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FACESM APOSTILA PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Prof. Me. Marcelo Dias Lopes DISCIPLINA: PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Caros alunos, Essa apostila foi confeccionada pelo Prof. Me. Marcelo Dias Lopes, tendo como umas das referências básica a obra Psicologia para Administradores: Razão e Emoção no Comportamento Organizacional, de José Osmir Fiorelli. O conteúdo presente nessa apostila se refere ao 1° bimestre lecionado. Bons estudos! 1 - INTRODUÇÃO Nos comportamentos das pessoas encontra-se a essência dos acontecimentos organizacionais. As relações interpessoais envolvem parceiros, superiores, subordinados, clientes, colegas, fornecedores, no incessante jogo de negócios. As pessoas encontram-se longe de seguir uma lógica estereotipada em suas ações. Elas surpreendem e subvertem, com inusitada frequência, as expectativas a respeito dos seus comportamentos. Por isso, compreendê-los, tanto quanto possível, apresenta grande interesse aos gestores, como forma de assegurar os melhores resultados operacionais. A Psicologia traz elementos úteis para enfrentar esse desafio QUESTÕES QUE PREOCUPAM O ADMINISTRADOR EM SUA MISSÃO DE OBTER OS MELHORES RESULTADOS POR MEIO DAS PESSOAS Razão e emoção conflitam entre si, complementam-se ou constituem faces opostas de uma mesma moeda? Trabalho em excesso provoca mesmo o estresse? Líderes são inatos, ou liderança não passa de um conjunto de técnicas de relacionamento, passíveis de aprender? Testes psicológicos constituem ferramentas úteis para selecionar pessoas? O trabalho em equipe é sempre produtivo e recomendável, ou apresenta limitações? Até que ponto pode-se alterar o comportamento de uma pessoa? Dentro de quais limites? As pessoas “são o que são” ou se modificam com o passar do tempo? Saltar de uma plataforma, exibindo coragem ou medo de altura para colegas e estranhos, contribui para que o executivo desenvolva a capacidade de enfrentar o desconhecido? PSIQUIATRIA, PSICANÁLISE E PSICOLOGIA Os três conceitos sugerem possíveis aplicações da Psicologia no apoio à Administração. PSIQUIATRIA: o É uma especialização da Medicina voltada para o tratamento do transtorno mental. o O psiquiatra é um médico e sua ação privilegia o cérebro, órgão que realiza as funções mentais. o Sua atuação se confunde muitas vezes com a de outros profissionais com o neurologista e o neurocirurgião o Você já deve ter presenciado ou ouvido relatos de situações assim: Um indivíduo tem escuta comprometida pela presença de tumor que pressiona a área cerebral responsável pela audição; Uma pessoa enfrenta dificuldade para organizar ideias, como resultado de um acidente vascular cerebral; Um indivíduo idoso passa a apresentar comportamento estranho a seus costumes habituais, diagnosticando-se Mal de Alzheimer. o Em todos os casos acima, modificações na estrutura física do cérebro, contribuem para afetar seu funcionamento. o O tratamento desses tipos de transtornos, em que ocorre funcionamento inadequado do cérebro, dependendo de sua natureza, pertence aos campos da Neurologia, da Neurocirurgia ou da Psiquiatria. o Por exemplo: a inflamação em condutores nervosos pode ser tratada por um neurologista; a extirpação de um tumor no cérebro pode ser realizada por um neurocirurgião; e a recomposição do equilíbrio de substância químicas que afetam o funcionamento cerebral pode ser objeto de trabalho do psiquiatra. o Caso exemplo: Jovem especialista em informática passou a apresentar sonolência profunda após o almoço; chagada a dormir reclinada sobre o teclado do computador. O gerente, desconhecedor da possibilidade do transtorno orgânico, atribui o sono excessivo maus hábitos (má higiene do sono) e ao tipo da alimentação da profissional. A jovem passou a receber seguidas orientações, do superior e dos colegas, a respeito de como dormir melhor e adquirir hábitos alimentares, e de comportamento, “mais saudáveis”, compatíveis com sua função. A situação evoluiu desfavoravelmente: sem os devidos cuidados ela foi a óbito. Entretanto, o comportamento da profissional refletia uma questão orgânica, que nem mesmo chegou a ser cogitada por um superior, colegas e familiares, que desconheciam ou desconsideravam essa possibilidade. Tratava-se de um tumor no cérebro. PSICANÁLISE: o A Psicanálise, iniciada com os trabalhos de Sigmund Freud, constitui em uma de suas acepções, um método de investigação que consiste essencialmente em evidenciar o significado inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginárias (...) de um sujeito (Laplanche e Pontalis, 1995:384) o A Psicanálise atua por meio de psicoterapia: o psicanalista escuta o paciente e, utilizando técnicas apropriadas, dá-lhe condições de reordenar suas ideias e, assim, chegar ao conhecimento da causa de seu desconforto. o Para a Psicanálise, acontecimentos ocultos (inconscientes) encontram-se na gênese dos conflitos intrapsíquicos, os quais produzem desconforto e manifestam-se na forma de sintomas (as queixas subjetivas apresentadas pelo paciente) e/ou sinais, observados pelo médico ou psicoterapeuta. o Enquanto sinais podem ser observados, por exemplo, por meio do comportamento do indivíduo, sintomas dependem de uma informação da pessoa para que deles se possa ter conhecimento. o Na cultura brasileira, é bastante comum que as pessoas, no ambiente de trabalho, relatem seus sintomas para supervisores e colegas (elas desabafam). o Caso exemplo: Bons professores de ensino fundamental, sensíveis administradores de sala de aula, são os primeiros a detectar: quando o aluno precisa utilizar óculos; a encaminhar ao psicopedagogo os que não conseguem concentrar-se no estudo; e a alertar pais de alunos a respeito do excesso de agressividade dos filhos. Na Organização, quando gerentes e supervisores abdicam da “observação de sinais” (afinal lidam com adultos) perdem oportunidades de obter ganhos de produtividade, conquistar a confiança de seus subordinados e melhorar a qualidade de vida no trabalho. O estilo de gestão também influencia. Quanto mais ela se realiza por meio de troca de informações automáticas, empregando facilidade de comunicação a distância (com a consequente redução do contato pessoal), tanto mais a observação de sinais fica prejudicada e reduzem-se as chances de o profissional relatar eventuais sintomas. As redes internas de comunicação e os métodos de controle remoto podem tornar escassas as interações entre profissionais e entre estes e seus superiores o O fundamento da Psicanálise é que, quando o sujeito fala e, por meio da fala, chega à origem do que causava o desconforto, este diminuirá. O sujeito melhora o conhecimento de si mesmo. Por isso, diz-se que na Psicanálise ele busca a verdade. PSICOLOGIA o Psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano e os processos mentais com o objetivo de “entender por que as pessoas pensam, sentem e agem da maneira que o fazem. o O aprofundamento da compreensão da complexidade do comportamento humano proporcionou o surgimento de diversas escolas de Psicologia. o Cada uma enfoca o comportamento humano de maneira diferente quanto à sua origem e as possibilidades de atual sobre ele. o Há psicólogos especializados em trabalhar com família, crianças, grupos de adolescentes, adultos, idosos, executivos, doentes, e, também com Organizações. o O psiquiatra e psicólogo Dr. César Skaf distingue com precisão: Da Psicologia, pode-se dizer que abraça a ética da Felicidade, enquanto a Psicanálise esposa a ética da Verdade. o Qualquer que seja a linha de pensamento utilizada, o psicólogo considera fatores estruturais e socioculturais que afetam o indivíduo e a Organização para a escolha da forma de abordagem e avaliação das possibilidades do trabalho. o Observem a importânciadesse cuidado: Os requisitos de comportamento de um executivo diferem substancialmente dos de um operário de linha de montagem, uma telefonista etc.; Pessoas que trabalham em Organizações estruturadas na forma de unidades de negócio apresentarão comportamentos diferentes dos observáveis em profissionais de igual formação e função, em outras estruturadas por células de produção ou linhas de montagem. O conceito de higiene varia de uma região para outra. Por exemplo, o estabelecimento de práticas de asseio, preconizada no programa “5S”, requer que considerem as percepções do público-alvo sobre esse conceito. o Caso exemplo: Uma Organização, por motivos ligados ao fornecimento de matéria-prima e ao escoamento da produção de origem animal estabeleceu uma Unidade de Produção em determinada região litorânea caracterizada por extensos alagadiços. A implementação de rígido programa de higiene e asseio tornou-se obrigatória. Os operários, em sua maioria, moravam em barracos e palafitas. A tentativa de promover essa transformação esbarrou na realidade socioeconômica. O fracasso inicial em preencher os rígidos requisitos desejados criou conflitos interpessoais ocasionados pela aparente intransponível distância entre o conceito local de higiene e o apresentado pelos profissionais oriundos de uma outra realidade. o Fatores socioculturais e questões ligadas a cada pessoa, aos grupos, aos processos, entre outros, facilitam ou constituem barreiras notáveis para promoção de mudanças comportamentais. o A Psicologia, enquanto ciência do comportamento, constitui um instrumento do Administrador nessa busca de contínuo aumento da eficiência dos processos e da melhoria da qualidade dos produtos e das condições de trabalho. 2 – USO DA PSICOLOGIA NA ADMINISTRAÇÃO 1. A convergência de objetivos entre a Psicologia e a Administração enseja possibilidades instigantes para: A. Promover ganhos de produtividade; B. Imprimir maior eficiência e eficácia na gestão de pessoas; C. Facilitar a promoção da qualidade de vida. Por meio da aplicação de suas práticas e conceitos em várias áreas de interesse, como sugerem os tópicos a seguir: A. Comportamentos da pessoas em diferentes situações de trabalho Conciliar características de pessoas e grupos aos requisitos das tarefas constitui um campo inesgotável para a Psicologia aplicada à Administração. Existem trabalhos caracterizados pela constante presença de desafios, aos quais as pessoa se submetem (querendo ou não) e a eles reagem de variadas maneiras. Nessas situações, busca-se vencer barreiras como o medo do desconhecido, o receio da avaliação de desempenho, o apego demasiado a cargos e funções etc. Algumas atividades impõem uma rotina rígida de acordo com padrões estabelecidos e pouco sujeitos a alterações a fim de assegurar precisão e produtividade, não se tolerando desvios aos procedimentos fixados. Nesses casos, a Psicologia contribui com técnicas de enriquecimento do trabalho, possibilitando às pessoas, dentro de certos limites, desenvolver a criatividade e/ou aumentar a capacidade de conviver com períodos de monotonia ou de excesso de estímulos. O conflito interpessoal pode emergir a qualquer momento em algumas atividades. Técnicas comportamentais e cognitivas contribuem para tornar os profissionais menos sensíveis a essas situações e com maior habilidade para gerenciá-las. Caso exemplo: Atendentes de um serviço de controle de inadimplência enfrentavam situações constrangedoras e conflituosas no relacionamento contínuo com os clientes. Estes, em geral, apresentam-se prontos para contestar as cobranças, muitas vezes de maneira explosiva, com esse tipo de serviço de atendimento. Resultado: havia ansiedade, descontentamento e rotatividade excessiva de pessoal. Um treinamento especializado, com base em técnicas comportamentais e cognitivas, possibilitou desenvolver comportamentos eficazes para dar conta da maior parte dessas situações com benefícios para atendentes e clientes. Por meio da aplicação de técnicas de comunicação de comprovada eficácia, os atendentes aprenderam a se ouvir e a conseguir acréscimo substancial do índice de conflitos solucionados amistosamente. A Organização saiu-se amplamente beneficiada pela redução do absenteísmo, da rotatividade do quadro e d tempo de ocupação dos circuitos do SAC, refletindo maior satisfação dos profissionais. B. Efeitos das condições de trabalho sobre o desempenho Os efeitos incluem questões ligadas à ergonomia e outras como a minimização das consequências de longos deslocamentos entre o trabalho e a moradia, períodos de esforços concentrado etc. Não se trata do trabalho em si, mas das condições para que ele seja realizado. Caso exemplo: Um grande organização precisou deslocar um grupo de profissionais experientes para local distante da sede, para atuar em uma nova divisão, instalada por motivos econômicos e estratégicos. O isolamento transformou-se em diferencial negativo: a área, aos olhos dos profissionais, tornou-se uma espécie de gueto, um local de punição, o que ocasionou grandes dificuldades para fixar o quadro e obter produtividade. A reversão dessa situação demandou grande esforço gerencial e significativa aplicação de recursos para compensar os aspectos emocionais relacionados à imagem desse local de trabalho junto aos profissionais. Para isso, foi de grande valia a intenção utilização de redes de comunicação interna, como alternativa para substituir, na medida do possível, o contato físico pelo visual. C. Aspectos psicológicos relacionados com seleção e desenvolvimento de pessoas Diz respeito aos candidatos a colocações cujo estado emocional apresenta-se alterado no momento da seleção. Aplica-se também aos profissionais nos processos internos de seleção, em que há competição por novas oportunidades, e Aplica-se também aos profissionais responsáveis por essas atividades. Toda pessoa que participa de algum tipo de seleção apresenta, em algum grau, uma reação emocional a ser considerada, que afeta os comportamentos do indivíduo e acarreta consequências cognitivas diversas, dependendo de como ele reage aos estímulos. Caso exemplo: Em uma loja de departamento, o gerente observou que se contratavam apenas mulheres loiras para as atividades de atendimento ao público (SAC). Constatou-se que o responsável pela seleção deixava-se influenciar por sua preferência pessoal. Esse comportamento encarecia o processo e tornava a Organização vulnerável a acusações de preconceito e favorecimento. Confrontado com essa realidade, o profissional demonstrou surpresa! Mecanismos psicológicos inconscientes reduziam a sua percepção para a deficiência de candidatas com essa característica, justificando, assim, as escolhas. D. Relações interpessoais no ambiente de trabalho As ações no ambiente de trabalho produzem consequências no campo das relações interpessoais. Desenvolvimento de lideranças, habilidade para dar e receber feedback e aumento da disposição para o trabalho cooperativo constituem inesgotáveis fontes de aumento de produtividade e motivação, aplicáveis a todas as Organizações. Caso exemplo: Uma organização com serviço de rádiochamada contratou a assessoria de um psicólogo para melhorar o trabalho de recepção das ligações, considerado o coração do serviço. Buscavam-se frases e comportamentos capazes de aumentar a produtividade e melhorar as relações com os clientes. O psicólogo concluiu em seu diagnóstico que: menos de 20% das situações indesejadas (relatadas pela supervisão) originavam-se na recepção das ligações 80% delas provinham de relacionamento interpessoal entre o profissional prestador de serviço em campo (taxista) e o cliente. A falta diálogo interno conduziu a um deslocamento da percepçãosobre as causas raízes dos conflitos: do influente grupo de profissionais taxistas para os recepcionistas das ligações. Para chegar a essa conclusão, o psicólogo realizou um levantamento estatístico, baseado em dados. A avaliação do jogo de poder possibilitou recomendar uma ação prioritária de melhoria no relacionamento interpessoal, envolvendo as equipes de campo e de recepção de chamadas. O passo inicial foi promover eventos simples e eficientes, em que os integrantes dos dois grupos pudessem conhecer uns aos outros e interagir pessoalmente. E. Questões ligadas a liderança, motivação e trabalho em equipe Os temas de liderança, motivação e trabalho em equipe encontram- se entre os mais estudados em Psicologia Organizacional. São temas sempre atuais porque: as pessoas se transformam; as formas de trabalhar ajustam-se às mudanças sociais e tecnológicas; e a maneira como os indivíduos relacionam-se uns com os outros adapta-se a essas modificações de natureza sociotécnica 3 – FUNÇÕES MENTAIS SUPERIORES • O conhecimento dos princípios que regem o funcionamento das principais funções mentais superiores constitui a base para o estudo do comportamento humano. • Funções mentais superiores: sensação, percepção, atenção, memória, linguagem pensamento e emoção. • Com as funções mentais superiores os indivíduos desenvolvem visões sobre si mesmos e do mundo que os rodeia, por meio de complexos mecanismos cuja compreensão a ciência começa a desenvolver. • Os temas acima, referente às funções mentais superiores serão trabalhados por meio de apresentações em equipes. • As funções mentais superiores interligam-se e ocorrem simultaneamente. • A percepção depende da sensação para existir e requer a atenção e a memória para recuperar informações anteriores e compará-las com as novas. • A comparação requer pensamentos que a realizem; estes se vinculam à linguagem, e assim sucessivamente. • A emoção afeta a todos. • O conteúdo dos temas referentes a funções mentais superiores, apresentados em sala de aula, serão disponibilizados por cada equipe a toda sala do forma completar essa apostila.