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Ética do Advogado - Regras deontológicas fundamentais

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12.1 Ética do Advogado 12.1.1 Regras deontológicas fundamentais
 A deontologia compreende teorias normativas destinadas a pautar determinadas condutas. No caso do Código de Ética e Disciplina da OAB, as regras deontológicas nele contidas são preceitos normativos destinados a limitar e conduzir a atividade dos advogados no Brasil. 
Todo advogado tem o dever de cumprir as regras deontológicas apresentadas pelo Código de Ética e Disciplina da OAB, sob pena de praticar uma infração disciplinar.
 Nesse sentido, o artigo 1º do Código de Ética e Disciplina da OAB dispõe: 
Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os demais princípios da moral individual, social e profissional. 
O advogado é indispensável à administração da Justiça, é defensor do Estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social, subordinando a atividade do seu Ministério Privado à elevada função pública que exerce (art. 2º, caput, do Código de Ética e Disciplina da OAB). 
Segundo dispõe o parágrafo único do artigo 2º do Código de Ética e Disciplina da OAB, são deveres dos advogados: 
I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo seu caráter de essencialidade e indispensabilidade; II – atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé; III – velar por sua reputação pessoal e profissional; IV – empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal e profissional; V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis; VI – estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios; 78 VII – aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial; VIII – abster-se de: 
a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente; b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à advocacia, em que também atue; c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente duvidoso; d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa humana; e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o assentimento deste.
 IX – pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos seus direitos individuais, coletivos e difusos, no âmbito da comunidade. 
A consciência do advogado deve ser pautada pelo fato de que o Direito é um meio de redução das desigualdades para o encontro de soluções justas e que a lei é um instrumento para garantir a igualdade de todos, conforme orienta o artigo 3º do Código de Ética e Disciplina da OAB.
 O advogado vinculado ao cliente ou constituinte, seja mediante relação de emprego ou contrato de prestação permanente de serviços, seja por integrar departamento jurídico ou órgão de assessoria jurídica, público ou privado, deve zelar pela sua liberdade e independência. Nesse contexto, é legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de pretensão concernente a lei ou direito que também lhe seja aplicável, ou que contrarie expressa orientação sua, manifestada anteriormente, conforme dispõe o caput e parágrafo único do artigo 4º do Código de Ética e Disciplina da OAB. 
Importante disposição disciplinar consta do artigo 5º do Código de Ética e Disciplina, segundo o qual o exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de mercantilização.
 Nesse contexto, vejam-se alguns pertinentes julgados do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:
 Sessão de 27 de julho de 1995 PUBLICIDADE - MALA DIRETA - IMODERAÇÃO - MERECIMENTOS - CAPTAÇÃO DESLEAL DE CLIENTELA "O Código de Ética e Disciplina da OAB veda a mercantilização do exercício da advocacia e o oferecimento de serviços profissionais para inculcação ou captação de clientela (arts. 5º e 7º). A publicidade de advogado ou escritório de advocacia deve ser discreta e moderada (arts. 28 e 29), sem menção a cargo, função pública ou relação de emprego e patrocínio exercidos (§ 4º), defesa a veiculação de informações de serviços jurídicos suscetíveis de captar causas ou clientes (art. 31, § 1º). Considera-se imoderado o anúncio profissional mediante remessa de correspondência a uma coletividade (§ 2º), evitando 79 insinuações a promoção pessoal ou profissional (art. 32). Assim, advogado que convida executivos para "café da manhã", através de mala direta com exaltação do escritório e de seus merecimentos, mencionando a colaboração de "catedráticos", "pós graduados", "juizes federais" e "desembargadores", transgride regras básicas de discrição e moderação e pratica inculcação ou captação desleal de clientela, vedadas expressamente pelo Código de Ética e Disciplina da OAB. Remessa para as Seções Disciplinares, com cópia ao Egrégio Conselho Seccional, para que, dentro da sua competência, defina sobre a conveniência de apuração da participação de terceiros, não advogados, eventualmente envolvidos". (Sem grifos no original). (Proc. E - 1.266 - V.U. - Rel. Dr. CARLOS AURÉLIO MOTA DE SOUZA - Rev. Dr. JOSÉ URBANO PRATES - Presidente Dr. ROBISON BARONI) 
489ª sessão de 29 de junho de 2006 MERCANTILIZAÇÃO – INCOMPATIBILIDADE – COMPROMISSO ÉTICO PROFISSIONAL. 
O exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de mercantilização (art. 5º do Código de Ética e Disciplina). No seu ministério privado, o advogado exerce um múnus público. Sua atuação incide sobre o contexto social, veste-o e reveste-o da indispensabilidade de que cuidam os arts. 133 da C. Federal e 2º da Lei nº 8.906/94. O advogado é o oxigênio e o hidrogênio dos pulmões da Nação. O seu compromisso ético-profissional é, a um só tempo, um compromisso com a sua classe, para com a profissão, para com o cliente e para com a sociedade. Desse modo, e por essas razões, é que o Código de Ética, no art. 5º, traçou a absoluta incompatibilidade entre o exercício da advocacia e o mercantilismo. (Sem grifos no original).
 (Proc. E-3.340/2006 – v.u., em 29/06/2006, do parecer e ementa do Rel. Dr. JOSÉ ROBERTO BOTTINO – Revª. Drª. MARIA DO CARMO WHITAKER – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE)
 532ª sessão de 17 de junho de 2010 PUBLICIDADE – PUBLICIDADE IMPRESSA – DISCRIÇÃO, MODERAÇÃO E ESPECIALIADADES. O advogado pode anunciar a sua atividade devendo observar rigorosamente os dispositivos contidos no Estatuto da OAB, arts. 33, § único e 34, IV, no Código de Ética, art. 5º, 28 a 34, a Resolução n. 02/92 do Tribunal de Ética e Disciplina–I, Turma Deontológica, da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de São 80 Paulo, e o Provimento n. 94/2000, do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. O Código de Ética e o Provimento 94/2000, do CFOAB fazem restrições quanto ao uso de fotografias, ilustrações, cores, figuras, desenhos, logotipos, marcas e símbolos nos anúncios dos advogados quando incompatíveis com a sobriedade, lembrando que a advocacia é incompatível com qualquer procedimento de mercantilização. Na publicidade impressa, apenas anunciativa, a sobriedade está nos limites das tonalidades e cores, na posição, no tamanho, nos símbolos permitidos, na composição do logotipo, observadas todas as demais exigências contidas na legislação. As especialidades devem ser relativas aos ramos do direito não podendo induzir o leigo a entender que o advogado é também especialista em outras profissões. (Sem grifos no original). 
(Proc. E-3.884/2010 – v.u., em 17/06/2010, do parecer e ementa do Rel. Dr. LUIZ ANTONIO GAMBELLI – Rev. Dr. JOSÉ EDUARDO HADDAD – Presidente Dr. CARLOS JOSÉ SANTOS DA SILVA) 
Também por meio do Código de Ética e Disciplina (art. 6º) proíbe-se que o advogado faça exposição em Juízo de modo a falsear deliberadamente a verdade ou estribado na má-fé. 
Por fim, conforme orientação do artigo 7º do Código em estudo, é vedado o oferecimento de serviços profissionais que impliquem, direta ou indiretamente, inculcação ou captação de clientela. Para esclarecer, inculcação é a
insinuação, a indução ou até mesmo a imposição de determinados profissionais em relação a determinados clientes. Já a captação é atração por métodos ardilosos (enganosos). Sobre o assunto, vejam-se algumas manifestações do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo: Sessão de 14 de abril de 1994 CARTÃO DE VISITAS - FORMA VELADA DE ANÚNCIO - CONTEÚDO Consulta formulada por subsecção que pelo seu teor ensejaria o não conhecimento, pela impossibilidade do estabelecimento do contraditório. Acolhimento como procedimento ex-ofício, com fundamento na Resolução n. 01/92, em face da relevância da matéria. O advogado não pode inserir em seus anúncios, ainda que sob a forma de simples cartão de visitas, o Brasão da República, o nome da nossa entidade (OAB), a menção de ser professor universitário e a condição de ter sido ex-presidente de subseccional. Também não pode omitir o número de inscrição na OAB. Caracterização de inculcação e captação de clientela. O conhecimento ex-ofício desta situação deverá ser 81 noticiada diretamente ao colega que se encontra à margem dos preceitos éticos, aconselhando-o para que deixe de utilizar o cartão de visita, tal como apresentado. Vedação contida no Código de Ética Profissional e Resolução n. 02/92, deste Tribunal de Ética Profissional. (Sem grifos no original). (Proc. E-1.110 - V.U. - Relator Dr. Robison Baroni - Revisor Dr. Daniel Schwenck - Presidente Dr. Modesto Carvalhosa) Sessão de 18 de julho de 1996 ANGARIAÇÃO DE CAUSAS - "PAQUEIROS" - "EX OFÍCIO" O advogado que se utiliza de agenciadores de causas e clientes, afronta à moral e à ética profissional. Comete, outrossim, graves infrações disciplinares. Inculcação ou Captação de clientela. Código de Ética e Disciplina, arts. 1º, 2º, Pár. Único, incisos I, II, VIII letra "d"; 5º; 6º, 7º. Estatuto, art. 34, incisos III, IV e XXV. Remessa a uma das Turmas de Disciplina, para conhecimento, apuração e penalização do (s) advogado (s). (Proc. E - 1.360 - V.U. - Rel. Dr. JOSÉ URBANO PRATES - Presidente Dr. ROBISON BARONI) Para o exame da OAB, é importante memorizar o significado da expressão “paqueiros”, isto é, aqueles que captam clientes para outrem. Os paqueiros são, pois, agenciadores de causas e de clientes para os advogados.

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