando às diferenças individuais, em um contexto inclusivo. Podcast Ouça agora um bate-papo sobre a psicologia escolar e a psicologia da educação, com destaque para o trabalho realizado pelo psicólogo escolar no processo de ensino-aprendizagem e os desafios presentes na educação em prol da construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para ouvir o áudio. Explore + Confira as indicações que separamos para você! Visite a página web da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) para conhecer todos os objetivos propostos. Pesquise o artigo Psicologia do desenvolvimento: uma perspectiva histórica, de Márcia Elia da Mota, para aprofundar conhecimentos sobre as fases de evolução da psicologia do desenvolvimento. Leia o livro de Melvin Marx e William Hillix, Sistemas e teorias em psicologia, para aprofundar seus estudos sobre as escolas de psicologia, principais representantes e teorias. Referências • • • • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL. ABRAPEE. Nossos objetivos. Abrapee. Consultado na internet em: 10 mar. 2023. ABAD, A.; ABAD, T. M. Covid-19: back to classes in Brazil from a bioecological perspective. [s.l.]: Preprints, 2020. ANTUNES, M. A. M. Psicologia escolar e educacional: história, compromissos e perspectivas. Psicologia Escolar e Educacional, v. 12, p. 469-475, 2008. BIAGGIO, A. M. B. Psicologia do desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1975. BUENO, J. G. S. Função social da escola e organização do trabalho pedagógico. Educar em Revista, n. 17, p. 101-110, jun. 2001. CASSINS, A. M. Manual de psicologia escolar – educacional. Rio de Janeiro: Gráfica e Editora Unificado, 2007. DEWEY, J. How we think. A restatement of the relation of reflective thinking to the educative process. Boston: DC Heath and Company, 1933. GOULART, I. B. Psicologia da educação: fundamentos teóricos e aplicações à pratica pedagógica. Petrópolis: Vozes, 1995. JAMES, W. The principles of psychology. [s.l.]: Dover Publications Inc., 1890. MOTA, M. E. DA. Psicologia do desenvolvimento: uma perspectiva histórica. Temas em Psicologia, v. 13, n. 2, p. 105-111, 2005. SANTROCK, J. W. Educational psychology. New York: McGraw-Hill, 2011. SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. A history of modern psychology. Australia: Thomson/Wadsworth, 2012. SOUZA, A. C. Interfaces entre Psicologia, Educação e Saúde – um relato de prática profissional. Psicologia Escolar e Educacional, v. 24, 2020. THORNDIKE, E. L. Animal intelligence: An experimental study of the associative processes in animals. The Psychological Review: Monograph Supplements, v. 2, n. 4, 1898. VANDENBOS, G. R. APA dictionary of psychology. Washington: American Psychological Association, 2015. WOODWORTH, R. S. Contemporary schools of psychology. [s.l.]: Ronald Press Company, 1948. Psicologia escolar e psicologia da educação 1. Itens iniciais Objetivos Introdução 1. Conceitos básicos em psicologia da educação Psicologia da educação e ciência psicológica Conteúdo interativo Psicologia da educação Cognitivas Afetivas Sociais Resumindo Atividade 1 Relações e diferenças importantes entre subáreas Conteúdo interativo Comportamento Aprendizagem Exemplo Estudantes Processo de aprendizagem Ambiente de aprendizagem Mestres Atividade 2 Interfaces da psicologia da educação/escolar Você sabia que a psicologia pode ser aplicada a todas as áreas da vida do ser humano? Psicologia da educação Psicologia do ensino e aprendizagem Psicologia do desenvolvimento Psicologia: ciência e interface com a educação Conteúdo interativo Atividade 3 2. Escolas representantes da psicologia da educação Psicologia no final do século XIX e início do XX Conteúdo interativo Exemplo Atividade 1 Edward L. Thorndike e William James Conteúdo interativo Edward L. Thorndike (1874-1949) Exemplo Lei do efeito Lei do exercício Lei da prontidão William James (1842-1910) Exemplo Reflexão Atividade 2 Escolas de psicologia Estruturalismo Funcionalismo Behaviorismo Gestaltismo Psicanálise Humanismo Cognitivismo Estruturalismo Exemplo Funcionalismo Exemplo Psicanálise Exemplo Gestaltismo Exemplo Humanismo Exemplo Behaviorismo Exemplo Cognitivismo Exemplo Behaviorismo x cognitivismo Conteúdo interativo Atividade 3 3. Psicologia do desenvolvimento e a aprendizagem Objeto de estudo da psicologia do desenvolvimento Conteúdo interativo Primeira fase Segunda fase Terceira fase Atividade 1 Principais teorias da psicologia do desenvolvimento Conteúdo interativo Atividade 2 O que é aprendizagem? Conteúdo interativo Abordagem behaviorista Abordagem social-cognitiva Abordagem do processamento da informação Abordagem cognitivo-construtivista Abordagem sócio-construtivista Condicionamento clássico Associação de estímulos Eliminação de respostas indesejadas Preparação para mudanças de ambiente Estímulo positivo para reforçar comportamentos desejados Condicionamento operante 1º 2º 3º Atenção Atividade 3 4. A queixa escolar e o papel da escola na sociedade Breve história da psicologia escolar no Brasil Conteúdo interativo Comentário Atividade 1 Função social da escola Conteúdo interativo Funções essenciais da escola Funções essenciais da psicologia da educação/escolar Atividade 2 Queixa escolar atual no Brasil Conteúdo interativo Você sabe o que significa sindemia? Atividade 3 5. Conclusão Considerações finais Podcast Conteúdo interativo Explore + Referênciasde ensino personalizados, que atendam às exigências específicas de cada estudante, tornando mais fácil o seu processo de aprendizado. Ela se dedica ao estudo do processo de ensino-aprendizagem em ambientes educacionais, buscando compreender como os alunos aprendem e se desenvolvem. Ao adaptar as estratégias de ensino de acordo com as necessidades individuais dos alunos, o corpo docente pode promover um ambiente de aprendizagem mais eficaz e inclusivo. Relações e diferenças importantes entre subáreas Conheça, neste vídeo, as principais diferenças e aplicações do conhecimento da psicologia da educação e da psicologia escolar. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Aluno desmotivado durante estudo. A psicologia escolar se concentra especificamente na escola e nas relações que acontecem por lá, atuando como uma parceira da psicologia da educação e usando o que já sabemos sobre como as pessoas aprendem para ajudar o corpo docente a entender melhor o desenvolvimento de seus alunos. Isso inclui conhecer as habilidades e os talentos de cada um, bem como suas áreas de interesse e como prefere aprender. Por exemplo, se um aluno tem dificuldade para se concentrar durante as aulas, a psicologia escolar pode ajudar o professor a encontrar maneiras de tornar a aula mais envolvente e interessante. No entanto, ela não trabalha sozinha, pois conta com outras áreas da psicologia para fornecer uma compreensão mais abrangente de estudantes e do processo de ensino- aprendizagem. Uma dessas áreas é a psicologia do desenvolvimento. A psicologia do desenvolvimento estuda as mudanças que acontecem nas pessoas ao longo de suas vidas, desde o nascimento até a velhice, investigando fatores ambientais, biológicos, genéticos, neurobiológicos, sociais, psicológicos e culturais. Ela nos ajuda a entender como as pessoas crescem e mudam ao longo do tempo, e como isso afeta o modo de aprender. Além disso, a psicologia do desenvolvimento pode ajudar a prever e prevenir possíveis distúrbios de: Comportamento Como agressividade, bullying, hiperatividade e distúrbios da alimentação. Aprendizagem Como dificuldade de leitura, de escrita e matemática. A psicologia do ensino e aprendizagem é outra área importante que contribui para a psicologia escolar. Ela nos ajuda a entender como as pessoas aprendem e maneiras de ensinar da melhor forma possível. Exemplo Se você estuda e prefere aprender fazendo atividades práticas em vez de apenas ouvir alguém falar, a psicologia do ensino e aprendizagem pode ajudar a ter aulas mais interessantes e envolventes. Sabe quando o professor usa diferentes métodos de ensino e você pensa: "Nossa, isso realmente funciona para mim!"? É a psicologia do ensino e aprendizagem em ação! A psicologia do ensino e aprendizagem nos ajuda ainda a entender como as pessoas aprendem de diferentes formas e como o ambiente ao nosso redor influencia esse processo. Ela contribui para docentes criarem estratégias de ensino realmente eficazes, como: Estabelecer metas claras para a aprendizagem. Criar projetos interessantes. Usar recursos multimídia que deixam a aula mais envolvente. Incentivar a aprender junto com os colegas. • • • • E aqueles probleminhas que podem surgir, como dificuldades para entender a matéria ou até mesmo se comportar na sala de aula? A psicologia do ensino e aprendizagem nos ajuda a prevenir esses problemas e encontrar soluções criativas para lidar com eles, contribuindo para aperfeiçoar os programas educacionais da escola e influenciar políticas públicas para tornar a educação ainda melhor. Em suma, a psicologia escolar e as demais áreas da psicologia trabalham juntas para tornar a escola um lugar melhor para aprender e crescer. Elas nos ajudam a entender nossos alunos, ensinar de maneira mais eficaz e criar um ambiente escolar acolhedor e estimulante para todos. Mas quais são os principais temas de pesquisa nessas áreas da psicologia? Ela abrange muitos tópicos interdisciplinares, incluindo: Estudantes Compreende suas competências, diferenças individuais, comportamento e seu desenvolvimento biopsicossocial ao longo da vida. Processo de aprendizagem Investiga a resolução de problemas, transferência de aprendizagem e métodos eficazes de ensino. Ambiente de aprendizagem Explora as dinâmicas de grupo, as técnicas e os recursos que facilitam a aprendizagem e a avaliação. Mestres Analisa o papel da pessoa educadora e as características de um ensino eficaz. A pesquisa nos campos da psicologia educacional é uma rica fonte de informações, métodos e perspectivas que enriquecem o processo de aprendizagem. Dada a complexidade do ensino e as diferenças entre os alunos, ela é fundamental para desenvolver estratégias educacionais mais eficazes e adaptáveis. Atividade 2 Questão 1 João, um aluno do ensino fundamental que costumava ter bom desempenho acadêmico, tem apresentado nos últimos meses queda em suas notas, falta de interesse nas aulas e isolamento social. Após uma conversa com ele, a psicóloga escolar descobriu problemas em casa devido ao divórcio dos pais e bullying na escola. Qual é a abordagem mais apropriada que a profissional deve adotar para ajudar João? A Focar apenas seu desempenho acadêmico, oferecendo-lhe aulas extras de reforço para melhorar suas notas. B Ignorar seus problemas pessoais e concentrar-se exclusivamente em técnicas de estudo para ajudá-lo a recuperar seu desempenho acadêmico. C Realizar sessões de aconselhamento individual com ele para ajudá-lo a lidar com as emoções relacionadas ao divórcio dos pais e ao bullying. D Recomendar que ele mude de escola para escapar do ambiente em que está sofrendo bullying. E Envolvê-lo em atividades extracurriculares para distraí-lo dos problemas pessoais e melhorar seu bem-estar emocional. A alternativa C está correta. A psicóloga escolar deve reconhecer e abordar os problemas pessoais de João, oferecendo-lhe suporte emocional por meio de sessões de aconselhamento individual. Essa abordagem permite que ele trabalhe suas emoções relacionadas ao divórcio dos pais e ao bullying, contribuindo para a melhoria em seu bem- estar emocional e, consequentemente, seu desempenho acadêmico. Interfaces da psicologia da educação/escolar O que significa a palavra psicologia? A definição da psicologia depende do momento histórico e da teoria que se escolha. Se considerarmos a origem etimológica, a palavra psicologia deriva do grego ψυχή (psyché – alma) e λογία (logia – tratado) e, portanto, significa a “ciência da alma”. No século XIX, o famoso psicólogo norte-americano William James definiu psicologia como a ciência da vida mental, tanto de seus fenômenos (sentimentos, desejos, cognições, raciocínios, decisões e coisas semelhantes) quanto de suas condições (SCHULTZ; SCHULTZ, 2012). Atualmente, a Associação Americana de Psicologia (APA) a define como o estudo da mente e do comportamento. Com base na definição da APA, a psicologia ajuda a entender os processos mentais, o comportamento e as emoções humanas. Assim, facilita o estudo de outros tópicos, como as relações interpessoais (amizades, companheiros de trabalho etc.), e a forma como as pessoas reagem ao ambiente (estresse, ansiedade etc.). Portanto, é uma ciência que possibilita a compreensão da natureza humana. Adicionalmente, ao estudar os processos mentais e emocionais que ocorrem na vida das pessoas, pode-se ajudar no tratamento e na prevenção de problemas de saúde mentais e comportamentais. Você sabia que a psicologia pode ser aplicada a todas as áreas da vida do ser humano? Sim! Pode ser utilizada tanto no tratamento de problemas de saúde mental, quanto na melhora de relacionamentos, do ambiente de trabalho e do sistema educacional, dentre outros tópicos. Nesse sentido, para beneficiar a sociedade em geral e as pessoas em particular, a psicologia é dividida em diferentes subáreas, cada uma com uma especialidade específica. Como consequência, pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, ajudando-asa entender como lidar com problemas e como enfrentar os desafios da vida. Para isso, há variadas informações e ferramentas em relação a tratamento e prevenção de problemas de saúde mental e comportamental. De acordo com a APA, as subáreas da psicologia são: psicologia clínica, psicologia climática e ambiental, psicologia social, psicologia experimental, psicologia do trabalho organizacional etc. Em nosso estudo, vamos focar em apenas três subáreas. Vamos conferi-las! Psicologia da educação Psicologia do ensino e aprendizagem Psicologia do desenvolvimento A psicologia da educação também é denominada como psicologia educacional, psicologia na educação, psicologia aplicada à educação e psicologia do escolar. Essa subárea se especializa em compreender o ensino e a aprendizagem em ambientes educacionais. Lida com a aplicação de princípios e teorias psicológicas a um amplo espectro de questões de ensino, treinamento e aprendizagem em ambientes educacionais e aborda problemas psicológicos que podem surgir nos sistemas educacionais (VANDENBOS, 2015). Ao concentrar-se no estudo psicológico dos problemas cotidianos da educação, desenvolve teorias, modelos e métodos de instrução, avaliação e pesquisa. A psicologia da educação busca compreender o processo de aprendizagem e desenvolvimento dos educandos. Por meio dela, são desenvolvidos estudos e ações para melhorar o ensino e a aprendizagem, oferecendo um ambiente que propicie o desenvolvimento nos estudantes das habilidades cognitivas (raciocínio lógico, resolução de problemas, concentração, memória, criatividade, raciocínio abstrato etc.), afetivas (comunicação assertiva, escuta atenta, inteligência emocional, resiliência, autocontrole, empatia etc.) e sociais (comunicação e a resolução de conflitos). A psicologia da educação é essencial para o bom desempenho de alunos e alunas, pois permite que os docentes – por meio de estratégias e técnicas – identifiquem quais são as principais dificuldades dos estudantes (como gerenciamento de tempo, motivação, organização, compreensão, comprometimento), oferecendo, assim, auxílio e orientação para promover um ambiente escolar mais saudável e propício para o desenvolvimento de educandos. Psicologia: ciência e interface com a educação Neste vídeo, vamos refletir sobre a psicologia da educação e a psicologia escolar, destacando as interfaces entre as duas e a função do psicólogo escolar. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Atividade 3 Questão 1 Você, como estudante, interessa-se em aprender mais sobre psicologia escolar. Imagine-se participando de um debate na escola sobre o papel dos psicólogos escolares. Como você convenceria seus colegas da importância desse profissional? A Ele é importante porque realizam pesquisas complexas em laboratórios para entender a mente humana. B Ele é fundamental porque ajuda os alunos a passarem em provas a partir de técnicas avançadas de memorização. C Ele é fundamental ao facilitar o desenvolvimento integral dos alunos, considerando suas necessidades individuais de aprendizado e promovendo um ambiente escolar saudável e inclusivo. D Ele é relevante porque realiza terapias em grupo para resolver problemas de comportamento na escola. E Ele é útil apenas para lidar com casos extremos de problemas emocionais entre os alunos. A alternativa C está correta. Psicólogos escolares são peças fundamentais no quebra-cabeça da educação, porque contribuem para a formação de indivíduos saudáveis, felizes e preparados para os desafios do mundo, além de contribuírem para a construção da escola como um espaço seguro e estimulante para todos. Wilhelm Wundt. 2. Escolas representantes da psicologia da educação Psicologia no final do século XIX e início do XX Acompanhe, neste vídeo, os precursores da psicologia e suas contribuições para os alicerces da psicologia da educação, com destaque para Wilhelm Wundt, Hermann Ebbinghaus e John Dewey. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. A trajetória da psicologia como ciência experimental teve seu marco inicial no final do século XIX, com o estabelecimento do primeiro Laboratório de psicologia na Universidade de Leipzig, em 1879, sob a direção do renomado psicólogo alemão Wilhelm Wundt (1832-1920). Aliás, ele é muitas vezes chamado de "pai da psicologia moderna". Ele foi pioneiro em desvendar os mistérios da mente humana, começando uma jornada de descobertas que ecoam até hoje. Seu laboratório influenciou uma geração inteira de psicólogos e serviu de inspiração para o estabelecimento de novos centros de pesquisa em psicologia experimental ao redor do mundo. Nomes como William James, nos Estados Unidos, Max Wertheimer, na Alemanha, Edward Bradford Titchener, na Grã-Bretanha, e Manoel Bomfim, no Brasil, foram moldados por essa atmosfera de inovação e pesquisa científica. Conheça-os: William James. Max Wertheimer. Edward Bradford. Hermann Ebbinghaus. Manoel Bomfim. É fundamental compreender o legado deixado pelos pioneiros que se dedicaram ao estudo da aprendizagem. Hermann Ebbinghaus, por exemplo, foi um dos primeiros a conduzir estudos empíricos sobre a associação de ideias, utilizando métodos inovadores, como as "sílabas sem sentido", que revolucionaram nossa compreensão sobre como o conhecimento é adquirido e retido. Ebbinghaus nos presenteou com uma valiosa lição ao desvelar a "curva de esquecimento", evidenciando a importância da revisão regular do conteúdo aprendido para evitar a perda de informação ao longo do tempo. Essa reflexão nos convida a repensar nossos hábitos de estudo e nos instiga a adotar estratégias mais eficazes de retenção de conhecimento. Imagine que você está se preparando para um exame importante e deseja reter o máximo de informações possível. Vamos, então, aplicar o conceito da "curva de esquecimento" de Ebbinghaus. De acordo com sua pesquisa, a maior parte do esquecimento ocorre nas primeiras horas após a aprendizagem. Portanto, para otimizar a retenção de informações, você pode adotar a técnica de revisão espaçada, distribuindo seu estudo ao longo do tempo, em vez de tentar memorizar tudo de uma só vez. John Dewey, com suas ideias revolucionárias sobre educação, confronta-nos com a necessidade de repensar os métodos tradicionais de ensino baseados na mera memorização de informações e sua repetição. John Dewey. Segundo Dewey, a verdadeira aprendizagem ocorre quando as crianças são ativas e participativas em seu processo de ensino, engajando-se em experiências concretas e significativas. Ou seja, ele defendia que elas aprendem melhor quando são desafiadas a participarem ativamente das atividades de aprendizagem, experimentando, explorando e resolvendo problemas de forma prática e significativa. As contribuições de Dewey para a psicologia escolar são vastas, mas sua maior conquista foi, talvez, promover uma mudança na maneira como encaramos a educação. Ele nos fez questionar o que e como ensinamos, enfatizando a importância de preparar os alunos para os desafios do mundo real. Considere uma sala de aula na qual o professor utiliza métodos de ensino ativos, inspirados nas ideias de Dewey. Em vez de simplesmente transmitir conhecimento por meio de palestras monótonas, ele promove atividades práticas e colaborativas que incentivam os alunos a se envolverem ativamente no processo de aprendizagem. Exemplo Em vez de apenas ler sobre os princípios da física, discentes podem realizar experimentos práticos para entenderem como eles se aplicam no mundo real. Sua visão democrática da educação, que defende o acesso igualitário ao conhecimento, independentemente de condição social ou origem étnica, ecoa como um chamado à ação para uma sociedade mais justa e inclusiva. A educação não deve ser um privilégio reservado a poucos, mas um direito fundamental de todos os indivíduos. Imagine um estudante com deficiência visual, que enfrenta dificuldades para acessar o conteúdo de um livro didático tradicional. A aplicação de políticaspúblicas em educação pode garantir que ele receba os recursos adequados, como materiais em braile ou tecnologias assistivas (TA), para que ele possa participar plenamente da experiência educacional. Ao refletirmos sobre o legado desses grandes pensadores da psicologia da educação, somos convidados a questionar nossas práticas educacionais e buscar constantemente novas formas de promover uma aprendizagem mais significativa e transformadora. Afinal, eles nos lembram que a educação não é apenas um meio de transmitir conhecimento, mas também uma ferramenta poderosa para promover o crescimento pessoal e social, moldando o futuro de nossa sociedade. Atividade 1 Questão 1 Você é a pessoa diretora de escola que deseja promover uma abordagem educacional mais inclusiva e democrática em sua instituição, inspirada pelos ideais de John Dewey. Após realizar uma reunião com os professores e a equipe pedagógica, você decide implementar algumas mudanças no currículo e nas práticas educacionais. Para avaliar a eficácia dessas mudanças, você decide realizar uma pesquisa com os alunos. Qual das seguintes ações é mais coerente com os ideais de Dewey para promover uma educação inclusiva e democrática? A Divisão dos alunos em turmas de acordo com seu desempenho acadêmico, separando aqueles com melhores resultados dos que têm dificuldades de aprendizagem. B Realização de palestras expositivas como principal método de ensino, visando transmitir conhecimento de forma uniforme para todos os alunos. C Implementação de atividades práticas e colaborativas que incentivem a participação ativa de todos os alunos, independentemente de seu desempenho acadêmico ou de suas habilidades individuais. D Adoção de um currículo rígido e padronizado, com foco na memorização de fatos e conceitos, para garantir que todos os alunos alcancem os mesmos resultados acadêmicos. E Restrição do acesso a determinados recursos educacionais apenas para alunos que demonstram um interesse excepcional em determinadas áreas do conhecimento. A alternativa C está correta. Dewey acreditava que a verdadeira aprendizagem ocorre quando os alunos estão envolvidos em atividades práticas e colaborativas que os desafiam a pensar criticamente e resolver problemas de forma significativa. Ele enfatizava a importância de uma abordagem inclusiva que valorizasse a participação de todos os alunos, independentemente de seu desempenho acadêmico ou de suas habilidades individuais. Portanto, a implementação de atividades práticas e colaborativas que incentivem a participação ativa de todos os alunos está alinhada aos ideais de Dewey de uma educação inclusiva e democrática. Edward L. Thorndike e William James Assista, neste vídeo, aos precursores da psicologia e às suas contribuições para os alicerces da psicologia da educação, com destaque para Edward L. Thorndike e William James. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Edward L. Thorndike. Como nós, seres humanos, aprendemos coisas novas? E por que alguns comportamentos se tornam mais comuns enquanto outros desaparecem? Edward L. Thorndike e William James dedicaram suas vidas a explorar esses mistérios do aprendizado e do comportamento humano, e seus insights continuam a nos fascinar até hoje. Vamos conhecer mais sobre eles! Edward L. Thorndike (1874-1949) Vamos começar com Thorndike, um verdadeiro pioneiro na compreensão do aprendizado animal e humano. Ele apresentou uma teoria de aprendizagem que se destacou por sua abordagem objetiva e prática. Ele enfatizou o estudo das conexões diretas entre estímulos externos e respostas observáveis, como quando um animal aprende a executar uma ação específica em troca de uma recompensa. Thorndike realizou uma série de experimentos inovadores com gatos para entender como eles aprendem em situações controladas. Em uma dessas experiências, Thorndike colocou um gato faminto dentro de uma caixa experimental com comida do lado de fora. O gato precisava descobrir como abrir a caixa para acessar a comida. Depois de muitas tentativas, o animal finalmente aprendeu a operar a alavanca e sair da caixa. Thorndike observou que o gato aprendeu mais rapidamente quando suas ações foram seguidas por uma recompensa, como comida. Essa ideia se tornou a base de sua teoria do aprendizado por tentativa e erro. Assim, essa abordagem direta e concreta permitiu a compreensão mais clara do processo de aprendizagem, tornando-o acessível e aplicável em diversas situações educacionais. Exemplo Você está ensinando seu cachorro a buscar um brinquedo. Cada vez que ele traz o brinquedo de volta, você o recompensa com um petisco. Com o tempo, seu cachorro aprende que buscar o brinquedo resulta em algo positivo, e ele fica mais inclinado a repetir esse comportamento no futuro. Thorndike também nos presenteou com três leis importantes da aprendizagem: Lei do efeito Afirma que respostas seguidas por consequências agradáveis tendem a ser repetidas, enquanto as acompanhadas por consequências desagradáveis tendem a ser evitadas. Essa lei ficou conhecida como aprendizado por tentativa e erro. Exemplo: imagine que você está ensinando seu cão a sentar. Cada vez que ele obedece ao seu comando, você o recompensa com um petisco. Com o tempo, seu cachorro associa se sentar à recompensa, sendo provável que ele repita o comportamento. Lei do exercício Sugere que, quanto mais uma conexão entre um estímulo e uma resposta é praticada ou exercitada, mais forte a associação se torna. Por outro lado, o desuso prolongado da resposta tende a enfraquecer a associação. Essa lei É conhecida como lei de uso e desuso. Exemplo: se você está aprendendo a tocar piano, quanto mais pratica uma peça, mais confiança e habilidade você adquire. A repetição do exercício fortalece as conexões neurais relacionadas à execução da peça. Lei da prontidão Afirma que a eficácia do aprendizado é influenciada pelo estado de prontidão ou pelo fato de o organismo estar disposto a aprender. Exemplo: se você está estudando para um exame, mas experimenta distração e cansaço, sua prontidão para aprender pode ser comprometida. No entanto, se você descansou e sente motivação, é mais provável que absorva e retenha as informações com eficácia. Essas leis nos ajudam a entender como as experiências passadas moldam nossos comportamentos futuros e como a motivação é fundamental no processo de aprendizado. Thorndike é frequentemente reconhecido como um dos pioneiros da psicologia educacional moderna devido à sua defesa da aplicação de métodos científicos para compreender o processo de ensino-aprendizagem. Ele enfatizou a importância da medição precisa e da análise rigorosa dos fenômenos educacionais, o que influenciou significativamente o desenvolvimento do campo da psicologia escolar. Suas contribuições pavimentaram o caminho para uma abordagem mais científica e baseada em evidências, ajudando profissionais de psicologia escolar a compreenderem melhor as necessidades dos alunos e a desenvolverem intervenções educacionais mais eficazes. William James (1842-1910) Foi um dos psicólogos mais influentes da História. Ele é amplamente reconhecido como o proeminente psicólogo norte-americano que foi fundamental para o desenvolvimento da psicologia funcionalista como escola de pensamento e pesquisa. Sua obra seminal, Princípios de psicologia (1890), é um marco na área, pois explorou diversos tópicos, desde a função adaptativa da consciência até a plasticidade cerebral. Além disso, James também realizou uma série de palestras dirigidas a educadores, conhecida como Palestras aos professores. Nelas, ele destacou as aplicações práticas da psicologia na melhoria do ensino e da aprendizagem. Ele enfatizou ainda a importância de observar atentamente os processos educacionais nas salas de aula para informar práticas mais eficazes. James também foi pioneiro em estudos sobre a plasticidade cerebral, argumentando que as conexões neurais se fortalecem com o uso e que o cérebro humano é capaz de mudanças contínuas àmedida que aprendemos e nos adaptamos ao ambiente. Sua perspectiva de que a mente é flexível e moldável destacou a importância da educação na formação de hábitos e comportamentos. Exemplo Considere aprender algo novo, como andar de bicicleta. No início, pode ser difícil se equilibrar e coordenar os movimentos. Porém, à medida que você pratica e familiariza-se mais com a bicicleta, seu cérebro forma novas conexões neurais, tornando o processo mais suave e automático. James também alertou sobre a importância dos hábitos em nossas vidas. Ele observou que: Se alguém está tentando parar de roer as unhas, por exemplo, pode começar a substituir esse hábito por algo mais saudável, como apertar uma bolinha antiestresse ou pintar as unhas com um esmalte de sabor desagradável. Com o tempo e a prática consistente, a pessoa pode romper o ciclo do hábito. Em suas obras, James contribuiu significativamente para a abordagem empírica e experimental da educação, promovendo a ideia de que os recursos naturais das crianças devem ser considerados na prática educacional, buscando uma educação mais holística e adaptativa. Reflexão Da próxima vez que você tentar aprender algo novo ou mudar um hábito antigo, lembre-se das lições de Thorndike e James. Eles nos mostraram que o aprendizado é uma jornada emocionante e dinâmica, cheia de descobertas e possibilidades. Atividade 2 Questão 1 Após estudar as contribuições de Edward L. Thorndike para compreender o processo de aprendizagem, um grupo de pesquisadores decidiu desenvolver uma atividade experimental para testar a aplicação das leis do aprendizado em um contexto real. Assim, os pesquisadores selecionaram um grupo de crianças em idade escolar para investigar como as recompensas influenciam o desempenho acadêmico. O experimento consistiu em dividir as crianças em dois grupos: A e B, submetendo ambos a um teste de matemática de dificuldade moderada. Mas antes, os pesquisadores explicaram às crianças que, se obtivessem bom desempenho, receberiam uma recompensa especial no final. O grupo A foi informado de que receberia um adesivo brilhante, e o B foi informado de que receberia um adesivo regular. Após a realização do teste, os resultados foram analisados. Animais selvagens Os comportamentos, em grande parte, são determinados pela natureza. Seres humanos Os comportamentos são amplamente moldados pela educação e experiência. O grupo A obteve desempenho significativamente melhor em comparação a B. Qual das seguintes alternativas melhor explica o resultado observado no experimento? A A diferença de desempenho entre os grupos pode ser atribuída a mudanças na dificuldade do teste de matemática. B O grupo A obteve melhor desempenho devido à sua predisposição genética para a matemática, independentemente da recompensa oferecida. C O resultado pode ser explicado pela Lei do efeito, elaborada por Thorndike, que afirma que as respostas seguidas por consequências agradáveis tendem a ser repetidas. D A diferença no desempenho entre os grupos pode ser atribuída à influência dos pais sobre as crianças do grupo A, que podem ter recebido mais incentivo em casa. E A Lei do exercício, proposta por Thorndike, explica o melhor desempenho do grupo A, pois as crianças foram submetidas a mais prática devido à recompensa oferecida. A alternativa C está correta. A lei do efeito, proposta por Thorndike, sugere que o comportamento é influenciado pela consequência que o segue. Nesse caso, as crianças do grupo A, que receberam uma recompensa mais atraente (adesivo brilhante), foram mais incentivadas a terem bom desempenho no teste de matemática, resultando o melhor desempenho em comparação ao grupo B, que recebeu uma recompensa menos atraente (adesivo regular). Essa diferença de desempenho aponta a aplicabilidade da lei do efeito no contexto educacional. Escolas de psicologia O que define uma escola de psicologia? Ao longo do tempo, diversos psicólogos se uniram e formaram diferentes correntes de pensamento, cada uma com suas ideias e representantes distintos. Vamos conhecer melhor algumas dessas escolas e seus principais líderes! Para facilitar seu entendimento, criamos uma linha do tempo: Estruturalismo Fundador: Wilhelm Wundt Período: final do século XIX Principais ideias: análise dos elementos básicos da consciência, como sensações e percepções. Funcionalismo Fundador: William James Período: final do século XIX e início do XX Principais ideias: estudo da mente como um sistema funcional, adaptando-se ao ambiente em constante mudança. Behaviorismo Fundador: John Watson Período: início do século XX Principais ideias: ênfase no comportamento observável, rejeitando conceitos subjetivos como mente e consciência. Gestaltismo Fundador: Max Wertheimer Período: início do século XX Principais ideias: estudo da percepção humana como uma organização significativa e coerente de experiências sensoriais. Psicanálise Fundador: Sigmund Freud Período: final do século XIX e início do XX Principais ideias: exploração do inconsciente, dos desejos reprimidos e dos mecanismos de defesa na determinação do comportamento humano. • • • • • • • • • • • • • • • Humanismo Fundador: Carl Rogers Período: meados do século XX Principais ideias: ênfase no potencial humano para crescimento, autorrealização e busca do bem-estar psicológico. Cognitivismo Fundador: Jean Piaget Período: meados do século XX Principais ideias: estudo dos processos mentais superiores, como aprendizagem, memória e resolução de problemas. Cada escola de psicologia apresenta um conjunto único de ideias e abordagens, delineando um caminho específico para o desenvolvimento da psicologia como uma ciência de relevância tanto teórica como prática (Woodworth, 1948). Entre os temas mais explorados, destaca-se o estudo dos processos mentais superiores, com foco particular na aprendizagem e na memória humana (Schultz; Schultz, 2012). Além disso, cada uma das escolas de psicologia oferece uma perspectiva única sobre nossa mente, enriquecendo nossa compreensão do comportamento e da experiência humana. Ao explorarmos essas escolas, somos convidados a refletir sobre a complexidade e as diferenças da mente humana, abrindo novos horizontes para o estudo e a compreensão de nós mesmos e do mundo ao nosso redor. Agora vamos entender um pouco mais sobre cada uma delas. Estruturalismo Colaborou para a psicologia da educação dar ênfase ao entendimento dos processos mentais básicos, como a percepção e a memória, fundamentais para a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo. Exemplo Imagine que você leciona matemática e está ensinando adição a uma criança. Ao utilizar o método estruturalista, você desmonta o conceito de adição em seus elementos básicos, como os números e os processos de contagem para explora como a criança percebe e entende os números, suas relações e como ela organiza mentalmente as informações sobre adição. Funcionalismo Contribuiu para a psicologia da educação ao destacar a importância do entendimento dos processos mentais na adaptação dos indivíduos ao ambiente educacional e na aplicação de métodos pedagógicos mais eficazes. • • • • • • Exemplo Suponha que você é uma pessoa educadora em uma escola que aplica o método funcionalista. Ao ensinar ciências naturais, você transmite fatos e conceitos, destacando como esses conhecimentos podem ajudar os alunos a se adaptarem e resolverem problemas no mundo real. Você encoraja os estudantes a explorarem a aplicação dos princípios científicos em suas vidas diárias e no enfrentamento de desafios ambientais. Psicanálise Trouxe insights pertinentes sobre as influências do inconsciente no desenvolvimento e no comportamento de estudantes, destacando a importância de abordagens terapêuticas e educacionais que consideram as emoções e os conflitos internos experimentados por discentes. Exemplo Imagine que você atua como conselheiro escolar e está ajudando um aluno com dificuldades deaprendizagem. Utilizando a abordagem psicanalítica, você explora os possíveis conflitos emocionais e traumas do aluno, que podem estar afetando seu desempenho acadêmico. Você ajuda o estudante a identificar e lidar com suas emoções reprimidas, buscando resolver as questões psicológicas subjacentes que podem estar interferindo em sua aprendizagem. Gestaltismo Ressalta a importância de compreender como os alunos percebem e organizam as informações, influenciando o design curricular e as estratégias de ensino para promover uma aprendizagem mais significativa e holística. Exemplo Suponha que você é docente de arte e ensina sobre composição visual aos seus alunados. Ao aplicar os princípios do gestaltismo, você explora como os elementos visuais (forma, cor e espaço) se organizam em padrões significativos e coerentes. Você incentiva os alunos a perceberem e apreciarem a totalidade da obra de arte, em vez de focarem apenas em partes individuais. Humanismo Destaca a importância de cultivar um ambiente de aprendizagem que promova a autonomia, a criatividade e o desenvolvimento pessoal de estudantes, reconhecendo suas necessidades emocionais e particulares. Exemplo Como docente de educação física, você adota uma abordagem humanista ao ensinar habilidades esportivas aos alunos. Você valoriza o crescimento pessoal e a autoexpressão, incentivando-os a definirem e perseguirem seus próprios objetivos de aprendizagem. Você cria um ambiente de aprendizagem inclusivo e positivo, no qual os estudantes se sentem capacitados a explorarem seu potencial atlético e, consequentemente, valorizados. É importante ressaltar que cada uma das escolas contribuiu de maneira distinta para o avanço da psicologia da educação. Assim, destacamos duas abordagens que tiveram impacto significativo nesse campo: Behaviorismo Influenciou significativamente a forma como os educadores entendem o processo de aprendizagem, destacando a importância do ambiente e dos estímulos externos na modificação do comportamento e na eficácia das estratégias de ensino. Exemplo Como mestre de línguas estrangeiras, você utiliza o behaviorismo para ensinar vocabulário e gramática. Ao reforçar positivamente os acertos dos alunos e corrigir seus erros, você condiciona comportamentos desejados, como a pronúncia correta e a utilização adequada das regras gramaticais. Além disso, você se concentra no comportamento observável dos alunos durante o processo de aprendizagem e adapta suas estratégias de ensino com base nas respostas obtidas. Cognitivismo Explorar a mente humana além das fronteiras do comportamento visível se tornou cada vez mais necessário na década de 1960. Os cognitivistas se interessam pelos processos mentais superiores, como aprendizagem, memória e resolução de problemas. Eles exploram como a mente humana processa, armazena e utiliza informações, contribuindo para a compreensão mais profunda dela. Na psicologia da educação, o cognitivismo influenciou o desenvolvimento de teorias sobre a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo, fornecendo insights valiosos sobre como os alunos adquirem conhecimento, pensam criticamente e resolvem problemas, orientando práticas educacionais mais eficazes e centradas no discente. Qual dessas escolas ressoa mais em você? Exemplo Suponha que você leciona ciências e está ensinando sobre o ciclo da água. Ao aplicar o cognitivismo, você explora como os alunos processam, armazenam e recuperam informações. Você utiliza estratégias de ensino que estimulam a atenção, a memória e o raciocínio deles, como demonstrações práticas, discussões em grupo e atividades para resolver problemas. Behaviorismo x cognitivismo Acompanhe, neste vídeo, a diferença entre duas abordagens da psicologia: behaviorismo e cognitivismo. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Atividade 3 Questão 1 Ao planejar uma atividade de ensino de ciências naturais para uma turma do ensino fundamental, você decide aplicar diferentes abordagens pedagógicas baseadas nas escolas de psicologia apresentadas. Considerando essas abordagens, qual seria a melhor opção para promover o aprendizado dos alunos de forma significativa e eficaz? A Estruturalismo, enfocando a análise minuciosa dos componentes básicos dos fenômenos naturais, como as propriedades físicas da água e sua importância para a vida. B Funcionalismo, explorando como os organismos vivos interagem com o meio ambiente e adaptam-se às mudanças em seus habitats naturais. C Psicanálise, investigando as influências do inconsciente no comportamento dos seres vivos e sua relação com os ecossistemas. D Gestaltismo, destacando a importância da percepção e da organização visual na compreensão dos processos naturais, como a formação de padrões climáticos. E Cognitivismo, enfatizando o papel dos processos mentais superiores na aquisição de conhecimento científico, como a memória e o raciocínio indutivo na compreensão de conceitos complexos. A alternativa E está correta. Em ciências naturais, a abordagem cognitivista é a mais adequada para promover o aprendizado significativo e eficaz dos estudantes. Ao enfatizar os processos mentais superiores, como a aprendizagem, a memória e a resolução de problemas, ela fornece importantes noções sobre como os indivíduos adquirem conhecimento científico. Ao aplicar essa abordagem, quem leciona pode desenvolver atividades que estimulam a atenção, a memória e o raciocínio dos alunos, proporcionando compreensão mais profunda e duradoura dos conceitos científicos. O cognitivismo orienta práticas educacionais mais eficazes e centradas em quem estuda, permitindo o desenvolvimento de habilidades cognitivas fundamentais para o pensamento crítico e a resolução de problemas no contexto das ciências naturais. 3. Psicologia do desenvolvimento e a aprendizagem Objeto de estudo da psicologia do desenvolvimento Neste vídeo, refletiremos sobre o objeto de estudo da psicologia do desenvolvimento e as fases de evolução da psicologia do desenvolvimento. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. A Associação Americana de Psicologia (APA) define a psicologia do desenvolvimento como a subárea que estuda as mudanças físicas, mentais e comportamentais ocorridas desde a concepção até a velhice, e investiga os vários fatores biológicos, neurobiológicos, genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais que afetam o desenvolvimento ao longo da vida (VANDENBOS, 2015). O objeto de estudo e campo de atuação da psicologia do desenvolvimento é muito abrangente, já que dialoga com diversas áreas de conhecimento, como a educação, a sociologia, a biologia e a antropologia. Antes de estudar as principais teorias do desenvolvimento, vamos dar uma olhada histórica para entender o contexto em que surgiram. A psicóloga brasileira Ângela Brasil Biaggio (1975) distingue três fases de evolução da psicologia do desenvolvimento. Veja! Primeira fase Datada entre as décadas de 1920 e 1930, enfatizou os estudos do desenvolvimento da criança – essencialmente concretos – focados no desenvolvimento intelectual, na maturação e no crescimento. Nesta fase, a metodologia utilizada na pesquisa era essencialmente descritiva e normativa, com base em leis gerais. Segunda fase Datada entre as décadas de 1940 e 1950, focou na criança. Contudo, os temas estudados nessa época representaram um ponto intermediário entre o concreto da fase anterior e o abstrato (a criança com dotação, desenvolvimento de gêmeos etc.). Nesta fase, a metodologia utilizava muito as correlações (ex.: relações entre inteligência e nível socioeconômico). Terceira fase Datada entre as décadas de 1960 e 1979, esteve focada principalmente em temas abstratos, com influência da teoria piagetiana, da revolução cognitiva, da teoria da aprendizagem social e da teoria behaviorista. Nesta fase, a metodologia utilizada era predominantemente experimental. Mota (2005) inclui uma quarta fase a partir da década de 1990, descrevendo o caráter interdisciplinare os novos paradigmas da psicologia do desenvolvimento (abordagens contextuais e sistêmicas como a teoria bioecológica Bronfenbrenner). Enfatizou ainda que o desenvolvimento é estudado ao longo do ciclo vital ao invés da tradicional ênfase na infância e na adolescência. Veja na tabela a seguir um resumo das principais diferenças entre as fases. Autoras Biaggio Mota 1ª fase (1920-1939) 2ª fase (1940-1959) 3ª fase (1960 – ) 4ª fase (1990 – ) Conteúdo Concreto Intermediário (entre concreto e abstrato) Abstrato Abstrato Metodologia Descritiva, normativa Correlacional Experimental Estudos sistêmicos, longitudinais, transculturais etc. Teoria Teoria de maturação de Arnold Gesell Correlações (relações entre inteligência e nível socioeconômico) Teoria da Aprendizagem Social Teoria bioecológica de Bronfenbrenner Tabela: Fases de evolução da psicologia do desenvolvimento. Adaptado de Biaggio, 1975; Mota, 2005, p. 105-111. A tabela anterior nos apresenta um resumo das fases históricas de evolução da teoria do desenvolvimento. Note que as autoras diferenciam os conteúdos concreto e abstrato do objeto de estudo e interesse da psicologia do desenvolvimento. Sabe o que isso significa? Observe com mais detalhes as diferenças entre eles. Atividade 1 Questão 1 Considerando as diferentes fases da evolução da psicologia do desenvolvimento, qual característica distingue a metodologia empregada na terceira fase (1960-1979) em comparação às demais? A A predominância de abordagens correlacionais, como as relações entre inteligência e nível socioeconômico. B A ênfase em estudos sistêmicos, longitudinais e transculturais, buscando compreender o desenvolvimento humano de forma mais ampla. C Conteúdo concreto É fundamentalmente descritivo e observável, como as brincadeiras da criança, jogos, alimentação etc. Um exemplo desse tipo de estudos é teoria de maturação do psicólogo Arnold Gessell (1880-1961), na qual o autor observa padrões gerais de desenvolvimento, ou seja, considera-o um processo contínuo e ordenado dividido em diversos estágios. Conteúdo abstrato Não permanece apenas na descrição e na observação, como também tenta explicar as mudanças de comportamento com base em outros fatores, como aprendizagem, agressão, ansiedade. Por exemplo, a teoria de aprendizagem social de Albert Bandura. Bebê colocando brinquedo na boca. A utilização de métodos descritivos e normativos, baseados em leis gerais do desenvolvimento infantil. D A concentração em temas concretos, como o desenvolvimento intelectual, a maturação e o crescimento, sem explorar aspectos mais abstratos. E A aplicação de métodos experimentais, influenciados pelas teorias piagetiana, da revolução cognitiva, da aprendizagem social e behaviorista. A alternativa A está correta. Na terceira fase da evolução da psicologia do desenvolvimento, entre as décadas de 1960 e 1979, a metodologia utilizada era predominantemente experimental. Seus estudos envolviam manipulações de variáveis, em contraste com as abordagens mais descritivas e normativas das fases anteriores. Principais teorias da psicologia do desenvolvimento Confira, neste vídeo, a teoria de Jean Piaget (1896-1980) e a Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934). Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Imagine que você é uma criança, um pequeno explorador de olhos curiosos e mente ávida por desvendar os mistérios do mundo ao redor. Jean Piaget nos convida a conhecer a fascinante jornada do desenvolvimento infantil, em que o cérebro da criança é como um artesão que cria esquemas para compreender a realidade que o cerca. Mas como esses esquemas são formados? Se você observar uma criança de seis meses de vida, quando ela se depara com um novo objeto, não hesita em levá-lo à boca, explorando-o com todos os sentidos. Já aos dois anos, ela brinca com diversos objetos, investigando cores, formas e texturas. É evidente que, conforme crescemos, nossa interação com o mundo se torna mais rica e complexa, moldando-se de acordo com cada fase do desenvolvimento. O desenvolvimento não ocorre de maneira passiva. De acordo com Piaget, a criança é uma verdadeira construtora de conhecimento, ativamente engajada na tarefa de assimilar o novo e acomodar o que já sabe. A organização cognitiva dá sentido ao mundo ao seu redor e é o motor que impulsiona seu refinamento constante, uma parte essencial de seu crescimento (Santrock, 2011). É aqui que entram os quatro estágios propostos por Piaget. Cada um deles é como um capítulo em um livro, revelando uma nova perspectiva sobre a vida e o entendimento do mundo. Desde o estágio sensório-motor, em que a criança explora o mundo por meio dos sentidos e das ações físicas, até o operatório formal ― no qual ela desenvolve a capacidade de pensar lógica e hipoteticamente sobre conceitos abstratos ―, cada fase é uma etapa única e fundamental em sua jornada de crescimento (Santrock, 2011). A tabela a seguir mostra cada um dos estágios do desenvolvimento cognitivo segundo a teoria de Piaget. Observe cada um deles e reflita: você consegue identificar essas características em alguma criança que conhece? Estágio Sensório-motor Pré-operatório Operatório concreto Operatório formal Idade 0 a 2 anos 2 a 7 anos 7 a 11 anos 12 + anos A criança: Explora o mundo e constrói uma compreensão dele por meio de experiências sensoriais e ações físicas (pega, morde, joga etc.). Começa a representar o mundo e os objetos com palavras e imagens, representando o aumento do pensamento simbólico. Utiliza o raciocínio intuitivo. Pode raciocinar logicamente sobre eventos concretos; classifica objetos em diferentes conjuntos. Conserva e reverte o pensamento. Raciocina de maneira mais abstrata, idealista e lógica. Utiliza o pensamento abstrato para uma situação hipotética. Características - Permanência de objeto: a criança compreende que os objetos continuam a existir mesmo quando estão fora do seu campo visual. - Egocentrismo: a criança tende a ver o mundo apenas a partir de sua própria perspectiva, sem considerar a dos outros. - Conservação: a criança entende que certas características dos objetos permanecem inalteradas, mesmo que sua aparência mude. - Lógica abstrata e raciocínio moral: é capaz de pensar em termos de conceitos e ideias, e pode resolver problemas complexos usando a lógica e a moralidade. Exemplos Um bebê chora quando sua mãe se afasta, demonstrando que sabe que ela ainda existe, mesmo que não possa vê-la. Uma criança acredita que todos os seus amigos gostam das mesmas brincadeiras que ela. A criança entende que a quantidade de água em um copo alto e em outro baixo é a mesma, ainda que a aparência seja diferente. Um adolescente é capaz de resolver problemas de matemática envolvendo equações complexas. Tabela: Os quatro estágios do desenvolvimento cognitivo, segundo Piaget. Adaptada de Santrock, 2011. Não é só Piaget quem nos oferece uma visão fascinante do desenvolvimento infantil. Lev Semenovich Vygotsky, um dos mais influentes psicólogos do século XX, também fornece uma visão empolgante do desenvolvimento humano, destacando o papel fundamental das interações em sociedade e culturais. Sua teoria nos convida a compreender como aprendemos e explorar de que modo nosso conhecimento é moldado pelo ambiente ao nosso redor. Jovem aprendendo a dirigir com o instrutor. Imagine uma adolescente enfrentando o desafio de aprender a dirigir. Se ela tentar aprender sozinha, logo perceberá as dificuldades que enfrentará ― e essa é sua zona de desenvolvimento real. No entanto, quando recebe orientação de um instrutor experiente, suas habilidades começam a se desenvolver, e esse é o seu potencial de aprendizado. A diferença entre esses dois pontos é o que Vygotsky chama de zona de desenvolvimento proximal (ZDP). Ela destaca a importância das influências sociais no processo de desenvolvimento cognitivo. É como se cada um de nós tivesse uma "zona de aprendizado", em que estamosprontos para adquirir novas habilidades e conhecimentos com a ajuda de alguém. Para ilustrar melhor, pense em uma criança aprendendo a montar um quebra-cabeça. Se ela tentar resolver um que seja muito difícil para sua idade, provavelmente ficará frustrada e desistirá. No entanto, se receber ajuda de um adulto mais experiente, ela poderá aprender novas estratégias e, por fim, dominar o desafio. A ZDP nos lembra que o aprendizado não ocorre apenas individualmente, mas também por meio das interações com os outros e da cultura que nos cerca. É por meio de conexões com a sociedade e culturais que nosso potencial de aprendizado é maximizado, permitindo-nos alcançar novos patamares de desenvolvimento cognitivo e pessoal. Resumidamente: enquanto Piaget enfatiza o desenvolvimento individual e autônomo da criança, Vygotsky destaca a importância das influências da sociedade e da cultura, enfatizando o aprendizado como um processo colaborativo e contextualizado. Ambos os teóricos contribuem significativamente para nossa compreensão do desenvolvimento humano, oferecendo perspectivas complementares sobre como as crianças aprendem e se desenvolvem. Atividade 2 Questão 1 Suponha que você é docente em uma creche e está observando duas crianças, Lucas e Sofia, durante uma atividade de contação de histórias. Lucas, de quatro anos, tem ajuda de um adulto e cria uma história usando brinquedos e objetos ao seu redor, enquanto Sofia, de seis anos, desenha outra em um papel. Lucas e Sofia estão demonstrando diferentes estágios do desenvolvimento cognitivo, refletindo as teorias de Piaget e Vygotsky. Qual das seguintes opções descreve corretamente as atividades das crianças à luz dessas teorias? A Lucas está operando no estágio pré-operatório, elaborado por Piaget, enquanto Sofia está demonstrando a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), proposto por Vygotsky. B Lucas está operando no estágio operatório concreto, concebido por Piaget, enquanto Sofia está operando no estágio pré-operatório. C Lucas está operando no estágio sensório-motor, desenvolvido por Piaget, enquanto Sofia está operando no estágio operatório formal, proposto pelo mesmo teórico. D Lucas está demonstrando a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), proposta por Vygotsky, enquanto Sofia está operando no estágio operatório formal, elaborado por Piaget. E Lucas está operando no estágio pré-operatório, segundo Piaget, enquanto Sofia está operando no estágio operatório formal, de acordo com o mesmo pensador. A alternativa D está correta. Lucas, ao criar uma história usando brinquedos e objetos ao seu redor, está recebendo apoio e orientação de um adulto, o que reflete a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), proposta por Vygotsky. Ele está operando em um nível além de suas habilidades com o suporte do adulto. Sofia, ao desenhar uma história em um papel, está envolvida em uma atividade que requer pensamento lógico, abstrato e simbólico, características do estágio operatório formal, elaborado por Piaget, em que as crianças podem pensar hipoteticamente e resolver problemas complexos. O que é aprendizagem? Acompanhe, neste vídeo, como as pessoas podem adquirir novas habilidades (jogar futebol, dirigir, nadar etc.). Destaca-se que aprender é algo que podemos fazer sozinhos, mas, apesar disso, aprender geralmente é mais fácil com a ajuda de outras pessoas – e por meio da educação! Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. De acordo com a Associação Americana de Psicologia (APA, 2015), aprendizagem é a aquisição de novos conhecimentos após a prática, a observação ou outras experiências, que se manifestam por meio de mudanças em nosso comportamento, saber e até mesmo função cerebral. Aprendizagem é, portanto, o processo de construção mental, em que organizamos as informações recebidas em nossa mente, conectando-as ao que já sabemos. Seu escopo é amplo, com diferentes teorias para o seu estudo. Santrock (2011) aponta as cinco abordagens da psicologia do ensino e aprendizagem. Vamos conferi- las! 1 Abordagem behaviorista Enfatizamos os resultados do comportamento. Se algo nos traz recompensa, tendemos a repetir a conduta. A punição, por outro lado, inibe o comportamento. Podemos pensar no cachorro, que aprende truques em troca de um petisco! Homem comendo pavlova enquanto ouve música. 2 Abordagem social-cognitiva Entramos na interação entre fatores cognitivos, comportamento e ambiente. É quando você observa um amigo fazendo algo legal e decide tentar também. 3 Abordagem do processamento da informação Enfocamos o processamento mental das informações. É quando você aprende o passo a passo para resolver um problema matemático. 4 Abordagem cognitivo-construtivista Enfatizamos a construção ativa do conhecimento. É quando você monta um quebra-cabeça e percebe modelos e conexões. 5 Abordagem sócio-construtivista Destacamos a colaboração com outras pessoas para construir conhecimento. É quando você trabalha em equipe para resolver um problema em sala de aula. Dentro da abordagem behaviorista, temos dois tipos de condicionamento, que são maneiras diferentes de aprender coisas novas. Vamos conferir mais detalhes! Condicionamento clássico Também conhecido como condicionamento pavloviano ― mas não confunda com a sobremesa Pavlova, criada em homenagem à bailarina russa Anna Pavlova! Os experimentos de Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936) são um tipo de aprendizado em que você associa duas coisas que normalmente não estão relacionadas. Por exemplo, se você sempre ouve uma música alegre enquanto come sua pavlova, com o tempo, você pode começar a sentir vontade de comê-la só de ouvir a música. Isso acontece porque seu cérebro aprende a associar a música à sobremesa, criando uma conexão entre elas. É como se seu cérebro dissesse: "Ah, essa música significa pavlova!" É assim que o condicionamento clássico funciona: é uma forma de aprender com associações entre coisas diferentes. Como o condicionamento clássico pode ser aplicado para facilitar o processo de aprendizagem dos alunos? Confira, a seguir, algumas maneiras! 1 Associação de estímulos Envolve a associação de um estímulo neutro a outro que naturalmente evoca uma resposta. Por exemplo, docentes podem usar essa técnica associando um estímulo neutro (como uma música relaxante) à atividade de estudo. Com o tempo, os alunos começam a associar a música à concentração e ao foco, facilitando o engajamento nas atividades de aprendizagem. 2Eliminação de respostas indesejadas Imagine que os alunos apresentam ansiedade durante testes ou apresentações. O corpo docente pode associar esses eventos a um estímulo relaxante, como técnicas de respiração ou imagens mentais tranquilizadoras. Com o tempo, os estudantes aprendem a reduzir a ansiedade com a ajuda desses estímulos, diminuindo respostas indesejadas durante situações estressantes. 3 Preparação para mudanças de ambiente Pode ser utilizada para preparar os alunos para mudanças de ambiente, como a transição para nova sala de aula ou a introdução de uma nova atividade. Isso ajuda os estudantes a associarem o estímulo à mudança de contexto e a prepararem-se mentalmente para a transição. 4 Estímulo positivo para reforçar comportamentos desejados Suponha que um aluno tenha dificuldade para se concentrar durante a leitura em voz alta. O professor pode associar a atividade a um estímulo positivo, como elogios ou recompensas tangíveis, sempre que o estudante demonstrar foco e atenção. Com o tempo, ele começa a associar a atividade ao prazer da realização e voluntariamente se engaja mais. Condicionamento operante Trata-se de outro tipo de aprendizado: em vez de associar duas coisas, ele está mais relacionado às consequências do comportamento. É quando você faz algo e recebe uma recompensa ou uma punição por isso. Por exemplo, se uma criança sempre limpa seu quarto e recebe elogios de seus responsáveis, é mais provável que continue limpando o quarto no futuro, pois gosta dos elogios como recompensa. Por outro lado,se ela deixar o quarto bagunçado e receber uma bronca, é menos provável que faça isso de novo, porque não gosta da punição. O condicionamento operante se refere a como o comportamento é moldado pelas consequências dos atos. A teoria da aprendizagem social, elaborada por Bandura, é uma abordagem que destaca a influência do ambiente social no processo de aprendizagem. Segundo o autor, as pessoas aprendem observando o comportamento dos outros e as consequências dele. Isso significa que podemos adquirir novos conhecimentos e habilidades ao prestar atenção ao que acontece ao nosso redor, especialmente quando vemos outras pessoas sendo recompensadas ou punidas por suas ações. Talvez seja essa a origem do ditado popular: “o sábio aprende com os erros dos outros”? Fica a dúvida. A teoria da aprendizagem social proposta por Albert Bandura pode ser aplicada na psicologia escolar de várias maneiras. Suponha que uma aluna esteja com dificuldades para se concentrar durante as aulas e frequentemente se distrai em conversas com os colegas. A pessoa psicóloga escolar pode utilizar os princípios da teoria concebida por Bandura para ajudá-la a desenvolver habilidades para se autorregular e se concentrar. Vejamos: 1º O profissional pode identificar um modelo em sala de aula ― por exemplo, um colega que se concentra e participa ativamente nas atividades escolares. Em seguida, ele pode trabalhar com a estudante com dificuldades para ela observar e imitar os comportamentos modelados. 2º Durante as sessões de aconselhamento ou tutoria, a pessoa psicóloga pode ensinar estratégias de autorregulação, como técnicas de respiração ou métodos de organização do tempo, enquanto reforça positivamente o comportamento desejado, principalmente quando a aluna demonstra melhorias em sua capacidade de concentração. 3º A pessoa psicóloga escolar pode envolver os colegas da estudante em atividades colaborativas que promovam a aprendizagem social, como projetos de grupo. Ela poderá observar e aprender com quem se concentra e participa de maneira ativa. Bandura introduziu ainda um conceito fascinante chamado reforço vicário. Ele essencialmente significa que podemos aprender ao observar as ações e as consequências do comportamento de outras pessoas. Um exemplo clássico desse fenômeno é o experimento do João bobo, realizado pelo pesquisador na década de 1960. Nesse experimento, crianças foram expostas a adultos que demonstravam comportamentos agressivos em relação a um boneco inflável, o João bobo. As crianças que observaram esses adultos agindo de forma agressiva tendiam a imitar o comportamento quando colocadas na mesma situação, ao passo que as que não foram expostas a esses comportamentos não imitaram aquele padrão. Atenção A importância das observações de Bandura no campo do desenvolvimento e da aprendizagem é enorme. Isso nos mostra que aprender não é apenas sobre experiências diretas, mas também sobre observar e imitar o comportamento dos outros ao nosso redor. Isso destaca ainda mais a relevância dos modelos que temos em nossas vidas, como responsáveis, docentes e figuras de autoridade, que influenciam significativamente nossa forma de aprender e agir. Além do reforço vicário, Bandura também introduziu o conceito de autoeficácia. Trata-se da percepção que temos sobre nossa própria capacidade de enfrentar desafios e alcançar metas em um determinado ambiente. Por exemplo, se alguém acredita que é capaz de resolver problemas matemáticos difíceis, ele provavelmente se sentirá mais motivado a enfrentar os desafios e a buscar soluções. A autoeficácia influencia diretamente nossos estados emocionais, nossa motivação e nossa capacidade de mudar comportamentos. Portanto, compreender e cultivar a autoeficácia é essencial para promovermos um ambiente de aprendizado positivo e eficaz. Atividade 3 Questão 1 Durante uma aula de psicologia, João e Maria discutem sobre os diferentes tipos de aprendizagem. Diante desse debate, qual dos seguintes é o diferencial-chave entre o condicionamento operante e o clássico? A No condicionamento operante, o comportamento é associado a um estímulo neutro, enquanto no clássico o comportamento é moldado pelas consequências. B O condicionamento operante envolve a associação de dois estímulos previamente neutros para provocar uma resposta condicionada, ao passo que o clássico envolve a associação de um estímulo incondicionado a outro neutro. C No condicionamento operante, o comportamento é reforçado por consequências positivas ou negativas, enquanto no clássico a resposta é desencadeada automaticamente por um estímulo. D O condicionamento operante se baseia em observar e imitar comportamentos modelados, enquanto o clássico depende da formação de associações entre estímulos e respostas. E No condicionamento operante, o indivíduo aprende por meio da observação das consequências do comportamento de outras pessoas, enquanto no clássico a aprendizagem ocorre por meio da associação entre estímulos. A alternativa C está correta. No condicionamento operante, o comportamento do indivíduo é moldado pelas consequências que se seguem a ele, ou seja, pelo reforço positivo ou negativo. Por exemplo, se um comportamento é seguido por uma recompensa, é mais provável que ele se repita no futuro. Já no condicionamento clássico, a resposta é desencadeada automaticamente por um estímulo específico, sem depender das consequências do comportamento. Essa distinção fundamental entre os dois tipos de condicionamento ressalta as diferentes maneiras pelas quais aprendemos e internalizamos comportamentos. 4. A queixa escolar e o papel da escola na sociedade Breve história da psicologia escolar no Brasil Neste vídeo, refletiremos sobre educação e fenômenos psicológicos, com exemplos da atuação do psicólogo nas instituições de ensino. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Você conhece a história da psicologia no Brasil? A história da psicologia no Brasil remonta à chegada dos clérigos jesuítas, responsáveis pela educação da colônia no século XVI. Nessa época, se tornaram objetos de interesse algumas interfaces entre a educação e o fenômeno psicológico, como aprendizagem, desenvolvimento humano, função da família (ANTUNES, 2008). As pesquisas realizadas no final do século XIX e início do XX – que tornaram a psicologia uma ciência experimental – influíram no pensamento de grandes pesquisadores brasileiros. O psicólogo Manoel Bomfim (1868-1932), por exemplo, instalou o pedagogium, ou primeiro Laboratório de Psicologia Experimental do Brasil em 1906. Comentário O pedagogium incentivou a publicação de outras pesquisas na área da psicologia da educação, como o trabalho do psiquiatra, escritor e psicopedagogo brasileiro Plinio Olinto (1886-1956), um dos pioneiros no ramo da psicologia da educação no país. Alguns autores consideram que, a partir dos trabalhos desses pioneiros, a psicologia no Brasil se desenvolveu estreitamente ligada à educação, e não o contrário. Em outras palavras, a psicologia derivou da psicologia da educação (GOULART, 1995). Foi no ano de 1962 que a psicologia se tornou uma profissão regulamentada no Brasil, por meio da Lei nº 4.119/62. Mais recentemente, na década de 1990, foi criada a Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE), que dentre outros pontos objetiva: Incentivar a melhoria da qualificação e dos serviços dos psicólogos escolares e educacionais. Estimular a realização de estudos científicos nas áreas da psicologia escolar e educacional. Promover condições para o reconhecimento legal da necessidade do psicólogo nas instituições ligadas ao ensino. Atividade 1 Questão 1 Abrapee é a sigla para Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, uma entidade sem fins lucrativos, fundada em 1987. Qual dos seguintes objetivos melhor representa o propósito da Abrapee? • • • A Desenvolver pesquisas exclusivamente relacionadas à psicologia infantil. B Promover a interação entre psicólogos e educadores