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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ VIOÊNCIA TRIBOS GANGUES E PICHAÇÃO CURITIBA 2015 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ ALAN SCHMITT ROSSONI GABRIEL GOLDSTEIN GIOVANA RICCI SCHIMITE LUCAS CORREA BASTOS VIOÊNCIA TRIBOS GANGUES E PICHAÇÃO Trabalho apresentado para obtenção de nota da disciplina de PSICOLOGIA DO ADOLESCENTE, do curso de Psicologia, da UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ, sob a orientação da Professora: REGINA. CURITIBA 2015 INTRODUÇÃO Esse trabalho tem como finalidade esclarecer o porquê a violência se manifesta com maior intensidade no adolescente e também mostrar a importância das relações sociais, assim como no caso das tribos e gangues como forma de manifestação e de aceitação social e assim ajudando a diminuir o preconceito social em relação ao adolescente, e o porquê ele recorre a este tipo de relação social, sendo que essa muitas vezes pode ser violenta nas suas mais diversas formas de manifestação. Uma forma que os adolescentes e outras pessoas da sociedade acharam para se manifestar foi por meio da pichação, e mudar a concepção sobre como é visto o graffiti na sociedade. Essa melhor compreensão, contribuir para uma melhor convivência e até mesmo tolerância para com os adolescentes. JUSTIFICATIVA Devido a uma sociedade preconceituosa muitas vezes o adolescente acaba se sentindo excluído e assim aumentando a indignação e decepção para com esta. Uma forma que eles encontraram de receber a atenção da sociedade foi pela pichação, graffiti, depredando, prédios, residências, comércios e monumentos públicos, podendo ultrapassar os limites impostos pela sociedade. Acreditamos que se houver esclarecimento as relações do adolescente para com a sociedade como um todo possa melhorar e assim sendo "incluído" de uma forma muito menos traumatizante nessa sociedade tão ignorante e preconceituosa quanto a nossa em relação aos adolescentes. A ADOLESCÊNCIA A adolescência tem origem no verbo “adolescere”, que vem do latim e significa “fazer–se homem/mulher” ou “crescer na maturidade” (MUUSS, 1982 APUD KIMMEL & WEINER, 1995, p. 2). A adolescência, termo da atualidade, que tem a puberdade como correlato orgânico em seu início, caracteriza-se pelas transformações físicas e biológicas do corpo. É durante a puberdade que ocorre o desenvolvimento dos órgãos sexuais, com alterações hormonais e variações rápidas em relação ao humor e ao comportamento. Os adolescentes comumente apresentam necessidade de fazer parte de um grupo, dando grande importância às amizades pela sensação de conjunto de indivíduos com interesses em comum. (ABERASTURY, 1983). Imagine-se uma criança passa toda a sua infância como se estivesse em um aprendizado, para adquirir conhecimento sobre o mundo dos adultos. Suponhamos que a infância dessa criança dure 12 anos, passado esse tempo, depois de tanto ter se empenhado para aprender sobre o mundo dos adultos, chega a hora que ela tanto esperou para obter o seu reconhecimento como um verdadeiro adulto. Mas ao invés de receber este reconhecimento, o adulto “os pais” dessa criança, lhe fala que – ainda não esta na hora, de se tornar um adulto - e estipula, suponhamos, mais 10 anos para que ela possa se tornar um adulto de fato. Ela passará seu tempo no meio dos adultos, teria de agir como tal, mas n teria seu reconhecimento. Ou seja, ela terá de passar mais 10 anos pelo mesmo processo de aprendizado dos últimos 12 anos para se preparar melhor, para um dia ser reconhecida como adulto, no qual não é estipulada uma data para que isto aconteça, sendo que para ela já está preparada. Dadá está noticia, o adulto deseja que aceite os ideais da comunidade. Se tornando então um adolescente, mesmo com seu corpo e espirito estando preparados para a competição da vida adulta. O adolescente então se fecha para o mundo, pois o adulto que ele sempre admirou e tanto sonhou em se tonar, lhe nega o seu desejo mais esperado, o de ser visto como um par dos adultos. Começa então a fase do espelho para o adolescente, onde ele olha ao espelho e se acha diferente, constata que perdeu a graça infantil, por estar iniciando a puberdade e vê seus pelos crescendo em seu corpo, e mamilos e órgãos genitais se modificando, e tudo que o adolescente deseja é ser visto de um modo igual pelo adulto, pelo fato do adulto ter passado pela mesma fase então o compreenderia, vendo o adolescente como seu verdadeiro par mais não é este olhar que o adolescente recebe, e ele percebe isto. O adolescente começa então a querer saber o que o adulto esta pensando a seu respeito. Infelizmente, nessa tentativa o adolescente não pode se confinar a uma simples adesão ao que os adultos parecem explicitamente esperar dele e desejar para ele. Pois os adultos se contradizem. Parecem negar a óbvia maturação de seu corpo e lhe pedir que continue criança; e tentam mantê-lo numa subordinação que contrasta com os valores que eles mesmos lhe ensinaram. Querem que ele seja autônomo e lhe recusam essa autonomia. Querem que persiga o sucesso social e amoroso e lhe pedem que postergue esses esforços para "se preparar" melhor. A pergunta mais frequente que o adolescente se faz é o que eles querem de mim, então? Querem (segundo eles dizem) que eu aceite esta moratória, ou preferem, na verdade, que eu desobedeça e afirme minha independência, realizando assim seus ideais? “Será que os próprios adultos sabem?” Aparentemente não: a adolescência assume assim a tarefa de interpretar o desejo inconsciente (ou simplesmente escondido, esquecido) dos adultos. O pensamento é mais ou menos o seguinte: “Os adultos querem coisas contraditórias”. Eles pedem uma moratória da autonomia do adolescente, mas o resultado da aceitação é que eles não o ama mais como uma criança, nem reconhecem como um par esta ‘coisa’ na qual o adolescente se transformou. Em suma de fato, qual é o ideal dos adultos, para que possa os presentear com isso e, portanto ser por eles enfim amado e reconhecido como adulto? Em geral, o adolescente é ótimo intérprete do desejo dos adultos. Mas o próprio sucesso de suas interpretações produz fatalmente o desencontro entre adultos e adolescentes. O adolescente encontra na escola ou até mesmo brincando nas ruas com seus colegas o seu par, pois somente quem esta passando pelas mesmas coisas saberia entender o que esta acontecendo, tanto fisicamente como psicologicamente. Partimos então para os grupos e tribos, que seria aonde o adolescente se sente melhor, pois seria o lugar que ele é reconhecido como um membro da sociedade, não teria uma moratória lhe impondo regras contra a sua vontade, pois “Por que teria de obedecer a uma regra onde não sou visto como um membro igual?”. Violência e a Adolescência Para podermos entender a violência como um todo, seria necessária uma compreensão melhor da natureza humana, saber que nós humanos, passamos por diversas fases na vida e muitas delas não muito fáceis de conviver em sociedade. Não podemos nos contentar com explicações reducionistas para explicar a violência no ser humano, e entender que somos seres potencialmente violentos e extremamentecomplexos. (Winnicott, 1987) diz que o amor e ódio constituem os dois principais elementos a partir dos quais se constroem as relações humanas. Mas amor e ódio envolvem agressividade. Por outro lado, a agressão pode ser um sintoma de medo, e ainda enfatizando, que até mesmo no bebê existe amor e ódio com plena intensidade humana, mas que, por ser apenas um ser inofensivo não causa danos significativos para com a sociedade. Sentimentos presentes no ser humano é a agressividade, por um lado, constitui direta ou indiretamente uma reação à frustração. Por outro lado, é uma das muitas fontes de energia de um indivíduo. (Knobel, 1977) define agressão como capacidade de atacar, progredir, ou seja, um movimento sempre para frente, que nem sempre deve ser relacionada com violência, a agressividade pode contribuir para o desenvolvimento humano, porém nos adolescentes, a agressão pode estar descontrolada tornando-se violenta. Quando falamos de fases violentas em nossas vidas, logo nos vem a cabeça a adolescência como sendo uma fase em que esse atributo se destaca, e também a do contexto social que pode ser determinante quando o assunto é violência. Entendendo isso, podemos deduzir que o adolescente pode estar sendo determinado a agir de tal maneira, já que teve pouca estruturação familiar e emocional. A estruturação familiar também pode ser determinante para que o jovem poça se desenvolver sem muitas turbulências peculiares dessa época, e não só na adolescência em si, mas sim desde o nascimento até a idade adulta.(Winnicott, 1987) nos diz que um dos principais desencadeadores da delinquência juvenil é a privação da vida familiar. Hoje um dos principais problemas sociais é a violência atribuída aos adolescentes devido a incompreensão da complexidade da adolescência, que estão em uma fase de severas mudanças tanto no corpo quanto na personalidade. Aberastury já dizia que: “No problema há outra face escondida até hoje debaixo do disfarce da adolescência difícil: é de uma sociedade difícil, incompreensiva, hostil e inexorável, as vezes, frente a onda de crescimento lucida e ativa que lhe impõe a evidência de alguém que quer agir sobre o mundo e modificá-la sob a ação de suas próprias transformações sobre esse ponto”. Seguindo essa linha, Knobel afirma que até mesmo profissionais da saúde tem dificuldade em entender esta fase da vida, assim como escreve no artigo Normalidade, Responsabilidade e a Psicopatologia da Violência Na Adolescência: "Ao estudar a Adolescência é necessário um cuidado especial para evitar atitudes preconceituosas, verdadeiros “estereótipos” do mundo adulto que embaçam a visão correta da pessoa nesse período da vida, e considerar que ainda alguns profissionais e cientistas desta etapa da vida não a consideram como um verdadeiro estágio, com características bem definidas do processo evolutivo." Knobel também afirma que o adolescente passa por uma “síndrome da adolescência normal” e dentro dessa síndrome ocorre três lutos fundamentais que são: o luto pelo corpo infantil perdido, pelos pais da infância e o luto pela identidade infantil, e necessariamente, qualquer sujeito, independente da idade, passa por fases depressivas para a elaboração dos lutos, a diferença é que na adolescência os lutos são bem mais constantes e alguns mascarados. Ele também considera que a violência nos dias de hoje não necessariamente esteja maior, mas que os adolescentes mais preparados, conseguem de certa forma mobilizar a todos e trazer consigo a sua agressividade natural. A questão da colocação social também é um grande problema para os adolescentes, Aberastury em 1970 já falava que: “Neste momento, vivemos no mundo interno o problema de uma juventude inconformada, que se enfrenta com a violência e o resultado é só a destruição e o entorpecimento do processo. A sociedade em que vivemos, com seu quadro de violência e destruição, não oferece garantias suficientes de sobrevivência e cria uma nova dificuldade para o desprendimento. O adolescente, cujo destino é a busca de ideais e de figuras ideais para identificar-se, depara-se com a violência e o poder e também os usa". Knobel destaca ainda: “A agressividade do jovem é necessária e no mundo atual chega a ser condição de sobrevivência. A “violência” que pode ser considerada como forma extremada do uso mental ou físico da agressividade, tem sido considerada por alguns pesquisadores como um tipo de conduta adaptada neste mundo cada vez manifestamente mais hostil. Numa sociedade que se autodestrói brutalmente, a violência torna-se uma técnica de sobrevivência. ' Outra crise social que também contribui para que essa violência, que de certa forma está predisposta nos adolescentes, acaba sendo a falta de ideais e até mesmo de heróis em uma sociedade com ideais desconstruídos como constata Aberastury: “O adolescente não quer ser como determinados adultos, mas, em troca, escolhe outros como ideais”. O mundo interno construído com as imagens paternas será a ponte através da qual escolherá e receberá os estímulos para a sua nova identidade." A partir do que foi dito, podemos concluir que a sociedade como um todo está de certa forma mais “perdida” que os próprios adolescentes que muitas vezes disseminam a violência, o problema é muito mais complexo, e essa complexidade diante de uma sociedade preconceituosa, acaba se tornando um problema ainda maior, fazendo com que a distância entre a sociedade e os adolescentes fique enorme. Se quisermos melhorar essa relação com os jovens e minimizar os prejuízos sociais causados por esses, devemos olhar e estudar a adolescência de forma muito mais holística, e no longo prazo, quem sabe teremos algum resultado positivo. CONCLUSÃO O tema adolescência violenta faz parte diretamente da minha vida, eu vivenciei uma adolescência dentro desse contexto, não só vendo-nos outros esses comportamentos, mas sendo integrante de uma gangue. Uma gangue na qual fui um dos fundadores e que permaneci em praticamente toda a minha adolescência e digamos que o período mais intenso dessa participação foi dos meus 13 aos 20 anos. Todos os integrantes moravam e estudavam no mesmo bairro e no mesmo colégio, que servia como ponto de encontro e território, que era demarcado com pichações. O bairrismo nessa época era muito evidente, cada bairro tinha uma gangue na qual constantemente ocorriam atritos violentos, então quanto maior e mais violenta a gangue, mais respeito e poder era adquirido. O ganho em participar de um grupo assim era tentador, nos sentíamos seguros diante da sociedade e também diante dos grupos rivais, outros inúmeros benefícios diretos e indiretos. Pude perceber que a gangue que participei realmente me acolhia e que por mais violento que pudesse ser o contexto eu me sentia muito seguro, porque ali todos eram unidos, diferente da minha infância, onde eu frequentemente era vítima de bullying, e pertencendo aquele grupo isso não acontecia, pois todos defendiam todos. Agora, como estudante de psicologia, depois de mais de uma década após essa fase da minha vida, posso tentar compreender o porquê desses comportamentos tão repugnados pela sociedade, pois pesquisando a teoria usada nesse trabalho, pude me identificar com os temas, e não só o tema Violência que me foi destinado, mas todo o conjunto dos temas que se relacionam (Violência, Gangue, Tribos e Pichação). Pesquisando, muitas vezes me senti compreendido e até mesmo revoltado pela falta de compreensão na época, pois a sociedade como um todo não me compreendeu, eagora depois de muito tempo, percebo o quanto a sociedade está distante dos adolescentes e a urgência de uma conscientização dessa etapa da vida e consequentemente minimizando o sofrimento desses jovens “perdidos” que se encontra em um mundo ainda mais perdido. Sabemos que nossa sociedade está em crise e desconstruída de valores e quando os adolescentes buscam algo em que se espelhar e não encontram, podem ir buscar isso muito longe deixando-os ainda mais vulneráveis. Acredito que um dia, se essa conscientização acontecer, esses adolescentes possa encontrar muito mais facilmente um lugar onde será mais compreendido, um lugar menos expostos aos males dessa sociedade, e quem sabe dentro do próprio círculo familiar, que pode ser tornar acolhedor e seguro. Tribos Etimologicamente a palavra a palavra tribo vem (do grego tribé), que quer dizer atrito e tal fenômeno encontra-se muito presente nas tribos urbanas (PAIS, 2004). Um fenômeno muito ocorrente na adolescência é a formação de tribos urbanas, entendendo por tribos urbanas a definição dada pelo sociólogo (Maffesoli, 1998) quando diz que: “A constituição dos microgrupos, das tribos que pontuam a especialidade se faz a partir do sentimento de pertença, em função de uma ética específica e no quadro de uma rede de comunicação.” Sendo ainda mais específico, definindo tribos urbanas e não apenas tribos como um todo: "Maffesoli define tribos urbanas como agrupamentos semiestruturados, constituídos predominantemente de pessoas que se aproximam pela identificação comum a rituais e elementos da cultura que expressam valores e estilos de vida, moda, música e lazer típicos de um espaço-tempo. Uma tribo define-se por uma socialidade frouxa, pela lógica hedonista e o não- compromisso com a continuidade na linha do tempo, expressa na valorização do aqui-agora (Coutinho, 2001). " Seguindo essa linha, (Maffesoli, 1998) afirma que as tribos representam um importante contexto sócio afetivo alternativo, em uma fase onde o adolescente tem essa necessidade de autonomia em relação aos pais. O adolescente quando buscam as tribos ele procura de certa forma a aceitação que é omitida pela família. (Winnicott, 1955) quando se refere a formação de grupos frisa o termo "cobertura materna", que seria esta falta de compreensão inexistente na família. Muitos autores quando se referem a formação de grupos salientam essa falta de aceitação e os jovens acabam procurando um local onde isso ocorra. (Marques, 1996) Os jovens, na busca de um lugar menos repressivo se refugiam nos grupos, onde existe uma grande socialização, onde podem compartilhar de maneira muito mais aceita seus ideais e sentimentos. As tribos urbanas podem ser ramificas em várias ideologias, e cada uma delas com particularidades bastante distintas. (Arruda, 2007) em sua dissertação de mestrado constata algumas dessas tribos. (Arruda, 2007) cita seis tribos: Góticos, Surfistas, Skatistas, Visual Kei, Hippies e Metaleiros. Os Góticos tem uma visão de mundo pessimista e encaram a vida melancolicamente, onde se dedicam à "lamentação da amargura do ser", ouvem musicas que expressam à morte. A maneira de se vestirem é bastante marcante, usam roupas pretas, capas, crucifixos, maquiagem pesada e coturnos ou botas. Na tribo dos Surfistas o critério de inclusão é a pratica do surf como esporte, lazer ou profissão. Transformando seu estilo de vida, buscando o equilíbrio e a saúde de corpo e espírito. Usam sempre camisas de malha largas ou regata, bermudões, óculos solares e chinelo, podendo também ter tatuagens e cabelos compridos. Os Skatistas também se reconhecem a partir de um esporte, a pratica do skate. O visual desta Tribo são as calças ou bermudas e camisetas largas com cores opacas, tênis largo para facilitar as manobras, podendo também usar bonés. É um das tribos que mais vem crescendo. (Citação) Os skatistas celebram a habilidade física e os esportes radicais. Derivada do surfe, á pratica do skate reúne jovens que se equilibram em uma prancha com rodas, com ela fazem manobras criativas, sempre procurando um desafio maior a ser superado, afirma a psicóloga Maria Cláudia Oliveira (2007). Existe também a tribo do Visual Kei, seus integrantes possuem o conhecimento e gosto pela cultura japonesa. Sua origem veio da música e vídeo clipes, que costumam falar sobre amor, conflitos humanos e superação pessoal. Usam roupas pretas, couro, ursinhos de pelúcia, maquiagem carregada, penteados mais elaborados, usam também botas ou coturnos. A tribo que defende a liberdade de expressão, de crença, protestam contra a repressão, vivem de maneira comunitária, vivendo de seu artesanato, é a dos Hippies, que tem como lema “Paz e Amor”, seu estilo é reconhecido por cabelos e barba compridas, roupas velhas com rasgos, roupas com cores fortes e com desenhos psicodélicos e calça boca de sino. Vestem-se dessa forma para evitarem o consumismo. Outra tribo bem conhecida é a dos Metaleiros, que se unem pelo gosto musical Hard Rock e procuram sempre manter sua autenticidade e evitando que as bandas façam apelo comercial. A forma desta tribo de se vestir é sempre roupas pretas, casacos de couro ou colete Jeans, patches, camisetas de bandas e às vezes algum acessório. Tribos não são gangues, assim como diz a pesquisadora Alba Zaluar quando se opõem a visão populista e midiática que geralmente generalizam o termo ampliando o preconceito e aumentando o distanciamento adolescente e sociedade já que as tribos são fenômenos tipicamente jovens. Zaluar constata que: “No Brasil, as quadrilhas tampouco têm a sua vinculação com a cultura jovem notada em outras partes do mundo, especialmente nos Estados Unidos e no México. Não há adesão especial a um estilo musical ou de vestimenta, ou do modo de pentear-se. Seus nomes não são metafóricos que simbolizem sua identidade de marginalizados ou desviantes da sociedade como nas gangues norte-americanas ou nas bandas da Cidade do México. Os nomes das quadrilhas daqui são referentes ao espaço geográfico ocupado e controlado pela quadrilha no exercício de sua atividade comercial ou recebem apenas o nome de seus chefes." Apesar de reconhecer que alguns membros das tribos/galeras participem de gangues, a finalidade das tribos é totalmente diferente, já que essas são muito ligadas ao lazer e não a violência. As galeras não possuem delimitações de territorialidade, podendo fazer partes de vários territórios. CONCLUSÃO Os temas que pesquisamos neste trabalho são bem polêmicos, principalmente em nossa sociedade que não oferece a estrutura necessária para o adolescente se descobrir nesta nova fase da sua vida, que é uma das mais importantes, onde o adolescente começa a concretizar sua identidade. O adolescente procura várias formas de expressar seu sentimento de incompreensão, mas algumas dessas formam não são aceitas na nossa sociedade por não entenderem o motivo para tal comportamento e acabam julgando sem ao menos enxergar o contexto de situação e ajudar o adolescente. O que falta para melhorar essa construção da identidade do adolescente são exemplos e valores, que se perderam nas gerações pela falta de referência. Acabei me identificando com o tema por morar em um contexto violento onde tive familiares e amigos envolvidos que não tiveram a mesma sorte, educação e a estruturação familiar que eu tive e acabaram sendo vítimasda violência e do sistema totalmente deficiente em certos quesitos. Gangues A urbanização que acompanhou a Revolução Industrial deu origem à gangue de rua moderna. A cidade de Nova Iorque foi o epicentro da atividade das gangues nos Estados Unidos no século XIX. Áreas pobres da cidade, tais como Five Points, forneceram terreno fértil para gangues com fortes identidades étnicas, geralmente irlandesas. Gangues baseadas nas etnias polonesa, italiana ou em outras, também eram muito comuns. A atividade das gangues aumentou gradualmente no século XX. Nos anos 50 e 60, a maioria das gangues estava nas grandes cidades, embora cidades próximas e subúrbios possam ter hospedado ramificações de gangues quando ligados por meio de autoestradas importantes. Gangues com etnia europeia tinham quase desaparecido e as gangues tornaram-se quase que exclusivamente negras ou hispânicas na sua filiação. Nos anos de 70 e 80, as drogas narcóticas tornaram-se mais predominantes nas ruas. Armas de fogo também se tornaram mais fáceis de comprar ilegalmente. Essa combinação fez entrar para uma gangue de rua algo mais lucrativo e mais violento. No geral, a atividade das gangues atingiu o pico em meados dos anos de 1990. Segundo Carla Coelho de Andrade, As gangues dos Estados Unidos, que ganharam interpretações locais pelo mundo afora, possuem décadas de história e desempenham um papel de grande importância na organização da vida coletiva das cidades. Configuram-se como um elemento característico à divisão do espaço urbano naquele país, sendo que historicamente essa divisão suscita conflitos violentos de caráter notadamente étnico. Como lembra Zaluar (1997), nos Estados Unidos sempre houve uma confusão entre “etnia e bairro”, “raça e bairro”, que faz parte da forma peculiar de segregação étnica, ainda hoje muito marcante, das cidades estadunidenses. Já no Brasil, o modo de divisão das cidades e os conflitos dela derivados assumem outra configuração histórica, expressando-se, por exemplo, por meio de grupos e associações que, apesar da rivalidade, às vezes traduzida em embates violentos, produzem modos de sociabilidade impregnados de “antídotos da violência”. Segundo Zaluar (1997), enquanto nos Estados Unidos as gangues juvenis surgiram como uma das formas de organização dos bairros pobres, representando-os e expressando a rivalidade entre os mesmos, no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro e ulteriormente em outras cidades, observa- se o surgimento nas favelas e bairros populares das escolas de samba, dos blocos carnavalescos e dos times de futebol para representá-los e exprimir os conflitos, rixas e competição entre eles. Zaluar ainda chama a atenção para o fato de hoje, no Brasil, se assistir ao esfacelamento dessas formas tradicionais de organizações vicinais por estarmos diante de “um novo tipo de guerra em que já pereceram, somente no Rio de Janeiro durante a década de 80, mais jovens homens do que os americanos mortos na Guerra do Vietnã” (Zaluar, op. cit.: 21-22). Há muitas razões possíveis para alguém se juntar a uma gangue, mas quatro razões fundamentais parecem descrever a maioria dos membros de gangues. 1. Pobreza Muitas gangues existem principalmente como uma empresa de fazer dinheiro. Cometendo roubos e traficando drogas, os membros de gangues conseguem juntar quantidades relativamente grandes de dinheiro. Pessoas que têm de encarar a falta de dinheiro podem se voltar para o crime se não conseguirem ganhar o suficiente com um emprego legítimo. Isso explica em parte porque as gangues existem em áreas pobres e arruinadas das cidades. No entanto, nem todo mundo que é pobre se junta a uma gangue e nem todo membro de gangue é pobre. 2. Pressão dos amigos Membros de gangues tendem a ser jovens. Isso ocorre em parte porque as gangues recrutam adolescentes intencionalmente, mas também porque os jovens são muito suscetíveis à pressão dos amigos. Se vivem em uma área dominada por uma gangue ou frequentam uma escola onde há uma forte presença de uma delas, eles podem achar que muitos de seus amigos estão se juntando a gangues. Pode ser difícil para um adolescente entender o mal que se juntar a uma gangue pode ocasionar se ele estiver preocupado em perder todos seus amigos. Muitos adolescentes resistem à tentação de se filiar a uma gangue, mas para outros é mais fácil seguir a turma. A pressão dos colegas é uma força motora por trás da filiação a gangues em áreas mais abastadas. 3. Tédio Sem nada para ocupar seu tempo, os jovens às vezes se voltam para a maldade como forma de se entreterem. Se as gangues já estiverem presentes na vizinhança, elas podem ser uma válvula de escape. Como alternativa, os adolescentes podem formar suas próprias gangues. Essa é a razão pela quais muitas comunidades têm tentado combater as gangues simplesmente proporcionando algo para as crianças fazerem: campeonatos de dança, de esportes e outros programas de alcance aos jovens podem literalmente manter as crianças longe das ruas. Infelizmente, muitos jovens e até mesmo especialistas em gangues usam o tédio como uma desculpa. Autores de artigos sobre a violência das gangues frequentemente escrevem coisas como "Não há nada mais para se fizer onde eles moram". De fato, programas de esportes para jovens, piscinas, ou mesmo bibliotecas, recebem pouca ajuda ou estão frequentemente em condições precárias nas áreas urbanas mais complexas. Mas para cada adolescente que fica entediado e se junta a uma gangue, há dez que encontram maneiras positivas e produtivas de gastar seu tempo. 4. Desespero Se pobreza é uma condição, desespero é um estado mental. Pessoas que sempre viveram na pobreza, com pais que viveram na pobreza, muitas vezes não enxergam uma chance de algum dia conseguir um emprego decente, deixar a sua vizinhança pobre ou conseguir educação. Elas estão cercadas por drogas e gangues e seus pais podem ser viciados ou pessoas insensíveis. Uma gangue da vizinhança pode parecer a única família real que elas jamais terão. Juntar-se a uma gangue dá a elas uma sensação de pertencer e ser parte de algo importante que elas, de outra maneira, não podem conseguir. Em alguns casos, os pais aprovam o fato de seus filhos juntarem-se a gangues e também podem ter sido membros de uma no passado. O uso de drogas é um fator subjacente a todas essas razões. A venda de drogas ilegais não só movimenta os lucros das gangues de rua, como também cria muitas das condições que levam à filiação a gangues. O que os levam a isso? O adolescente sente uma necessidade de pertencer a algum grupo, de ser aceito e ser aprovado pelos que o grupo integra e esse grupo pode ser uma gangue. A busca dos adolescentes por essa agregação, como afirma Calligaris (2000) é um processo considerado de afirmação. Juntar-se a um grupo, qualquer que seja, é a forma encontrada pelos jovens para crescer e começar a deixar a família. No processo de agregação do adolescente, as gangues são formadas não apenas para reunir, associar, mas para confrontar. Estes tipos de turma juvenil buscam proporcionar a gangue o que desejam, garantindo segurança física e moral. Em uma gangue, há uma organização que os defende de todos os perigos. Muitos deles sentem-se pela primeira vez, aceito por algo ou alguém nesse caso a gangue, e aprendem a ter confiança em si, por assumir atividades responsáveis. Esse grupo se torna saídas para frustrações e conflitos pessoais, se identificando com os ideais do grupo. Os que integram o grupo, que se senteminferior e inseguro, tem a impressão de ser alguém e pertencer a algo. As gangues dá uma satisfação na necessidade que os adolescentes possuem de se opor a forma de vida dos adultos. A gangue compreende um conjunto de características valorizadas pelo grupo e necessárias para expressar um estilo que agrade a si próprio e ao outro e que também façam confrontação. Para Debieux (2002), a psicanálise deve compreender essa inserção do adolescente em grupos sociais, atuando sobre a subjetividade individual e abrangendo condições sociais e culturais. Reatualiza-se, nessa passagem, a cena infantil agora não mais tematizada pelo desejo da mãe ou pela lei do pai, mas pela organização social. A organização social passa a representar uma nova versão do pai, muito poderosa, e que ainda apresenta discurso, com seus ditos e não ditos. Essa operação é que propiciará o pertencimento e o reconhecimento do adolescente como membro do grupo social. “um papel na história primitiva do complexo de Édipo. Um menino mostrará interesse especial pelo pai; gostaria de crescer como ele, ser como ele e tomar seu lugar em tudo. Podemos simplesmente dizer que toma o pai como seu ideal” (FREUD, 1921, p.115). Nessas Gangues, é criada a desconfiança nos adultos e surgem muitas oportunidades para se rebelarem contra os valores e normas estabelecidas por adultos. E eles se rebelam agressivamente, outra função da gangue de adolescentes é a de justificar as suas agressividades que cada um dos pertencentes do grupo experiência. Uma pessoa deixa de agir com agressividade por temer a sociedade, por preconceitos ou princípios morais. Já a gangue tem a habilidade de eliminar essas possíveis repressões com ações agressivas porque o membro não teme já que ele tem a proteção e apoio do grupo. O adolescente se vê obrigado a agir por fidelidade ao grupo e os sentimentos de culpa ficam dissolvidos nos ideais da gangue que ele pertence. Os crimes que os adolescentes se atrevem a cometer com o grupo, muitos não são praticados sozinhos, pois essa é a regra que o grupo coloca para uma justificativa moral e para o seu comportamento incorreto. Essa regra, não é feita somente por valores deformados, mas sim a do grupo, eles possuem entre eles valores morais por acharem semelhantes a outros grupos por existir a lealdade e solidariedade entre eles. Segundo Carla Coelho de Andrade A honra é um valor fundamental na decisão dos jovens de aderir a uma gangue. A mesma comparece em seus discursos por meio da noção de reputação, fortemente presente em suas consciências. A busca de reputação e prestígio explica numerosas de suas condutas e participa, fundamentalmente, da construção da identidade viril. Nessa perspectiva, a virilidade é o horizonte de sentido que se encarrega de desenvolver a capacidade de administrar o risco e a fatalidade, o que é considerado inevitável e para os quais uma das respostas seria a demonstração de coragem, valentia e força. O indivíduo está ligado pela identificação e pela construção de seu ideal de eu a mentes grupais como de classe, credo, raça. A identificação força o ego a se moldar aos daquele que é tido como modelo. Num grupo, o laço existente entre os membros é formado pela identificação numa qualidade emocional comum que está na natureza do laço com o líder. Como afirma Debieux (2002), as gangues representam um envolvimento com práticas que são diferentes das normas que regem a sociedade. Segundo a autora, nos centros urbanos h há um enfraquecimento do vínculo parental, com não ocorrência dos referenciais simbólicos, com sentimentos de desamparo e com atitudes de contestação as regras institucionais, o jovem acaba por dirigir seu ódio contra o processo civilizatório retomando a metáfora paterna a qual passa a ser representada pela lei. Por que, então, esses valores autênticos não servem para neutralizar a conduta agressiva e criminosa do grupo? Porque não ultrapassam o círculo estreito do grupo; fora deste, já não têm vigência. E, na medida em que se estreitam os laços no interior do grupo é que reforçam a sua unidade, ou seja, contribui ainda mais, para isolá-lo do mundo que o rodeia, o qual eles perdem a clareza, tal é como se esfumam na noite, então o acesso é sempre a um local violentamente iluminado pelos seus amigos. Não se deve ignorar, no entanto, que o "código de honra" da gangue juvenil é muitas vezes o primeiro a ter o ideal e a moral de que muitos adolescentes encontram, e que isso os move a superar-se a si mesmo em algum aspecto e a valorizar-se positivamente como pessoas. Se a gangue juvenil preenche tantas os vazios pessoais, não deve nos estranhar que exerça um autêntico fascínio sobre os indivíduos do grupo. A gangue os fascina porque dá uma oportunidade de se sentirem especiais, de se sentirem alguém. O ato de ser parte dela é o sentimento de ser "pertencente", e é recompensam-te para os adolescentes que ainda são emocionalmente crianças, apesar de desejar estar diante dos outros como um homem. Essa força do grupo é o que torna as suas atividades tão perigosas. O adolescente acaba se envolvendo no mundo do crime, por ser uma coisa mais perigosa e pelo fato dele não temer o perigo por não ter noção de seus limites ou até mesmo pelos pais não impondo tais limites dentro de casa. Toda a negação que a moratória impôs ao adolescente que teria de esperar para entrar na vida adulta, o adolescente testara com comportamentos violentos sobre a sociedade, poderá cometer crimes muito pesados, pois sabe que as consequências serão levianas, já que ele não é reconhecido como um adulto, ira então testar os limites das leis que diz que alguém que seja um menor de idade terá uma pena leve, já que não é responsável pelos seus atos. Então ele começa a aumentar o nível de criminalidade, até chegar um ponto que poderá cometer até mesmo um homicídio, pode se dizer por disputa de área de gangues ou disputa por ponto de drogas, e esse adolescente venha a ser detido, ele terá então o seu julgamento que tanto esperou, pois ira receber a sentença se foi realmente um crime for considerado pesado realmente ele terá seu reconhecimento como adulto, pois recebera a sentença que qual quer adulto receberia. Isso no Brasil, ainda não se pode acontecer, pelo fato da maioridade penal, mas em outros países é muito frequente de se ver, pois as leis tanto para adolescentes quanto para adulto se for um crime de gangue ou um crime pesado, são as mesma para ambos. No Brasil, jovens delinquentes membros de gangues e facções, quando condenados são enviados para locais como a fundação casa em São Paulo, onde são destinados a passarem tempos como uma sentença pelo crime que cometeu, e funciona da seguinte maneira. “A Fundação CASA presta assistência a jovens de 12 a 21 anos incompletos em todo o Estado de São Paulo. Eles estão inseridos nas medidas socioeducativas de privação de liberdade (internação) e semiliberdade. As medidas — determinadas pelo Poder Judiciário — são aplicadas de acordo com o ato infracional e a idade dos adolescentes. A fim de aprimorar a qualidade do atendimento, o Governo do Estado de São Paulo apostou num programa de descentralização do atendimento. Em síntese, o objetivo é fazer com que os adolescentes sejam atendidos próximos de sua família e dentro de sua comunidade, o que facilita a reinserção social.” Infelizmente em muitos dos adolescentes o papel principal da fundação não acontece, os jovens que lá estão acabando utilizando as companhias estão também para cumprir a pena, parar fazer da fundação como se fosse um local de colônia de férias, pois aperfeiçoam as técnicas para seus crimese saem para as ruas com mais experiências, e levam um “material” novo para seus colegas de gangues. Acaba sendo prejudicial tanto para o jovem que lá ficou, pois não recebeu um tratamento em que realmente ajudasse-o para mudar seu modo de ver a vida que leva, e prejudica também a sociedade, pois melhora uma formação criminosa, onde todo acabou sendo alvo fácil de uma sociedade que além de não possuir uma legislação com leis adequadas, ainda acaba piorando assim dizendo a mente de um jovem infrator. Conclusão A vivência nas gangues garante pertencimento, reconhecimento no coletivo do grupo e registro no cenário social. Representa a possibilidade de afrontar e romper e, ao mesmo tempo, encontrar um lugar para se inserir socialmente. Podendo até mesmo sair do controle para receber este reconhecimento, no qual se limites não forem impostos, as consequências será as piores para o adolescente. No qual não possuem noção de seus limites, e faram de tudo que vier em mente para ser vista como um adulto reconhecido, vindo até mesmo a cometer crimes muito pesados, no qual somente alguém cujo visto como par de um adulto cometeria. A violência neste meio é mais comum do que imaginamos, por vermos atuação de pais e familiares que realmente não saber dialogar e impor limites nas ações de seus filhos, muitos dos responsáveis buscam tais limites na forma de agressão que é a pior maneira que existe, o que torna os adolescentes que sofrem tal abuso, muito mais violento do que o adulto que o agrediu. Então se os pais ou responsáveis não tomarem atitudes de ao menos tentar buscar uma conversa saudável ou buscar algum tipo de ajuda caso não souberem como realizar procedimentos para lidar com jovens, pois hoje temos vários profissionais capacitados de dar apoios e dicas para os pais, que com certeza ajudaria e muito na educação dos filhos, porque sabemos que na atualidade quase todos os adultos estão preparados para terem filhos, mais não são todos que estão preparados para educa-los, então se tais atitudes não forem tomadas, logo mais adolescentes seguiram para o caminho errado, buscando fora de casa uma compreensão. História da Pichação e do Graffiti Podemos dizer que o grafite e a pichação existem na humanidade desde tempos muito antigos, os homens pintavam as paredes das cavernas para representar sua vida e seu cotidiano. Com o passar do tempo o homem passou a utilizar destas “pinturas” para defender suas ideias fazer propaganda e até mesmo ofender seus inimigos um grande exemplo de cidade da antiguidade em que podemos observar esses precursores do grafite é Pompéia que foi outrora uma antiga cidade do Império Romano situada a 22 quilômetros da moderna Nápoles, na Itália, no território do atual município de Pompéia. A antiga cidade foi destruída durante uma grande erupção do vulcão Vesúvio em 24 de Agosto do ano 79 D.C. A erupção do vulcão provocou uma intensa chuva de cinzas que sepultou completamente a cidade, que se manteve oculta por 1600 anos antes de ser reencontrada por acaso. Cinzas e lama moldaram os corpos das vítimas, permitindo que fossem encontradas do modo exato em que foram atingidas pela erupção do Vesúvio. Desde então, as escavações proporcionaram um sítio arqueológico extraordinário, que possibilita uma visão detalhada na vida de uma cidade dos tempos da Roma Antiga vale salientar que é possível observar até mesmo pichações feitas nas paredes das casas. Nesses muros estão referidos imensos ofícios e associações profissionais: alfaiates, professores, vendedores de roupas, jóias, frutas, taberneiros, cocheiros, pequenos proprietários de padarias e tabernas. Pompéia é hoje um museu a céu aberto e guarda imensas evidências materiais da participação feminina na dinâmica social e económica da cidade que vivia, não esqueçamos sob o jugo do Império Romano sendo que, os historiadores concordam que à data se estava a assistir a um período de emancipação social e sexual das mulheres romanas, principalmente das aristocráticas. Foram catalogadas até agora quase 15.000 grafites (de “graphium”, o instrumento utilizado para escrever, feitos de metal com uma ponta dura capaz de marcar a parede fazendo sulcos) mas o seu número é muito maior e estavam espalhados por todo o lado, nas paredes das casas, edifícios públicos, tabernas, locais de trabalho, etc. Os grafites eram tantos que a cidade tinha que passar por “limpezas” periodicamente para apagá-la. O que é Graffiti? Graffiti é o nome dado às inscrições feitas em paredes, desde o Império Romano. Considera-se grafite uma inscrição caligrafada ou um desenho pintado ou gravado sobre um suporte que não é normalmente previsto para esta finalidade, porém com autorização do proprietário. Por muito tempo visto como um assunto irrelevante ou mera contravenção, atualmente o grafite já é considerado como forma de expressão incluída no âmbito das artes visuais, mais especificamente, da street art ou arte urbana - em que o artista aproveita os espaços públicos, criando uma linguagem intencional para interferir na cidade. Porém existe ainda quem não concorde e o equipare a mera pichação. Normalmente distingue-se o grafite, de elaboração mais complexa, da simples pichação, quase sempre considerada como contravenção. No entanto, muitos grafiteiros respeitáveis autores de importantes trabalhos em várias paredes do mundo admitem ter um passado de pichadores. Tipos de Grafite: Hall-of-fame: Graffiti, na maior parte dos casos em paredes legais ou paredes pouco expostas, sem grandes riscos de problemas com as autoridades. Hall-of- fameé um graffiti mais pensado e mais trabalhado, dando importância não só ao lettering , mas também aos fundos e eventuais caracteres. Quando o hall- of-fame atinge uma proporção considerável, é muitas vezes também chamado de produção. Bombing: Bombing poderá ser considerado qualquer tipo de graffiti ilegal. No entanto, quando se fala de um bombing ou bomb, fala-se de um graffiti na rua (não em comboios ou metropolitanos) e que não se encaixa nas definições de tag (pseudónimo do criador do graffiti, nomeadamente a sua assinatura) outrow-up. Crew: Um grupo de writers, que se une por um objetivo e forma o seu ‘’coletivo’’. As crews costumam ter nomes extensos, que são abreviados através de siglas, normalmente entre 2 a 4 letras. Através dessas siglas, algumas vezes são criadas novas definições para o nome de crew. Um writer pode pertencer a várias crews. Muitas vezes os writers optam por pintar o nome das suas crews, seja abreviado ou por extenso, em detrimento do seu próprio tag. Se os writers dão reputação às suas crews, o contrário também acontece, daí que se torne importante também fazer crescer o nome da crew. Trash-train: Normalmente quando os writers se referem a comboios, utilizam a palavra inglesa train, existe então o conceito de trash-train , que se utiliza para comboios fora de circulação, que se destinam a abate ou requalificação. Geralmente estes comboios são bastante fáceis de pintar, ideal para obter boas fotografias de graffiti em comboios, uma vez que o writer tem mais tempo para elaborar o seu graffiti, do que se tratasse de um comboio em condições normais. Stencil: Molde recortado em cartolina, radiografias, ou outros materiais de maneira a criar formas pré-definidas, encostando esse molde a uma superfície, e passando spray por cima, ficando com as formas subtraídas à cartolina, pintadas na parede. Ideal para fazer em superfícies pequenas, é rápido de executar, e permite também reproduzir o mesmo desenho em vários sítios.WildStyle: Estilo de graffiti nascido em Nova Iorque nos anos 70. É um estilo bastante complexo, que vive muito da intersecção de formas e que normalmente tem um elemento característico que são as setas. O resultado final torna-se algo altamente indecifrável para quem esteja fora do graffiti e, por vezes, até para quem está por dentro. O que é Pichação? Pichação é o ato de escrever ou rabiscar sobre muros, fachadas de edificações, asfalto de ruas ou monumentos, usando tinta em spray aerossol, dificilmente removível, estêncil ou mesmo rolo de tinta. No geral, são escritas frases de protesto ou insulto, assinaturas pessoais ou mesmo declarações de amor, embora a pichação seja também utilizada como forma de demarcação de territórios entre grupos - às vezes gangues rivais. A PICHAÇÃO NA SOCIEDADE ATUAL A pichação, por incrível que pareça, não pode ser tratada como simples caso, pois situa dentro de outros contextos da cidade. Quem é que nunca andou pelas ruas da cidade e nunca se incomodou com os desenhos pichados? Os rastros da pichação estão em tudo que se olha na cidade, tudo já virou alvo das latas de tintas e outros materiais usados para pichar. Geralmente, não todas, as pessoas que picham são membros de gangues. E isso acaba contribuindo para a violência nas ruas da cidade. O movimento dos pichadores é tão grande nas cidades, que o governo está tomando atitude de ceder muros para eles não picharem mais a rua. Afinal, pichação é o ato de desenhar, rabiscar, ou apenas sujar um patrimônio (público, privado) com uma lata de spray ou rolo de tinta. Diferentemente do grafite, cuja preocupação é a ordem estética, o piche tem como objetivo a demarcação de territórios entre grupos. No geral, consiste em fazer algo que para eles é uma arte e para a sociedade é o ato de vandalismo. O grafite trata-se de um movimento, organizado nas artes plásticas. Apareceu no final dos anos 70 em Nova Iorque, como movimentos culturais das minorias excluídas da cidade. Com a revolução contra cultural de 1968, surgiram nos muros de Paris às primeiras manifestações. Os grafiteiros querem sempre divulgar essa ideia. No Brasil, existe uma diferença entre o grafite e a pichação. Ambas tendem a alimentar discussões acerca dos limites da arte, sobre arte livre ou arte- mercadoria, liberdade de expressão. O grafite, em princípio, é bem mais elaborado e de maior interesse estético, sendo socialmente aceito como forma de expressão artística contemporânea , respeitado e mesmo estimulado pelo Poder Público. Já a pichação é considerada essencialmente transgressiva, predatória, visualmente agressiva, contribuindo para a degradação da paisagem, vandalismo desprovido de valor artístico ou comunicativo. Costumam ser enquadradas nessa categoria as inscrições repetitivas, bastante simplificadas e de execução rápida, basicamente símbolos ou caracteres um tanto hieroglíficos, de uma só cor, que recobrem os muros das cidades. A pichação é, por definição, feita em locais proibidos e à noite, em operações rápidas, sendo tratada como ataque ao patrimônio público ou privada, e, portanto o seu autor está sujeito à prisão e multa. O grafite atualmente tende a ser feito em locais permitidos ou mesmo especialmente destinados à sua realização. Em geral, a convivência entre grafiteiros e pichadores é pacífica. Muitos grafiteiros foram pichadores no passado, e os pichadores não interferem sobre paredes grafitadas e vice versa. Quais os códigos usados na pichação? São símbolos e siglas empregados para identificar o autor da obra. Uma pichação é essencialmente a assinatura de um grupo de pichadores, a turma. Pode conter o nome dela, a abreviação dos apelidos dos integrantes e dados como região e data. As turmas se relacionam de maneira amistosa ou hostil entre si, e isso também fica marcado nas paredes (veja nosso guia abaixo). Existem turmas tradicionais que surgiram na década de 90 e perduram até hoje: ou porque um de seus membros nunca parou de pichar (sim, existem pichadores com mais de 40 anos), ou porque ele selecionou algum sucessor para carregar o nome para frente. Criado na cidade de São Paulo nos anos 80, o estilo mais popular é chamado de pichação reta e é respeitado por todos os adeptos. Mensageiros do muro Conjunto de inscrições é feito sempre na mesma ordem, e serve para o grupo se afirmar e ganhar respeito. ROLÊ DO SPRAY: A inscrição da turma é a principal na pichação reta. Turmas são grupos de pichadores que usam uma marca em comum e fazem "rolês" (saídas para pichar) juntos. Os nomes são difíceis de ler, mas dá para decifrar com alguma prática. A marca da turma não varia e todos os membros têm que saber reproduzi-la com perfeição. A UNIÃO FAZ A FORÇA: Os grupos de letras são abreviações e funcionam como logotipos. O primeiro elemento da ordem, da esquerda para a direita, é o logo da "grife". Esse é o nome dado a um grupo composto de várias turmas aliadas. É praticamente impossível deduzir o nome pelo logo: só quem sabe, de cabeça, identificar uma grife. Mas nem sempre a turma faz parte de uma. É NÓS NA TINTA: A seta significa duas coisas: primeiro, indica que a relação de duas turmas (a que aponta e a que é apontada) é de amizade. Segundo, significa que ambas fizeram o "rolê" juntas, e picharam uma seguida da outra. Em outras palavras, a seta deve ser lida como uma vírgula - como aconteceram na mesma hora, as pichações devem ser lidas sequencialmente. MARCA PESSOAL: Cada indivíduo que participa do picho também assina suas iniciais, geralmente entre as letras da turma ou no lado superior direito. Essas iniciais podem ser abreviações, siglas ou mesmo logotipos. Algumas são decifráveis ("MRC", por exemplo, é uma abreviação de "Marcos"), outras não. Pichadores datam a pichação para ver quanto ela vai durar. EM TERRA FIRME: A modalidade mais simples de pichar é com os pés no chão. Em vez de escalar prédios e estruturas, quem faz do chão tenta alcançar mais alto com o chamado "jeguerê": uma escadinha humana de até quatro pessoas em pé nos ombros uma da outra e apoiando as mãos na parede. Comparado a outras modalidades, é relativamente seguro. RISCO ELEVADO: Nas pichações de "pico", no topo dos prédios, membros da turma sobem pelos cabos dos para-raios ou pelas próprias escadas internas. São geralmente feitas com rolos de tinta. Quando se usa spray, dá para distinguir de uma pichação "janela" porque o fumê fica na parte de baixo. PROEZAS SUICIDAS: "Escalada" ou "janela" é a modalidade que mais tira a vida de pichadores. O desafio é escalar prédios pelas janelas das fachadas, na alta madrugada, o mais alto possível. Os pichos são feitos com eles geralmente dependurados ou se esticando, então as partes mais altas da assinatura ganham um efeito fumê, sinal de que o spray estava mais longe da parede. TRETA NO PAREDÃO: Colocar sua pichação acima da dos outros é uma forma de dizer que você teve mais ousadia e escalou mais alto - isso é chamado de "quebra", uma tiração de sarro inocente. Insulto mesmo é o "atropelo": pichar em cima da assinatura de outra turma. É um convite à violência, um insulto gravíssimo que acaba em briga ou morte. Linha evolutiva Os cinco tipos de intervenção gráfica, em ordem de sofisticação. Xarpi: Originárias do Rio de Janeiro, essas pichações também são conhecidas como "carioquinhas". Feitas com giz ou carga de caneta, são assinaturas individuais e ilegíveis. Pichação Reta: Começou como uma adaptação dos títulos de banda de metal dos anos 80 e evoluiu para um conjunto de regras, estética e códigos. Grapixo: Uma pichação reta estilizada comografite, com várias cores. É uma maneira de despistar a polícia com o argumento de que "Não é pichação, é arte de rua". Tag: Surgida em Nova York nos anos 80. É a criação de uma assinatura muito estilizada de um artista individual. A complexidade varia com o tempo disponível para o trabalho. CONCLUSÃO A partir do que foi dito, podemos concluir que a sociedade como um todo está de certa forma mais “perdida” que os próprios adolescentes que muitas vezes disseminam a violência, o problema é muito mais complexo, e essa complexidade diante de uma sociedade preconceituosa, acaba se tornando um problema ainda maior, fazendo com que a distância entre a sociedade e os adolescentes fique enorme. Se quisermos melhorar essa relação com os jovens e minimizar os prejuízos sociais causados por esses, devemos olhar e estudar a adolescência de forma muito mais holística, e no longo prazo, quem sabe teremos algum resultado positivo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Winnicott, D. W. (1987). Privação e delinquência. São Paulo: Martins Fontes. HERSCHMANN, Michael. As imagens da galera do funk na imprensa. Disponível em: http://www.mirelaberger.com.br/mirela/download/funk_e_midia2.pdf. Maffesoli, M. (2000). O tempo das tribos: o declínio do individualismo nas sociedades de massa. 3ª edição. Rio de Janeiro: Forense Universitária. Levisky, D. L. (2000). Adolescência e violência: Conseqüências da realidade brasileira. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo. www.mirelaberger.com.br www.mirelaberger.com.br _ ABERASTURY, 1983. CALLIGARIS, C. A adolescência. São Paulo: Publifolha, 2000. Carla Coelho de Andrade - Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Antropologia Social. 2007. DEBIEUX, M. Adolescência: da cena familiar à cena social. São Paulo: Psicol. USP v.13 n.2, 2002. Fundação casa/ SP FREUD, 1921, p.115. MUUSS, 1982 APUD KIMMEL & WEINER, 1995, p. 2. 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