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Anatomia abdominal A. Abdome anterior B. Flanco C. Dorso D. Cavidade pélvica - Particularidades anatômicas: ● Parede anterior: vísceras ocas. ● Flanco e dorso: musculatura espessa ➔ Confere uma barreira a ferimento penetrantes. ● Lesões de órgãos e vísceras retroperitoneais (ex: pâncreas, duodeno, rins, ureteres): difícil diagnóstico. ➔ Não é possível exame físico adequado. ➔ Sem sinais e sintomas de peritonite na fase inicial. ➔ LPD não acessa a região. ➔ Difícil avaliação por USG FAST. Classificação do trauma 1. Trauma fechado: 80% dos casos. Impacto direto: - Compressão ou esmagamento de vísceras. - Ruptura. - Hemorragia secundária. - Contaminação pelo conteúdo intestinal. - Peritonite. Cisalhamento: - Uso de dispositivo de segurança/restrição inadequada. Desaceleração - Movimentos em sentidos opostos (ex: acidentes automobilísticos). Mais frequente em: - Baço (40 - 55%). - Fígado (35 - 45%). - Intestino delgado (5 - 10 %). 2. Trauma penetrante - Ferimento por arma branca ● Estruturas adjacentes: ➔ Fígado (40%). ➔ Intestino delgado (30%). ➔ Diafragma (20%). ➔ Cólon (15%). - Ferimento por arma de fogo ● Lesões adicionais pela trajetória, efeito cavitação e fragmentação do projétil ➔ Intestino delgado (50%). ➔ Cólon (40%). ➔ Fígado (30%). ➔ Estruturas vasculares abdominais (25%). ● Há também a lesão por queimadura (projétil, saiu muito quente de dentro da arma). 3. Combinado - Trauma por dispositivos explosivos ● Ferimentos penetrantes por fragmentos. ● Lesões contusas pelo impacto de ejeção. ● Queimaduras. Avaliação - Pacientes hemodinamicamente ESTÁVEIS sem peritonite: Permitem avaliação detalhada. - Pacientes hemodinamicamente INSTÁVEIS, exposição de vísceras, peritonite: Avaliação rápida / Laparotomia. História do paciente - Identificação precoce de possíveis lesões. - Paciente / Equipe pré-hospitalar / Familiares / - Se possível: ● Localização da dor. ● Intensidade da dor. Exame físico Meticuloso e sistemático – Sequência padrão: - Inspeção. - Ausculta. - Percussão. - Palpação. - Análise da estabilidade pélvica. - Exame da uretra, períneo, reto, vagina e glúteo. É de suma importância documentar todos os dados! Avaliação da estabilidade pélvica - Manipulação manual se necessário: 1x. - Evitar nos pacientes em choque ou com fratura pélvica. - Achados sugestivos de fratura pélvica: ● Evidência de ruptura de uretra: ➔ Próstata alta. ➔ Hematoma escrotal ➔ Sangue em meato uretral ● Discrepância no comprimento dos MMII. ● Deformidade rotacional da perna (sem fratura óbvia). Exame retal 1. No trauma fechado: - Avaliar o tônus do esfíncter. - Integridade da mucosa. - Determinar posição da próstata. - Identificar fratura de ossos da pelve. 2. No trauma penetrante: - Avaliar o tônus do esfíncter. - Sangramento ou perfuração de intestino. Medidas auxiliares ao exame físico Sondagem gástrica: - Descomprimir estômago antes do LPD. - Remover conteúdo gástrico (diminui risco de aspiração). ● Sangue na secreção sugere lesão TGI alto. - Não passar via nasal em fraturas graves de face ou suspeita de fratura de base de crânio. - Passe VO. Sondagem vesical - Descomprimir bexiga antes LPD. - Monitoração do débito urinário (índice de perfusão tecidual). - Hematúria MACRO – Sinal de trauma geniturinário. - Suspeita de lesão: confirmar integridade da uretra antes de sondar. - Confirmada lesão: sonda suprapúbica. Exames complementares A. Uretrografia: confirmar a integridade da uretra - Incapacidade de urinar espontaneamente. - Presença de fratura pélvica instável. - Sangue no meato uretral. - Hematoma escrotal. - Equimose perineal. - Próstata deslocada cranialmente. B. Em pacientes estáveis - Alteração do sistema sensorial ● Lesão cerebral / Intoxicação alcoólica e drogas ilícitas. - Mudança na sensibilidade ● Lesão da coluna vertebral. - Lesão de estruturas adjacentes: ● Arcos costais inferiores, pelve e coluna lombar. - Exame físico duvidoso. - Perda de contato com paciente: ● Anestesia geral por ferimento extra-abdominal / estudos demorados. - Sinal do cinto de segurança com suspeita de lesão de intestino. C. Rx de abdome (inclui RX de tórax). D. USG FAST (detecta presença de hemoperitônio) - Janelas: 1. Pericárdica. 2. Hepatorrenal. 3. Esplenorrenal. 4. Pelve/Fundo de saco de Douglas. - Dificuldades: obesidade, enfisema subcutâneo e cirurgia prévias. E. Lavado Peritoneal Diagnóstico (LPD) - Exame rápido. - Invasivo. - Identifica hemorragia. - Investigação de possível lesão de víscera oca. - Pode ser indicado em paciente estável quando sem FAST ou TC. - Contraindicações relativas: ● Cirurgia abdominal prévia. ● Obesidade. ● Cirrose avançada. ● Coagulopatia. - Acesso infraumbilical. - Técnica aberta ou Seldinger. - Positivo: ● Aspiração de sangue >10ml. ● Conteúdo GI, fibras vegetais, bile. ● > 100 000/mm3 hemácias. ● > 500/mm3 leucócitos. ● Amilase > 175UI/dl. ● Detecção de bactérias pelo Gram. F. Tomografia Computadorizada. - Requer transporte. - Administração de contraste. - Demorado. - Estáveis sem indicação de laparotomia de emergência. - Melhor avaliação do retroperitônio. Lesões específicas 1. Lesões diafragmáticas - O lado esquerdo é mais acometido. - Região póstero-lateral. - Pode ser assintomático. - Rx de tórax anormal. - Suspeitar em ferimentos tóraco-abdominais. 2. Lesões gástricas - Mais frequentes de traumas penetrantes - Tratamento: ● Debridamento de bordas. ● Fechamento primário. ● Lesões com perda tecidual importante: ressecção gástrica. - Suspeitar em ferimentos tóraco-abdominais (pela proximidade com o diafragma). 3. Lesões duodenais - Motoristas sem cinto com colisão frontal. - Golpe direto no abdome (ex: guidão bicicleta). - Sangue na sonda gástrica. - Maioria acompanhada de outras lesões abdominais. - Rx com contraste ou TC c/c EV e VO. Escala de lesão duodenal: 4. Lesões pancreáticas - Golpe direto no epigástrio: comprime o órgão contra a coluna. - TC inicial pode não identificar. 5. Lesões de vísceras ocas - Desaceleração brusca com esgarçamento próximo a um ponto fixo (cinto de segurança usado de maneira incorreta). - Pesquisar quando apresenta sinal do cinto de segurança. - USG e TC não fornecem diagnóstico precoce. 6. Lesões do intestino delgado - Cirurgia: examinar todo intestino delgado com cuidado. ● Controlar sangramento / Conter conteúdo intestinal. - Lesões penetrantes por arma de fogo devem ser desbridadas. - Pequenas lacerações fechadas primariamente. - Sutura transversal para evitar estreitamento luminal. - Ressecção e reanastomose: ● Lacerações extensas ● Segmentos desvascularizados ● Lacerações múltiplas em segmento curto. - Hematomas mesentéricos devem ser explorados (pode esconder pequenas lesões intestinais). 7. Lesões do cólon - Usualmente de traumas penetrantes. - Tratamento controverso. - Critérios para tratamento primário ● Diagnóstico precoce (4 a 6hs). ● Ausência de choque ou hipotensão prologada. ● Ausência de contaminação MACRO da cavidade peritoneal. ● Ausência de lesão vascular do cólon associada. ● Menos de 6 UI de transfusão de sangue. ● Fechamento permanente da parede abdominal sem uso de tela. 8. Reto - Fechamento primário: ● Lesões extraperitoneais (1/3 inferior do reto). - Colostomia para desvio. - Limpeza do coto retal distal. - Ampla drenagem pré-sacral. - Lesões intraperitoneais: ● Fechamento primário ou colostomia para desvio. 9. Lesões de Órgãos sólidos - Laparotomia de urgência: ● Choque. ● Instabilidade hemodinâmica. ● Evidência de hemorragia ativa. - Quando estável: pode ser tratamento conservador: ● Internação: observação e exames seriados. 10.Lesões Hepáticas - Trauma frequente pelo tamanho e localização. - Hemostasia espontânea em mais de 50% das lacerações pequenas. - Lacerações sangrantes não profundas ● Suturas simples ou agentes hemostáticos. - Lacerações profundas com possibilidade de fístula biliar: Drenar. - Vasos sangrantes e canais biliares devem ser ligados. - Manobra de Pringle: Isola estruturas do hilo hepático, colocando um clamp (se para a hemorragiaé porque há sangramento dessas estruturas, se continuar sangrando é lesão de veia supra-hepática). - Falha no controle de hemorragia: faz tamponamento 11.Lesões de Ducto biliar - Reparo primário desafiador. - Lesões pequenas ou parciais (<50% da circunferência): ● Colocação de tubo “T”. - Lesões mais importantes ou transecções completas ● Anastomose coledocoentérica. 12.Lesões Esplênicas - Evitar esplenectomia. - Sepse pós-esplenectomia: Vacina pneumocócica antes da alta. - Estáveis: mais de 70% conservador ● UTI: repouso com SNG e seriar exames 48-72h. Escala de lesão esplênica 13.Lesões Geniturinárias por trauma - 15% dos pacientes com trauma abdominal e pélvico. - Retroperitoneais: ● Rins (2° órgão visceral mais lesionado). ● Ureteres. ● Bexiga. ● Uretra. - Preocupações: ● Hemorragia. ● Extravasamento de urina. - Tratamento: ● Cirúrgico. ● Não cirúrgico. 14.Lesões Renais - Trauma fechado (maioria - 80%). - Trauma penetrante (20%). - Clínica: ● Equimose nos flancos e dorso. ● Hematúria: MACRO / MICRO. - Mecanismo de lesão: ● Localização do impacto. ● Lesão concomitante. ● Lesões abertas: ➔ Ponto de entrada. ➔ Ponto de saída. ➔ Estimar a trajetória do projétil. - Diagnóstico: ● TC com contraste. - Descrição da lesão: - Tratamento: ● Não cirúrgico: ➔ Lesões de menor grau: Graus I a III em pacientes hemodinamicamente estáveis. ● Controverso: ➔ Grau IV. ● Cirúrgico: ➔ Lesões de grau elevado: Graus IV e V. ➔ Lesões intraperitoneais concomitantes. ● Pacientes hemodinamicamente instáveis já em sala de cirurgia: Indicação de exploração renal. ➔ Critérios absolutos: Hematoma crescente ou pulsátil. Hemorragia renal persistente. Indicadores de possível lesão do pedículo renal. ➔ Critérios relativos: Extravasamento urinário persistente. Parênquima renal não viável. Lesão arterial. Estadiamento incompleto da lesão renal. 15.Lesões Ureterais - Incomuns (mobilidade/retroperitoneal). - Raramente fatais (contexto de politrauma). - Traumas penetrantes (mais frequentes). - Sem sinais ou sintomas específicos. - Exames de imagem: ● TC com contraste. ● Pielografia / Urografia intravenosa. - Tratamento: Reparo cirúrgico. ● Stents ureterais endoscópicos. ● Derivação percutânea. I. Desbridamento adequado. II. Reparo livre de tensão. III. Anastomose espatulada. IV. Fechamento impermeável. V. Colocação de prótese ureteral. VI. Drenagem 16.Lesão da Bexiga - 2° estrutura urológica mais lesada ● 10% dos traumas urológicos. ● Trauma fechado (principal causa 80-85%). ● Muito associado com FX pelve. - Exames de imagem: ● UCM. ● Cistografia (AP – antes, bx cheia, após esvaziamento). ● TC com cistografia (300-400ml contraste). - Tratamento: ● Lesão intraperitoneal: Cirurgia no momento do diagnóstico. ● Lesão extraperitoneal: ➔ Maioria não cirúrgica: drenagem por cateter (sonda). ➔ Cirúrgica: Trauma penetrante. Hematúria em curso. Lesão concomitante de órgão pélvico. CE ou fragmento ósseo na bexiga. Lesões de colo da bexiga. 17. Lesão da Uretra - Nos homens: ● Uretra anterior: mais na uretra bulbar (85%). ● Uretra posterior: associado com fraturas pélvicas. - Clínica / Apresentação ● Tríade clássica: ➔ Sangue no meato uretral (37-93%). ➔ Incapacidade de urinar. ➔ Bexiga distendida e palpável. ● Hematoma perineal ou “em forma de borboleta” (ruptura da fáscia de Buck). ● Próstata deslocada. - Exames de imagem: ● Uretrografia retrógrada (antes de sondar). - Tratamento: ● Imediato: Drenagem da urina (prevenir lesões). ● Abordagem tardia: Reconstrução da uretra (Urologista). 18.Lesões Genitais - Ocorre por: ● Traumas fechados (maioria – Contusão). ● Traumas penetrantes. ● Queimaduras. ● Mordeduras. ● Avulsões. - Pode ocorrer em: ● Pênis. ● Testículo. ● Escroto. ● Vulva. - Diagnóstico: ● Exame físico. ● USG. ● UCM (quando suspeita de lesão uretral concomitante). - Tratamento: Lesões do pênis ● Eliminar CE. ● Limpeza da ferida. ● Hemostasia. ● Identificar defeitos na túnica albugínea ou na uretra. ● Reparo adequado - Tratamento: Lesões testiculares ● Desbridamento do parênquima desvitalizado. ● Fechamento da cápsula (túnica albugínea do testículo). ● Reparação do escroto. 19.Fraturas pélvicas - Mortalidade – sangramento. - Lesões associadas. - Objetivo do tratamento inicial: ● Controle da hemorragia. ● Fixação externa no cenário agudo. - Faturas posteriores – sangramento arterial (ramos da artéria ilíaca interna): ● Embolização do vaso sangrante. Controle das lesões Objetivo: Atenuar resposta fisiológica ao choque prolongado e hemorragia maciça. - Laparotomia simplificada. - Curativo temporário. - Fechamento abdominal. - 48 a 72hs nova cirurgia: ● Remoção do curativo. ● Desbridamento do tecido inviável. ● Reparo definitivo.
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