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Seminário escravidão negra

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1 
 
 O Tráfico Negreiro 
 
A partir da segunda metade do século XVI, começaram a ser trazidos para a América os 
africanos como escravos em número expressivo para a exploração sistemática de sua mão-
de-obra. 
 
Escravos à venda no mercado do Valongo, junto ao porto do Rio de Janeiro. Gravura de W. 
Read, século XIX. 
 
A opção pelo africano se deu por algumas supostas vantagens: maior resistência física às 
epidemias e maiores conhecimentos em trabalhos artesanais e agrícolas. A opção pelo 
escravo africano se deu também porque o tráfico dava lucros, era uma das atividades mais 
lucrativas do sistema colonial. Para facilitar, nem o Estado nem a igreja católica condenavam 
a imposição da escravidão aos africanos. 
 
 
Porão de Navio Negreiro. Gravura de Rugendas, 1835. 
 
 
 
 
 
2 
 
Tráfico negreiro [2] 
 
Os portugueses transportavam os escravos em suas caravelas vindas da África. Os 
holandeses também realizavam o tráfico de escravos para o Brasil. O número de escravos 
embarcados dependia da capacidade da embarcação. Nas caravelas, os portugueses 
transportavam até 500 cativos. Um pequeno navio podia transportar até 200 escravos, um 
navio grande até 700. 
 
A bordo, todos os escravos eram marcados a ferro no ombro ou na coxa. Embarcados, os 
cativos são acorrentados até que se perca de vista a costa da África. Os navios negreiros 
embarcavam mais homens do que mulheres. O número de crianças era inferior, de 3% a 6% 
dos embarcados. 
 
Angola (África Centro-Ocidental) e a Costa da Mina (todo o litoral do Golfo da Guiné) eram 
até o século XVIII os principais fornecedores de escravos ao Brasil. Os principais grupos 
étnicos africanos trazidos ao Brasil foram os bantos, oriundos de Angola, Golfo da Guiné e 
Congo; os sudaneses, originários do Golfo da Guiné e do Sudão; e os maleses, sudaneses 
islamizados. 
 
 
 
 
As rotas do tráfico de Escravos africanos para as Américas e Brasil. 
 
 
 
3 
 
Tráfico negreiro [3] 
 
 
Durante o século XVI e o XVII, os escravos eram trazidos principalmente ao Nordeste para a 
atividade açucareira, sobretudo, para fazendas na Bahia e em Pernambuco. Em menor 
número eram enviados ao Pará, Maranhão e Rio de Janeiro. No final do século XVII, a 
descoberta do ouro na província de Minas Gerais eleva o volume do tráfico, que passa a 
levar os cativos para a região das minas. No século XVIII, o ouro sucede o açúcar na 
demanda de escravos, o café substitui o ouro e o açúcar no século XIX. 
 
Os escravos a bordo estavam sujeitos a todos os riscos. Sua alimentação era escassa. Não 
fazia exercícios físicos durante a viagem. A higiene a bordo era muito medíocre. Havia ainda 
os maus-tratos a bordo e a superlotação dos porões insalubres e infectos. 
 
Trinta e cinco dias durava a viagem de Angola a Pernambuco, quarenta até a Bahia, 
cinqüenta até o Rio de Janeiro. A mortalidade era alta a bordo. 20% dos escravos morriam 
durante essa longa viagem. 
 
 
 
Ser escravo no Brasil 
 
A característica mais marcante da escravidão é o fato do escravo ser propriedade de outro ser 
humano. O escravo é uma “propriedade viva”, sujeita ao senhor a quem pertence. Nesta 
situação, o escravo é uma coisa, um “bem” objeto. 
 
Sendo um bem objeto ou coisa do senhor, ou seja, sua propriedade, o escravo se tornava 
mercadoria de todos os tipos de transações nas relações mercantis. Assim, pelo direito de 
propriedade, o senhor podia vender seus escravos, alugá-los, emprestá-los, doá-los, 
transmiti-los por herança ou legado, penhorá-los, hipotecá-los, exercendo, enfim, todos os 
direitos legítimos de dono e proprietário. 
 
Assim, o senhor tinha o direito de utilizar a força de trabalho do escravo pelo modo que lhe 
conviesse, de modo a conseguir dele o maior proveito possível, assegurando em troca a 
subsistência necessária para sua manutenção. 
 
Equiparando-se às coisas e propriedade de outra pessoa, o escravo não era cidadão, sendo 
privado de quaisquer direitos civis. O escravo podia constituir família, mas continuava 
marido, mulher e filhos propriedade do senhor, que não podia, no entanto, separar os 
cônjuges e os filhos menores de 15 anos. 
 
 
4 
 
 
Ser escravo no Brasil [2] 
 
 
Texto e Contexto 
 
“Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não é 
possível fazer, conservar e aumentar fazenda.” 
(Do jesuíta italiano André João Antonil, Cultura e opulência do Brasil, 1711.) 
 
 
A escravidão no Brasil estava voltada, sobretudo, para as atividades agrárias. A força de 
trabalho escrava destinava-se aos estabelecimentos agrícolas nas regiões rurais onde 
residiam, habitando em senzalas. O escravo rural assenzalado foi predominante no Brasil. 
 
Na economia canavieira, a maioria dos escravos trabalhava em todo o processo de produção, 
na lavoura e na produção do açúcar. No engenho, onde se fabricava o açúcar, trabalhavam na 
moenda, na casa das caldeiras e na casa de purgar. Além do setor da produção de açúcar, foi 
empregado também na agricultura de abastecimento interno, na criação de gado e nas 
pequenas manufaturas. Trabalhavam muito, de quatorze a dezesseis horas. 
 
 
Escravos na moenda de açúcar. Gravura de Jean Baptiste Debret, 1835. 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Ser escravo no Brasil [3] 
 
 
Nas cidades, eram os escravos que se encarregavam do transporte de objetos, dejetos e 
pessoas, além de serem responsáveis por uma considerável parcela da distribuição do 
alimento que abastecia pequenos e grandes centros urbanos. 
 
Alguns trabalhavam na residência do senhor, a serviço da família em serviços domésticos. 
Nas cidades, mestres artesãos utilizavam também escravos treinados em trabalhos artesanais, 
por isso tais escravos eram geralmente mais caros. 
 
Havia ainda aqueles escravos que trabalhavam nas ruas, prestando serviços, realizando 
trabalhos manuais ou vendendo artigos, alimentos, etc. Até o século XIX, nos portos das 
cidades, os escravos organizados em grupos de dez ou vinte eram muito utilizados nas 
atividades de manuseio e transporte de carga. 
 
Escravos vendedores ambulantes e quitandeiros, sobretudo mulheres, povoavam as ruas de 
Recife, Salvador, Ouro Preto, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e outras cidades. No 
Brasil, esses escravos eram chamados de escravos de ganho, que percorriam as ruas das 
cidades atrás de ocupação para prover as necessidades de seu senhor e suas próprias. Estes 
escravos entregavam uma renda fixa por dia para seu senhor, fruto de seu trabalho, e o 
restante podiam guardar consigo. Os escravos podiam possuir bens móveis e dinheiro. A 
renda adquirida podia ser utilizada para a compra da alforria (a liberdade) pelo escravo. 
 
Escravos de ganho no Rio de Janeiro, 1860. 
 
6 
 
Castigos e violência 
Uma das características do regime escravocrata é o que confere ao senhor o direito privado 
de castigar fisicamente o escravo. A exploração da força de trabalho escrava requeria 
necessariamente mecanismos de coerção que garantissem a continuidade do trabalho. A 
relação entre senhor e escravo era, assim, marcada pela violência. Do ponto de vista da 
escravidão, o castigo do escravo era necessário e justo. 
 
O sistema escravocrata possuía os mais bárbaros instrumentos de tortura como forma de 
manter, pelo terror, a dominação sobre os negros. A palmatória foi instrumento de castigo 
aplicado nas casas-grandes e senzalas, em escravos, assim como nas crianças, sendo um 
método pedagógico utilizado para moldar comportamentos e hábitos. 
 
 
 
Escravo no pelourinho sendo açoitado. Gravura de Debret, 1835.O açoite era a pena aplicada ao escravo, usava-se para isso do “bacalhau”, chicote feito com 
cabo de madeira e de cinco tiras de couro retorcidos ou com nós. Nas fazendas era utilizado 
para punir pequenas faltas ou acelerar o ritmo de trabalho, com algumas lambadas. Nos casos 
de delitos graves, o castigo era exemplar, sendo assistido pelos demais escravos. Era comum 
a surra-de-carro, no qual ficava o negro amarrado em um carro de boi, de bruços e braços 
abertos para receber as chicotadas. 
 
 
 
Escravos no tronco. Debret, 1835. 
7 
 
Castigos e violência [2] 
As execuções oficiais eram feitas em praça pública, no pelourinho – coluna de pedra com 
argolas onde eram presos os escravos. Procurava-se fazer da punição um exemplo que 
intimidasse a escravaria. 
 
 
O tronco. Acervo do Museu Imperial, Rio de Janeiro. 
O tronco foi outro instrumento e tortura, consistia num grande retângulo de madeira dividido 
em duas partes entre as quais havia buracos destinados a prender a cabeça, os pulsos e os 
tornozelos do escravo. Preso, o escravo permanecia imóvel, indefeso aos ataques de insetos e 
ratos, em contato com sua urina e fezes, isolado num barracão, até o seu senhor resolver 
soltá-lo. 
 
A mascara de flandres era usada para punição de furto de alimentos, alcoolismo, ingestão de 
terra, e, na mineração de diamantes, para impedir que os negros extraviassem as pedras, 
engolindo-as. A máscara podia cobrir todo o rosto ou apenas a boca, sendo fechada 
acadeados por trás da cabeça. 
 
Usados para prender, transportar, maltratar ou sujeitar os escravos, os 
instrumentos de ferro faziam parte do patrimônio das fazendas e das casas. 
Eram correntes, algemas, cadeados, grilhões, colares, tudo para garantir a 
submissão dos negros escravos pela tortura e degradação. 
 
 
 
 
8 
 
Rebeldia e Resistência negra no Brasil 
A violência legal e sistematicamente utilizada pelo branco como meio de submeter o 
escravo, gerava o medo, mas também a revolta e formas de resistência por parte dos escravos 
submetidos a tais castigos cruéis. A reação do escravo assumiu várias formas. 
 
O aborto foi freqüentemente provocado pelas escravas para não verem seus filhos na mesma 
situação degradante delas e também como meio de prejudicar o senhor, sempre interessado 
no aumento do número de crias. 
 
Texto e Contexto 
“O homem, porém, por mais abatido e rebaixado que seja em sua dignidade, em sua vontade 
e liberdade, pela prepotência de seu semelhante, tende sempre a sacudir o jugo. O livre 
promove as revoluções, transforma a sociedade, modifica a organização social. O escravo 
revolta-se parcialmente contra os senhores...” 
(Perdigão Malheiro, A escravidão no Brasil, 1867.) 
 
A reação pelo suicídio era uma forma do escravo em se libertar das condições subumanas em 
que vivia. O suicídio estava geralmente ligado a um momento de medo ou impasse em que o 
escravo se via indefeso diante da repressão do branco, sendo comum escravos se matarem 
após terem agredido ou matado um branco. 
 
A rebeldia consistia a resposta do negro à violência do sistema escravista. Rebeldia está 
também respondida com violência pelos escravos. Eram comuns os casos em que feitores, 
senhores e seus familiares são estrangulados, asfixiados, esfaqueados ou simplesmente 
mortos a pancada pelos escravos. 
 
 
O ódio do escravo era pelo senhor e pelo feitor, mas também por suas famílias, pois era um 
modo indireto de atingi-los. A freqüência de ataques e homicídios cometidos por escravos 
levou muitas vezes o governo brasileiro a promulgar leis duras, inclusive a pena de morte. 
 
 
Escravos 
matam 
senhor. 
Desenho do 
século XIX, 
de Arago. 
 
9 
 
 
Os quilombos como espaço de resistência e liberdade 
 
A forma de resistência escrava mais temida pelos senhores era a fuga seguida da formação 
de aldeamentos coletivos, os quilombos. A fuga era para o escravo a solução mais simples 
contra a violência da dominação branca. O trabalho compulsório e excessivo, as precárias 
condições de subsistência, a degradação e o controle constante a que estavam submetidos 
predispunham os escravos a evasão, facilitada pela grande extensão de terras sem ocupação 
efetiva no país. 
 
Muitos fugitivos iam para a cidade, onde eram empregados por outros senhores em serviços 
esporádicos, como se fossem escravos forros. O pequeno comércio ambulante era uma 
atividade que empregava esses escravos fugidos. Outros escravos fugidos eram capturados 
ou convencidos por outros negros para viverem em quilombos. 
 
Anuncio da Fuga do escravo Fortunato. Rio de Janeiro, 18 de outubro de 1854. 
 
Erguidos nas matas ou em áreas de difícil acesso que oferecessem segurança e meios naturais 
de sobrevivência, os quilombos eram o grande refúgio dos escravos que conseguiam escapar 
da opressão. Os quilombos também abrigavam negros forros, índios, mulatos e caboclos. 
 
 
 
10 
 
Os quilombos como espaço de resistência e liberdade [2] 
 
Texto e Contexto 
“Os escravos pretos lá, 
Quando dão com maus senhores, 
 Fogem, são salteadores, e Nossos contrários são. 
Entranham-se pelos matos, 
E como criam e plantam, 
Divertem-se, brincam e cantam, 
De nada têm precisão. 
Vêm de noite aos arraiais, 
E com indústrias e tretas, 
Seduzem algumas pretas, 
Com promessas de casar. 
 Eis que a notícia se espalha, 
 Do crime e do desacato, 
Caem-lhe os capitães-do-mato, 
E destroem tudo enfim.” 
(De Joaquim José Lisboa, 1806; In: REIS, João J; GOMES, Flavio. Liberdade por um fio – 
história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 164-65.) 
 
Os quilombos surgiram e cresceram em desafio aberto à sociedade e à autoridade colonial. 
Para enfrentar a repressão, os escravos aquilombados precisaram recorrer à violência e à luta 
armada. Os negros dos quilombos faziam freqüentemente incursões para prover, através do 
roubo ou escambo, suas necessidades de alimentos, utensílios, armas e também para 
conseguir, pelo rapto ou persuasão, mais negros para o quilombo. Outros buscavam 
desenvolver até mesmo relações com as povoações próximas, estabelecendo com elas um 
comércio regular com troca de alimentos, animais e lenha por tecidos, utensílios e 
ferramentas. 
 
 
 
Os quilombos surgiram em todas as áreas do território português. Em Minas Gerais era 
grande a concentração de quilombos no Alto São Francisco, o mais famoso dele chamava-se 
Ambrósio. No século XIX, no Rio de Janeiro, o mais conhecido quilombo foi o liderado pelo 
escravo Manoel Congo, em Vassouras. 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
O Quilombo dos Palmares. 
Entre todos os quilombos do período colonial, os maiores e mais afamados foram os da 
região de Palmares, no sul da capitania de Pernambuco (hoje, norte de Alagoas). O quilombo 
de Palmares surgiu por voltada de 1602. Em seus vários mocambos (aldeamentos), 
espalhados por uma área de 150 km, chegaram a reunir, 
segundo estimativas, mais de vinte mil pessoas. 
 
No quilombo, os negros africanos procuraram se organizar de 
acordo com antigas regras tribais baseadas na autoridade local 
do chefe de cada um dos mocambos. Esses chefes estavam 
submetidos a Ganga-Zumba, em cujo mocambo se reuniam. 
Com a morte Ganga-Zumba, assumiu o poder em Palmares seu 
sobrinho, Zumbi. 
 
Zumbi, líder negro de Palmares. Tela de Antônio Parreiras, 
Museu Antônio Parreiras, Niterói, RJ. 
 
Tanto por pressão dos senhores de terra preocupados em recuperar seus escravos, quanto por 
interesse das autoridades, o quilombo de Palmares foi destruído em 1694 pelas tropas do 
pernambucano Bernardo Vieirade Melo e do bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, 
após quase um século de guerras. 
 
Os quilombos tornaram-se o símbolo de uma resistência ameaçadora para os grupos 
dominantes do Brasil e alvo permanente da repressão oficial, dando origem inclusive a leis 
violentas. 
 
 
 
12 
 
 
 
 
Herança Cultural Negra 
 
A contribuição cultural de escravos-negros é enorme. Na religião, música, dança, 
alimentação, língua, temos a influência negra, apesar da repressão que sofreram as suas 
manifestações culturais mais cotidianas. 
 
 
Influência religiosa 
 
No campo religioso, a contribuição negra é inestimável, principalmente porque os africanos, 
ao invés de se isolarem, aprenderam a conviver com outros setores da sociedade. 
 
Mas, nos primeiros séculos de sua existência no Brasil, os africanos não tiveram liberdade 
para praticar os seus cultos religiosos. No período colonial, a religião negra era vista como 
arte do Diabo; no Brasil-Império, como desordem pública e atentado contra a civilização. 
 
A tolerância com os batuques religiosos, entretanto, devia-se à conveniência política: era 
mantida mais como um antídoto à ameaça que a sua proibição representava, do que por 
aceitação das diferenças culturais. 
 
 
Outras manifestações culturais negras também foram alvo da repressão. Estão neste caso o 
samba, revira, capoeira e lundú negros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
O racismo 
 
Na sociedade brasileira do século XIX, havia um ambiente favorável ao preconceito racial, 
dificultando enormemente a integração do negro. De fato, no Brasil republicano 
predominava o ideal de uma sociedade civilizada, que tinha como modelo a cultura européia, 
onde não havia a participação senão da raça branca. Este ideal, portanto, contribuía para a 
existência de um sentimento contrário aos negros, pardos, mestiços ou crioulos, sentimento 
este que se manifestava de várias formas: pela repressão às suas atividades culturais, pela 
restrição de acesso a certas profissões, as “profissões de branco” (profissionais liberais, por 
exemplo), também pela restrição de acesso a logradouros públicos, à moradia em áreas de 
brancos, à participação política, e muitas outras formas de rejeição ao negro. 
 
Contra o preconceito e em defesa dos direitos civis e políticos da população afro-brasileira 
surgiram jornais, como A Voz da Raça, O Clarim da Alvorada; clubes sociais negros e, em 
especial, a Frente Negra Brasileira, que tendo sido criada em 1931, foi fechada em 1937 pelo 
Estado Novo. 
 
 
 
O samba e a capoeira 
 
Durante o período da revolução de 30, os próprios núcleos de cultura negra se 
movimentaram para ganhar espaço. A criação das escolas de samba no final dos anos vinte já 
representara um passo importante nessa direção. Elas, que durante a República Velha foram 
sistematicamente afastadas de participação do desfile oficial do carnaval carioca, dominado 
pelas grandes sociedades carnavalescas, terminaram sendo plenamente aceitas 
posteriormente. 
 
No rastro do samba, a capoeira e as religiões afro-brasileiras também ganharam terreno. 
Antes considerada atividade de marginais, a capoeira seria alçada a autêntico esporte 
nacional, para o que muito contribuiu a atuação do baiano Mestre Bimba, criador da 
chamada capoeira regional. Tal como os sambistas alojaram o samba em “escolas”, Bimba 
abrigaria a capoeira em “academias”, que aos poucos passaram a ser freqüentadas pelos 
filhos da classe média baiana, inclusive muitos estudantes universitários. 
 
 
 
Bibliografia: 
http://novahistorianet.blogspot.com/2009/01/escravido-e-resistncia-no-brasil.html 
(Prof. Leonardo Castro)

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