Buscar

Aulas de Direito do Consumidor


Continue navegando


Prévia do material em texto

Direito do Consumidor
O Instituto IOB nasce a partir da 
experiência de mais de 40 anos da IOB no 
desenvolvimento de conteúdos, serviços de 
consultoria e cursos de excelência.
Por intermédio do Instituto IOB, 
é possível acesso a diversos cursos por meio 
de ambientes de aprendizado estruturados 
por diferentes tecnologias.
As obras que compõem os cursos preparatórios 
do Instituto foram desenvolvidas com o 
objetivo de sintetizar os principais pontos 
destacados nas videoaulas.
institutoiob.com.br
Direito do Consumidor - 2ª edição / Obra organizada 
pelo Instituto IOB - São Paulo: Editora IOB, 2013.
ISBN 978-85-63625-92-2
Informamos que é de inteira 
responsabilidade do autor a emissão 
dos conceitos.
Nenhuma parte desta publicação 
poderá ser reproduzida por qualquer 
meio ou forma sem a prévia 
autorização do Instituto IOB.
A violação dos direitos autorais é 
crime estabelecido na Lei nº 
9.610/1998 e punido pelo art. 184 
do Código Penal.
Sumário
Capítulo 1 – Introdução ao Direito do Consumidor, 7
1. Direito do Consumidor na Constituição Federal, 7
2. Visão Topográfica do Código de Defesa do Consumidor, 8
3. Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais, 9
4. Norma de Interesse Social e Ordem Pública, 10
Capítulo 2 – Da Relação de Consumo, 12
1. Definição de Consumidor. Correntes Doutrinárias Finalistas e 
Maximalistas, 12
2. Teoria Finalista Mitigada, 13
3. Consumidores Equiparados e Fornecedores, 14
4. A Definição de Produtos e Serviços, 15
Capítulo 3 – Política Nacional e Direitos Básicos, 16
1. Boa-fé Objetiva, 16
2. Deveres Anexos ou Laterais, 17
3. Direitos Básicos do Consumidor, 18
4. Política Nacional e os Direitos do Consumidor, 19
5. Dano Moral e Entendimentos do STJ, 20
6. Dano Moral Coletivo e Inversão do Ônus da Prova, 21
7. Inversão do Ônus da Prova, 22
Capítulo 4 – Direitos Básicos e Diálogo das Fontes, 24
1. Diálogo das Fontes, 24
2. Teoria do Diálogo das Fontes e Responsabilidade Solidária, 25
Capítulo 5 – Proteção à Saúde e à Segurança do Consumidor, 27
1. Proteção à Saúde e à Segurança do Consumidor, 27
2. Recall, 28
Capítulo 6 – Responsabilidade, 30
1. Responsabilidade pelo Fato x Responsabilidade pelo Vício, 30
2. Responsabilidade pelo Fato do Produto, 31
3. Causas Excludentes de Reponsabilidade pelo Fato do Produto, 32
4. Causas Excludentes de Reponsabilidade de Acordo com a 
Jurisprudência do STJ, 33
5. Responsabilidade do Comerciante, 33
6. Responsabilidade pelo Fato de Serviço, 34
Capítulo 7 – Responsabilidade por Vício do Produto, 36
1. Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço, 36
2. Responsabilidade por Vício de Qualidade do Produto – I, 37
3. Responsabilidade por Vício de Qualidade do Produto – II, 38
Capítulo 8 – Serviços Públicos – Garantia Legal e Contratual, 40
1. Serviços Públicos, Garantia Legal e Contratual, 40
2. Garantia Legal e Contratual no Código de Defesa do 
Consumidor, 41
Capítulo 9 – Decadência e Prescrição, 43
1. Diferenças entre Decadência e Prescrição, 43
2. Decadência, 44
3. Prescrição, 45
Capítulo 10 – Desconsideração da Personalidade Jurídica, 47
1. Desconsideração da Personalidade Jurídica – I, 47
2. Desconsideração da Personalidade Jurídica – II, 48
Capítulo 11 – Publicidade, 50
1. Princípio da Vinculação Contratual da Oferta, 50
2. Identificação Obrigatória da Publicidade, 51
3. Publicidade Clandestina, 52
4. Princípio da Transparência da Publicidade, 53
5. Princípio da Veracidade, 53
6. Princípio da Não Abusividade Enganosidade, 54
7. Princípio da Inversão do Ônus da Prova na Publicidade, 55
8. Princípio da Lealdade Publicitária e da Correção do Desvio 
Publicitário, 56
Capítulo 12 – Da Cobrança Abusiva, 58
1. Alguns Exemplos de Práticas Abusivas, 58
2. Percepção do Abuso do Direito Subjetivo, 59
3. Cobrança Abusiva e Repetição em Dobro, 60
Capítulo 13 – Banco de Dados, 62
1. Introdução e Conceito de Banco de Dados e Cadastro do 
Consumidor (SPC/Serasa), 62
2. Direito de Acesso à Informação do Banco de Dados, 63
3. Banco de Dados – Direito de Retificação e Exclusão, 64
4. Informações Positivas e Entendimentos do STJ, 66
Capítulo 14 – Proteção Contratual, 67
1. Proteção Contratual – Princípio da Interpretação Mais Favorável 
ao Consumidor, 67
2. Direito de Arrependimento, 68
3. Cláusulas Abusivas, 69
4. Cláusulas Abusivas no STJ e Súmulas, 70
5. Cláusulas Abusivas nos Contratos Bancários, 71
6. Crédito e Concessão de Financiamento ao Consumidor, 73
7. Cláusula de Decaimento e Consórcios, 73
8. Contratos de Adesão, 75
Capítulo 15 – Sanções, 77
1. Sanções Administrativas, 77
Gabarito, 80
Capítulo 1
Introdução ao Direito do 
Consumidor
1. Direito do Consumidor na Constituição 
Federal
1.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudado o Direito do Consumidor na Constituição 
Federal, sendo abordados os aspectos mais importantes acerca deste tema.
1.2 Síntese
Direito do Consumidor hoje é um direito fundamental, previsto no art. 5º, 
XXXII, da Constituição Federal.
Nota-se que o Brasil adotou a defesa do consumidor como um direito e 
garantia fundamental. Desta forma, jamais pode haver alteração na legislação 
que prejudique o consumidor.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
8
A defesa do consumidor é considerada também como princípio da ordem 
econômica, nos termos do art. 170 da Constituição Federal. O inciso V do refe-
rido artigo traz a defesa do consumidor como princípio da ordem econômica.
O fornecedor, ao elaborar um contrato de adesão, deverá observar as cláu-
sulas para que estas não sejam abusivas. Isso porque é preciso compatibilizar a 
defesa do consumidor com a livre iniciativa.
No art. 48 do ADCT há a previsão de elaboração do Código de Defesa do 
Consumidor, o qual foi publicado em 1990.
O CDC trouxe alguns princípios inseridos em suas normas, como a boa-fé 
objetiva e a função social dos contratos, e através destes princípios são aplicados 
os direitos e garantias fundamentais.
Exercício
1. (Procurador – Tribunal de Contas do Distrito Federal) Julgue se a 
assertiva é verdadeira ou falsa:
A defesa do consumidor é tratada, na Constituição da República de 
1988, de duas formas: como direito fundamental e como princípio 
da ordem econômica.
2. Visão Topográfica do Código de Defesa do 
Consumidor
2.1 Apresentação
Nesta unidade, será abordada a visão topográfica do Código de Defesa 
do Consumidor.
2.2 Síntese
O Código de Defesa do Consumidor é uma lei ordinária, mas é chamada 
de Código, pois possui uma sistematização.
Quanto à sistematização do CDC, do art. 1º ao 54, existe a parte de direito 
material. Tais artigos tratam, por exemplo, de assuntos gerais, como a publici-
dade e o conceito de consumidor e de fornecedor.
Do art. 55 ao art. 60, bem como nos arts. 105 e 106, nota-se a presença 
de dispositivos que contêm matérias de direito administrativo. Nos referidos 
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
9
dispositivos há presença de sanções administrativas, as quais são aplicadas pelos 
órgãos de defesa do consumidor e por agências reguladoras, por exemplo. Os 
arts. 105 e 106 trazem a organização dos órgãos mencionados.
Entre os arts. 61 e 80 existe a parte de direito penal, ou seja, as infrações 
penais dentro do Código de Defesa do Consumidor.
Os arts. 81 ao 104 tratam especificamente da tutela coletiva. São artigos 
muito importantes, pois tratam de direitos difusos, coletivos, coisa julgada erga 
omnes, entre outros assuntos.
É preciso observar que hoje a tutela coletiva não pode ser estudada somente 
pelo CDC, sendo preciso estudá-la conjuntamente com outras leis.
O Código de Defesa do Consumidor é um microssistema, pois o sistema 
seria o Código Civil, o qual trata de maneira generalizada das relações priva-
das. O CDC é um sistema menor, que trata especificamentedos direitos do 
consumidor, isto é, das relações de consumo.
Exercício
2. (Magistratura – São Paulo) Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
O CDC é um microssistema, que regula a relação de consumo, den-
tro do macrossistema que é o CC.
3. Eficácia Horizontal dos Direitos 
Fundamentais
3.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudada a eficácia horizontal dos Direitos Funda-
mentais, a atual interpretação do CDC.
3.2 Síntese
Em um primeiro momento é preciso que se faça uma leitura ou um filtro 
constitucional.
O que se verifica atualmente na doutrina é a eficácia horizontal, ou seja, 
há aplicação dos direitos e garantias fundamentais nas relações privadas. Dessa 
forma, não há uma relação verticalizada.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
10
Nota-se que nos dias atuais a visão constitucional deve ser aplicada nas re-
lações privadas.
É preciso entender que o Código de Defesa do Consumidor deve ser obser-
vado, mas a Constituição Federal também deve ser verificada.
É fundamental compreender como se aplica corretamente a visão constitu-
cional do Direito do Consumidor.
Exercício
3. (Cespe/TJ – Piauí – Juiz de Direito Substituto/2007) Julgue se a as-
sertiva é verdadeira ou falsa:
 A defesa do consumidor não é um princípio da ordem econômica, 
mas, sim, um direito fundamental de terceira geração.
4. Norma de Interesse Social e Ordem 
Pública
4.1 Apresentação
Nesta unidade, serão estudadas as normas de interesse social e de ordem 
pública.
4.2 Síntese
O Código de Defesa do Consumidor é uma norma de ordem pública e de 
interesse social. Isso significa que a norma não interessa somente a uma relação 
jurídica específica.
Quando o CDC traz que seja uma norma de interesse social, tal fato quer 
dizer que há interesse de todos.
A professora Cláudia Lima Marques entende que o Código de Defesa do 
Consumidor é uma norma de função social, que possui interesse social e visa 
preservar o direito de todas as relações, de todos os consumidores.
Outra importante expressão constante no CDC é “ordem pública”. Isso por 
que, uma norma de ordem pública seria aquela em que o juiz pode intervir de 
ofício nas relações de consumo. Exemplo: inversão do ônus da prova, de ofício.
A Súmula nº 381 do STJ estabelece: “Nos contratos bancários, é vedado ao 
julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.”
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
11
Exercício
4. (MPE-ES – Promotor de Justiça) Julgue se a assertiva é verdadeira ou 
falsa:
 O CDC, denominado pela doutrina de microcódigo ou microssiste-
ma, é formalmente uma lei ordinária, de função social, voltada ao 
segmento vulnerável da relação consumerista, razão pela qual seu 
conteúdo é constituído, em sua integralidade, por normas de direito 
público.
Capítulo 2
Da Relação de Consumo
1. Definição de Consumidor. Correntes 
Doutrinárias Finalistas e Maximalistas
1.1 Apresentação
Nesta unidade, será feita a definição de consumidor, sendo estudadas, 
ainda, as correntes doutrinárias finalistas e maximalistas.
1.2 Síntese
O Código de Defesa do Consumidor traz em seu art. 2º o conceito de 
consumidor:
“Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatário final.”
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
13
A expressão “destinatário final” é importante para que se entenda quem é 
consumidor, mas houve divergência para a verificação de quem seria ou não 
destinatário final.
Desta forma, duas teorias surgiram para a explicação de quem seria o desti-
natário final: a teoria finalista e a teoria maximalista.
Para a corrente maximalista, dar destinação final seria dar destinação fática, 
ou seja, retirar o produto ou serviço de circulação.
Já para a corrente finalista, dar destinação final também é dar destinação 
fática, mas, além disso, é preciso dar uma destinação econômica. Assim, o pro-
duto ou serviço adquirido não poderá ser utilizado na cadeia econômica.
Pelo STJ, a teoria que vigora será, em um primeiro momento, a teoria fina-
lista, pois para o STJ deve ser considerada a vulnerabilidade.
O art. 4º, I, do CDC dispõe acerca do princípio do reconhecimento da vul-
nerabilidade. É preciso entender que há alguns tipos de vulnerabilidade, tais 
como vulnerabilidade técnica, jurídica, econômica e informacional.
Por fim, quanto ao conceito de consumidor, há três modalidades de con-
sumidores equiparados: arts. 2º, parágrafo único, 17 e 29 do Código de Defesa 
do Consumidor.
2. Teoria Finalista Mitigada
2.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudada a teoria finalista mitigada.
2.2 Síntese
O Código de Defesa do Consumidor foi criado para disciplinar a relação de 
desigualdade que existe entre consumidor e fornecedor, a qual foi denominada 
de desigualdade de vulnerabilidade.
Para que a vulnerabilidade seja verificada nos casos concretos, a professora 
Cláudia Lima Marques enumera três vulnerabilidades: a técnica, a jurídica 
ou científica e a econômica ou fática. Sendo encontrada uma destas no caso 
concreto, é possível afirmar que a pessoa é consumidor.
Ainda, atualmente, a professora Cláudia Lima Marques inseriu uma quarta 
vulnerabilidade, denominada informacional.
O STJ entendeu que sendo encontrado o vulnerável, é possível a aplicação 
do Código de Defesa do Consumidor. Assim, hoje o que prevalece é a análise 
acerca da vulnerabilidade.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
14
O STJ se diz finalista, pois se trata de uma teoria mais restrita. Contudo, se 
no caso concreto for encontrada vulnerabilidade, é mitigada a teoria finalista 
para admitir-se que a situação também seja contemplada pelo Código de Defe-
sa do Consumidor (teoria finalista mitigada).
3. Consumidores Equiparados e Fornecedores
3.1 Apresentação
Nesta unidade, serão estudados os consumidores equiparados e os for-
necedores.
3.2 Síntese
Há três situações dentro do Código de Defesa do Consumidor em que pes-
soas, num primeiro momento não seriam tidas como consumidoras, são equi-
paradas a eles. Trata-se dos arts. 2º, parágrafo único, 29 e 17.
Os arts. 2º, parágrafo único, e 29 tratam da coletividade, ainda que inde-
terminável.
O Código de Defesa do Consumidor traz, ainda, os legitimados para propo-
situra de ações que tratam da tutela coletiva. Tais legitimados poderão propor 
uma ação civil pública, por exemplo, para defesa destas pessoas que compõem 
a coletividade.
O art. 17 traz a vítima do acidente de consumo. É o terceiro, que está de 
fora, mas que sofre tal acidente.
O art. 3º dispõe: “Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou 
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que 
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transfor-
mação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos 
ou prestação de serviços.”
O que caracterizará o fornecedor será a habitualidade em que há o desen-
volvimento da atividade.
Exercício
5. (TRF – 5ª Região) Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
 A habitualidade insere-se tanto no conceito de fornecedor de servi-
ços quanto no de produtos, para fins de incidência do CDC.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
15
4. A Definição de Produtos e Serviços
4.1 Apresentação
Nesta unidade, serão estudados os produtos e serviços, sendo trazidos seus 
conceitos.
4.2 Síntese
O § 1º do art. 3º traz quais produtos são abrangidos pelo Código de Defesa 
do Consumidor: “Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou ima-
terial”. Não há nada que limite o conceito de produto no Código de Defesa do 
Consumidor.
O § 2º traz o conceito de serviço: “Serviço é qualquer atividade forneci-
da no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusiveas de natureza 
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações 
de caráter trabalhista.”
Os serviços são remunerados, e esta não se dá apenas em dinheiro, pois há 
formas de remuneração indireta.
A única hipótese em que o serviço não será contemplado pelo CDC é 
quando não há remuneração alguma, nem mesmo indireta, ou seja, quando al-
guém presta serviço sem nenhum benefício. Ex.: uma pessoa dá carona à outra.
A Súmula nº 297 do STF estabelece que aos contratos bancários se apli-
quem o Código de Defesa do Consumidor.
Em uma relação de consumo é preciso que estejam presentes todos os ele-
mentos, sendo necessário que se observe cada situação.
Quando se está diante de contrato de aluguel, o STJ já entendeu que o 
CDC não se aplica nas relações locatícias. A relação de condômino e con-
domínio também não é abrangida pelo Código de Defesa do Consumidor. 
Contudo, sendo a relação de condomínio com terceiros, o Código é aplicado.
Também não se aplica na relação do Cartório, entre a pessoa e o Tabelião.
Quanto à Previdência Privada, nos termos da Súmula nº 321 do STJ, é 
aplicável o Código de Defesa do Consumidor.
Exercício
6. (MP – Amapá) Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
 Considera-se serviço, para fins do Código de Defesa do Consumidor, 
toda atividade fornecida no mercado de consumo, independente-
mente de remuneração.
Capítulo 3
Política Nacional e Direitos 
Básicos
1. Boa-fé Objetiva
1.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudada a boa-fé objetiva, dentro da política 
nacional.
1.2 Síntese
A boa-fé objetiva foi contemplada no Código de Defesa do Consumidor nos 
arts. 4º, III, e 51, IV.
O CDC não foi a primeira norma a tratar da boa-fé objetiva, mas foi pionei-
ra ao dar-lhe o tratamento adequado.
Há dois importantes pilares que não devem ser esquecidos: a lealdade e a 
confiança.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
17
Basicamente, há três funções da boa-fé objetiva: interpretativa, de controle 
e integrativa.
A função interpretativa é a mais utilizada da boa-fé objetiva, como se verifi-
ca no art. 113 do Código Civil.
A função de controle trata do chamado abuso do direito subjetivo. O art. 
187 do Código Civil traz que ato ilícito não é somente aquele que ofende a 
norma, mas também aquele que respeita a norma e ofende a boa-fé objetiva.
Esta função é hoje um meio de argumentação, já que não basta que a 
norma seja lícita, é preciso que respeite também a boa-fé objetiva, conforme 
preceitua o Código Civil.
2. Deveres Anexos ou Laterais
2.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudada a função integrativa, sendo abordados os 
deveres anexos ou laterais.
2.2 Síntese
Em relação à função integrativa, o art. 422 do Código Civil estabelece que 
hoje as relações aderem a determinadas obrigações. Assim, há deveres que in-
tegram hoje os contratos, sendo chamados de laterais ou anexos.
O simples fato de haver boa-fé objetiva já é suficiente para a existência 
desses deveres.
O primeiro que serve como exemplo é o dever de proteção, o qual não 
precisa efetivamente estar escrito em um contrato. Exemplo: o dono de um 
estacionamento é responsável pela guarda dos veículos.
O segundo importante dever anexo é o de informação. Para que se tenha 
uma relação equilibrada, o fornecedor deve informar todas as questões princi-
pais e importantes de um contrato.
Por fim, o anexo de cooperação estabelece que hoje as partes devam coope-
rar umas com as outras. Deste anexo decorreu a teoria do duty to mitigate the 
loss, ou seja, dever de mitigar as perdas. Isso significa que se uma pessoa pode 
diminuir as perdas de seu parceiro contratual deve fazê-lo.
Quando há ofensa dos deveres anexos, existe a chamada violação positiva 
do contrato.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
18
Exercícios
7. (Defensoria Pública – ES) Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
 O CDC assegura a todos os consumidores um direito de proteção, 
fruto do princípio da confiança.
8. (Juiz Federal – 2ª Região) Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
 A boa-fé objetiva impõe deveres laterais aos negócios jurídicos, ainda 
que não haja previsão expressa das partes.
3. Direitos Básicos do Consumidor
3.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordados os direitos básicos do consumidor, previs-
tos no art. 6º do CDC.
3.2 Síntese
No art. 6º do Código de Defesa do Consumidor há um rol de maneira 
exemplificativa.
O inciso V do referido artigo traz dois direitos, o de modificação e o de 
revisão. O início do inciso traz direito de modificação quando houver uma pres-
tação desproporcional e esta primeira parte é chamada de lesão consumerista.
A lesão prevista no Código Civil pressupõe a existência de um vício e, por-
tanto, causa anulação do negócio jurídico. Já no Direito do Consumidor, há 
o princípio da conservação dos contratos, sendo preciso que o equilíbrio seja 
restabelecido.
A segunda parte do inciso V do art. 6º dá ao consumidor direito de re-
visão quando houver fato superveniente (posterior) que gere onerosidade 
excessiva.
Durante algum tempo, a doutrina indagou se o CDC havia adotado a 
teoria da imprevisão. Contudo, o fato superveniente na teoria da imprevisão 
deve ser imprevisível e o dispositivo constante no CDC nada menciona a 
respeito.
Assim, o art. 478 do Código Civil tratou da teoria da imprevisão e o 
CDC não.
Ressalte-se que, no CDC, a onerosidade excessiva gera direito a revisão, 
enquanto no Código Civil gera a resolução do contrato.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
19
Exercício
9. (Defensoria Pública – ES) Com referência a contratos de consumo 
e considerando que, em um contrato dessa natureza, a cláusula de 
preço, que era equitativa quando do fechamento do contrato, tenha-
-se tornado excessivamente onerosa para o consumidor, em razão de 
fatos supervenientes, julgue o item seguinte:
 O CDC exige, para promover-se a revisão judicial do contrato em 
apreço, que o fato superveniente seja imprevisível ou irresistível.
4. Política Nacional e os Direitos do 
Consumidor
4.1 Apresentação
Nesta unidade, serão estudados o princípio da reparação integral e o 
dano moral.
4.2 Síntese
O art. 6º, VI, do Código de Defesa do Consumidor trata do princípio da 
efetiva reparação ou princípio da reparação integral.
Se o consumidor sofrer um dano moral, ou seja, um dano a um direito de 
sua personalidade, terá assegurada a devida indenização. Se sofrer um dano 
material, o qual deverá ser provado, deverá ser indenizado. Ainda, se sofrer um 
dano estético, este também irá gerar direito à indenização.
É possível observar que não cabe qualquer limitação da indenização ao 
consumidor.
Há previsão expressa no Código de Defesa do Consumidor em relação ao 
dano moral.
O STJ não admite, salvo exceções, dano moral em caso de inadimplemento 
contratual, pois há um mero constrangimento. Porém, no tocante aos planos 
de saúde, há exceção.
O STJ entende que não cabe dano moral pelo simples travamento da porta 
giratória nos bancos, pois esta é uma situação normal. O que o STJ analisa é 
como os funcionários da agência tratarão a situação.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
20
Exercício
10. (TJ/MS/Juiz/2008 – FGV) Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
 No sistema que tutela o consumidor, é correto afirmar que a repa-
ração dos danos materiais e morais é limitada de acordo com leis 
especiais reguladoras de setores das relações de consumo.
5. Dano Moral e Entendimentos do STJ
5.1 Apresentação
Nesta unidade, serão estudados o dano moral e os entendimentos do STJ 
acerca do assunto.
5.2 Síntese
O dano moral possui característica de natureza compensatória e o material 
natureza reparatória. Isso porque, quanto ao dano moral, não épossível que se 
volte à situação original.
Nos Estados Unidos é muito comum indenização punitiva, a fim de que o 
fornecedor não mais realize aquela conduta.
Tanto o STJ quanto o STF admitem amplamente a chamada função puni-
tiva do dano moral.
A Súmula nº 370 do STJ trata da antecipação do cheque pré-datado e 
dispõe:
“Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.” 
O cheque é uma ordem de pagamento à vista, mas a partir do momento em 
que o consumidor o pré-data, estabelece de maneira contratual quando aque-
le cheque deve ser apresentado. Assim, quando o fornecedor desrespeita este 
acordo, caberá dano moral.
A Súmula nº 387 do STJ traz que o dano estético pode ser cumulado com 
o dano moral, estabelecendo: “É lícita a cumulação das indenizações de dano 
estético e dano moral.”
A Súmula nº 388 do STJ estabelece que a simples devolução indevida do 
cheque caracteriza dano moral.
A Súmula nº 402, também do STJ, trata do contrato de seguro e dispõe: 
“O contrato de seguro por danos pessoais compreende os danos morais, salvo 
cláusula expressa de exclusão.”
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
21
Exercício
11. (Cespe) Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
 O entendimento jurisprudencial do STJ é no sentido de que não são 
cumuláveis indenizações por danos morais e estéticos.
6. Dano Moral Coletivo e Inversão do Ônus 
da Prova
6.1 Apresentação
Nesta unidade, serão estudados o dano moral coletivo e a inversão do 
ônus da prova.
6.2 Síntese
O dano moral coletivo ocorre quando há um constrangimento em uma 
esfera da coletividade. Exemplo: grande degradação do meio ambiente.
O dano moral está disposto de forma expressa no Código de Defesa do Con-
sumidor, no art. 6º, VI, que traz: “São direitos básicos do consumidor: (...) VI 
– a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, 
coletivos e difusos;”
Em 2006, o STJ, por três votos a dois, entendeu que não há que se falar em 
dano moral coletivo. O Ministro Luiz Fux votou no sentido de que há dano mo-
ral coletivo, expondo em seu voto como há no Brasil aceitação desta modalidade.
Em 2009 a matéria voltou a ser julgada e hoje nota-se divergência dentro 
do Superior Tribunal de Justiça.
A inversão do ônus da prova está tratada no art. 6º, VIII, que dispõe: “São 
direitos básicos do consumidor: (...) VIII – a facilitação da defesa de seus direi-
tos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, 
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossu-
ficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;”
O art. 333 do CPC estabelece: “O ônus da prova incumbe: I – ao autor, 
quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato 
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.”
No CDC está estabelecida a inversão do ônus da prova, que não deve ser 
confundida com o referido dispositivo do Código de Processo Civil. O art. 333 
do CPC também se aplica nas relações de consumo.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
22
7. Inversão do Ônus da Prova
7.1 Apresentação
Nesta unidade, será dada continuidade ao estudo da inversão do ônus 
da prova.
7.2 Síntese
O art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor estabelece:
“Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
(...)
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do 
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for 
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordi-
nárias de experiências;” (...)
A regra de distribuição do ônus da prova é prevista no art. 333 do Código 
de Processo Civil.
É preciso entender que não é sempre que haverá a inversão do ônus da 
prova, ou seja, a inversão do ônus da prova não se dá de forma automática. 
Todavia, há hipóteses em que ocorrerá a inversão do ônus da prova. A primeira 
ocorre quando o consumidor é hipossuficiente, ou seja, quando tem dificulda-
de em realizar aquela prova. O segundo requisito é a verossimilhança das ale-
gações, aqueles argumentos que, pela experiência do juiz, é possível perceber 
que aquilo dito pelo consumidor possui plausibilidade. Observa-se aqui que os 
requisitos não são cumulativos, mas sim alternativos.
Esta inversão do ônus da prova é a chamada inversão do ônus ope judicis ou 
inversão do ônus pelo juiz. Contudo, é necessário ressalvar que há hipóteses de 
inversão do ônus da prova ope legis (arts. 12, § 3º, II; 14, § 3º, I; e 38).
Uma questão muito discutida se dá acerca do momento da inversão do 
ônus da prova. O momento adequado será até o despacho saneador, pois o 
juiz sanearia o processo, fixaria os pontos controvertidos e inverteria o ônus 
da prova.
Há autores que entendem que não há momento adequado, que o juiz não 
precisa se vincular a um momento específico. Assim, caso inverta o ônus da 
prova na sentença, haveria uma regra de julgamento e não de procedimento.
Desta forma, é possível observar que há duas regras: regra de procedimento 
e regra de julgamento.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
23
O entendimento do STJ atualmente se dá no sentido de que a melhor regra 
será a regra de procedimento, ou seja, o juiz terá um marco, devendo fazê-lo 
até o despacho saneador.
Por fim, não se deve confundir a inversão do ônus da prova com inversão 
do pagamento da prova.
Capítulo 4
Direitos Básicos e Diálogo das 
Fontes
1. Diálogo das Fontes
1.1 Apresentação
Nesta unidade, será abordada a teoria do diálogo das fontes.
1.2 Síntese
A teoria do diálogo das fontes é originária do direito alemão. O professor 
Erik Jayme da universidade de Heidelberg entendeu que hoje, na pós-moder-
nidade, há uma pluralidade de normas. Assim, é preciso que se verifique qual 
delas deverá ser aplicada no caso concreto.
Na prática, será definida a lei que deverá ser aplicada conforme o conflito 
de leis no tempo.
Segundo Erik Jayme, quando se faz isso, ocorre um monólogo. O que se 
deve buscar é um diálogo entre as normas, obtendo-se a melhor solução para o 
caso concreto. Assim, chega-se à teoria do diálogo das fontes.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
25
A desconsideração da personalidade jurídica no Código de Defesa do 
Consumidor ocorre de forma diferente da encontrada no Direito do Trabalho. 
Indaga-se qual desconsideração da personalidade jurídica deve ser aplicada em 
um caso trabalhista, se seria aquela prevista no CC ou no CDC.
Ressalta-se que atualmente o ordenamento jurídico deve ser visto como um 
todo, buscando-se a solução mais justa.
É preciso observar que o STJ já admitiu, inclusive, a inversão do ônus da 
prova no Direito Ambiental.
Exercício
12. (TRF – 5ª Região) Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
 Por serem as relações jurídicas de consumo regidas pelo Código de 
Defesa do Consumidor (CDC), não é possível, em face do princípio 
da especialidade, a aplicação simultânea do Código Civil a essas re-
lações. Ademais, os dois sistemas são excludentes, o que impede que 
qualquer dos contratantes, na interpretação do contrato, escolha a 
legislação que mais lhe beneficie.
2. Teoria do Diálogo das Fontes e 
Responsabilidade Solidária
2.1 Apresentação
Nesta unidade, serão abordadas a teoria do diálogo das fontes e a respon-
sabilidade solidária, prevista no parágrafo único do art. 7º do Código de 
Defesa do Consumidor.
2.2 Síntese
Há um caso que envolveu o STJ, tratando de interrupção de serviço públi-
co. Até 2003, o STJ entendia que, quando o consumidor ficava inadimplente, 
não poderia haver a interrupção de energia elétrica, já que violaria a dignidade 
da pessoa humana.
Depois de 2003, o STJ alterou tal entendimento, com base na Lei nº 
8.987/95, que tratadas concessões e permissões de serviço público. Seu art. 
6º prevê a possibilidade de interrupção do serviço de energia em caso de 
inadimplemento.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
26
O problema surgiu quando chegou ao STJ a discussão da interrupção de 
energia elétrica no tocante às pessoas jurídicas de direito público.
Para que desse uma resposta fundamentada, o STJ analisou na Lei nº 
7.783/89 (Lei da Greve). Há serviços que, embora não possam ser paralisados 
por serem essenciais, têm direito à greve. É preciso entender aqui que existem 
casos que, justamente por serem essenciais, não podem sofrer uma paralisação 
total.
Desta forma, se o legislador entendeu que determinados serviços não po-
dem sofrer paralisação total e, portanto, havendo permissão para que a energia 
elétrica desses serviços seja interrompida, é possível perceber que haverá tam-
bém uma paralisação.
É possível observar que o STJ fez um diálogo entre a Lei nº 8.987/95 e Lei 
nº 7.783/89 para encontrar uma solução justa e razoável.
Outro tema que deve ser estudado é a responsabilidade solidária. Dispõe o 
art. 7º, parágrafo único, do CDC:
“Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão soli-
dariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.”
Capítulo 5
Proteção à Saúde e à 
Segurança do Consumidor
1. Proteção à Saúde e à Segurança do 
Consumidor
1.1 Apresentação
Nesta unidade, será dado início ao estudo da proteção à saúde e à segu-
rança do consumidor, abordando a noção de nocividade e periculosidade 
dos produtos e serviços.
1.2 Síntese
A proteção à saúde e à segurança do consumidor, mais especificamente os 
produtos e serviços nocivos ao consumidor, contém previsão entre os arts. 8º e 
10 do Código de Defesa do Consumidor.
O art. 8º dispõe: “Os produtos e serviços colocados no mercado de consu-
mo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os 
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
28
considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, 
obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações ne-
cessárias e adequadas a seu respeito.”
O STJ tem tratado a periculosidade sob o ângulo de periculosidade ineren-
te, adquirida e exagerada.
O consumidor será indenizado quando demonstrar que a periculosidade 
daquele produto não é previsível.
A periculosidade inerente é aquela apresentada pelo produto de maneira 
intrínseca. Exemplo: faca.
Na periculosidade adquirida há um defeito que faz com que o produto ou 
serviço se torne perigoso.
Na periculosidade exagerada, o produto ou serviço apresenta um perigo 
inerente, porém, de forma exagerada. Ainda que o consumidor tenha ciência 
de sua periculosidade, esta é exagerada.
Hoje, o STJ tem utilizado esta classificação, entendendo que na pericu-
losidade inerente não há que se falar em indenização, ou seja, somente na 
periculosidade adquirida e exagerada há direito à indenização.
2. Recall
2.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudado o recall, sendo abordados aspectos impor-
tantes sobre o assunto.
2.2 Síntese
O recall é o “chamar de volta”, quando o fornecedor percebe que um pro-
duto ou serviço comercializado no mercado de consumo apresenta um risco.
O art. 10, § 1º, do Código de Defesa do Consumidor estabelece que quan-
do isso ocorre o fornecedor deve comunicar aos consumidores. Deve também 
informar às autoridades competentes.
A doutrina entende que o recall foi tratado no art. 10 do Código de Defesa 
do Consumidor, porém, nota-se que tal palavra não aparece na lei.
O STJ já entendeu que o simples fato de o consumidor ter sido chamado 
para recall, não gera indenização por dano moral.
Outro entendimento do STJ é no sentido de que quando o consumidor não 
atende ao chamado, não ocorrerá a culpa concorrente.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
29
É preciso observar o parágrafo único do art. 8º do Código de Defesa do 
Consumidor.
Quando houver a palavra “fornecedor”, este é um gênero, abrangendo todos 
os que participam da cadeia, contudo, o dispositivo referido traz a responsabi-
lidade para que o fabricante preste as informações adequadas acerca da pe-
riculosidade de seu produto. Isso porque tais informações devem ser prestadas 
no rótulo dos produtos.
Exercício
13. Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
 Segundo o CDC, o fabricante de produto que, posteriormente à 
sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento de sua 
efetiva periculosidade tem apenas o dever de comunicar o fato às 
autoridades competentes.
Capítulo 6
Responsabilidade
1. Responsabilidade pelo Fato 
x Responsabilidade pelo Vício
1.1 Apresentação
Nesta unidade, serão estudadas as responsabilidades pelo fato e pelo 
vício.
1.2 Síntese
Não há no Código de Defesa do Consumidor nenhuma diferença entre a 
responsabilidade contratual ou extracontratual. A importância é diferenciar a 
responsabilidade pelo fato ou pelo vício.
A responsabilidade pelo fato se dá quando há um risco à saúde e à seguran-
ça do consumidor.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
31
Na responsabilidade por vício, há uma inadequação e na responsabilidade 
pelo fato, o vício se exterioriza, causando acidente de consumo.
Os artigos relacionados à responsabilidade pelo fato são os arts. 12 a 14 do 
Código de Defesa do Consumidor.
Na esfera da responsabilidade por vício, os artigos que tratarão desta respon-
sabilidade são os arts. 18 a 20 do Código de Defesa do Consumidor.
A responsabilidade pelo fato está ligada aos prazos prescricionais, previstos 
no art. 27 do CDC. Já na responsabilidade por vício, os prazos serão decaden-
ciais (art. 26 do CDC).
Exercício
14. (Cespe) Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
Quando forem fornecidos produtos potencialmente perigosos ao 
consumo, ainda que não tenha havido dano, incide cumulativamen-
te a responsabilidade pelo fato do produto e pelo vício ou impro-
priedade do produto, também por perdas e danos, além das sanções 
administrativas e penais.
2. Responsabilidade pelo Fato do Produto
2.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudada a responsabilidade pelo fato do produto.
2.2 Síntese
Na responsabilidade pelo fato, há diferença entre produto e serviço. No 
produto, há uma subdivisão, havendo a figura do fornecedor (menos o comer-
ciante) e a do comerciante. Quando se tratar se serviço, será do fornecedor.
Quando um artigo do Código de Defesa do Consumidor não fizer a men-
ção do fornecedor, é preciso ter atenção.
O comerciante não está previsto no art. 12 do Código de Defesa do Consu-
midor, pois o dispositivo trata apenas do fornecedor.
Na responsabilidade pelo fato haverá indenização e, portanto, não há ne-
cessidade da presença do fornecedor imediato. É preciso que se verifique aque-
le que produziu o produto.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
32
Ainda, o art. 12 trata da responsabilidade objetiva, pois dispõe que seja in-
dependentemente de culpa.
Em regra, a responsabilidade prevista no Código de Defesa do Consumidor 
é objetiva, havendo exceção no art. 14, § 4º, que trata da responsabilidade de 
profissionais liberais.
É preciso observar que o fato de um produto de melhor qualidade ser inse-
rido no mercado, não significa que o produto anterior seja defeituoso.
Exercício
15. (Cespe) Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
A colocação de produto mais seguro no mercado não acarreta a 
presunção de que os mais antigos sejam defeituosos.
3. Causas Excludentes de Reponsabilidade 
pelo Fato do Produto
3.1 Apresentação
Nesta unidade, serão estudadas as causas excludentes de responsabilida-
de na responsabilidade pelo fato do produto.
3.2 Síntese
As causas excludentes de responsabilidadena responsabilidade pelo fato do 
produto estão previstas no art. 12, § 3º, do Código de Defesa do Consumidor, 
que traz a seguinte redação: § 3º “O fabricante, o construtor, o produtor ou 
importador só não será responsabilizado quando provar: I – que não colocou o 
produto no mercado; II – que, embora haja colocado o produto no mercado, o 
defeito inexiste; III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.”
O inciso II traz a hipótese em que o fornecedor demonstra que o produto 
não possui defeito. Quando o legislador inseriu esta possibilidade, inverteu o 
ônus da prova, sendo esta inversão chamada pela doutrina de ope legis.
Teoricamente, a inversão do ônus da prova só se dá durante a marcha pro-
cessual, e o que ocorreu foi a distribuição do ônus da prova de uma forma 
diferente, no tocante à prova do defeito.
A terceira hipótese contemplada pelo CDC é a culpa exclusiva do consu-
midor ou de terceiro. É necessário observar que este terceiro não pode fazer 
parte da cadeia de fornecimento.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
33
4. Causas Excludentes de Reponsabilidade de 
Acordo com a Jurisprudência do STJ
4.1 Apresentação
Nesta unidade, serão estudadas as causas excludentes de responsabi-
lidade de acordo com a jurisprudência do STJ.
4.2 Síntese
Há outras hipóteses de excludentes de responsabilidade que não estão pre-
vistas no Código de Defesa do Consumidor.
A primeira delas é o caso fortuito ou força maior. Independentemente de 
imprevisibilidade, gerará a responsabilidade do fornecedor.
A doutrina faz diferenciação entre caso fortuito interno e externo. O caso 
fortuito interno é o evento, ainda que imprevisível e inevitável, que se liga à 
organização da empresa. Já o caso fortuito externo é aquele fora da organiza-
ção da empresa e, por estar fora, exclui a responsabilidade do fornecedor, por 
exemplo, um assalto à mão armada em transporte coletivo.
A culpa concorrente é aquela em que o consumidor contribui com o dano, 
não se tratando de hipótese de excludente. Porém, esta culpa reduz a indenização.
O risco do desenvolvimento é uma hipótese alegada pelo fornecedor 
quando, no momento da inserção do produto no mercado, não havia como 
saber que este causava dano ao consumidor. Embora o tema ainda não tenha 
sido abordado pelo STJ, a doutrina entende que não se trata de excludente de 
responsabilidade.
Exercício
16. (Cespe) Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
A culpa concorrente da vítima, o caso fortuito e a força maior cons-
tituem hipóteses excludentes do dever de indenizar, em decorrência 
do fato do produto, expressamente previstas no CDC.
5. Responsabilidade do Comerciante
5.1 Apresentação
Nesta unidade, será abordada a responsabilidade pelo fato do produto 
do comerciante.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
34
5.2 Síntese
O art. 13 enumera algumas hipóteses que devem ser observadas no caso 
concreto para que o comerciante seja responsabilizado.
O inciso I contém os mesmos fornecedores do art. 12, tratando-se daqueles 
que não podem ser identificados. O comerciante, após indenizar o consumi-
dor, poderá entrar com ação de regresso contra o produtor, contra quem efeti-
vamente gerou o dano.
A segunda hipótese traz que a identificação não é clara ao consumidor.
O inciso III traz uma hipótese de responsabilidade em que o dano foi gera-
do pelo próprio comerciante, não havendo a devida conservação de produtos 
perecíveis.
O parágrafo único do art. 13 estabelece o direito de regresso: “Aquele que 
efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso con-
tra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento 
danoso.”
O art. 88 do Código de Defesa do Consumidor trata especificamente da 
ação de regresso e, em sua parte final, traz vedação à denunciação da lide: “Na 
hipótese do art. 13, parágrafo único, deste código, a ação de regresso poderá ser 
ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos 
mesmos autos, vedada a denunciação da lide.”
Exercício
17. (Cespe) Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
 A individualização da responsabilidade do fornecedor pela colo-
cação do produto no mercado pode afastar a responsabilidade do 
comerciante.
6. Responsabilidade pelo Fato de Serviço
6.1 Apresentação
Nesta unidade, será abordada a responsabilidade pelo fato de serviço.
6.2 Síntese
O art. 14 do Código de Defesa do Consumidor não faz diferenciação das 
espécies de fornecedor.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
35
O dispositivo estabelece: “O fornecedor de serviços responde, independen-
temente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consu-
midores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informa-
ções insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.”
O § 3º dispõe: “O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quan-
do provar: I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II – a culpa 
exclusiva do consumidor ou de terceiro.”
O § 4º do art. 14 é a exceção relacionada à responsabilidade: “A responsa-
bilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação 
de culpa.”
A doutrina e o STJ fizeram uma diferenciação entre obrigação de meio e 
de resultado.
A obrigação de meio é aquela em que se garante o meio, como no caso de 
um advogado, que não pode garantir que ganhará a ação. Nestas hipóteses, a 
responsabilidade é subjetiva.
Na obrigação de resultado, que é aquela em que a solução é garantida, não 
há que se falar em responsabilidade subjetiva, mas sim objetiva.
Na obrigação de meio, existe a culpa provada e, na obrigação de resultado, 
está-se diante da culpa presumida.
Capítulo 7
Responsabilidade por Vício do 
Produto
1. Responsabilidade por Vício do Produto e 
do Serviço
1.1 Apresentação
Nesta unidade, será abordada a responsabilidade por vício do produto e 
do serviço.
1.2 Síntese
Há um tema importante que foi decidido pelo STF: a responsabilidade 
dos transportadores, das concessionárias e permissionárias de serviço público. 
Quanto à responsabilidade das concessionárias e permissionárias, havia dife-
renciação quando se tratava de usuário e não usuário. Quando se tratasse de 
usuário, a responsabilidade seria objetiva e subjetiva para os não usuários.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
37
Recentemente, o STF alterou seu entendimento, pois não há mais que se 
falar em diferenciação da responsabilidade em relação aos usuários e não usuá-
rios, porque em ambos os casos trata-se de responsabilidade objetiva.
A responsabilidade por vício é aquela que não gera o dano, já que fica no 
interior do produto ou serviço.
Na responsabilidade por vício há uma subdivisão, podendo o vício ser de 
qualidade ou de quantidade.
Quanto à qualidade do produto, há disposição acerca do tema no art. 18 e 
em relação à quantidade a previsão se dá no art. 19. Quanto ao serviço, em rela-
ção à qualidade a previsão está no art. 20 do Código de Defesa do Consumidor.
A expressão “fornecedor”, disposta no art. 18, engloba todos e, sendo assim, 
trata-se de responsabilidade solidária.
2. Responsabilidade por Vício de Qualidade 
do Produto – I
2.1 Apresentação
Nesta unidade, será abordada a responsabilidade por vício de qualidade 
do produto.
2.2 Síntese
A responsabilidade por vício de qualidade do produto está prevista no art. 18 
do Código de Defesa do Consumidor, que trouxe um direito ao fornecedor, para 
que este conserte o produto. Contudo, há hipóteses previstas no § 3º em que o 
consumidor pode exigir a substituição do produto ou a quantia paga de volta.
O legislador estabeleceu o prazo de 30 dias para que o fornecedor conserte 
o produto. Caso não obedeça ao prazo estabelecido, o consumidorpoderá es-
colher uma das três hipóteses previstas no § 1º.
Se não houver o produto no mercado, conforme disposto no § 4º, o consu-
midor poderá exigir outro modelo, outra marca: “Tendo o consumidor optado 
pela alternativa do inciso I do § 1º deste artigo, e não sendo possível a substitui-
ção do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo 
diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de 
preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1º deste artigo.”
Ainda, como segunda hipótese, o consumidor poderá solicitar a devolução 
da quantia desembolsada.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
38
A terceira opção é abatimento no preço, hipótese que traz certa dificuldade.
O prazo de 30 dias pode sofrer uma redução ou uma ampliação, nos termos 
do § 2º: “Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo pre-
visto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento 
e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser conven-
cionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.”
Ocorre que há hipóteses em que o fornecedor não terá este direito, as quais 
estão contempladas no § 3º, que estabelece: “O consumidor poderá fazer uso 
imediato das alternativas do § 1º deste artigo sempre que, em razão da extensão 
do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou 
características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.”
Exercício
18. Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
 É isento de responsabilidade o fornecedor que não tenha conheci-
mento dos vícios de qualidade por inadequação de produtos e servi-
ços de consumo.
3. Responsabilidade por Vício de Qualidade 
do Produto – II
3.1 Apresentação
Nesta unidade, será abordada a responsabilidade por vício de quantida-
de do produto.
3.2 Síntese
O art. 19 trata do vício referente à quantidade do produto. Havendo tal 
vício, o consumidor poderá fazer uso de algumas hipóteses.
Dispõe o referido artigo:
Art. 19. “Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quanti-
dade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natu-
reza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, 
da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumi-
dor exigir, alternativamente e à sua escolha:
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
39
I – o abatimento proporcional do preço;
II – complementação do peso ou medida;
III – a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou mo-
delo, sem os aludidos vícios;
IV – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, 
sem prejuízo de eventuais perdas e danos.”
O art. 19, § 2º, traz uma exceção da responsabilidade solidária: “O for-
necedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o 
instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais.”
No art. 20 está prevista a responsabilidade por vício na qualidade do servi-
ço. Exemplo: um pintor é chamado para pintar um estúdio e quando termina 
percebe-se que o serviço não foi bem feito, havendo um vício na qualidade do 
serviço.
Estabelece o art. 20:
“O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem 
impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles de-
correntes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem 
publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I – a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, 
sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III – o abatimento proporcional do preço.”
Dispõe o § 1º do art. 20: “A reexecução dos serviços poderá ser confiada a 
terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor.”
Capítulo 8
Serviços Públicos – Garantia 
Legal e Contratual
1. Serviços Públicos, Garantia Legal e 
Contratual
1.1 Apresentação
Nesta unidade, serão estudados os serviços públicos, a garantia legal e a 
garantia contratual.
1.2 Síntese
Indagam-se quais serviços públicos são abrangidos pelo Código de Defesa 
do Consumidor e alguns autores entendem que seriam todos os serviços e ou-
tros entendem que depende da espécie remuneratória.
É preciso que se analise se há ideia de contraprestação, pois havendo, o 
serviço está abrangido pelo Código de Defesa do Consumidor.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
41
Um importante entendimento do STJ é o de que a concessionária ou a per-
missionária tem direito de interromper serviço público, bastando que notifique 
previamente o consumidor. Todavia, o inadimplemento deve ser atual.
A Súmula nº 356 do STJ estabelece: “É legítima a cobrança da tarifa básica 
pelo uso dos serviços de telefonia fixa.”
Ainda, a Súmula nº 357 do STJ foi revogada, pois dizia que a partir de 1º de 
janeiro de 2006 é obrigado às concessionárias de serviço público de telefonia 
discriminar as ligações de pulso excedentes e as ligações de telefone fixo para 
celular. Hoje, com a alteração do sistema de telefonia, não se fala mais em 
pulsos, mas sim em ligações em minutos.
A Súmula nº 407 do STJ admite a tarifa progressiva de água: “É legítima a 
cobrança da tarifa de água fixada de acordo com as categorias de usuários e as 
faixas de consumo.”
Por fim, a Súmula nº 412 do STJ estabelece: “A ação de repetição de indé-
bito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido 
no Código Civil.”
2. Garantia Legal e Contratual no Código de 
Defesa do Consumidor
2.1 Apresentação
Nesta unidade, serão estudadas a garantia legal e no Código de Defesa 
do Consumidor.
2.2 Síntese
Há dois tipos de garantia, a legal, prevista no art. 24 do Código de Defesa do 
Consumidor e a contratual, disciplinada no art. 50 do mesmo Código.
O art. 24 dispõe que a garantia legal é uma adequação, ou seja, quando um 
produto ou serviço é adquirido não pode conter vícios.
A garantia legal é dada pela lei e, portanto, não pode ser retirada pelo for-
necedor. Ainda, é preciso ressaltar que é uma garantia que independe de termo 
escrito.
A garantia contratual é uma faculdade, dada pelo fornecedor.
Além de ser facultativa, é preciso que seja feita em termo escrito, conforme 
dispõe o parágrafo único do art. 50 do Código de Defesa do Consumidor. O 
art. 50 estabelece que a garantia legal é complementar à garantia contratual.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
42
A garantia estendida é aquela que pode ser paga pelo consumidor. Parte da 
doutrina entende que seria um abuso, porém, se o consumidor entender que 
quer ficar seguro por um período maior, não há nada que impossibilite esta 
modalidade de garantia.
Exercício
19. Joana adquiriu um aparelho de telefone em loja de eletrodomésti-
cos e, juntamente com o manual de instruções, foi-lhe entregue o 
termo de garantia do produto, que assegurava ao consumidor um 
ano de garantia, a contar da efetiva entrega do produto. Cerca de 
um ano e um mês após a data da compra, o aparelho de telefone 
apresentou comprovadamente um defeito de fabricação. Em face 
dessa situação hipotética, assinale a opção correta acerca dos direi-
tos do consumidor:
a) A lei garante à Joana a possibilidade de reclamar de eventuais 
defeitos de fabricação a qualquer tempo, desde que devidamen-
te comprovados.
b) Após o prazo de um ano de garantia conferida pelo fornecedor, 
Joana não poderá alegar a existência de qualquer defeito de fa-
bricação.
c) Joana poderá reclamar eventuais defeitos de fabricação até o 
prazo de 90 dias após o final da garantia contratual conferida 
pelo fornecedor.
d) O prazo para Joana reclamardos vícios do produto é de apenas 
90 dias, a partir da entrega efetiva do produto, independente-
mente de prazo de garantia.
Capítulo 9
Decadência e Prescrição
1. Diferenças entre Decadência e Prescrição
1.1 Apresentação
Nesta unidade, serão estudadas a decadência e a prescrição, abordando 
aqui as diferenças entre esses institutos.
1.2 Síntese
A primeira ideia quando se fala em decadência e prescrição diz respeito 
aos prazos.
De acordo com o Código Civil, os arts. 205 e 206 tratam de prazos prescri-
cionais e qualquer outro prazo fora destes artigos traz prazo decadencial.
A decadência está relacionada ao direito potestativo, ou seja, aquele direito 
que o sujeito tem e que pode impor sua condição sobre outrem. Assim, fala-se 
em uma relação de sujeição.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
44
Quando o CDC tratou dos vícios dos produtos e dos serviços, deu ao consu-
midor o direito de exigir a reparação deste vício, pois pelo art. 24 o consumidor 
tem o direito de comprar um produto ou receber um serviço sem vício (garan-
tia legal de adequação).
Assim, o art. 26, ao delimitar os prazos de 30 e 90 dias, trouxe um prazo 
decadencial, uma vez que se trata de direito potestativo.
Quando se fala em prescrição, esta se relaciona ao direito subjetivo. Direito 
subjetivo é aquele direito ao bem da vida e quando este bem é violado, nasce 
uma pretensão para o titular. Nota-se que a prescrição está relacionada à pre-
tensão.
Havendo o escoamento do prazo prescricional, o consumidor não perde 
o direito subjetivo, mas sim a pretensão, o direito de exigir. Já na decadência, 
havendo escoamento do prazo, perde-se o direito potestativo.
Ainda, estando-se diante de uma ação condenatória, o prazo é prescricio-
nal. Se a ação for constitutiva ou desconstitutiva e tiver um prazo, este prazo 
será decadencial (se não tiver prazo, a ação será perpétua, ou seja, imprescri-
tível). Se a ação for meramente declaratória, esta ação será também perpétua.
2. Decadência
2.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudada a decadência, sendo trazidos seus aspectos 
mais relevantes.
2.2 Síntese
O art. 26 do Código de Defesa do Consumidor dispõe sobre prazo decaden-
cial e está relacionado à responsabilidade por vício.
Há dois prazos: 30 e 90 dias. A diferença entre os prazos se dá porque há 
produtos e serviços duráveis e não duráveis.
Os produtos não duráveis são aqueles que são esgotados pelo uso, ou seja, 
basta sua utilização para o esgotamento. Exemplo: alimento.
Os produtos duráveis são aqueles que admitem utilização por várias vezes. 
Exemplo: canetas.
Quanto ao serviço, para se verificar se é durável ou não durável, não se 
deve verificar sua natureza, mas sim a expectativa que o consumidor terá diante 
daquela prestação.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
45
Os serviços e produtos não duráveis terão prazo decadencial de 30 dias e os 
serviços e produtos duráveis terão prazo decadencial de 90 dias.
Quanto ao início da contagem do prazo, quando se tratar de vícios aparen-
tes, se inicia da entrega do produto ao consumidor ou do término da prestação 
do serviço. Em relação ao vício oculto, o início do prazo se dará do apareci-
mento do vício.
Há dois momentos em que pode ocorrer a paralisação do prazo decaden-
cial. O primeiro será quando o consumidor fizer uma reclamação comprovada 
ao fornecedor. Este prazo voltará ocorrer diante de uma resposta negativa. O 
segundo momento ocorre quando há instauração do inquérito civil pelo Minis-
tério Público e este prazo ficará paralisado até o encerramento da ação.
Exercício
20. (Defensoria Pública do Estado – Espírito Santo – Cespe – UnB – 
2009) Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
 Se um consumidor adquirir produto não durável, seu direito de re-
clamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caducará em 
90 dias, iniciando-se a contagem do prazo decadencial a partir da 
entrega efetiva do produto.
3. Prescrição
3.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudada a prescrição, sendo trazidos seus aspectos 
mais relevantes.
3.2 Síntese
A prescrição está prevista no art. 27 do Código de Defesa do Consumidor, 
que estabelece: “Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos 
causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, 
iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua 
autoria.”
Em alguns momentos, o STJ entende que não seria aplicável o prazo de 
cinco anos previsto no dispositivo referido.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
46
A primeira hipótese é a Súmula nº 101 do STJ: “A ação de indenização do 
segurado em grupo contra a seguradora prescreve em um ano.”
Outro ponto pacificado pelo STJ seria a respeito de indenizações envol-
vendo transporte aéreo internacional. Isso porque a Convenção de Varsóvia 
regulamenta que o prazo seria de dois anos.
A Súmula nº 412 do STJ dispõe: “A ação de repetição de indébito de tarifas 
de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Ci-
vil”. A Súmula não traz qual seria o prazo, mas onde encontrá-lo. Assim, trata-
-se do prazo decenal, devido ao precedente que gerou a Súmula.
No Código de Defesa do Consumidor, o início da contagem do prazo se dá 
do dano acrescido do conhecimento da autoria.
Exercícios
21. (Cespe) Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
 O consumidor que sofrer dano físico grave por manusear objeto que 
tenha defeito de fabricação deve acionar o fabricante do objeto de-
feituoso no prazo máximo de dois anos, a contar da ocorrência do 
evento danoso, sob pena de prescrição.
22. (Ministério Público – Minas Gerais) Julgue se a assertiva é verdadei-
ra ou falsa:
 O período quinquenal da prescrição aplica-se às hipóteses em que se 
debate a responsabilidade pelo vício do produto e do serviço.
Capítulo 10
Desconsideração da 
Personalidade Jurídica
1. Desconsideração da Personalidade 
Jurídica – I
1.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudada a desconsideração da personalidade jurídica, 
instituto previsto no Código de Defesa do Consumidor e no Código Civil.
1.2 Síntese
A primeira lei a tratar da desconsideração da personalidade jurídica foi o 
Código de Defesa do Consumidor. Trata-se da autorização para que se entre no 
patrimônio do sócio, a fim de que a dívida seja paga.
Em 2002, o Código Civil também tratou do tema, em seu art. 50: “Em caso 
de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou 
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
48
pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do 
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de 
certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens parti-
culares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.”
A desconsideração prevista no Código Civil não pode ser feita de ofício. 
Ainda, é preciso que fique demonstrada confusão patrimonial ou desvio de 
finalidade.
O art. 28 do CDC dispõe: “O juiz poderá desconsiderar a personalidade 
jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso 
de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos 
estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando 
houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa 
jurídica provocados por má administração.”
O § 5º estabelece: “Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica 
sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimen-
to de prejuízos causados aos consumidores.”
Ainda, por se tratar de uma norma de ordem pública, o juiz pode descon-
siderar de ofício.
Exercício
23. (Defensor Público – DPE-CE/Cespe – 2008) Julguese a assertiva é 
verdadeira ou falsa:
 O Código de Defesa do Consumidor adota a teoria menor da des-
consideração da personalidade jurídica, bastando a demonstração da 
insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, 
independentemente da existência de desvio de finalidade ou de con-
fusão patrimonial.
2. Desconsideração da Personalidade 
Jurídica – II
2.1 Apresentação
Nesta unidade, ainda será estudada a desconsideração da personalida-
de jurídica, instituto previsto no Código de Defesa do Consumidor e no 
Código Civil.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
49
2.2 Síntese
Há outras leis que tratam da desconsideração da personalidade jurídica.
Na Lei nº 9.605/1998, art. 4º, está disposto: “Poderá ser desconsiderada a 
pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de 
prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.”
É possível observar que foi copiado o § 5º do art. 28 do Código de Defesa 
do Consumidor.
A desconsideração inversa vem sendo aplicada no Direito de Família. Neste 
caso, por uma obrigação dos sócios, há uma autorização para entrar no patri-
mônio da pessoa jurídica.
A jurisprudência tem aplicado, por exemplo, no caso do marido, prestes a 
se separar, que coloca todo o seu patrimônio no nome da empresa.
O art. 28, §§ 2º, 3º e 4º, não tratam da desconsideração da personalidade 
jurídica, mas sim da responsabilidade de grupos societários.
Capítulo 11
Publicidade
1. Princípio da Vinculação Contratual da 
Oferta
1.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudada a publicidade, começando pelo princípio 
da vinculação contratual da oferta.
1.2 Síntese
O art. 30 do Código de Defesa do Consumidor dispõe: “Toda informa-
ção ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou 
meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apre-
sentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o 
contrato que vier a ser celebrado.”
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
51
A publicidade é uma informação transmitida de maneira ampla, a fim de 
que se abranja o maior número de pessoas possível. Exemplo: anúncio publi-
citário em televisão.
Toda informação e toda publicidade vinculam o fornecedor, integrando o 
contrato que venha a ser celebrado.
É necessário observar que os denominados exageros publicitários não vin-
culam o fornecedor.
Exemplo: uma televisão custa R$ 500,00 e o fornecedor contrata dois jor-
nais para fazer o anúncio. Faz uma promoção, anunciando a televisão com 
desconto de 20% (R$ 400,00). Ocorre que, em um dos jornais, a televisão é 
erroneamente anunciada por R$ 300,00 e, no outro, também é anunciada de 
forma incorreta, sendo veiculado o valor de R$ 40,00. Indaga-se se pode ser 
utilizado o princípio da vinculação contratual da oferta.
Para solucionar situações como o exemplo mencionado, a doutrina criou 
o erro grosseiro. A ideia é que a boa-fé objetiva deve ser aplicada também ao 
consumidor, ou seja, se é possível verificar que houve um erro na publicidade, 
não pode se valer deste fato para invocar o princípio da vinculação contratual 
da oferta.
Desta forma, na hipótese da oferta feita no primeiro jornal, por R$ 300,00, 
é possível exigir o cumprimento. Todavia, no segundo caso é evidente o erro 
grosseiro, não podendo o consumidor aproveitar-se desta situação para exigir 
aplicação do princípio da vinculação contratual da oferta, que é tratada no art. 
35 do CDC.
Exercício
24. (Cespe) Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
 A oferta ou a veiculação de mensagem publicitária que ressalte as 
qualidades ou características de determinado produto ou serviço e 
defina condições e preços para a sua aquisição, tem força vinculante 
em relação ao fornecedor que a promove ou dela se utiliza.
2. Identificação Obrigatória da Publicidade
2.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudada a publicidade, sendo abordada agora a 
identificação obrigatória da publicidade.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
52
2.2 Síntese
O princípio da identificação obrigatória da publicidade está previsto no art. 
36 do Código de Defesa do Consumidor.
Os termos propaganda e publicidade não são diferentes perante o Códi-
go de Defesa do Consumidor, contudo, tais termos possuem diferenciação de 
acordo com os publicitários. A jurisprudência do STJ também não faz esta 
diferenciação.
Dispõe o art. 36: “A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o con-
sumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.”
A publicidade dissimulada é aquela que possui cunho jornalístico.
O merchandising é uma técnica de publicidade de aparecimento da mar-
ca, não de maneira ostensiva, mas sim de forma sutil, dentro de um contex-
to, como um filme, por exemplo. Se o consumidor souber, previamente, que 
aquele produto é pago, não há ofensa ao direito do consumidor.
3. Publicidade Clandestina
3.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudada a publicidade clandestina.
3.2 Síntese
No merchandising, a informação não pode ser dada ao final, mas sim antes 
do início do programa.
A publicidade subliminar é a mais cruel de todas, sendo uma espécie de 
publicidade clandestina. Existe um limiar entre aquilo que é absorvido cons-
cientemente e aquilo que é apreendido inconscientemente. A publicidade su-
bliminar está abaixo do limiar da percepção humana.
O Papai Noel, por exemplo, era da cor azul. Contudo, na década de 1920, a 
Coca-Cola fez uma campanha, a qual tornou a figura do Papai Noel de acordo 
com as suas cores.
O carrinho de compras do Carrefour é feito com as rodinhas intencional-
mente com defeito, a fim de que seja direcionado às gôndolas. É possível obser-
var que diversos supermercados utilizam desta técnica.
Há estudo no sentido de que até mesmo o símbolo do Guaraná Antártica 
possui mensagem subliminar em seu conteúdo.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
53
Exercício
25. (MP – Minas Gerais) Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
 A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, 
fácil e imediatamente, a identifique como tal, segundo o princípio 
da identificação da mensagem publicitária, que proíbe a publicidade 
clandestina, a dissimulada, bem como a subliminar.
4. Princípio da Transparência da Publicidade
4.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudado o princípio da transparência da fundamen-
tação da publicidade.
4.2 Síntese
O princípio da transparência da fundamentação da publicidade encontra 
respaldo no art. 36, parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor. O 
legislador prima para que o consumidor não seja enganado acerca de qualquer 
informação.
O fornecedor não pode, na hora de divulgar seus produtos, produzir infor-
mações falsas, enganosas, que não correspondam à realidade.
Há duas situações que foram objeto de concurso. A primeira é a diferença 
entre publicidade institucional e promocional. A publicidade promocional visa 
divulgar produto ou serviço específico. Já a publicidade institucional visa divul-
gar a marca, o fornecedor, de maneira genérica, sem propagação de produto ou 
serviço específico daquele fornecedor.
O teaser é a expectativa da publicidade. Exemplo: “Vem aí o melhor carro 
do planeta!” É a publicidade da publicidade. Não é proibido no Brasil, pois não 
ofende o caput do art. 36 do CDC.
5. Princípio da Veracidade
5.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudado o princípio da transparência da veracidade.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
54
5.2 Síntese
A publicidade enganosa está contida no art. 37, §§ 1º e 3º, do Código de 
Defesa do Consumidor.
A publicidade enganosa é aquela inteira ou parcialmente falsa.
Esta modalidade de publicidade pode ser aquela que induz o consumidora erro, ou seja, as informações contidas não parecem estar erradas, porém, se 
ocorrer a indução poderá ser tida como enganosa.
É preciso ressaltar que o fornecedor não pode alegar que não teve intenção 
de fazer a publicidade enganosa. Faz-se necessário analisar de forma objetiva 
se o consumidor foi realmente induzido a erro.
Quanto à publicidade enganosa, esta pode ser comissiva ou omissiva. Publi-
cidade enganosa por omissão é aquela em que falta um dado essencial.
Exercício
26. (MP – Piauí) Julgue se a assertiva é verdadeira ou falsa:
 Somente será enganosa a modalidade de informação ou comunica-
ção de caráter publicitário inteiramente falsa, capaz de induzir em 
erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, 
quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados 
sobre produtos e serviços.
6. Princípio da Não Abusividade 
Enganosidade
6.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudado o princípio da não abusividade da publi-
cidade.
6.2 Síntese
É importante que não se confunda a publicidade enganosa com a abusiva. 
A publicidade abusiva está contemplada no art. 37, § 2º, do Código de Defesa 
do Consumidor.
Publicidade abusiva não tem a ver com publicidade falsa, se o consumidor 
está sendo induzido a erro. Todavia, ofende os valores da sociedade de uma 
maneira genérica.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
55
Dispõe o § 2º do art. 37: “É abusiva, dentre outras a publicidade discrimi-
natória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a 
superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, 
desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se 
comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.”
Exemplo: publicidade feita pela apresentadora Xuxa, em que esta incitava 
as crianças a convencerem seus pais a comprarem a sandália de sua marca. Ao 
final da propaganda, dizia às crianças para que estas cortassem suas sandálias 
atuais, caso seus pais não comprassem as sandálias de sua marca. Desta forma, 
seus pais precisariam adquirir um par de sandálias novo.
Todo consumidor é vulnerável, porém, alguns consumidores em especial, 
como as crianças e idosos, são hipervulneráveis.
Nota-se que na publicidade abusiva também há indução ao consumidor, 
contudo isso se dá no sentido que o consumidor se comporte de maneira pre-
judicial em relação à sua saúde ou segurança.
Exercício
27. (Cespe – 2009 – TRF – 5ª Região – Juiz) Julgue se a assertiva é ver-
dadeira ou falsa:
 Reputa-se abusiva qualquer modalidade de comunicação de caráter 
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou capaz de induzir a erro 
o consumidor a respeito da natureza, das características, da quali-
dade, da quantidade, das propriedades e de quaisquer outros dados 
acerca dos produtos e serviços.
7. Princípio da Inversão do Ônus da Prova na 
Publicidade
7.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudado o princípio da inversão do ônus da prova 
na publicidade.
7.2 Síntese
O art. 38 do Código de Defesa do Consumidor trata especificamente do 
princípio da inversão do ônus da prova na publicidade. Tal dispositivo estabele-
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
56
ce: “O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação 
publicitária cabe a quem as patrocina.”
Quando alguém faz uma publicidade informando acerca da qualidade do 
produto, quem tem de provar é aquele que fez a propaganda, demonstrando a 
veracidade das informações prestadas.
Ressalte-se que quem tem melhor condição de provar a veracidade das in-
formações é o fornecedor.
Faz-se necessário observar que o art. 38 do Código de Defesa do Consumi-
dor traz uma das hipóteses de inversão do ônus da prova ope legis, já que está 
prevista em lei.
Chegou ao STJ uma ação que questionava a responsabilidade dos grupos 
de comunicação. No tocante à publicidade envolvendo meios de comunicação 
ou quem efetivamente elabora a publicidade, o STJ entendeu que a responsa-
bilidade é subjetiva, mediante culpa.
Exercício
28. (Cespe – 2010 – MPE-ES – Promotor de Justiça) Julgue se a assertiva 
é verdadeira ou falsa:
 No tocante ao princípio da publicidade, o CDC adotou a obrigatória 
inversão do ônus da prova, decorrente dos princípios da veracidade e 
da não abusividade da publicidade.
8. Princípio da Lealdade Publicitária e da 
Correção do Desvio Publicitário
8.1 Apresentação
Nesta unidade, serão estudados o princípio da lealdade publicitária e o 
da correção do desvio publicitário.
8.2 Síntese
O desvio publicitário se dá quando o fornecedor faz uma publicidade falsa 
ou abusiva.
Quando existe o desvio, há uma forma de saná-lo, prevista no Código de 
Defesa do Consumidor. O meio através do qual se sana este desvio é denomina-
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
57
do contrapropaganda, estabelecido nos arts. 56, XII, e 60, do CDC. É possível 
observar que a contrapropaganda é considerada uma sanção administrativa.
O art. 60 dispõe: “A imposição de contrapropaganda será cominada quando 
o fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa ou abusiva, nos ter-
mos do art. 36 e seus parágrafos, sempre às expensas do infrator.”
É preciso observar que no referido dispositivo houve um erro do legisla-
dor, pois deveria mencionar o art. 37 e seus parágrafos e não o art. 36 e seus 
parágrafos.
O § 1º estabelece: “A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da 
mesma forma, frequência e dimensão e, preferencialmente no mesmo veículo, 
local, espaço e horário, de forma capaz de desfazer o malefício da publicidade 
enganosa ou abusiva.”
A ideia da contrapropaganda é fazer com que o fornecedor se retrate da 
chamada publicidade enganosa ou abusiva.
O fornecedor, quando faz uma publicidade, deve ser leal com a marca 
concorrente, é preciso que haja respeito. Ele não pode, por exemplo, criar uma 
embalagem parecida com a do concorrente.
A previsão do princípio da lealdade é encontrada no art. 4º, VI, do Código 
de Defesa do Consumidor:
Art. 4º “A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo 
o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignida-
de, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria 
da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações 
de consumo, atendidos os seguintes princípios: (...) VI – coibição e repressão 
eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a 
concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das 
marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos 
aos consumidores;”
Capítulo 12
Da Cobrança Abusiva
1. Alguns Exemplos de Práticas Abusivas
1.1 Apresentação
Nesta unidade, será estudada a cobrança abusiva, começando com al-
guns exemplos de práticas abusivas.
1.2 Síntese
As práticas abusivas estão contempladas no art. 39 do Código de Defesa do 
Consumidor, que traz um rol exemplificativo, já que muitas delas não estão 
relacionadas neste dispositivo legal. Já o art. 51 trata das cláusulas abusivas.
O inciso I do art. 39 do CDC estabelece a venda casada, ou seja, quando o 
fornecedor vincula um produto ou serviço a outro produto ou serviço, sem que 
haja necessidade para tal atrelamento.
D
ire
ito
 d
o 
C
on
su
m
id
or
59
Exemplo: sujeito quer fazer um financiamento e o banco exige que seja 
aberta uma conta naquele estabelecimento.
Ainda no inciso I, existe a vedação de que o fornecedor imponha um limite 
quantitativo ao consumidor. Exemplo: fornecedor exige que sejam comprados 
no mínimo três produtos. Se há uma promoção de três produtos com um lacre, 
é possível que leve somente um produto.
Deve-se observar que há hipóteses