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UROLOGIA Conferência 10 – 27/10/14 INCONTINÊNCIA URINÁRIA CUSTOS DA INCONTINÊNCIA É a queixa de qualquer perda involuntária de urina. É a perda involuntária de urina causando problema social ou higiênico, objetivamente demonstrável. Tipos: Retenção urinária crônica; transbordamento IUE É a perda involuntária de urina durante o aumento da pressão abdomina, na ausência de atividade do detrusor. Bexiga Hiperativa Condição médica com sintomas de aumento da frequência e urgência, com ou sem urge-incontinência, que surge na ausência de fatores locais ou metabólicos que contribuíram para estes sintomas Quadro de ITU pode simular um quadro de bexiga hiperativa Incontinência Mista Coexistência de sintomas relacionados aos esforços associados com sintomas de hiperatividade vesical. Paciente já apresenta contrações não inibidas, mas a tosse pode ser o fator desencadeante Incontinência por transbordamento Retenção urinária crônica em que a pressão vesical vence a resist6Encai uretral, levando a perdas involuntárias. Como nas hipoatividade do detrusor e retenção urinária incompleta. Paciente geralmente fala que começou a perder urina durante a noite; reclamação comum nos pacientes com incontinência por transbordamento. Fístula Urinária (incontinência verdadeira) Presença de comunicação anômala entre o sistema excretor urinário com meio externo ou outro órgão. Anomalia congênita. Exame que sugere fístula vesico-retal: pesquisa de fibras alimentares na urina Ureter ectópico: ureter desemboca na vagina; geralmente diagnosticado antes da adolescência ANATOMOFISIOLOGIA DA INCONTINÊNCIA Principal função do sistema renal: filtração glomerular (função vital). A segunda função dependente da primeira é armazenamento e esvaziamento (a segunda função pode ou não ser afetada pela primeira); sempre quando houver disfunção do segundo componente deve ser investigada a função renal. 2 fases: Armazenamento Esvaziamento 3 componentes Bexiga: reservatório (armazenamento) e bomba (esvaziamento) Esfíncter Uretra Armazenamento Vesical: deve acomodar volumes progressivos de urina a uma baixa pressão Músculo (detrussor) relaxa durante o enchimento vesical mantendo a relação pressão/volume baixa (complacência) Relacionadas as propriedades elásticas da bexiga; bexiga irradiada perde a capacidade de distensão Extra-vesical: aumento progressivo da pressão uretral, contração do esfíncter, contração do colo vesical e resistência uretral (mecanismo intrínseco) Esvaziamento Vesical: a um determinado colume a sensação de distensão é percebida A micção deve ser iniciada voluntariamente no tempo apropriado Diminuição da resistência uretral (extra-vesical) e contração da musculatura lisa com duração e magnitude adequadas Acontece de forma coordenada e sem obstrução uretral Inervação Fibras aferentes: informação sensorial Fibras eferentes: informação motora Inervação: plexo pélvico Simpática eferente: T12-L2 nervos hipogástricos direito e esquerdos. Função primária: facilitar o enchimento vesical Inibe a contração Aumenta a acomodação: beta-adrenérgico Aumenta a resistência: alfa-adrenérgico Parassimpática: S2 a S4 – nervo pélvico (ao lado do reto) Função primária: esvaziamento vesical - contração Micção Função do sistema nervoso autônomo periférico (contração) Centro da micção S2-S4 (S3 principal) – nível ósseo T12-L1; o centro medular é responsável pelo reflexo da micção SNC: controle e efeito inibitório Lobo frontal superomedial e corpo caloso Efeito inibitório Lesão acima do centro medular da micção: a tendência é uma bexiga hiperativa (contração vigorosa, intensa não sustentada), já que não há comunicação do SNC para inibir esse reflexo. Não há controle nenhum; já com 50-100mL há perda de urina. Lesões abaixo do centro medular da micção: faz com que o paciente comece a fazer retenção urinária. É melhor ter uma lesão que o paciente fique com retenção, já que o tratamento é mais fácil que o paciente que apresenta um bexiga hiperativa. FISIOPATOLOGIA DA IUE Topografia extra-abdominal do colo vesical Descida rotacional da uretra Uretra funcionalmente curta. O segmento que ajuda na continência fica menor. Lesões do mecanismo esfincteriano uretral Lesões de nervos, fáscias e músculos (trabalho de parto prolongado e lesões pélvicas). Hipoestrogenismo (uretra atrófica = uretra mais aberta). Neuropatias (podem acontecer ao longo dos anos; perdas neuronais). Alterações do colágeno (entre os tipos I e III) Frouxidão da parede vaginal ou de seus ligamentos de suporte (o que é habitual: vários partos, progesterona) MECANISMO URETRAL Esfíncter estriado (n. pudendo) Trofismo uretral (mucosa e submucosa) ... CAUSA VESICAL DE INCONTINÊNCIA AVC, trauma raquimedular, esclerose múltipla, ... CAUSA EXTRAVESICAL DE INCONTINÊNCIA Flacidez do assoalho pélvico e hipermotilidade- idade e pós-parto Deficiência esfincteriana intrínseca Falência neurogênica do esfíncter: Parkinson e EM Falência não neurogênica do esfíncter (iatrogênica): cx (próstata com lesão de esfíncter, por exemplo), trauma, radioterapia Fístula e ureter ectópico (cx abdominal e trauma pélvico: pensar em fístula) CAUSAS DA HIPERATIVIDADE DO DETRUSSOR Instabilidade do detrussor Obstrução uretral, cálculo vesical, tumor de bexiga, infecção do trato urinário, defeito esfincteriano e idiopática. Hiperreflexia do detrussor AVC, soença de Parkinson, hidrocefalia, ... Causa de incontinência transitória Infecção Vaginite atrófica Farmacológica Sedativos: álcool e benzodiazepínicos (depressor do SNC) Diuréticos (aumenta o volume) Anticolinérgicos (diminui a capacidade de contração da bexiga) Alfa-adrenérgicos (por transbordamento) Alfa agonistas: hipertensão (diminui a força do esfíncter) Delirium e depressão Produção de urina excessiva: DM, ICC Restrição de mobilidade Obstipação: fecaloma – descompensação do mecanismo D elirium I nfecção A trofia – vaginite atrófica P ... P P E R S INCONTINÊNCIA MORBIDADE Infecção urinária de repetição: sepsis Candidíase (quente e úmido: estabelece uma lesão da pele instala o fungo) Celulite Úlceras de pressão Dermaite amoniacal (pelo próprio cheiro faz ulceração e destroi a pele da região) Queda e fraturas Privação do sono (consequência – aumento da frequência noturna; maior causa de tontura no idoso) Retração social (não sai mais de casa por medo de perder urina e feder) QUALIDADE DE VIDA VS. INCONTINÊNCIA URINÁRIA Físico: limitação de atividade física Sexual: evita atividade sexual Ocupacional: faltas ao trabalho, diminuição da produtividade Psicológico: depressão/culpa, perda de respeito e dignidade, medos: ser um fardo ... FATORES DE RISCO Predisonentes Genético Gênero: mais comum em mulheres Racial Anatômico Colágeno Muscular Cultural Ambiental Descompensadores Idade Demência Debilidade Doença Ambiental Medicamentos Desencadeantes ... Promotores ... RISCO GENÉTICO PARA IU 3x maior em parentes de primeiro grau (principalmente feminino) Atuação preventiva; fisioterapia Condição hereditária: Ehlers-Danlos e Double-Joint (hiperelasticidade de articulações) Enurese (cromossomo 12q) Diminuição da capacidade funcional da bexiga, não consegue acumular urina Dificuldade de despertar associada a uma secreção inapropriada de ADH Redução de irritantes antes de dormir; tentar aumentar o controle durante o dia (aumento de ingesta durante o dia e redução a noite) Se usa hormônio de ADH (desmopressina – spray nasal); pode causar intoxicação hídrica (hiponatremia) e morte súbita. Aumenta a chance de ter bexiga hiperativa quando adulto Redução de colágeno tipo I e III Diabetes: 50% dos pacientes assintomáticos tem algum grau de alteração funcional da bexiga IDADE E A BEXIGA Diretas: redução à inervação, isquemia e aumento da deposição de colágeno Indiretas: doenças neurológicas (AVC, Parkinson e demência) ... Redução da inervação vesical com a idade: ordem inibitória não é tão efetiva. COLÁGENOAlterações do colágeno e perda da inserção da musculatura pélvica ... HISTERECTOMIA Análise retrospectiva ... DIAGNÓSTICO ... História Sintomas: início, duração, evolução, fatores de melhora e piora Sintomas de armazenamento (irritativos): polaciúria, nictúria, urgência, incontinência, IUE, enurese noturna Sintomas miccionais (pensar em causas obstrutivas): jato fraco, intermitência, hesitação, disúria dificuldade, gotejamento terminal, sensação de urina residual Medicamentos em uso (diurético e beta bloqueador) Tto prévio: cxs (perineoplastia, retosigmoidectomia e prostatectomia radical) Problemas associados intestinais/ sexuais Problemas neurológicos e mobilidade Incontinência Caracterizar a sensação: sabe que vai perder ou não sente Condição no inicio: gestação, pós-parto, cirurgia, trauma Urgência seguida por micção voluntária Precipitantes: tosse, espirro, som de água corrente (efeito inibitório sobre o estímulo de retenção) Frequência/severidade/quantidade Quanto perde: pouco ou muito; forros ou fraldas Incontinência associada Falência Armazenar Falência esvaziar Urgência Bexiga hiperativa Bexiga baixa complacência Esforço Deficiência esfincteriana ... História Clínica Sintomas Hiperativa IUE Mista Urgência Sim Não Sim Frequência com urgência Sim Não Sim Perdas urinárias durante a atividade física Não Sim Sim Quantidade de urina perdida em cada episódio de incontinência ... EXAME FÍSICO Exame geral: neurofibromatose manchas café com leite, pilificação ou gordura no final da coluna (sacra – acima de duas vértebras) anormalidade em MMII Exame abdominal Exame neurológico Exame Físico Neurológico Metal status consciência, compreensão, memória, orientação, fala. É extremamente frequente demência a partir de uma certa idade. Pares cranianos: lesão cerebral, ponte ou medula Função motora: L4-L5: tibial anterior: dorsiflexão pé L5-S2: gastrocnêmio – flexão plantar L4-S1: extensor dos dedos - Reflexos Mini mental: orientação no tempo, orientação no espaço, registro, atenção e cálculo, memória de evocação e linguagem Sensorial: dermátomos importantes T1: 5º quirodáctilo T4/5: manilo T7: xifoide T10: umbigo T12: dobra inguinal L3 ... Exame Retal Força e tônus do esfíncter anal Laceração do esfíncter anal – pode ser reconhecida ... Prolapso de órgãos pélvicos – classificação Estágio 0: nenhum prolapso Estágio 1: ... DIÁRIO MICCIONAL Urina eliminada Urgência Perda Cometnários Líquidos, hora, tipo e quantidade Um dos testes mais úteis (custo) Permite a análise do volume urinário 24h EXAME DE URINA Hematúria Piúria Glicosúria Proteinúria Cultura de urina AFASTAR INFECÇÃO TESTES COMPLEMENTARES Ecografia: lesões de bexiga Resíduo pós-miccional < 50mL normal > 200mL obstrução ou hipoatividade Imagem Uretrocistografia miccional Imagem do trato superior RNM: fistula e ureter exctópico Coluna/ medula Fístula/ ectopia Cistoscopia: fístula e hematúria/TU Avaliação neurológica Estudo urodinâmico URODINÂMICA Quando? Histpria não nos dá o diagnóstico Falência de tratamento anterior Possibilidade de doença neurológica Prolapso de alto grau Antes da cirurgia por incontinência mista Porque? Desenvolver plano de tratamento Descartar obstrução de cirurgias anteriores Aconselhar o paciente sobre prognóstico da cirurgia Objetivos Desenvolver o plano de tto ESTUDO URODINÂMICO Dados Obtidos Fase de armazenamento: capacidade vesical, sensibilidade vesical, complacência vesical, hiperatividade vesical (contrações involuntárias) ... Caracterizar função do detrusor: cistometria Avaliação função miccional: urofluxometria, estudo de pressão, videouridinâmica Avaliação uretral: pressão de perda, estudo pressão uretral, videourodinâmica Identificar e caracterizar neuropatia: EMGs, potencial evocado ... ESTRATÉGIAS DO TRATAMENTO Bexiga hiperativa Terapia não medicamentosa: comportamental, fisioterapia Diminuir a hiperatividade com medicamentos anticolinérgicos Neuromodulação sacral Ampliação vesical Incontinência esfincteriana Melhorar a força do esfíncter – fisioterapia ... TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO Motivação Paciência Comprometimento a longo prazo URGE INCONTINÊNCIA – BEXIGA HIPERATIVA Tratamento ... EXERCÍCIOS ESPECÍFICOS Kegel – cpontração da musculatura Peri-uretral 10 x – até 30 a 40 minutos ao dia Cone intravaginal: 20 – 100g – manter cone na vagina por 15 minutos – melhora de 30 a 63% Biofeedback: mensuração da contração visualizada TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Agentes Farmacológicos ... Anticolinérgicos Oxibutina (Retemic): 5 mg – 2 x ao dia Tolterodina (Detrusitol LA): 4 mg ao dia (R$ 336,00) ... Efeitos colaterais Retenção urinária Sialoquiese (boca seca)/ xerostomia Constipação, náuseas Visão borrada ... Agonistas β3 ... Antidepressivos tricíclicos Imipramina Terapia Intravesical Capsaicina DMSO Toxina botulínica TRATAMENTO CIRÚRGICO ... INCONTINÊNCIA DE ESFORÇO ... TRATAMENTO CIRÚRGICO 1913 – Kelly – Kenedy 1949 – Marshall – Marchetti – Krantz (MMK) uretra fixada na sínfise púbica 1961 Burch – fixação do colo vesical de ... 1995 – Ulmsten Sling Transvaginal Transobturador – passa nas duas fossas obturadoras do osso “A análise objetiva do tto para incontinência, seja clínico ou cirúrgico, é insatisfatória, se o sucesso for definido como um pct plenamente seco e sem efeitos colaterais”.
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