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Direito_Ambiental_EAD (Apostila)

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL ULBRA
PRO-REITORIA DO EAD
DIREITO AMBIENTAL
APRESENTAÇÃO
Caro Aluno:
Você recebe diariamente informações através da mídia sobre as múltiplas agressões ao meio ambiente. Os ambientalistas manifestam preocupações com o equilíbrio do planeta e com a garantia da qualidade de vida para presente e as futuras gerações. Os gestores públicos e os operadores do direito cada vez mais são instados ao enfrentamento das questões jurídicas da tutela ambiental. Nesse cenário, o Direito Ambiental, como ramo da ciência jurídica, penetra horizontalmente em várias áreas do conhecimento, buscando instrumentos capazes de prevenir os danos ambientais e remediar a degradação ambiental.
A disciplina de Direito Ambiental tem por escopo proporcionar-lhe informações e o domínio de algumas ferramentas que promovam o desenvolvimento de competências que o habilite ao enfrentamento de conflitos ambientais.
O programa desta disciplina é distribuído em capítulos e unidades. Aconselho-o a dedicar muita concentração ao auto-estudo aqui proposto, a fim de poder elaborar seu próprio conhecimento a partir da leitura, dos exercícios e do diálogo nos encontros presenciais. 
Cada capítulo tem, além do desenvolvimento do conteúdo, Referências e Auto-Avaliação. Quando a tarefa indicar um material suplementar, este deverá ser buscado na obra referida, no Site indicado ou na biblioteca virtual da plataforma de ensino-aprendizagem. 
A seção Referências fornece subsídios extras para a compreensão e aprofundamento dos temas estudados. Certamente, tais leituras possibilitarão um maior aproveitamento do programa aqui desenvolvido. 
Finalmente, a Auto-Avaliação é proposta com base nas competências desenvolvidas ao longo do capítulo, tendo como objetivo direcionar o seu processo de reflexão relativa à aprendizagem que vem realizando, e não apenas avaliar seus conhecimentos em termos de conteúdo.
Parabéns por aceitar este desafio. Os resultados da caminhada que agora inicia serão vistos na gestão das questões ambientais e no enfrentamento dos seus conflitos. 
Bom trabalho!
Prof. Paulo Régis Rosa da Silva�
SUMÁRIO 
Esta disciplina foi divida em sete capítulos, os quais foram desmembrados em unidades. Abaixo, apresenta-se o índice analítico dos capítulos integrantes da disciplina e suas unidades. 
I – Campo de Incidência da Tutela Ambiental 
1. Meio Ambiente Natural
2. Meio Ambiente Artificial
3. Meio Ambiente Cultural
4. Meio Ambiente Laboral
II – Princípios Básicos de Direito Ambiental
1. Princípio do Desenvolvimento Sustentável
2. Princípios da Prevenção e da Precaução
3. Princípio de Poluidor Pagador e do Usuário Pagador
4. Princípio da Participação e da Cooperação
5. Princípio da Informação
6. Princípio da Educação Ambiental
III – Aspectos da Evolução Histórica Legislativa do Meio Ambiente no Brasil
1. Ordenações do Reino
2. Normas com repercussão ambiental e normas ambientais propriamente ditas
3. Aspectos da evolução histórica legislativa ambiental no Brasil
IV – Definições Legais de Meio Ambiente, Degradação da Qualidade Ambiental, Poluição, Poluidor e Recursos Ambientais
V – Repartição Constitucional de Competências Ambientais no Brasil
1. Das Competências Legislativas 
2. Das Competências Administrativas
VI - Estudo Prévio de Impacto Ambiental
1. Impacto Ambiental
2. Evolução Legislativa
3. EPIA com instrumento de Prevenção/Precaução
4. Definições do EIA/RIMA
5. Hipóteses de Incidência
6. Partes envolvidas no EIA/RIMA
7. Custos do EIA/RIMA
8. Publicidade e Sigilo
9. Audiência Pública
10. Decisão da Administração Ambiental
VII – Licenciamento Ambiental
1. Definição
2. Base Legal
3. Natureza Jurídica
4. Competência para licenciar
5. Prevenção dos danos ambientais
6. Partes envolvidas
7. Hipóteses de incidência
8. Espécies de Licença
9. Publicidade/Sigilo
10. Custos
11. Prazo de validade
12. Revogação, Anulação e Cassação das Licenças Ambientais
I – CAMPO DE INCIDÊNCIA DA TUTELA AMBIENTAL 
Neste capítulo procurar-se-á demonstrar o campo de incidência da proteção ambiental. Ao contrário do que se possa pensar o meio ambiente não fica limitado aos recursos da natureza. Ele abrange também os aspectos urbanísticos, culturais e laborais. Dessa forma, pode-se dividir o ambiente em: a) ambiente natural; b) ambiente artificial; c) ambiente cultural; e d) ambiente laboral.
O Ministro Celso de Mello em voto proferido no Supremo Tribunal Federal� conceituou meio ambiente como sendo:
Um típico direito de terceira geração que assiste, de modo subjetivamente indeterminado, a todo o gênero humano, circunstância essa que justifica a especial obrigação - que incumbe ao Estado e à própria coletividade - de defendê-lo e de preservá-lo, em benefício das presentes e futuras gerações.
Meio Ambiente Natural
O meio ambiente natural é o mais conhecido pela comunidade em geral. Aliás, quando se fala em meio ambiente a primeira lembrança é a do ambiente natural. Incluem-se no contexto do ambiente natural as águas, o solo, o subsolo, o ar, a flora e a fauna. 
Um dos temas que tem merecido elevada preocupação dos ambientalistas versa sobre a necessidade de protegerem-se as unidades de conservação. Segundo o Ministério do Meio Ambiente� o Brasil dispõe hoje de um extenso quadro de unidades de conservação. As unidades de conservação totalizam 8,13% do território nacional. Para que se tenha uma idéia da dimensão das unidades de conservação federais administradas pelo IBAMA, o território por elas ocupado soma aproximadamente 45 milhões de hectares. Ademais, há um grande numero de unidades de conservação administrada pelos Estados, cuja área total é de aproximadamente 22 milhões de hectares.
Tema que também tem despertado largo interesse é o que se refere aos Parques Nacionais. O Brasil possui inúmeros parques nacionais de grande beleza e importância ecológica. A título ilustrativo citam-se alguns Parques Nacionais: a) Parque Nacional da Lagoa do Peixe, situado no litoral do Estado do Rio Grande do Sul, nos Municípios de Tavares, Mostardas e São José do Norte; b) Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, situado na região norte do Estado de Goiás, nos Municípios de Alto Paraíso de Goiás e Cavalcante; c) Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, situado no litoral norte do Estado do Maranhão, nos Municípios de Barreirinhas e Primeira Cruz. 
 Meio Ambiente Natural 
Para uma melhor elucidação sobre aspectos do ambiente natural, recomenda-se visitar o Site do Ministério do Meio Ambiente�, o qual trata da proteção das Áreas Úmidas.
2. Meio Ambiente Artificial
O meio ambiente artificial é formado pelo ambiente das cidades. O contexto das cidades é constituído pelo espaço urbano construído, que compreende o conjunto de edificações e dos equipamentos públicos. Cada vez mais as pessoas vivem em ambientes formados pela criatividade humana, tais como prédios residenciais, centros profissionais e shopping center, etc..
Shopping Rio Sul – RJ
A Constituição Federal trata o meio ambiente artificial no art. 21, inciso XX, nos arts. 182 e 183, bem como no art. 225.
3. Meio Ambiente Cultural
 O art. 216 da Constituição Federal conceitua o meio ambiente cultural. Veja-se bem:
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, dos quais se incluem:
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV- as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados
às manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e cientifico.
O patrimônio cultural brasileiro assume grande expressão em Ouro Preto – MG. Visite o Site: http://www.travel-earth.com/brazil/ouro-preto.jpg
A história de um povo, a sua formação e cultura, é o que chamamos de patrimônio cultural. Normalmente esses elementos estão identificados nos costumes, nas danças e músicas populares ou folclóricas. Vale aqui lembrar o brocardo popular: povo sem história é povo sem memória. Nos Sites abaixo, pode-se ter a idéia de algumas manifestações que integram o patrimônio cultural brasileiro, como a Festa em Parintins - AM�, o Oficio das Baianas do Acarajé� e o Círio de Nazaré:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Festival_Folcl%C3%B3rico_de_Parintins
:: Patrimônio - Revista Eletrônica do IPHAN ::
http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=725
 
Meio Ambiente Histórico e Cultural 
 
4. Meio Ambiente Laboral
 Meio Ambiente Laboral 
(fonte: Clip-Arts e mídia Microsoft Office Online)
O local onde os seres humanos executam suas atividades de trabalho constitui um ambiente o qual se denomina de ambiente laboral. Este pode estar exposto à incidência de agentes físicos, químicos e biológicos que poderão comprometer a saúde dos trabalhadores.
A Constituição Federal contempla a tutela ao meio ambiente do trabalho no seu art. 200, inciso VIII, ao estabelecer que:
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, alem de outras atribuições, nos termos da lei: 
[...]
VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
Para arrematar a análise do campo de incidência do direito ambiental, é necessário lembrar que o meio ambiente é reconhecido como um bem juridicamente autônomo. Assim sendo, o meio ambiente deve ser caracterizado como um bem jurídico unitário, através de uma visão sistêmica e global, abrangendo os elementos naturais, o ambiente artificial, o ambiente cultural e o ambiente laboral.
 
PÁGINA INTERATIVA
Leia o § 4º do art. 225 da Constituição Federal de 1988, identi​fique, pelo menos 01 (uma) área de cada um dos biomas, considerados como patrimônio nacional, procurando localizá-la geograficamente.
REFERÊNCIA COMENTADA
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2008, pp. 929/98.
No Título XIII – Patrimônio Cultural – Aspectos Jurídicos da obra acima referida, o Autor conceitua cultura, analisa o patrimônio cultural nas Constituições Republicanas, na Constituição de 1988, nas Constituições dos Estados e no Direito Comparado, o Registro de Bens Culturais de natureza imaterial, bem como o instituto do Tombamento. Para o domínio desse tema é importante analisá-lo.
REFERÊNCIAS
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. São Paulo: Saraiva, 2007.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2005.
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Disponível em http://www.mma.gov.br/port/sbf/dap/ramsar5.html, acesso em 07.06.08.
ROCHA, Julio Cesar de Sá da. Direito Ambiental do Trabalho. São Paulo: LTr, 2002.
SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. São Paulo: Malheiros, 1997. 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Julgamento do MS 22.164-0-SP, j. 30.10.95.
AUTO-AVALIAÇÃO
Examine as sentenças abaixo, assinalando verdadeira (V) ou falsa (F).
1. O bem que compõe o chamado patrimônio natural traduz a história de um povo, a sua formação, cultura e, portanto, os próprios elementos identificadores de sua cidadania.
2. A revolução industrial representa um marco importante na instituição do trabalho assalariado, o qual ocorreu durante o século XVIII. É indiscutível que a revolução industrial influiu decisivamente na mudança de vida das pessoas. Novas tecnologias foram descobertas, inclusive no campo da química. Na evolução tecnológica, bem como no aperfeiçoamento das relações de trabalho foi necessário a avaliação da variável ambiental. 
3. Um dos maiores conjuntos barrocos da humanidade está situado na Cidade de Ouro Preto – MG, a qual foi declarada com Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. Pode-se afirmar, com plena convicção, que a proteção desse patrimônio está inserido no campo de incidência da tutela ambiental.
4. Assinale a alternativa correta:
I - Meio ambiente é a interação do conjunto de elementos naturais e artificiais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas.
II - Meio ambiente abrange apenas as relações do homem com os seres vivos, animais e vegetais.
III – Os bens culturais e laborais não estão incluídos no campo de incidência da proteção do meio ambiente.
Somente a alternativa II está correta.
Somente a alternativas I está correta.
Somente as alternativas II e III estão corretas.
Todas as alternativas estão corretas.
Nenhuma alternativa está correta.
Respostas: 1. F; 2. V; 3.V; 4. B
II– PRINCÍPIOS BÁSICOS DE DIREITO AMBIENTAL
Segundo o Vocabulário Jurídico de Plácido e Silva�: “Princípios jurídicos, sem dúvida, significam os pontos básicos, que servem de ponto de partida ou de elementos vitais do próprio Direito. Indicam o alicerce do Direito.”
Dessa forma, os princípios constituem a base de sustentação do Direito. Eles dão sustentabilidade para as leis. São eles as pedras basilares dos sistemas político-jurídicos dos Estados civilizados.
Para Celso Antônio Bandeira de Mello�, princípio é o:
[...] mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico.
Neste Capítulo serão analisados oito princípios. Cabe salientar que os princípios aqui enfocados não constituem a totalidade dos princípios enfrentados pelos autores. Aliás, não há uma unanimidade dos autores ao elegerem os princípios do Direito Ambiental. Cada autor dá ênfase a certos princípios ou, até mesmo, reúne mais de um princípio sob a mesma nomenclatura. Dessa forma, esta análise limitar-se-á aos princípios a seguir arrolados, os quais são reputados como de grande importância no estudo e na compreensão do Direito Ambiental. 
1. Princípio do Desenvolvimento Sustentável
2. Princípio da Prevenção e da Precaução
3. Princípio do Poluidor-Pagador e do Usuário-Pagador
4. Princípio da Participação e da Cooperação
5. Princípio da Informação
6. Princípio da Educação Ambiental
1. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O Princípio do Desenvolvimento Sustentável pode ser resumido no direito que os seres humanos possuem de poder desenvolver-se e realizar suas potencialidades, sejam elas individuais ou coletivas, assegurando às futuras gerações uma vida saudável e um ambiente equilibrado.
Para tanto, é necessário rever o modelo de desenvolvimento, erradicando o crescimento econômico a qualquer custo, isto é, aquele que não valoriza a proteção do meio ambiente.
O núcleo da questão não reside em um modelo de desenvolvimento que contemple ou não o crescimento econômico. O que importa é a qualidade do crescimento.
A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento�, ao tratar do desenvolvimento sustentável, assim se manifesta: 
[...] trata-se de um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas. 
Indiscutivelmente, para assegurar-se um
desenvolvimento ecologicamente sustentável há necessidade de inserir-se a questão da proteção ambiental nas políticas públicas. Os administradores públicos ao realizarem o planejamento de obras públicas, seus respectivos projetos e sua execução, deverão contemplar a proteção ambiental. É inadmissível que a questão da proteção ambiental seja desprezada ou desvalorizada pelos agentes públicos. Relegá-la a um plano secundário implicará no desrespeito ao Princípio da Sustentabilidade Ambiental.
Com o escopo de consolidar-se a idéia de desenvolvimento sustentável, veja-se o ensinamento dos doutrinadores, começando pela visão de Édis Milaré�:
Compatibilizar meio ambiente e desenvolvimento significa considerar os problemas ambientais dentro de um processo contínuo de planejamento, atendendo-se adequadamente às exigências de ambos e observando-se as suas inter-relações particulares a cada contexto sócio-cultural, político, econômico e ecológico, dentro de uma dimensão tempo/espaço. Em outras palavras, isto implica dizer que a política ambiental não deve erigir-se em obstáculo ao desenvolvimento, mas sim em um de seus instrumentos, ao propiciar a gestão racional dos recursos naturais, os quais constituem a sua base material. 
Veja-se, ainda, o enfoque que Paulo Affonso Leme Machado� dá ao Desenvolvimento Sustentável:
A defesa do meio ambiente passa a fazer parte do desenvolvimento nacional (arts. 170 e 3º. da CF). Pretende-se um desenvolvimento ambiental, um desenvolvimento econômico, um desenvolvimento social. É preciso integrá-los no que se passou a chamar de desenvolvimento sustentado. 
Segundo Celso Antonio Pacheco Fiorillo�:
[...] aspira-se uma coexistência harmônica entre economia e meio ambiente, permitindo o desenvolvimento, mas de forma sustentável, planejada, para que os recursos hoje existentes não se esgotem ou tornem inócuos. Tem por conteúdo a manutenção das bases vitais da produção e reprodução do homem e de suas atividades, garantindo igualmente uma relação satisfatória entre os homens e destes com o seu ambiente, para que as futuras gerações também tenham oportunidade de desfrutar os mesmos recursos que temos hoje a nossa disposição.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, reunida em Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972, estabeleceu vários princípios comuns que oferecem aos povos do mundo inspiração e guia para preservar e melhorar o meio ambiente humano. Destaca-se o Princípio 5, o qual trata da sustentabilidade ambiental:
Os recursos não renováveis do Globo devem ser explorados de tal modo que não haja risco de serem exauridos e que as vantagens extraídas de sua utilização sejam partilhadas a toda a humanidade.
Com base nesse Princípio 5 da Declaração de Estocolmo, é possível concluir que a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico devem coexistir, de modo que este não acarrete a anulação daquela.
Por tudo isso, é necessário reconhecer-se que a sustentabilidade ambiental dá um novo contorno ao desenvolvimento econômico, fazendo com ele tenha por base o atendimento das necessidades do presente, sem comprometer as futuras gerações. O art. 225, da Constituição Federal estabelece: 
Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Cabe gizar, outrossim, que a o princípio 1 da Declaração de Estocolmo proclama que: 
O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente que o cerca, o qual lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente. Em larga e tortuosa evolução da raça humana neste planeta chegou-se a uma etapa em que, graças à rápida aceleração da ciência e da tecnologia, o homem adquiriu o poder de transformar, de inúmeras maneiras e em uma escala sem precedentes, tudo que o cerca. Os dois aspectos do meio ambiente humano, o natural e o artificial, são essenciais para o bem-estar do homem e para o gozo dos direitos humanos fundamentais, inclusive o direito à vida mesma. 
A Constituição Federal ao tratar dos Direitos e Garantias Fundamentais, estabelece nos incisos XXII e XXIII, do art. 5º a garantia do direito de propriedade, porém condicionada a observância da função social da propriedade. Veja-se bem: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXII – é garantido o direito de propriedade;
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
Reforçando a regra da garantia constitucional da propriedade, saliente-se que esta foi garantida, desde que ela atenda a sua função social. Exemplifique-se: se o proprietário de uma área rural valer-se do cultivo de plantas psicotrópicas ou do trabalho escravo, não estará atendendo a função social da propriedade (inciso XXIII, do art. 5º da CF), situação esta que poderá implicar na expropriação da propriedade. Da mesma forma, se o proprietário rural desrespeitar as limitações administrativas impostas pelo art. 2º do Código Florestal Federal (Lei n.º 4.771, de 15.09.65), estará indo de encontro à função social da propriedade, não lhe podendo ser garantida a propriedade.
Da mesma forma, a Constituição Federal ao tratar dos Princípios Gerais da Atividade Econômica, no Título VII Da Ordem Econômica e Financeira (art. 170 e seu parágrafo único), disciplinam:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
 I – soberania nacional;
 II – propriedade privada;
 III – função social da propriedade;
 IV – livre concorrência;
 V – defesa do consumidor;
 VI – defesa do meio ambiente;
 VII – redução das desigualdades regionais e sociais;
 VIII – busca do pleno emprego;
 IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
 (grifado)
Portanto o exercício de qualquer atividade econômica no Brasil é livre, desde que sejam respeitados os princípios estampados nos incisos do art. 170 da Constituição Federal. Entre eles, destaca-se a defesa do meio ambiente (inciso VI, do art. 170).
Agregue-se, também, que o parágrafo único do art. 170 da Constituição Federal estabelece que o livre exercício de qualquer atividade econômica independe de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Ora, em matéria de proteção ambiental há uma série de limitações fixadas em leis. Conforme será examinado oportunamente, ao abordar-se o licenciamento ambiental, poder-se-á evidenciar que a maioria das atividades e dos empreendimentos no Brasil estão condicionados a autorizações dos órgãos ambientais. Veja-se, portanto, que o mencionado dispositivo constitucional cria uma exceção, condicionando-a aos casos previstos em lei. Veja-se bem:
Art. 170 [...]
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgão públicos, salvo nos casos previstos em lei.
(grifado)
Rompendo com uma tradição privatista brasileira de aproximadamente 86 anos, o novel Código Civil Brasileiro (Lei n.º 10.406, de 10.01.02), condiciona o exercício do direito de propriedade em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais, preservando o meio ambiente. Veja-se bem:
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 1º O direito de propriedade deve
ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
Diante do exposto, pode-se concluir a analise do Princípio do Desenvolvimento Sustentável citando o documento da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, intitulado “Nosso Futuro Comum”� em que o Desenvolvimento Sustentável é “[...] aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades.”
E, finalmente, no documento editado por várias instituições�, entre elas a UICN, PNUMA e WWF, intitulado “Cuidando do Planeta Terra: uma estratégia para o futuro da vida”, o Desenvolvimento Sustentável é definido como aquele que busca “melhorar a qualidade de vida humana dentro dos limites da capacidade de suporte dos ecossistemas”.
Por derradeiro e para arrematar a análise deste Princípio, apresentar-se-á um excerto extraído do voto do Ministro Celso de Mello�, do Supremo Tribunal Federal:
O princípio do desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocação desse postulado, quando ocorrente situação de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição inafastável, cuja observância não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais significativos direitos fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras gerações.
2. PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO E DA PRECAUÇÃO
Objetivando alcançar um melhor procedimento cognitivo, proceder-se-á na análise dos Princípios da Prevenção e da Precaução separadamente, embora alguns autores tratem de forma aglutinada os citados Princípios.
Prevenção é o ato ou efeito de prevenir. Prevenir significa antecipar, chegar antes, evitar, dispor de modo que se evite o dano ou o mal. O dano poderá ser detectado antecipadamente. De outra banda, a precaução é uma cautela antecipada. Há uma dupla fonte de incerteza: o perigo ele mesmo considerado e a ausência de conhecimentos científicos sobre o perigo.
2.1. Princípio da Prevenção
O escopo do Direito Ambiental é preventivo, pois toda a ação deve estar voltada para a não consumação do dano ambiental. Vale aqui relembrar o brocardo popular: mais vale prevenir do que remediar. É sabido que a reparação do dano nem sempre se viabiliza integralmente e, na maioria das vezes, é muito onerosa. Insista-se: corrigir o dano é mais oneroso e nem sempre possível. Imagine-se a destruição de uma espécie animal rara ou a destruição de um manguezal. A sociedade poderá ficar privada de um determinado bem ambiental por muitos anos ou até mesmo jamais recuperá-lo. As árvores centenárias existentes em uma determinada gleba de terras que forem abatidas para construção de um empreendimento imobiliário poderá implicar na aplicação de penalidades ao degradador ambiental, entre elas a obrigação de replantar centenas de novas árvores para tentar compensar o dano ambiental causado. Contudo, o certo é que a sociedade ficará privada por muitos anos daquelas espécies até que as novas árvores possam atingir a idade adulta. Esses exemplos demonstram que nem sempre é possível a repristinização, isto é, o retorno ao estado anterior. Aliás, esta situação é muito comum quando ocorre a contaminação ambiental por substâncias químicas, cujos efeitos nocivos causam lesões irreversíveis aos trabalhadores ou a comunidade.
A necessidade imperiosa de evitar a consumação de danos ao meio ambiente tem merecido a atenção das convenções, declarações, leis e das sentenças dos tribunais. É o caso da o Tratado de Maastricht sobre a União Européia, da Convenção de Basiléia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito, de 1989; da Convenção da Diversidade Biológica; e do Acordo-Quadro sobre o Meio Ambiente do MERCOSUL. 
Para Maria Luiza Machado Granziera�: 
[...] o reflexo mais evidente do Princípio da Prevenção, no campo normativo brasileiro, é o Estudo Prévio de Impacto Ambiental. O EPIA foi fixado na Lei n.º 6.938/81, como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente e posteriormente alçado à categoria de norma constitucional, no art. 225, inciso IV, que dispõe sobre “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, Estudo Prévio de Impacto Ambiental, a que se dará publicidade. 
 
2.2. Princípio da Precaução
No inicio desta unidade já se fez alusão ao Princípio da Precaução como sendo uma cautela antecipada, onde se visualiza uma dupla fonte de incerteza: o perigo ele mesmo considerado e a ausência de conhecimentos científicos sobre o perigo.
Exemplificando, cabe lembrar a soja transgênica e o uso intensivo de aparelhos celulares. Ora, a ciência ainda não foi capaz de comprovar se eles poderão ou não trazer efeitos indesejados na saúde humana. Como há suspeitas de que os produtos transgênicos e de que a ondas emitidas pelos aparelhos celulares poderão interferir negativamente na saúde humana, recomenda-se evitar o seu uso ou, até mesmo, o uso moderado.
Portanto, havendo uma incerteza científica sobre os seus efeitos na saúde e no ambiente, recomenda-se o não uso ou a redução do seu uso. Trata-se, sem sobra de dúvida, de uma medida de cautela, pois o atual desconhecimento sobre os seus efeitos poderá, num futuro próximo, quando os estudos científicos forem conclusivos, demonstrar os seus efeitos malefícios para saúde humana. Nesse passo, deve-se reconhecer como o núcleo da precaução a incerteza dos seus efeitos. Abster-se do consumo de um alimento, do uso de um equipamento ou da construção de uma obra cujos efeitos sobre o ambiente e a saúde humana sejam desconhecidos. 
Insta acentuar-se, ainda, que o Princípio 15 da Conferência das Nações Unidas – Rio 92 estabelece:
Princípio 15: Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.
E, durante a Rio+5, foi aprovada a Carta da Terra� de 1997, cujo Princípio 2 orienta:
Princípio 2: Importar-se com a Terra, protegendo e restaurando a diversidade, a integridade e a beleza dos ecossistemas do planeta. Onde há risco de dano irreversível ou sério ao meio ambiente, deve ser tomada uma ação de precaução para prevenir prejuízos.
Segundo Paulo de Bessa Antunes� o princípio da precaução é: 
[...] aquele que determina que não se produzam intervenções no meio ambiente antes de ter a certeza de que estas não serão adversas para o meio ambiente. É evidente, entretanto, que a qualificação de uma intervenção como adversa está vinculada a um juízo de valor sobre a qualidade da mesma e a uma análise de custo/benefício do resultado da intervenção projetada. 
E, para arrematar cite-se o pensamento de Maria Luiza Machado Granziera�:
O princípio da precaução tende para a necessidade de maiores prospecções sobre a atividade, com vistas a assegurar, o quanto possível, que a mesma não causará danos, no futuro. E antes de uma resposta consistente sobre os riscos, não se autoriza a sua implantação. Existindo dúvida sobre a possibilidade futura de dano ao homem e ao meio ambiente, a solução deve ser favorável ao ambiente e não ao
lucro imediato – por mais atraente que seja para as gerações presentes.
Quando se examinam os Princípios da Prevenção e da Precaução, torna-se necessário o enfrentamento da distinção entre perigo e risco. Aquele é uma condição da essência do ser. Este é uma probabilidade de ocorrerem acidentes. Por exemplo, voar é perigoso, contudo se a aeronave sofrer uma perfeita manutenção técnica, se os tripulantes estiverem bem treinados para o uso do equipamento, se os aeródromos forem dotados da infra-estrutura e de recursos humanos tecnicamente adequados, poder-se-á reduzir o risco de acidentes. Da mesma forma, o transporte de cargas perigosas pode implicar em graves contaminações ambientais. Portanto, o transporte rodoviário de produtos químicos é perigoso para o meio ambiente e para a comunidade. Entretanto, se a transportadora utilizar-se de um equipamento tecnicamente adequado, motorista treinado para o transporte de cargas perigosas e rotas adequadas, poder-se-á evitar o risco de acidentes.
3. PRINCÍPIO POLUIDOR-PAGADOR
A Declaração do Rio – Conferência das Nações Unidas de 1972, no Princípio 16, estabelece:
As autoridades nacionais devem procurar garantir a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, considerando o critério de que, em princípio, quem contamina deve arcar com os custos da descontaminação e com a observância dos interesses públicos, sem perturbar o comércio e os investimentos internacionais.
O Princípio Poluidor-Pagador prima pela internalização e não pela socialização dos custos da degradação ambiental. Em geral toda atividade que explora recursos ambientais pode ocasionar impactos ao meio ambiente, assim esse Princípio prevê que o infrator arque com os custos de sua atividade, absorvendo as chamadas externalidades negativas.
Quando se fala em internalização das externalidades negativas, significa evitar que a coletividade suporte os prejuízos, enquanto o produtor somente perceba os lucros da atividade.
Importante alertar que o fato do poluidor pagar pelos danos ocasionados, não se trata de uma condição para poluir, ou seja “pago, então posso poluir”. Não, o objetivo do pagamento é desestimular as condutas poluidoras. Veja-se na dicção de Antônio Herman V. Benjamin�:
O princípio do poluidor-pagador não é um princípio de compensação dos danos causados pela poluição. Seu alcance é mais amplo, incluídos todos os custos da proteção ambiental, quaisquer que eles sejam, abarcando, a nosso ver, os custos de prevenção, de reparação e de repressão do dano ambiental.
Ensina Maria Luiza Machado Granziera� que: 
[...] o fundamento do princípio “usuário-pagador” é de que os recursos ambientais existem para o benefício de todos. Assim, todos os usuários sujeitam-se à aplicação dos instrumentos econômicos estabelecidos para regular seu uso, para o bem comum da população. Seria o pagamento pelo uso privativo de bem público, em detrimento dos demais interesses.
Ensina Édis Milaré� sobre o Principio Poluidor-Pagador:
Assenta-se este princípio na vocação redistributiva do Direito Ambiental e se inspira na teoria econômica de que os custos sociais externos que acompanham o processo produtivo (v.g., o custo resultante dos danos ambientais) devem ser internalizados, vale dizer, que os agentes econômicos devem levá-los em conta ao elaborar os custos de produção e, conseqüentemente, assumi-los [...].
A Constituição Federal, no § 3º do art. 225 contempla a responsabilização dos poluidores sob o plano da responsabilidade administrativa, penal e civil. É o que se depreende da expressão “independentemente da obrigação de reparar os danos causados”, a qual reflete a responsabilização civil dos poluidores.
Art. 225 [...]
[...]
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
O art. 4º da Lei n.º 6.938, de 31.08.81, estabelece os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente. Veja-se bem:
Art. 4º A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
E o § 1º, do art. 14 da Lei 6.938, de 31.08.81 contempla a responsabilidade objetiva pelos danos ambientais, isto é, prescinde do elemento subjetivo. Dessa forma ao responsabilizar o poluidor não haverá a investigação dos aspectos subjetivos que levaram o agente poluidor a causar a degradação ambiental. Não, a responsabilidade é aferida pelo princípio da responsabilidade objetiva, ou seja, causou o dano responde.
Art. 14 [...]
§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
Saliente-se que o escopo do Princípio Poluidor-Pagador é impor as pessoas físicas ou jurídicas, jurídicas públicas ou privadas, uma sanção. Esta objetiva prevenir novas agressões, inibindo comportamentos atentatórios ao meio ambiente.
4. PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO E DA COOPERAÇÃO
Todos devem atuar na defesa do meio ambiente. Não há só direitos ao ambiente sadio e equilibrado. Também há obrigações do povo em tutelar o meio ambiente. Basta verificar no caput do art. 225 da Constituição Federal.
Há diversas formas de garantir-se a participação da sociedade na tutela do meio ambiente, seja através da representação que os cidadãos levam aos órgãos ambientais, seja através das representações encaminhadas ao Ministério Público, seja através da judicialização das questões de natureza ambiental, ou, até mesmo, através da participação ativa da comunidade nas audiências públicas ambientais.
Contudo, para que se possam assegurar a participação de todos os cidadãos, das entidades representativas da sociedade e, especialmente, das ONGs ambientalistas na tomada das decisões ambientais há necessidade da divulgação das informações. Portanto, somente se legitimará a participação na medida em que os cidadãos forem devidamente informados sobre as matérias ambientais.
A título ilustrativo cita-se uma representação do Presidente da Subsecção da OAB de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, na Curadoria do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual de São Paulo, contra a TRANSPETRO S/A, empresa do Grupo da PETROBRAS S/A, em decorrência de crimes ambientais ocorridos em APP (Área de Preservação Permanente). O presidente da Subsecção da OAB, alerta que houve o desvio de corpo d’água e assoreamento de afluente do Rio Guaecá, fatos estes que provocaram quatro autuações com multas contra a mencionada Empresa, pela Polícia Ambiental. Pode-se evidenciar neste fato a participação ativa da OAB participando ativamente na defesa do meio ambiente.
Outra forma de participação se dá nas relações internacionais quando ocorrem acidentes com petroleiros como foi o caso do Navio Exxon Valdez, no Alasca e o acidente nuclear de Chernobil, na Ucrânia. Registre-se, também, os gravíssimos eventos provocados pela natureza como a tragédia ocorrida na Indonésia - Província de Aceh, na extremidade norte da ilha de Sumatra, região mais seriamente atingida pelo Tisunami que eclodiu no dia 26 de dezembro de 2004.
Situação igualmente preocupante é a dos denominados refugiados ambientais. A ONU calcula que mais de 50 milhões de pessoas podem ser obrigadas a abandonar suas casas nos próximos anos por causas ambientais como elevação do nível do mar, desertificação, inundações e degradação da terra. Os dados da Cruz Vermelha são extremamente contundentes, tendo em vista que os refugiados devido
a desastres naturais somam mais do que os refugiados de guerra, produzindo grandes correntes de migração permanente. 
Segundo Édis Milaré�, o Princípio da Participação reflete a participação do cidadão no equacionamento e implementação da política ambiental, com a participação de todas as categorias da população e das forças sociais para atingir o objetivo desse princípio, qual seja, a contribuição, proteção e melhoria do meio ambiente.
 
A cooperação entre os povos para o progresso da humanidade está expressa no inciso IX do art. 4º da Constituição Federal. Ora é sabido que o meio ambiente não tem fronteiras, havendo uma interdependência entre as nações em favor da tutela ambiental. Da mesma forma não se desconhece que os efeitos da degradação ambiental em uma determinada região poderão trazer funestas conseqüências em outras regiões.
Esta é a razão pela qual é necessário incentivar a formalização de acordos e convenções internacionais, disciplinando o uso do meio ambiente em prol da preservação ambiental e da melhoria da qualidade de vida planetária. 
Por derradeiro, deve-se lembrar o item 1.3 do Preâmbulo da Agenda 21:� 
A Agenda 21 está voltada para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo, ainda, de preparar o mundo para os desafios do próximo século. Reflete um consenso mundial e um compromisso político no nível mais alto no que diz respeito a desenvolvimento e cooperação ambiental. O êxito de sua execução é responsabilidade, antes de mais nada, dos Governos. Para concretizá-la são cruciais as estratégias, os planos, as políticas e os processos nacionais. A cooperação internacional deverá apoiar e completar tais esforços nacionais. Nesse contexto, o sistema das Nações Unidas tem um papel fundamental a desempenhar. Outras organizações internacionais, regionais e subregionais também são convidadas a contribuir para tal esforço. A mais ampla participação pública e o envolvimento ativo das organizações não-governamentais e de outros grupos também devem ser estimulados.
5. PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO
Para se possa assegurar a participação da sociedade na tomada das decisões ambientais, há necessidade de informar a comunidade. Aliás, quanto maior for a sadia cumplicidade entre a comunidade envolvida, o empreendedor e o órgão ambiental, tanto maior será a legitimidade da decisão tomada. 
Entretanto, para que a sociedade possa participar, reitere-se, há necessidade dela ser competentemente informada.
Segundo Paulo Affonso Leme Machado�:
[...] a declaração do Rio de Janeiro/92, em uma das frases do princípio 10, afirma que, no nível nacional, cada indivíduo deve ter acesso adequado a informações relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações sobre materiais e atividades perigosas em suas comunidades.
O direito de saber, portanto, é um direito dos cidadãos e uma obrigação do poder público. Aliás, os atos da administração devem por força do art. 37 da Constituição Federal se revestir de publicidade. Trata-se da indispensável transparência dos atos administrativos. Somente através da divulgação dos atos administrativos é que a sociedade poderá aquilatar a legalidade ou não e o seu grau de eficiência.
Destarte, deverão os atos que envolvam matérias ambientais receber a mais ampla publicidade, sendo publicados em veículos de imprensa oficial e em jornais de grande circulação ou afixados em locais das repartições públicas destinados para este fim, salvo nas raríssimas hipóteses em que se admite o sigilo das informações. Contudo, vale lembrar que a regra é a publicidade e o sigilo é a exceção.
Sempre que o direito a informação não for assegurado pelos órgãos ambientais poderá ser reclamado através do direito de petição (art. 5º, XXXIV, “a” da Constituição Federal) e por certidões (art. 5º, XXXIV, “b” da Constituição Federal). Negado o direito a informação, poderá o administrado valer-se de medidas judiciais, através do mandado de segurança (art. 5º, LXIX da Constituição Federal) e o habeas data (art. 5º, LXXII da Constituição Federal). 
Para arrematar, é preciso lembrar que a Lei n.º 10.650, de 16.04 de 2003, a qual dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes em órgãos e entidades integrantes do SISNAMA�, estabelece em seu art. 2º a obrigação dos órgãos ambientais de permitir o acesso público aos documentos, expedientes e processos administrativos que tratem de matéria ambiental e a fornecer todas as informações ambientais que estejam sob a sua guarda.
6. PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A Constituição Federal agasalhou a educação ambiental no inciso VI, § 1º do art. 225. O poder público está obrigado a promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino. Veja-se bem:
Art. 225 [...]
§ 1º [...]
[...]
VI - Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
Ademais, a o inciso X, do art. 2º da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), alinhada com a disposição constitucional exige não somente a educação a todos os níveis de ensino mas também a capacitação da comunidade para participação ativa na defesa do meio ambiente. Veja-se bem:
Art. 2º [...]
[...]
 X educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
Contudo, foi a Lei n.º 9.795, de 27.04.99 que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental. No seu art. 2º dispõem:
Art. 2º A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.
Todos reconhecem que a educação é um fator de cabal importância na proteção do meio ambiente. Ninguém valoriza aquilo que desconhece. Há indivíduos que não estão suficiente informados sobre a necessidade de se mudar determinadas práticas de desperdício, sob pena de, num futuro próximo, carecermos de recursos básicos para a sadia qualidade de vida. Não é incomum visualizarmos praticas de desperdício de energia e de água. Nesse cenário surge a educação ambiental como um dos mais importantes instrumentos de reversão de condutas desajustadas e quiçá de prevenção de futuras carências das necessidades básicas (água, alimentos, energia e etc.).
Há basicamente duas formas de promoverem-se a educação ambiental. A primeira é denominada de educação formal (arts. 9º ao 12 da Lei n.º 9.795/99), isto é, aquela que é ministrada da pré-escola ao pós-doutoramento. O educando e a instituição educacional mantém um vinculo, possibilitando inclusive a avaliação dos níveis de aprendizagem. A segunda, ou seja, a educação não-formal (art. 13 da Lei n.º 9.795/99) é aquela em que as ações e práticas educacionais estão voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. Normalmente o educando não mantém qualquer vinculo com a instituição que promove a educação não-formal. Esta é ministrada, por exemplo, pelos meios de comunicação, através dos jornais, dos programas de rádio e televisão, tendo uma maior penetração no contexto social e atingindo um maior numero de pessoas. Aquela poderá ser ministrada, por exemplo, em uma escola de primeiro grau, onde as crianças terão noções básicas de ecologia.
Forçoso é reconhecer-se, portanto, que não basta o Estado dispor de instrumentos para proteção do meio ambiente se o cidadão comum desconhece seus direitos. Há necessidade de informá-lo, dotá-lo do indispensável conhecimento para o enfrentamento das questões ambientais, especialmente para que ele possa ter uma participação ativa nas audiências públicas e nos pleitos a serem dirigidos ao poder público.
É oportuno relembrar o acidente radiológico de Goiânia�. Claro que ele foi fruto da irresponsabilidade do poder público
e da curiosidade das pessoas. Entretanto, se aquelas pessoas que se expuseram a radiação tivessem noção dos riscos a que estavam se submetendo jamais teriam aberto equipamentos médicos que continham produtos radioativos. É o desconhecimento, a falta da informação e da educação.
Outro exemplo são os agrotóxicos usados de forma inadequada por pessoas de baixa instrução e desinformados. Não é incomum, nas áreas rurais, a intoxicação dos agricultores resultante da exposição a agente químicos. Há situações em que os agricultores reutilizam embalagens de agrotóxicos para guardar gêneros alimentícios, manipulam substancias químicas agressivas sem equipamentos de proteção individual. Por tudo isso não é incomum a ocorrência de casos de crianças que nascem com anincefalia, teratogênese e etc. 
PÁGINA INTERATIVA
Faça um resumo das principais idéias contidas no Capítulo 4 da Agenda 21, documento da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que tratou das mudanças dos padrões de consumo, no Site:.:MMA - Ministério do Meio Ambiente - Agenda 21:.
REFERÊNCIA COMENTADA
MILARÉ, Édis. Direito ao meio ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, pp. 760/780. No Capítulo III da mencionada obra o Autor faz uma excelente abordagem sobre os Princípios Fundamentais do Direito do Ambiente, possibilitando a complementação dos estudos sobre um dos mais importantes temas de tutela ambiental.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Paulo de Bessa. Curso de Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
BENJAMIN. Herman V. Benjamin. O princípio do poluidor-pagador e a reparação do dano ambiental. In Dano Ambiental: Prevenção, reparação e repressão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993.
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2007.
GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito de Águas: disciplina jurídica das águas doces. São Paulo: Atlas, 2006.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2005.
MILARÉ, Édis. Direito ao meio ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.
SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. São Paulo: Malheiros, 1997. 
AUTO-AVALIAÇÃO
Examine os fatos abaixo e escolha a alternativa que melhor corresponda ao(s) Princípio(s) Ambiental(ais) com maior incidência.
O Ministério Público do Estado de São Paulo, por intermédio do Promotor de Justiça de Proteção ao Meio Ambiente da Comarca de Santos, ajuizou Ação Civil Pública com Pedido Liminar contra empresa Eficiência Telecomunicações Ltda., com base na representação da Associação dos Amigos e Defesa do Meio Ambiente da Praia de Santos. A Requerida alugou um terreno no Loteamento Vila Real, visando construir ali uma antena de telefonia celular, do tipo banda “B”. Preocupados com os efeitos que poderiam advir da instalação de mais uma antena transmissora/receptora, tendo em vista que nas imediações daquela área já estão instaladas 6 (seis) antenas que emitem, de televisão e rádio e, além disto, que desta vez a antena a ser construída estaria encravada em meio a lotes com residências já construídas. Alega a referida entidade ecológica que além da total irregularidade na construção pretendida pela empresa-ré, há risco à saúde pública decorrente da nocividade da atividade face ao acúmulo absurdo da radiação não ionizante a que já estão submetidos os moradores do citado Loteamento. 
Princípio da legalidade e o Princípio do Desenvolvimento Sustentável.
Princípio do Poluidor-Pagador e o Princípio da Autotutela.
Princípio da Educação Ambiental e o Princípio do Desenvolvimento Sustentável.
Princípio do Poluidor-pagador e o Princípio da Prevenção. 
2. Mais quatro produtos encontrados em supermercados brasileiros contêm ingredientes transgênicos. O resultado foi divulgado ontem pela Organização Greenpeace, durante protesto no Supermercado Pão de Açúcar em São Paulo. [...] Segundo a coordenadora da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace, Mariana Paoli, o laboratório identificou a presença de soja transgênica Roudup Ready, da Monsanto, e milho transgênico Bt 176, da Novartis, no sopão de galinha da Knorr, na sopa de galinha Pokemon, da Arisco, no Ovomaltine Cereais e Fibras, da Novartis, e na mistura para bolo de chocolate da Sadia. (fonte: ZH, 21.09.00).
Princípio da legalidade e o Princípio do Desenvolvimento Sustentável.
Princípio do Poluidor-Pagador e o Princípio da Autotutela.
Princípio da Participação e o Princípio da Precaução.
Princípio do Poluidor-pagador e o Princípio da Prevenção. 
3. Água, a substância mais abundante do planeta, está pouco a pouco se tornando uma raridade em diversos países. (...) Segundo previsões do Programa Ambiental das Nações Unidas (Unep), a não ser que sejam modificadas as atuais práticas de desperdício e degradação dos recursos hídricos, dois terços da população mundial estará vivendo em condições de escassez de água até 2025. Com um crescimento populacional estimado em 2 bilhões de pessoas nos próximos 25 anos, especialistas e autoridades internacionais alertam para um possível colapso das reservas de água doce da Terra. (fonte: O Estado de São Paulo, 18.09.00).
Princípio do Desenvolvimento Sustentável e o Princípio da Informação.
Princípio do Poluidor-Pagador e o Princípio da Educação Ambiental.
Princípio da Responsabilidade Objetiva e o Princípio do Desenvolvimento Sustentável.
Princípio do Poluidor-pagador e o Princípio da Prevenção. 
4. Técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Curitiba, decidiram manter a multa de R$ 168 milhões aplicada à Petrobras após o vazamento de 4 milhões de litros de óleo da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Auracária, em meados de julho. (Fonte: Jornal do Comércio, 18.09.00).
Princípio do Desenvolvimento Sustentável.
Princípio da Precaução.
Princípio da Educação Ambiental.
Princípio do Poluidor-pagador. 
5) Examine a sentença abaixo e marque verdadeira (V) ou falsa (F).
Principal símbolo da Bahia, o Pelourinho é um capítulo à parte na visita a Salvador: antes ponto de prostituição, venda de drogas e violência, o local atualmente reúne restaurantes com o melhor sabor da culinária baiana, artesanato, arquitetura barroca, religião, centros culturais e o legítimo batuque do Olodum. Pode-se afirmar que ao tutelar este patrimônio estaremos protegendo o meio ambiente.
Respostas: 1. D; 2. C; 3. A; 4. D; 5. V
II – ASPECTOS DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA LEGISLATIVA DO MEIO AMBIENTE NO BRASIL
Este Capítulo tem por escopo propiciar um “vôo de pássaro” sobre questões históricas legislativas do meio ambiente no Brasil. Não é incomum a algumas pessoas afirmarem que a tutela ambiental iniciou após a Revolução Industrial, o que, sem dúvida, constitui um erro crasso. A história do homem neste planeta está ligada a degradação ambiental. Entretanto, no Brasil há necessidade de iniciarmos a análise da evolução histórica legislativa da proteção do meio ambiente ao tempo das Ordenações do Reino�. 
Serão analisados os seguintes tópicos:
1. Ordenações do Reino.
2. Normas com repercussão ambiental e normas ambientais propriamente ditas.
3. Aspectos da evolução histórica legislativa ambiental no Brasil.
1. ORDENAÇÕES DO REINO
Inicialmente, é importante reforçar-se a idéia de que o berço das normas ambientais brasileiras repousa nas Ordenações do Reino Português. Aliás, não se pode olvidar que o Brasil foi colônia de Portugal.
 
As Ordenações Afonsinas, cuja compilação foi concluída em 1446, estabeleceu, entre outras disposições legais, a proibição do corte deliberado de árvores frutíferas e que o furto da aves, para efeitos criminais, era equiparado a qualquer espécie de furto. 
Nas Ordenações Manuelinas, cuja compilação foi concluída em 1521, destaca-se a proibição da caça de determinados animais com instrumentos capazes de causar-lhes a morte
com dor e sofrimento. Registre-se que a atual Lei 9.605, de 12.02.98 (dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências), ao tratar dos crimes contra a fauna, estabelece:
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa e cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), se ocorre morte do animal.
Ademais, verifica-se que o zoneamento ambiental, previsto no inciso II, do art. 9º da Lei 6.938, de 31.08.81 (Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências), já era disciplinado nas Ordenações Manuelinas, pois a caça era liberada em determinados locais e vedada em outros, constituindo uma forma de zoneamento ambiental.
Nas Ordenações Manuelinas verifica-se, outrossim, que o ato de cortar as árvores frutíferas poderia resultar em severas penalidades, inclusive no pagamento de multas, de acordo com o valor das árvores abatidas. Pode-se identificar neste dispositivo legal os primórdios da teoria da reparação do dano, hoje largamente utilizada na tutela do meio ambiente, principalmente através da utilização da Lei 7.347, de 24.07.85 (disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e dá outras providências).
Nas Ordenações Filipinas - compilação de 1595 – destaca-se o Regimento sobre o Pau-Brasil (12.12.1605), o qual constitui a edição da primeira Lei protecionista florestal brasileira denominada de Regimento sobre o Pau-Brasil.
As Ordenações Filipinas contem disposições legais sobre a conservação dos recursos naturais, legislação de caça, pesca, controle das queimadas e da poluição das águas. A título ilustrativo destaca-se o seguinte excerto, em sua linguagem arcaica:
O que cortar árvores de fructo, em qualquer parte que stiver, pagará a estimação della ao seu dono em três dobro e se o dano que assim fizer nas árvores for valia de quatro mil Reis, será açoutado e degredado quatro anos para África e se for valia de trinta Cruzados, e dahi para cima, será degredado para sempre para o Brasil.
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA LEGISLATIVA DAS NORMAS AMBIENTAIS NO BRASIL
Há dois momentos legislativos na tutela do meio ambiente no Brasil. O primeiro antecede o ano de 1973, ao qual denomina-se de período de normas com repercussão ambiental. O segundo período ocorre a partir de 1973, em que o legislador brasileiro passa a legislar especificamente sobre a proteção ambiental. O primeiro momento legislativo pode-se denominá-lo de período das normas com repercussão ambiental, isto é, onde o escopo do legislador brasileiro – salvo algumas exceções – não estava direcionado a proteção do meio ambiente. Algumas normas, cujo objeto de tutela era destinado a outros interesses, em determinadas situações, alcançavam a proteção do meio ambiente. É o caso do uso nocivo da propriedade, previsto no art. 554 do antigo Código Civil Brasileiro (Lei 3.071, de 01.01.16):
Art. 554 O proprietário, ou inquilino de um prédio tem o direito de impedir que o mau uso da propriedade vizinha possa prejudicar a segurança, o sossego e a saúde dos que o habitam.
Em algumas situações poder-se-ia empregá-lo como norma de proteção ambiental, em outros não. Veja-se, a título ilustrativo, a situação em que um pequeno estabelecimento industrial causava ruído acima dos limites toleráveis. Nessa hipótese, havendo um vácuo legislativo específico para proteger os moradores residentes no entorno da mencionada indústria, poderiam estes se valer do mencionado dispositivo do Código Civil Brasileiro. Contudo, se a fonte poluidora emissora de poluentes atmosféricos estivesse situada em um município distante das residências dos moradores referidos, haveria a impossibilidade do emprego desse dispositivo legal para tutelar os direitos dos moradores molestados pelos efeitos da poluição gerada pela fonte emissora. Deve-se debitar essa inviabilidade ao escopo da norma não ter como foco a efetiva proteção ambiental.O bem juridicamente tutelado não era o meio ambiente.
Insta acentuar-se que no período que antecede o ano de 1973, isto é, período das normas com repercussão ambiental, há algumas exceções como, por exemplo, o Código das Águas (Decreto 24.643, de 10.07.34), Código Florestal (Lei 4.771, de 29.06.65), Lei de Proteção à Fauna (Lei 5.197, de 03.01.67). Contudo, reafirme-se, foi a partir do ano de 1973 que os legisladores brasileiros passaram a dar mais ênfase à proteção ambiental.
Importante sinalizar que a Conferência das Nações Unidas, realizada em Estocolmo em 1972 e as novas influências internacionais e nacionais foram decisivas para a mudança de comportamento dos legisladores e administradores públicos, no aprimoramento do sistema legislativo brasileiro de proteção ambiental. No gráfico abaixo, procurou-se representar os dois períodos, ou seja, o das normas com repercussão ambiental e o das normas ambientais propriamente ditas.
3. EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
Sem qualquer pretensão de exaurimento do tema, procurar-se-á arrolar cronologicamente algumas das principais normas ambientais, sejam elas com repercussão ambiental ou normas ambientais propriamente ditas.
Ordenações do Reino
Lei 3.071/16 – Código Civil Brasileiro
Decreto 24.643/34 – Código das Águas
Decreto-Lei 2.848/40 – Código Penal
Lei 4.771/65 – Código Florestal
Lei 5.197/67 – Proteção da Fauna
Decreto 221/67 – Proteção e Estímulo a Pesca
Declaração de Estocolmo/72 – Assembléia ONU
Decreto-Lei 1.1413/75 – Controle da Poluição do Meio Ambiente provocada por Atividades Poluidoras
Lei 6.766/79 – Parcelamento do Solo Urbano
Lei 6.938/81 – Política Nacional do Meio Ambiente
Lei 7.473/85 – Ação Civil Pública 
Lei 7.661/88 – Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro
Constituição Federal de 1988
Lei 7.802/89 – Agrotóxicos
Declaração do Rio/92 – Assembléia da ONU
Lei 9.433/97 – Política Nacional de Recursos Hídricos
Lei 9.605/98 – Lei dos Crimes Ambientais
Lei 9.985/00 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação
Lei 10.257/01 – Estatuto da Cidade
PÁGINA INTERATIVA
Examine o índice cronológico da legislação ambiental de uma Coletânea de Legislação Ambiental, completando o rol das normas federais arroladas neste Capítulo. Para tanto, poderá valer-se das coletâneas de legislação ambiental publicadas pelas principais editoras jurídicas nacionais, especialmente as da Editora Revista dos Tribunais, da Editora Saraiva, da Editora Verbo Jurídico ou através dos Sites de pesquisa de legislações, como o do Senado Federal, Câmara dos Deputados e etc.
REFERÊNCIA COMENTADA
WAINER, Ann Helen. Legislação Ambiental Brasileira: Evolução Histórica do direito Ambiental. Revista de Direito Ambiental, São Paulo: Revista dos Tribunais, Vol. 0, pp. 158/169.
Trata-se de um artigo em que a Autora promove uma revisão da evolução histórica legislativa do meio ambiente no Brasil. Vários aspectos históricos legislativos são enfrentados, possibilitando-lhe um aprofundamento dos conhecimentos sobre este Capítulo.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Paulo de Bessa. Curso de Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2007.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2005.
MILARÉ, Édis. Direito ao meio ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.
SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. São Paulo:
Malheiros, 1997. 
SIRVINKAS. Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. São Paulo: Saraiva, 2002.
WAINER, Ann Helen. Legislação Ambiental do Brasil. Rio: Forense, 1991.
AUTO-AVALIAÇÃO
Leia as sentenças abaixo e assinale verdadeiro (V) ou falso (F).
1. Não há uma relação de pertinência entre a sentença “A” e a sentença “B”. A) As Ordenações Manuelinas (1.521) proibia a caça de determinados animais com instrumentos capazes de causar-lhes a morte com dor e sofrimento. B) Lei 9.605/98: Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Há uma relação de pertinência entre a sentença “A” e a sentença “B”. A) Caça era liberada em determinados locais e vedada em outros. B) Lei 6.938/81: Art. 9º São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: [...] II – o zoneamento ambiental; [...].
As normas com repercussão ambiental, o legislador não tinha por objetivo a efetiva proteção do meio ambiente.
Pode-se afirmar que a Constituição Federal Brasileira é uma norma com repercussão ambiental.
Respostas: 1. F ; 2. V ; 3.V ; 4. F
III – DEFINIÇÕES LEGAIS DE MEIO AMBIENTE, DEGRADAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL, POLUIÇÃO, POLUIDOR E RECURSOS AMBIENTAIS 
Ao enfrentar-se qualquer conflito ambiental há necessidade de definir com absoluta clareza o objeto que esta sendo protegido, a sua agressão e quem são os agentes que provocam a degradação ambiental. É lógico que existem várias definições bibliográficas. Contudo, quando o legislador já estabeleceu o campo de aplicação da norma, mais fácil se tornará a tarefa do operador do direito ao procurar amparar suas medidas de controle nas definições legais.
Destarte, o art. 3º da Lei 6.938, de 31.08.81 define meio ambiente, degradação da qualidade ambiental, poluição, poluidor e recursos ambientais. Veja-se bem:
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente;
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. 
Com base na lição de Celso Antonio Pacheco Fiorillo, pode-se verificar que há dificuldades jurídicas para delimitar o conceito de meio ambiente. Assevera o citado Autor: “O termo meio ambiente é um conceito jurídico indeterminado, cabendo, dessa forma, ao intérprete o preenchimento do seu conteúdo.”� 
Ao analisar o inciso I, do art. 2º da Lei n.º 6.938/81, ensina Édis Milaré: 
O meio ambiente é bem de fruição humana coletiva, e há de ser protegido contra agressões que o atingem enquanto tal. Não sendo passível de apropriação individual, por qualquer pessoa física ou jurídica, seja de direito público ou privado, reveste a qualificação de bem de uso comum do povo, como explicita a CF, ou de patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido; tendo em vista o uso coletivo, como diz a lei ordinária (6938/81, art 2º, I).�
Na dicção de José Afonso da Silva:
O ambiente integra-se, realmente, de um conjunto de elementos naturais e culturais, cuja interação constitui e condiciona o meio em que se vive. Daí porque a expressão “meio ambiente” se manifesta mais rica de sentido (como conexão de valores) do que a simples palavra “ambiente”. Esta exprime o conjunto de elementos; aquela expressa o resultado da interação desses elementos [...]� 
Ressalte-se que a palavra “leis” contida no inciso I, do art. 3º da Lei 6.938/81 não deve ser interpretada como instrumento legal, isto é um comando geral e abstrato que regula a vida social. Não, “leis” nesse contexto refere-se a todas as leis da natureza, tais como: a Lei de Isaac Newton da Gravitação Universal (século XVII), em que a gravidade é a força de atração que os corpos materiais exercem sobre os outros ou a Lei de Gregor Johann Mendeli�, que estudou a herança das características das ervilhas, descobrindo, desta forma, as leis básicas da hereditariedade.
No que tange ao inciso II, do art. 3º da Lei 6.938/81, verifica-se que ao definir a degradação ambiental o legislador valeu-se da expressão “alteração adversa” das características do meio ambiente. O adjetivo adverso, segundo o Dicionário Aurélio Século XXI, tem o significado de contrário. Dessa forma, degradação ambiental deverá ser interpretada como toda a alteração contrária as característica do meio ambiente previstas no inciso I, do art. 3º da Lei 6.938/81. Por exemplo: a falta de oxigênio nas águas, provocada pelo acúmulo de esgoto sanitário em um rio poderá determinar a mortandade de peixes. Neste caso, ocorrerá uma alteração contrária as condições naturais daquele rio, pois alterará as condições físicas e biológicas daquele recurso hídrico, constituindo-se em degradação da qualidade ambiental.
Quanto a analise das alíneas do inciso III do art. 3º, da Lei 6.938/81, verifica-se que o legislador arrolou várias situações que, isoladas ou associadas, poderão implicar na caracterização da poluição. Na alínea “a” foram mencionadas aquelas que prejudicam a saúde, a segurança e o bem-estar da população. A titulo ilustrativo poder-se-á lembrar a situação de uma recicladora de baterias automotivas usadas, a qual vai lentamente contaminando o ambiente interno, o solo da empresa e suas imediações, e especialmente a atmosfera com gases contendo compostos de chumbo, desencadeando, no decorrer dos anos uma epidemia de saturnismo (o saturnismo, ou plumbismo é o nome dado à intoxicação pelo chumbo. Ela afeta milhões de pessoas em todo o mundo como resultado da poluição).
É sabido que os modais de transporte de produtos perigosos oferecem riscos à segurança das pessoas e ao meio ambiente. O transporte rodoviário de cargas perigosas, por exemplo, está intimamente relacionado com a segurança. Não é incomum a ocorrência de acidentes nas estradas com as denominadas fontes móveis de poluição, colocando em risco a segurança dos usuários da via e das populações que residem e trabalham no seu entorno.
Ao mencionar o prejuízo ao bem-estar da população como poluição (alínea “b”, do inc. II, art. 3º da Lei 6.938/81), incidiu o legislador na elaboração daquelas normas que contem conceito indeterminado�, ou seja, possibilita um leque de situações que poderão ser incluídas na sua interpretação. Ora, o aroma de um perfume poderá produzir prazer ao olfato de algumas pessoas e náuseas ao de outras. O odor de uma indústria de celulose poderá apenas causar desconforto a um grupo de pessoas e mal estar em outras, podendo, inclusive requerer auxilio médico para controle de eventuais crises. Dessa forma, é difícil seu enquadramento, tendo em vista as variadas situações que poderão desencadear, por exemplo, a emissão de poluentes não tóxicos, porém com odor desagradável. 
Na alínea “b” do inciso III, art. 3º da Lei 6.938/81 foi também arrolado como poluição a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente criem condições adversas às atividades sociais e econômicas. Dever-se-á interpretar como condição contraria as atividades
sociais e econômicas aquelas que, por exemplo, incidem sobre os meios de sobrevivência de um grupo de pessoas. Veja-se bem: se uma indústria química lançar seus efluentes tóxicos em um rio, impossibilitando a pesca, certamente os trabalhadores que retiram seu meio de sustento das águas daquele rio ficarão prejudicados. Neste quadro torna-se visível o prejuízo às atividades sociais e econômicas da comunidade pesqueira, bem como de todos os consumidores, os quais ficarão privados dos peixes. 
Na alínea “c” do inciso III, do art. 3º da Lei 6.938/81 foi também arrolada como poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente afetem desfavoravelmente a biota. A inteligência dessa alínea “c” repousa na interpretação do significado de biota. Assim sendo, colhe-se o verbete contido no Glossário Ambiental da obra Direito do Ambiente de Édis Milaré�, define-se biota como sendo: 
Conjunto de seres vivos que habitam um determinado ambiente ecológico, em estreita correspondência com as características físicas, químicas e biológicas desse ambiente.
E, acrescenta também:
Conjunto de componentes vivos (bióticos) de um ecossistema.
Saliente-se que poluentes do ar (chuva ácida) e metais pesados podem alterar a composição química de rios e lagos, afetando a biota aquática. 
Na alínea “d” do inciso III, do art. 3º da Lei 6.938/81 é também considerada poluição a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente. 
Nas grandes cidades brasileiras é comum verificarmos a profusão de outdoors, placas, faixas e a mídia eletrônica. Todas estas formas concorrem para a degradação ambiental, sob a forma de poluição visual e da estética das cidades.
Quanto às questões sanitárias, é imperioso lembrar-se que na grande maioria dos municípios brasileiros, não há qualquer tipo de tratamento dos esgotos domésticos e de disposição adequada dos seus resíduos domésticos. São lançados os esgotos domésticos diretamente nos corpos hídricos, concorrendo para contaminação dos mananciais e os resíduos domésticos são dispostos no solo de forma inadequada, sob a forma de lixões, contaminando o solo e as águas superficiais e subterrâneas. Aliás, há vários balneários da costa brasileira que durante a alta temporada de verão recebem um notável incremento populacional sem contar com a necessária infra-estrutura sanitária para destinação adequada dos esgotos domésticos e dos resíduos sólidos urbanos.
Finalmente, na alínea “e” do inciso III, do art. 3º da Lei 6.938/81 constitui também poluição a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. Inicialmente, é necessário compreender-se o significado da expressão “padrão ambiental”�. 
No campo ambiental, define-se padrão como o limite quantitativo e qualitativo estabelecido pelas normas ambientais, para medir a quantidade, peso, extensão ou valor dos elementos. Por exemplo, os padrões de balneabilidade, os quais constituem as condições limitantes estabelecidas para a qualidade das águas doces, salobras e salinas destinadas à recreação de contato primário (banho público). Os padrões de balneabilidade foram fixados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.
Existem ainda, os denominados padrões de emissão ou limites de emissão, os quais segundo o Vocabulário Técnico de Termos Ambientais e sua Capitulação Jurídica�, são “as quantidades máximas de poluentes permissíveis de lançamentos.”
No inciso IV do art. 3º da Lei 6.938/81 é definido poluidor como sendo a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental. Dessa forma, poder-se-á responsabilizar tanto a administração pública direta da União, dos Estados, do DF e dos Municípios como a administração pública indireta (autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista), bem como as concessionárias e permissionárias de serviço público, pela degradação ambiental. 
Por derradeiro, o inciso V do art. 3º, da Lei 6.938/81, arrola os recursos ambientais como a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. Reconheça-se que os recursos ambientais dispensam maiores explicações. Por essa razão analisar-se-á, exclusivamente, o conceito de biosfera. Segundo o Glossário Ambiental de Édis Milaré�, entende-se por biosfera:
Sistema integrado de organismos vivos e seus suportes, compreendendo o envelope periférico do planeta Terra com a atmosfera circundante, estendendo-se para cima e para baixo até onde exista naturalmente qualquer forma de vida.
PÁGINA INTERATIVA
Faça um resumo das principais idéias contidas na Parte Dois, denominada “A Ascensão do Pensamento Sistêmico”, pp.31/70 do livro “A Teia da Vida”, de Fritjof Capra. 
REFERÊNCIA COMENTADA
MILARÉ, Édis. Direito ao meio ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, pp. 324/341. No Capítulo II da mencionada obra o Autor analisa, com extremada maestria, os Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, abordando da Seção I, os “Padrões de qualidade ambiental”. É de grande importância o conhecimento dos padrões de qualidade do ar, das águas, do solo e dos ruídos. A leitura desse texto possibilitará a complementação dos estudos deste Capítulo.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Paulo de Bessa. Curso de Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2007.
CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida. São Paulo: Cultrix, 2007.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2005.
MILARÉ, Édis. Direito ao meio ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.
SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. São Paulo: Malheiros, 1997. 
SIRVINKAS. Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. São Paulo: Saraiva, 2002.
WAINER, Ann Helen. Legislação Ambiental do Brasil. Rio: Forense, 1991.
AUTO-AVALIAÇÃO
1. Do voto proferido pelo Ministro Celso Mello, no STF extraiu-se o seguinte excerto:
A expressão todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225, caput, da CF), abrange:
I – Todos os seres vivos existentes na terra.
II – O homem, os animais, os vegetais e os minerais.
III – O homem e os demais seres vivos, o ar, a água, o solo, o subsolo.
a) somente a alternativa I está correta.
b) somente a alternativa III está correta.
c) somente as alternativas I e II estão corretas.
d) somente as alternativas II e III estão corretas.
e) nenhuma das alternativas está correta.
2. De acordo com a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, poderão enquadrar-se na condição de poluidores:
I - O IBAMA, o DENIT e a União.
II – O DENIT e a Centrais Elétricas S/A.
III - Estado do Rio Grande do Sul e o Município de Canoas (RS).
a) somente II está correta.
b) somente I e II estão corretas.
c) somente II e III estão corretas.
d) todas as alternativas estão corretas.
e) nenhuma das alternativa está correta.
3. Analise esta sentença e assinale verdadeiro (V) ou falso (F): Há dois momentos legislativos da tutela ambiental no Brasil: a) o anterior ao ano de 1973, em que a maioria das normas não tinham por escopo a proteção do meio ambiente; b) posterior ao ano de 1973, em que o legislador brasileiro passou a editar normas ambientais propriamente ditas.
4. Analise esta sentença e assinale verdadeiro (V) ou falso (F): Não há uma relação de pertinência entre a sentença “A” e a sentença “B”. A) As Ordenações Manuelinas (1.521) proibia a caça de determinados animais com instrumentos capazes de causar-lhes a morte com dor e sofrimento. B) Lei 9.605/98: Art. 32 - Praticar ato de abuso, maus-tratos,

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