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Casos Concretos - Dir. Constitucional III

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Lista para estudo de Questões de constitucional III.pdf
 
Pergunta: 
Maria, jovem estudante de Direito, aproveitando a onda de calor que marcou o último verão carioca, resolveu 
praticar topless na praia da Barra da Tijuca. Enquanto tomava seu banho de sol, foi fotografada inúmeras vezes 
por um repórter de um importante jornal de circulação nacional. No dia seguinte ao evento, uma das fotos foi 
estampada na primeira página do jornal e era acompanhada por uma legenda que informava o fato de os 
termômetros terem registrado 40º (quarenta graus centígrados) no último final de semana. Maria já procurou a 
direção do órgão de imprensa, mas este informou que exerceu seu direito à informação, constitucionalmente 
garantido, e que não houve ofensa a nenhum direito de Maria. Esta última procura então alguma orientação 
jurídica. Na qualidade de advogado, como você a orientaria? 
Gabarito: Maria deve argumentar a seu favor que o órgão de imprensa violou o seu direito à privacidade e à 
imagem, previsto constitucionalmente no art. 5º, X, bem como no art. 20 do Código Civil de 2002, na parte 
referente aos Direitos da Personalidade. Deve-se observar, entretanto, que os direitos fundamentais, em geral, 
são escritos como princípios e, como tais, não conferem ao seu titular uma posição jurídica definitiva, estando 
sujeitos à ponderação e eventual superação em nome de algum outro direito igualmente fundamental. Neste 
caso, o direito à imagem de Maria encontra-se em colisão com o direito fundamental do jornal à livre divulgação 
da informação (arts. 5º, XIV e 220, CRFB/88). Dadas as peculiaridades encontradas em caso semelhante, o STJ 
já entendeu não haver direito à indenização, dada a voluntariedade da exposição do corpo da mulher (REsp 
595600). 
 
 
 
 
Pergunta: 
(PROCURADOR FEDERAL /2004) - Responda, justificadamente, se a assertiva abaixo está certa ou errada: O 
sistema de seguridade social integra ações dos poderes públicos e da sociedade. Destinado a assegurar os direitos 
relativos à saúde, à previdência e á assistência social, esse sistema prevê que nenhum benefício ou serviço poderá 
ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total, o que determina o seu caráter 
contributivo. 
Gabarito: A assertiva está errada, pois, o conceito de Seguridade Social compreende um conjunto integrado de 
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à 
previdência e à assistência social. Portanto, é importante compreender que a Seguridade Social é gênero que 
tem como espécie a saúde, a previdência social e a assistência social. Dessas três espécies a única que tem 
caráter contributivo é a previdência social. Ou seja, o direito à saúde é direito de todos, independentemente de 
contribuição, e dever do Estado. Igualmente, a assistência social, nos termos da Constituição, deverá ser 
prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social. Em consequência, a 
assertiva feita está errada porque afirma que a seguridade social tem caráter contributivo, o que não é 
verdadeiro, na medida em que somente a previdência social tem a natureza contributiva. 
 
 
 
 
Pergunta: 
Determinado Estado da Federação promulga lei que dispõe sobre a suspensão temporária do pagamento das 
tarifas de consumo de energia elétrica, água e esgoto, na extensão de seu território, tendo como beneficiários os 
trabalhadores, residentes nesse Estado, que não dispuserem de qualquer remuneração. O direito de que trata a lei 
é válido pelo prazo de até 6 meses, podendo ser prorrogado por igual período no caso de permanecer 
desempregado o beneficiário. A Assembléia Legislativa fundamenta sua iniciativa no elevado sentido social da 
norma, cujo objetivo é assegurar a dignidade da pessoa humana. Observando-se que, naquele Estado, o serviço de 
energia elétrica, bem como os serviços de esgoto e fornecimento de água são executados por duas sociedades de 
economia mista, cujo acionário principal e majoritário é aquele próprio ente da Federação, responda: A referida 
norma está de acordo com o princípio da dignidade da pessoa humana? 
Gabarito: 
RE N. 186.623-RS RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSO EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. INCENTIVOS 
FISCAIS: CRÉDITO-PRÊMIO: SUSPENSÃO MEDIANTE PORTARIA. DELEGAÇÃO INCONSTITUCIONAL. D.L. 491, de 
1969, arts. 1º e 5º; D.L. 1.724, de 1979, art. 1º; D.L. 1.894, de 1981, art. 3º, inc. I. C.F./1967. I. - É 
inconstitucional o artigo 1º do D.L. 1.724, de 7.12.79, bem assim o inc. I do art. 3º do D.L. 1.894, de 16.12.81, 
que autorizaram o Ministro de Estado da Fazenda a aumentar ou reduzir, temporária ou definitivamente, ou 
restringir os estímulos fiscais concedidos pelos artigos 1º e 5º do D.L. nº 491, de 05.3.69. Caso em que tem-se 
 
delegação proibida: CF/67, art. 6º. Ademais, matérias reservadas à lei não podem ser revogadas por ato 
normativo secundário. II. - R.E. conhecido, porém não provido (letra b). Suspensão de Pagamento de Luz e 
Água O Tribunal, por maioria, deferiu medida liminar em ação direta ajuizada pelo Governador de Santa 
Catarina para suspender, com eficácia ex nunc, a Lei 11.372/2000, do mesmo Estado, que estabelece a 
suspensão temporária do pagamento das tarifas de consumo de energia elétrica, água e esgoto aos 
trabalhadores que não dispuserem de qualquer remuneração. Considerou-se que o Estado-membro não poderia 
interferir na relação contratual entre o poder concedente (no caso, federal e municipal) e os concessionários (CF, 
art. 175, § único, I e III), nem poderia alterar as condições previstas na licitação (CF, art. 37, XXI). Vencidos os 
Ministros Sepúlveda Pertence e Néri da Silveira, que indeferiam a cautelar por considerarem ausentes a 
relevância jurídica do pedido e o periculum in mora. Precedente citado: ADInMC 2.299-RS (julgada em 
28.3.2001, acórdão pendente de publicação, v. Informativo 222). ADInMC 2.337-SC, rel. Min. Celso de Mello, 
20.2.2002 . (ADI-2337) 
 
 
 Tema: A OPERACIONALIZAÇÃO DOS PRINCÍPIOS JURÍDICOS (Cód.: 123274) 
 Banco: DIREITO CONSTITUCIONAL III 
 Autor: ANA PAULA TEIXEIRA DELGADO 
 
Pergunta: 
A quebra do sigilo bancário de uma pessoa suspeita de ¿lavagem de dinheiro¿ é juridicamente possível? Responda 
a questão, considerando que o sigilo bancário é um corolário do direito fundamental à privacidade, capitulado no 
art. 5.º, X, da Constituição da República. 
Gabarito: 
Mesmo sendo sim um direito fundamental, o sigilo bancário das pessoas pode ser quebrado, desde que haja 
fundada suspeita de cometimento de algum ilícito e, ainda, desde que seja autorizado por uma autoridade 
judicial (podendo ser autorizado por CPIs, que, nos termos do art. 58, § 3.º, da Constituição, têm poderes de 
investigação próprios das autoridades judiciais). Essa conclusão se justifica pelo fato de que nenhum direito 
fundamental é absoluto, podendo ceder em proveito de outro direito fundamental; ou do interesse público. Além 
do mais, os direito fundamentais não se prestam a acobertar transações ilícitas, mas sim a resguardar a 
intimidade e a vida privada das pessoas. O desvio de finalidade na utilização dessa garantia constitucional 
autoriza a sua quebra pelo Juiz ou pelas CPIs. OBS.: A Lei Complementar n.º 105 autoriza que a autoridades 
fiscais da Receita Federal quebrem o sigilo bancário das pessoas, com ou sem suspeita de cometimento de 
ilícitos, em norma de duvidosa constitucionalidade. 
 
 
 
Pergunta: 
Um jornal de grande circulação pretende contratar Paulo para fazer parte do seu corpo 
de redatores. Ocorre que Paulo possui curso superior em letras, e não em jornalismo, o 
que, de acordo com o Decreto-Lei 972/1969 inviabiliza sua contratação. Paulo decide, 
então, questionar judicialmente a aplicação
da referida norma jurídica, alegando que ela 
viola direitos fundamentais como o livre exercício da profissão e a liberdade de imprensa 
e de informação. Como deverá ser decidida a questão? 
Gabarito: 
 
"O jornalismo é uma profissão diferenciada por sua estreita vinculação ao pleno exercício das liberdades 
de expressão e de informação. O jornalismo é a própria manifestação e difusão do pensamento e da 
informação de forma contínua, profissional e remunerada. Os jornalistas são aquelas pessoas que se 
dedicam profissionalmente ao exercício pleno da liberdade de expressão. O jornalismo e a liberdade de 
 
expressão, portanto, são atividades que estão imbricadas por sua própria natureza e não podem ser 
pensadas e tratadas de forma separada. Isso implica, logicamente, que a interpretação do art. 5º, XIII, da 
Constituição, na hipótese da profissão de jornalista, se faça, impreterivelmente, em conjunto com os 
preceitos do art. 5º, IV, IX, XIV, e do art. 220 da Constituição, que asseguram as liberdades de 
expressão, de informação e de comunicação em geral. (...) No campo da profissão de jornalista, não há 
espaço para a regulação estatal quanto às qualificações profissionais. O art. 5º, IV, IX, XIV, e o art. 220 
não autorizam o controle, por parte do Estado, quanto ao acesso e exercício da profissão de jornalista. 
Qualquer tipo de controle desse tipo, que interfira na liberdade profissional no momento do próprio 
acesso à atividade jornalística, configura, ao fim e ao cabo, controle prévio que, em verdade, caracteriza 
censura prévia das liberdades de expressão e de informação, expressamente vedada pelo art. 5º, IX, da 
Constituição. A impossibilidade do estabelecimento de controles estatais sobre a profissão jornalística 
leva à conclusão de que não pode o Estado criar uma ordem ou um conselho profissional (autarquia) 
para a fiscalização desse tipo de profissão. O exercício do poder de polícia do Estado é vedado nesse 
campo em que imperam as liberdades de expressão e de informação. Jurisprudência do STF: 
Representação 930, Rel. p/ o ac. Min. Rodrigues Alckmin, DJ de 2-9-1977." (RE 511.961, Rel. Min. 
Gilmar Mendes, julgamento em 17-6-2009, Plenário, DJE de 13-11-2009.) 
 
 Tema: ORDEM SOCIAL NA CF DE 1988 (Cód.: 118288) 
 Banco: DIREITO CONSTITUCIONAL III 
 Autor: GABRIELA FRISKE 
 
Pergunta: 
O art. 7º, I, da CRFB/88 estabelece como direito dos trabalhadores a proteção à relação de emprego contra 
demissão arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar (até hoje não editada). Por sua vez, o 
art. 10 do ADCT estabelece que, enquanto não for editada a aludida lei, a proteção ali referida fica limitada à 
multiplicação por quatro do valor da multa estabelecida na Lei 5.107/66 (FGTS). Suponha que um projeto de lei 
vise a reduzir pela metade o valor da indenização devida aos trabalhadores em caso de demissão arbitrária ou sem 
justa causa. O que poderia ser argüido para sustentar a inconstitucionalidade de tal projeto? 
Gabarito: 
Neste caso, o decurso de mais de 20 anos com o direito à multa de 40% sobre o FGTS faria com que a tentativa 
de diminuí-la afete diretamente o princípio da segurança jurídica. Em matéria de direitos sociais previstos na 
Constituição, uma vez que eles tenham sido efetivados, não pode haver esvaziamento ou diminuição 
significativa, sob pena de ofensa ao princípio da vedação ao retrocesso. 
 
 
Tema: AULA 11 (Cód.: 215767) 
 Banco: DIREITO CONSTITUCIONAL III 
 Autor: GABRIELA FRISKE 
 
Pergunta: 
Julgada inconstitucional, pelo Supremo Tribunal Federal, a progressividade do IPTU do Município do Rio de Janeiro, 
teria direito o contribuinte, que foi parte no processo, de reaver o que foi indevidamente pago ou, por outro lado, 
ser-lhe-ia apenas facultado deixar de pagar, daquele momento em diante, o tributo em questão da forma 
progressiva? 
Gabarito: A presente questão se resolve com a compreensão de que o ato legislativo inconstitucional é nulo e 
não anulável, não produzindo efeitos válidos desde o seu nascimento. Deste modo, urge reconhecer que tudo o 
que se pagou com base na lei inconstitucional era indevido, mesmo antes de pronunciada a inconstitucionalidade 
pelo Judiciário. A decisão que declara a inconstitucionalidade da lei tem efeitos retroativos, negando efeitos à lei 
inconstitucional desde o seu nascimento. O STF entende que a progressividade de IPTU antes da EC 29 de 2000 
só seria admitida na observância do princípio da função social da propriedade. Com efeito, nesse sentido, a 
Súmula 668 estabelece que: "É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da EC 29/2000, 
alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da 
propriedade urbana." No entanto, observe que a progressividade foi admitida no Imposto sobre a Transmissão 
 
Causa Mortis de Doação (ITCD). Veja a recente jurisprudência relativa ao tema: NOVO: "Em conclusão, o 
Plenário, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário, interposto pelo Estado do Rio Grande do Sul, 
para assentar a constitucionalidade do art. 18 da Lei gaúcha 8.821/1989, que prevê o sistema progressivo de 
alíquotas para o Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis de Doação (ITCD) " v. Informativos 510, 520 e 634. 
Salientou-se, inicialmente, que o entendimento de que a progressividade das alíquotas do ITCD seria 
inconstitucional decorreria da suposição de que o § 1º do art. 145 da CF a admitiria exclusivamente para os 
impostos de caráter pessoal. Afirmou-se, entretanto, que todos os impostos estariam sujeitos ao princípio da 
capacidade contributiva, mesmo os que não tivessem caráter pessoal. Esse dispositivo estabeleceria que os 
impostos, sempre que possível, deveriam ter caráter pessoal. Assim, todos os impostos, independentemente de 
sua classificação como de caráter real ou pessoal, poderiam e deveriam guardar relação com a capacidade 
contributiva do sujeito passivo. Aduziu-se, também, ser possível aferir a capacidade contributiva do sujeito 
passivo do ITCD, pois, tratando-se de imposto direto, a sua incidência poderia expressar, em diversas 
circunstâncias, progressividade ou regressividade direta. Asseverou-se que a progressividade de alíquotas do 
imposto em comento não teria como descambar para o confisco, porquanto haveria o controle do teto das 
alíquotas pelo Senado Federal (CF, art. 155, § 1º, IV). Ademais, assinalou-se inexistir incompatibilidade com o 
Enunciado 668 da Súmula do STF (...). Por derradeiro, esclareceu-se que, diferentemente do que ocorreria com 
o IPTU, no âmbito do ITCD não haveria a necessidade de emenda constitucional para que o imposto fosse 
progressivo." (RE 562.045, rel. p/ o ac. min. Cármen Lúcia, julgamento em 6-2-2013, Plenário, Informativo 694, 
com repercussão geral). 
 
Tema: AULA 3 (Cód.: 215758) 
 Banco: DIREITO CONSTITUCIONAL III 
 Autor: GABRIELA FRISKE 
 
Pergunta: 
Definindo o conceito de neoconstitucionalismo, Luís Roberto Barroso assim se manifestou: A dogmática jurídica 
brasileira sofreu, nos últimos anos, o impacto de um conjunto novo e denso de ideias, identificadas sob o rotulo 
genérico de pós-positivismo ou principialismo. Trata-se de um esforço de superação do legalismo estrito, 
característico do positivismo normativista, sem recorrer às categorias metafísicas do jusnaturalismo. Nele se 
incluem a atribuição de normatividade aos princípios e a definição de suas relações com valores e regras; a 
reabilitação da argumentação jurídica; a formação de uma nova hermenêutica constitucional; e o desenvolvimento 
de uma teoria dos direitos fundamentais edificada sob a idéia de dignidade da pessoa humana. Nesse ambiente, 
promove-se uma reaproximação entre o Direito e a Ética. A partir da leitura do texto, INDAGA-SE: a) O 
neoconstitucionalismo
busca valorizar a aplicação axiológica do direito? b) Em caso de colisão de princípios 
constitucionais, é correto afirmar que a teoria neoconstitucional recorre aos critérios hermenêuticos da hierarquia, 
cronológico ou da especificidade? 
Gabarito: a) A resposta deve ser afirmativa. Com efeito, o neoconstitucionalismo (com base no pós-positivismo 
jurídico) busca a reaproximação entre a ética e o direito, razão pela qual vai valorizar o discurso axiológico, que 
se desenvolve a partir da força normativa da Constituição. Realmente, a teoria neoconstitucionalista do direito 
busca afastar o dogma da subsunção silogística (premissa maior-premissa das regras jurídicas), no qual 
predomina a aplicação mecânica da lei. Em consequência, o neoconstitucionalismo, de cunho pós-positivista, 
afasta a hegemonia exegética da regra jurídica estabelecida pelo legislador democrático; em seu lugar, fortalece 
a força normativa dos princípios constitucionais aplicados mediante uma dimensão de peso no caso concreto 
(aplicação indutiva do direito). Com isso, amplia-se o horizonte da nova interpretação constitucional no que 
tange à plena efetividade dos princípios jurídicos abertos, cuja legitimação democrática vem da reaproximação 
entre ética e direito, vale dizer, da aplicação axiológico-indutiva do direito. b) No pensamento jurídico 
contemporâneo, a melhor doutrina entende que os conflitos de princípios e até mesmo a colisão de direitos 
fundamentais devem ser resolvidos a partir da técnica da ponderação de interesses e da aplicação do princípio 
da proporcionalidade e seus três subprincípios. A elaboração teórica de RONALD DWORKIN se aplica apenas às 
regras jurídicas, comandos normativos do tipo ?ALL? ou ?NOTHING?, o que significa dizer por outras palavras 
que o conflito de regras deve ser solucionado pela aplicação tradicional dos critérios da hierarquia, cronológico 
ou da especialidade. 
 
 
 
Pergunta: 
 Um determinado município, com cerca de 2.500 habitantes, tinha autorização da respectiva Lei Orgânica para 
acolher em seu Câmara de Vereadores 11 parlamentares, apoiando-se na regra inserida no art. 29, IV, alínea "a" 
da CRFB/88, que fixa o limite mínimo de 9 e máximo de 21 vereadores para os municípios com até 1.000.000 de 
habitantes. Inconformado com o fato de que o referido município, com tão poucos habitantes, tinha mais que o 
número mínimo de vereadores, o Ministério Público do Estado ajuizou uma ação civil pública para, em nome da 
moralidade, impedir que os pleitos seguintes pudessem eleger mais de nove vereadores para aquela 
municipalidade. Depois de longo embate jurisdicional, o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal. Qual foi a 
decisão? 
Gabarito: 
A questão, demasiadamente complexa, trabalha dois temas conjuntamente: a autonomia dos municípios 
enquanto núcleo do conceito de federalismo e o princípio da razoabilidade. Numa primeira análise, poder-se-ia 
entender que, estabelecendo a Constituição da República limites mínimo e máximo para o número de 
vereadores em função do número de habitantes, a definição de quantos vereadores teria o município específico 
caberia à respectiva Lei Orgânica, em homenagem à autonomia política que a Constituição garante aos entes da 
Federação. Não obstante, entendeu o Supremo Tribunal Federal que o princípio da razoabilidade limitaria esse 
poder discricionário do constituinte local a ponto de exigir que fosse encontrada a proporção real - sem que 
fosse suficiente a proporção normativa contida no texto da Constituição da República -, de modo que, em casos 
como o que ora se analisa, em que o município tem tão poucos habitantes, seja-lhe vedado ter mais que nove 
vereadores. STF, Pleno, Rel. Min. Maurício Corrêa, RE 197.917/SP (Informativo STF 341). 
 
 
 
Pergunta: 
A Lei 6.538/78, que trata do monopólio dos Correios, estabelece, em seu art. 42, que é 
crime "coletar, transportar, transmitir ou distribuir, sem obserância das condições legais, 
objetos de qualquer natureza sujeitos ao monopólio da União, ainda que pagas as tarifas 
postais ou de telegramas". Argumentando que a CF/88 não estabelece monopólio da 
União para a prestação de serviços postais, a Associação Brasileira das Empresas de 
Distribuição ajuizou uma ADPF no STF visando à declaração de inconstitucionalidade da 
referida lei, haja vista sua não recepção pela ordem constitucional em vigor. Com base na 
jurisprudência do STF, opine sobre o desfecho da ação. 
Gabarito: 
 
ADPF 46, STF: 
EMENTA: ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. EMPRESA PÚBLICA DE CORREIOS E 
TELEGRÁFOS. PRIVILÉGIO DE ENTREGA DE CORRESPONDÊNCIAS. SERVIÇO POSTAL. CONTROVÉRSIA REFERENTE 
À LEI FEDERAL 6.538, DE 22 DE JUNHO DE 1978. ATO NORMATIVO QUE REGULA DIREITOS E OBRIGAÇÕES 
CONCERNENTES AO SERVIÇO POSTAL. PREVISÃO DE SANÇÕES NAS HIPÓTESES DE VIOLAÇÃO DO PRIVILÉGIO 
POSTAL. COMPATIBILIDADE COM O SISTEMA CONSTITUCIONAL VIGENTE. ALEGAÇÃO DE AFRONTA AO DISPOSTO 
NOS ARTIGOS 1º, INCISO IV; 5º, INCISO XIII, 170, CAPUT, INCISO IV E PARÁGRAFO ÚNICO, E 173 DA 
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA LIVRE CONCORRÊNCIA E LIVRE INICIATIVA. NÃO-
CARACTERIZAÇÃO. ARGUIÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE. INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO 
CONFERIDA AO ARTIGO 42 DA LEI N. 6.538, QUE ESTABELECE SANÇÃO, SE CONFIGURADA A VIOLAÇÃO DO 
PRIVILÉGIO POSTAL DA UNIÃO. APLICAÇÃO ÀS ATIVIDADES POSTAIS DESCRITAS NO ARTIGO 9º, DA LEI. 1. O 
serviço postal --- conjunto de atividades que torna possível o envio de correspondência, ou objeto postal, de um 
remetente para endereço final e determinado --- não consubstancia atividade econômica em sentido estrito. Serviço 
postal é serviço público. 2. A atividade econômica em sentido amplo é gênero que compreende duas espécies, o 
serviço público e a atividade econômica em sentido estrito. Monopólio é de atividade econômica em sentido estrito, 
empreendida por agentes econômicos privados. A exclusividade da prestação dos serviços públicos é expressão de 
uma situação de privilégio. Monopólio e privilégio são distintos entre si; não se os deve confundir no âmbito da 
linguagem jurídica, qual ocorre no vocabulário vulgar. 3. A Constituição do Brasil confere à União, em caráter 
exclusivo, a exploração do serviço postal e o correio aéreo nacional [artigo 20, inciso X]. 4. O serviço postal é 
prestado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, empresa pública, entidade da Administração 
Indireta da União, criada pelo decreto-lei n. 509, de 10 de março de 1.969. 5. É imprescindível distinguirmos o 
regime de privilégio, que diz com a prestação dos serviços públicos, do regime de monopólio sob o qual, algumas 
vezes, a exploração de atividade econômica em sentido estrito é empreendida pelo Estado. 6. A Empresa Brasileira 
de Correios e Telégrafos deve atuar em regime de exclusividade na prestação dos serviços que lhe incumbem em 
 
situação de privilégio, o privilégio postal. 7. Os regimes jurídicos sob os quais em regra são prestados os serviços 
públicos importam em que essa atividade seja desenvolvida sob privilégio, inclusive, em regra, o da exclusividade. 8. 
Argüição de descumprimento de preceito fundamental julgada improcedente por maioria. O Tribunal deu 
interpretação conforme à Constituição ao artigo 42 da Lei n. 6.538 para restringir a sua aplicação às atividades 
postais descritas no artigo 9º desse ato normativo. 
 
 
Pergunta: 
 Um determinado município, com cerca de 2.500 habitantes, tinha autorização da respectiva Lei Orgânica para 
acolher em seu Câmara de Vereadores 11 parlamentares, apoiando-se na regra inserida no art. 29, IV, alínea "a" 
da CRFB/88, que fixa o limite mínimo de 9 e máximo de 21 vereadores para os municípios com até 1.000.000 de 
habitantes. Inconformado com o fato de que o referido município, com tão poucos habitantes, tinha mais
que o 
número mínimo de vereadores, o Ministério Público do Estado ajuizou uma ação civil pública para, em nome da 
moralidade, impedir que os pleitos seguintes pudessem eleger mais de nove vereadores para aquela 
municipalidade. Depois de longo embate jurisdicional, o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal. Qual foi a 
decisão? 
Gabarito: 
A questão, demasiadamente complexa, trabalha dois temas conjuntamente: a autonomia dos municípios 
enquanto núcleo do conceito de federalismo e o princípio da razoabilidade. Numa primeira análise, poder-se-ia 
entender que, estabelecendo a Constituição da República limites mínimo e máximo para o número de 
vereadores em função do número de habitantes, a definição de quantos vereadores teria o município específico 
caberia à respectiva Lei Orgânica, em homenagem à autonomia política que a Constituição garante aos entes da 
Federação. Não obstante, entendeu o Supremo Tribunal Federal que o princípio da razoabilidade limitaria esse 
poder discricionário do constituinte local a ponto de exigir que fosse encontrada a proporção real - sem que 
fosse suficiente a proporção normativa contida no texto da Constituição da República -, de modo que, em casos 
como o que ora se analisa, em que o município tem tão poucos habitantes, seja-lhe vedado ter mais que nove 
vereadores. STF, Pleno, Rel. Min. Maurício Corrêa, RE 197.917/SP (Informativo STF 341). 
 
 
 
Pergunta: A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 6º trata dos chamados DIREITOS SOCIAIS. Mais adiante, 
no artigo 193 e seguintes, normatiza o capítulo denominado de ORDEM SOCIAL gerando assim uma aparente 
redundância de matérias tratadas no mesmo texto constitucional. Nesse toar, comente sobre a existência ou não 
desta suposta redundância de temas tratados em distintos dispositivos constitucionais, e, fazendo a devida relação 
existente entre os mesmos. 
Gabarito: Não há que se falar em redundância, haja vista que, o artigo 6º, da CF traz o rol dos direitos sociais. 
Já o artigo 193 e seguintes apresenta os instrumentos normativos que darão efetividade aos direitos sociais 
elencados no artigo 6°. 
 
 
Pergunta: 
Determinada empresa comercial tinha um passivo previdenciário altíssimo, mas entendia que em grande parte as 
suas dívidas com o INSS eram fundadas em normas inconstitucionais. Pretendendo, então, regularizar sua situação 
junto àquela Autarquia Federa, a referida empresa ajuizou uma ação perante Justiça Federal, pleiteando o 
reconhecimento de que a sua dívida previdenciária era cerca de 80% menor do que lhe cobrava o INSS. Em 
defesa, além de outro pontos, argüiu o INSS a falta do depósito dos débitos questionados, providência 
imprescindível para que a questão pudesse ser discutida judicialmente, conforme se extraía da leitura do caput do 
art. 19 da Lei n.º 8.807/94. Você, na qualidade de magistrado, como enfrentaria esse ponto específico da defesa? 
Gabarito: 
A toda evidência, a norma que condiciona o acesso ao Judiciário ao prévio depósito da quantia sobre a qual recai 
a controvérsia representa afronta inadmissível ao princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, 
insculpido no art. 5.º, XXXV, da CRFB/88. Neste sentido, o STF declarou a inconstitucionalidade do dispositivo 
legal citado no enunciado da questão. 
 
 
 
Pergunta: 
Julgada inconstitucional, pelo Supremo Tribunal Federal, a progressividade do IPTU do Município do Rio de Janeiro, 
teria direito o contribuinte, que foi parte no processo, de reaver o que foi indevidamente pago ou, por outro lado, 
ser-lhe-ia apenas facultado deixar de pagar, daquele momento em diante, o tributo em questão da forma 
progressiva? 
Gabarito: A presente questão se resolve com a compreensão de que o ato legislativo inconstitucional é nulo e 
não anulável, não produzindo efeitos válidos desde o seu nascimento. Deste modo, urge reconhecer que tudo o 
que se pagou com base na lei inconstitucional era indevido, mesmo antes de pronunciada a inconstitucionalidade 
pelo Judiciário. A decisão que declara a inconstitucionalidade da lei tem efeitos retroativos, negando efeitos à lei 
inconstitucional desde o seu nascimento. O STF entende que a progressividade de IPTU antes da EC 29 de 2000 
só seria admitida na observância do princípio da função social da propriedade. Com efeito, nesse sentido, a 
Súmula 668 estabelece que: "É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da EC 29/2000, 
alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da 
propriedade urbana." No entanto, observe que a progressividade foi admitida no Imposto sobre a Transmissão 
Causa Mortis de Doação (ITCD). Veja a recente jurisprudência relativa ao tema: NOVO: "Em conclusão, o 
Plenário, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário, interposto pelo Estado do Rio Grande do Sul, 
para assentar a constitucionalidade do art. 18 da Lei gaúcha 8.821/1989, que prevê o sistema progressivo de 
alíquotas para o Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis de Doação (ITCD) " v. Informativos 510, 520 e 634. 
Salientou-se, inicialmente, que o entendimento de que a progressividade das alíquotas do ITCD seria 
inconstitucional decorreria da suposição de que o § 1º do art. 145 da CF a admitiria exclusivamente para os 
impostos de caráter pessoal. Afirmou-se, entretanto, que todos os impostos estariam sujeitos ao princípio da 
capacidade contributiva, mesmo os que não tivessem caráter pessoal. Esse dispositivo estabeleceria que os 
impostos, sempre que possível, deveriam ter caráter pessoal. Assim, todos os impostos, independentemente de 
sua classificação como de caráter real ou pessoal, poderiam e deveriam guardar relação com a capacidade 
contributiva do sujeito passivo. Aduziu-se, também, ser possível aferir a capacidade contributiva do sujeito 
passivo do ITCD, pois, tratando-se de imposto direto, a sua incidência poderia expressar, em diversas 
circunstâncias, progressividade ou regressividade direta. Asseverou-se que a progressividade de alíquotas do 
imposto em comento não teria como descambar para o confisco, porquanto haveria o controle do teto das 
alíquotas pelo Senado Federal (CF, art. 155, § 1º, IV). Ademais, assinalou-se inexistir incompatibilidade com o 
Enunciado 668 da Súmula do STF (...). Por derradeiro, esclareceu-se que, diferentemente do que ocorreria com 
o IPTU, no âmbito do ITCD não haveria a necessidade de emenda constitucional para que o imposto fosse 
progressivo." (RE 562.045, rel. p/ o ac. min. Cármen Lúcia, julgamento em 6-2-2013, Plenário, Informativo 694, 
com repercussão geral). 
 
 
 
 
Pergunta: 
(PROCURADOR FEDERAL /2004) - Responda, justificadamente, se a assertiva abaixo está certa ou errada: 
O sistema de seguridade social integra ações dos poderes públicos e da sociedade. Destinado a assegurar 
os direitos relativos à saúde, à previdência e á assistência social, esse sistema prevê que nenhum benefício 
ou serviço poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total, o que 
determina o seu caráter contributivo. 
Gabarito: A assertiva está errada, pois, o conceito de Seguridade Social compreende um conjunto 
integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos 
relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Portanto, é importante compreender que a 
Seguridade Social é gênero que tem como espécie a saúde, a previdência social e a assistência social. 
Dessas três espécies a única que tem caráter contributivo é a previdência social. Ou seja, o direito à 
saúde é direito de todos, independentemente de contribuição, e dever do Estado. Igualmente, a 
assistência social, nos termos da Constituição, deverá ser prestada a quem dela necessitar, 
independentemente de contribuição à seguridade social.
Em consequência, a assertiva feita está errada 
porque afirma que a seguridade social tem caráter contributivo, o que não é verdadeiro, na medida em 
que somente a previdência social tem a natureza contributiva.

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