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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA CENTRO DAS CIÊNCIAS EXATAS E DAS TECNOLOGIAS QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL PROF.: DR. KATYUSCYA VELOSO LEÃO ESTUDANTE: DANILO GUIMARÃES DO REGO Nitração do benzaldeído Barreiras BA Agosto de 2014 Introdução As reações de substituição eletrofílica aromática formam uma classe que está entre as mais amplamente estudadas em toda a química. Os compostos aromáticos que tem como base o benzeno são bastante ricos em elétron e muito reativos devido ao efeito de ressonância proporcionado pelas ligações π do anel, assim de forma análoga aos alquenos eles também reagem com eletrófilos. Esses eletrófilos podem ser íons positivos ou espécies polares com um centro deficiente de elétrons. Entretanto, diferentemente dos alquenos, cuja reação típica é a adição, os compostos aromáticos, na presença de determinados reagentes eletrófilos e em condições adequadas, sofrem um tipo de reações denominadas substituição eletrofílica aromática (1). Nesse tipo de reação, um átomo de hidrogênio do composto aromático é substituído por um eletrófilo. Um ponto chave nas reações de substituição eletrofílica aromáticas é a formação de um íon. Este íon é formado quando o eletrófilo ataca o sistema π do anel aromático para formar um carbocátion cicloexadienila não aromático conhecido como íon arênio (2). O eletrófilo “pega” dois elétrons do sistema π para formar uma ligação sigma de um átomo de carbono do composto aromático. Desta forma um carbono do anel passa a possuir hibridização sp³ e deixa de participar da ressonância, enquanto que uma carga positiva é regenerada pelos elétrons π que restam no anel. (figura 1) Figura 1: Formação do íon arênio. Quando compostos aromáticos substituídos sofrem ataque eletrófilo, os grupos que já estão no anel afetam tanto a velocidade quanto o sítio de ataque. Esses grupos são classificados de acordo com a influencia na reatividade do anel (2). Grupos ativadores aumentam a reatividade, pois tendem a aumentar o potencial eletronegativo do anel, esses grupos geralmente possuem átomos com pares de elétrons livres que estão diretamente ligados ao anel, esses pares de elétrons livres acabam por participar da aromaticidade e assim aumentam seu potencial de reagir com um eletrófilo, exemplos: -NH2, -OH, e -R. Já os grupos desativadores em geral possuem um átomo eletronegativo ligado a um átomo menos eletronegativo, geralmente um carbono, que por sua vez está ligado ao anel, esse átomo eletronegativo por meio de efeito indutivo provoca uma polaridade no grupo, onde o átomo mais eletropositivo que esta ligado ao anel acaba retirando parte da carga eletrônica deste, desativando-o deste modo. Compostos que são ativadores do anel aromático permitem substituição nas posições orto e para, pois nessas posições a carga positiva do íon arênio desloca-se para o carbono que está ligado a este grupo, assim a carga é estabilizada pelos pares de elétrons que os átomos que estão ligados diretamente ao anel possuem. Nos compostos desativadores outros substituintes costumam ligar-se na posição meta uma vez que os grupos que já estão no anel possuem átomos eletronegativos que retiram elétrons dos átomos vizinhos e que por sua vez retiram elétrons do anel desta forma o átomo ligado diretamente ao anel torna-se deficiente em elétrons e não comporta bem a carga positiva. Em uma reação de substituição eletrofílica aromática deve-se levar em conta a preparação do eletrófilo, uma vez que o eletrófilo é formado, todas as cinco reações seguem o mesmo mecanismo em duas etapas para a substituição aromática eletrofílica, desta forma temos como principais tipos de substituição aromática nucleofílica a halogenação, a nitração, a sulfonação, a alquilação de Friedel-Crafts e a acilação de Friedel-Crafts. Vejamos com mais detalhes: Halogenação O benzeno não reage com o bromo ou o cloro a não ser que um ácido de Lewis esteja presente na mistura. Quando ácidos de Lewis estão presentes, entretanto, o benzeno reage prontamente com o bromo ou o cloro, e as reações fornecem bromobenzeno e clorobenzeno, respectivamente, com bons rendimentos. Os ácidos de Lewis mais comumente usados para efetuar as reações de cloração e bromação são FeCl3, FeBr3 e AlCl3. Nitração A nitração do benzeno é feita misturando-se ácido nítrico (HNO3) e benzeno na presença de ácido sulfúrico (H2SO4) concentrado e aquecendo-se a mistura2 . Sendo o ácido sulfúrico mais forte que o ácido nítrico, este último acaba se comportando como base de Lewis, recebendo um próton do H2SO4. Trata-se de um equilíbrio ácido-base. A reação de substituição eletrofílica começa com o ácido sulfúrico, que é um ácido extremamente forte, protonando o ácido nítrico para dar H2NO3+ , o qual pode perder água para formar NO2+ . O ácido sulfúrico facilita esta reação porque é desidratante. O íon NO2+ ataca então o anel aromático e a reação segue o mecanismo usual. Sulfonação O benzeno reage lentamente com o ácido sulfúrico a temperatura elevadas. O produto da reação é o ácido benzeno-sulfônico. Em todas as reações, o eletrófilo parece ser trióxido de enxofre. Em ácido sulfúrico concentrado, trióxido de enxofre é produzido em um equilíbrio onde H2SO4 atua tanto como um ácido quanto como uma base. Acilação de Friedel-Crafts do benzeno Duas reações de substituição eletrofílica trazem os nomes dos químicos Charles Friedel e James Crafts. A acilação de Friedel-Crafts coloca um grupo acila no anel benzênico e a alquilação de Friedel-Crafts coloca um grupo alquila no anel benzênico.Reagindo-se haletos de ácido com benzeno, em presença de AlCl3 ou FeCl3 (ácidos de Lewis), obtém-se cetonas. O eletrófilo é o íon acetoxônio. Uma vez que o produto de uma acilação de Friedel-Crafts contém um grupo carbonila que pode complexar com AlCl3, reações de acilação de Friedel-Crafts devem ser conduzidas com mais de um equivalente de AlCl3. Quando a reação termina, é adicionado água à mistura para liberar o produto do complexo3 . Alquilação de Friedel-Crafts do benzeno Reagindo-se haletos de alquila com benzeno, em presença de AlCl3 ou FeCl3 (ácidos de Lewis), obtém-se outro hidrocarboneto aromático. O eletrófilo é o carbocátion que se forma5 . Fluoretos de alquila, cloretos de alquila, brometos de alquila e iodetos de alquila podem ser usados. Haletos de vinila e haletos de arila não podem ser empregados, porque seus carbocátions são instáveis demais para se formar.Uma limitação importante na alquilação de Friedel-Crafts está no fato de que alguns carbocátions, ao serem formados após a reação entre o haleto e o ácido de Lewis, sofrem um rearranjo instantâneo, alterando o radical que se pretendia adicionar ao anel. Esse íon sofre rearranjo sempre que, por transposição vicinal de um hidrogênio ou de um grupo alquila, for possível formar um carbocátion mais estável.(2) Dentre as reações de substituição eletrofílica aromática, destaca-se a reação de nitração, cujo mecanismo serve de modelo para as demais reações deste grupo. A nitração aromática é vastamente abordada na literatura, tanto sob o aspecto experimental quanto sob o ponto de vista teórico (3). O estudo do mecanismo desta reação desempenhou um papel fundamental na formulação de alguns princípios básicos em físico-química orgânica, tais como a relação entre ativação/desativação, seletividade, orientação e a descrição das reações orgânicas em termos de movimento de elétrons.Tanto os compostos aromáticos quanto os compostos alifáticos podem ser nitrados. Nitração de compostos alifáticos forma produtos que são usados principalmente como solventes ou como intermediários importantesem síntese orgânica; no caso dos compostos aromáticos, os produtos obtidos são usados como matéria prima para síntese de plásticos, fármacos, explosivos, inseticidas, tintas, polímeros, etc (4). O mecanismo comumente aceito para a nitração de compostos aromáticos é o de substituição eletrofílica, enquanto para os compostos alifáticos o mecanismo mais comum é o de nitração via radicais livres. A nitração do anel aromático desativa o anel, dificultando novas nitrações, em uma reação que é irreversível e cujos produtos são facilmente separados e analisados. A reação de nitração geralmente ocorre sem isomerização, o que permite identificar as proporções entre os isômeros orto, meta e para formados. Estes aspectos simplificam o estudo experimental desta reação. O método mais comum para a nitração aromática é através da reação entre um substrato aromático e o ácido nítrico em vários meios: ácido, orgânico ou aquoso. Em qualquer destes meios parece indiscutível a participação do íon NO2+ como principal agente nitrante. O primeiro pesquisador a propor o cátion NO2+ (íon nitrônio) como agente nitrante foi Euler em 1903, muito embora a existência do íon NO2+ tenha sido demonstrada de forma conclusiva apenas em 1946 (3). Objetivo Esta prática tem como objetivo a utilização de técnicas de síntese para observar o efeito desativante de grupos substituintes retiradores de elétrons, através da reação de nitração do benzaldeido a fim de formar o 3-nitrobenzaldeído. Procedimento experimental O procedimento laboratorial desta prática foi feito da seguinte maneira: Em um Erlenmeyer de 250 ml foi colocado 9 ml de ácido sulfúrico, deixou-se resfriar num banho de gelo e sob agitação constante adicionou-se gota a gota um total de 9 ml do ácido nítrico, após 5 min novamente sob agitação, adicionou-se 9 ml de benzaldeído. Deixou agitar por mais 10 min no banho de gelo e depois se despejou a mistura sobre 200 g de gelo. O produto sólido foi filtrado num papel de filtro e uma bomba de vácuo fazendo pressão com uma espátula para eliminar a contaminação oleosa. E então foi determinado o rendimento e ponto de fusão do produto bruto. Resultados e discussões O benzaldeído é um composto aromático com um grupo (aldeído) retirador de elétrons do anel, portanto, este grupo desativa o anel e permite que a substituição eletrofílica aromática aconteça na posição meta. O mecanismo de reação da nitração do benzaldeido é mostrado abaixo: Na primeira etapa, o ácido nítrico recebe um próton de um ácido mais forte, no caso um ácido sulfúrico. Em seguida, com o ácido nítrico protonado, ele se dissocia liberando água para formar o íon nitrônio. O íon nitrônio é o eletrófilo, ele reage com o anel aromático do benzaldeido para formar um íon arênio estabilizado por ressonância. O íon arênio então perde um próton para uma base de Lewis e transforma-se no nitrobenzaldeido. O ponto de fusão encontrado foi de 56-59 C° dentro da faixa encontrada na literatura para o 3-nitrobenzaldeído (5). O cálculo do rendimento da reação se dá da seguinte forma: A densidade do benzaldeído é 1,0415g/ml (5) e sua massa molecular é 106 g/mol, a densidade do 3-nitrobenzaldeído é 151 g/mol e a massa deste produto que foi encontrada nesta prática foi de 0,5899g. Foram utilizados no início da reação 9 ml de benzaldeído, assim: 1,0415g ---------1ml X ------------------9ml X=9,3735g é a massa inicial do benzaldeído 106 g ---------------- 1mol 9,3735g -------------X X=0,088 mol é a quantidade de mols para cada um dos produtos e reagentes desta reação que é de 1:1:1. 151 g ----------------1mol X---------------------0,088mol X=13,288 g é a massa teórica do 3-nitrobenzaldeído (massa esperada para esta reação). A partir deste valor é possível calcular o rendimento encontrado nesta prática. Assim temos: 13,288 g ---------------100% 0,5899 g ---------------X X=4,4% Portanto o rendimento nesta prática laboratorial foi de 4,4%, um rendimento baixo se compararmos com a massa teórica. Conclusão A partir desta pratica é possível concluir que as reações de substituição eletrofílica aromáticas requerem bastante práticas em laboratório para serem realizadas com eficiência, o rendimento encontrado foi baixo se comparado à massa esperada do 3- nitrobenzaldeído. Apesar desse tipo de reação ser vastamente conhecido e bastante empregado na indústria não foram encontradas referências confiáveis sobre o rendimento das reações de nitração em compostos aromáticos que utilizassem a mesma técnica. Referências (1) BARBOSA, Luiz Cláudio de Almeida. Introdução à química orgânica –2ed—São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. (2) SOLOMONS, T. W. G.; FRYHLE, C. B.Química Orgânica. 8.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005, v.2. (3) CARDOSO, S.P; CARNEIRO, J.W.M. Nitração aromática: substituição eletrofílica ou reação com transferência de elétrons? Quim. Nova,Vol. 24, No. 3, 381-389, 2001. (4) IMAMURA, P.M; BAPTISTELLA, L.H.B. Nitração do fenol, um método em escala semi-micro para disciplina prática de 4 horas. QUÍMICA NOVA, 23(2) (2000) (5) Aldrich Handbook - a Catalog of Fine Chemicals and Laboratory Equipment – Sigma Aldrich® - /2010-2012
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