Prévia do material em texto
Cálculo Diferencial II Prof. Anderson Feitoza Leitão Maia Disciplina Cálculo Diferencial II Coordenador da Disciplina Anderson Feitoza Leitão Maia 12ª Edição Cálculo Diferencial II Anderson Feitoza Leitão Maia Copyright © 2010. Todos os direitos reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autore Créditos desta disciplina Realização Autor Colaborador reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autore Prof. Celso Antônio Silva Barbosa Prof.José Robério Rogério reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores. Sumário Aula 01: Função Vetorial de uma Variável e Curva ............................................................................. 01 Tópico 01: Função Vetorial de uma Variável e Curva ........................................................................... 01 Aula 02: Limite, Continuidade, Derivada, Comprimento de Arco e Vetores Unitários .................... 07 Tópico 01: Limite, Continuidade e Derivada da Função Vetorial de uma Variável .............................. 07 Tópico 02: Comprimento de Arco ......................................................................................................... 13 Tópico 03: Vetores Tangente e Normais Unitários ................................................................................ 19 Aula 03: Função Real de Várias Variáveis e Gráfico ............................................................................ 25 Tópico 01: Função Real de Várias Variáveis e Gráfico ......................................................................... 25 Aula 04: Limite, Continuidade e Derivadas Parciais de Função Real de Várias Variáveis .............. 32 Tópico 01: Limite e Continuidade ......................................................................................................... 32 Tópico 02: Derivadas Parciais ................................................................................................................ 40 Aula 05: Diferenciabilidade, Derivada Direcional e Vetor Gradiente ................................................. 47 Tópico 01: Diferenciabilidade ................................................................................................................ 47 Tópico 02: Derivada Direcional e Vetor Gradiente ............................................................................... 56 Aula 06: Função Vetorial de Várias Variáveis e Imagem ..................................................................... 66 Tópico 01: Função Vetorial de Várias Variáveis e Imagem .................................................................. 66 Aula 07: Limite, Continuidade, Derivadas Parciais Vetoriais e Diferenciabilidade .......................... 71 Tópico 01: Limite, Continuidade e Derivadas Parciais Vetoriais .......................................................... 71 Tópico 02: Diferenciabilidade ................................................................................................................ 75 Aula 08: Gradiente, Divergente e Rotacional ......................................................................................... 87 Tópico 01: Gradiente, Divergente e Rotacional ..................................................................................... 87 Cálculo Diferencial II Aula 01: Função Vetorial de uma Variável e Curva Tópico Único: Função Vetorial de uma Variável e Curva VERSÃO TEXTUAL No primeiro curso de Cálculo foi introduzido o conceito de função, em seguida foi vista a função real de uma variável, foi o único tipo de função estudada nos dois primeiros cursos de cálculo. Neste tópico será introduzido outro tipo de função chamada de função vetorial, em virtude de sua imagem ser um vetor; posteriormente, será definido um objeto geométrico relacionado com tal função, designado por “curva”. A função vetorial é de fundamental importância, não só como base para continuar o Cálculo como também em aplicações da Física. Uma função vetorial de uma variável f: A → Rn (n = 2,3 ,.., r) é uma função onde o seu domínio A é um subconjunto do conjunto dos números reais. Portanto, tal função associa cada número real t ∈ A ⊂ R, a um único vetor f(t) do Rn. Futuramente será definida função com imagem em Rn e A não necessariamente contido em R, assim é conveniente usar o símbolo f: A ⊂ R → Rn a fim de que não haja dúvida sobre o conjunto universo que contém A; mas quando A = R, indica-se apenas f: R → Rn. Assim, para n = 2 a função f é definida por uma expressão do tipo f(t) = (f1(t), f2(t)) ou f(t) = f1(t)e1 + f2(t)e2 onde t ∈ A, e1 = (1,0) e e2 = (0,1). Analogamente, para n = 3 escreve-se f(t) = (f1(t), f2(t), f3(t) ) ou f(t) = f1(t)e1 + f2(t)e2 + f3(t)e3 onde t ∈ A, e1 (1, 0, 0),e2 (0, 1, 0) e e3 (0, 0, 1) Em geral, uma função vetorial f: A ⊂ R → Rn (n = 2,3,...,r) é definida por uma expressão da forma. f(t) = (f1(t), f2(t), ... , fn(t) ) ou f(t) = f1(t)e1 + f2(t)e2 +... + fn(t)en onde: t ∈ A, ei (i = 1, 2, ..., n) é o vetor com a i-ésima coordenada igual a 1 e as demais coordenadas iguais a zero, cada ei = (i = 1, 2, ..., n) é uma função real de variável real e é chamada de i-ésima função coordenada de f. O domínio A da função f está contido no domínio de cada uma das funções coordenadas de f. Quando se fizer referência a uma função vetorial apenas através da expressão que a define, estará sendo suposto que A é a interseção dos maiores subconjuntos onde estão definidas as funções coordenadas da função vetorial. Cada ponto P ∈ Rn (n = 2, 3, ..., r) corresponde a um único vetor e vice-versa, para n = 2 ou 3 esse vetor tem a origem na origem do sistema de coordenadas e extremidade em P. Dada uma função vetorial f: A ⊂ R → Rn (n = 2, 3, ..., r) e um intervalo I ⊂ A o conjunto de todos os pontos P ∈ Rn tais que P corresponde a f (t) com t ∈ I, é dito a curva C em Rn parametrizada (ou definida) por f, isto é, 1 A variável da função f é o parâmetro de C. Se n = 2 ou 3, é comum chamar a representação geométrica da curva C em R2 ou R3 respectivamente, também de “curva”. PARÂMETRO A letra “t” até agora foi usada como parâmetro, mas é comum utilizar também as letras “s, u ou v” invés de t; sendo que “s” terá a partir da aula 2 um significado especial e será usada neste Módulo somente a partir desse momento. A figura acima ilustra uma curva em Rn (n= 2 ou 3) parametrizada pela função vetorial f, destacando um ponto P correspondente a um valor t pertencente a I. Uma curva do Rn pode ainda ser definida por um conjunto de equações paramétricas. Assim, sendo: Uma curva do R2 Se C uma curva do R2 definida por f(t) = f(1(t),f2(t)), as equações paramétricas de C são x = f1(t) e y = f2(t). Uma curva do R3 Se C é uma curva do R3 definida por f(t) = f(1(t),f2(t),f3(t)), as equações paramétricas de C são x = f1 (t), y = f2(t) e z = f3(t). Exemplo Resolvido 1 Representar geometricamente a curva C parametrizada pela função f(t) = (a cost, a sen t) com a > 0 e 0 ≤ 2π. SOLUÇÃO As equações paramétricas de C são x = a cos t e y = a sen t, eliminando o parâmetro t, obtém-se x2 + y2 = a2. Logo, as coordenadas de todo ponto P(x, y) da curva C satisfazem a equação x2 + y2 = a, ou seja, C está contida na circunferência de centro na origem e raio a. Sendo x = a cos t e y = a sen t é a medida do ângulo determinado pelo semi-eixo X não negativo e o raio da circunferência, entãoé indispensável que f seja diferenciável em (xo, yo). A razão disto é que o plano tangente deverá conter todas as retas tangentes à superfície em Qo (veja o exercício 35 do exercitando do tópico 2 desta aula), como é natural, mas tal exigência não será possível se f não for diferenciável em (xo, yo), conforme pode ser verificado no exercício 20 do exercitando deste tópico. Se uma função z = f(x,y) é diferenciável em (xo, yo), a função definida por d(xo, yo) definida por: 52 É chamada de diferencial de f em (x0, y0). Note que o domínio da função d(xo, yo) é todo o R2. A diferencial tem seguinte interpretação: sendo f diferenciável em (xo, yo), então e Z(u, v) → 0 se (u, v) → (0, 0) onde a função Z foi definida na demonstração do teorema 1 deste tópico, fazendo x - x0= u e y - y0 = v, logo, se as variações u = x - x0 e v = y - y0 de x0 e y0, respectivamente, são valores próximos de zero, a variação Δf(xo, yo) = f(xo + u, yo + v) - f (xo, yo) de f correspondente a u e v estará próxima de d(xo, yo)f(u, v). Sendo z = f(x,y), é comum escrever Δf (x, y) = Δz, u = dx e v = dy, assim: E portanto Δ ≅ dz onde a aproximação será melhor quanto mais próximos de zero estiverem os valores de dx e dy. EXEMPLO RESOLVIDO 2 Encontrar um valor aproximado para SOLUÇÃO Seja z = f(x,y) = . Fazendo x0 = 3, y0 = 4, dx = -0,01 e dy = 0,02, tem-se ou seja, Mas logo EXEMPLO PROPOSTO 2 Determinar um valor aproximado para 53 Os conceitos e resultados já tratados neste tópico, podem ser estendidos a funções reais de m variáveis, onde m ≥ 3. Assim, sejam w = f(x1, x2,...,xm), P (x1, x2,...,xm) e Po(a1, a2,...,am). A função f é dita diferenciável num ponto P0 no interior do seu domínio, se existem constantes c1, c2,...., cm tais que: Além disso, demonstra-se que: Também, se f é diferenciável em P0 então f é contínua em P0. E se f possui derivadas parciais contínuas num conjunto aberto contido no seu domínio, então f é diferenciável nesse conjunto (isto é, f é diferenciável em todos os pontos do conjunto). Se f é diferenciável em P0 a diferencial de f em P0 é a função definida por: E se Δf(Po) = f(a1 + x1, a2 + x2,..., an + xm) - f(a1 + a2,..., am), isto é, Δf(Po) é a variação de f correspondente as variações x1, x2,...,xm de a1, a2,...,am, respectivamente, então Δf(Po) ≅ dw , onde a aproximação será melhor quanto mais próximos de zero estiverem x1, x2,...,xm. EXEMPLO RESOLVIDO 3 Uma caixa sem tampa na forma de um paralelepípedo retângulo, deveria ter largura de 8 cm, comprimento de 10 cm e altura de 12 cm; no corte das faces da caixa foram cometidos erros nas dimensões de 0,2 cm a menos, 0,04 cm e 0,06 cm a mais, respectivamente. Determinar uma aproximação para o erro cometido no cálculo do material usado na fabricação da caixa. SOLUÇÃO Seja S cm2 a quantidade de material usada na fabricação da caixa de largura x cm, comprimento y cm e altura z cm. Então, como a caixa não tem tampa, S(x,y,z) = 2xz + 2yz + xy. Fazendo x0 = 8, y0 = 10, z0 = 12, dx = 0,2, dy = -0,04 e dz = -0,06, o erro cometido é exatamente ΔS (8,10,12), o qual é aproximadamente igual a dS em (0,2; 0,04; 0,06). Como obtém-se Assim, o erro cometido no cálculo do material usada na fabricação da caixa, é aproximadamente igual a 3,36 cm2. 54 EXEMPLO PROPOSTO 3 Se a caixa do exemplo resolvido 3 tiver tampa, achar uma aproximação para o erro cometido no cálculo do material usado na fabricação da caixa. ATIVIDADE DE PORTFÓLIO Vá ao exercitando (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) e resolva a quantidade máxima de exercícios que puder, individualmente ou em grupo. Os exercícios: 3 é questão 1; 13 é questão 2 do trabalho desta aula a ser postado no Portfólio Individual do ambiente Solar. As questões 3 até 5 do trabalho serão indicadas no tópico seguinte desta aula. É exigido que o trabalho desta aula seja postado no Portfólio num único arquivo com extensão DOC ou manuscrito e escaneado, no período indicado na Agenda do ambiente Solar. 55 Cálculo Diferencial II Aula 05: Diferenciabilidade, Derivada Direcional e Vetor Gradiente Tópico 02: Derivada Direcional e Vetor Gradiente VERSÃO TEXTUAL Se f é uma função real de variáveis x e y, sabe-se que fX e fy num ponto (xo, yo), medem as taxas instantâneas de variações de f em (x0, y0) nas direções dos eixos X e Y, respectivamente. O objetivo inicial deste tópico é introduzir uma generalização das derivadas parciais, ou seja, é um tipo de derivada que meça a taxa de variação instantânea de f numa direção qualquer. Posteriormente será definido o vetor gradiente, esse vetor tem várias aplicações importantes, dentre as quais permite estender às funções reais de várias variáveis a regra da cadeia e o teorema do valor médio já visto para funções reais de uma variável no primeiro curso de Cálculo. Sendo f uma função real de m variáveis x1, x2,...,xm e u um vetor unitário do Rm a derivada direcional de f em relação a u é a função indicada e definida por: O domínio de é o conjunto dos pontos P(x1, x2,...,xm) no domínio de f tais que existe. Além de , as seguintes notações são também usadas para indicar a derivada direcional de f em relação a u: fu e Duf. Sejam f uma função real de variáveis x e y, e u = (u1,u2), um vetor unitário, a derivada direcional de f em relação a u é então dada por: A FIM DE INTERPRETAR ALGEBRICAMENTE FU Seja (xo,yo), um ponto onde fu(xo,yo) exista. Observe que a reta L que contém os pontos (xo,yo) e (xo + tu1,yo + tu2) é paralela ao vetor u. Sendo assim, f(xo + tu1,yo + tu2) - f(xo,yo) representa uma variação de f(xo, yo) na direção do vetor u e sendo |t| a distância de (xo,yo) a (xo + tu1,yo + tu2, tem- se: 56 É a razão (ou taxa) da variação média de f(xo,yo) para a variação de (xo,yo) na direção de u, logo: É a razão (ou taxa) instantânea de variação de f na direção de u em (xo,yo). PARA INTERPRETAR GEOMETRICAMENTE FU(X0,Y0) Considere a curva C de interseção da superfície z = f(x,y) com o plano que contém a reta L e é paralelo ao eixo Z. Na figura anterior, observa-se que a razão é a declividade da reta secante à curva C contendo os pontos (xo, yo, f(xo, yo) e (xo + tu1 = tu2, f (xo + tu1, yo + tu2)2), assim o limite de tal razão quando t → 0 , dá a declividade da reta tangente a C em (xo, yo, f(xo, yo)), ou seja, tg θ = fu(xo, yo). Na definição de derivada direcional para uma função f: A ⊂ R2 → R, fazendo u = e1 = (1,0), tem-se: E considerando u = e2 = (0,1), obtém-se: portanto, as derivadas parciais fx e fy são as derivadas direcionais de f em relação aos vetores e1 e e2, respectivamente. Analogamente, para uma função f: A ⊂ Rm → R tomando u = ei = (0, ..., 1, ..., 0) para i = 1, 2, ..., m, tem-se: 57 Isto é, a derivada parcial fxi é a derivada direcional de f em relação a ei. EXEMPLO RESOLVIDO 1 Calcular a derivada direcional de f(x, y) = 2x2y - y2 + 1 em relação e no ponto (-2,3). SOLUÇÃO Tem-se mas assim EXEMPLO PROPOSTO 1 Mostrar que a derivada direcional de f(x, y) = 2xy2 - x2 + 1 em relação e no ponto (1,-2), é igual a . Seja f: A ⊂ Rm → R uma função com derivadas parciais num ponto Po(a1, a2, ..., am), o vetor gradiente de f em P0 é indicado e definido por: Em particular, se f é uma função real de variáveis x e y, o vetor gradiente de f em (x0, y0), é dado por: A notação ∇f(Po) é também usada para representar o vetor gradiente de f em P0. O teorema seguinte dá a relação que existe entre a derivada direcional de uma função e o vetor gradiente da função num ponto. 58 Teorema 1. Sejam uma função f: A ⊂ Rm → R uma função diferenciável em Po e u um vetor unitário do Rm, então fu(Po) = ∇f(Po) . u. DEMONSTRAÇÃO Seja P0(a1,a2,...,am), então sendo f diferenciável em P0 , Fazendo P = P0 + tu, tem-se: (a) P → P0 é equivalente a t → 0 ; (b) x1 - a1 = tu1, x2 - a2 = tu2,..., xm -am = tum, onde u = (u1,u2,...,um);(c) d(P0,P) = Logo, o limite acima é equivalente ao seguinte limite, ou seja, daí Como ∇f(P0) · u independe de t, obtém-se ∇f(P0) · u = O que conclui a demonstração. PARADA OBRIGATÓRIA No tópico 1 desta aula foi verificado para uma função de duas variáveis e mencionado posteriormente para uma função de m (m ≥ 3) variáveis, que se uma função real f é diferenciável num ponto P0, as derivadas direcionais de f em Po existem em todas as direções dos eixos das variáveis (isto é, fxi existe para i = 1,2,...,m). O teorema 1 generaliza tal fato afirmando que: se f é 59 diferenciável em Po, a derivada direcional de f em Po existe em qualquer direção; entretanto, em geral, a recíproca desta afirmação não se verifica, conforme o exercício 24 do exercitando deste tópico. EXEMPLO RESOLVIDO 2 Resolver o exemplo resolvido 1 usando o teorema 1. SOLUÇÃO Como f(x,y) = 2x2 y - y2 + 1, tem-se ∇f(x,y) = ( 4xy,22 - 2y ), assim ∇f(-2,3) = (-24,2). Logo, como f é diferenciável em (-2,3) e pelo teorema 1, obtém-se EXEMPLO PROPOSTO 2 Resolver o exemplo proposto 1, usando o teorema 1. O teorema 1, permite dar uma interpretação do vetor gradiente. Clique aqui. CLIQUE AQUI Se f: A ⊂ Rm → R é diferenciável em P0 e u é um vetor unitário do Rm, tem-se: onde θ é a medida do ângulo entre u e ∇f(Po). Desta forma, o valor da fu(Po) depende somente do cos θ (pois ∇f(Po) é constante); como cos θ atinge seu valor máximo quando θ = 0, que é igual a um, concluí-se que a taxa de crescimento máxima de f em Po é fu(Po)/máx = |∇f(Po)| e é atingida quando calculada no sentido do ∇f(Po), isto é,∇f(Po) aponta no sentido em que f cresce mais rapidamente a partir do ponto Po. O teorema seguinte dá uma extensão da regra da cadeia para funções reais de uma variável (enunciada no primeiro curso de Cálculo) em termos do vetor gradiente. Teorema (Regra da Cadeia) 2. Sejam f: A ⊂ Rm → R uma função definida num conjunto aberto B ⊂ A e g: I ⊂ R → Rm com g(t) ∈ B para todo t num intervalo 60 aberto I. Se g é diferenciável em to ∈ I e f é diferenciável em g(t0) a função h (t) = f(fog)(t) é diferenciável em to e h'(to) = ∇f (g(to)) . g'(to). DEMONSTRAÇÃO Como f é diferenciável em g(t0), tem-se mas e é equivalente a , pois sendo a função g diferenciável em , ela é contínua em . assim Seja então se . Sendo assim. e daí mas (1) pois g é diferenciável em e (2) pois e , logo por (1) e (2), h '(t0) = ∇f (g(t0))·g '(t0). Isto mostra que h'(t0) existe (isto é, h é diferenciável em ) e é encontrada da maneira afirmada. O que conclui a demonstração. Segue-se do teorema 2, o seguinte corolário. 61 Corolário. Se f: A ⊂ Rm → R é diferenciável num conjunto aberto B ⊂ A, g: I ⊂ R → Rm é diferenciável no intervalo aberto I e g(t) ∈ B para todo t ∈ I, então h(t) = (fog)(t) é diferenciável em I e h'(t) = ∇f(g(t)) . g'(t) para cada t ∈ I. Será útil reescrever a fórmula para h'(t) do corolário anterior. Clique aqui. CLIQUE AQUI Seja e então e do corolário: ou seja, mas (i = 1,2,....,m), assim a fórmula do corolário pode ser escrita na forma No final do tópico 1 da aula 3, foram definidas as composições de funções com a função real de várias variáveis. O corolário do teorema 2 dá a fórmula para a derivada da composição da definição (a); a fórmula da derivada da composição da definição (b), decorre dela. Logo, sendo w = f(u) e u(x1, x2,...,xm), tem-se w = h(x1, x2,...,xm) = (fog)(x1, x2,...,xm), isto é, h é uma função real das m variáveis x1, x2,...,xm; para calcular para i=1,2,...m, considera-se g como função apenas da variável xi (isto é, mantém-se xj fixa para j ≠ i), assim: para i=1,2,...,m. OLHANDO DE PERTO A regra da cadeia generalizada, será tratada posteriormente no tópico 2 da aula 7, após a definição de função vetorial de várias variáveis. 62 EXEMPLO RESOLVIDO 3 Se z = f(x + my) + g(x + ny) onde f e g são funções duas vezes diferenciáveis, mostrar que z é solução da equação diferencial azxx - zyy = 0 somente se a = m2 = n2. SOLUÇÃO Tem-se Fazendo e , obtém-se e assim Como , obtém-se Por outro lado, e assim Logo azxx = zyy, isto é, azxx -zyy = 0 somente se m2 = n2 = a. EXEMPLO PROPOSTO 3 63 Considerando a função do exemplo resolvido 3, mostrar que zxy - zyx = 0 para quaisquer valores de m e n. O corolário do teorema 2 deste tópico, permite dar outra importante interpretação do vetor gradiente. CLIQUE AQUI PARA SABER MAIS Sejam w = f(x1,x2,....,xm) e P0 um ponto do conjunto de nível S de f correspondente ao nível w = c, isto é, f(P0) = c. Considere uma curva contida em S e parametrizada por uma função g(t) para todo t num intervalo aberto I ⊃ t0 e f diferenciável em P0. Então f(g(t)) = c para t ∈ I, derivando os dois lados em relação a t e aplicando o corolário do teorema 2, tem-se para t ∈ I, daí Logo, se ∇f (g(tₒ)) e g'(tₒ) são não nulos, tais vetores são ortogonais. Assim, se m = 2 e o conjunto de nível de S é uma curva C no plano XY, o vetor g'(tₒ) é tangente à C em Pₒ, portanto ∇f (Pₒ) é um vetor normal à C em Pₒ. Se m = 3 e o conjunto de nível S é uma superfície em R3, o vetor g'(tₒ) está no plano tangente à S em Pₒ, logo ∇f(Pₒ) é normal ao plano tangente à S em Pₒ, isto é, ∇f(Pₒ) é normal à S. O teorema seguinte, estabelece uma extensão do teorema do valor médio para funções reais de uma variável (visto no primeiro curso de cálculo) às funções reais de m variáveis em termos do gradiente. Teorema (do Valor Médio Generalizado) 3. Sejaf: A ⊂ Rm → R uma função diferenciável num conjunto aberto contendo o segmento ligando dois pontos P e Q do Rm, então existe um ponto P0 no segmento e entre P e Q tal que . 64 DEMONSTRAÇÃO Decorre da equação vetorial da reta que o segmento ligando P e Q é dado por S(t) = (P - Q)t + Q com 0 ≤ t ≤ 1, assim a função h(t) = f(S(t)) com 0 ≤ t ≤ 1 dá os valores de f no segmento. Aplicando o teorema do valor médio a função h no intervalo de 0 a 1, tem-se para algum t0 ∈ (0,1). Por outro lado, usando a regra da cadeia (dada no teorema 2 deste tópico), tem-se h'(t0) = ∇f (S(t0)).S'(t0). Logo, igualando os dois resultados obtidos para h'(t0) e fazendo P0 = S(t0), encontra-se f(P) - f(Q) = ∇f (P0).(P - Q) pois S'(t) = P - Q para todo t. O que conclui a demonstração. ATIVIDADE DE PORTFÓLIO Vá ao exercitando (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) e resolva a quantidade máxima de exercícios que puder, individualmente ou em grupo. Os exercícios: 19 é questão 3; 24(b) é questão 4; 31 é a questão 5 do trabalho desta aula a ser postado no Portfólio Individual do ambiente Solar. É exigido que o trabalho desta aula seja postado no Portfólio num único arquivo com extensão DOC ou manuscrito e escaneado, no período indicado na Agenda do ambiente Solar. LEITURA COMPLEMENTAR Os temas Teorema de Taylor (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.), Valores Extremos e Multiplicadores de Lagrange (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) e Regra de Leibnitz (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) complementam o estudo de derivação das funções reais de várias variáveis, sendo assim é recomendável uma leitura para conhecer um pouco mais sobre derivação. Fontes das Imagens 65 Cálculo Diferencial II Aula 06: Função Vetorial de Várias Variáveis e Imagem Tópico Único: Função Vetorial de Várias Variáveis e Imagem VERSÃO TEXTUAL Como no tópico da aula 3, o objetivo deste tópico é usar o conceito de função em geral (dado no tópico 1 da aula 1 do primeiro curso de Cálculo) para apresentar a função vetorial de várias variáveis. Em seguida será definida a imagem dessa função e sua representação geométrica quando possível. A parte teórica é finalizada efetuando a composição das funções vetoriais de várias variáveis com outras funções já apresentadas. Uma função vetorial de m (m=2,3,..., r) variáveis F: A → Rn (n=2,3, ..., s) é uma função onde o seu domínio A é um subconjunto do Rm. O símbolo F: A ⊂ Rm → Rn também é usado para que não haja dúvida sobre o conjunto universo que contém A; entretanto, se A = Rm, indica-se apenas F: Rm rarr; Rn. Tal função também é chamada de transformação (ou aplicação). Um elemento do domínio A ⊂ Rm ou do contradomínio Rn, significará a partir deste momento um ponto ou um vetor, um ou outro significado depende da conveniência de utilização da função; isto não causará ambiguidade devido a correspondência biunívoca que existe entre pontos do espaço euclidiano e vetores do conjunto associado ao espaço; portanto, uma função vetorial F de m variáveis associa cada ponto (ou vetor) P ∈ A ⊂ Rm a um único ponto (ou vetor) Q ∈ Rn que será indicado por: Em particular, sendo F é uma função vetorial de duas variáveis reais u e v, e contradomínio R2, então F é definida por uma expressão da forma onde: (u, v) ∈ A, f e g são funções reais, e1 = (1, 0) e e2 = (0, 1); se o contra-domínio de F é o R3, então a expressão que define F é da forma onde: (u, v) ∈ A, f, g e h são funções reais, e1 = (1, 0), e2 = (0, 1, 0) e e3 = (0, 0, 1). Em geral, uma função vetorial F: A ⊂ Rm → Rn (m = 2,3, ..., r e n = 2, 3, ..., s) é definida por uma expressão da forma: onde: (x1, x2,...,xm) ∈ A, cada fi (i = 1, 2,.. , n) é uma função real das m variáveis x1, x2,...,xm e é chamada de i-ésima função coordenada de F. O domínio A da função vetorial F está contido no domínio da cada uma das funções coordenadas de F. Como já é comum para outras funções, quando se fizer referência a uma função F: A ⊂ Rm → Rn apenas 66 através da regra que a define, o domínio de F é a interseção dos maiores subconjuntos do Rm onde estão definidas as funções coordenadas de F. Se F: A ⊂ Rm → Rn e B ⊂ A o conjunto formado pelos pontos (ou extremidades dos vetores) F (P) quando P varia em B, é chamado de imagem de B através de F, ou seja, PARADA OBRIGATÓRIA Em particular, se B = A diz-se que F(A) é a imagem de F. Se n=2 ou 3, é comum chamar a representação geométrica de F(B) em R2 ou R3 , respectivamente, também de imagem de B através de F. Se m=2 e n=3, a imagem de B através de F ou a sua representação geométrica, é também chamada de superfície. SUPERFÍCIE O termo “superfície” foi também usado no texto complementar indicado no final do tópico da aula 1 para designar o gráfico de certas equações de três variáveis ou no tópico da aula 3 para fazer referência ao gráfico de uma função real de duas variáveis definida por uma equação de três variáveis, o que não aparenta nenhuma distinção no uso do termo; será visto no curso posterior a este que uma função F: A ⊂ R2 → R3 é uma forma equivalente (ou quase equivalente) de escrever uma equação de três variáveis na forma parametrizada, assim como foi feito no caso das curvas. Os exemplos seguintes ilustram procedimentos para obter a imagem de um conjunto através de uma função vetorial. EXEMPLO RESOLVIDO 1 Sendo F(u,v) = (u - v2, u2 + v), encontrar a imagem da região , isto é, achar a imagem de B = {(u, v) ∈ R2; 0 ≤ u ≤ 1 e 0 ≤ v ≤ 2} através de F. SOLUÇÃO Seja F(u,v) =(x,y), isto é, considere (x,y) a imagem de (u,v), então: Para determinar F(B), inicialmente deve-se achar a imagem através de F de cada um dos segmentos que constituem a fronteira da região B. As imagens dos segmentos são encontradas das seguintes formas: (a) Se V = 0 e 0 ≤ u ≤ 1, tem-se x = u e y = u2 com 0 ≤ u ≤ 1, assim y = x2 com 0 ≤ x ≤ 1; 67 (b) Se u = 1 e 0 ≤ v ≤ 2, tem-se x = 1 - v2 e y = 1 + v com 0 ≤ v ≤ 2 assim x = -y2 = 2y com 1 ≤ y ≤3. (c) Se v = 2 e 0 ≤ u ≤ 1, tem-se x = u - 4 e y = u2 + 2 com 0 ≤ u ≤ 1, assim y = x2 + 8x + 18 com -4 ≤ x ≤ -3. (d)Se u = 0 e 0 ≤v ≤ 2, tem-se x = -v2 e y = v com 0 ≤ ≤ 2, assim x = - y2 com 0 ≤ y ≤ 2. Logo imagem da fronteira da região B é a curva C formada pelos quatro arcos das parábolas em x e y que foram encontrados. Evidente que as imagens dos pontos interiores de B, são os pontos interiores da região limitada pela curva C. Portanto a imagem de B através de F, é a região fechada limitada por C. EXEMPLO PROPOSTO 1 Se F é a função do exemplo resolvido 1, encontrar a imagem da através de F. EXEMPLO RESOLVIDO 2 Sendo G(u,v) = (r cos u, r sen u, v) onde r é uma constante positiva, determinar a imagem da faixa através de G. SOLUÇÃO Seja G(u,v) = (x,y,z), então x = r cos u, y = r sen u e z = v, daí x2 + y2 = r2 com - ∞F: A ⊂ Rm → Rn é um ponto de acumulação de A, diz-se que o vetor w ∈ Rn é o limite de F (P) quando P tende a Po, indica-se pelo símbolo , se para qualquer ε > 0 existe δ > 0 tal que Ou seja, é possível tornar o comprimento do vetor F(P) - w arbitrariamente pequeno, desde que se tome P suficientemente próximo de Po. Se Se F(P) = (f1(P), f2(P), ..., fn(P)), mostra-se que A demonstração está proposta no exercício 11 do exercitando deste tópico. Observação 1 Uma função F: A ⊂ Rm → Rn é contínua num ponto Po ∈ se . Assim, F é contínua em Po se, e somente se, suas funções coordenadas são contínuas em Po. A justificativa está proposta no exercício 11 do exercitando deste tópico. Observação 2 Uma função vetorial é dita contínua num conjunto B contido no seu domínio, se ela é contínua em todos os pontos de B. E se B é o domínio da função vetorial, diz-se que a função é contínua. O seguinte teorema será útil posteriormente. 71 Teorema: Se L: Rm → Rn é uma transformação linear, então existe uma constante m tal que |L(P)| ≤ m|(P)| para todo P ∈ Rm. E mais, L é contínua em todo o Rm. DEMONSTRAÇÃO Sendo P(x1, x2,...,xm) e L uma transformação linear, tem-se daí (pela desigualdade triangular e propriedade da norma) mas |xi| ≤ |P| para i = 1, 2,..., m logo Na última desigualdade, fazendo m = |L(e1)| + |L(e2)| + ... + |L(em)| obtém-se a demonstração da primeira afirmação. Para mostrar que L é contínua, sejam P e Po vetores do Rm, então daí se P tende a Po, L(P) tende a ou seja, L(Po). Como Po é arbitrário, a demonstração está concluída. A derivada parcial vetorial de uma função F: A ⊂ Rm → Rn em relação a variável xi (i = 1, 2, ..., m), é a função indicada por (ou ainda, Fxi) e definida por A DERIVADA PARCIAL VETORIAL ou simplesmente, a derivada parcial. O domínio de Fxi é o conjunto de todos os elementos (x1, x2,...,xm) no domínio de F tais que Fxi(x1, x2,...,xm) exista. 72 Como o limite de uma função vetorial (quando existe) é o limite das suas funções coordenadas, segue-se que EXEMPLO RESOLVIDO 1 Calcular as derivadas parciais da função F(u, v) = (u2v2, u2 + v2 + uv). SOLUÇÃO As funções coordenadas de Fu, são as derivadas parciais das funções coordenadas de F em relação a u, assim Analogamente, EXEMPLO PROPOSTO 1 Calcular as derivadas parciais da função F(u, v) = (v sen u, u sen v). Sejam F: A ⊂ Rm → R n e P ∈ A com P(a1, ..., ai - 1,..., xi + ai + 1, ..., am), isto é, em P a coordenada xi é variável e todas as outras são mantidas fixas, então P descreve uma reta (ou um segmento) em A e a imagem de tal reta (ou segmento) através de F é uma curva Ci em Rn parametrizada por f(xi) = F(a1, ..., xi, ..., am), chamada de curva de xi - paramétro definida por F. As curvas Ci (i = 1, 2, ..., m) formam o conjunto das curvas paramétricas (ou curvas coordenadas) da imagem de F contendo F(a1, ..., xi, ..., am). Isto permite dar a seguinte interpretação para a derivada parcial vetorial: quando se deriva parcialmente uma função F: A ⊂ Rm → R n em relação a variável xi, todas as outras variáveis são mantidas fixas, assim F define uma curva xi- parâmetro e de acordo com as discussões realizadas no tópico 1 da aula 2, Fxi é um vetor tangente à curva Ci. EXEMPLO RESOLVIDO 2 Encontrar os vetores tangentes às curvas paramétricas da imagem de G(u, v) = (u, v, 4 - u2 - v2), no ponto Q(1, 1, 2) e representar geometricamente as curvas e os vetores. 73 SOLUÇÃO O ponto (1,1,2) na imagem de G, corresponde ao ponto (1,1) no domínio de G. Como o vetor tangente à curva u-parâmetro em (1,1,2) é Gu (1, 1) = (1, 0, -2). Analogamente, acha-se que As curvas u-parâmetro e v-parâmetro são dadas por G( u, 1) = (u, 1, 3 - u2) e G(1, v) = (1, v, 3 - u2) respectivamente; assim na figura seguinte, estão as curvas paramétricas da imagem de G contendo Q (1 , 1, 2) e os vetores tangentes a tais curvas em Q (1 , 1, 2). Clique aqui para ver. CLIQUE AQUI PARA VER. EXEMPLO PROPOSTO 2 Achar os vetores tangentes às curvas paramétricas da imagem de G(u, v) = (u, v, 4 - u - v ) no ponto Q (1 , 1, 2) e representar geometricamente as curvas e os vetores. ATIVIDADE DE PORTFÓLIO Vá ao exercitando (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) e resolva a quantidade máxima de exercícios que puder, individualmente ou em grupo. Os exercícios: 3 e 5 são os respectivos itens (a) e (b) da questão 1; 7 é a questão 2 do trabalho desta aula a ser postado no Portfólio Individual do ambiente Solar. As questões 3 até 5 do trabalho serão indicadas no tópico seguinte desta aula. É exigido que o trabalho desta aula seja postado no Portfólio num único arquivo com extensão DOC ou manuscrito e escaneado, no período indicado na Agenda do ambiente Solar. 74 Cálculo Diferencial II Aula 07: Limite, Continuidade, Derivadas Parciais Vetoriais e Diferenciabilidade Tópico 02: Diferenciabilidade Este tópico trata inicialmente da generalização dos conceitos de função diferenciável e diferencial, já vistos no tópico 1 da aula 5 para funções reais de m (m ≥ 2) variáveis; posteriormente será feita uma abordagem da regra da cadeia na sua formulação mais geral, os casos mais simples dessa regra foram vistos no primeiro curso de Cálculo e no teorema 2 do tópico 2 da aula 5. Uma função F: A ⊂ Rm → R n é dita diferenciável num ponto Po no interior de seu domínio A, se existe uma transformação linear L: Rm → R n tal que Da definição anterior, observe que a condição é equivalente a ou ainda, que F é representável na forma onde Z é uma função tal que . COMO TODA TRANSFORMAÇÃO LINEAR TEM UMA ÚNICA MATRIZ RELATIVAMENTE A UMA BASE, PARA ENCONTRAR A MATRIZ DA TRANSFORMAÇÃO LINEAR L DA DEFINIÇÃO DADA Considere P e F(P) representados na forma de matriz coluna, isto é, (onde o “T” indica a transposta da matriz) e seja também a base do . Sendo um ponto interior do domínio de F, para t suficientemente pequeno, está no domínio de F para todo j, onde e também estão na forma de matriz coluna. Então, sendo F diferenciável em , tem-se 75 mas , isto é, equivale a , logo para todo j. Observe que se então , assim por outro lado, sabe-se que é a j-ésima coluna da matriz de L; portanto, a j-ésima coluna da matriz de L é daí a matriz de L, indicada por , é dada por A transformação linear L é chamada de diferencial de F em Po e é indicada por d PoF. A matriz da diferencial de F em Po, isto é, a matriz F'( Po) é chamada de matriz jacobiana de F em Po (ou derivada de F em Po). Portanto, tem-se: (1) A diferencial de F em Po é definida por d PoF(P) para todo P ∈ Rm; (2) Para que F seja diferenciável em Po, devem existir todas as derivadas parciais de primeira ordem de todas as suas funções coordenadas em Po (isto é, F'(Po) deve existir) e . A expressão F'(Po)(P - Po) + (Po) é a soma da transformação linear aplicada em P - Po com a matriz constante F(Po), assim define a função afim A: Rm→ Rn dada por 76 Como (isto é, a diferença F(P) - A(P) tende a 0 mais rapidamente que P tende a Po), diz-se que: a função F é aproximada pela função afim A numa vizinhança de Po e que A é a função afim que melhor se aproxima de F numa vizinhança de Po. Geometricamente, a função afim A representa uma reta ou um plano, dependendo dos valores de m e n (isto é, das dimensões do espaço que contém o domínio e contradomínio de A, respectivamente), como será examinado a seguir: CLIQUE AQUI (a) Se , então F é definida por é um número real (ou uma matriz 1 x 1), fazendo , a equação da função afim A assume a forma que é a equação da reta tangente ao gráfico de F no ponto ; que é a equação da reta tangente ao gráfico de F no ponto ; (b) Se , a função F é definida por , logo é o vetor representado pela matriz (n x 1) que é a equação da reta tangente ao gráfico de F no ponto ; fazendo a função afim A terá a forma que é a equaçãoda reta tangente ao gráfico de F no ponto ; que é a equação da reta tangente ao gráfico de F no ponto ; como tangente à curva C parametrizada por F, A é a parametrização da reta tangente à curva C em 77 ; que é a equação da reta tangente ao gráfico de F no ponto ; (c) Se m = 2 e n = 1, então F é definida por é a matriz (1 x 2) considerando , a equação da função afim A terá a forma ou seja, que é a equação da reta tangente ao gráfico de F no ponto ; que é a equação do plano tangente ao gráfico de F em se F é diferenciável em . Se m = 2 e n = 3, no tópico 1 da aula 10 será visto que a função afim A é a parametrização de uma reta ou um plano em tangente à imagem da função F. EXEMPLO RESOLVIDO 1 Encontrar a matriz jacobiana da transformação F(u, v ) = (cos u sen v, euv) num ponto qualquer, sua diferencial no ponto (0, π) e a função afim que melhor se aproxima de F numa vizinhança de (0, π). SOLUÇÃO A matriz jacobiana de F num ponto qualquer (u,v) é 78 Como , a diferencial de F em (0, π) é ou então d(0, π) F(u, v) = -(-v, πu). Assim, a função afim que melhor se aproxima de F numa vizinhança de é dada por ou então EXEMPLO PROPOSTO 1 Determinar a matriz jacobiana da transformação F(u, v) = (v cos πu - u sen v, v ln u) num ponto qualquer, sua diferencial no ponto (1, π) e a função afim que melhor se aproxima de F numa vizinhança de (1, π). O teorema seguinte mostra que diferenciabilidade de uma função vetorial implica em continuidade da função. Teorema 1. Se uma função F: A ⊂ Rm → Rn é diferenciável em Po, então F é contínua em Po. A demonstração do teorema 1 é análoga a do teorema 1 do tópico 1 da aula 5 e está sugerida no exercício 33 do exercitando deste tópico. O teorema seguinte estabelece as condições suficientes para que uma função vetorial seja diferenciável num ponto. Teorema 2. Seja F: A ⊂ Rm → Rn definida por F(P) = (f1(P), f2(P), ..., f3(P)), onde existe numa B(Po, r) e é contínua em Po, então F é diferenciável em Po. DEMONSTRAÇÃO Para demonstrar o teorema, deve-se mostrar que 79 Como o limite de uma função vetorial é igual ao limite das suas funções coordenadas, o último limite ficará demonstrado se for provado que onde . A fim de calcular então Aplicando o teorema do valor médio para funções reais de m variáveis (teorema 3 do tópico 2 da aula 5), tem-se onde é um ponto interno ao segmento que liga ; mas logo Substituindo na última somatória, obtém-se Portanto, substituindo no último limite, tem-se isto porque uma vez que é contínua em e . O que conclui a demonstração. 80 Observação 1 Uma função vetorial é dita diferenciável num conjunto B contido no seu domínio, se ela é diferenciável em todos os pontos de B e é dita diferenciável se for diferenciável no seu domínio. Observação 2 Uma função vetorial é dita de classe Ck (k=1,2,...) num conjunto B contido no seu domínio, se as derivadas parciais de todas as suas funções coordenadas até a ordem k, são contínuas em B. Segue-se do teorema 2, o seguinte corolário. strong>Corolário. Seja F: A ⊂ Rm → Rn de classe C1 num conjunto aberto B ⊂ A, então F é diferenciável em B. Assim, a função do exemplo resolvido 1 é diferenciável em todo o R2, por ser de classe C1 em todo o R2. Com a composição das funções vetoriais de várias variáveis (definida no final tópico 1 desta aula), a regra da cadeia vista para funções mais simples, agora pode ser generalizada. Teorema (Regra da Cadeia Generalizada) 3. Sejam as funções G: B ⊂ Rm → Rp e F: A ⊂ Rp → Rn, tais que G é diferenciável em Po e F é diferenciável em G(Po), então FoG é diferenciável em Po e (FoG)'(Po) = F'(F(Po))G'(Po). DEMONSTRAÇÃO Devido as diferenciabilidades de G em P0 e de F em G(P0), P0 também é ponto interior do domínio de FoG, a prova de tal fato está sugerida no exercício 38 do exercitando deste tópico. A demonstração estará concluída se for provado que F'(G(P0))G'(P0) é a matriz da diferencial de FoG em P0, isto é, que FoG é representável na forma onde Como G é diferenciável em e F é diferenciável em P0 e F é diferencial em G (P0), existem funções Z1 e Z2 tais que (1) 81 onde e (2) onde Substituindo G(P) dada em (1) no lado direito da igualdade dada em (2), tem- se considerando então a função Z dada por daí (tomando o módulo dos dois lados e usando a desigualdade triangular). Como é linear (pelo teorema do tópico 2 desta aula), existe uma constante m tal que logo na desingualdade dada em (3), substituindo por e cancelando obtém-se (4) Mas se (pelo continuidade de G em P0), logo e como o lado direito da desigualdade dada em (4) tende a zero se O que conclui a demonstração. Segue-se do teorema 3, o seguinte corolário. Corolário. Sejam as funções G: B ⊂ Rm → Rp e F: A ⊂ Rp → Rn, tais que G é diferenciável num conjunto aberto C ⊂ B, F é diferenciável num conjunto aberto D ⊂ A G(P) ∈ D para todo P ∈ D, então FoG é diferenciável em C e (FoG)'(P) = F'(G(P))G'(P) para todo P ∈ C. Evidentemente que as diversas fórmulas de derivação de funções compostas, tratadas anteriormente, podem ser obtidas da fórmula do corolário do teorema 3, particularizando os valores de m, n e p. Sendo assim: Se m = n = p = 1 (1) Se Se m = n = p = 1 então G: I1 ⊂ R → R e F: I2 ⊂ R → R são definidas por u = G (x) e y = F(u), desta forma F'(u) e G'(u) são reais (ou matrizes 1 x 1) e resulta da corolário que 82 conforme foi estabelecido no tópico 1 da aula 6 do primeiro curso de Cálculo; Se m = p =1 e n ≥ 2 (2) Se Se m = p =1 e n ≥ 2, então G: I1 ⊂ R → R e F: I2 ⊂ R → Rn são definidas por u = G(v) e w = f(f1(u), f2(u),..., fn,(u)), logo F'(u) e G'(u) são matrizes n x 1 e 1 x 1, respectivamente, e resulta do corolário que isto é, que é fórmula (5) do tópico 1 da aula 2; Se m = n = 1 e p ≥ 2 (3) Se Se m = n = 1 e p ≥ 2 então G: I ⊂ R → Rp e F: A ⊂ Rp → R são definidas por (x1, x2,..., xp) = G(t) = (g1(t),.., g2(t),..., gp(t)) e w = F(x1, x2,..., xp) portando F'(x1, x2,..., xp) e G'(t) são matrizes 1xp e px1, respectivamente, assim do corolário, tem-se ou seja, que é a fórmula do corolário do teorema 2 do tópico 2 da aula 5. EXEMPLO RESOLVIDO 2 Sendo F(x, y) = (xy, x2 + y2) e G(u, v) = (u2 - v2, u + v), calcular: a. (FoG)'(1, 1) b. (GoF)'(1, 1) SOLUÇÃO (a) Tem-se (FoG)'(1, 1) = F'(G(1, 1)) G'(1, 1), mas 83 e logo (b) Tem-se (GoF)'(1, 1) = G'(F(1, 1)) F'(1, 1), mas logo EXEMPLO PROPOSTO 2 Sendo F(x, y) = (x2 - y2, x2y) e G(u, v) = (uv2, u2 - v2), calcular: a. (FoG)'(1, 1) b. (GoF)'(1, 1) EXEMPLO RESOLVIDO 3 Se achar em (1,-1,1). SOLUÇÃO Sejam (x, y) = F(u, v) = (ue2, u ulnv) e (u, v) = G(r, s, t) = (r - s2 - t2, r2 + s2 - t) então e no ponto (1,-1,1), tem-se mas 84 e logo no ponto (1,-1,1), obtém-se portanto no ponto (1,-1,1). EXEMPLO PROPOSTO 3 Se calcular em (1, -1, 1). A matriz jacobiana de uma função F: A ⊂ Rm → Rm num ponto P é uma matriz quadrada, logo tem determinante, que é chamado de determinante jacobiano de F em P e é indicado por F'(P). Se F é definida por o determinante jacobiano de F é também indicado por EXEMPLO RESOLVIDO 4 Calcular o determinante jacobiano da função F(u, v) = (u cos v, u sen v) num ponto qualquer. SOLUÇÃO Como tem-se 85 EXEMPLO PROPOSTO 4 Calcular o determinante jacobiano da função F(u, v, w) = (u cos v sen w, u sen v sen w, u cos w) num ponto qualquer. ATIVIDADE DE PORTFÓLIO Vá ao exercitando (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) e resolva a quantidade máxima de exercícios que puder, individualmente ou em grupo. Os exercícios 10, 16 e 22 são as respectivas questões 3 até 5 do trabalho desta aula a ser postado no Portfólio Individual do ambiente Solar. É exigido que o trabalho desta aula seja postado no Portfólio num único arquivo com extensão DOC ou manuscrito e escaniado, no período indicado na Agenda do ambiente Solar. LEITURA COMPLEMENTARNo texto “Função Inversa e Implícita” (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.), continuamos o nosso estudo sobre a derivação de funções vetoriais de várias variáveis, este tema é particularmente aplicado a problemas relacionados com soluções de sistemas de equações não lineares. Fontes das Imagens 86 Cálculo Diferencial II Aula 08: Gradiente, Divergente e Rotacional Tópico Único: Gradiente, Divergente e Rotacional VERSÃO TEXTUAL O objetivo deste tópico é usar derivadas parciais para definir três operadores, que aparecem em várias aplicações em Física e nos teoremas principais do Cálculo Integral de Funções Vetoriais (a ser visto no curso posterior de Cálculo). O primeiro desses operadores é chamado de gradiente e usa uma função real para definir um campo vetorial, os outros são denominados de divergente e rotacional, ambos utilizam campos vetoriais para definir uma função real e outro campo vetorial, respectivamente. Seja uma função real f: A ⊂ Rm → R de variáveis x1,x2, ..., xm - 1 e xm, se todas as derivadas parciais fxi (i = 1, 2, ..., m) existem num subconjunto B ⊂ A, o campo gradiente de f (ou simplesmente, o gradiente de f) é indicado e definido num ponto P ∈ B por: Em particular, se f é uma função real de variáveis x e y, o grad f é um campo vetorial dado por: E se f é uma função real de variáveis x, y e z, o grad f é um campo vetorial dado por: EXEMPLO RESOLVIDO 1 Calcular o gradiente da função f(x, y) = x2y + xy2. SOLUÇÃO Da definição de gradiente, tem-se gradf (x,y) = 87 EXEMPLO PROPOSTO 1 Calcular o gradiente da função f(x, y, z) = x2y - y2z. Se f: A ⊂ Rm → Rm um campo vetorial tal que existe uma função f: A ⊂ Rm → R onde F = grad f num subconjunto B ⊂ A diz-se que F é um campo gradiente em B e a função f é um potencial real do campo F em B. Em geral, o potencial real de um dado campo gradiente, não é único; entretanto, é possível mostrar que dois potenciais quaisquer diferem apenas de uma constante (isto será tratado no curso posterior de Cálculo). Outra questão que surge é sobre a existência de um potencial real para um campo vetorial dado, a resposta desta questão será estabelecida futuramente (isto também será tratado no curso posterior de Cálculo). O exemplo seguinte ilustra um método par achar um potencial de um campo gradiente. CAMPO GRADIENTE Ou um campo conservativo. CAMPO GRADIENTE Ou potencial escalar. EXEMPLO RESOLVIDO 2 Sabendo-se que F(x, y, z) = (2x cos y - z2, -x2 sen y, - 2xz) é um campo gradiente, encontrar o potencial real de f que satisfaz f(-1, 0, 2) = 3. SOLUÇÃO Como F = grad f, tem-se o sistema seguinte: Da primeira equação (por exemplo), obtém-se f(x,y,z) = x2 cosy - xz2 + g(y,z). Resta determinar g(y,z) para que f(x,y,z) satisfaça também as duas últimas equações do sistema. Derivando f em relação a y e igualando com a segunda equação do sistema, tem-se -x2 sen y + gy(y,z) = -x2 sen y, daí gy(y,z) = 0, isto é, g só depende de z, seja então g (y,z) = h(z). Substituindo g(y,z) em f(x,y,z) = x2 cos y - xz2 + g(y,x), fica f(x,y,z) = x2 cos y - xz2 + h(z), que derivando em relação a z e igualando com a terceira equação do sistema, tem-se -2xz + h'(z) = -2xz, daí h'(z) = 0, ou seja, h(z) = c onde c é uma constante. Logo, f(x,y,z) = x2 88 cos y - xz2 + c é a solução geral do sistema. Como 3 = f(-1,0,-2) = 5 + c, o potencial real procurado é: f(x,y,z) = x2 cos y - xz2 - 2. EXEMPLO PROPOSTO 2 Sabendo-se que F(x, y) = (sen y + 2xy, x cos y + x2) é um campo gradiente, encontrar o potencial real de f que satisfaz f(0, 0) = - 1. O operador diferencial vetorial ∇ (lê-se, nabla) é definido por: Para uma função f: A ⊂ R m → R , define-se nabla aplicado a f por: Assim, da definição de campo gradiente, tem-se ∇f(P) = grad f (P) Doravante será usada a notação ∇f para indicar o gradiente de uma função f. Sejam f e g funções reais com derivadas parciais de primeira ordem em relação a todas as suas variáveis, então o gradiente tem as seguintes propriedades: Clique aqui para ver. CLIQUE AQUI PARA VER PARADA OBRIGATÓRIA As demonstrações destas propriedades decorrem diretamente da definição de gradiente e estão sugeridas no exercício 31 do exercitando deste tópico. Seja um campo vetorial f: A ⊂ R m → Rm , em que cada função coordenada fi (i=1,...m) possui derivada parcial em relação a variável xi num subconjunto B ⊂ A, então a divergente de F é a função indicada e definida num ponto P de B por: 89 Em particular, se o campo vetorial F: A ⊂ R 2 → R2 é definido por F(x, y) = (f(x, y), g(x, y)), então: E se o campo vetorial F: A ⊂ R 3 → R3 é definido por F(x, y) = (f(x, y), g(x, y), h(x, y)), então: O operador ∇ é também usado para representar o divergente de um campo vetorial. Se f: A ⊂ R m → Rn é dado por F(P) = (f1(P), f2(P), ..., fm(P)), define-se nabla escalar F por: Logo, da definição de divergente, tem-se ∇ F(P) = div F(P) A partir deste momento será usada a notação ∇ . F invés de div F. EXEMPLO RESOLVIDO 3 Encontrar o divergente do campo vetorial F(x, y) = (y tag x, ylnxy) num ponto qualquer. SOLUÇÃO Da definição de divergente, tem-se ∇⋅ F(x,y) = assim ∇⋅ F(x,y) = y sec2 x + EXEMPLO PROPOSTO 3 Achar o divergente do campo vetorial F(x, y, z) = (yz sec x, x eyz, lnxyz) num ponto qualquer. Se F é um campo vetorial tal que f: A ⊂ R m → R tem derivadas parciais de segunda ordem em relação a cada variável xi (i = 1, 2, ..., m), o laplaciano de f é definido por ∇2 = ∇ . ∇f e a equação ∇2f(P) = 0 é dita a equação de Laplace. Uma função que é solução da equação de Laplace num subconjunto B do seu domínio é chamada uma função harmônica em B. EXEMPLO RESOLVIDO 4 90 Sendo f(x, x, z) = |r|-1 onde r = xe1 + ye2 + ze3 provar que f é harmônica exceto na origem. SOLUÇÃO Como ∇2f(x,y,z) = ∇.∇|r|-1, tem-se logo f é solução da equação de Laplace exceto na origem, ou seja, f é harmônica em qualquer conjunto que não contém a origem. EXEMPLO PROPOSTO 4 Se f(x, x, z) = |r|-2 onde r = xe1 + ye2 + ze3, verificar se f é harmônica em algum subconjunto do seu domínio. Se F e G são campos vetoriais e f é uma função real, o divergente tem das seguintes propriedades: 1. ∇(F ± G) = ∇ F ± ∇ G; 2. ∇ . (FG) = ∇ f(∇ . G) + ∇ f . G; As demonstrações destas propriedades são consequência direta da definição e estão sugeridas no exercício 31 do exercitando deste tópico. Seja f: A ⊂ R 3 → R 3 um campo vetorial definido por F(x, y, z) = (f(x, y, z), g(x, y, z), h(x, y, z)), tal que fy, fz, gx, gz e hy existem num subconjunto B ⊂ A, então o rotacional de F é o campo vetorial definido num ponto (x,y,z) de B por: Se f: A ⊂ R 2 → R 2 é definido por F(x, y) = (f(x, y), g(x, y)) tal que fy e gx existem num subconjunto B ⊂ A, a função real dada por gx- fy também é chamada de rotacional de F. É possível encontrar a expressão para rot F usando o operador ∇, sendo assim, define-se nabla vetorial F por: 91 Onde os produtos nos cálculos dos determinantes de segunda ordem, indicam derivadas parciais. Assim: Ou seja A partir deste momento será usada a notação ∇ x F invés de rot F. EXEMPLO RESOLVIDO 5 Calcular o rotacional do campo vetorial F(x, y, z) = (xyz2, xy - yz2, 2xy2 - z). SOLUÇÃO Por definição, tem-se EXEMPLO PROPOSTO 5 Calcular o rotacional do campo vetorial F(x, y, z) = (xy - yz2, xy2z, 2x2y - z2). Se F é um campo vetorial tal que em todo ponto P de um subconjunto B do seu domínio, diz-se que F é um campo vetorial irrotacional em B. É possível mostrar que sob certas restrições, um campo vetorial é conservativo se, e somente se, ele é irrotacional (isto será tratado no curso posterior de Cálculo). Dado um campo vetorial F: A ⊂ R 3 → R 3 , se existe outro campo vetorial G: A ⊂ R 3 → R 3 tal F = ∇ x G num subconjunto B ⊂ A, o campo G é dito um potencial vetorial do campo F em B. A existência de um potencial vetorial para um campovetorial dado, está relacionada com campos solenoidais, assim como os campos conservativos estão relacionados com campos irrotacionais. É possível mostrar que sob certas 92 restrições, um campo vetorial tem um potencial vetorial se, e somente se, ele é solenoidal; tais restrições referem-se ao campo vetorial e ao conjunto onde é desejado que o campo tenha o potencial vetorial. O exemplo 6 a seguir, estabelece um tipo de conjunto (que constitui um grupo de conjuntos amplamente utilizados), onde a equivalência se verifica. No curso posterior de Cálculo, será visto um tipo de conjunto onde um campo é solenoidal, mas que ele não possui um potencial vetorial nesse conjunto. EXEMPLO RESOLVIDO 6 Seja B um conjunto aberto do R3, onde dois pontos quaisquer de B podem ser ligados através de segmentos paralelos aos eixos coordenados. Se F: A ⊂ R 3 → R 3 é de classe C1 em B ⊂ A, mostrar que F tem um potencial vetorial em B se, e somente se, F é solenoidal em B. SOLUÇÃO Se F tem um potencial vetorial G num subconjunto B do domínio de F, decorre facilmente da definição de divergente que ∇⋅F = 0 em B. A verificação está sugerida no exercício 34 do exercitando deste tópico. Para mostrar que F tem um potencial vetorial em B, suponha que F seja solenoidal em B. Sendo F(x,y,z) = (f1(x,y,z),f2(x,y,z),f3(x,y,z)), a existência do potencial vetorial G(x,y,z) = (g1, (x,y,z),g2,(x,y,z),g3,(x,y,z)) significa que F = ∇ x G, ou equivalente, que existe uma solução G (x,y,z) = (g1,(x,y,z),g2,(x,y,z),g3(x,y,z)) para o sistema Considerando (isto é, g3 dependendo apenas de z), tem-se assim (por integração) onde z0 é constante, f e g são funções que independem de z. Resta determinar as funções f e g. Substituindo g1(x,y,z) e g2(x,y,z) f3 na equação de f3, obtém-se Como F é solenoidal em B, isto é, em B, tem-se 93 em B, assim ou seja, f e g devem ser soluções da equação fx(x,y) - gy(x,y) = f3(x,y,z0). Tomando f(x,y) = onde x0 é constante e g(x,y) = , a última equação se verifica. Portanto, se F é solenoidal em B, definindo o campo vetorial G: B ⊂ R 3 → R 3 por tem-se F(x,y,z) = ∇ x G(x,y,z) para (x,y,z) € B. EXEMPLO PROPOSTO 6 Resolva o exemplo anterior fazendo g2(x, y, z) = α(y). Se F e G são campos vetoriais e f é uma função real, o rotacional tem as seguintes propriedades: 1. ∇ x (F ± G) = ∇ x F ± ∇ G; 2. ∇ x (fG) = f(∇ x G) + ∇f x G; As demonstrações destas propriedades decorrem diretamente da definição e estão sugeridas no exercício 31 do exercitando deste tópico. ATIVIDADE DE PORTFÓLIO Vá ao exercitando (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) e resolva a quantidade máxima de exercícios que puder, individualmente ou em grupo. Os exercícios 6, 9, 12, 22 e 35 são as respectivas questões 1 até 5 do trabalho desta aula a ser postado no Portfólio Individual do ambiente Solar. É exigido que o trabalho desta aula seja postado no Portfólio num único arquivo com extensão DOC ou manuscrito e escaneado, no período indicado na Agenda do ambiente Solar. LEITURA COMPLEMENTAR No texto "Mudança de Coordenadas"; (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) inicialmente, apresentamos as coordenadas cilíndricas e esféricas; posteriormente, estudaremos os operadores gradiente, divergente e rotacional em outros tipos de coordenadas além das coordenadas cartesianas. O tema é aplicado principalmente em Física, é recomendável uma leitura. 94 Fontes das Imagens 95 Disciplina 0ª Microsoft Word - LMAT_Capa_Creditos_Sumario.docx 4ca523e0871f998f41b91f8ce152fcf4b3207452343873566e315d5716a1e998.pdf CalculoDiferencialII_aula_01 CalculoDiferencialII_aula_02 CalculoDiferencialII_aula_03 CalculoDiferencialII_aula_04 CalculoDiferencialII_aula_05 CalculoDiferencialII_aula_06 CalculoDiferencialII_aula_07 CalculoDiferencialII_aula_08como t varia de 0 a 2π, a curva C é a circunferência que está na figura seguinte. 2 FIGURA SEGUINTE EXEMPLO PROPOSTO 1 Mostrar que a curva definida por f(t) = (a sen t, a cos t), onde 0 ≤ t ≤ 2 π, é a mesma circunferência do exemplo anterior. Explicar o significado do parâmetro da curva. O procedimento usado no exemplo resolvido 1, baseado na eliminação do parâmetro, para encontrar a representação geométrica da curva definida por uma função vetorial, é na maioria das vezes muito útil. Em geral, sempre que for possível eliminar o parâmetro, a técnica pode ser usada para encontrar a representação geométrica da curva definida por uma função f: A ⊂ R → Rn entretanto, deve-se observar que tal representação geométrica nem sempre é o gráfico da equação cartesiana correspondente. O que ocorre é o seguinte: A representação geométrica é uma parte, toda ou cobre várias vezes o gráfico da equação cartesiana correspondente. Por exemplo: a função g(u) = (u2,u4) tem equação cartesiana correspondente y = x2, cujo gráfico é uma parábola, mas a curva definida por g é apenas a parte dessa parábola no primeiro quadrante juntamente com a origem, pois x = u2 ≥ 0 para todo u; a função h(v) = (cos 2v, sen 2v) para 0 ≤ v ≤ 2 π, tem equação cartesiana correspondente x2 + y2 = 1, cujo gráfico é a circunferência de centro na origem e raio igual a um, porém a curva definida por h cobre duas vezes a circunferência. AJUDA Além do conteúdo de Matemática visto em Geometria Analítica e Álgebra Linear, para continuar estudando Cálculo a partir do conteúdo de Matemática do segundo curso de Cálculo, você vai precisar a partir deste momento de um complemento sobre “superfícies e curvas” dadas através de equações de três variáveis, tais assuntos são estudados em Geometria Analítica Espacial. Faça uma leitura atenciosa do texto “Superfície e Curva” (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.), que muito vai ampliar seus conhecimentos básicos. O problema das curvas do R3 é um pouco mais complexo que no R2, uma vez que se o parâmetro é eliminado nas equações paramétricas da curva, encontra-se uma ou duas equações cartesianas com três variáveis. Então pode ser afirmado que: ao se encontrar uma única equação cartesiana, com a eliminação do parâmetro, a curva está contida no gráfico da equação; quando se obtém duas equações cartesianas, 3 com a eliminação do parâmetro, a curva está na interseção dos gráficos das equações. Os exemplos a seguir, ilustram as duas situações. Exemplo Resolvido 2 Representar geometricamente a curva C parametrizada por g(u) = (a cos u, a sen u, bu) com a > 0, b > 0 e -∞ 0 existe um número real δ > 0, tal que: 0número real , portanto é um vetor com a mesma direção de e seu limite quando é o vetor . Por outro lado, se C é a curva definida por f, então o vetor tem origem e extremidade nas extremidades de e , respectivamente, isto é, está na direção da reta secante à curva C nas extremidades de e , logo também está na direção dessa reta secante. Como a posição limite da secante, quando , se existe, é tangente à curva C no ponto P onde , concluí-se que o vetor é tangente à curva C em P. Em geral, os vetores estão com a origem na origem do sistema de coordenadas, então a posição tangente de à curva C em P é obtida se for efetuada uma translação de para o ponto P. Clique aqui. CLIQUE AQUI A figura ilustra a curva C, alguns dos vetores mencionados na interpretação geométrica de f1 e o vetor fq(t) com a origem em P. Uma função vetorial f é dita derivável num valor, se f ' existe no valor. A função vetorial f é derivável num subconjunto I do seu domínio, se f é derivável em todos os valores de I e derivável se for derivável no seu domínio. A derivada de uma função vetorial pode ser dada em termos das coordenadas da função. Assim, se e , obtém-se ou seja, 8 se e são deriváveis. Analogamente, sendo tem-se se , e são deriváveis. Portanto, foi concluído: Uma função vetorial f é derivável se, e somente se, suas funções coordenadas são deriváveis; e neste caso, a derivada da função vetorial tem como coordenadas as derivadas das suas funções coordenadas correspondentes. EXEMPLO RESOLVIDO 1 Representar geometricamente o vetor tangente à curva definida por f(t) = (cos t , sen t) no ponto em que . SOLUÇÃO O vetor tangente em qualquer ponto da curva é dado por Logo, no ponto em que , ou seja, em , tem-se A curva definida por f é uma circunferência de centro em (0,0) e raio 1. Assim, na figura seguinte está a curva definida por f e o vetor tangente à curva no ponto P. Clique aqui. CLIQUE AQUI. Como já foi mencionado, o vetor tangente encontrado tem o ponto inicial na origem, assim sua representação geométrica tangente à circunferência é obtida através de uma translação para o ponto sobre a curva. 9 Exemplo Proposto 1 Mostrar que o vetor tangente à curva definida por f(t) = (sen t, cos t) no ponto em que está posicionado como na figura seguinte. Sejam f: A ⊂ R → Rn e g: B ⊂ R → Rn (n = 2,3, ...,r) funções vetoriais deriváveis e α uma função real derivável, então: 5. (Regra da Cadeia). Se α definida por t = α(u), então Du(foα)(u) = Dff(t)α'(u).. 1. Dt[f(t) ± g(t)] = Dtf(t) + Dtg(t) 2. Dt[α(t) f(t)] = α(t)Dtf(t) + α'(t)Dtf(t) 3. Dt[f(t) g(t)] = f(t) Dtg(t) + Dtf(t) g(t) 4. Dt[f(t) x g(t)] = f(t) x Dtg(t) + Dtf(t) x g(t) 5. (Regra da Cadeia). Se α definida por t = α(u) , então Du(foα)(u) = Dff(t)α'(u). COMO ILUSTRAÇÃO, A PROPRIEDADE (4) SERÁ DEMONSTRADA Sendo , somando e subtraindo , tem-se aplicando a propriedade distributiva do produto vetorial (dada em 0.5.2 – pág. 31), obtém-se dividindo ambos os membros por h e tomando o limite quando h tende a zero, acha-se O que conclui a demonstração. 10 Como a derivada de uma função vetorial pode ser obtida derivando as suas funções coordenadas, a propriedade (5) é uma consequência da regra da cadeia para funções reais, tratada no primeiro curso de Cálculo. A derivada segunda de uma função vetorial f é a função vetorial indicada e definida num valor t no domínio de f ' por desde que este limite exista. Em geral, a representação geométrica de f"(t) não tem uma posição particular em relação à curva definida por f, como acontece com f'(t); entretanto, se |f'(t)|tais que onde , assim Por outro lado, como f tem derivada contínua no intervalo [a,b], a função definida por é contínua em [a,b], logo o limite da soma onde quando tende a zero, existe e é dado por Portanto, para concluir a demonstração, basta provar que e têm o mesmo valor limite quando , ou seja, pode ser arbitrariamente pequeno para n suficientemente grande e suficientemente pequeno. 14 Mas sendo f ' contínua em [a,b], as funções são também contínuas em [a,b] logo uniformemente contínuas em [a,b] (conforme o teorema 2 do texto complementar indicado no final do tópico 3 da aula 3 de Matemática I), assim dado qualquer existe tal que para cada divisão de [a,b] na qual e cada e em ; também existe tal que para cada divisão de [a,b] na qual e cada em . Assim, para o dado, existe tal que para cada divisão de [a,b] na qual . Logo, tem-se Como é qualquer, este pode ser considerado arbitrariamente pequeno. O que conclui a demonstração. EXEMPLO RESOLVIDO 1 Calcular o comprimento do arco da hélice cilíndrica, definido por f(t) = (a cos t, a sen t, bt) com 0 ≤ t ≤ 2π. SOLUÇÃO Como f'(t) = ( -a sen t, a cos t, b) é contínua em [0, 2π], o comprimento do arco é então dado por 15 Exemplo Proposto 1. Mostrar que o comprimento do arco da curva definida por g(u) =(u cos u, u sen u, u) com , é igual a Seja C a curva definida por uma função f: A ⊂ R → Rn (n = 2, 3), onde f ' é contínua em todo valor de t no domínio de f. Considere Po um ponto fixo de C, correspondente a um valor to> e P um ponto qualquer de C correspondente a um valor t. Supondo que a distância de Po a P sobre C aumenta quando t cresce, a medida do comprimento do arco da curva C de Po a P, é uma função de t chamada função comprimento de arco e é definida por A curva C definida por uma função vetorial f é dita uma curva regular (ou então, que a função f é regular), se f possui derivada contínua e não nula em todo valor do seu domínio. Se C é uma curva regular, então é possível mudar o seu parâmetro t para o parâmetro comprimento de arco s. Para justificar tal fato, seja f regular, então sendo f ' contínua |f '| também é contínua, logo pelo lema do teorema fundamental do Cálculo (dado no tópico 1 da aula 2 de Matemática II), assim s é derivável e tem derivada positiva em todo valor de t no domínio de f, pois f é regular; daí s é uma função contínua e crescente, ou seja, s é invertível. Supondo que define a inversa de s, então a função vetorial g definida por também define a curva C. Observe que embora g e f definam a mesma curva C, g e f têm domínios distintos, o domínio de g é o intervalo [0,L] onde L é o comprimento de C desde que C tenha comprimento finito e o domínio de f é o correspondente a variação de t. Clique aqui. CLIQUE AQUI A figura mostra como é trocada a variável t da função que define a curva para a variável s da nova função que também define a curva. Diz-se que a curva C definida por g = f(h(s)), está parametrizada pelo comprimento de arco. Deve-se observar, por exemplo, que f(s) não é obtida de f (t) pela simples troca de t por s, mas de t por h(s). EXEMPLO RESOLVIDO 2 Parametrizar pelo comprimento de arco a circunferência definida por f(t) = (r cos t, r sen t). SOLUÇÃO 16 Como t = 0 está no domínio de f, pode-se considerar assim Sendo s = rt, a inversa de s é definida por . Assim, é a parametrização da circunferência pelo comprimento de arco. Exemplo Proposto 2. Provar que a parametrização pelo comprimento de arco da curva definida por O exemplo seguinte mostra que se uma curva C esta parametrizada pelo comprimento de arco, então o vetor tangente unitário coincide com a derivada da função que define C, o que não acontece quando o parâmetro de C não é o comprimento de arco. EXEMPLO RESOLVIDO 3 Seja C a curva definida pela função f (t) e f (s) a parametrização de C pelo comprimento de arco. Provar que f ' (s) é unitário e tangente a C. SOLUÇÃO Pela regra da cadeia (enunciada dada no tópico 1 da aula 6 de Matemática I) mas , logo isto é, f ' (s) é unitário. O fato de f ' (s) ser tangente a C, decorre da interpretação geométrica da definição de derivada. Exemplo Proposto 3. Considerando a curva C do exemplo anterior, mostrar que f ''(s) é normal a C em cada ponto. 17 ATIVIDADE DE PORTFÓLIO Vá ao exercitando (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) e resolva a quantidade máxima de exercícios que puder, individualmente ou em grupo. Os exercícios do exercitando: 2, 13 e 14 são os respectivos itens (a), (b) e (c) da questão 2; 21 e 23 são os respectivos itens (a) e (b) da questão 3 do trabalho desta aula a ser postado no Portfólio Individual do ambiente Solar. As questões 4 e 5 do trabalho serão indicadas no tópico seguinte desta aula. É exigido que o trabalho desta aula seja postado no Portfólio num único arquivo com extensão DOC ou manuscrito e escaneado, no período indicado na Agenda do ambiente Solar. 18 Cálculo Diferencial II Aula 02: Limite, Continuidade, Derivada, Comprimento de Arco e Vetores Unitários Tópico 03: Vetores Tangente e Normais Unitários O objetivo deste tópico é determinar um conjunto de vetores ortonormais, que ao serem transladados para um ponto de uma curva, apresentam certas particularidades em relação à curva; tais vetores são utilizados em Física no estudo do movimento de partículas, além de terem grande importância em estudos posteriores. ORTONORMAIS Os vetores A, B e C são ditos ortonormais, se eles são unitários e dois a dois ortogonais. Neste caso, qualquer vetor V do R3 pode ser escrito na forma V = (V . A)A + (V . B)B + (V . C) C. Pois sendo A, B e C ortonormais, o conjunto {A,B,C} é linearmente independente, logo qualquer vetor V do R3 pode ser escrito como combinação de A, B e C, sendo V = aA + bB + cC; então V.A = (aA + bB + cC)A = a(A . A) + b0 = c0 = a|A|2 = a analogamente b = V . B e C = V . C. Seja C uma curva do Rn (n = 2, 3) definida por f: A ⊂ R → Rn. Sendo P o ponto final do vetor f(t) (isto é, P é um ponto da curva C), então se f'(t) ≠ 0, o vetor f'(t) é tangente à curva C em P, assim o vetor é unitário e tangente a C em P. Evidentemente que em cada ponto de C onde existe um vetor tangente, há também dois vetores tangentes e unitários, mas o vetor T (t) é citado como o vetor tangente unitário de C em P. O vetor curvatura de C em P é definido por e o seu comprimento k(t) = |K(t)| é chamado a curvatura de C em P. A função curvatura definida por é uma função real da variável real t e em cada ponto P de C, dá uma medida da mudança de direção da curva C em P (isto é, dá uma medida do quanto a curva deixa de ser reta, numa vizinhança de cada um de seus pontos), a demonstração deste fato está no exemplo resolvido 3 deste tópico. Além disso, num ponto em que o vetor curvatura existe e é não nulo, sua representação está do lado em que a curva se fecha (isto é, do lado oposto em que localmente a reta tangente à curva nesse ponto se encontra), a prova está sugerida no exemplo proposto 3 deste tópico. O inverso da curvatura, dado por é chamado o raio de curvatura de C em P. Efetuando o produto escalar dos vetores K (t) e T (t), obtém-se K(t) . T(t) = 19 |f'(t)-1 [T(t) . T'(t)], como [T(t)] = 1, tem-se T'(t).T(t) = 0, daí o vetor curvatura e o vetor tangente unitário são ortogonais, isto é, o vetor curvatura é normal à curva C em P e o vetor é unitário e normal à curva C em P. Observe que substituindo o vetor curvatura e a curvatura, o vetor N(t) pode ainda ser dado por vetor N(t) é chamado o vetor normal unitário (ou ainda, o vetor principal) de C em P. Observe que sendo N(t) paralelo a K(t) e k(t) > 0, a representação do vetor N(t) é também do lado em que a curva se fecha.Clique aqui. CLIQUE AQUI A figura mostra a curva C juntamente com os vetores tangente T e normal N unitários com ponto inicial no ponto final def(t). Sendo C uma curva em R3, como os vetores T(t) e N(t) são unitários e ortogonais, obtém-se |T(t) x N(t) | = 1. Logo, o vetor T(t) x N(t) é unitário e da definição do produto vetorial, é ortogonal a T(t) e N(t). O vetor é chamado o vetor binormal unitário de C em P. LEITURA COMPLEMENTAR O conjunto dos vetores unitários e mutuamente ortogonais T(t), N(t) e B(t), são chamados o triedro de Frenet-Serret. Observe que (T(t), N(t), B(t)) é um terno positivo. TERNO POSITIVO Um terno (A,B,C) de vetores A, B e C do R3 é dito um terno positivo ou um terno negativo, conforme o produto misto ABC seja positivo ou negativo, respectivamente. Segue-se que sendo 20 (A,B,C) um terno positivo, então: os ternos (B,C,A) e (C,A,B) são positivos; e os ternos (A,C,B), (C,B,A) e (B,A,C) são negativos. Observe que (e1, e2, e3) é um terno positivo. Segue-se ainda que: (a) Se A e B são vetores linearmente independentes, então (A, B, A x B) é um terno positivo; (b) Sejam A, B e C vetores ortonormais tais que o terno (A,B,C) seja positivo, então A x B = C, B x C = A e C x A = B. Clique aqui NULLA MOLLIT EST ELIT. A figura mostra a curva C juntamente com os vetores tangente T e normais N e B unitários com ponto inicial no ponto P da curva. EXEMPLO RESOLVIDO 1 Encontrar o triedro de Frenet-Serret e o raio de curvatura da hélice cilíndrica definida no exemplo resolvido 2 do tópico 1 desta aula, num ponto qualquer. SOLUÇÃO Sendo tem-se assim e, consequentemente, é o vetor tangente unitário. Sendo então , o vetor curvatura é dado por daí a curvatura é 21 Logo, o vetor normal unitário é e o vetor binormal unitário é Como é a curvatura, o raio de curvatura é Observe que a função curvatura da hélice cilíndrica é uma função constante, isto é, a hélice cilíndrica se curva de forma constante ao longo de sua trajetória. Exemplo Proposto 1. Para a curva do exemplo proposto 2 do tópico da aula 01, mostrar que: O plano que contém o ponto P da curva C e é paralelo aos vetores T(t) e N(t) (isto é, o plano que contém P e tem B(t) como vetor normal), é chamado o plano osculador de C em P. Existem ainda, dois planos contendo o ponto P da curva C, a serem considerados: é o plano retificante de C em P paralelo aos vetores T(t) e B(t), e o plano normal de C em P paralelo aos vetores N(t) e B(t). A reta que contém o ponto P de C e é paralela ao vetor N(t), é chamada a reta normal principal de C em P. O ponto que está sobre esta reta normal, a uma distância igual ao raio de curvatura e do lado em que aponta o vetor N(t) é dito o centro de curvatura e C em P. A circunferência osculatriz de C em P é a circunferência no plano osculador de C em P, de centro no centro de curvatura e raio igual ao raio de curvatura de C em P. EXEMPLO RESOLVIDO 2 Determinar a circunferência osculatriz da curva definida por no ponto em que t = 0 e representar geometricamente a curva e a circunferência osculatriz. SOLUÇÃO Num ponto qualquer o vetor curvatura é 22 assim K(0) = (0, 1 e p(0) = 1. O ponto da curva correspondente a t = 0 é (0,0). Como K(0) = e2, o sentido do vetor N(0) é o sentido positivo do eixo Y, assim a circunferência osculatriz é a circunferência de centro em (0,1) e raio 1, logo de equação x2 + (y - 1)2 = 1. Observe que a curva definida por f é a parábola de equação no plano XY. Na figura seguinte aparecem a parábola e a circunferência osculatriz da parábola em (0,0).Clique aqui. CLIQUE AQUI Exemplo Proposto 2. Se C é a curva definida por g(t) = (t . t-1), provar que (x - 2)2 + (y - 2)2 = 2 é a equação da circunferência osculatriz de C no ponto (1,1) e que as representações geométricas de C e da circunferência estão na figura seguinte. Clique aqui. CLIQUE AQUI. EXEMPLO RESOLVIDO 3 Seja C a curva definida pela função f(t) e f(s) a parametrização de C pelo comprimento de arco. Provar que a curvatura é uma medida da mudança de direção de C. SOLUÇÃO Seja a curva C em R2. Como |T(s)| = 1 , tem-se T(s) = cos θe1 + sen θe2 onde 23 é a medida do ângulo determinado pelo lado positivo do eixo X e o vetor T(s) no sentido anti-horário Então Dθ T(s) = - sen θe1 + cos θe2, daí |Dθ T(s)| = 1; por outro lado, a regra da cadeia (dada no tópico 1 da aula 6 de Matemática I) estabelece que T'(s) = Dθ T(s) Dsθ, assim |T'(s)| = |Dsθ|. Mas da definição de curvatura dada neste tópico, tem-se , pois |f'(s) | = 1 da parte (a), portanto κ(s) = |Dsθ|. Como Dsθ é a taxa de variação de θ em relação a s (conforme visto no tópico 3 da aula 4 de Matemática I), segue-se a afirmação. Exemplo Proposto 3. Considerando a curva C do exemplo anterior, mostrar que a representação do vetor curvatura está do lado em que a curva se fecha. Sugestão: usando T(s) na forma do exemplo resolvido 3, verifique que N(s) ± DθT(s) conforme Dsθ seja > 0 oucomum usar x e y como variáveis independentes, assim resta z ser a variável dependente: três variáveis, normalmente se utiliza x, y e z como variáveis independentes, e w fica como variável dependente, por exemplo, . EXEMPLO RESOLVIDO 1 Achar o domínio das seguintes funções e ilustrar através de uma figura: 25 SOLUÇÃO ITEM (A) (a) O domínio de f é o conjunto dos pares ordenados (x,y) para os quais x - y ≥ 0, ou seja, x ≥ y. Logo, o domínio de f é o conjunto dos pontos que estão sobre e abaixo da reta y = x e está na figura seguinte. SOLUÇÃO ITEM (B) (b) Um par ordenado (x,y) está no domínio de g se x2 + y2 - 1 > 0, ou seja, se x2 + y2 > 1. Assim, o domínio de g é o conjunto dos pontos exteriores ao círculo de centro na origem e raio unitário. O domínio de g está na figura seguinte. SOLUÇÃO ITEM (C) (c) O domínio de h é o conjunto das triplas (x,y,z) tais que x - y ≠ 0, isto é, x ≠ y. Como y = 0 define um plano em R3, o domínio de h é o R3 menos os pontos deste plano. O domínio de h está ilustrado na seguinte. Exemplo Proposto 1 Mostrar que o domínio da função dada está na figura abaixo: 26 Uma função polinomial de duas variáveis f é uma função em que f(x,y) é uma soma de termos da forma amnxmyn, onde amn é um número real fixo e m e n são inteiros não negativos . O grau da função polinomial de variáveis x e y é o maior dos números dentre as somas dos expoentes de x e y em cada termo. O domínio de uma função polinomial de duas variáveis é o R2. Por exemplo, f(x, y) = 2x4y2 - x2y3 + x - y + 1 é uma função polinomial de grau seis. Uma função racional de duas variáveis g é definida por onde p e q são funções polinomiais de duas variáveis. O domínio de g é o conjunto dos pares (x,y) para os quais q(x, y) ≠ 0. Por exemplo, é uma função racional de duas variáveis e o domínio de g é o R2 menos os pontos das retas x=1 e y=-1. O gráfico G(f) de uma função f: A ⊂ Rm → R é o conjunto de todos os pontos (x1, x2, ..., xm, w) do Rm + 1 onde w = f(x1, x2, ..., xm) e (x1, x2, ..., xm ∈ A, isto é, Se uma equação nas variáveis x, y e z define uma função f, então o gráfico de f é também dito de uma superfície do R3. A representação geométrica do gráfico de f é a representação de todos os pontos (x, y, z) ∈ G(f) num sistema de coordenadas cartesianas ortogonais em R3; para efeito de simplificação, um esboço de tal representação geométrica será doravante mencionado como o gráfico de f ou superfície f. Cada par (x,y) no domínio de f, corresponde a um único valor de z na imagem de f, logo o gráfico de f não pode ser interceptado em mais de um ponto por alguma reta paralela ao eixo Z. Sejam f: A ⊂ Rm → R é e c um valor na imagem de f, então o conjunto dos pontos tais que f(P) = c, é chamado de conjunto de nível de f correspondente ao nível c. Se m = 2 e z = f(x,y), o conjunto de nível de f correspondente ao nível z = c, pode definir uma curva no plano XY de equação f(x,y) = c, quando isto acontece tal conjunto é chamado de curva de nível de f correspondente ao nível z = c; neste caso, observe que tal curva é a projeção no plano XY da curva de interseção do gráfico de f com o plano z = c. 27 Se m = 3 e w=f(x,y,z), é possível que o conjunto de nível de f correspondente ao nível w = c, defina uma superfície no R3 de equação f(x,y,z) = c, tal conjunto é chamado de superfície de nível de f correspondente ao nível w = c. Um método eficiente para visualizar geometricamente o gráfico de uma função real de duas variáveis, consiste no seguinte: considerando valores de c na imagem da função, obtêm-se curvas de níveis da função, que ao serem elevadas a c unidades ou abaixadas |c| unidades (conforme seja c > 0 ou c 0, tem-se 4x2 + y2 = 0 e 4x2 + y2 = c. Então, z = 0 corresponde a origem e as curvas de níveis de g correspondentes a z = c, são elipses com centro na origem e eixos sobre os eixos coordenados. Fazendo x = 0 e y = 0 na equação z = 4x2 + y2, obtém-se z = y2 e z = 4x2, respectivamente. Assim, as interseções do gráfico de g com os planos YZ e XZ, são as parábolas e . Portanto, o gráfico de g é o parabolóide elíptico que está na figura seguinte. O parabolóide pode também ser obtido, observando que a equação z = 4x2 + y2, é um caso particular da equação dada em Superfícies Quádricas que faz parte do texto "Superfície e Curva". SOLUÇÃO ITEM (C) (c) Seja z = y2 - x2, considerando z = 0 e z = c ≠ 0, tem-se y2 - x2 = 0 e y2 - x2 = c. Então, as curvas de níveis de h correspondentes a: z = 0, são as retas y = -x e y = x; z = c > 0, são hipérboles cujos eixos coincidem com o eixo Y; z = c 0 para que (x,y) esteja no domínio de j. Seja z = ln (x2 + y2), então z 1 se c > 0). Então, as curvas de níveis de j são circunferências de centro na origem. Assim, o gráfico de j é a superfície de revolução gerada pela revolução da curva em torno do eixo Z. O gráfico de j, encontra-se na figura seguinte. 30 Exemplo Proposto 2 Mostrar que o gráfico da função dada está na figura abaixo: É possível efetuar a composição de uma função real de várias variáveis com outras funções já definidas, como segue: (a) Se g: I ⊂ R → Rn e f: A ⊂ Rn → R, então f °g é definida por (f°g) = f(g(x)) e é uma função real de uma unidade variável real; (b) Se g: A ⊂ Rm → R e f: I ⊂ R → Rcurso de Cálculo. ATIVIDADE DE PORTFÓLIO Vá ao exercitando (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) e resolva a quantidade máxima de exercícios que puder, individualmente ou em grupo. Os exercícios 7, 8, 18, 25 e 32 do exercitando, são as respectivas questões 1 até 5 do trabalho desta aula a ser postado no Portfólio individual do ambiente Solar. É exigido que o trabalho desta aula seja postado no Portfólio num único arquivo com extensão DOC ou manuscrito e escaneado, no período indicado na Agenda do ambiente Solar. Fontes das Imagens 31 Cálculo Diferencial II Aula 04: Limite, Continuidade e Derivadas Parciais de Função Real de Várias Variáveis Tópico 01: Limite e Continuidade VERSÃO TEXTUAL No primeiro curso de Cálculo, estudou-se limites e continuidades de funções reais de uma variável, este tópico tem o objetivo de estender tal estudo para funções reais de várias variáveis. Inicialmente, serão vistos alguns pontos e conjuntos especiais necessários a formulação do conceito de limite e de outros conceitos ou resultados a serem tratados posteriormente. O conceito de distância entre dois pontos é generalizado da seguinte forma: sejam P(a1, a2, ..., am) e Q (b1, b2, ..., bm) pontos do Rm a distância entre P e Q, é indicada e dada por Se Po é um ponto do Rm e r é um número real positivo, a bola aberta de centro em Po e raio r, indicada por B(Po, r), é o conjunto dos pontos P do Rm tais que d(Po, P) 0 existe δ > 0 tal que Se 0 0 existe δ > 0 tal que EXEMPLO RESOLVIDO 1 Mostrar que: 34 SOLUÇÃO A Deve-se mostrar que para qualquer ε > 0 existe δ > 0 tal que 0 |x - 3y + 2 - (-5)| 0 existe δ > 0 tal que 0 |x2 + y2 - 5| - 1 |x + 1| - 1 |y - 2| |x2 + y2 - 5| 0, tomando δ = min. , tem-se 0 |x2 + y2 - 5|existem: SOLUÇÃO A (a) Sejam, por exemplo, S1 o conjunto dos pontos do eixo X e S2 o conjunto dos pontos do eixo Y. Como Y = 0 em S1 e X = 0 em S2, tem-se 36 e , assim o não existe. SOLUÇÃO B (b) Seja S1 o conjunto dos pontos do eixo X, então Seja o conjunto dos pontos do eixo Y, então Seja S3 o conjunto dos pontos da curva y = axr onde a ≠ 0 (se a = 0, S3 = S1) e r ≥ 1 (por exemplo, se r = 1, S3 é qualquer reta contendo a origem; se r = 2, S3 é uma parábola quadrática com vértice na origem, etc.), então Mesmo os S1 (i = 1,2,3) constituírem uma infinidade de conjuntos que têm origem como ponto de acumulação e tendo sido o limite sobre qualquer S1 igual a zero, não é possível concluir que o limite é zero (pois não está eliminada a possibilidade de que exista algum conjunto ≠S1 que tenha a origem com ponto de acumulação, onde o limite através seja diferente de zero). Então, deve-se tentar obter δ > 0 tal que 37 0 0. Tem-se mas assim EXEMPLO PROPOSTO 2 Seja Po um ponto no domínio de uma função f: A ⊂ Rm → R, diz-se que f é contínua em Po se . Se f não é contínua em Po, então f é dita descontínua em Po. EXEMPLO RESOLVIDO 3 Mostrar que a função é contínua em (0, 0). SOLUÇÃO Como f(0,0) = 0 por definição da função f, para verificar que f é contínua em (0,0), resta mostrar que f (x,y) = 0. Isto é, deve-se provar que dado qualquer ε > 0 existe δ > 0 tal que 0yo + k) então em B((xo, yo), r).Clique aqui. CLIQUE AQUI Logo, a função está definida para