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1 Avaliação do gasto energético Introdução Avaliação do indivíduo Intervenção Nutricional Para o êxito da intervenção, é necessário estimativa das necessidades de energia Avaliação do gasto energético Gasto energético - é a medida do gasto de energia realizada pelo organismo nos diferentes processos físicos e fisiológicos. É composto pela: Gasto Energético Basal (GEB) – 60 a 70% Efeito Térmico da Atividade Física (AF) ou Gasto Energético com Atividade Física – 15 a 30% Efeito Térmico dos Alimentos (ETA)/Termogênese Induzida pela Dieta (TID) - 5 a 15% TMB x GEB Taxa Metabólica Basal (TMB) – é o gasto de energia dado em Kcal/min. Quando TMB é extrapolada para 24 horas = Gasto Energético Basal (GEB) Metabolismo Basal x Metabolismo de Repouso TMB – medida por 30 a 60 min, indivíduo acordado, logo após noite de sono (sem atividade física), em jejum de 12 a 14 horas em posição supina e num ambiente com temperatura agradável. TMR - pode ser realizada após o indivíduo se deslocar até o local de exame e requer jejum de 8 horas de jejum. Metabolismo de Repouso Para neutralizar os efeitos da atividade física exercida, recomenda-se antes do exame um período de repouso de 30 minutos. Devido a esta diferença, a TMR tende a ser 10 a 20% maior que a TMB. 2 Metabolismo Basal e de Repouso Ou seja: GEB é calculado com o paciente em jejum por no mínimo 12 horas, em repouso absoluto, pela manhã, logo após o indivíduo acordar, em temperatura ambiente. GER é calculado tendo-se submetido o paciente a jejum de 8 horas, em repouso de pelo menos 30 minutos, em local com temperatura ambiente. Efeito Térmico da Atividade Física É o segundo maior componente do gasto energético. 15 a 30 % das necessidades diárias de energia. Compreende o gasto energético resultante da atividade física. Atividade física: Qualquer movimento corporal que resulta em gasto energético acima dos níveis de repouso. Exercício físico: forma de atividade física planejada, estruturada, repetida que objetiva o desenvolvimento de aptidão física. Componente MAIS variável do gasto energético. Termogênese Induzida pela Dieta (TID) Também chamada de efeito térmico dos alimentos pode ser dividida de duas maneiras: Termogênese obrigatória Termogênese facultativa Termogênese obrigatória: é a energia requerida pela digestão, absorção e metabolismo de nutrientes (a terminologia ação dinâmica específica – ADE – também é utilizada). Termogênese Induzida pela Dieta (TID) Termogênese facultativa ou adaptativa: é o aumento na taxa metabólica proveniente da queima do excesso de calorias na forma de calor decorrente de mudanças na temperatura (frio) e stress emocional. A termogênese adaptativa é também estimulada pela cafeína e nicotina. Já foi demonstrado que a quantidade de cafeína em um copo de café (100 ml), fornecida a cada 2 horas por 12 horas, aumenta a TID em 8 a 11%, a nicotina possui um efeito similar . Termogênese Induzida pela Dieta (TID) Quando a ingestão for seguida de exercício a TID é quase duplicada. CHO e LIP: ↑ TID em cerca de 5% do total de calorias consumidas. Só PTN na dieta: ↑ pode até superar 25%. Entretanto, os efeitos de nutrientes individuais são diminuídos quando estes nutrientes são misturados com outros. Termogênese Induzida pela Dieta (TID) Deve-se adicionar 10% do metabolismo basal para para cobrir a TID em uma dieta mista. Se a ingestão de alimentos for muito alta em proteínas, deve ser adicionado cerca de 15%. 3 Gasto energético dos tecidos Os diferentes constituintes do corpo humano possuem diferentes taxas de gasto energético. Tecido adiposo possui uma taxa de metabolismo menor do que a do tecido muscular. O metabolismo do cérebro, dos rins, do coração e do fígado corresponde a cerca de 60 a 70% do GER. Fatores básicos que afetam o gasto energético Além da manutenção da homeostase corporal, existem fatores básicos que afetam o gasto energético, são eles: Tamanho do indivíduo: > indivíduo > gasto Área da superfície corpórea: manutenção de calor. Quanto > a área > a perda de calor para o ambiente e por isso > o gasto. Outros fatores que afetam o gasto energético Massa magra: homens > gasto do que as mulheres Idade: > idade < gasto (↓ massa magra e ↑ massa gordurosa) Secreções das glândulas endócrinas (tiroxina e noradrenalina): ↓ tiroxina - queda de 30 a 50% no metabolismo basal e ↑ tiroxina pode aumentar o metabolismo basal até duas vezes o normal. Outros fatores que afetam o gasto energético Febre ↑ a taxa metabólica em aproximadamente 12 a 13% para cada grau de aumento da temperatura acima de 37oC Temperatura - pessoas que vivem em um clima tropical apresentam gasto energético 5 a 20% mais baixos do que aqueles que vivem em uma área de clima temperado. Outros fatores que afetam o gasto energético Ciclo menstrual altera o GER, sendo que seu pico de elevação se dá antes do início da menstruação. Durante a gravidez a taxa metabólica aumenta devido aos processos uterinos, placentários, de crescimento fetal e pelo aumento da função cardíaca materna. A fim de conservar a energia durante a inanição acentuada ou subnutrição prolongada o organismo adapta-se diminuindo a taxa metabólica possivelmente em até 50% . 4 Avaliação do metabolismo energético Pode ser medido através: Calorimetria Calorimetria direta: > acurácia, 1 a 2% de erro – padrão ouro Calorimetria indireta: boa acurácia 2 a 5% de erro Água duplamente marcada – padrão ouro Pode também ser estimado: Monitoração da Frequência Cardíaca Fórmulas + registros recordatórios de atividades Expresso em calorias (kcal) Definição caloria A quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de 1g de água líquida de 1oC. Em nutrição trabalha-se muito com quilocalorias, que equivale a 1.000 calorias, ou seja, é a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de 1kg de água em 1oC, portanto, 1kcal = 1Cal = 1000cal. Calorimetria direta Indivíduo é colocado numa câmara isolada altamente sofisticada e a produção de calor é medida diretamente através do registro da quantidade de calor transferida para a água que circula no calorímetro. Mede calor liberado pelo organismo A medida específica é obtida pela diferença da temperatura em graus Celsius da água que entra e sai da câmara, indicando a produção de calor. Calorimetria direta A maioria dos calorímetros é semelhante a um quarto equipado para dormir, alimentar, fazer exercícios e até mesmo ver televisão e telefonar, mas existe também uma vestimenta isolada e refrigerada por água desenvolvida por Webb utilizada para o mesmo fim. Método de referência para validação de outras técnicas. Calorimetria direta Calorimetria direta Desvantagens: Altera as atividades habituais; Limita atividades físicas; Equipamento extremamente caro. Devido o seu alto custo, esta técnica é menos utilizada, sendo que a maioria dos trabalhos utilizam a calorimetria indireta para o cálculo do metabolismo energético. 5 Calorimetria Indireta A calorimetria indireta é muito mais utilizada que a direta. Energia necessária para realização dos processos metabólicos é estimada indiretamente a partir da taxa de consumo de oxigênio (VO2) e a taxa de produção de gás carbônico (CO2). Apenas a glicólise anaeróbica produz ATP sem o consumo de oxigênio, mas ela representa uma pequena porcentagem do ATP produzido sob circunstânciasmetabólicas usuais . Calorimetria Indireta O calorímetro básico: coletor de gases adaptado ao paciente (canópia ou peça bucal ) sistema de medida de volume e concentração de oxigênio e gás carbônico. Paciente inspira e expira - colhem-se amostras de ar expirado – quantifica-se o VO2 e VCO2 - estes valores são utilizados na equação de Weir. Calorimetria Indireta Equação de Weir: Produção de calor (kcal/min/dia) = 3,9 x [VO2 (L/min)] + 1,1 x [VCO2 (L/min)] Gasto Energético (kcal/dia) = Produção de calor x 1440 minutos Calorimetria Indireta Calorimetria Indireta Calorimetria Indireta Determina também a taxa de utilização de nutrientes - através da produção de calor característica de cada um. Quando utilizados no organismo, CHO e LIP são oxidados a CO2 e água. PTN - não são totalmente queimadas, pois existe a uréia que não sofre combustão. Equação de Weir assume uma excreção de 12 gramas diários, sendo empregado esse valor para estimar a excreção nitrogenada. 6 Calorimetria Indireta A relação entre o volume de CO2 eliminado e o volume de O2 utilizado na oxidação indica o Quociente Respiratório (RQ). O RQ do carboidrato é 1, como pode-se deduzir da oxidação completa da glicose C6H12O6 + 6 O2 6 CO2 + 6 H2O Como, RQ = VCO2 / VO2 em L/Min RQ = 6 / 6 = 1 Calorimetria Indireta Lipídeos: (ex: ac. Palmítico) C16H32O2 + 23 O2 16 CO2 + 16 H2O Como, RQ = VCO2 / VO2 em L/Min RQ = 16 / 23 = 0,7 Proteínas: (ex: albumina) Como, RQ = VCO2 / VO2 em L/Min RQ = 62 / 77 = 0,8 Quociente Respiratório (RQ) O RQ dos lipídios é menor aprox 0,7. O RQ das proteínas é de 0,8. Mistura dos três nutrientes – RQ de 0,7 a 1,0 , dependendo da proporção de cada um deles. Para um dieta mista média, o RQ apresenta-se como sendo de aproximadamente 0,85. Quociente Respiratório (RQ) O RQ pode ser utilizado segundo Ravussin et al. como um preditor de obesidade, uma vez que os indivíduos com um RQ alto tem maior chance de ganhar peso quando comparados a indivíduos com RQ menor. Será??? Água Duplamente Marcada A técnica da água duplamente marcada permite medir o gasto energético de indivíduos fora de confinamento, sem causar nenhuma modificação no cotidiano. Oferta-se uma dose em bolo de dois isótopos estáveis: hidrogênio (2H = deutério) e oxigênio (18O), que são misturados com a água corporal. Água Duplamente Marcada Após um período de equilíbrio (mínimo 2 dias) – dosagem deste elementos por intermédio da eliminação pela urina. Coleta pode variar até 21 dias. O isótopo 2H (deutério) é eliminado do corpo como água somente (2H2O), enquanto o isótopo 18O é eliminado não apenas como água (H2 18O), mas também como C18O2 . 7 Água Duplamente Marcada Assim, a diferença entre tais taxas de eliminação (18O e 2H), corrigidas pelo conjunto (pool) de água corporal, corresponderia à produção de gás carbônico, que, por equações de calorimetria indireta, é convertida ao gasto energético total. Água Duplamente Marcada Água Duplamente Marcada Vantagens: Indivíduo pode manter suas atividades normais - avalia-se mais precisamente o gasto energético Boa acurácia Possibilita que as medidas sejam realizadas durante um período prolongado de tempo (1 a 3 semanas) Desvantagens: Não é possível saber o gasto energético em momentos diferentes durante o dia inteiro Alto custo Monitoração da Freqüência Cardíaca Frequência cardíaca (FC) – relacionada ao consumo de oxigênio – pode ser usada para estimar gasto energético. Relação entre FC e consumo oxigênio é fraca em atividades físicas de baixa intensidade. Monitoração da Freqüência Cardíaca Podem afetar a FC independente do consumo de oxigênio: Nível de condicionamento Condições ambientais Estado emocional, etc Monitoração da Freqüência Cardíaca Os monitores cardíacos eletrônicos, após o período de coleta de dados, armazenam as informações no receptor, relacionadas às freqüências cardíacas, que são decodificadas mediante análise computacional e interpretadas em valores de gasto energético. 8 Monitoração da Freqüência Cardíaca Equações Preditivas do Gasto Energético Como nem sempre dispomos de aparelhos de calorimetria direta ou indireta ou de possibilidade de utilização da água duplamente marcada. Desenvolveu-se equações preditivas para se estimar o gasto energético. Métodos rápidos, fáceis e de baixo custo para predizer o gasto energético. Equações Preditivas do Gasto Energético Harris Benedict - 1919 136 homens e 103 mulheres americanos (Boston) FAO/OMS 1985 e Schofield 1985 – compilação de todos os dados disponíveis até o momento. 8600 pessoas avaliadas Diferentes regiões dos USA Diferentes climas e diferentes etnias Equações Preditivas do Gasto Energético Henri e Ress 1991 - Equações específicas para indivíduos que vivem próximos aos trópicos Indivíduos vivem nestas regiões apresentavam TMB significantemente menores dos que os valores das fórmulas de Schofield e FAO/OMS 1985. Equações Preditivas do Gasto Energético Atualmente – DRI – baseados em estudos com água duplamente marcada. Base de dados: homens, mulheres adultos de diferentes etnias da população dos USA e Canadá. 407 adultos e 525 crianças eutróficos 360 adultos obesos e 319 crianças obesas Referências Bibliográficas Cardoso AM. Nutrição e Metabolismo. Guanabara Koogan, 345 p, 2006. INSTITUTE OF MEDICINE. Energy. In: Dietary Reference Intakes – Energy, Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acids. Cap 5. The National Academy Press, Washington, D.C.. Part 1, p. 5.1 – 5.114. 2002. Cuppari, L. Nutrição - Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar. 2ed. UNIFESP, 474p. 2005. Waitzberg DL, editor. Nutrição Oral, Enteral e Parenteral na Prática Clínica. São Paulo: Atheneu; 2000. p. 327-42. 9 Referências Bibliográficas Modeneze. D.M. Atividade Física e Controle do Peso Corporal. Disponível em: http://www.fef.unicamp.br/departamentos/deafa/qvaf/livros/al imen_saudavel_ql_af/alimen_saudavel/alimen_saudavel_cap 10.pdf Acesso em: 1 nov 2011. Tirapegui, J. Ribeiro, S.M.L. Avaliação Nutricional – Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2009. Vitolo, M. R. Nutrição da Gestação ao Envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed Rubio, 2008.
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