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UROLOGIA Conferência 06 – 15/09/14 TRAUMA UROLÓGICO Incidência: Trauma renal tem incidência de 1,4 – 3,5% Mais comum no sexo masculino Idade 20 a 30 anos Fechado 80 a 80% Penetrante 10-20% Mesmo mecanismo que protege é o mecanismo de lesão Quanto mais desenvolvido o país maior a chance de trauma fechado; e quando menos desenvolvido maior a chance de trauma penetrante (FAF, FAB) Proteção Renal: Viscerais abdominais anteriores Músculos paravertebrais Fixação renal pelo pedículo renal e pela JUP (junção uretero-pielíca) Mecanismo de Lesão: Orifício de entrada sempre menor que o de saída Alta velocidade – sempre duas áreas de lesão (>350m/s) Baixa velocidade – só uma área de lesão Impacto direto costelas e parede abdominal agridem o rim Desaceleração queda de nível tração do pedículo com lesão vascular (supera a sua elasticidade) Aceleração colisão com músculos lombares e espinhais Lesões Pré-Existentes: Em adultos correspondem a 19%, em crianças 35% Lesões mais frequentes: tumores, cistos, hidronefrose, distopias renais Diminuem a elasticidade em rins hidronefróticos Altera a deformação tecidual do córtex renal com lesão fluida Criança tem mais chance de ter hidronefrose Trauma Renal Pediátrico: Crianças apresentam: Rim mais fixo e menos espaço quando – lesa mais Rim é muito grande em relação ao corpo Caixa torácica mais elástica – lesa mais o rim CLASSIFICAÇÃO DO TRAUMA RENAL AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE COM TRAUMA RENAL Avaliação hemodinâmica menor PA sistólica do atendimento deve ser levada em conta. Mecanismo do trauma (queda de grandes alturas, energia intensa no trauma, tipo de veículo que atropelou o pct, etc.). Achados clínicos orifícios e feridas, equimoses, fratura de costelas, massas. HEMATÚRIA Primeira urina coletada. Método por fita (pode dar falso – positivo) ou parcial de urina. Presente em 80-94% dos casos de lesão renal. Quantidade de hematúria não está relacionada. Pode estar ausente mesmo em lesões significativas trauma de pedículo. HIPÓTESE ... TRAUMA PENETRANTE 50% com lesão graus 3, 4 e5. Lesões em tórax, flancos, e abdome sempre suspeitar. Hemodinamicamente instáveis avaliação intraoperatória com exploração renal e urografia intraoperatória. TRAUMA FECHADO EM ADULTOS Estudo com 1588 pcts com trauma fechado: hematúria macroscópica ou hematúria microscópica + PAS < 90 – 12,5 % ... Mecanismo de lesão comum queda de altura e trauma de alta velocidade + múltiplas lesões associadas = suspeitar de lesão de pedículo vascular e disjunção da JUP TRAUMA FECHADO EM CRIANÇAS Hipotensão é uma manifestação tardia de hipovolemia em crianças Avaliar hematúria é a principal forma de investigação mais de 50 hemácias por campo ... QUANDO A IMAGEM ESTÁ INDICADA? Trauma penetrante (alta chance de ter lesão em tórax, flanco, abdômen) Trauma pediátrico fechado com > 50 hemácias por campo Desaceleração Trauma fechado em adulto Hematúria macroscópica Hematúria microscópica associada a choque Não é necessária se hematúria micro e PA estável (PAS>90mmHg) Objetivos da avaliação por imagem diagnosticar se existe lesão, estadiar (graus 1 a 5), avaliar rim contralateral, lesões associadas (colo, fígado, baço), definir terapia cirúrgica ou conservadora Tomografia Helicoidal Protocolo no trauma Fase arterial e venosa do diafragma até tuberosidade isquiática Imagem tardia (após 10 minutos) dos rins até tuberosidade isquiática ... Define lesões vasculares, lacerações parenquimatosas, extravasamento, hematoma e sua extensão, tecido desvitalizado e lesões associadas. Urografia Intravenosa Intraoperatória Hemodinamicamente instável laparotomia Contraste EV em bolus 2 ml/kg - no máximo 150ml Rx antes do contraste e após 10 minutos Fatores limitantes hipotensão, edema visceral e grande quantidade de fluidos na ressuscitação Ultrassom Operador dependente, rápido e não invasivo, custo-benefício. Para estadiar o trauma não é um bom exame Detecção de fluidos intracavitários Útil para coleções, lacerações e hidronefrose Urografia Excretora - UIV Hemodinamicamente estável 2ª linha Acurácia de 65-90% Acurácia para arma branca de 96% ... Não visualização dos rins, deformidade de contornos, pode fazer extravasamento Arteriografia Suspeita de trombose ou lesão arterial segmentar com plano de intervenção Tomografia com silêncio renal e opacificação da veia renal RNM Sem vantagens sobre a TAC Tempo elevado de execução Requer permanência completa do pct dentro da máquina Menos habilidade de detectar extravasamento urinário Indicação para alérgicos a contrastes radiológicos Pielografia Retrógrada Padrão ouro intraoperatório Quando TAC não exclui lesão de via excretora ou suspeita de avulsão da JUP (junção uretero-piélica) Seguimento com Imagem Precoce (CT ou US) Lesões graus 4 e 5 com conduta conservadora Tempo de realização em 36 – 48h ... Se febre persistente, dor em flanco, massa em flanco ou sangramento persistente Controle Vascular Precoce McAninch na Carrol – controle vascular precoce reduz a taxa de nefrectomia ... Reconstrução Renal Exposição adequada Debridamento de tecido não viável Ligadura de vasos arteriais sangrantes Correção de lesões de sistema excretor Fechamento do parênquima com alguma forma de apoio omento, gordura perirrenal, capsula renal, faixas de ácido poliglicólico, peritônio e gelfoam Nefrectomia Paciente instável Lesões grau 5 Reconstrução Reno-vascular - Considerações Duração da isquemia isquemia aguda e completa, quente maior que duas horas lesão irreversível Circulação colateral capsular, peripiélica e periureteral. Refluxo venoso – veia pérvea. Arterial principal x ramo Unilateral x rim único (monorreno) x bilateral Indicada em rim único, lesão arterial bilateral, possibilidade de arteriografia simples Reconstrução arterial ... COMPLICAÇÕES Urinoma coleções de urina que se formam na cavidade. Hemorragia secundária se forma entre 2e 36 dias, lesões grau 3 e 4 (25%), geralmente resultado de pseudoaneurimas ou fistula arteriovenosa (hematúria + sopro + hipertensão). Hipertensão pós-trauma excesso de renina por isquemia renal, trombose arterial, compressão por hematoma ou fibrose (Rim de Page), 5,2% dos casos, media de aparecimento 34 meses, lesões grau 4 e 5 (medir PA periodicamente), tratamento com nefrectomia, remoção da capa de colágeno (50% de sucesso), embolização ou tratamento com medicação clínica. HEMORRAGIA SECUNDÁRIA Intervalo de 2 – 36 dias. Lesão G 3 e 4 com conduta expectante: 13 – 25%. Geralmente resultado de pseudoaneurisma e fístula arterio-venosa. ... HIPERTENSÃO PÓS-TRAUMA Excesso de renina por isquemia renal: trombose arterial, compressão por hematoma ou fibrose (Page). ... Nefrectomia, remoção da capa de colágeno ... FUTURO Refinar estadiamento. Melhorar indicação ... TRAUMA URETERAL Trauma agudo é raro 80% intraoperatório (iatrogênico) e 20% trauma violento. Trauma crônico estenoses ureteral (hidronefrose) ou fístula por radiação, ureterolitíase ou instrumentação urológica. TRAUMA URETRAL AGUDO Iatrogênico intra-operatório - Pode ocorrer por ligadura, avulsão, incisão, transecção, desvascularização ou energia (calor ou crioablação) - Principais causas cirurgias ginecológicas (52-82%), geral (9%), de cólon (9%), vascular (bypassa aortoilíaco e aortofemural) e urológica (ureteroscopia 2-6%) - Sintomas 50-70% das lesões não são reconhecidas no intraoperatório febre, dor em flanco e lombar, náuseas e vômitos. - Complicações hidronefrose, urinoma e fístulas -Diagnóstico: Intraoperatório inspeção cuidadosa, injeção de azul de metileno na pelve renal, exploração com cateter ureteral (passagem fácil e baixa probabilidade de lesão), Cistoscopia com Pielografia retrógrada fluoroscopia Pós-operatório urotomografia (extravasamento, dilatação ureteral) e cistoscopia com pielografia retrógrada Violento Externo: -Trauma fechado avulsão (4-10%) -Transecção por FAF (81-90%)ou FAB (5-9%) -FAF geralmente associado a lesão de mais vísceras se ureter for a única estrutura lesada a incidência cai para 3% dos casos -Localização 39% no ureter superior, 31% no médio e 30% no inferior o ureter inferior é mais protegido e o agressor visa atingir órgãos vitais, os quais localizam-se mais próximos ao ureter superior -Sinais e sintomas hematúria em 74% dos casos -Exames uroTAC (extravasamento, dilatação ureteral – PADRÃO OURO) e cistoscopia com pielografia retrógrada -Diagnóstico: Intraoperatório inspeção cuidadosa, injeção de azul de metileno na pelve renal, exploração com cateter ureteral (passagem fácil e baixa probabilidade de lesão), Cistoscopia com Pielografia retrógrada fluoroscopia -Tratamento Estadiamento e planejamento (extensão, localização, estado geral do paciente (instável x estável) e lesões associadas Técnicas debridamento (se necessário), espatulação e anastomose (tunelização) Ureter distal representa 1/3 das lesões traumáticas e a maioria das lesões iatrogênicas pode ser feito Ureteroneocistostomia (reimplante ureteral) e Psoas Hitch (vesico-psoas-hitch) Ureter proximal e médio fechamento primário, transureterouretostomia (anastomose termino-lateral entre os 2 ureteres), anastomose entre os 2 cotos do ureter lesão (ureteroureterostomia) e técnica de Boari (flap tubulizado vesical) TRAUMA VESICAL Epidemiologia colisão (90%), queda de nível (3%), acidente de trabalho e trauma em abdome inferior. -Classificação de Contusão Vesical Rotura Intraperitoneal (40%) ou Extraperitoneal (55%) -Sinais e sintomas: Inespecíficos associados a fratura pélvica Desconforto suprapúbico Retenção urinária incapacidade de urinar Hematúria macroscópica (95%) Renitência suprapúbica Sinais de trauma maior íleo paralítico, distensão abdominal -Exames de Imagem: Uma fase cistográfica normal durante a TAC ou urografia com enchimento passivo vesical com clampeamento da sonsa NÃO é o suficiente para excluir lesão vesical Cistografia de Stress: #Indicações: Absolutas hematúria macro com fratura pélvica Relativas hematúria macro sem fartura pélvica, hematúria micro com fratura pélvica ou isolada #Como: Uretrografia retrógrada se suspeita de lesão uretral Enchimento vesical pela gravidade com contraste diluído ate a sua capacidade (350-400ml) Clichês antero-posterior e pós-drenagem Determinar integridade do colo vesical Fluoroscopia se necessário -Tratamento Contusão Observação e sondagem vesical Rotura intraperitoneal correção cirúrgica e tratamento conservador com sondagem se lesões iatrogênica por ressecção de tumor local Rotura extraperitoneal: Lesão única e não complicada sondagem Cistografia no 10º dia (cicatrização >85%) para avaliar extravasamento repetir em 21 dias ATB profilático durante o uso de sonda Indicação cirúrgica Sondagem não promove drenagem adequada, lesão retal ou vaginal, lesão de colo vesical ou avulsão, plano cirúrgico ortopédico de fixação interna com risco de infecção de prótese e laparotomia por outras causas em paciente estável LESÕES PENETRANTES DE BEXIGA Ferida abdominal por arma de fogo – 3,6%. ... Presença de hematúria em mais de 95% dos casos. Se hematúria positiva e história de trauma vesical perfurante nenhum exame é necessário. Conduta exploração cirúrgica se envolvimento do ureter considerar reimplante pesquisar por lesão vaginal ou retal. Incisão mediana – bexiga ureter terminal. Ureter distal – azul de metileno EV, cateter ureteral retrógrado e pielografia retrógrada. Se envolvimento do ureter – considerar reimplante. ... Catéter suprapúbico ou Cistostomia cateterismo por longo tempo TCE ou imobilização prolongada correção vesical difícil ou incompleta. TRAUMA DE URETRA Anatomia da Uretra: -Uretra Anterior: Navicular no interior da glande Pendular ou peniana Bulbar uretra curvada -Uretra Posterior: Membranosa localiza-se no diafragma urogenital Prostática Lesão de Uretra Anterior: -Pendular 15% dos casos mecanismo por trauma direto -Bulbar 85% dos casos queda a cavaleiro - Etiologia: Trauma perineal direto Trauma penetrante arma branca , arma de fogo Iatrogenico instrumentação, cateterismo vesical Fratura peniana Inserção de corpo estranho Sinais e Sintomas de Trauma de Uretra Anterior -Uretrorragia sangue no meato sinal mais importante que aparece 1 hora após o trauma lesões acima do diafragma urogenital (esfíncter externo) pode não apresentar -Hematúria macroscópica -Equimose perineal, escrotal ou peniana em asa de borboleta -Retenção urinária -Próstata normal ao toque retal Lesão de Uretra Posterior -Sinais e sintomas: Uretrorragia sangue no meato (37-93%) Retenção urinária Toque retal próstata elevada ou deslocada ou não palpável (trauma por cisalhamento rompe o ligamento pubo-prostático) se sangue = lesão de reto Fratura de bacia Lesões associadas bexiga, baço, fígado e intestino 30% de mortalidade por estas lesões Tríade de Lesão de Uretra Membranosa Uretrorragia sangue no meato Retenção urinária Fratura de bacia Diagnóstico -Uretrografia -Pelve elevada num angulo de 30-45º -Rx simples -Sonda de Foley 14Fr com balão na uretra (navicular) 2ml no balão injeta 30ml de contraste. Tratamento de Lesão em Uretra Anterior: -Contusão expectante -Laceração Parcial Cistostomia x Realinhamento primário -Laceração Completa Cistostomia x Realinhamento primário -Cistostomia como tratamento tardio: Distância da próstata a uretra membranosa de 8cm após 2 meses 2cm regeneração uretral Instabilidade clínica associada Intervenção imediata aumentaria chance de incontinência e impotência? -Realinhamento primário: Distância entre próstata e uretra membranosa pequena Estável hemodinamicamente Intervenção imediata incontinência 1-4% e impotência 19-28% Tempo de cirurgia médio 1,25 horas TRAUMATISMO DE PÊNIS -Trauma peniano ocorre durante o ato sexual avulsão da pele, fratura ou amputação de pênis -Lesões em torniquete incomuns anéis, objetos afunilados (pênis edemacia e não sai mais) -Tratamento inclui avaliação da uretra, remoção do torniquete, sutura ou retalho de pele -O pênis pode ser reimplantado até 16h após amputação, por microcirurgia -Trauma durante a ereção: Corpo cavernoso e Fáscia de Buck Lesão uretral associada em 23% Resolução espontânea em 90% Drenagem hematoma em 10% Sutura da Fáscia de Buck dos corpos cavernosos com fio absorvível de poliglicólico 2-0 TRAUMAISMO DO ESCROTO E TESTÍCULOS -Avulsão da pele escrotal é o mais frequente -Lesões penetrantes dificilmente lesam os testículos devido sua mobilidade -Lacerações devem ser exploradas, debridadas e rafiadas -Se ocorrer hemorragia da túnica vaginal, esta deve ser drenada
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