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Segunda Prova–2009/1 1. Prove, por indução em n, que 7 + 5 + 3 + · · ·+ (9− 2n) = −n2 + 8n. Indique claramente cada etapa da indução. 2. O objetivo desta questão é mostrar que existem infinitos primos positivos p que satisfazem a condição p ≡ 5 (mod 6). Suponha, por contradição, que p1, . . . , pm são todos os primos diferentes de 5, que deixam resto 5 na divisão por 6. Seja N = p1 · · · pm. (a) Calcule os possíveis resíduos de 6N + 5 módulo 6. (b) Prove que (a) implica que 6N +5 tem que ter um fator primo que deixa resto 5 na divisão por 6. (c) Use mdc(N, 6N +5) = 1 e (b) para provar que existem infinitos números primos que deixam resto 5 na divisão por 6. 3. Sabe-se que 3 tem ordem 126 módulo 127. Use isto para: (a) determinar as ordens de 9 e de 27 módulo 127; (b) calcular o resto da divisão de 9250049 por 127. A sua resposta à letra (a) deve ser cuidadosamente justificada utilizando os resultados provados em aula. Resolução 1. Seja Sn = 7 + 5 + 3 + · · ·+ (9− 2n). Nosso objetivo é provar por indução em n que Sn = −n2 + 8n, para todo n ≥ 1. Seja V = {n ∈ N≥1|Sn = −n2 + 8n}. Vamos mostrar, usando o princípio de indução finita, que V = N≥1. Começamos com a base, que consiste em mostrar que 1 ∈ V . Como S1 = 7 e − 12 + 8 · 1 = 7, temos que S1 = (−n2 + 8n)|n=1, o que confirma a validade da base. Para o passo de indução suporemos que k ∈ V , para algum inteiro k ≥ 1. Em outras palavras, a hipótese de indução nos diz que Sk = −k2 + 8k. Já o que queremos mostrar é que k + 1 ∈ V ; isto é, que Sk+1 = −(k + 1)2 + 8(k + 1). Contudo, Sk+1 = Sk + (9− 2k). Usando a hipótese de indução, isto fica igual a Sk+1 = −k2 + 8k + (9− 2(k + 1)) = −k2 − 2k − 1 + 8k + 8, que pode ser reescrito na forma Sk+1 = −(k2 + 2k + 1) + 8(k + 1) = −(k + 1)2 + 8(k + 1), como queríamos mostrar. Portanto, 1 ∈ V e toda vez que k ∈ V também temos que k + 1 ∈ V. Logo, pelo P. I. F., V = N≥1. 2. Como 6N + 5 ≡ 5 (mod 6), temos que 6N + 5 tem que deixar resto 5 na divisão por 6, não importa qual seja o inteiro positivo N escolhido. Por outro lado, como pi ≡ 1 (mod 6), temos que p1 · · · pm ≡ 1m ≡ 1 (mod 6). Portanto, se todo os fatores primos de 6N + 5 deixassem resto um na divisão por 6, então 6N +5 também teria que ter resto um na divisão por 6. Como já sabemos que isto é falso, podemos concluir que 6N + 5 tem que ter algum fator primo que deixa resto 5 na divisão por 6. Acontece que, por hipótese, estamos supondo que 5, p1, . . . , pm são todos os primos que deixam resto 5 na divisão por 6. Logo, 6N + 5 teria que ser divisível por um destes primos. Mas isto não é possível porque mdc(6N + 5, N) = 1. Como 5 não divide N , teremos que tratá-lo separadamente. Mas se 5 dividisse 6N+5, então dividiria 6N , o que não é possível pela definição de N . Obtemos, assim, uma contradição e a demonstração está completa. 3. (a) Para fazer (a) precisamos usar o lema chave: se ar ≡ 1 (mod n), então a ordem de a módulo n tem que dividir r. Como sabemos que 3 tem ordem 126 módulo 127, podemos concluir que 3126 ≡ 1 (mod 127), e que 3m 6≡ 1 (mod 127), qualquer que seja 1 ≤ m ≤ 125. Contudo, 126 = 2 · 63, de modo que 963 ≡ 32·63 ≡ 1 (mod 127). Pelo lema chave isto significa que a ordem de 9 módulo 127 divide 63. Por outro lado, se a ordem se 9 módulo 127 fosse k < 63, então 9k ≡ 32·k ≡ 1 (mod 127), de modo que 3 teria ordem 2k < 2 · 63 = 126, módulo 3; o que é falso por hipótese. Logo, a ordem de 9 módulo 127 é realmente igual a 63. Um argumento análogo mostra que, como 126 = 3 · 42, então de 2742 ≡ 33·42 ≡ 1 (mod 127). segue que 27 tem ordem 42 módulo 127. Para fazer (b) basta dividir 250049 pela ordem de 9 que é 63, o que nos dá 250049 = 63 · 3969 + 2. Assim, 9250049 ≡ (963)3969 · 92 ≡ 1 · 81 (mod 127). Logo, o resto desejado é 81.
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