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1 A Europa Medieval e o Sistema Feudal. Prof. Fabrício Ferreira 2008 História do Direito 2 Contextualização ! O Império Romano encontra-se em franco declínio. ! Após a divisão entre o Império Romano do Oriente e Império Romano do Ocidente o poder do imperador é nitidamente abalado em razão das constantes invasões promovidas pelos povos bárbaros; ! Os valores sociais e morais, outrora cultivados pelos romanos passam a ser influenciados pelos estrangeiros, pelas novas culturas e pela onda de corrupção que assola o Império. ! Os romanos anseiam pelas invasões, na esperança de que, sob o domínio dos bárbaros, a sua situação possa mudar. 3 Contextualização ! As invasões acontecem de forma mais freqüente e violenta e terminam por acabar com o que se convencionou chamar de Império Romano, dando início a um novo período histórico: A IDADE MÉDIA. ! É o período que se estende do Século V até o Século XV, ou seja da queda do Império Romano do Ocidente (Roma) em 476, para Odoarco, rei dos godos, até a queda do Império Romano do Oriente (Constantinopla), em 1453, para os turcos otomanos. 4 O mapa retrata a dimensão do Império Romano, formado durante o período republicano, sob comando dos patrícios, envolveu todo o Mar Mediterrâneo, que passou a ser chamado de "Mare Nostrum". 5 6 Os Direitos da Idade Média ! A Idade Média nasceu, então, da união do que restou do Império Romano, mais os povos germânicos que invadiram a Europa romana, mais a Igreja Católica que sobreviveu à queda do Império e se fortaleceu durante o período medieval; ! Compondo o Direito Medieval como um todo podem ser vistos os Direitos: ! Romano; ! Germânico e; ! Canônico (relativo à Igreja). 6 7 8 ! Os povos que invadiram o Império Romano viviam de forma bastante simples, sem cidades ou aldeias. ! Eram ligados a terra; ! Não utilizavam a escrita; ! Seu direito era oral (consuetudinário) e muito influenciado por esta oralidade; ! A principal instituição destes povos é a família, baseada no poder absoluto do pai; ! O termo germânico engloba uma série de povos, é forçoso falar em direitos germânicos, pois cada tribo tinha sua própria tradição. 8 Direito Germânico 9 ! Quando estes povos invadiram o Império Romano, algumas tribos estabeleceram-se como reinos e, algumas delas perceberam a necessidade de confeccionar um direito escrito, outros reinos optaram por manter seus costumes e, portanto a sua legislação. Estes são chamados de Direitos das Monarquias Germânicas. É o início do Direito Medieval, a entrada do elemento germânico na feitura do direito deste período. ! A maior parte das tribos germânicas, mesmo escrevendo suas leis, não vai procurar impô-las aos romanos, o burgúndio será julgado segundo a tradição burgúndia, o visigodo segundo sua legislação, o romano pela Lex Romana. ! Isto é chamado “Personalidade das Leis”. ! Observar o princípio da territorialidade atualmente utilizado. 9 Direito Germânico: A personalidade das Leis. 10 A Idade Média ! A Idade Média pode ser dividida em dois grandes períodos: ! A Alta Idade Média: que vai do século V ao século IX; ! A Baixa Idade Média: que vai do século IX até o século XV. 11 12 A Alta Idade Média ! Período turbulento caracterizado pelo “fim do mundo conhecido, o mundo romano e, ao mesmo tempo, com a construção de um novo, agora tendo como elementos as culturas germânicas e a Igreja (Católica)”* ! Período que se inicia com as invasões das tribos germânicas e a queda de Roma; ! Os germanos não possuíam os mesmos hábitos que os romanos, seja no vestir ou nos tipos de moradia, em razão de sua cultura rústica e seminômade. Fonte: *(CASTRO, 2008 - adaptado) 13 A Alta Idade Média ! Sua economia era baseada no sistema de trocas (escambo); ! “O s is tema produt ivo combinava a propriedade coletiva e a propriedade individual e, principalmente, a guerra era primordial para a economia destes povos”*. ! A dinâmica social foi alterada: ! Os homens livres perdem sua independência e submetem-se à autoridade de uma elite que nascia – os proprietários de terra – “formada por chefes guerreiros e grupos armados”; • Colonato. Fonte: *(CASTRO, 2008) 14 ROMANOS GERMÂNICOS Clientela (dependência entre servos e senhores) Comitatus (dependência entre nobres – base da suserania e vassalagem) Colonato (fixação na terra – origem da servidão) Subsistência (ausência de comércio e moeda) Vilas (grandes propriedades rurais – origem dos feudos) Economia agropastoril Igreja Direito consuetudinário (tradição oral) ORIGENS DO FEUDALISMO: 15 O SISTEMA FEUDAL “A palavra feudalismo ou sistema feudal foi o modo de organização da vida em sociedade que caracterizou a Europa durante grande parte da Idade Média. Ele não foi igual em todas as regiões européias, variando muito de acordo com a época e o local.” FEUDO 16 Um feudo podia ser: ! uma área de terra; ! um cargo; ! u m a f u n ç ã o eclesiástica; ! o direito de receber alguma vantagem. A p a l a v r a f e u d o significa propriedade. 17 ! É o direito de usufruto de determinado bem, geralmente uma porção de terra, que o senhor concedia a um vassalo. Ao receber o feudo, o vassalo ficava ligado ao senhor (suserano), por laços de fidelidade, comprometendo-se a pagar -lhe certos tributos e a prestar-lhe colaboração militar em caso de guerra. Feudalismo 18 Periodização: 1. Séc. III - VIII - formação do Feudalismo, tem início com as primeiras invasões bárbaras; 2. Séc. VIII - XI - apogeu do Feudalismo; 3. Séc. XI - XV - decadência. Feudalismo 19 O surgimento do feudalismo está associado à decadência do Império Romano e à formação dos reinos bárbaros. Essas transformações deram origem aos traços marcantes do sistema feudal: ! Declínio das atividades comerciais, artesanais e urbanas; ! Hierarquização social; ! Descentralização do poder político em torno dos senhores feudais; ! Importância do trabalho dos servos, cujos ombros suportavam quase todos os serviços responsáveis pela subsistência material da sociedade. ! Estado monárquico feudal (base: relação de subsistência e vassalagem entre a nobreza e o Rei); ! Igreja Católica (formadora de idéias). Origens 20 Entre as contribuições dos romanos para o sistema feudal, podemos citar: ! o conceito de vila; ! o colonato: sistema de trabalho servil; ! a fragmentação do poder político. Entre as contribuições dos bárbaros ou germânicos para o feudalismo citamos: ! a economia agropastoril; ! o comitatus, relação de fidelidade un indo o che fe mi l i ta r e seus guerreiros; ! o beneficium, recompensa que os chefes militares davam aos seus soldados após obter alguma conquista. Colonato 21 A união social era garantida pelos laços de vassalagem = de um lado, o suserano (proprietário que concedia feudos a seus protegidos) e, de outro, o vassalo (pessoa que recebia feudos do suserano, prometendo-lhe fidelidade). Cerimônia de Investidura. 22 ! Cultura eminentemente teocêntrica: considerava-se Deus como o centro de todas as coisas; ! A Igreja Católica possuía o monopólio da cultura letrada; ! Cristãos contrários à doutrina eram conhecidos como hereges, e a pior punição para um herege era a excomunhão (condenação ao inferno); ! Na Baixa Idade Média o herege era julgado pela Inquisição; ! A Igreja determinava o modo de pensar e de viver das pessoas. ! Fenômenos naturais explicados pela fé. ! Era comum a celebração de ritos religiosos par fazer as plantas crescerem, para se obter boas colheitas, para provocar chuvas, etc. Características Econômicas e Sociais: 23 ! A terra é o maior símbolode riqueza e poder; ! Economia Agrícola de auto-abastecimento (subsistência): não produziam excedentes, devido, principalmente, à instabilidade política, fruto das invasões bárbaras. ! A quase inexistência de comércio impedia que houvesse um abastecimento externo fora do feudo. Assim, as principais atividades e c o n ô m i c a s e s t a v a m a s s o c i a d a s à manutenção das pessoas. ! Escambo; ! Relações servis de produção (reguladas pelas obrigações servis, fixadas pela tradição e pelos costumes). Características Econômicas e Sociais: 24 ! Surgem mais tarde as primeiras Indústrias → transformação de matéria prima em produto com valor de mercado: azeite, vinho, lanífera, cerâmica, metalurgia (armas e armaduras); ! Economia “amonetária” (economia não se baseia na moeda); ! Condenação da igreja do empréstimo a jurus (usura) e do lucro. ! Sociedade “Estamental”: sem mobilidade social. A sociedade era dividida em estamentos; ! O princípio da estratificação social era privilégio de nasc imento , que consagrava um reg ime de desigualdade e impedia a mobilidade social; Características Econômicas e Sociais: 25 ! Relações soc ia is - ver t i ca is ou horizontais; ! Relações sociais de servidão entre o Senhor das terras e o Camponês (servo) - não possuidor de terras- o servo deve obrigações ao senhor feudal. É uma relação vertical; ! Relações jurídico-políticas de Vassalagem: é a relação entre dois nobres. É uma relação horizontal. ! Os dois senhores feudais juram fidelidade e trocam benefícios e homenagens recíprocas; ! Pirâmide social "de baixo p/ cima": Servos, Nobreza, Clero; Características Econômicas e Sociais: 26 – CLERO: terra + poder político + poder ideológico (salvação) – NOBREZA: terra + poder político (defesa) – SERVOS: obrigações (corvéia, talha, banalidades, tostão de Pedro, dízimo, m ã o - m o r t a , c a p i t a ç ã o , formariage...) e VILÕES: quase servos, porém com menos obrigações Pirâmide Social 27 MULHERS FEUDAIS ! Absoluta inferioridade em relação aos homens; ! Devia fidelidade e lealdade ao marido; ! O não cumprimento das obrigações era punida com a morte; ! O marido era escolhido pelo pai, muitas vezes como moeda de troca de alianças políticas; 28 A sociedade medieval era dividida em estamentos. Os três principais grupos eram: nobreza, clero e servos. Outros grupos sociais : ! Comerciantes; ! Burguesia ; 29 Na sociedade feudal cada grupo detinha uma função. Clero = salvação da alma; Nobreza = proteção; Servos = trabalho para o sustento de todos. Ao lado, observe a penosa realidade servil. O servo vivia uma grande exploração que permitia o sustento do restante da população. Quanto aos servos é necessário reafirmar que estes não eram livres, não eram escravos tampouco. Estavam presos á terra e se esta mudasse de mãos por qualquer motivo os servos daquela terra teriam um outro senhor. Eles não poderiam mudar de f eudo quando achassem pertinente. 30 Campos abertos: terras de uso comum. Reserva senhorial: terras que pertenciam exclusivamente ao senhor feudal. Manso servil ou tenência: terras utilizadas pelos servos, das quais eles retiravam seu próprio sustento e recursos para cumprir as obrigações feudais. Divisão das terras no feudo: 31 Os servos deviam aos senhores um conjunto de obrigações servis. Analisemos cada uma dessas obrigações: 1. Corvéia: O servo deveria prestar trabalho gratuito ao senhor feudal. 2. Banalidade: Pagamento de uma taxa por utilizar os instrumentos do senhor feudal. 3. Capitação: Imposto anual pago por cada indivíduo ao senhor feudal. 4. Talha: Parte da produção do servo deveria ser entregue ao nobre. 5. Heriot: Taxa paga pelo servo ao assumir o feudo no lugar de seu pai quando este viesse a morrer. 6. Dízimo: taxa paga à Igreja Católica pelo fato do servo respeitar a Igreja e ainda “comprar um terreno no céu”; 7. Taxa de casamento: era paga pelo servo ao senhor feudal, quando aquele fosse se casar com uma mulher pertencente a outro feudo; 8. Taxa de nascimento: taxa paga pelo servo, quando o seu filho nasce; 9. Taxa de justiça: é a taxa que o servo pagava ao senhor feudal para que se fizesse justiça dentro do feudo; 10. Censo: dinheiro anual pelo uso da terra. 32 ! Entre suseranos e vassalos estabelecia-se um contrato de vassalagem, que tinha início com a transmissão do feudo e que compreendia três atos solenes: ! Homenagem – é um ato de auto-entrega; um juramento solene de fidelidade do vassalo perante seu suserano. ! Segundo a Prof. Flávia Lages: • “Sem armas, o homem, de cabeça descoberta, na maioria dos casos de joelhos, coloca suas mãos juntas nas do senhor, que fecha as suas sobre as do vassalo. Este ato material, consistindo em um contato físico, é rito indispensável numa civilização em que os sistemas jurídicos foram primeiro pouco evoluídos e que, pelo menos no século XI, a escrita ocupava um lugar ainda restrito.” ! Fé: era necessário que o vassalo fizesse um juramento de fidelidade, razão da concessão do feudo para ele. Ato que deveria ser realizado logo após a homenagem. Era um juramento perante uma relíquia ou o Evangelho ! Investidura - entrega do feudo feita pelo suserano ao vassalo. Poderia se dar de forma simbólica. O Contrato Feudo-Vassálico 33 Efeitos do Contrato Feudo- Vassálico ! Uma série de direitos e de deveres competia a suseranos e vassalos: ! Suserano: ! Havia um poder sobre o vassalo e uma obrigação de fidelidade, normalmente entendida como o dever de não prejudicar o subordinado; ! Dar proteção militar e prestar assistência judiciária aos seus vassalos; ! Sustento – obrigação entendida como o fornecimento de elementos para que o vassalo pudesse prover a sua alimentação; ou, o próprio fornecimento de gêneros para aquele; ! Receber de volta o feudo, caso o vassalo morresse sem deixar herdeiros; ! Proibir casamento entre seus vassalos e pessoas que não lhe fossem fiéis. 34 Efeitos do Contrato Feudo- Vassálico ! Vassalo: ! Dever de fidelidade a seu suserano – abstenção de atos hostis ou perigosos); ! Prestar serviço militar, durante certo tempo ou alguma ajuda material – obrigações também conhecidas como auxilium; ! Libertar o suserano, caso ele fosse aprisionado; ! Comparecer ao tribunal presidido pelo suserano toda vez que fosse convocado, ou auxiliá-lo com conselhos – obrigação também conhecida por consilium. ! Um vassalo poderia ter seus próprios vassalos, sendo que estes, não necessariamente estariam vinculados ao senhor de seu senhor; 35 Inovações tecnológicas surgidas na Idade Média: ! CHARRUA: Máquina de remexer a terra (arado) puxada por bois ou cavalos 36 Ferradura ! I n s t r u m e n t o uti l izado para proteger o casco do cava lo em terrenos ásperos. 37 Moinho d’água ! Equipamento usado para moer cereais e azei tonas, acionar f o l e s , q u e b r a r minérios etc. Milhares de moinhos d’água foram construídos na Europa, substituindo, a s s i m , a f o r ç a humana pela força hidráulica 38 Outras Inovações Técnicas ! Sistema de rotação de culturas em três campos; ! Adubação da terra com esterco de animais; ! Extração mineral; ! Armas de guerra; 39 A decadência do feudalismo: ! Primeira fase (séculos XI a XIII) – caracterizada pelo processo de expansão de diversos setores da vida da Europa Ocidental. Entre as transformações que revelam essa expansão, podemos citar: ! ampliação das culturas agrícolas; ! renascimento comercial e urbano; ! surgimento e fortalecimento da burguesia. ! A partir do século XI, a Europa passou a viver um período de relativa tranqüilidade social e crescimento populacional; ! A expansãoeconômica tornou-se inevitável. Os limites impostos pelo sistema feudal começaram a ser rompidos; ! Houve uma superpopulação nos feudos e os alimentos não eram suficientes; ! Com o fim das invasões e o surgimento de novas técnicas agrícolas, foi possível a comercialização do excedente de produção. A Baixa Idade Média 40 Renascimento do comércio e do artesanato ! Nesse cenário de expansão, houve crescimento demográfico por toda a Europa. Observemos na tabela a seguir o crescimento da população européia entre os século XI e XIII na área que hoje compreende I t á l i a , A l e m a n h a , B é l g i c a , Luxemburgo, Suiça, Holanda, França, Inglaterra, Espanha e Portugal. 41 42 Cidade Medieval de Ávila O aumento do comércio promoveu o desenvolvimento das cidades medievais. Grande parte dessas antigas cidades tinha um núcleo fortificado com muralhas, chamado burgo. • Cruzadas: guerras religiosas, também conhecidas como Guerras Santas, criadas pelo papa Urbano II e incentivadas por Pedro, o Eremita; • As cruzadas reabriram o Mediterrâneo aos europeus, o comércio ganhou impulso e as cidades cresceram; 43 Fatores que explicam a melhoria do comércio ! Melhoria dos meios de transportes; ! D e s e n v o l v i m e n t o d o artesanato urbano; ! Maior contato com os povos europeus; 44 As grandes rotas do comércio internacional ! Rota comercial do Norte – realizada através do mar do norte, passava em cidades como Dantzig, Lubeck, Hamburgo, Bremen, Bugres, Londres e Bordéu. O comércio dessa rota era comandado pela Liga Hanseática, associação de comerciantes alemães constituída no século XIII; ! Rota Comercial do Sul: Realizada principalmente através do Mar mediterrâneo, tendo como portos mais importantes os de Barcelona, Marselha, Gênova, Veneza, Túnis, Trípoli e Constantinopla. Os comerciantes mais atuantes eram os de Gênova e Veneza que se dedicavam principalmente à importação de especiarias e artigos de luxo do Oriente. 45 46 O MOVIMENTO CRUZADISTA (séc. XI – XIII): • Movimento religioso e militar dos cristãos para retomar a Terra Santa (Jerusalém), em poder dos muçulmanos. PRINCIPAIS FATORES RESPONSÁVEIS PELAS CRUZADAS • Acomodação de excedentes populacionais. • Busca de terras (nobreza). • Busca de aventura ou enriquecimento (pilhagens). • Absolvição dos pecados ou cura de enfermidades. • Interesse comercial (mercadores italianos). • Igreja: Necessidade de reafirmação e reagrupamento. • Ideologia: Libertar o Santo Sepulcro • 8 cruzadas oficiais e 2 extra oficiais. • Fracasso militar. 47 48 CONSEQÜÊNCIAS DAS CRUZADAS 49 Com o crescimento da população, o progresso do comércio e das cidades foi tornando a burguesia (os moradores dos Burgos) mais rica e poderosa, passando a disputar interesses com a nobreza feudal. Expansão do comércio = influenciou a mentalidade da população camponesa, contribuindo para desorganizar o feudalismo. (Grande número deles migravam para as cidades em busca de melhores condições de vida. As cidades tornaram-se locais seguros para aqueles que desejavam romper com a rigidez da sociedade feudal. Por isso, um antigo provérbio alemão dizia: “O ar da cidade torna o homem livre.” A burguesia comerciante 50 DESDOBRAMENTOS... ! Revoltas contra a opressão dos senhores; ! Contratos de arrendamento da terra entre camponeses e proprietários; ! Contratos de salário para pagamento do trabalho dos camponeses. Todos esses fatos mostram a crise e a decadência do sistema feudal, marcada pela crescente implantação do modo de produção capitalista. Banqueiros realizando troca de moedas. 51 Paralelamente, importantes alterações do quadro natural provocaram sérias conseqüências: ! expansão das áreas agrícolas; ! alterações climáticas e chuvas torrenciais e contínuas; ! baixa produtividade agrícola. ! Com as péssimas colheitas que se verificaram, ocorreu uma alta de preços dos produtos agrícolas. ! Os europeus passaram a conviver com a fome. 52 Os índices de mortalidade aumentaram sensivelmente e, no século XIV, uma população debilitada pela fome teve que enfrentar uma epidemia de extrema gravidade: a Peste Negra, que chegou a dizimar cerca de 1/3 dos habitantes da Europa. Peste Negra Vítimas da peste negra na região de Toumai (1349) 53 Dificuldades econômicas de toda ordem assolavam a Europa: o esgotamento das fontes de minérios preciosos, necessários para a cunhagem de moedas, gerou constantes desvalorizações da moeda. No plano social, importa verificar o crescimento de um novo grupo: a burguesia comercial. Politicamente, a crise se traduz pelo fortalecimento da autoridade real, considerado necessário pela nobreza, temerosa do alcance das revoltas camponesas. Isso só fazia agravar a crise... 54 ! Segunda fase (Séculos XIV e XV) – marcada por um processo de depressão (ou contração) na Europa Ocidental, decorrente das crises econômicas, política e religiosa; ! Estas crises são o ponto de partida para se compreender o processo de transição do Feudalismo para o Capitalismo. Mas essa é uma outra história...
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