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U01 - Dietoterapia e Fisiopatologia Hospitalar - Conteúdo (1)

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Dietoterapia e 
fisiopatologia 
hospitalar
Graduação
 
Copyright © 2023 Delinea Tecnologia Educacional
3
Introdução
As doenças que afetam a cavidade oral podem causar disfagia, além de refluxo 
gastroesofágico. As alterações que podem prejudicar a cavidade oral incluem câncer 
de boca, doenças que afetam o sistema imune e doenças crônicas mal controladas. 
O tratamento do câncer de boca pode requerer ressecção cirúrgica do tumor ou 
tratamentos com radiação local. Nesses casos, é importante que sejam observados 
sinais e sintomas que possam comprometer a alimentação, podendo ser necessário 
alterar a consistência da dieta ou da temperatura, além de modificar alimentos que 
possam causar desconforto, ou utilizar outras vias de alimentação, como sondas 
enterais ou gastrostomias. Assim, o manejo nutricional torna-se importante, uma 
vez que, em todas essas possibilidades, o estado nutricional pode ser gravemente 
afetado, repercutindo na piora do tratamento, bem como em hospitalizações e 
complicações do estado geral de saúde. A redução da ingesta alimentar ou do alcance 
das necessidades nutricionais podem causar perda de peso e força muscular, além 
de desnutrição e anorexia severa. 
Objetivos da aprendizagem
• Compreender que as alterações na cavidade oral podem causar impacto 
nutricional.
• Entender que as alterações no esôfago podem causar impacto nutricional.
Doenças da cavidade 
oral e esôfago
Palavras-chave: nutrição, câncer, refluxo, disfagia, dietoterapia. 
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
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Doenças da cavidade oral e do esôfago
A digestão de alimentos inicia na cavidade oral, na qual os dentes trituram os 
alimentos em pedaços pequenos, e a saliva umidifica e transforma esse alimento 
em bolo alimentar, sendo produzida por meio das glândulas salivares. Na boca, 
a ptialina inicia a digestão do amido que, logo, é interrompida quando entra em 
contato com o conteúdo ácido no estômago. Há também o muco, uma proteína 
que lubrifica e une o bolo alimentar, para que este seja melhor engolido. Algumas 
secreções orofaríngeas apresentam a lipase, iniciando a digestão de lipídios ainda 
na boca (Mahan; Escott-Strump, 2010).
A partir disso, o bolo alimentar passa pela faringe por meio do controle voluntário. 
No entanto, após essa fase, o processo de deglutição e digestão torna-se involuntário 
ao chegar no esôfago através da peristalse, que tem a capacidade de deslocar o 
alimento de maneira rápida até chegar ao estômago (Mahan; Escott-Strump, 2010). 
A saúde e o bem-estar do corpo humano dependem de um sistema gastrointestinal 
saudável e funcionante. Quando existem alterações ou doenças na cavidade oral ou 
no esôfago, é inevitável que a alimentação, a digestão, o apetite e o paladar não sejam 
afetados, interferindo, assim, no estado nutricional do indivíduo. A seguir veremos 
algumas das doenças mais comuns que podem afetar a cavidade oral e o esôfago. 
Cavidade oral
Fonte: ©alila/123RF, Plataforma Deduca (2024).
#ParaTodosVerem: há duas ilustrações: à esquerda, o recorte anatômico de um perfil 
humano com enfoque na cavidade oral; à direita, uma boca aberta com língua e arcada 
dentária superior e inferior íntegras.
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As doenças da cavidade oral estão, em grande parte, relacionadas ao câncer. 
No entanto, outras doenças ocasionadas, como diabetes mellitus, infecção pelo 
vírus da imunodeficiência humana, do inglês Human Immunodeficiency Virus (HIV) 
e síndrome da imunodeficiência adquirida, do inglês Acquired Immunodeficiency 
Syndrome (Aids) e infecções fúngicas, podem causar alterações como as gengivites 
e candidíases orais que prejudicam a alimentação e a nutrição. O câncer na 
cavidade oral pode afetar os lábios, a mucosa, as gengivas, o céu da boca e a 
língua, causando feridas com dificuldade maior de cicatrização, além de ocasionar 
manchas avermelhadas ou esbranquiçadas (Goldman; Schaefer 2014). 
Cavidade oral 
A forma de alimentação e nutrição estão relacionadas diretamente ao 
desenvolvimento dental, à força óssea, à preservação e ao cuidado com a 
gengiva e mucosa, além de prevenir e manejar doenças da cavidade oral.
Alterações da cavidade oral
Uma vez que o estado da cavidade oral é alterado, é estabelecida uma 
relação entre a capacidade ou forma de um indivíduo consumir os alimentos, 
modificando a forma e a consistência destes, prejudicando, assim, a nutrição 
e o estado nutricional (Mahan; Escott-Strump, 2010). 
Doenças crônicas como o diabetes mellitus, quando insatisfatoriamente 
controladas, podem ocasionar diversas alterações orais, como xerostomia, 
candidíase, síndrome de ardência bucal e doenças periodontais. Ainda, afetando 
diretamente o controle da glicemia, já que a capacidade de consumo dos alimentos 
pode sofrer um impacto negativo, podendo causar piora progressiva da doença e 
dos sintomas (Mahan; Escott-Strump, 2010).
As infecções fúngicas, que, na maioria das vezes, podem ser causadas por 
imunossupressão, acarretam sintomas como queimações, dores na cavidade oral 
e disfagia. Nesse caso, algumas úlceras também podem acompanhar as infecções, 
reduzindo a capacidade de ingestão de alimentos. Além disso, as infecções por 
HIV e Aids podem desenvolver manifestações orais como estomatite, xerostomia 
e sarcoma de Kaposi, causadas frequentemente por reações do sistema imune 
quando comprometido, desnutrição e efeitos gastrointestinais da infecção do HIV 
(Mahan; Escott-Strump, 2010).
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Alterações orais: infecções fúngicas
Infecções 
fúngicas
Doenças que 
afetam o 
sistema 
imune
ÚlcerasHIV e Aids
Fonte: adaptado de Mahan e Escott-Strump (2010).
As causas mais frequentes para o desenvolvimento de câncer na cavidade oral 
estão relacionadas ao uso abusivo de tabaco e bebidas alcoólicas. Há também 
outros fatores ambientais que podem contribuir para o desenvolvimento de 
neoplasias, como exposição a radiações, refino de metais, exaustão de diesel, fogão 
à lenha, asbesto, irritantes crônicos, deficiência de vitamina A e imunossupressão 
(Goldman; Schaefer 2014).
Alguns vírus, como o do papilomavírus humano, do inglês Human Papiloma Virus 
(HPV), são cancerígenos e responsáveis pelo aumento da incidência de câncer 
nesta região, apresentando um índice de cerca de 65% dos tumores de orofaringe 
(Goldman; Schaefer 2014).
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Vírus
Fonte: Plataforma Deduca (2024).
#ParaTodosVerem: imagem com fundo azul e enfoque em uma colônia de vírus, com o 
formato arredondado e algumas antenas ao redor.
No entanto, não somente as neoplasias localizadas na boca podem afetar a 
integridade desta cavidade, os tratamentos para diversos tipos de cânceres 
como quimioterapia, radioterapia na região de cabeça pescoço, medicamentos e 
cirurgias na cavidade oral podem causar manifestações orais e na capacidade de 
alimentação do paciente (Mahan; Escott-Strump, 2010).
 
Causas de câncer na cavidade oral: 
álcool e tabaco 
O uso abusivo de drogas como o tabaco e o 
álcool torna-se cancerígeno, gerando tumores 
sólidos em todas as superfícies da boca. 
Cigarro
Fonte: ©macrovetor, Freepik (2024). 
#ParaTodosVerem: ilustração de um cigarro na cor branca, com a ponta acesa soltando fumaça 
para cima. 
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HPV
A infecção do vírus é sexualmente transmissível, 
do inglês Sexually Transmitted Disease (DST). 
Além de causar câncer na região da boca, 
podem surgir tumores no colo do útero. 
Vírus
Fonte: ©eraxion/123RF, Plataforma Deduca (2024). 
#ParaTodosVerem: ilustração de vírus na cor verde, em formato arredondado, ligados a antenas. 
Os principais tipos de câncer que acometem a cavidade oral fazem parte daqueles 
classificados por câncer de cabeça e pescoço, ou seja, podem estar localizados nessas 
duas regiões, incluindo boca, faringe, laringe, garganta e esôfago. Os mais comuns 
são os carcinomas de células escamosas, que têm origem por meio de superfícies 
mucosasDietoterapia e fisiopatologia hospitalar
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A recomendação é que a consistência da dieta inicial seja branda e hipolipídica 
(menos de 30% do valor energético total – VET), aumentando o fracionamento 
para seis refeições ao dia. Em casos de a via oral ser contraindicada, deve ser 
iniciada a nutrição enteral em até 72 horas, utilizando fórmulas poliméricas e 
semielementares (Arvanitakis et al., 2020). 
Nos casos de pancreatite aguda grave, a via oral não é recomendada, e a nutrição 
enteral deve ser iniciada assim que garantida a estabilidade hemodinâmica. A 
nutrição enteral deve ser iniciada de forma trófica, progredindo de acordo com 
tolerância. Deve ser descontinuada a nutrição enteral em casos de aumento da 
pressão intra-abdominal (PII). A recomendação é a seguinte, para energia: 25 a 
35 kcal/kg peso ideal/dia; para proteína: de 1,2 a 1,5 g/kg peso ideal/dia; e para 
lipídios: até 2 g/kg/dia (Arvanitakis et al., 2020). 
Energia 
25 a 35 kcal/kg peso ideal/dia.
Proteínas 
1,2 a 1,5 g/kg peso ideal/dia. 
Lipídios
até 2 g/kg/dia.
Pancreatite crônica 
A pancreatite crônica é caracterizada por danos irreversíveis ao pâncreas, levando 
à fibrose e à perda das funções dos tecidos exócrinos, como as células acinares, e 
dos tecidos endócrinos, como as ilhotas de Langerhans. Existem diferentes tipos de 
pancreatite crônica, incluindo pancreatite por calcificação, geralmente decorrente 
do consumo excessivo de álcool; pancreatite por obstrução pancreática, causada 
pela obstrução prolongada dos ductos pancreáticos devido a condições como 
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neoplasias, traumas e estenoses; e pancreatite por inflamação, associada a 
doenças autoimunes (Silva, 2011). 
Dor abdominal
Fonte: ©nattnukhanka, Freepik (2024).
#ParaTodosVerem: imagem do abdome de um homem vestindo camiseta branca. Ele 
está com as duas mãos apoiadas no abdome.
Os principais sintomas da pancreatite crônica são dor abdominal, diarreia, perda de 
peso involuntária, vômitos e esteatorreia. Os níveis de amilase e lipase costumam 
subir em manifestações agudas da doença. Para identificar o quanto a doença 
está avançada, é possível realizar a pesquisa de gordura nas fezes: uma coleta de 
fezes por 72 horas associada à ingestão de 100 g de gordura por dia (Silva, 2011). 
Além disso, pode ocorrer diabetes mellitus, já que as células que produzem insulina 
são prejudicadas e, com a progressão da doença, pode ocorrer a azotorreia 
(aumento da quantidade de matéria nitrogenosa na urina ou nas fezes). Todas 
essas complicações causam deficiências nutricionais, principalmente de vitaminas 
lipossolúveis, assim como de tiamina, cálcio, magnésio e zinco (Silva, 2011).
Dessa forma, realizar uma avaliação nutricional acurada e que realize o diagnóstico 
do estado nutricional desses pacientes é fundamental. O diagnóstico não pode ser 
baseado somente no IMC ou no peso corporal, pois não é capaz de identificar 
casos de sarcopenia em obesos, por exemplo (Arvanitakis et al., 2020). 
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Pancreatite crônica: sintomas 
Dor abdominal, diarreia, perda de peso 
involuntária, vômitos e esteatorreia.
Náuseas e vômitos
Fonte: ©racool_studio, Freepik (2024). 
#ParaTodosVerem: imagem de uma mulher jovem vestindo roupa rosa com a mão direita sobre o 
abdome e a mão esquerda na boca, com expressão facial de dor.
Pancreatite crônica: complicações
Diabetes mellitus, azotorreia e deficiências 
nutricionais.
Controle glicose
Fonte: ©marketlan, Freepik (2024). 
#ParaTodosVerem: imagem de uma mão masculina apoiada sobre uma superfície. Na ponta do 
dedo médio, uma gota de sangue encostada em uma fita ligada ao aparelho que verifica o valor 
da glicose.
O objetivo da terapia nutricional do paciente com pancreatite crônica é controlar 
a má-absorção e melhorar a condição nutricional do paciente, evitando, assim, a 
desnutrição proteico-energética. A diminuição da dor também deve ser um objetivo, 
por meio da diminuição da estimulação do pâncreas exócrino. A pancreatite 
crônica idiopática é frequentemente associada a uma mutação do gene de fibrose 
cística, e terapias voltadas à fibrose cística podem beneficiar os pacientes (SBNPE, 
2011a; Arvanitakis et al., 2020). 
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Recomenda-se que seja ofertada uma alimentação por via oral, preferencialmente 
em consistência normal, de forma balanceada e não restritiva. Ela deve ser 
hipercalórica e hiperproteica (se paciente desnutrido) e normolipídica, pois não há 
recomendações em restringir os lipídios da dieta, exceto em casos de esteatorreia 
não controlada. Com um fracionamento aumentado seis vezes ao dia, alimentos 
ricos em fibras devem ser evitados (pelo aumento de flatulência, bolo fecal e perda 
de gordura, podendo inibir a reposição de enzimas pancreáticas). No entanto, 
é necessário avaliar a tolerância individual, pois muitos pacientes têm diabetes 
mellitus e, nesse caso, as fibras seriam benéficas (Arvanitakisp et al., 2020). 
Paciente comendo
Fonte: ©freepik, Freepik (2024).
#ParaTodosVerem: imagem de um paciente sentado, com vista de perfil, apoiado em 
uma mesa com frutas e uma sopa, segurando uma colher.
As recomendações nutricionais de energia são de 30 a 35 kcal/kg/dia e, em casos 
de desnutrição grave, iniciar com 20 kcal/kg/dia com progressão (evitando a 
síndrome de realimentação). Para proteínas, a recomendação é de 1 a 1,5 g/kg/
dia para os lipídios: > 30% do VET de lipídios (se bem tolerado) ou 20% do VET de 
lipídios + triglicerídeos de cadeia média (TCM) quando não houver ganho de peso 
e esteatorreia; e 0,7 a 1 g/kg/d de lipídios (hipolipídica) (Arvanitakis et al., 2020).
Energia 
30 a 35 kcal/kg/dia e, em casos de desnutrição grave, iniciar com 20 kcal/kg/
dia com progressão. 
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Proteínas 
1 a 1,5 g/kg/dia.
Lipídios
> 30% do VET de lipídios (se bem tolerado) ou 20% do VET de lipídios + TCM 
quando não houver ganho de peso e esteatorreia; e 0,7 a 1 g/kg/dia.
A suplementação enzimática deve ser realizada quando há insuficiência do 
pâncreas exócrino, sendo diagnosticada por meio de exames laboratoriais e/
ou sinais e sintomas como esteatorreia, flatulência, dispepsia, cólicas, inchaço 
abdominal e urgência em evacuar. Muitas vezes, a esteatorreia pode não ser notada, 
e a suplementação pode iniciar em casos de perda de peso, hipoalbuminemia, 
diminuição de magnésio, pré-albumina, colinesterase e proteína ligadora de 
retinol. Essa suplementação deve ser feita em refeições que contenham gorduras, 
podendo ser ingerida durante ou após as refeições (Arvanitakis et al., 2020). 
Dica de leitura
A pancreatite crônica é uma síndrome desenvolvida a partir de anor-
malidades funcionais do pâncreas, resultando em fibrose e atrofia 
glandular. Dessa forma, consequentemente, há inflamação aguda e 
crônica. Para entender mais sobre o assunto, leia o artigo “Pancreatite 
crônica: revisão de literatura”.
Disponível em: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/
view/11024/6484
 https://www.researchgate.net/publication/351764732_Periodizacao_da_Antiguidade_contribuicao_de_Clau
https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/11024/6484
https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/11024/6484
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Conclusão
O pâncreas é uma glândula que tem localização abdominal, e desempenha funções 
exócrinas e endócrinas fundamentais para o organismo. Tem de 15 a 25 centímetros 
de extensão e faz parte do sistema digestivo. O surgimento de doenças agudas ou 
crônicas, como as pancreatites, pode prejudicar o funcionamento e os mecanismos 
relacionados às referidas funções, ocasionando diversos impactos na saúde e no 
estado nutricional do paciente. As manifestações agudas e crônicas dessas doenças 
requerem atenção especial ao estado nutricional e aos cuidados com a alimentação. 
No caso de pancreatites agudas, é fundamental avaliar o grau da doença, aplicaro tratamento necessário e ajustar a dietoterapia conforme a avaliação, a fim de 
respeitar sintomas como dor e desconforto abdominal, com o retorno gradual da 
alimentação oral. Na pancreatite crônica, mudanças definitivas em hábitos de vida e 
alimentares devem ser feitas. Portanto, adaptar a dieta é primordial para melhorar 
progressivamente os sinais e os sintomas das doenças pancreáticas. A eliminação do 
consumo abusivo de álcool, a adoção de hábitos alimentares saudáveis e a redução 
do consumo de alimentos ricos em gordura pode melhorar os sintomas e prevenir 
novas crises agudas em casos de pancreatite crônica.
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Referências
Básicas
GOLDMAN, L.; SCHAFER, A. I. Goldman Cecil Medicina. 24. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2014.
MARTINS, C.; SAEKI, S. L. Interação fármaco x nutrientes. 3. ed. Curitiba: Nutroclínica, 
2013.
SILVA, S. M. C. S. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Roca, 2011.
Complementares
ARVANITAKIS, M. et al. ESPEN guideline on clinical nutrition in acute and chronic 
pancreatitis. Clinical Nutrition, [S.I.], v. 39, n. 3, p. 612-631, 2020.
CALIXTO-LIMA, L.; REIS, N. T. Interpretação de exames laboratoriais aplicados à 
nutrição clínica. Rio de Janeiro: Rubio, 2012.
CARDOSO, S. P.; MARTINS, C. Interação droga-nutriente. Curitiba: Nutroclínica, 2002.
COUSINS, R. J.; ROSS, A. C. Tratado de nutrição moderna na saúde e na doença. 
10. ed. Barueri: Manole, 2009.
DUARTE, A. C. G. Semiologia imunológica nutricional. Rio de Janeiro: Axcel Books 
do Brasil Editora Ltda., 2003.
MAHAN, L. K.; ESCOTT-STRUMP, S. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 12. 
ed. São Paulo: Rocca, 2010.
MARQUES NETO, M. R. Pancreatite crônica: revisão de literatura. Revista Eletrônica 
Acervo Saúde, São Paulo, v. 15, n. 9, p. 1-7, 2022.
MORENO, A. C. et al. Pancreatite de sulco: uma breve revisão de literatura. Revista 
Brasileira de Pesquisa em Saúde, Vitória, v. 25, n. 2, p. 72-79, 2023.
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SOCIEDADE BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO PARENTERAL E ENTERAL (SBNPE). 
Associação Brasileira de Nutrologia. Terapia nutricional na pancreatite crônica. 
2011a. Disponível em: https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/terapia_
nutricional_na_pancreatite_cronica.pdf. Acesso em: 18 fev. 2024.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO PARENTERAL E ENTERAL (SBNPE). 
Sociedade Brasileira de Clínica Médica. Associação Brasileira de Nutrologia. 
Terapia nutricional na pancreatite aguda. 2011b. Disponível em: https://amb.
org.br/files/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_na_pancreatite_aguda.
pdf. Acesso em: 18 fev. 2024.
VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Rubio, 2014.
https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_na_pancreatite_cronica.pdf
https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_na_pancreatite_cronica.pdf
https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_na_pancreatite_aguda.pdf
https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_na_pancreatite_aguda.pdf
https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_na_pancreatite_aguda.pdf
	_Hlk160529165
	_Hlk159115942do sistema digestivo superior e, também, por um grupo abrangente de 
neoplasias das glândulas salivares. No entanto, outros tipos podem ser desenvolvidos 
na cavidade oral, como linfomas e sarcomas (Goldman; Schaefer 2014). 
Quando o câncer tem origem na cavidade oral, algumas das alterações mais 
comuns são odinofagia secundária à massa tumoral, disfagia, obstruções, 
infecções na boca e ulcerações. Com tantas possibilidades, e outras complicações 
secundárias, o déficit da ingestão de alimentos acontece, levando à perda de 
peso e a complicações comuns em pacientes com câncer, como a desnutrição e a 
caquexia. Ademais, o tratamento pode agravar ainda mais a situação nutricional, 
uma vez que pode ser necessário realizar ressecção cirúrgica do tumor, passando 
por radioterapia ou quimioterapia. Esta tem como efeitos adversos náuseas, 
vômitos e anorexia, complicando ainda mais a ingestão de alimentos. Outros 
fatores como mastigação, deglutição, salivação e alteração do paladar podem 
contribuir para o agravo do quadro nutricional (Mahan; Escott-Strump, 2010). 
Dessa forma, torna-se indispensável o papel da nutrição em casos de alimentação 
prejudicada por qualquer que seja a lesão ou doença na cavidade oral. Nesses casos, 
é recomendado que as escolhas dos alimentos sejam observadas, uma vez que a 
capacidade de mastigar e engolir determinados alimentos pode ser desconfortável ou 
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impossível. Bebidas alcoólicas devem ser evitadas, assim como alimentos que possam 
causar dor ou desconforto no momento da alimentação. Alterar a consistência de 
determinados alimentos pode ser uma estratégia para melhorar a aceitação, visto 
que alimentos muito duros ou secos podem prejudicar a alimentação (Silva, 2011).
Alimentação
Fonte: ©stockking, Freepik (2024).
#ParaTodosVerem: imagem da vista lateral de uma mulher com suéter preto tomando 
uma sopa, segurando a colher em uma mão e um livro aberto na outra.
Outra estratégia é que os alimentos sejam consumidos em temperaturas frias 
ou mornas, evitando extremidades. É preciso evitar alimentos que possam irritar 
o estômago, como comidas muito condimentadas, pimentas, sal e açúcar em 
excesso, além de comidas muito ácidas ou cítricas. Em alguns casos de obstruções 
ou pós-cirúrgico, pode ser necessária a utilização de sondas nasoenterais ou 
gastroplastias, como escolha de via de alimentação do paciente, evitando, assim, 
prejuízos nutricionais (Mahan; Escott-Strump, 2010). 
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Saiba mais
O câncer de cabeça e pescoço afeta diretamente as principais áreas de 
alimentação. Para saber mais sobre o assunto, confira o artigo “Impacto 
da terapia nutricional em pacientes com câncer de cabeça e pescoço com 
desnutrição: uma revisão sistemática”.
Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/cmbio/article/
view/34959/24807
O esôfago é um órgão em formato tubular que faz parte do trato gastrointestinal 
(TGI) superior, ligando a cavidade oral ao estômago. A deglutição dos alimentos 
é realizada por meio de movimentos peristálticos involuntários: o bolo alimentar 
é movimentado após a passagem pelo esfíncter superior; depois de percorrer o 
esôfago, o esfíncter esofágico inferior é acionado e relaxa, possibilitando que o 
bolo alimentar chegue ao estômago (Mahan; Escott-Strump, 2010). 
Esôfago
Fonte: ©brgfx, Freepik (2024).
#ParaTodosVerem: ilustração anatômica do sistema digestivo completo, incluindo ca-
vidade oral, esôfago, estômago, fígado, apêndice, vesícula, intestino delgado, intestino 
grosso e reto.
https://periodicos.ufba.br/index.php/cmbio/article/view/34959/24807
https://periodicos.ufba.br/index.php/cmbio/article/view/34959/24807
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O esôfago, quando íntegro e funcional, tem defesas sobre a ação do ácido gástrico. 
No entanto, quando há alguma disfuncionalidade, é possível que ocorram doenças 
como disfagia e refluxo gastroesofágico. A disfagia é a dificuldade de deglutição, 
e pode ser originada por lesões do sistema nervoso central ou periférico, câncer, 
tumores benignos e alguns distúrbios da motilidade do esôfago ou do esfíncter 
esofágico inferior (Goldman; Schaefer 2014).
Ainda, o tratamento deve ser realizado em conjunto com a medicina, a nutrição 
e a fonoaudiologia. É importante que seja estabelecida a consistência correta dos 
alimentos de acordo com o grau da disfagia e, em casos de dietas líquidas ou 
pastosas que não consigam atingir as necessidades nutricionais, deve-se considerar 
dietas hiperproteicas e hipercalóricas, bem como o uso de suplementos. Em casos 
de contraindicação da via oral para a alimentação, devem ser consideradas outras 
vias para o paciente, evitando acidentes como engasgos por broncoaspiração e 
evoluções para pneumonias (Vitolo, 2014). 
Dica de leitura
A disfagia é a incapacidade de engolir, sendo um processo fisiológico e 
voluntário que faz parte da alimentação. Quando há dificuldade nes-
sa atividade, o estado nutricional pode ser afetado diretamente. Para 
saber mais sobre a disfagia e a relação com a nutrição, confira o artigo 
“Disfagia e melhoria do estado nutricional: características tecno-fun-
cionais de espessantes comerciais”.
Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/
view/15244/13645
As estratégias de terapia nutricional têm o objetivo de manter ou recuperar o estado 
nutricional adequado de cada indivíduo, de modo a evitar distúrbios, bem como 
desidratação e desnutrição, garantindo, assim, a oferta de nutrientes necessários 
para a manutenção do organismo e a recuperação de possíveis doenças de base 
(Vitolo, 2014). 
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/15244/13645
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/15244/13645
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Disfagia 
Dificuldade de engolir ou deglutir alimentos e líquidos. Dessa forma, requer 
tratamento fonoaudiológico, médico e nutricional, de maneira a evitar riscos e 
restabelecer a alimentação.
Esôfago
Órgão que faz parte do sistema digestivo, estando localizado entre a cavidade 
oral e o estômago. Ainda, tem 25 centímetros de extensão e é formado por 
músculos que promovem os movimentos de peristaltismo (Goldman; Schaefer 
2014; Vitolo, 2014).
A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é muito comum em adultos e idosos, com 
uma incidência de cerca de 20 a 40%. O sintoma principal é a pirose, uma sensação 
de queimação no esôfago, provocando desconforto e irritação na garganta, causado 
pelo retorno ao esôfago de conteúdos ácidos pépticos gástricos e desencadeando uma 
inflamação na mucosa esofágica. Isto se dá devido a redução da pressão no esfíncter 
esofágico inferior (EEI), permitindo o retorno destes conteúdos ácidos. A DRGE pode 
ser diagnosticada com a realização de uma endoscopia digestiva alta, exame elaborado 
com a utilização de um endoscópio de fibra óptica para visualizar e identificar lesões 
no esôfago, estômago e duodeno (Goldman; Schaefer 2014; Silva, 2011; Mahan; Escott-
Strump, 2010). A exposição prolongada a conteúdos ácidos pode resultar em esofagite, 
erosões, úlceras, estenose e alguns tipos de disfagia (Mahan; Escott-Strump, 2010).
O tratamento da DRGE pode ser medicamentoso, com a utilização de medicamentos 
inibidores da bomba de prótons e cirúrgico para reverter úlceras e hérnia de hiato, 
porém deve estar aliado a mudanças de hábitos alimentares. Para melhorar os 
sintomas e evitar que a doença progrida, alterações na alimentação são necessárias. 
Isso inclui comer porções menores com maior frequência ao longo do dia, evitar 
o consumo de cafeína e outros alimentos que contem teobromina e xantina, 
bebidas alcoólicas e alimentos gordurosos, pois possuem a capacidade de reduzir 
a pressão feita no EEI para que não retornem ácidos gástricos ao esôfago e assim 
aumentando as chances de DRGE. Além disto, devem adotados alguns hábitos para 
melhora dos sintomas como não comer perto da hora de deitar, evitar consumode 
líquidos durante a refeição, e dar preferências a alimentos saudáveis e naturais em 
vez de processados e ultra-processados e, no caso de úlceras, evitar comidas duras 
e ácidas (Mahan; Escott-Strump, 2010; Silva, 2011). 
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13
Tratamento nutricional
Reduzir sintomas 
 Aumentar o fracionamento e 
reduzir o volume das refeições 
 Comer em posição reta (90 
graus)
 Evitar deitar após as refeições
 Elevar a cabeceira da cama
Alimentos que devem ser 
evitados
Alimentos que reduzem a 
pressão do EEI: café, mate, chá 
preto, bebidas alcoólicas, 
chocolate - fontes de teobomina 
e xantina 
Alimentos que irritam a mucosa: 
alimentos ácidos, temperos e 
especiarias fortes e picantes
Alimentos que estimulam a 
secreção gástrica: com alto teor 
de purinas (algumas fontes de 
proteína) e alimentos gordurosos
Fonte: adaptado de Silva (2011).
DRGE não erosiva
Comum na população adulta, com vasta 
etiologia. As devidas causas podem ser de 
origem mecânica, como falha do esfíncter 
esofágico inferior, aumento do suco gástrico 
ou estresse. 
Dor no esôfago
Fonte: ©eddows-animator, Freepik (2024). 
#ParaTodosVerem: imagem do torso de uma mulher com camiseta branca e as duas mãos sobre o 
peito. Em sobreposição, há uma imagem nas cores amarela e vermelha simulando queimação ou azia. 
DRGE erosiva 
Há complicações mais agravantes e que requerem 
maior acompanhamento, como úlceras, 
esofagites e estenoses. Em algumas situações, 
devem ser feitos tratamentos cirúrgicos. 
Desconforto no esôfago
Fonte: ©cookie_studio, Freepik (2024).
#ParaTodosVerem: imagem de um homem jovem usando camiseta branca. No rosto, há expres-
são de dor. A mão direita está sobre o pescoço; já a mão esquerda está cruzada na barriga.
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
14
A hérnia de hiato, que é uma protrusão de uma parte do estômago para o interior 
do tórax por meio do hiato esofágico do diafragma, pode alterar a anatomia do 
esôfago e desencadear uma DRGE e esofagite. Na obesidade é comum que a 
hérnia de hiato leve a DRGE, pois o aumento da pressão intra-abdominal presente 
nesta condição pode desencadeá-lo. Para melhora dos sintomas a perda de peso 
e mudanças na alimentação se tornam fundamentais (Silva, 2011). 
Doenças da cavidade oral
Fonte: ©kamranAydinov, Freepik (2024).
#ParaTodosVerem: imagem de um paciente masculino deitado com a boca aberta, com 
o auxílio de um afastador labial. As mãos de outro profissional aparecem com um instru-
mento em mãos, examinando a boca do paciente.
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
15
Conclusão
Diversas doenças e manifestações podem afetar órgãos do sistema digestivo 
alto, causando alterações nas funções básicas destes. Uma vez interferindo nesse 
processo, que, apesar básico, é fundamental para a sobrevivência de forma 
fisiológica, envolve diversos órgãos e processos extremamente complexos de 
forma voluntária e involuntária. No momento em que doenças têm a capacidade 
de causar alterações nesse processo, há um grande risco de perda de peso, 
carência de nutrientes, perda de força e capacidade funcional, piora do estado 
geral, desnutrição e anorexia.
Vimos sobre algumas das doenças que podem comprometer o estado nutricional. 
Entre elas, estão o câncer de boca; o diabetes mellitus, que, quando não tratado, 
pode impactar diretamente as funções da boca e da alimentação; infecções 
fúngicas decorrentes de vírus que afetam o sistema imunológico, como HIV e Aids; 
e o tratamento de câncer em regiões como cabeça e pescoço, ou em outras partes 
do corpo, que também pode interferir diretamente na funcionalidade bucal.
A disfagia é caracterizada pela dificuldade de engolir, podendo afetar a ingestão 
de saliva, líquidos ou alimentos sólidos. Essa condição pode estar associada a 
doenças neurológicas ou, ainda, ser consequência de certos tipos de câncer.
Por fim, exploramos mais detalhadamente a DRGE, incluindo causas, opções de 
tratamento e o papel crucial que a nutrição e os hábitos alimentares desempenham 
na piora ou na significativa melhora dos sintomas.
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
16
Referências
Básicas
GOLDMAN, L.; SCHAFER, A. I. Goldman Cecil Medicina. 24. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2014.
MARTINS, C.; SAEKI, S. L. Interação fármaco x nutrientes. 3. ed. Curitiba: 
Nutroclínica, 2013.
SILVA, S. M. C. S. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Roca, 2011.
Complementares
CALIXTO-LIMA, L.; REIS, N. T. Interpretação de exames laboratoriais aplicados à 
nutrição clínica. Rio de Janeiro: Rubio, 2012.
CARDOSO, S. P.; MARTINS, C. Interação droga-nutriente. Curitiba: Nutroclínica, 
2002.
COUSINS, R. J.; ROSS, A. C. Tratado de nutrição moderna na saúde e na doença. 
10. ed. Barueri: Manole, 2009.
DUARTE, A. C. G. Semiologia imunológica nutricional. Rio de Janeiro: Axcel Books 
do Brasil Editora Ltda., 2003.
IKEDA, C. M. et al. Disfagia e melhoria do estado nutricional: características tecno-
funcionais de espessantes comerciais. Research, Society and Development, 
Vargem Grande Paulista, v. 10, n. 5, e50610515244, 2021.
MAHAN, L. K.; ESCOTT-STRUMP, S. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 12. 
ed. São Paulo: Rocca, 2010.
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
17
SOUZA, V. G. et al. Impacto da terapia nutricional em pacientes com câncer de 
cabeça e pescoço com desnutrição: uma revisão sistemática. Revista de Ciências 
Médicas e Biológicas, Salvador, v. 20, n. 1, p. 137-143, 2021.
VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Rubio, 2014.
18
Introdução
As condições que alteram a funcionalidade dos órgãos do sistema digestivo podem 
causar impactos nutricionais ao organismo, uma vez que o papel de ingestão, 
digestão, absorção e nutrição do corpo pode ser comprometido por determinadas 
doenças. Nesses casos, há a possibilidade de desenvolver subnutrição, deficiências 
de nutrientes, redução de força e perda de funcionalidade, desnutrição grave e até 
mesmo óbito, em casos extremos. 
O déficit de nutrientes pode acontecer devido à redução de funções. Além disso, 
algumas doenças podem causar inapetência, vômitos e diarreias, que podem 
reduzir a ingesta alimentar. 
Em casos assim, a intervenção com terapia nutricional é fundamental, com a 
adaptação correta de alimentos, consistências, quantidades, fracionamento e vias 
de alimentação. 
Doenças gástricas e intestinais requerem terapia nutricional adequada e 
individualizada. Algumas das enfermidades que iremos ver a seguir são gastrite, 
úlceras, doenças inflamatórias intestinais (retocolite ulcerativa, doença de Crohn, 
síndrome do intestino irritável) e doença celíaca.
Objetivos da aprendizagem
• Estabelecer a melhor terapia nutricional em pacientes com doenças gástricas.
• Determinar a melhor terapia nutricional em pacientes com doenças intestinais.
Terapia nutricional nas doenças do 
estômago e intestino
Palavras-chave: gastrite, intestino, estômago, inflamação, celíaco. 
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19
Gastrites e úlceras gastrointestinais 
As gastrites são inflamações da mucosa gástrica, e ocorrem em casos de 
desequilíbrio químico, infecções ou anormalidades neurais que possam 
desestruturar a integridade da mucosa do estômago. A causa mais comum da 
gastrite é pela infecção por Helicobacter pylori, uma bactéria pouco resistente ao 
meio ácido presente no estômago. Nesses casos, há uma inflamação devido a 
respostas inatas e à imunidade sistêmica. Dessa forma, a presença dessa bactéria 
pode, quando não tratada, desenvolver ulcerações sintomáticas e câncer de 
estômago (Goldman; Schaefer, 2014; Silva, 2011). 
A gastrite pode surgir devido ao uso de medicamentos que impactam a mucosa 
gástrica, consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo, situações de estresse, entre 
outros fatores. Essa condição pode se manifestar de forma aguda, surgindo 
abruptamente, sendo de curta duração e desaparecendo sem deixar sequelas. 
Por outro lado,também pode ser crônica, caracterizada pela atrofia progressiva e 
persistente da mucosa gástrica (Mahan; Escott-Strump, 2010).
As úlceras no estômago são doenças com evoluções crônicas e podem ser ativadas 
sem precedentes seguidos de períodos de remissão. Ainda, são caracterizadas pela 
perda da capacidade dos mecanismos de defesa e reparo da mucosa, ocasionando 
a perda de tecidos da mucosa nas áreas do tubo digestivo que entram em contato 
com a secreção ácida presente no estômago. Podem ser causadas por infecções pelo 
H. pylori, gastrites, uso de medicamentos como a aspirina, e estresse, além do uso 
abusivo de álcool e tabaco (Goldman; Schaefer, 2014; Mahan; Escott-Strump, 2010). 
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
20
Etiologia das úlceras
Úlceras
Gastrites
Tabaco e álcool Estresse
Medicamentos
H. pylori
Fonte: adaptado de Mahan e Escott-Strump (2010). 
Dor e desconforto são sintomas frequentes em úlceras gástricas. Ademais, podem 
ocorrer impactos significativos na nutrição de indivíduos em fases agudas da 
doença, ou quando não tratada, como anorexia, perda de peso não intencional, 
náuseas, vômitos e azia. As complicações incluem hemorragias e perfurações, 
podendo resultar na perfuração da cavidade peritoneal, afetando outros órgãos 
próximos à lesão, além de corroer uma artéria e levar a hemorragias graves 
(Mahan; Escott-Strump, 2010). 
Dessa forma, em doenças como gastrite ou úlcera, o agravante é o desequilíbrio 
entre os fatores que agridem e protegem a mucosa, resultando em lesões. Uma 
avaliação acurada sobre o estado nutricional do indivíduo com essas enfermidades 
é imprescindível (Silva, 2011). 
Em tais circunstâncias, é frequente observar não apenas a perda de peso, mas 
também deficiências nutricionais, sendo mais prevalente a redução da ingestão 
de energia, proteínas e fontes de ferro. Na gastrite crônica, é comum ocorrer um 
déficit nutricional de vitamina B12 (Mahan; Escott-Strump, 2010).
Sintomas das úlceras gástricas
Dor, desconforto, impactos nutricionais, náuseas e vômitos.
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
21
Complicações das úlceras gástricas 
Perfurações e hemorragia.
Déficits nutricionais 
Redução de energia, carência de proteínas e fontes de ferro (Mahan; Escott-
Strump, 2010; Vitolo, 2014).
Nessas situações, a terapia nutricional deve ter em vista a manutenção ou 
restauração do estado nutricional. Entretanto, em casos de hemorragia, é 
recomendado o jejum e a observação até que o quadro seja estabilizado. Assim 
que possível, deve-se iniciar a alimentação com alimentos líquidos por via oral, 
progredindo gradativamente para consistências mais sólidas, de acordo com a 
tolerância do paciente (Silva, 2011). 
Em casos de gastrite ou úlceras agudas sem complicações, é recomendado que 
a terapia nutricional tenha como objetivo evitar alimentos que possam agravar 
os sintomas e irritar o estômago, como alimentos ultraprocessados, excesso de 
cafeína, refrigerantes, álcool, pimentas e alimentos muito ácidos. As recomendações 
nutricionais de energia devem ser adequadas para manter ou recuperar o estado 
nutricional, e a consistência dos alimentos deve variar de acordo com as condições 
individuais de cada paciente (Silva, 2011).
Estômago
Fonte: ©catalyststuff, Freepik (2024).
#ParaTodosVerem: ilustração de um estômago com conteúdo gástrico líquido na cor 
verde, preenchido até a metade.
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
22
Doenças inflamatórias intestinais 
As doenças inflamatórias intestinais (DIIs) são condições crônicas que afetam o 
trato gastrointestinal, sendo caracterizadas pela manifestação recorrente de sinais 
e sintomas exacerbados, que variam de acordo com o tipo de doença, localização 
e extensão do processo fisiopatológico. As formas mais comuns são a retocolite 
ulcerativa (RCU) e a doença de Crohn (DC) (Mahan; Escott-Strump, 2010). Sabe-se 
que o sistema imune é responsável por grande parte dos fenômenos que envolvem 
as DII, incluindo os sintomas, estágios crônicos, as complicações desenvolvidas 
e regressões da doença. Isto se dá pela exacerbação da resposta humoral, 
aumentando a produção de anticorpos. Neste processo estão presentes as células T 
da mucosa intestinal e outras células da mucosa intestinal como as mesenquimais, 
epiteliais, endoteliais e as células nervosas, envolvendo o processo inflamatório da 
doença (Silva, 2011). Entre os elementos do processo inflamatório estão presentes 
as citoquinas, substancias secretadas por diversas células, e que agem ativando, 
modulando e inibindo a resposta imune do intestino, sendo elas o fator de necrose 
tumoral (TNF), interferon e as linfocinas. A resposta inflamatória gerada pelas DII 
resultam então em um dano tecidual do sistema gastrointestinal, tornando os 
mecanismos regulatórios anormais ou então os fatores da resposta imune da fase 
aguda são exacerbados, desencadeando uma fibrose e a depreciação tecidual. A 
partir disto são comuns o aparecimento de complicações como a diarreia, perda de 
peso, Hiper-Homocisteinemia e obstruções gastrointestinais parciais (Mahan; Escott-
Strump, 2010; Silva, 2011). As causas são multifatoriais e pouco compreendidas, 
embora existam evidências significativas da influência de fatores ambientais, como 
aspectos genéticos, composição da microbiota intestinal e integridade da barreira 
intestinal (incluindo imunidade inata e permeabilidade) (Silva, 2011). 
A principal diferença entre essas doenças inflamatórias é que a RCU acomete 
somente o intestino grosso; já a DC pode se manifestar em todos os órgãos que 
fazem parte do trato digestivo, da boca ao ânus (Silva, 2011).
Dor abdominal 
Dor contínua, de grau moderado a intenso, localizada no quadrante inferior 
direito. 
Cólicas no hipogástrio 
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
23
Precedem e podem ter sensação de alívio após evacuações.
Dor difusa associada à distensão abdominal
Associada a vômitos e náuseas com redução ou parada da eliminação de 
gases e fezes.
Diarreia crônica 
Dor abdominal e, em casos de cólon não comprometido, apresenta-se sem 
sangue, muco ou pus (Silva, 2011).
Diagnósticos de DIIs
Doença de 
Crohn 
Avaliação do quadro clínico; 
exames laboratoriais, 
histológicos e de imagem; e 
endoscopias.
Retocolite 
ulcera�va 
Gravidade da crise aguda; 
evolução clínica; extensão do 
processo inflamatório; 
exames laboratoriais e 
radiológicos; e endoscopia.
Fonte: adaptado de Silva (2011).
A terapia é realizada por meio de medicamentos, imunomoduladores e 
probióticos, além de terapias nutricionais e biológicas. Indivíduos portadores de 
DIIs têm a função do trato gastrointestinal comprometida em muitos momentos, 
interferindo diretamente no estado nutricional e ajudando com o aparecimento da 
deficiência de diversos nutrientes (Silva, 2011). É fundamental que seja realizada 
uma avaliação criteriosa do estado nutricional com esse público, avaliando perda 
de peso involuntária, possíveis anemias e deficiência de micronutrientes (Mahan; 
Escott-Strump, 2010). 
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
24
Medicamentos
Fonte: ©wirestock, Freepik (2024).
#ParaTodosVerem: imagem de cerca de 15 cápsulas de comprimidos brancos, preenchi-
dos com bolinhas brancas, espalhados sobre uma superfície também branca.
Fatores relacionados à deficiência nutricional nas DIIs (Mahan; Escott-Strump, 2010):
Diminuição na ingestão alimentar 
Anorexia, náuseas, vômitos, dor abdominal e 
diarreia.
Diminuição da ingestão alimentar
Fonte: ©jcomp, Freepik (2024). 
#ParaTodosVerem: imagem de uma mulher jovem inclinada para frente, com a mão direita sobre 
a boca e a mão esquerda apoiada na barriga, com expressão facial de desconforto.
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
25
Má-absorção 
Redução da área absortiva (doença e 
ressecções), supercrescimento bacteriano e 
deficiência de sais biliares.
Intestino
Fonte: ©brgfx, Freepik (2024). 
#ParaTodosVerem: ilustração anatômica do intestino delgado, intestino grosso e reto.As recomendações nutricionais das DIIs estão voltadas à recuperação ou manutenção 
do estado nutricional. Dessa forma, as necessidades energéticas vão ao encontro 
desse objetivo, e recomenda-se, em média, 35 a 40 kcal/kg (peso ideal) /dia; para 
proteínas, devem ser ofertadas de 1 a 1,5 g (ou até 2 g para desnutridos) /kg. A dieta 
deve ser hipolipídica (também não possua traços, para isto 
é fundamental ler os rótulos destes alimentos. Usa-se o termo cozinha livre de 
glúten para aquela que não há contaminações diretas ou indiretas de alimentos 
(Mahan; Escott-Strump, 2010). 
Dica de leitura
A doença de Crohn é uma enfermidade autoimune inflamatória que 
afeta o intestino delgado. Para compreender um pouco mais sobre 
os impactos nutricionais em pacientes com DC, bem como a impor-
tância da avaliação e da terapia nutricional, confira o artigo “A impor-
tância da avaliação do estado nutricional em pacientes portadores 
de doença celíaca”. 
Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/
view/28749/24810
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/28749/24810
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/28749/24810
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
31
Conclusão
Existem diversas enfermidades que podem afetar órgãos que fazem parte do 
sistema digestivo. Aqui, o enfoque foi para doenças localizadas no estômago 
e no intestino. A gastrite e as úlceras estomacais são comuns em parte da 
população adulta, causando dores e desconfortos no estômago. Em alguns casos, 
essas condições podem ser agravadas, resultando em sintomas mais sérios e 
representando, assim, riscos à saúde, como hemorragias de órgãos e tecidos. 
Geralmente, o diagnóstico dessas doenças é realizado por meio de sinais e sintomas, 
juntamente com exames como a endoscopia. O tratamento para gastrite e úlceras 
estomacais envolve medicamentos, podendo ser complementado com terapia 
nutricional. Evitar alimentos que possam agravar a doença e causar desconforto 
gástrico pode melhorar a qualidade de vida, além de promover uma alimentação 
mais saudável, já que muitos desses alimentos são considerados pouco saudáveis.
Além disso, DIIs, como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, são condições 
crônicas que afetam o trato gastrointestinal. O tratamento para essas enfermidades 
é medicamentoso, com vistas a estabilizar e restaurar as funções dos órgãos 
afetados. Além dos medicamentos, são utilizados imunomoduladores, probióticos 
e terapia nutricional como parte do tratamento.
Outras doenças que afetam o trato gastrointestinal incluem a síndrome do 
intestino irritável e a doença celíaca, na qual o glúten desencadeia processos 
inflamatórios no trato gastrointestinal. O tratamento para a DC envolve a 
remoção do glúten da alimentação.
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
32
Referências
Básicas
GOLDMAN, L.; SCHAFER, A. I. Goldman Cecil Medicina. 24. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2014.
MARTINS, C.; SAEKI, S. L. Interação fármaco x nutrientes. 3. ed. Curitiba: 
Nutroclínica, 2013.
SILVA, S. M. C. S. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Roca, 2011.
Complementares
CALIXTO-LIMA, L.; REIS, N. T. Interpretação de exames laboratoriais aplicados à 
nutrição clínica. Rio de Janeiro: Rubio, 2012.
CARDOSO, S. P.; MARTINS, C. Interação droga-nutriente. Curitiba: Nutroclínica, 
2002.
COUSINS, R. J.; ROSS, A. C. Tratado de nutrição moderna na saúde e na doença. 
10. ed. Barueri: Manole, 2009.
DUARTE, A. C. G. Semiologia imunológica nutricional. Rio de Janeiro: Axcel Books 
do Brasil Editora Ltda., 2003.
MAHAN, L. K.; ESCOTT-STRUMP, S. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 12. 
ed. São Paulo: Rocca, 2010.
VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Rubio, 2014.
OLIVEIRA, K. A. S. et al. The disease of nutritional status assessment in patients with 
celiac disease. Research, Society and Development, Vargem Grande Paulista, v. 
11, n. 5, e51911528749, 2022.
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
33
ROYA, M. J. B. et al. Comparação dos efeitos de dieta imunomoduladora com 
glutamina ou probióticos no tratamento da retocolite ulcerativa: síntese de 
evidências. Revista Saúde em Foco, Teresina, n. 9, p. 384-387, 2017.
34
Terapia nutricional 
nas doenças hepáticas
Introdução
O fígado é um órgão complexo que desempenha diversas funções no organismo. 
As doenças hepáticas podem ter graves consequências para a saúde e a 
sobrevivência, devido às importantes funções desempenhadas pelo fígado. Elas 
podem desencadear uma série de complicações que afetam outros órgãos e 
funções do organismo. 
As hepatopatias impactam diretamente o estado nutricional, uma vez que afetam 
as funções do metabolismo de carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas e 
minerais. Isso pode levar a deficiências nutricionais, perda de peso involuntária, 
desnutrição grave e outras complicações relacionadas ao estado nutricional. 
Neste estudo, será abordada a fisiopatologia das doenças hepáticas, com foco nas 
hepatopatias alcoólicas e não alcoólicas, além das recomendações e da terapia 
nutricional para essas condições.
Objetivos da aprendizagem
• Conhecer a terapia nutricional nas doenças hepáticas.
• Compreender a fisiopatologia das doenças hepáticas e seus impactos.
Palavras-chave: fígado, hepatopatias, álcool, desnutrição, estado nutricional. 
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
35
Terapia nutricional nas doenças hepáticas
O fígado é um órgão vital, cuja perda de função pode gerar consequências graves 
à saúde, não sendo possível sobreviver sem ele. A estrutura é complexa, já que 
é um órgão que desempenha inúmeras funções. É a maior glândula corporal, 
tem dois lobos principais, direito e esquerdo, e é irrigado por sangue por duas 
fontes: a artéria hepática (suprindo um terço do sangue que vem da aorta) e a veia 
porta (suprindo o restante e coletando sangue do trato digestivo) (Goldman, 2014; 
Mahan; Escott-Strump, 2010). 
Fígado
Fonte: ©wanxina, Freepik (2024).
#ParaTodosVerem: ilustração de uma mão aberta. Acima dela, há o desenho de um 
fígado.
O fígado tem funções no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas; 
armazenamento e ativação de micronutrientes; produção e eliminação da bile; 
conversão da amônia e ureia; e metabolismo de esteroides. Ainda, funciona como 
câmara de filtração e irrigação. A bile é formada por meio das células hepáticas e 
tem saída do fígado através de ductos biliares. É armazenada na glândula biliar e 
liberada no duodeno quando há a necessidade de auxílio na digestão de alimentos 
gordurosos, emulsificando a gordura e formando compostos por meio de ácidos 
graxos, auxiliando, assim, a absorção (Mahan; Escott-Strump, 2010). 
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
36
Fígado saudável
Fonte: ©brgfx, Freepik (2024).
#ParaTodosVerem: ilustração de um fígado saudável na cor vermelha, composto pelos 
lóbulos direito e esquerdo.
Em relação ao metabolismo de macronutrientes, o metabolismo de carboidratos 
acontece quando a galactose e a frutose são transformadas em glicose no hepatócito 
ou na célula hepática. Então, o fígado armazena a glicose como glicogênio (processo 
de glicogênese) e tem a capacidade de enviá-lo de volta para o sangue quando os 
níveis de glicose forem baixos (processo de glicogenólise). Além disso, o fígado 
tem a função de produção de glicose (processo de gliconeogênese), decorrente de 
alguns precursores do ciclo do ácido tricarboxílico (Mahan; Escott-Strump, 2010). 
O fígado metaboliza proteínas por meio dos processos de transaminação e 
desaminação oxidativa, que convertem os aminoácidos em substratos utilizados na 
produção de energia e glicose, além de sintetizar aminoácidos não essenciais. No que 
diz respeito ao metabolismo de lipídios, o fígado utiliza ácidos graxos provenientes 
da alimentação e do tecido adiposo corporal, que são transformados em acetil-
coenzima A. Ademais, o fígado produz cetonas e realiza a síntese e a hidrólise de 
triglicerídeos, fosfolipídios, colesterol e lipoproteínas (Mahan; Escott-Strump, 2010). 
Metabolismo de carboidratos 
Transformação da galactose e frutose em glicose no hepatócito e 
armazenamento em forma de glicogênio.
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
37
Metabolismo de proteínas 
A transaminação e a desaminação oxidativa transformam aminoácidosem 
substratos para utilização como energia, além de sintetizar aminoácidos 
não essenciais.
Metabolismo de lipídios 
Transformação de ácidos graxos em acetil-coenzima A (Mahan; Escott-
Strump, 2010). 
Os marcadores bioquímicos e exames laboratoriais são ferramentas utilizadas 
para auxiliar no diagnóstico, no acompanhamento e na evolução das doenças, 
assim como nas hepatopatias. A partir deles, é possível analisar as alterações das 
funções hepáticas, das lesões e dos marcadores virais, bem como de inflamações, 
resistência à insulina e índices de prognósticos (Calixto-Lima, 2012). 
Exames laboratoriais nas hepatopatias
Exame Interpretação
Bilirrubina sérica total Superprodução ou absorção, conjugação ou 
excreção prejudicadas pelo fígado.
Bilirrubina direta Níveis altos podem ser disfunção do parênquima 
hepático e dos ductos biliares.
Bilirrubina indireta Níveis altos são observados na hemólise e na 
eritropoese deficiente.
Desidrogenase láctica (DHL) A elevação é observada em lesões hepáticas e 
neoplasias com comprometimento hepático.
Globulina Níveis elevados na doença hepática crônica e 
hepatite autoimune.
Alanina aminotransferase (ALT) Redução dos níveis pode ser sinal de recuperação 
da doença ou redução massiva dos hepatócitos (pior 
prognóstico).
Aspartato aminotransferase (AST) Níveis altos quando há lesão com necrose.
Gamaglutamitransferase (gama-
GT)
Valores elevados são encontrados na colestase 
intra-hepática, na obstrução biliar e em processos 
infiltrativos.
Fosfatase alcalina (FA) Níveis elevados podem indicar hepatite e cirrose.
Tempo de protrombina 
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
38
Exame Interpretação
Albumina sérica Baixos níveis são comuns em doenças crônicas do 
fígado.
Ferritina sérica A elevação pode estar relacionada a hepatopatias 
crônicas e carcinomas hepáticos.
Marcadores para hepatite viral Indicam a presença das hepatites virais: IgM ou IgA.
Fonte: adaptado de Calixto-Lima (2012).
Doenças hepáticas alcoólicas
A doença hepática alcoólica é causada pelo consumo abusivo de álcool por meio 
do acetaldeído, um produto tóxico do metabolismo do álcool que causa danos 
ao fígado. Há três estágios da doença: a esteatose hepática por álcool, a hepatite 
alcoólica e a cirrose. A hepatite alcoólica é marcada pela hepatomegalia, com 
aumento da bilirrubina sérica, além da elevação das transaminases e anemia. 
Outros efeitos da doença são dor abdominal, anorexia, náuseas e vômitos, diarreia, 
perda de peso involuntária e febre (Mahan; Escott-Strump, 2010). 
Na cirrose, os sintomas podem ser os mesmos da hepatite, só que mais intensos, 
adicionados a sangramentos do trato gastrointestinal, ascite, encefalopatia 
hepática (EH) e hipertensão portal (Mahan; Escott-Strump, 2010). 
 Consumo de álcool
Fonte: ©nensuria, Freepik (2024).
#ParaTodosVerem: imagem de uma pessoa segurando uma garrafa de bebida alcoólica, 
servindo-a em um copo de vidro com gelo.
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Doenças hepáticas não alcoólicas
As doenças hepáticas não alcoólicas têm diversas causas, podendo ser virais, 
cancerosas, adquiridas, fulminantes e crônicas. As hepatites virais são inflamações 
no fígado e podem ser do tipo A, B, C, D e E. As hepatites de tipo A e E são de origem 
infecciosa, sendo transmitidas por via fecal-oral. As demais (B, C e D) têm a transmissão 
a partir do sangue e fluidos do organismo (Mahan; Escott-Strump, 2010).
Hepatites: sintomas – fase 1
Febre, artralgia, artrite, rash cutâneo e 
angioedema (Mahan; Escott-Strump, 2010).
Rash cutâneo
Fonte: ©freepik, Freepik (2024). 
#ParaTodosVerem: imagem de uma pessoa coçando o cotovelo esquerdo com a mão direita. A 
pele está coberta por pintas vermelhas.
Hepatites: sintomas – fase 2
Mal-estar, fadiga, mialgia, anorexia, náuseas e 
vômitos (Mahan; Escott-Strump, 2010). 
Fadiga
Fonte: ©wayhomestudio, Freepik (2024). 
#ParaTodosVerem: imagem de uma mulher jovem com cabelo preso, olhos fechados e as duas 
mãos sobre a boca com expressão de cansaço.
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Sintomas hepatites: fase 3
Sintomas preexistentes associados à icterícia.
Icterícia
Fonte: ©dariakulkova, Freepik (2024). 
#ParaTodosVerem: imagem de um homem jovem com pele e olhos amarelados, apontando para 
o olho direito 
As hepatites fulminantes são causadas por uma disfunção grave do órgão 
quando não há presença de doença hepática prévia, aliada ao desenvolvimento 
de EH. As principais causas estão ligadas a hepatites virais e toxicidade química 
(medicamentos e produtos químicos), tendo alto risco de desfechos desfavoráveis 
(Mahan; Escott-Strump, 2010). 
A doença do fígado gorduroso não alcoólica, do inglês Nonalcoholic Fatty Liver 
Disease (NAFLD), pode variar de esteatose a esteatose hepática, e consiste no 
acúmulo de gordura nos hepatócitos, podendo causar fibrose, cirrose e carcinoma. 
As principais causas são o uso de drogas, anomalias congênitas e distúrbios do 
metabolismo adquiridos, sendo mais comum em pessoas obesas com diabetes 
mellitus e dislipidemias. A esteatose hepática não alcoólica, do inglês Nonalcoholic 
Steatohepatitis (Nash), está associada à deposição de tecido fibroso ao fígado, 
podendo ser uma evolução da NAFLD, já que a resistência à insulina pode causar 
esteatose e o estresse oxidativo causado pode gerar essa evolução (Goldman, 2014; 
Mahan; Escott-Strump, 2010). 
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NAFLD
É o acúmulo de gordura em células hepáticas 
(hepatócitos), que podem desenvolver fibrose, 
cirrose e câncer. 
Gordura do fígado
Fonte: ©eranicle, Freepik (2024). 
#ParaTodosVerem: imagem de um fígado humano visto de frente com deposição de gordura, 
mudando relativamente a cor de avermelhado para algumas partes amareladas devido à deposi-
ção de gordura. 
Nash
Condição em que o fígado torna-se fibroso. 
Muitas vezes, é uma evolução da NAFLD.
Fígado fibroso
Fonte: ©eranicle, Freepik (2024).
#ParaTodosVerem: imagem de um fígado humano visto de frente coberto por tecido fibroso. 
A encefalopatia hepática é uma manifestação clínica de patologias hepáticas crônicas ou 
agudas. A causa está relacionada à ruptura da barreira hematoencefálica, permitindo 
que substâncias tóxicas, como a amônia, presentes no sangue, atinjam o cérebro ou 
vice-versa. Isso ocorre devido ao comprometimento da função de detoxificação e 
redução na capacidade de síntese de amônia em pacientes com doenças hepáticas, 
resultando em hiperamonemia. Esta, consequentemente, desencadeia um efeito 
neurotóxico, aumentando o risco de inflamação sistêmica (Silva, 2011). 
A EH pode ser classificada em quatro estágios: no grau I, o paciente pode sofrer 
alterações como sonolência e euforia; no grau II, há maior sonolência, podendo 
haver flapping ou asterixis; no grau III, o paciente dorme na maior parte do tempo 
e responde a estímulos verbais, podendo apresentar confusão mental, voz lenta e 
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asterixis; já no grau IV, o paciente encontra-se comatoso e pode não responder a 
estímulos dolorosos (asterixis ausente) (Silva, 2011). 
Estágios da EH
Grau I
 
Sonolência
 
 
Euforia
Grau II
 
Sonolência 
Flapping
 
 
Asterixis
Grau III
 
Sonolência 
na maior 
parte do 
tempo
Grau IV
 
Comatoso
Fonte: adaptado de Silva (2011).
A doença hepática não alcoólica está ligada diretamente à disbiose intestinal, que 
é definida por um desequilíbrio na microbiota do intestino. Este desequilíbrio 
pode ocorrer devido à redução ou elevação do número de bactérias intestinais ou 
decorrente a perda da diversidade de bactérias. Instalada a disbiose, cria-se um 
ambiente favorável para o desenvolvimento de doenças, entre elas as doenças 
hepáticas não alcoólicas (Almeida, Barroso, Gonçalves, 2020). 
Estas alterações da microbiota intestinal resultam em uma translocação bacteriana, 
gerando aumento de entrega de polissacarídeos, ácidos graxos livres e outras toxinas 
no fígado, através da veia porta. Há também elevação de bactériasEscherichia coli, 
resultando na fermentação de carboidratos e na produção de etanol endógeno, 
causando o aumento periférico de álcool e consequentemente a piora no quadro 
das doenças hepáticas não alcoólicas (SIDHU et al., 2017).
Em relação ao cuidado nutricional com esses pacientes, deve ser reduzido o 
consumo de alimentos fontes de amônia. Dessa forma, o consumo de proteínas, 
principalmente a carne vermelha, que contém maiores quantidades de amônia, 
deve ser evitado (Silva, 2011).
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Carne vermelha
Fonte: ©chandlervid85, Freepik (2024).
#ParaTodosVerem: imagem de uma tábua de madeira apoiada em uma superfície bran-
ca; sobre ela, há dois pedaços de carne vermelha crua.
A ascite é caracterizada pelo acúmulo de líquido na cavidade abdominal, e diversas 
complicações contribuem para esse desenvolvimento. Uma das estratégias para 
aliviar o desconforto e eliminar o líquido retido é a paracentese, uma técnica 
que retira o líquido abdominal. Além disso, podem ser prescritos medicamentos 
diuréticos para ajudar na eliminação do excesso de líquidos, cujos efeitos colaterais 
podem ser hiponatremia, hipocalemia, hipomagnesemia e hipocalcemia, sendo 
crucial monitorar as concentrações séricas.
Geralmente, o tratamento dietético para ascite envolve a restrição de sódio, 
com recomendação de consumo de até 2 g por dia (Mahan; Escott-Strump, 2010; 
Martins; Saeki, 2013).
As hepatopatias podem causar diversos danos ao estado nutricional, como desnutrição, 
anorexia, náuseas e vômitos, além de redução da ingesta alimentar, má-digestão 
e absorção. Ademais, algumas restrições dietéticas necessárias para controlar os 
sintomas e a piora de complicações como a ascite, EH e edema podem prejudicar a 
ingesta alimentar, agravando ainda mais o estado nutricional (Silva, 2011). 
Confira as principais causas de desnutrição energético-proteica em hepatopatias 
(Silva, 2011):
Ingestão inadequada
Anorexia, vômitos e náuseas, alcoolismo, esvaziamento gástrico lento, 
restrições alimentares e hospitalizações frequentes.
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Má-absorção ou má-digestão
Colestase e hipertensão linfática, além de doenças intestinais e pancreáticas.
Alterações metabólicas 
Hipermetabolismo, aumento da oxidação de lipídios e estoque de glicogênio 
baixo.
Aumento da demanda energética
Infecções e hemorragias gastrointestinais.
É fundamental avaliar e acompanhar o estado nutricional do paciente. No entanto, 
a avaliação nutricional pode ser complexa, uma vez que parâmetros como peso 
corporal e índice de massa corporal (IMC) podem não ser totalmente confiáveis 
devido à presença comum de edemas e ascite (Silva, 2011). 
A utilização de outros métodos combinados se torna necessária, como o índice 
creatinina-altura (ICA), sendo este um bom indicador para a avaliação da massa 
magra corporal quando não há complicações renais associadas. As dobras cutâneas 
do tríceps (DCT) e a circunferência muscular do braço (CMB) podem ser utilizadas 
quando não há edema generalizado. Outro método é a dinamometria do aperto 
de mão, que pode indicar perda de massa muscular ou alterações bioquímicas. 
Também é importante considerar a classificação da hepatopatia em relação à 
disfunção do órgão de acordo com os parâmetros de Child-Pugh (Silva, 2011). 
 
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Saiba mais
O diagnóstico de doenças hepáticas pode ser complexo, e o tratamento e 
prognóstico dependem da classificação do estágio em que a enfermidade 
se encontra, por isso foi desenvolvido o Child-Pugh. Para conhecer mais 
sobre as classificações de acordo com os parâmetros de Child-Pugh, leia 
o seguinte artigo.
Disponível em: https://www.sbhepatologia.org.br/pdf/manual_
hepatopatia_grave.pdf 
Métodos como a calorimetria indireta e o Dexa são boas estimativas de energia, 
pois sofrem pouca interferência sobre os efeitos da doença hepática, entretanto, 
as aplicabilidades tornam-se limitadas pelo alto custo e, por isso, são utilizadas 
equações preditivas (Silva, 2011). 
As necessidades nutricionais variam de acordo com o tipo de doença hepática 
e o estágio nutricional. Em relação à energia, recomenda-se em média de 25 a 
35 calorias por quilo de peso seco, levando em consideração a presença de 
possíveis edemas e ascite, que podem afetar o peso corporal. Quanto aos lipídios, 
recomenda-se que 25 a 40% das calorias totais sejam provenientes destes (Mahan; 
Escott-Strump, 2010). 
Em relação às recomendações proteicas, para que seja alcançado o balanço 
nitrogenado em pacientes com hepatite não complicada ou cirrose sem EH, as 
necessidades proteicas variam de 0,8 a 1 g de proteína por quilo de peso seco/dia. 
Se o objetivo for promover um balanço nitrogenado positivo, deve-se utilizar, pelo 
menos, 1,2 a 1,3 g/kg seco/dia; já em situações de estresse ou doença descompensada, 
deve ser ofertado, ao menos, 1,5 g/kg seco/dia (Mahan; Escott-Strump, 2010).
 
https://www.sbhepatologia.org.br/pdf/manual_hepatopatia_grave.pdf
https://www.sbhepatologia.org.br/pdf/manual_hepatopatia_grave.pdf
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Dica de leitura
O consumo em excesso de álcool causa graves lesões em órgãos 
como o fígado, prejudicando a função e resultando em doenças e 
efeitos como a redução da absorção de nutrientes. Leia mais sobre 
o impacto do consumo de álcool no estado nutricional no artigo “O 
impacto do consumo de álcool no estado nutricional”.
Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/
view/41894/33966
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/41894/33966
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/41894/33966
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Conclusão
O fígado pode ser atingido por algumas doenças, que podem ser hereditárias ou 
adquiridas, sendo de manifestações agudas ou crônicas. As doenças hepáticas 
alcoólicas se desenvolvem pelo consumo abusivo de álcool e a toxicidade para 
o organismo, causando danos ao fígado. Há também doenças hepáticas não 
alcoólicas, como as hepatites, que podem ser virais ou infecciosas; a hepatite 
fulminante; a doença do fígado gorduroso não alcoólica; a esteatose hepática não 
alcoólica; e as condições patológicas derivadas dessas doenças, como a ascite e a 
encefalopatia hepática. 
As hepatopatias impactam diretamente o estado nutricional, podendo causar 
desnutrição e anorexia, além de sintomas como náuseas e vômitos, inapetência 
alimentar por medicamentos, sintomas e desconfortos gastrointestinais, má-
digestão e absorção, e estado catabólico acelerado, característico da doença. 
Desse modo, avaliar e acompanhar o estado nutricional deve fazer parte do 
tratamento do paciente.
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Referências
Básicas
GOLDMAN, L.; SCHAFER, A. I. Goldman Cecil Medicina. 24. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2014.
MARTINS, C.; SAEKI, S. L. Interação fármaco x nutrientes. 3. ed. Curitiba: 
Nutroclínica, 2013.
SILVA, S. M. C. S. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Roca, 2011.
Complementares
BRASIL. Classificação e estadiamento das doenças hepáticas. Brasil. Sociedade 
Brasileira de Hepatologia, s.d. Disponível em: https://www.sbhepatologia.org.br/
pdf/manual_hepatopatia_grave.pdf. Acesso em: 20 fev. 2024.
CALIXTO-LIMA, L.; REIS, N. T. Interpretação de exames laboratoriais aplicados à 
nutrição clínica. Rio de Janeiro: Rubio, 2012.
CARDOSO, S. P.; MARTINS, C. Interação droga-nutriente. Curitiba: Nutroclínica, 
2002.
COUSINS, R. J.; ROSS, A. C. Tratado de nutrição moderna na saúde e na doença. 
10. ed. Barueri: Manole, 2009.
DUARTE, A. C. G. Semiologia imunológica nutricional. Rio de Janeiro: Axcel Books 
do Brasil Editora Ltda., 2003.
FRANÇA, A. C. D.; ALVES, S. C. G. F.; GARCIA, P. P. C. T. O impacto do consumo 
de álcool no estado nutricional. Research, Society and Development, Vargem 
Grande Paulista, v. 12, n. 6, e0512641894, 2023.
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar49
MAHAN, L. K.; ESCOTT-STRUMP, S. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 12. 
ed. São Paulo: Rocca, 2010.
VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Rubio, 2014.
SIDHU, Mayenaaz et al. The gut microbiome. Australian family physician, v. 46, 
n. 4, p. 206, 2017.
ALMEIDA, Isadora Barbosa de. BARROSO, Wermerson Assunção. 
GONÇALVES, Caroline Amélia.  Influência da microbiota intestinal na Doença 
Hepática Gordurosa Não Alcoólica. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do 
Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, Vol. 11, pp. 14-20. Novembro de 2020. ISSN: 2448-
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microbiota-intestinal, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/
microbiota-intestinal
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/microbiota-intestinal
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/microbiota-intestinal
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Terapia nutricional na pancreatite 
aguda e crônica
Introdução
A pancreatite é uma patologia de caráter inflamatório que compromete o pâncreas, 
uma glândula que tem localização posterior ao estômago, entre o duodeno e o 
baço, e é responsável pela produção da insulina e a absorção de enzimas digestivas. 
As principais funções são as endócrinas, por ser responsável pela produção de 
insulina, aliada à função exócrina, na produção de enzimas digestivas e absortivas. 
O pâncreas é composto por dois tipos de tecidos glandulares: os ácinos pancreáticos, 
responsáveis pela produção de enzimas digestivas como lipase, amilase e tripsina. 
Essas enzimas são liberadas pelo ducto pancreático, que se une ao ducto biliar e 
chega ao duodeno. Elas são secretadas de forma inativa e são ativadas quando 
alcançam o trato gastrointestinal. A amilase digere carboidratos, a lipase digere 
lipídios e a tripsina digere proteínas; e as ilhotas de Langerhans, que têm a função 
de produção hormonal de glucagon, insulina e somatostatina. O pâncreas pode ser 
afetado por algumas enfermidades, como as pancreatites, que podem ser agudas 
ou crônicas. Elas são caracterizadas pela inflamação do pâncreas, e o tratamento 
nutricional tem foco em restaurar ou manter o estado nutricional adequado, além de 
garantir a ingesta correta de alimentos e nutrientes, evitando prejuízos nutricionais. 
Objetivos da aprendizagem
• Compreender as alterações fisiopatológicas na pancreatite aguda e crônica. 
• Conhecer as diferenças no manejo nutricional nas pancreatites crônicas 
e agudas.
Palavras-chave: pâncreas, inflamação, lipídios, estado nutricional, álcool.
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
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Terapia nutricional na pancreatite aguda e 
crônica
A pancreatite é uma inflamação no pâncreas e tem como características o edema, 
o exsudato celular e a necrose de gorduras, e pode se manifestar de forma leve, 
moderada e grave, causando efeitos como autodigestão, necrose do órgão e 
hemorragias do tecido pancreático. A pancreatite pode ser classificada como aguda 
ou crônica, e a manifestação inicial é por meio de episódios de dor abdominal 
em várias intensidades, podendo irradiar até as costas (Goldman; Schaefer, 2014; 
Mahan; Escott-Strump, 2010). 
Pancreatite aguda
A pancreatite aguda é a inflamação não bacteriana que causa autodigestão 
destrutiva do pâncreas e dos tecidos peripancreáticos. É a doença aguda 
gastrointestinal mais comum que requer internação hospitalar. Ainda, tem 
desfecho favorável na maioria dos pacientes (80%), entretanto, em até 20% 
pode evoluir para uma pancreatite aguda necrotizante associada à mortalidade. 
Como há aumento da inflamação sistêmica (TNF-α, IL-6, IL-1), ocorre também o 
acréscimo do catabolismo, levando à mobilização das reservas energéticas (perda 
nitrogenada). A gravidade da pancreatite pode ser avaliada de acordo com os 
critérios de Ranson, que considera os achados clínicos e os exames laboratoriais 
(Arvanitakis et al., 2020; Silva, 2011).
Admissão
Idade: > 55 anos; contagem de leucócitos: > 16.000 mcL; glicemia > 200 
mg/100 ml; desidrogenase láctica: 300 UI/L; aspartato transaminase: > 250 
UI/L (Arvanitakis et al., 2020).
Primeiras 48 horas 
Redução do hematócrito: 10 mg/dL; aumento de ureia: > 5 mg/dL; pO2 
arterial: 4 mEq/L (Arvanitakis 
et al., 2020).
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Sinais 
0-2 sinais: mortalidade 1%; 3 a 4 sinais: mortalidade 16%; 5-6 sinais: 
mortalidade 40%; 7-8 sinais: mortalidade 100% (Arvanitakis et al., 2020).
Pâncreas
Fonte: ©ann_isme, Freepik (2024).
#ParaTodosVerem: ilustração do pâncreas em cor amarela com aspecto granuloso, en-
volvido por uma artéria de grosso calibre na cor avermelhada.
As principais causas para a pancreatite aguda são diversas, podendo estar 
relacionadas ao consumo de álcool em excesso, patologias biliares (comum 
em mulheres, como obstrução do colédoco e ducto pancreático principal), 
hipertrigliceridemia, traumas, fármacos, HIV e bactérias. Na maioria dos casos, 
a dor associada à pancreatite é uma reação dos mecanismos secretórios de 
enzimas pancreáticas e da bile, principalmente as enzimas digestivas na célula 
acinar, gerando lesão e promovendo um processo inflamatório com a liberação de 
mediadores de inflamação (citocinas) (Arvanitakis et al., 2020; Vitolo, 2014). 
Dietoterapia e fisiopatologia hospitalar
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Causas da pancreatite aguda
Pancreatite 
aguda 
Vírus e 
bactérias
Fármacos
Trauma
Álcool 
Hipertrigliceridemia
Doenças 
da bile 
Fonte: Arvanitakis et al. (2020, p. 23).
O diagnóstico é feito a partir do aparecimento de fortes dores que podem irradiar 
pelas costas, somadas à elevação sérica das enzimas lipase e amilase, normalmente 
três vezes maior do que o limite superior, e exames de imagem, como ultrassom, 
tomografia computadorizada e ressonância magnética (Arvanitakis et al., 2020). 
A avaliação nutricional é feita com a utilização de métodos validados que rastreiam 
e identificam o estado nutricional, como a Avaliação Subjetiva Global (ASG) e o 
Nutritional Risk Screening (NRS  2002). Pacientes diagnosticados com pancreatite 
aguda grave devem ser considerados com risco nutricional (Arvanitakis et al., 2020). 
A terapia nutricional em casos de pancreatite aguda deve, primeiramente, levar 
em consideração a gravidade da doença. Em casos de pancreatite aguda leve ou 
moderada, os principais objetivos da terapia nutricional são poupar o pâncreas de 
esforços, minimizar o catabolismo (perda de massa magra), evitar a desnutrição 
e realizar a imunomodulação. Na pancreatite aguda grave, o objetivo da terapia 
nutricional é manter o repouso pancreático (Arvanitakis et al., 2020; SBNPE, 2011b). 
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Paciente e médico
Fonte: ©dcstudio, Freepik (2024).
#ParaTodosVerem: imagem de um paciente idoso deitado em um leito de hospital. No 
centro da imagem, uma médica de uniforme azul, com uma prancheta em mãos, como 
se estivesse conferindo exames.
Na literatura, ainda existem divergências sobre o tempo em jejum no qual o 
paciente deve ser mantido em casos de pancreatites agudas leves a moderadas. 
Algumas vertentes indicam repouso do trato gastrointestinal de dois a cinco 
dias. No entanto, novas diretrizes apontam que o início da alimentação via oral 
deve ocorrer após sinais de tolerância do paciente, em média de dois a três dias 
máximos, quando ele não estiver utilizando opiáceos e não apresentar mais dor, 
náuseas ou episódios de vômitos (Arvanitakis et al., 2020). 
Saiba mais
As recomendações nutricionais são fundamentais no tratamento de 
pancreatites agudas e crônicas, cada uma com as devidas particularidades.
Para saber mais sobre as principais recomendações nutricionais em 
pancreatites crônicas, confira a diretriz brasileira publicada.
Disponível em: https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/terapia_
nutricional_na_pancreatite_cronica.pdf
https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_na_pancreatite_cronica.pdf
https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_na_pancreatite_cronica.pdf

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