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2 - DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2º BIMESTRE
DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
“Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.”
- Caracteriza-se a obrigação solidária pela multiplicidade de credores e/ou de devedores, tendo cada credor direito à totalidade da prestação, como se fosse credor único, ou estando cada devedor obrigado pela dívida toda, como se fosse o único devedor. 
- Características:
a) pluralidade de sujeitos ativos ou passivos;
b) multiplicidade de vínculos;
c) unidade de prestação;
d) corresponsabilidade dos interessados.
- Na solidariedade ativa há multiplicidade de credores, com o direito a uma quota da prestação, cada qual pode reclamá-la por inteiro do devedor comum. O credor que receber o pagamento entregará aos demais as quotas de cada um. 
- Na solidariedade passiva, há vários devedores solidários, onde o credor pode cobrar a dívida inteira de qualquer deles. O devedor, na sua relação com os demais, responde apenas pela sua quota-parte. O credor tem maiores probabilidades de receber o seu crédito, pois pode escolher o devedor de maior capacidade financeira e maior patrimônio para ser acionado, bem como demandar todos eles, se preferir. 
- SOLIDARIEDADE X INDIVISIBILIDADE
Em ambos os casos, o credor pode exigir de um só dos devedores o pagamento da totalidade do objeto devido. Porém, cada devedor solidário pode ser compelido a pagar, sozinho, a dívida inteira, por ser devedor do todo. Nas obrigações indivisíveis, o codevedor só deve a sua quota-parte. 
Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. Já na solidariedade, a obrigação que venha a se converter em perdas e danos, continuará indivisível seu objeto no sentido de que não se dividirá entre todos os devedores, ou todos os credores, porque a solidariedade decorre da lei ou da vontade das partes e independe da divisibilidade ou indivisibilidade do objeto. 
A solidariedade se caracteriza por sua feição subjetiva. Ela advém da lei ou do contrato, mas recai sobre as próprias pessoas. 
“Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.”
- Princípios: inexistência de solidariedade presumida (art. 265) e o da possibilidade de ser de modalidade diferente para um ou alguns codevedores ou cocredores (art. 266). 
“Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.”
SOLIDARIEDADE ATIVA
- Solidariedade ativa é a relação jurídica entre credores de uma só obrigação e o devedor comum. Pagando o débito a qualquer um dos cocredores, o devedor se exonera da obrigação. Apesar das desvantagens que traz aos credores, oferece ao devedor a comodidade de poder pagar a qualquer dos credores, à sua escolha, sem necessidade de procurar os demais.
“Art. 267. Cada um dos credores solidários tem o direito de exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro.”
- Qualquer credor pode promover medidas assecuratórias e de conservação de direitos. Assim, se um deles constitui em mora o devedor comum a todos aproveitam os seus efeitos. A interrupção da prescrição, requerida por um, estende-se a todos. Qualquer credor pode ingressar em juízo com a ação adequada, assim obtendo o cumprimento da prestação, com a extinção da dívida. Se um dos credores se torna incapaz, nenhuma influência exercerá tal circunstância sobre a solidariedade. Se um dos credores decai da ação, não ficam os outros inibidos de acionar, por sua vez, o devedor comum. 
“ Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.”
- Mas quando houver cobrança de algum credor, o devedor será obrigado a pagar para o mesmo, não podendo escolher qualquer outro credor. 
“Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago.”
- Extingue-se, assim, a obrigação solidária. 
“Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.”
“Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.”
“Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba.”
- Se o credor recebeu a dívida, terá que compartilhar com os demais as partes que caibam aos mesmos. Se ele renunciou a dívida, terá que “pagar” aos demais a dívida. 
“Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros.”
- O devedor não poderia arguir, em defesa, as exceções pessoais a outro codevedor, isto é, as que beneficiariam outro codevedor. 
“Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve.”
- O julgamento contrário a um deles não impede que os demais acionem o devedor e cobrem dele o valor integral da dívida. Mesmo porque díspares podem ser as relações jurídicas referentes a cada titular. 
SOLIDARIEDADE PASSIVA
- Relação obrigacional, oriunda da lei ou de vontade das partes, com multiplicidade de devedores, sendo que cada um responde pelo cumprimento total da prestação, como se fosse o único devedor. Na solidariedade passiva unificam-se os devedores, possibilitando ao credor, para maior segurança do crédito, exigir e receber de qualquer deles o adimplemento, parcial ou total, da dívida comum. 
“Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial, ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns devedores.”
“Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.”
- O pagamento parcial naturalmente reduz o crédito. Sendo assim, o credor só pode cobrar do que pagou, ou dos outros devedores, o saldo remanescente. 
“Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.”
- Morto o devedor solidário, também com herdeiros, divide-se o débito e cada um só responde pela quota respectiva, salvo se a obrigação for igualmente indivisível. Mas, neste último caso, por ficção legal, os herdeiros reunidos são considerados como um só devedor solidário em relação aos demais codevedores. Os herdeiros só poderão ser acionados judicialmente pela dívida herdada, e não pela dívida total correspondente à obrigação solidária. 
“Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes.”
“Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encardo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.”
- Se o objeto perde-se por culpa de um devedor, a dívida converte-se em equivalente mais perdas e danos, dos quais estes serão correspondidos só àquele que deu causa. 
“Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de toso os devedores. 
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.”
- A Renúncia à solidariedade ocorre quando cobra-se apenas a quota do devedor, não podendo se cobrar judicialmente sua
dívida depois de quitada. Já o perdão ou remissão da dívida ocorre quando o credor perdoa um ou todos os devedores, reduzindo-se o valor da dívida de acordo com a quota parte. 
“Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.”
- Portanto, apesar de todos os devedores responderem pelos juros mesmo que ocorridos só por um, este um irá retornar o valor acrescido aos demais. 
“Art. 284. No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.”
- Isso determina o acréscimo da responsabilidade dos codevedores para cobrir o desfalque resultante da insolvência de um dos codevedores. 
OUTRAS MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES	
- Das obrigações civis e naturais
- Diz-se que a obrigação é civil, ou perfeita, porque acham-se presentes todos os seus elementos constitutivos: sujeito, objeto e vínculo jurídico. Obrigação civil é a que encontra respaldo no direito positivo, podendo seu cumprimento ser exigido pelo credor, por meio de ação. 
- Quando falta esse poder de garantia ou a responsabilidade do devedor, diz-se que a obrigação é natural. Trata-se de obrigação sem garantia, sem sanção, sem ação para se fazer exigível. Nessa modalidade o credor não tem o direito de exigir a prestação, e o devedor não está obrigado a pagar. 
- Dessa forma, as obrigações civis e as obrigações naturais distinguem-se, pois, quanto à exigibilidade de cumprimento. 
- A teoria mais aceita para a natureza jurídica da obrigação natural é a teoria clássica ou tradicional, que considera a obrigação natural uma obrigação imperfeita. O principal efeito da obrigação natural consiste na validade de seu pagamento. Ao dizer que não se pode repetir o que se pagou para cumprir obrigação judicialmente inexigível, o art. 882 do Código Civil admite a validade de seu pagamento. E o faz porque a dívida existia, apenas não podia ser judicialmente exigida. Outro efeito inegável é a irrepitibilidade do pagamento. 
- Das obrigações de meio, de resultado e de garantia
- Diz-se que a obrigação é de meio quando o devedor promete empregar seus conhecimentos, meios e técnicas para a obtenção de determinado resultado, sem no entanto responsabilizar-se por ele. 
- Quando a obrigação é de resultado, o devedor dela se exonera somente quando o fim prometido é alcançado. Não o sendo, é considerado inadimplente, devendo responder pelos prejuízos decorrentes do insucesso. 
- Obrigação de garantia é a que visa a eliminar um risco que pesa sobre o credor, ou as suas consequências. Ex: segurador e fiador. 
- Das obrigações de execução instantânea, diferida e continuada
- A execução instantânea ou momentânea é aquela que se consuma num só ato, sendo cumprida imediatamente após a sua constituição, como na compra e venda à vista.
- A execução diferida ocorre quando o cumprimento deve ser realizado também por um só ato, mas em momento futuro. 
- Por fim, a de execução continuada, periódica ou de trato sucessivo, é a que se cumpre por meio de atos reiterados, como sucede na prestação de serviços, na compra e venda a prazo ou em prestações periódicas. 
- Das obrigações puras e simples, condicionais, a termo e modais
- Classificação natural dos elementos do negócio jurídico:
a) elementos essenciais são os estruturais, indispensáveis à existência do ato e que lhe formam a substância: a declaração de vontade nos negócios em geral; a coisa, o preço e o consentimento na compra e venda, por exemplo;
b) elementos naturais são as consequências ou efeitos que de correm da própria natureza do negócio, sem necessidade de expressa menção;
c) elementos acidentais consistem em estipulações acessórias, que as partes podem facultativamente adicionar ao negócio, para modificar alguma de suas consequências naturais, como a condição, o termo e o encargo ou modo. 
- Obrigações puras e simples são as não sujeitas a condição, termo ou encargo. São as que produzem efeito imediato.
- Obrigações condicionais são aquelas cujo efeito está subordinado a um evento futuro e incerto. É necessário:
a) que a cláusula seja voluntária;
b) que o acontecimento a que se subordina a eficácia ou a resolução do ato jurídico seja futuro;
c) que também seja incerto. 
Espécies de condições:
a) à ilicitude;
b) à possibilidade;
c) à fonte de onde promanam: casuais são as que dependem do acaso, do fortuito, alheio à vontade das partes. Potestativas são as que decorrem da vontade de uma das partes. Mistas são as condições que dependem simultaneamente da vontade de uma das partes e da vontade de um terceiro;
d) ao modo de atuação.
- Obrigações a termo são aquelas em que as partes subordinam os efeitos do negócio jurídico a um evento futuro e certo. 
- Obrigações modais ou com encargo é a que se encontra onerada por cláusula acessória, que impõe um ônus ao beneficiário de determinada relação jurídica. O encargo imposto àquele em cujo proveito se constitui um direito por ato de mera liberalidade. Nele, a pessoa que promete a outrem alguma coisa limita sua promessa, determinando a forma por que deve ser usada. O encargo difere da condição suspensiva, porque esta impede a aquisição do direito, enquanto aquele não suspende a aquisição nem o exercício do direito. 
- Das obrigações líquidas e ilíquidas 
- Considera-se líquida a obrigação certa, quanto à sua existência, e determinada quanto ao seu objeto. 
- A obrigação é ilíquida quando, ao contrário, o seu objeto depende de prévia apuração, pois o valor ou montante apresenta-se incerto. Deve ela converter-se em obrigação líquida, para que possa ser cumprida pelo devedor. 
- O processo de liquidação tem natureza cognitiva e é dotado de autonomia em relação ao processo de execução e ao processo de conhecimento, no qual o título foi gerado. 
- Liquidação por arbitramento é aquela realizada por meio de um perito, nomeado pelo juiz. A liquidação é feita por artigos quando houver necessidade de alegar e provar fato novo, para apurar o valor da condenação. 
- Quando a obrigação é positiva (dar ou fazer) e líquida (de valor certo), com data fixada para o pagamento, seu descumprimento acarreta, automaticamente, sem necessidade de qualquer providência do credor, a mora do devedor. Não havendo termo (data estipulada), a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial. 
DA CESSÃO DE CRÉDITO
- Se a obrigação é um valor que integra o patrimônio do credor, poderá ser objeto de transmissão, da mesma forma que os demais direitos patrimoniais e, portanto, pode-se aceitar com certa facilidade a possibilidade de uma substituição na pessoa do credor em face da cessão de crédito. Com a substituição de um dos sujeitos da relação obrigacional, não deixa de ser esta ela mesma, continuando a existir como se não houvesse sofrido qualquer alteração. 
- A cessão é a transferência negocial, a título gratuito ou oneroso, de um direito, de um dever, de uma ação, ou de um complexo de direitos, deveres e bens, de modo que o adquirente, denominado cessionário, exerça posição jurídica idêntica à do antecessor, que figura como cedente. 
- Espécies:
a) cessão de crédito, pela qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional; 
b) cessão de débito, que constitui negócio jurídico pelo qual o devedor transfere a outrem a sua posição na relação jurídica, sem novar;
c) cessão de contrato, em que se procede à transmissão, ao cessionário, da inteira posição contratual do cedente.
- Cessão de crédito é o negócio jurídico bilateral, pelo qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional. O credor que transfere seus direitos denomina-se cedente. O terceiro a quem são eles transmitidos, investindo-se na sua titularidade, é o cessionário. O outro personagem denomina-se devedor ou cedido. 
- A cessão de crédito distingue-se, também, da novação subjetiva ativa, porque nesta, além da substituição do
credor, ocorre a extinção da obrigação anterior, substituída por novo crédito. Não se confunde ainda a cessão de crédito com a sub-rogação legal. O sub-rogado não pode exercer os direitos e ações do credor além dos limites de seu desembolso, não tendo pois, caráter especulativo.
- Em regra, todos os créditos podem ser objeto de cessão, constem de título ou não, vencidos ou por vencer, salvo se a isso se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor. Geralmente os créditos que não podem ser cedidos tratam-se de relações jurídicas de caráter personalíssimo e as de direito de família. 
- Como a cessão importa alienação, o cedente há de ser pessoa capaz e legitimada a praticar atos de alienação. É necessário que seja titular do crédito, para dele poder dispor, assim como, pessoa no gozo da capacidade plena e que reúna condições de tomar o lugar do cedente. 
- Pro soluto: o cedente apenas garante a existência do crédito, sem responder, todavia, pela solvência do devedor. 
- Pro solvendo: o cedente obriga-se a pagar se o devedor cedido for insolvente, ou seja, assume o risco da insolvência do devedor. 
“Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido nas solenidades do parágrafo primeiro do art. 654.”
“Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do imóvel.”
- A notificação do devedor, expressamente exigida, é medida destinada a preservá-lo do cumprimento indevido da obrigação, evitando-se os prejuízos que causaria, pois ele poderia pagar ao credor-cedente. 
“Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.”
“Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.”
“Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.”
“Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com cobrança.”
“Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, substituindo somente contra o credor os direitos de terceiro.”
DA ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
- Trata-se de negócio jurídico pelo qual o devedor transfere a outrem sua posição na relação jurídica. É um negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor, com anuência expressa do credor, transfere a um terceiro, que o substitui, os encargos obrigacionais, de modo que este assume sua posição na relação obrigacional, responsabilizando-se pela dívida, que subsiste com os seus acessórios. 
“Art. 299. É facultativo a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.”
- Caracterização: o fato de que uma pessoa, física ou jurídica, se obrigar perante o credor a efetuar a prestação devida por outra. Exige a concordância do credor, para efetivação do negócio. A pessoa do devedor é de suma importância no que diz respeito à idoneidade patrimonial. Podem ser objeto da cessão todas as dívidas, presentes e futuras, salvo as que devem ser pessoalmente cumpridas pelo devedor. 
- A maior semelhança observada é a com a promessa de liberação do devedor, ou assunção de cumprimento, que se configura quando uma pessoa se obriga perante o devedor a desonerá-lo da obrigação, efetuando a prestação em lugar dele. A diferença entre elas resulta, todavia, da circunstância de “a promessa de liberação ser efetuada perante o devedor, não tendo o credor nenhum direito de exigir o seu cumprimento, enquanto na assunção de dívida a obrigação é contraída perante o credor, que adquire o direito de exigir do assuntor a realização da prestação devida. 
- Se aproxima bastante de uma das modalidades de novação, que é a novação subjetiva por substituição do devedor. A diferença reside no fato de a novação acarretar a criação de obrigação nova e a extinção da anterior, e não simples cessão de débito. 
- A assunção de dívida guarda acentuada afinidade, igualmente, com a fiança, pois tanto o fiador como o assuntor se obrigam perante o credor a realizar uma prestação devida por outrem. Todavia, distinguem-se pelo fato de a fiança constituir, em regra, uma obrigação subsidiária: o fiador goza do benefício da excussão, só respondendo se o devedor não puder cumprir a prestação prometida. Mesmo que se tenha obrigado como principal pagador, o fiador responde sempre por uma dívida alheia. 
- Espécies de assunção de dívida: 
a) mediante contrato entre o terceiro e o credor, sem a participação ou anuência do devedor (expromissão);
b) mediante acordo entre terceiro e o devedor, com a concordância do credor (delegação).
Expromissão é o negócio jurídico pelo qual uma pessoa assume espontaneamente a dívida de outra. Distingue-se da delegação por esse aspecto: dispensa a intervenção do devedor originário. O expromitente não assume a dívida por ordem ou autorização do devedor, como na delegação, mas espontaneamente. 
- Efeitos: substituição do devedor na relação obrigacional, que permanece a mesma. Extinção das garantias especiais originariamente dadas pelo devedor primitivo ao credor. 
DA CESSÃO DO CONTRATO
- A cessão de contrato ou a cessão de posições contratuais, consiste na transferência da inteira da posição ativa e passiva do conjunto de direitos e obrigações de que é titular uma pessoa, derivados de um contrato bilateral já ultimado, mas de execução ainda não concluída.
- O que distingue basicamente a cessão da posição contratual da cessão de crédito e da assunção da dívida é o fato de a transmissão abranger simultaneamente direitos e deveres de prestar (créditos e débitos), enquanto a cessão de crédito compreende apenas um direito de crédito e a assunção de dívida cobre comente um débito. 
- A cessão da posição contratual consiste assim no negócio pelo qual um dos outorgantes em qualquer contato bilateral ou sinalagmático transmite a terceiro, com o necessário assentimento do outro contraente, o conjunto de direitos e obrigações que lhe advêm desse contrato.
- O cedente é aquele que transfere sua posição contratual; o cessionário é que adquire a posição transmitida ou cedida; o cedido é o outro contraente, que consente na cessão feita pelo cedente. 
- Natureza jurídica: negócio jurídico independente, em que se procede à transmissão ao cessionário, a título singular e por ato entre vivos, da inteira posição contratual do cedente. 
- Possui vantagem prática, mas é indispensável a concordância do cedido. O contrato base transferido há de ter natureza bilateral, ou seja, obrigações recíprocas.
- Basta o consentimento do contraente cedido quanto à cessão do contrato, sem qualquer ressalva concernente às obrigações, quer tenha sido manifestado ao tempo da cessão, quer no próprio instrumento do contrato-base. 
- Pode o contraente cedido dar o seu consentimento à cessão, mas sem liberação do cedente. Neste caso, embora o cessionário assuma a responsabilidade pelas obrigações resultantes do contrato, o cedente continua vinculado ao negócio não apenas como garante de seu cumprimento, mas em regra, como principal pagador. 
- A transferência da posição contratual acarreta para o cedente a perda dos créditos e das expectativas integrados na posição contratual cedida e, por outro lado, a exoneração dos deveres e obrigações em geral compreendidos na mesma posição contratual.
- Não pode o contraente cedido invocar contra o cessionário meios de defesa que não se fundem na relação contratual cedida. Do mesmo modo, o cessionário não pode alegar contra o contraente cedido meios de defesa estranhos à relação contratual objeto da cessão, incluindo as fundadas no contrato que serviu de instrumento à cessão. 
- O instituto da cessão da posição contratual pode ser utilizado no direito pátrio com negócio jurídico atípico. 
DO ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
- O devedor se libera pelo cumprimento da obrigação quando efetua a prestação tal como devida, ou seja, no tempo e no lugar convencionados, de modo completo e pela forma adequada. 
DO PAGAMENTO
- A palavra pagamento o legislador a empregou no sentido técnico-jurídico de execução de qualquer espécie de obrigação. 
- São aplicáveis ao cumprimento da obrigação dois princípios: o da boa-fé ou diligência normal e o da pontualidade. Agir de boa-fé significa comportar-se como homem correto na execução da obrigação. O princípio da pontualidade exige não só que a prestação seja cumprida em tempo, no momento aprazado, mas de forma integral, no lugar e modo devidos. 
- O pagamento tem a natureza de um ato jurídico em sentido amplo, da categoria dos atos lícitos, podendo ser ato jurídico stricto sensu, bilateral ou unilateral, conforme a natureza específica da prestação.
- Para que o pagamento produza seu principal efeito, que é o de extinguir a obrigação, devem estar presentes seus requisitos essenciais de validade, que são:
a) a existência de um vínculo obrigacional;
b) a intenção de solvê-lo;
c) o cumprimento da prestação;
d) a pessoa que efetua o pagamento;
e) a pessoa que o recebe.
Pagamento efetuado por pessoa interessada
“Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.”
- Só se considera interessado quem tem interesse jurídico na extinção da dívida, quem está vinculado ao contrato, como o fiador, o avalista, o solidariamente obrigado. 
- O principal interessado na solução da dívida, a quem compete o dever de pagá-la, é o devedor. Mas os que se encontram em algumas situações supramencionadas, a ele são equiparados, pois têm o legítimo interesse no cumprimento da obrigação. 
- Quando ao obrigação é contraída intuitu personae, ou seja, em razão de condições ou qualidades pessoais do devedor, somente a este incumbe a solução. 
Pagamento efetuado por terceiro não interessado
“Art. 304.
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.” 
- Em regra, o credor não rejeita o pagamento efetuado por terceiros não interessados porque é de seu interesse receber, sendo-lhe indiferente que a prestação seja realizada por uma ou outra pessoa. 
- O devedor pode opor-se ao pagamento de sua dívida por terceiro não interessado, mesmo que seja feito em seu nome e à sua conta, poderá o credor, cientificado da oposição, alegar justo motivo para não receber. Pode o credor aceitar validamente o pagamento porque é isso da sua conveniência e não há motivo para que a oposição do devedor iniba de ver o seu crédito satisfeito. 
“Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação.”
- O credor não pode recusar o pagamento de terceiro, por implicar a satisfação de seu crédito, salvo se houver, no contrato, expressa declaração proibitiva, ou se a obrigação, por sua natureza, tiver de ser cumprida pelo devedor. 
“Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.”
Pagamento efetuado mediante transmissão da propriedade
“Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão de propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto, em que ele consistiu.
Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse direito de aliená-la.”
Pagamento efetuado diretamente ao credor
“Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.”
Pagamento efetuado ao representante do credor
- No caso de representação legal ou judicial, a prestação só pode ser efetuada, em princípio, ao representante, ao passo que, no de representação convencional, é válida e liberatória tanto a prestação efetuada ao representante como a diretamente entregue ao credor, no exclusivo interesse de quem foi avençada a representação. 
“Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariem a presunção daí resultante.”
Validade do pagamento efetuado a terceiro que não o credor
- O pagamento deve ser feito, como foi dito, ao verdadeiro credor ou ao seu sucessor inter vivos ou causa mortis, ou a quem de direito os represente, sob pena de não valer. O pagamento a quem não ostenta essas qualidades na data em que foi efetuado não tem efeito liberatório, não exonerando o devedor. 
- Considera válido o pagamento feito a terceiro se for ratificado pelo credor, ou seja, se este confirmar o recebimento por via do referido terceiro ou fornecer recibo, ou, ainda, se o pagamento reverter em seu proveito.
Pagamento efetuado ao credor putativo
“Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não credor.”
- Credor putativo é aquele que se apresenta aos olhos de todos como o verdadeiro credor. 
Pagamento feito ao credor incapaz
“Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar; se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.”
Pagamento feito ao credor cujo crédito foi penhorado
“Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor.”
- O objeto do pagamento deverá ser o conteúdo da prestação obrigatória.
“Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa de que lhe é devida, ainda que mais valiosa.”
- O devedor só se libera entregando ao credor exatamente o objeto que prometeu dar, ou realizando o ato a que se obrigou, ou, ainda, abstendo-se do fato nas obrigações negativas, sob pena de a obrigação converter-se em perdas e danos.
“Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber; nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.”
“Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes.”
- A cláusula de escala móvel prescreve que o valor da prestação deve variar segundo os índices de custo de vida. 
- Realizando a prestação devida, o devedor tem o direito de exigir do credor a quitação da dívida (prova do pagamento). 
“Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada.”
- A quitação é a declaração unilateral escrita, emitida pelo credor, de que a prestação foi efetuada e o devedor fica liberado. 
“Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias. 
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.”
“Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor.”
- Interessa tanto ao credor como ao devedor conhecer o instante exato do pagamento, porque
não pode este ser exigido antes, salvo nos casos em que a lei determina o vencimento antecipado da dívida. 
- As obrigações puras, com estipulações de data para o pagamento, devem ser solvidas nessa ocasião, sob pena de inadimplemento. 
“Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. 
Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial.”
“Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato, ou marcado neste Código:
I – no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II – se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;
III – se cessarem, ou se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.”
- Se não se ajustou época para o pagamento, o credor pode exigi-lo imediatamente. Faltando o termo, vigora o princípio da satisfação imediata. 
DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO
- Consiste no depósito, pelo devedor, da coisa devida, com o objetivo de liberar-se da obrigação. É meio indireto de pagamento. 
“Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e formas legais.”
- Se o credor, sem justa causa, recusa-se a receber o pagamento em dinheiro, poderá o devedor optar pelo depósito extrajudicial ou pelo ajuizamento da ação de consignação em pagamento. 
“Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deve ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada.”
“Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele citado para esse fim, sob cominação de perder o direito de ser depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo antecedente.”
“Art. 335. A consignação tem lugar: 
I – se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II – se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III – se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso e difícil;
IV – se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V – se pender litígio sobre o objeto do pagamento.”
- A consignação tem por fundamento:
a) a mora do credor;
b) as circunstâncias inerentes à pessoa do credor que impedem o devedor de satisfazer a sua intenção de exonerar-se da obrigação. 
“Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento.”
“Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as consequências do direito.”
“Art. 340. Depois de contestar a lide ou aceitar o depósito, aquiescer no levantamento, perderá a preferência e a garantia que lhe competiam com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os codevedores e fiadores que não tenham anuído.” 
- O procedimento extrajudicial pode ocorrer na consignação de prestação devida em virtude de compromisso de compra e venda de lote urbano e de depósito em estabelecimento bancário aceito pelo credor. Diferenciam-se dos procedimentos judiciais quando há recusa ou obstáculo para a efetivação do pagamento e quando existe dúvida sobre quem deva, legitimamente, receber. 
PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO
- Sub-rogação é, portanto, a substituição de uma pessoa, ou de uma coisa, por outra pessoa, ou por outra coisa em uma relação jurídica. No primeiro caso, a sub-rogação é pessoal; no segundo, real. 
- A sub-rogação real supõe a ocorrência de um fato por virtude do qual um valor sai de um patrimônio e entra outro, que nele fica ocupando posição igual à do primeiro.
- Na sub-rogação pessoal, ocorre a transferência dos direitos do credor para aquele que solveu a obrigação, ou emprestou o necessário para resolvê-la. 
- Trata-se de instituo autônomo e anômalo, em que o pagamento promove apenas uma alteração subjetiva, mudando o credor. 
- A sub-rogação legal é a que decorre da lei, independentemente de declaração do credor ou do devedor. A sub-rogação convencional é a que deriva da vontade das partes. A manifestação volitiva deve ser expressa. 
“Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:
I – do credor que paga a dívida do devedor comum;
II – do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;
III – do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.”
“Art. 347. A sub-rogação é convencional:
I – quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos;
II – quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.”
“Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.”
- A sub-rogação produz dois efeitos: 
a) o liberatório, por exonerar o devedor ante o credor originário;
b) o translativo, por transmitir ao terceiro que satisfez o credor originário, ônus e encargos, pois o sub-rogado passará a suportar todas as exceções que o sub-rogante teria de enfrentar. 
- No caso de pagamento parcial por terceiro, o crédito fica dividido em duas partes: a parte não paga, que continua a pertencer ao credor primitivo, e a parte paga, que transfere ao sub-rogado. 
“Art. 351. O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever.”
DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
- Consiste na indicação ou determinação da dívida a ser quitada, quando uma pessoa se encontra obrigada, por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, e efetua pagamento não suficiente para saldar todas elas. 
“Art. 352. A pessoa obrigada, por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.”
- Requisitos:
a) pluralidade de débitos;
b) identidade de partes: mesmo devedor a um mesmo credor;
c) igual natureza das dívidas;
d) possibilidade de o pagamento resgatar mais de um débito. 
- Espécies:
a) por indicação do devedor;
b) por vontade do credor;
c) em virtude de lei. 
- A imputação por indicação ou vontade do devedor é assegurada a este no art. 352, pelo qual a pessoa obrigada tem o direito de escolher qual débito deseja saldar. Limitações:
a) o devedor não pode imputar pagamento em dívida ainda não vencida se o prazo se estabeleceu em benefício do credor;
b) o devedor não pode imputar o pagamento em dívida cujo montante seja superior ao valor ofertado, salvo acordo entre as partes. 
c) o devedor não pode pretender que o pagamento seja imputado no capital, quando há juros vencidos, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital. 
- A imputação por vontade ou indicação do credor ocorre quando o devedor não declara qual das dívidas quer pagar.
“Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita
pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo.”
- Dá-se a imputação em virtude de lei ou por determinação legal se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação. 
DA DAÇÃO EM PAGAMENTO
- É um acordo de vontades entre o credor e o devedor, por meio do qual o primeiro concorda em receber do segundo, para exonerá-lo da dívida, prestação diversa da que lhe é devida. 
“Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.”
- Elementos constitutivos:
a) existência de uma dívida;
b) concordância do credor, verbal ou escrita, tácita ou expressa;
c) diversidade da prestação oferecida, em relação à dívida originária.
- A dação em pagamento é considerada uma forma de pagamento indireto. 
“Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.”
“Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão.”
“Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.”
NOVAÇÃO
- É a criação de obrigação nova, para extinguir uma anterior. É a substituição de uma dívida por outra, extinguindo-se a primeira. 
- Tem a novação natureza contratual, operando-se em consequência de ato de vontade dos interessados, jamais por força de lei. 
- Requisitos:
a) existência da obrigação anterior;
b) a constituição de uma nova obrigação;
c) o animus novandi (acordo de vontades).
“Art. 367. Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas.”
“Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente a primeira.”
- Espécies:
a) objetiva: altera-se o objeto da prestação;
b) subjetiva: substituição dos sujeitos da relação jurídica, no polo passivo ou ativo, com quitação do título anterior;
c) mista: mudança do objeto e substituição das partes. 
“Art. 360. Dá-se a novação:
I – quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;
II – quando novo devedor sucede o antigo, ficando este quite com o credor;
III – quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este.”
- O principal efeito da novação consiste na extinção da primitiva obrigação, substituída por outra, constituída exatamente para provocar a referida extinção. 
DA COMPENSAÇÃO
- É o meio de extinção de obrigações entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra. Acarreta a extinção de duas obrigações cujos credores são, simultaneamente, devedores um do outro. 
- Visa eliminar a circulação inútil da moeda, evitando duplo pagamento. 
“Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.”
- A compensação será total se valores iguais as duas obrigações; e parcial, se os valores forem desiguais.
- É legal quando decorre da lei, independentemente da vontade das partes. É convencional, quando resulta de acordo das partes, dispensando algum de seus requisitos. E, por fim, é judicial, quando efetivada por determinação do juiz, nos casos permitidos pela lei. 
Compensação legal
- É a que, baseada nos pressupostos exigidos por lei, independe da vontade das partes e se realiza ainda que uma delas se oponha. 
- Requisitos:
a) reciprocidade dos créditos;
b) liquidez das dívidas;
c) exigibilidade das prestações;
d) fungibilidade dos débitos (homogeneidade das prestações devidas, assim, dívidas em dinheiro, só se compensa com outra dívida em dinheiro).
- Quanto à liquidez, somente se compensam dívidas cujo valor seja certo e determinado, expresso por uma cifra. 
- É necessário que as dívidas estejam vencidas, pois somente assim as prestações podem ser exigidas. 
“Art. 377. O devedor que, notificado, nada opõe à cessão que o credor faz a terceiros dos seus direitos, não pode opor ao cessionário a compensação, que antes da cessão teria podido opor ao cedente. Se, porém, a cessão lhe não tiver sido notificada, poderá opor ao cessionário compensação do crédito que antes tinha contra o cedente.”
“Art. 378. Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se podem compensar sem dedução das despesas necessárias à operação.”
“Art. 379. Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão observadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação do pagamento.”
DA CONFUSÃO
- A obrigação pressupõe a existência de dois sujeitos: o ativo e o passivo. Credor e devedor devem ser pessoas diferentes. Se essas duas qualidades, por alguma circunstância, encontrarem-se em uma só pessoa, extingue-se a obrigação, porque ninguém pode ser juridicamente obrigado para consigo mesmo ou propor demanda contra si próprio. 
“Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor.”
- Anote-se que a confusão não acarreta a extinção de dívida agindo sobre a obrigação e sim sobre o sujeito ativo e passivo, na impossibilidade do exercício simultâneo da ação creditória e da prestação. 
“Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela.”
“Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade.”
- A confusão extingue não só a obrigação principal, mas também os acessórios. A obrigação principal, contraída pelo devedor, permanece se a confusão operar-se nas pessoas do credor e do fiador. 
“Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior.”
REMISSÃO DE DÍVIDAS
- É a liberalidade efetuada pelo credor, consistente em exonerar o devedor do cumprimento da obrigação. 
“Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro.”
“Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.”
- A remissão pode ser total ou parcial, no tocante ao seu objeto. Pode ser, ainda, expressa, tácita ou presumida (quando deriva de expressa previsão legal).
- A remissão é presumida pela lei em dois casos:
a) pela entrega voluntária do título da obrigação por escrito particular;
b) pela entrega do objeto empenhado.
“Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida.”
“Art. 388. A remissão concedida a um dos codevedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.”
DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES
- É o não cumprimento da obrigação. 
- Nem sempre que a prestação deixa de ser efetuada significa que houve não cumprimento da obrigação. Pode ser que o direito do credor prescreveu ou que ele remitiu a dívida, ou sucedeu, como único herdeiro, ao devedor. Só não há cumprimento quando, não tendo sido extinta a obrigação por outra causa, a prestação debitória não é efetuada, nem pelo devedor, nem por terceiro. 
- O inadimplemento da obrigação é absoluto quando a obrigação não foi cumprida nem poderá sê-lo de forma útil ao credor. Mesmo que a possibilidade de cumprimento ainda exista, haverá inadimplemento absoluto se a prestação tornou-se inútil ao credor. Este será total quando concernir à totalidade do objeto e parcial quando a prestação compreender vários objetos e um ou mais forem entregues e outros, por exemplo, perecerem. 
“Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.”
- O inadimplemento é relativo no caso de mora, quando ocorre cumprimento imperfeito da obrigação, com inobservância do tempo, lugar e forma convencionados. 
- Em princípio, todo inadimplemento presume-se culposo, salvo em se tratando de obrigação concernente a prestação de serviço, se esta for de meio e não de resultado.
- Na responsabilidade contratual, o inadimplemento presume-se culposo. O credor lesado encontra-se em posição mais favorável, pois só está obrigado a demonstrar que a prestação foi descumprida, sendo presumida a culpa do inadimplente.
- Na extracontratual, ao lesado incumbe o ônus de provar culpa ou dolo do causador do dano.
- Nas hipóteses de não cumprimento da obrigação e de cumprimento imperfeito, com inobservância do modo e do tempo convencionados, a consequência é a mesma: o nascimento da obrigação de indenizar o prejuízo causado ao credor. 
- A satisfação das perdas e danos, em todos os casos de não cumprimento culposo da obrigação, tem por finalidade recompor a situação patrimonial da parte lesada pelo inadimplemento contratual. 
- A responsabilidade civil é patrimonial.
“Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.”
“Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.”
- Contratos benéficos ou gratuitos são aqueles em que apenas um dos contratantes aufere benefício ou vantagem. 
- Nos contratos onerosos, em que ambos obtêm proveito, ao qual corresponde a um sacrifício, respondem os contratantes tanto por dolo como por culpa, em igualdade de condições. 
- As circunstâncias determinantes da impossibilidade da prestação, sem culpa do devedor, podem ser provocadas por terceiro, pelo credor, pelo próprio devedor, embora sem culpa dele, bem como pode decorrer de caso fortuito e de força maior. 
- O caso fortuito (imprevisível) e a força maior (inevitável) constituem excludentes da responsabilidade civil, contratual ou extracontratual, pois rompem o nexo de causalidade.
DA MORA
“Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.”
- Diz-se que há mora quando a obrigação não foi cumprida no tempo, lugar e forma convencionados ou estabelecidos pela lei, mas ainda poderá sê-lo, com proveito para o credor. Difere do inadimplemento absoluto no ponto referente à existência ou não, ainda, de utilidade ou proveito ao credor. 
“Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora.”
- Ou seja, é necessário que haja culpa do devedor no atraso do cumprimento. 
Mora do devedor
- Configura-se mora ex re quando o devedor nela incorre sem necessidade de qualquer ação por parte do credor o que sucede. É a declarada pela lei (o credor não precisa fazer nada para caracterizá-la):
a) quando a prestação deve realizar-se em um termo prefixado e se trata de dívida portável;
b) nos débitos derivados de um ato ilícito extracontratual, a mora começa no mesmo mento da prática do ato, porque nesse mesmo instante nasce para o responsável o dever de restituir ou reparar;
c) quando o devedor houver declarado por escrito não pretender cumprir a prestação. 
- Mora ex persona: Quando o credor deve acionar os dispositivos cabíveis para caracterizá-la. A interpelação ou notificação da mora nas relações regidas pela lei civil pode ser feita desde a demanda judicial até por uma simples carta, tendo apenas que resultar de documento escrito.
- Requisitos: 
a) exigibilidade da prestação;
b) inexecução culposa;
c) constituição em mora.
- Efeitos:
“Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.”
“Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou força maior, se estes ocorrerem durante o atraso, salvo de provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando ao obrigação fosse oportunamente desempenhada.”
Mora do credor
- É quando o credor recusa receber o pagamento no tempo e modo indicando, exigindo-o de forma diferente da estipulada. 
- Requisitos:
a) Vencimento da obrigação;
b) Oferta da prestação;
c) Recusa injustificada em receber;
d) Constituição em mora
- Efeitos:
“Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e o sujeita a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.”
Mora de ambos os contratantes
- A mora simultânea de ambas as partes faz com que a situação permaneça como se nada tivesse ocorrido. Há o cancelamento mútuo das moras. Ninguém pode exigir da outra parte perdas e danos. 
- Se as moras são sucessivas (primeiro o credor não quer receber e depois é o devedor que se rejeita em pagar, ou vice-versa) os prejuízos de casa mora, contabilizados separadamente, serão responsabilidade das respectivas partes. Os danos de cada mora não se cancelam, porém nada impede que ocorra uma compensação convencional das perdas e danos. 
Purgação e cessação da mora:
- Purgar ou emendar a mora é neutralizar seus efeitos. Ela só é possível se a prestação ainda for proveitosa ao credor, pois se não for, haverá inadimplemento absoluto, não tendo o que se falar em mora. A purgação produz efeitos futuros que neutraliza os produzidos, mas não os apaga.
- Segundo o art. 400, "purga-se a mora" nas seguintes hipóteses:
“I - Por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta".
“II - Por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data".
 - As partes podem aceitar a oferta sem a incidência dos juros da mora, renunciando-os. Porém, este ato não significa propriamente a purgação da mora.
 - Entende-se, hoje, que a purgação pode dar-se a qualquer momento da mora, desde que não tenha causado dano à outra parte. O devedor em mora pode até consignar o pagamento, caso o credor não tenha extraído os efeitos jurídicos de tal atraso.
 
- A cessação da mora é diferente da purgação. Nela, o efeito não depende daquele que agiu em mora, mais sim da outra parte. Ela decorre da extinção da obrigação. A cessação produz efeitos pretéritos, pois afasta os já produzidos.

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