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11. Tecido Muscular

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88 
TECIDO MUSCULAR 
 
 Embora os ossos sirvam de alavancas e formem o arcabouço do corpo, eles não podem, por si 
mesmos, mover as partes do corpo. O movimento resulta da contração e do relaxamento alternados dos 
músculos, que representam 40-50% do peso corporal total. A força muscular reflete a função primária do 
músculo em modificar a energia química em energia mecânica, para gerar força, realizar trabalho e produzir 
movimento. 
 
VISÃO GERAL DO TECIDO MUSCULAR 
Existem dois tipos principais de tecido muscular: o músculo estriado e o músculo liso. As células do 
músculo estriado possuem faixas claras e escuras alternadas denominadas estriações, visíveis somente 
quando esse músculo é examinado ao microscópio óptico em corte longitudinal. Já o músculo liso não exibe 
essas estriações. 
O músculo estriado pode ainda ser classificado tomando como base a sua localização em: músculo 
estriado esquelético, estriado visceral e estriado cardíaco. O músculo estriado esquelético está fixado aos 
ossos e é responsável pelo movimento do esqueleto e pela manutenção da posição e da postura do corpo. 
O músculo estriado visceral é histologicamente idêntico ao músculo estriado esquelético, porém está ligado 
a tecidos moles e não ao esqueleto como, por exemplo, os músculos da língua, da faringe, do diafragma e 
da porção superior do esôfago. Esses músculos participam da fala, da respiração e da deglutição. Por fim, o 
músculo estriado cardíaco encontrado do coração é o principal constituinte da parede dos átrios e dos 
ventrículos. 
As estriações do músculo estriado são formadas pelo arranjo extremamente ordenado e organizado 
dos filamentos finos e grossos. Esse arranjo é o mesmo em todas as células musculares estriadas. As 
principais diferenças ocorrem entre as células estriadas esqueléticas e cardíacas, diferenças relacionadas 
ao tamanho das células, ao formato e também no modo de comunicação entre elas. 
As células musculares lisas não possuem estriações porque os filamentos finos e grossos não se 
arranjam tão ordenadamente como ocorre nas células musculares estriadas. O músculo liso é encontrado 
nas estruturas ocas internas, como nos vasos sanguíneos, nas vias aéreas e digestivas e na maioria dos 
órgãos da cavidade abdominal e pélvica. Também é encontrado nos músculos eretores dos pelos e nos 
músculos intrínsecos do olho responsáveis pela dilatação e contração da pupila. 
 
Funções do Tecido Muscular 
 Por meio de contrações sustentadas, ou por contrações alternadas com relaxamentos, o tecido 
muscular exerce cinco funções chaves: produção dos movimentos corporais, estabilização das posições do 
corpo, regulação do volume dos órgãos, movimentação de substâncias dentro do corpo e produção de 
calor. 
Produção dos movimentos corporais: os movimentos globais do corpo, como andar ou correr, e os 
movimentos localizados, como o segurar um lápis ou inclinar a cabeça, dependem do funcionamento 
integrado de ossos, articulações e músculos esqueléticos. 
Estabilização das posições corporais: as contrações dos músculos esqueléticos estabilizam as articulações 
e participam da manutenção das posições corporais, como a de ficar de pé (ereta) ou de sentar. Os 
músculos posturais se contraem continuamente, quando a pessoa está acordada, por exemplo, a contração 
sustentada dos músculos do pescoço mantém a posição normal da cabeça. 
Regulação do volume dos órgãos: a contração sustentada de músculos lisos, chamados esfíncteres, pode 
impedir a saída do conteúdo de órgão oco. O armazenamento temporário de alimento no estômago ou de 
urina na bexiga é possível porque os esfíncteres de músculo liso fecham as vias de saídas desses órgãos. 
Movimento de substâncias dentro do corpo: as contrações do músculo cardíaco bombeiam o sangue para 
os vasos sanguíneos do corpo. A contração e o relaxamento do músculo liso nas paredes dos vasos 
sanguíneos, ajudam a regular seus diâmetros e, dessa forma, a regular a intensidade do fluxo sanguíneo. 
As contrações do músculo liso também movem o alimento e substâncias, como a bile e as enzimas 
digestivas, ao longo do trato gastrintestinal, empurram os gametas (espermatozoides e ovócitos) pelos 
sistemas reprodutivos e propelem a urina pelo sistema urinário. As contrações do músculo esquelético 
promovem o fluxo de linfa e o retorno do sangue para o coração. 
Produção de calor: quando o tecido muscular se contrai, ele também produz calor. Grande parte desse 
calor, liberado pelo músculo, é usado na manutenção da temperatura corporal normal. As contrações 
involuntárias do músculo esquelético, referidas como calafrios, podem aumentar a intensidade da produção 
de calor várias vezes. 
 
Propriedades do Tecido Muscular 
 O tecido muscular tem quatro propriedades específicas, que lhe permitem funcionar e contribuir 
para a homeostasia: excitabilidade elétrica, contratibilidade, extensibilidade e elasticidade. 
Excitabilidade elétrica: propriedade comum às fibras musculares e aos neurônios, é a capacidade de 
responder a certos estímulos, a partir de sinais elétricos, como por exemplo, potenciais de ação (impulso 
 89 
nervoso). Os potenciais de ação se propagam ao longo da membrana plasmática da célula, devido à 
presença de canais iônicos específicos. Para as fibras musculares, os estímulos que desencadeiam os 
potenciais de ação, podem ser sinais elétricos auto-rítmicos, gerados no próprio tecido muscular, como 
ocorre no marcapasso cardíaco, ou estímulos químicos, como neurotransmissores, liberados por neurônios, 
hormônios distribuídos pelo sangue. 
Contratibilidade: é a capacidade do tecido muscular de se contrair com bastante força, quando estimulado 
por um potencial de ação. Quando o músculo se contrai, ele gera tensão (força de contração), enquanto 
traciona seus pontos de fixação. 
Extensibilidade: é a capacidade do músculo de ser estirado, sem ser lesado. Algumas vezes o músculo liso 
está submetido ao maior grau de estiramento. Por exemplo, cada vez que o estômago se enche com 
alimento, o músculo, em sua parede, é estirado. Também o músculo cardíaco é estirado cada vez que o 
coração se enche com sangue. Durante as atividades normais, ocorre também o estiramento do músculo 
esquelético. 
Elasticidade: é a capacidade do tecido muscular de retomar a seu comprimento original, após contração ou 
extensão. 
 
 
MÚSCULO ESQUELÉTICO 
Formação da Fibra Muscular Esquelética 
Cada célula da musculatura esquelética, comumente denominada fibra muscular, é formada por 
células individuais chamadas mioblastos. Durante o desenvolvimento embrionário, vários mioblastos se 
fundem formando uma fibra muscular esquelética madura que, por isso, é multinucleada. Os núcleos da 
fibra muscular estão localizados no citoplasma logo abaixo da membrana plasmática, que também recebe 
um nome especial de sarcolema. Uma vez tendo ocorrido essa fusão, a fibra muscular perde sua 
capacidade de passar por divisão celular. Assim, o número de células musculares esqueléticas é 
determinado antes do nascimento, e a maioria dessas fibras dura por toda a vida. O crescimento muscular 
que ocorre após o nascimento, é realizado, principalmente, por aumento de volume das fibras existentes. 
Alguns mioblastos persistem no músculo esquelético maduro como células satélites, que conservam a 
capacidade de se fundir entre si ou com fibras musculares lesionadas para regeneração. Uma fibra 
muscular não deve ser confundida com uma fibra do tecido conjuntivo. As fibras musculares são células do 
músculo, enquanto as fibras do tecido conjuntivo são formadas por proteínas produzidas pelas células 
desse tecido. Observe na figura a seguir o processo de formação de uma fibra muscular esquelética. 
 
 
 90 
 
Componentes de Tecido Conjuntivo 
As fibras musculares esqueléticas são mantidas unidas por tecido conjuntivo que circunda as fibras 
musculares individuais como também circundafeixes de fibras musculares. Esse tecido conjuntivo é 
essencial para a transmissão de força durante a contração. No final do músculo, esse tecido conjuntivo 
continua além do músculo para formar o tendão. Além disso, um rico suprimento de vasos sanguíneos e 
nervos viaja por esse tecido conjuntivo. O tecido conjuntivo que circunda o músculo esquelético é 
denominado, de acordo com sua relação com as fibras musculares, em endomísio, perimísio e epimísio. 
O endomísio é uma camada delicada de fibras reticulares que circunda cada fibra muscular. Apenas 
vasos sanguíneos de pequeno diâmetro e axônios de neurônios estão presentes no endomísio correndo 
paralelamente com as fibras musculares. O perimísio é uma camada de tecido conjuntivo mais espessa que 
circunda um grupo de fibras musculares para formar um feixe ou fascículo. Os fascículos são unidades de 
fibras musculares que tendem a se contrair em conjunto. Vasos sanguíneos mais calibrosos e nervos 
seguem seu curso no perimísio. O epimísio é formado de tecido conjuntivo denso que circunda um conjunto 
de feixes que constituem o músculo. O principal suprimento vascular e nervoso do músculo penetra nele 
pelo epimísio. Observe na figura abaixo em (a) o endomísio visto pela microscopia eletrônica e em (b) 
organização estrutural de um músculo esquelético com os seus tecidos conjuntivos que o envolvem e seus 
constituintes internos. 
 
 
 
Anatomia Microscópica da Fibra Muscular Esquelética 
No interior do sarcolema, fica o citoplasma da fibra muscular denominado sarcoplasma que contém 
glicogênio, que pode ser quebrado a glicose e usado para a síntese de ATP. Além disso, o sarcoplasma 
contém mioglobina, proteína de coloração avermelhada presente apenas nas fibras musculares, que 
armazena moléculas de O2, necessárias à síntese de ATP nas mitocôndrias. 
 O sarcoplasma é repleto de miofibrilas formadas por conjuntos de filamentos finos e grossos. As 
estriações observadas nas miofibrilas que se estendem por todo o comprimento da fibra muscular fazem 
com que toda a fibra muscular pareça estriada. 
 Milhares de pequenas invaginações da sarcolema, chamadas túbulos T (túbulos transversos), 
mergulham desde a superfície até o centro de cada fibra muscular. Após a chegada de um impulso nervoso, 
o potencial de ação muscular se propaga pelo sarcolema e pelos túbulos T, se espalhando rapidamente 
pela parte interna de toda a fibra muscular. Essa disposição assegura que todas as miofibrilas, até mesmos 
as mais distantes da sarcolema sejam excitadas quase que simultaneamente quando a fibra muscular 
esquelética recebe um impulso nervoso. 
 Sistema de sacos membranosos semelhante ao retículo endoplasmático liso, chamado retículo 
sarcoplasmático (RS), circunda as miofibrilas em diferentes regiões. As partes dilatadas desses sacos são 
chamadas cisternas terminais. Os túbulos T alcançam duas cisternas terminais e as envolvem formando 
uma tríade. Em uma fibra muscular relaxada, as cisternas terminais armazenam íons cálcio (Ca++). A 
liberação de Ca++ no sarcoplasma banhando as miofibrilas desse íon é condição essencial para iniciar o 
processo de contração muscular. Observe na figura a seguir a anatomia interna de uma fibra muscular 
esquelética. 
 
 91 
 
 
 
 
 
Miofibrilas e Filamentos 
 Como dito anteriormente, uma fibra muscular é repleta de subunidades estruturais dispostas 
longitudinalmente denominadas miofibrilas que se estendem por todo o comprimento da fibra muscular. 
Fazendo parte da formação das miofibrilas, existem dois tipos de estruturas ainda menores, chamadas 
filamentos que são de dois tipos, os filamentos finos formados principalmente pela actina e os filamentos 
grossos, formados pela miosina. A actina e miosina estão presentes também em outras células, porém em 
quantidades menores, desempenhando papel na citocinese (divisão do citoplasma), exocitose e migração 
celular. Ao contrário, as células musculares contêm uma grande quantidade desses filamentos, se utilizando 
deles para realizar unicamente a contração. 
Além desses filamentos, fazendo parte também das miofibrilas estão algumas proteínas associadas, 
como veremos mais adiante. Esses filamentos se distribuem de modo ordenado formando compartimentos 
chamados sarcômeros, que são as unidades que se repetem ao longo de uma miofibrila. 
Os filamentos finos e grossos que são elementos contráteis verdadeiros do músculo estriado, se 
sobrepõem, em maior ou menor grau, dependendo se o músculo está contraído, relaxado ou estirado. O 
padrão dessa sobreposição cria as estriações, que podem ser vistas quando o músculo é observado na 
microscopia em preparações de cortes longitudinais das fibras musculares coradas com HE. A linha central 
do sarcômero é denominada linha M e as extremidades do sarcômero denominadas discos Z. Os filamentos 
grossos estão presos na linha M e se estendem em direção aos discos Z. Os filamentos finos estão presos 
nos discos Z e se estendem em direção à linha M. Uma faixa longa e central mais escura do sarcômero é a 
faixa A, que se estende por todo o comprimento do filamento grosso. Nas extremidades da faixa A existe 
uma zona de sobreposição entre os filamentos grossos e finos. Uma zona H, no centro de cada faixa A, 
contém filamentos grossos, mas não filamentos finos. A faixa I é a região mais clara que contém filamentos 
finos sem filamentos grossos. Os discos Z atravessam o centro de cada faixa I formando as extremidades 
do sarcômero. Proteínas de sustentação formam os discos Z e a linha M mantendo fixos os filamentos finos 
e grossos. Observe abaixo, o esquema de uma miofibrila e na página seguinte o esquema de um sarcômero 
ampliado mostrando os constituintes descritos. 
 
 
 92 
 
 
 
 Os filamentos finos são formados pela actina F, troponina e tropomiosiona. E os filamentos grosso 
são formados apenas pela miosina. A actina G é uma pequena proteína que se polimeriza para formar uma 
dupla hélice denomina actina F. Cada molécula de actina G possui um sítio de ligação para a miosina. 
 A tropomiosina também consiste em uma dupla hélice que cursa no sulco por entre as hélices da 
actina F. No músculo em repouso, a tropomiosina e sua proteína reguladora, a troponina, impedem a 
ligação da miosina na actina. 
 A troponina consiste em um complexo de três subunidades: (1) a troponina-C (TnC) que se liga ao 
Ca++, etapa essencial para se iniciar o processo de contração muscular; (2) troponina-T (TnT) que se liga a 
tropomiosina; (3) troponina-I (TnI) que se liga à actina, inibindo a ligação actina-miosina. Observe a figura 
abaixo que mostra um segmento de filamento fino. 
 
 
 
Cerca de 300 moléculas de miosina formam cada filamento grosso. Cada molécula de miosina tem 
a forma de dois tacos de golfe dobrados em torno de si. A cauda da miosina (as hastes do taco de golfe) 
está voltada para a linha M, no centro do sarcômero. As caudas das moléculas vizinhas de miosina ficam 
paralelas entre si, formando a haste do filamento grosso. As duas projeções de cada molécula de miosina 
(as cabeças do taco de golfe) são chamadas cabeças da miosina ou pontes cruzadas. Essas cabeças se 
projetam, para fora da haste, se estendendo em direção aos filamentos finos. Cada cabeça da miosina 
possui dois locais de ligação específicos, um para o ATP e outro para a actina. A cabeça da miosina 
também possui atividade ATPase e motora, ou seja, pode quebrar a ligação entre o fosfato e o ADP e 
liberar energia para gerar movimento. Seis filamentos finos circulam cada filamento grosso. Observe a figura 
abaixo que mostra um filamento grosso e uma molécula de miosina. 
 
 
 93 
Para manter a eficiência e a velocidade de contração muscular, tantos os filamentos finos como os 
filamentos grossos devem estar alinhados precisamente. Proteínas conhecidas como acessórias são 
essenciais para esse alinhamento dos filamentos e são descritasa seguir. 
A titina é a terceira proteína mais abundante (depois da actina e da miosina) do músculo esquelético 
e ocupa metade do sarcômero, (do disco Z à linha M) ajudando a estabilizar a posição dos filamentos 
grossos. A parte da molécula de titina, que se estende do disco Z até o começo do filamento grosso é muito 
elástica podendo ser estirada até quatro vezes seu comprimento de repouso e, em seguida, retrair até seu 
comprimento original, sem ser lesionada. A titina responde por grande parte da elasticidade e 
extensibilidade das miofibrilas e, provavelmente, ajuda o sarcômero a retomar seu comprimento de repouso 
após contração ou estiramento do músculo. 
 A linha M é formada por moléculas da proteína miomesina que está ligada à titina e também 
conecta os filamentos grossos entre si. Já a nebulina, presente nos discos Z, ajuda a ancorar os filamentos 
finos mantendo o alinhamento desses filamentos no sarcômero. 
 A distrofina é uma proteína do citoesqueleto que liga os filamentos finos do sarcômero às proteínas 
integrais da sarcolema, promovendo a contração da fibra muscular e transmitindo, para os tendões, a 
tensão gerada pelos sarcômeros. A ausência dessa proteína está associada a fraqueza muscular 
progressiva, uma condição genética denominada Distrofia Muscular de Duchenne (DMD). A distrofia é 
codificada por um gene localizado no cromossomo X, o que explica por que a grande maioria dos afetados 
por essa doença genética é do sexo masculino. A DMD será descrita no final desse capítulo. 
 
Contração e Relaxamento das Fibras Musculares Esqueléticas 
 Quando os cientistas examinaram as primeiras micrografias eletrônicas do músculo esquelético, no 
meio da década de 50, eles ficaram surpresos ao ver que os comprimentos dos filamentos finos e grossos 
eram os mesmos, tanto no músculo relaxado, como no contraído. Até então, admitia-se que a contração era 
um processo de dobradura, algo semelhante a uma sanfona. Contudo, os pesquisadores descobriram que o 
músculo esquelético se encurtava durante a contração, porque os filamentos finos e grossos deslizavam 
uns sobre os outros. O modelo que descreve a contração do músculo recebeu o nome de mecanismo dos 
filamentos deslizantes. 
 Ocorre a contração muscular porque as cabeças de miosina se prendem e deslizam ao longo do 
filamento fino, nas duas extremidades do sarcômero, puxando progressivamente os filamentos finos em 
direção à linha M. Como resultado, os filamentos finos deslizam em direção ao centro do sarcômero, onde 
se encontram. À medida que os filamentos finos deslizam em direção ao centro, os discos Z se aproximam 
e o sarcômero se encurta. O encurtamento dos sarcômeros produz o encurtamento de toda a miofibrila, o 
encurtamento de todas as miofibribrilas de uma fibra produz a contração dessa fibra muscular e o 
encurtamento de todas as fibras de um músculo produz a contração de todo o músculo. Observe no 
esquema a seguir em (a) músculo relaxado, em (b) músculo parcialmente contraído e em (c) músculo 
maximamente contraído. 
 
 
 94 
 
Antes de se iniciar a contração, o potencial de ação chega ao sarcolema e penetra na fibra 
muscular através dos túbulos T promovendo a liberação de Ca++ pelo retículo sarcoplasmático. Os Ca++ se 
ligam à troponina, fazendo com que o complexo troponina-tropomiosina se afaste liberando a ligação entre 
a cabeça da miosina e a actina. Uma vez que essa ligação se torna possível, uma sequência de quatro 
estágios que produz o deslizamento dos filamentos poderá iniciar. Acompanhe a descrição dessa sequência 
de quatro estágios observando também as figuras a seguir. 
 
Estágio 1: Ligação do ATP na cabeça da miosina 
Antes de se iniciar o processo de contração, o ATP se liga na cabeça da miosina. Esta ligação faz 
com que a cabeça da miosina se desligue da actina. 
 
 
 
Estágio 2: Inclinação 
 Ocorre a degradação do ATP em fosfato e adenosina difosfato (ADP). No entanto, tanto o fosfato 
como o ADP permanecem ligados à cabeça da miosina. A quebra da molécula do ATP faz com que a 
cabeça da miosina se incline. 
 
 
Estágio 3: Liberação do fosfato e do ADP 
A liberação do fosfato aumenta a afinidade entre a cabeça da miosina e a actina provocando a 
ligação entre essas duas moléculas. Após essa ligação a cabeça da miosina retorna a sua posição original 
(não inclinada). Assim, a medida que a cabeça da miosina volta a sua posição original, ela força o 
movimento do filamento fino ao longo do filamento grosso. Essa é a fase de produção de força do ciclo de 
contração. Durante o retorno da cabeça da miosina a sua posição não inclinada, o ADP é liberado da 
cabeça da miosina. 
 
 
 95 
Estágio 4: Desligamento da miosina na actina: 
No fim do movimento de contração, a cabeça de miosina permanece firmemente fixada à actina, até 
que uma outra molécula de ATP volte a ligar na cabeça de miosina. Quando o ATP se liga na cabeça da 
miosina, ela se solta da actina podendo se ligar numa nova molécula de actina, numa região mais a frente 
do filamento fino. 
 
 
 
Ao mesmo tempo que algumas cabeças de miosina estão se desprendendo do filamento fino, 
outras estão se ligando nesse mesmo filamento fino, impedindo que os filamentos finos retornem a sua 
posição de repouso. Como as cabeças da miosina estão dispostas como imagem em espelho em cada lado 
do sarcômero, essa ação puxa os filamentos finos para o centro do sarcômero, aproximando os disco Z e 
encurtando, dessa forma o sarcômero. 
 A despolarização da fibra muscular (potencial de ação muscular) provocada pelo impulso nervoso 
acarreta a liberação de Ca++ no sarcoplasma. A concentração aumentada de Ca++ no sarcoplasma inicia a 
contração quando o Ca++ se liga na porção TnC da troponina provocando uma alteração na conformação 
dessa proteína. Essa alteração faz com que a troponina e a tropomiosina se desloque liberando o local de 
ligação da cabeça da miosina na actina. A partir desse momento, as cabeças da miosina estão livres para 
se interagir com as moléculas de actina. 
 Simultaneamente, bombas de Ca++ localizadas na membrana do retículo sarcoplasmático transporta 
Ca++ por transporte ativo de volta para a cisterna terminal. Se não chegar um novo impulso nervoso na fibra 
muscular esquelética, esse transporte ativo de Ca++ de volta para as cisternas terminais provoca a 
interrupção da contração e o relaxamento da fibra muscular quase que imediatamente. Entretanto, a 
contração continuará se os impulsos nervosos continuarem a despolarizar a membrana plasmáticas dos 
túbulos T. Observe a figura abaixo que mostra o estado de relaxamento em (a) e os eventos que levam à 
contração em (b). 
 
 96 
Inervação Motora 
As fibras musculares esqueléticas são ricamente inervadas pelos neurônios motores que se 
originam na medula espinhal e no tronco encefálico. Os axônios desses neurônios se ramificam conforme 
se aproximam das fibras musculares esqueléticas produzindo ramos que atingem cada fibra muscular 
através dos terminais axônicos. Um terminal axônico possui várias vesículas sinápticas contendo o 
neurotransmissor acetilcolina (ACh). As vesículas sinápticas do terminal axônico liberam o neurotransmissor 
ACh na fenda sináptica que se liga, em seguida, nos receptores de ACh localizados na sarcolema. Esse 
receptor é um canal de Na+ com comporta. A ligação entre a ACh e o seu receptor provoca a 
despolarização na fibra muscular denominada potencial de ação muscular que, por sua vez, leva aos 
eventos descritos anteriormente. Uma enzima da fenda chamada acetilcolinesterase (AChE) rapidamente 
degrada as moléculas de ACh evitando uma contração continuada da fibra muscular após o encerramento 
do impulso nervoso. No entanto, o músculo é mantido contraído quando outros impulsos nervosos 
provocarem liberação constante de ACh. 
 Um único neurônio pode inervar diversas fibras musculares. Os músculos capazes de movimentosmais delicados e precisos possuem menor quantidade de fibras musculares inervadas por um neurônio 
motor. Por exemplo, nos músculos oculares, a relação de inervação é de cerca de um neurônio para cada 
três fibras musculares. Já em músculos posturais, que não executam movimentos tão precisos, um neurônio 
pode inervar centenas de fibras musculares. 
 Os eventos que levam à contração podem ser resumidos como mostrado na figura abaixo. 
 
 
 97 
Tipos de Fibras Musculares Esqueléticas 
Três tipos de fibras musculares esqueléticas podem ser identificados com base na sua cor: fibras 
vermelhas, fibras brancas e fibras intermediárias. Essas diferenças de cor não são aparentes nos cortes 
corados com hematoxilina e eosina (HE), como aquele observado na aula prática. Essa classificação é 
baseada na velocidade de contração, na velocidade enzimática e na velocidade metabólica. A velocidade 
de contração se relaciona com o tempo que a fibra muscular demora para se contrair e se relaxar após a 
chegada de um impulso nervoso. A velocidade enzimática se relaciona com a velocidade com que as 
moléculas de ATP são quebradas para a liberação de energia durante o processo de contração. Já a 
velocidade metabólica se relaciona com a velocidade de produção de ATP pelo o processo de respiração 
celular aeróbica. Uma fibra com grande velocidade metabólica possui grande quantidade de mioglobina, 
uma proteína semelhante a hemoglobina que estoca O2, e um maior número de mitocôndrias. Os três tipos 
de fibras são encontrados em qualquer músculo. No entanto, a proporção de cada tipo varia de acordo com 
o papel funcional de cada músculo. 
As fibras vermelhas contêm muitas mitocôndrias e grande quantidade de mioglobina possuindo, 
portanto, alta velocidade metabólica. Possuem baixa velocidade de contração, são resistentes à fadiga mas 
geram menor força de contração do que as outras fibras. A velocidade enzimática é a menor de todas e por 
isso demoram para liberar a energia da molécula de ATP. As fibras vermelhas são tipicamente encontradas 
nos músculos dos membros inferiores e em músculos posturais, onde são particularmente adaptadas à 
contração lenta e prolongada. Uma alta porcentagem dessas fibras constitui os músculos de atletas de alta 
resistência como, por exemplo, os maratonistas. 
As fibras brancas contêm a menor quantidade de mioglobina e de mitocôndrias e, por isso, 
possuem baixa velocidade metabólica exibindo alta taxa de metabolismo anaeróbico. São fibras de 
contração rápida, propensas à fadiga e geram tensão muscular máxima. Sua velocidade enzimática é a 
mais alta e, por isso, liberam rapidamente a energia contida na molécula de ATP. Essas fibras são 
adaptadas a contração rápida e executam movimentos finos e precisos. Elas constituem a maioria das fibras 
dos músculos extrínsecos do olho e dos músculos que controlam os movimentos dos dedos. Esses 
músculos têm um maior número de junções neuromusculares, permitindo um controle neuronal mais preciso 
dos movimentos. Corredores de curta distância e levantadores de peso possuem uma elevada porcentagem 
de fibras brancas. 
As fibras intermediárias possuem características intermediárias entre as fibras vermelhas e as 
brancas. 
Assista ao vídeo sobre os tipos de fibras musculares esqueléticas no endereço eletrônico: 
http://www.youtube.com/watch?v=vGTr7QmY9UU 
 
Lesão e Reparo do Músculo Esquelético 
As células satélites estão interpostas por entre as fibras musculares esqueléticas. Elas são 
pequenas células com citoplasma escasso. Normalmente, o citoplasma das células satélites se confunde 
com o sarcoplasma das fibras musculares esqueléticas na visão da microscopia óptica, tornando as células 
satélites difíceis de serem identificadas. As células satélites são responsáveis pela capacidade do músculo 
esquelético de se regenerar, porém sua capacidade regenerativa é limitada. Essas células estão 
normalmente inativas mas, após a lesão do tecido muscular esquelético, elas tornam-se ativadas, se 
proliferam e dão origem a novos mioblastos. Os mioblastos fundem-se e para formar uma nova fibra. 
As distrofias musculares são caracterizadas pela degeneração progressiva das fibras musculares 
esqueléticas, impondo uma necessidade constante às células satélites no sentido de repor as fibras 
degeneradas. Finalmente, a reserva de células satélites se esgota. Novos dados experimentais indicam que 
durante esse processo outras células miogênicas são recrutadas da medula óssea. A velocidade de 
degeneração, entretanto, supera a regeneração, resultando em perda muscular. Uma futura estratégia 
terapêutica para distrofias musculares pode incluir o transplante de células satélites ou de células 
miogênicas da medula óssea para o músculo lesionado.

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