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QUESTOES 
 
 
https://www.tecconcursos.com.br/materias/economia-e-financas-pu
blicas/economia-politica-classica 
 
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/disciplinas/ec
onomia-economia/fundamentos-macroeconomicos/questoes 
 
 
Tema 1 - Conceitos básicos de economia 
 
 
O estudo de qualquer ciência começa com uma série de conceitos 
básicos. Em economia, iniciaremos falando sobre as escolhas das 
pessoas sobre como alocar recursos, dado que há limites no que podem 
fazer. Apresentaremos também a evolução da ciência econômica ao 
longo do tempo e descreveremos os caminhos que estão sendo 
desenvolvidos. 
 
 
 
1-Primeiros conceitos econômicos 
 
Economia vem do grego e significa casa e lei. Mas também 
gerir ou administrar. Daí entendemos o sentido de regras 
da casa ou administração doméstica. 
 
 
 
 
 
 
https://www.tecconcursos.com.br/materias/economia-e-financas-publicas/economia-politica-classica
https://www.tecconcursos.com.br/materias/economia-e-financas-publicas/economia-politica-classica
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/disciplinas/economia-economia/fundamentos-macroeconomicos/questoes
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/disciplinas/economia-economia/fundamentos-macroeconomicos/questoes
 
Mas o que é, de fato, economia? 
 
Economia é uma ciência social que estuda a produção, a 
distribuição, a acumulação e o consumo de bens e 
serviços. 
 
 
Ela busca entender como indivíduos, empresas, governos 
e nações fazem escolhas sobre como alocar recursos para 
satisfazerem suas necessidades e como podem se 
organizar e coordenar esforços para alcançar o melhor 
resultado possível. 
 
Recorde-se que a economia é a ciência social que estuda 
como o indivíduo e a sociedade fazem a opção de como 
utilizar recursos produtivos escassos na produção de bens 
e serviços, de maneira a distribuí-los entre as inúmeras 
pessoas e os grupos da sociedade. 
Por sua vez, das distintas concepções e con- ceitos de 
economia política, adota-se aqui Riddell et al. (2011),3 na 
qual assinalam que a “economia política” tem como 
enfoque principal a preocupação com as relações do 
sistema econômico e suas instituições com o resto da so- 
ciedade e o desenvolvimento social. 
Para os autores, ela é sensível à influência de fatores 
extraeconômicos, como as instituições políticas e sociais, a 
moral e a ideologia, na determinação de eventos 
econômicos. Nesse sentido, a economia política tem um 
escopo muito mais amplo do que a economia tradicional. 
 
 
 
 
 
 
A Economia é o estudo da forma como as sociedades 
utilizam recursos escassos para produzir bens e 
serviços que possuem valor para distribuí‐los entre 
indivíduos diferentes. 
scassez e eficiência 
Se pensarmos nas definições, descobriremos duas 
ideias‐chave que permeiam toda a ciência econômica: 
os bens são escassos e a sociedade deve usar os seus 
recursos de forma eficiente. De fato, as preocupações 
so‐bre economia não desaparecem por conta da 
existência de escassez e do desejo de eficiência. 
 
 
 
Escassez e eficiência 
 
Se pensarmos nas definições, descobriremos duas 
ideias‐chave que permeiam toda a ciência econômica: os 
bens são escassos e a sociedade deve usar os seus 
recursos de forma eficiente. De fato, as preocupações 
sobre economia não desaparecem por conta da existência 
de escassez e do desejo de eficiência. 
 
 
Imagine um mundo sem escassez. Se pudessem ser 
produzidas quantidades infinitas de qualquer bem, ou se os 
desejos humanos fossem completamente satisfeitos, quais 
seriam as consequências? As pessoas não se 
preocupariam em ampliar os seus orçamentos limitados, 
 
 
 
 
 
porque teriam tudo o que quisessem. As empresas não 
precisariam se preocupar com o custo da mão de obra ou 
com assistência médica; os governos não precisavam se 
preocupar com tributos, despesas ou poluição, porque 
ninguém se importaria. Além disso, dado que cada um 
poderia ter tanto quanto desejasse, ninguém se 
preocuparia com a distribuição de renda entre as diferentes 
pessoas ou classes. 
 
Em tal paraíso de abundância, todos os bens seriam 
gratuitos, tal como a areia do deserto ou a água do mar na 
praia. Todos os preços seriam zero e os mercados, 
desnecessários. De fato, a economia deixaria de ser um 
assunto útil. 
 
Mas nenhuma sociedade atingiu a utopia das 
possibilidades ilimitadas. O nosso mundo é um mundo de 
escassez, repleto de bens econômicos. Em uma situação 
de escassez, os bens são limitados relativamente aos 
desejos. Um observador objetivo terá de concordar que, 
mesmo após dois séculos de rápido crescimento 
econômico, a produção nos Estados Unidos não é 
suficientemente grande para satisfazer os desejos de 
todos. Se o leitor somar todos os desejos, descobrirá 
rapidamente que não existem bens e serviços suficientes 
para satisfazer mesmo uma pequena parcela dos desejos 
de consumo de todos. A produção nacional dos Estados 
Unidos teria de aumentar muito antes que o americano 
médio pudesse viver no nível médio de um médico ou de 
um jogador de beisebol da primeira liga. Fora dos Estados 
 
 
 
 
 
Unidos, em especial na África, centenas de milhões de 
pessoas passam fome e privação material. 
 
 
Dada a existência de desejos ilimitados, é importante 
que uma economia faça o melhor uso dos seus recursos 
limitados. 
 E isso nos leva à noção fundamental de eficiência. 
Eficiência corresponde à utilização mais eficaz dos 
recursos de uma sociedade na satisfação dos desejos e 
das necessidades da população. Em contrapartida, 
considere uma economia com monopólios sem controle ou 
com poluição prejudicial à saúde, ou com corrupção 
governamental. 
 Uma economia assim produzirá menos do que seria 
possível sem a existência desses problemas, ou produzirá 
um conjunto distorcido de bens, o que deixará os 
consumidores em uma situação pior do que a que existiria 
se tal não ocorresse – em qualquer caso ocorre uma 
alocação ineficiente de recursos 
 
A eficiência econômica exige que uma economia produza 
a mais elevada combinação de quantidade e qualidade de 
bens e serviços dados a sua tecnologia e seus recursos 
escassos. Uma economia produz de maneira eficiente 
quando o bem‐estar econômico de nenhum indivíduo pode 
ser melhorado sem que o de outro indivíduo fique pior 
 
 
A essência da ciência econômica é compreender a 
 
 
 
 
 
realidade da escassez e, então, conceber como organizar a 
sociedade de modo a corresponder ao uso mais eficiente dos 
recursos. É nisso que reside a contribuição específica da 
ciência econômica. 
 
 
 
Mas o que é uma ciência? 
 
Ciência é uma forma de compreender o mundo, assim 
como a religião, a intuição e o senso comum. Porém, a 
ciência produz conhecimento por meio de experimentos e 
teorias. 
 
 
Por exemplo, por meio da teoria geocêntrica, a astronomia 
estudou a Terra como fixa no centro do universo, e todos 
os outros corpos celestes orbitavam ao seu redor. Essa 
teoria foi substituída no século XVI pelo Heliocentrismo- ou 
seja, o Sol está no centro e todos os demais astros 
celestes orbitam ao seu redor- sistematizado por Nicolau 
Copérnico, após observações e aprofundamentos de 
estudos que existiam desde a Grécia Antiga. 
 
 
Portanto, existem diversas teorias nas quais não é 
necessário acreditar, porque já foram substituídas ou até 
desacreditadas. Em contrapartida, outras forma reforçadas 
e aprimoradas, como a cartografia. apor exemplo, o mapa 
 
 
 
 
 
de Çatal Huyuk, elaborado provavelmente em 6.200 AEC, 
é uma prova de que a humanidade sempre utilizou meios 
para se guiar. Com a evolução da humanidade e dos 
mapas, você acreditaria que o mundo é bidimensional ao 
olhar um aplicativo de mapas em seu celular? Certamente, 
não! 
 
 
A teoria nada mais é do que uma ferramenta imperfeita. 
Baseada na realidade observada (natural, social, 
econômica etc.), seu o objetivo é ser útil para explicar o 
fenômeno estudado. Assim, muitas vezes, ela pode ser 
reduzida a simplificações grosseiras. 
 
O precursor da ciênciapropostas previamente para os problemas 
econômicos. 
 
 
II 
A mão invisível e a harmonia do mercado 
Os clássicos viam como positivos os resultados que decorriam 
naturalmente das forças econômicas. Nesse período, surgiu a 
noção de uma “mão invisível do mercado”, ou seja, forças que 
naturalmente convergiriam para um equilíbrio eficiente sem 
precisar de intervenção estatal. 
 
III 
Rupturas com o mercantilismo 
A visão clássica de um sistema econômico harmonioso destoava 
das crenças mercantilistas e escolásticas de que o mercado era 
caracterizado por desequilíbrios que exigiam intervenções e 
 
 
 
 
 
restrições. Essa visão otimista do funcionamento dos mercados é 
um dos principais traços do pensamento clássico. 
 
 
Outra característica do pensamento clássico é seu interesse no 
crescimento econômico. Essa preocupação levou seus teóricos a 
estudarem os mercados e o sistema de preços sob a ótica da 
alocação de recursos. Os economistas clássicos compreenderam a 
formação de mercados e preços relativos para entenderem seu 
impacto no crescimento econômico. 
 
Para Adam Smith (1996), o objeto de estudo da economia estava 
indicado no título completo da sua obra: é uma investigação sobre 
a natureza e as causas da riqueza das nações. Nesse contexto, as 
riquezas eram os bens que possuíam valor de troca. 
Logo, distinguia-se o valor de uso do valor de troca das 
mercadorias, sendo que este último era determinado pela 
quantidade de trabalho necessária para produzi-las. 
 
Assim, a Escola Clássica enfatizava a importância da produção — 
colocando em segundo plano o consumo e a demanda. Em termos 
gerais, os pensadores clássicos refutaram as tradições 
mercantilistas e as doutrinas fisiocratas. Eram contra as 
concepções mercantilistas de que a riqueza é constituída pelo 
entesouramento de ouro e de prata, e contra as ideias fisiocratas 
de que somente a agricultura produz valor. 
 
 É dessa crítica que a Escola Clássica elabora a teoria do 
valor-trabalho, revelando que todas as atividades em uma 
economia produzem valor e que a riqueza de uma nação é 
resultado dos valores de troca (SANDRONI, 2005). Dessa maneira, 
Adam Smith (1996) revelou que o crescimento da riqueza 
de uma nação depende basicamente da produtividade do trabalho. 
Essa produtividade, por sua vez, é função do grau de 
 
 
 
 
 
especialização ou da divisão do trabalho, determinado pela 
expansão do mercado e do comércio (SMITH, 1996). 
 
 Por isso, Adam Smith concluiu que era fundamental, em qualquer 
nação, a remoção de todas as barreiras ao comércio interno e 
externo. Para ele, essa política liberal conduziria invariavelmente 
ao desenvolvimento das forças produtivas e ao sucesso do que ele 
chamou de “mão invisível” (SMITH, 1996). Logo, as 
regulamentações estatais mercantilistas levavam a economia ao 
retrocesso. 
 
Essas análises teóricas foram também defendidas por David 
Ricardo, 
que colocou o trabalho como um determinante do valor de troca. 
Nas suas reflexões, David Ricardo observou ainda uma 
contradição entre o valor de troca e o preço relativo das 
mercadorias. 
 
Essa contradição só seria resolvida anos mais tarde por Karl Marx, 
ao analisar a transformação do valor de troca em preço de 
produção (RASMUSSEN, 2006). Além do mais, David Ricardo 
formulou o conceito de vantagem comparativa e demonstrou que o 
comércio internacional é uma situação de “ganho–ganho” para os 
países envolvidos. Essa visão clássica destruiu a equivocada teoria 
do mercantilismo, que defendia que o colonialismo deveria 
beneficiar apenas a metrópole à custa da colônia. David Ricardo 
analisou também o fenômeno econômico dos retornos 
decres-centes. Assim, ele revelou por que os custos tendem a 
crescer, em determinado momento, quando você aumenta os 
níveis de produção. 
 
 
 
 
 
 
Teóricos da economia política clássica 
Conheça um pouco mais das contribuições dos principais teóricos 
da economia política clássica: 
 
 
Adam Smith 
Um dos principais diferenciais de Adam Smith em relação aos 
autores que lhe antecederam foi seu empenhou em construir sua 
teoria de forma sistemática, como fez em A riqueza das nações. 
 
Suas principais contribuições para o campo do pensamento 
econômico envolvem o desenvolvimento do conceito de divisão do 
trabalho e a exposição de que o interesse individual racional e a 
concorrência podem conduzir ao desenvolvimento econômico. 
Além disso, suas obras também abordaram temas como teoria do 
valor, conceitos de excedente, teoria dos salários e distribuição. 
 
Os escritos de Smith exploraram uma infinidade de temas, uma vez 
que a macroeconomia da época se preocupava com um escopo 
mais amplo dos determinantes do crescimento, que não abarcavam 
apenas fatores econômicos, mas também culturais, políticos, 
sociológicos e históricos. 
Thomas Malthus 
O pensamento clássico também ganhou contribuições suas, 
embora ele seja mais conhecido por sua teoria da população. Em 
suas obras, Malthus discorreu sobre distribuição de renda e 
consumo improdutivo e apontou os riscos de uma crise de 
superprodução frente à falta de demanda ― ideia que foi retomada 
por Keynes quase um século depois. 
 
 
 
 
 
 
 
Já Thomas Malthus acrescentou ao corpo teórico da Escola 
Clássica a 
perspectiva de que a produção de alimentos cresce em progressão 
aritmética, enquanto a população tenderia a uma ampliação em 
progressão geométrica, o que acarretaria pobreza e fome 
generalizada. Para ele, as pestes, as epidemias e mesmo as 
guerras encarregam-se de equilibrar a situação. O desdobramento 
econômico desse princípio da população é de que, com o número 
de trabalhadores crescendo acima da proporção do aumento da 
oferta de trabalho no mercado, o preço do trabalho (salário) tende a 
cair, ao mesmo tempo em que o preço dos alimentos tende a 
elevar-se (SANDRONI, 2005). 
 
Apesar de polêmico e muito criticado, o princípio da população de 
Thomas 
Malthus foi incorporado por outros economistas clássicos, supondo 
que a oferta da força de trabalho era inexaurível, sendo limitada 
apenas pelo fundo de salários. Além disso, Thomas Malthus 
demonstrou que o nível de atividade numa economia dependida da 
demanda efetiva, uma ideia que mais tarde seria desenvolvida por 
Keynes. 
 
 
 
A teoria malthusiana é uma teoria econômica que defende que o 
crescimento populacional é superior à produção de alimentos, o que pode 
causar fome e miséria. Foi elaborada por Thomas Robert Malthus, um 
economista e demógrafo inglês do século XVIII. 
Teoria malthusiana 
● A população cresce em progressão geométrica, enquanto a 
produção de alimentos cresce em progressão aritmética. 
● 
● A população superaria a oferta de alimentos, resultando em 
problemas como a fome e a miséria. 
 
 
 
 
 
● 
● A melhoria da humanidade é impossível sem limites severos à 
reprodução. 
● 
Malthus e a pobreza 
● Malthus acreditava que, sempre que houvesse um suprimento de 
alimentos adequado, a população explodiria até que a comida se 
tornasse insuficiente. 
● O equilíbrio seria atingido por meio de fome, doenças e guerra. 
Malthus e a tecnologia 
● Essas teorias foram amplamente desacreditadas pelas inovações na 
tecnologia agrícola. 
● No entanto, continuam influentes no campo da biologia evolutiva. 
 
 
David Ricardo e John Stuart Mill 
 
Outro importante pensador clássico foi John Stuart Mill, que analisou 
principalmente as teses de Thomas Malthus e David Ricardo. Além do mais, John Stuart Mill 
deu sequência aos estudos de seu pai, o pensador inglês James Mill. No que se refere à 
teoria do valor, John Stuart Mill procurou demonstrar como o preço é determinado pela 
igualdade entre demanda e oferta e como a demanda recíproca de produtos afeta os termos 
do intercâmbio entre os países. Ele lançou também a ideia da elasticidade da demanda — 
expressão introduzida mais tarde por Alfred Marshall — para analisar as possibilidades 
alternativas de comércio (SANDRONI, 2005). 
 
por fim, cabe destacar que John StuartMill foi o único pensador clássico a 
abandonar o rigor doutrinário do liberalismo e do individualismo. Ele afirmava que deveria 
haver menor dependência da natureza e maior grau de intervenção governamental para a 
resolução de determinados problemas econômicos. Por exemplo, John Stuart Mill defendia, 
para contrabalançar o poder dos grandes empresários, o fortalecimento dos sindicatos e o 
recurso à greve. Defendia também que a renda, por constituir um excedente, deveria ser 
submetida à tributação (SANDRONI, 2005 
 
 
 
 
 
 
 
 
O economista David Ricardo era contemporâneo de Malthus e 
acrescentou à teoria econômica a seguinte noção: há ganhos na 
troca internacional para as duas partes que comercializam, mesmo 
que uma seja mais competitiva que a outra. 
 
Em outras palavras: é economicamente vantajoso para as duas 
partes comercializarem bens, mesmo que uma delas consiga 
produzir mais de todos os bens com a mesma quantidade de 
recursos. Essa ideia foi aprimorada posteriormente por John Stuart 
Mill sob a forma de vantagens comparativas. 
 
Os escritos de Ricardo trataram de muitos outros tópicos, como as 
teorias do valor, dos salários, de lucros e aluguel, da acumulação, 
do desenvolvimento econômico e de moeda e bancos. Ricardo 
também levantou a questão sobre as leis naturais que 
determinariam a distribuição do produto entre as classes da 
sociedade. 
 
As noções de utilitarismo começaram a ser desenvolvidas, sendo 
posteriormente incorporadas à teoria econômica. De maneira geral, 
a teoria afirma que ações que maximizam a felicidade e o 
bem-estar são boas, e que a utilidade é uma propriedade de um 
bem ou objeto capaz de produzir um benefício ou prazer. 
 
Jeremy Bentham e John Stuart Mill foram alguns dos filósofos a 
desenvolver o conceito do utilitarismo. Mill é considerado o último 
dos grandes economistas clássicos do período. 
 
 
Na teoria de renda da terra de David Ricardo, o avanço 
tecnológico é fixo, de maneira que terras mais próximas 
dos centros urbanos sempre seriam ocupadas 
 
 
 
 
 
anteriormente às mais afastadas, já que estas últimas 
teriam maiores custos de produção e menor fertilidade. 
 
De acordo com a teoria de renda da terra de David Ricardo, a renda da terra é 
determinada pela diferença de produtividade entre as terras de pior qualidade e 
as terras de melhor qualidade. As terras de pior qualidade são aquelas que 
requerem mais trabalho e capital para produzir a mesma quantidade de produto. 
No caso de terras mais próximas dos centros urbanos, as distâncias são 
menores, o que significa que os custos de transporte são reduzidos. Além disso, 
essas terras geralmente possuem maior fertilidade natural, o que significa que 
são mais produtivas. 
Portanto, as terras mais próximas dos centros urbanos sempre seriam ocupadas 
anteriormente às mais afastadas, já que estas últimas teriam maiores custos de 
produção e menor fertilidade. 
A teoria de renda da terra de David Ricardo é baseada em três pressupostos 
básicos: 
● A terra é um recurso limitado e não renovável; 
● A produtividade da terra diminui à medida que mais terra é utilizada; 
● A demanda por produtos agrícolas é constante. 
Com base nesses pressupostos, Ricardo argumentou que a renda da terra é 
determinada pela diferença de produtividade entre as terras de pior qualidade e 
as terras de melhor qualidade. As terras de pior qualidade são aquelas que 
requerem mais trabalho e capital para produzir a mesma quantidade de produto. 
No caso de terras mais próximas dos centros urbanos, as distâncias são 
menores, o que significa que os custos de transporte são reduzidos. Além disso, 
essas terras geralmente possuem maior fertilidade natural, o que significa que 
são mais produtivas. 
Portanto, as terras mais próximas dos centros urbanos sempre seriam ocupadas 
anteriormente às mais afastadas, já que estas últimas teriam maiores custos de 
produção e menor fertilidade. 
É importante ressaltar que a teoria de Ricardo é uma simplificação da realidade. 
Na prática, a renda da terra é influenciada por uma série de fatores, como o 
avanço tecnológico, as políticas governamentais e as condições climáticas. 
 
 
 
 
 
 
 
Pensamento econômico 
 
 evolução do pensamento econômico, desde suas origens até a 
economia política clássica, destacando as contribuições dos 
principais pensadores como Adam Smith e David Ricardo. 
 
 
A filosofia econômica de John Stuart Mill (1806-1873) fornece 
reflexões muito interessantes sobre os dilemas que marcaram as 
sociedades dos países centrais à medida que se industrializaram e 
ganharam força ao longo do século XIX. Como os seus 
antecedentes intelectuais, Mill argumenta a favor dos mercados 
livres e ressalta a importância da concorrência como um meio para 
prover um maior nível de bem-estar da sociedade. 
 
Acreditava, porém, que havia uma certa necessidade da 
intervenção estatal na economia quando isso se justificasse por 
razões de necessidades sociais e justiça geral. Mill foi um 
advogado do igualitarismo na esfera econômica. 
 Isso implicava uma forte convicção na importância da meritocracia 
e do esforço e responsabilidade individual, o que, por sua vez, 
pressupunha uma certa igualdade de oportunidades 
. Para Mill (1848), todos deveriam ter o mesmo ponto de partida 
para perseguir sucesso econômico. Por isso, favorecia impostos 
sobre heranças – sendo visto como uma forma de enriquecimento 
injusta, pois não implicava nenhum esforço do indivíduo –, e 
argumentava sobretudo a favor do acesso igual à educação. Sem 
isso não haveria como falar em meritocracia. Mill também defendia 
a democracia econômica como uma situação na qual os 
trabalhadores seriam responsáveis por gerir a produção e 
compartilhar seus frutos de maneira igualitária. Isso tem algumas 
semelhanças com os seus contemporâneos filósofos marxistas, 
 
 
 
 
 
porém Mill rejeitava veementemente a aversão do socialismo à 
concorrência, que na visão dele constitui um meca-nismo central 
na geração de riqueza. 
 
Os pensamentos liberais do John Stuart Mill convergem em larga 
medi-da com ideias que têm sido cada vez mais prevalentes nos 
debates do libera-lismo econômico hoje em dia. 
 Enquanto até 2000 havia uma forte tendência em ressaltar a 
importância do crescimento econômico a qualquer custo, as crises 
econômicas de 2008 e 2020, a crescente desigualdade no mundo e 
os lados negativos da globalização econômica têm levado cada vez 
mais libe-rais a apontar a necessidade de suplementar as forças do 
mercado com um grau de intervenção em prol de questões sociais. 
Hoje, instituições frequen-temente associadas ao liberalismo 
econômico, como o Banco Mundial, a Organização de Cooperação 
e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Fórum Econômico 
Mundial, aceitam as premissas de que a desigualdade social deve 
ser combatida e de que a educação universal é um meio 
abso-lutamente central nesse sentido. 
 
 O social-liberalismo de John Stuart Mill, portanto, é uma corrente 
ideológica cada vez mais presente, e é defendida sobretudo por 
observadores que ressaltam a combinação de sucesso econômico, 
competitividade e uma forte proteção social nos Estados de 
bem-estar social do norte da Europa. 
Por fim, Mill também parece estar à frente do seu tempo em suas 
reflexões sobre o valor intrínseco do meio ambiente. 
 
Destacava como o crescimento econômico desenfreado 
inevitavelmente iria prejudicar o meio ambiente e, 
consequentemente, as precondições para a vida humana saudável. 
Essas ideias têm ganhado força ao longo das últimas décadas e 
têm levado inclusive ao surgimento de perspectivas que ressaltam 
os limites do crescimento econômico e a importância de medir 
 
 
 
 
 
progresso em forma de bem-estar humano em vez do tamanho da 
economia. Também compartilham traços fundamentais com as 
perspectivas interdisciplinares so-bre o conceito do antropoceno, 
que parte do pressuposto de que, por moldar fundamentalmente a 
face da Terra, o ser humano tem se tornado uma forçada natureza 
que deve ser assim analisada. 
 
O social-liberalismo de John Stuart Mill, portanto, é uma corrente 
ideológica cada vez mais presente, e é defendida sobretudo por 
observadores que ressaltam a combinação de sucesso 
econô-mico, competitividade e uma forte proteção social nos 
Estados de bem-estar social do norte da Europa. Por fim, Mill 
também parece estar à frente do seu tempo em suas reflexões 
sobre o valor intrínseco do meio ambiente. 
 Destacava como o crescimento econômico desenfreado 
inevitavelmente iria prejudicar o meio ambiente e, 
consequentemente, as precondições para a vida humana saudável. 
Essas ideias têm ganhado força ao longo das últimas décadas e 
têm levado inclusive ao surgimento de perspectivas que ressaltam 
os limites do crescimento econômico e a importância de medir 
progresso em forma de bem-estar humano em vez do tamanho da 
economia. Também compartilham traços fundamentais com as 
perspectivas interdisciplinares so-bre o conceito do antropoceno, 
que parte do pressuposto de que, por moldar fundamentalmente a 
face da Terra, o ser humano tem se tornado uma força da natureza 
que deve ser assim analisada. 
 
 
 
Revolução marginalista e ortodoxia 
 
Revolução marginalista ou utilitarista 
 
 
 
 
 
 
Acompanhe, neste vídeo, a revolução marginalista do final do 
século XIX, destacando de que maneira economistas como Jevons, 
Menger e Walras transformaram a economia clássica em 
neoclássica ao introduzirem a análise marginal e enfocarem a 
alocação de recursos e a maximização da utilidade individual. 
 
O final do século XIX testemunhou o nascimento da teoria 
microeconômica moderna. Essa época foi marcada pela 
elaboração de um conjunto de ferramentas analíticas que 
transformou a economia clássica em neoclássica. 
 
 
A análise marginal, atualmente presente nos livros de 
microeconomia, pode ser considerada uma ferramenta muito 
importante. Além disso, a matemática foi incorporada de maneira 
definitiva na análise econômica. 
 
 
Jevons, Menger e Walras são alguns dos principais nomes 
associados a essa mudança radical na forma de conceber a teoria 
econômica. 
 
À medida que a teoria marginalista se desenvolveu, a estrutura da 
teoria econômica se modificou, de modo a elaborar um sistema 
muito diferente do exposto pela economia clássica. 
 
O interesse dos economistas clássicos no crescimento econômico 
deu lugar à alocação de recursos. O centro do sistema neoclássico 
girava em torno do problema da alocação de recursos escassos, 
dados os seus possíveis usos alternativos. 
Os marginalistas aceitavam a abordagem utilitarista e, a partir dela, 
reformularam a análise do comportamento humano, que foi 
construído a partir de cálculos racionais, visando à maximização da 
utilidade individual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Saiba Mais 
A compreensão marginalista revela outra face distinta da 
abordagem neoclássica: a mudança no agente econômico como 
objeto de análise. 
 
 
 
 
 
Os clássicos tinham como objeto principal agentes econômicos 
coletivos, como as classes sociais e o governo. Os marginalistas se 
concentravam em agregados sociais mínimos: a unidade tomadora 
de decisão, como consumidores, famílias ou firmas. 
 
 
 
 
Ortodoxia neoclássica 
 
A revolução marginalista se espalhou pelo mundo ocidental, 
impactando significativamente o pensamento econômico. No 
contexto político-econômico, a Europa Ocidental experimentava um 
momento de desenvolvimento industrial e capitalista. Em conjunto, 
esses fatores estabeleceram as bases para a economia 
neoclássica. 
 
Alfred Marshall foi um matemático que ofereceu enorme contribuição ao 
pensamento econômico com a publicação de seu livro Princípios de economia 
(1890). Sua obra pode ser entendida como uma reformulação geral da teoria 
econômica produzida até então, pois sintetizou a análise clássica e a abordagem 
marginalista de custo e utilidade e elaborou um mecanismo de análise econômica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uma de suas principais contribuições para o campo foi sua análise de equilíbrio 
parcial, que conseguiu unir várias partes da teoria econômica até então analisadas 
separadamente. Ele fez a importante distinção entre os períodos da economia, 
diferenciando o curto do longo prazo. 
 
Por último, ele introduziu e aprimorou uma série de conceitos que 
são utilizados na análise econômica, como propriedades da curva 
de demanda, distinção de retornos crescentes e decrescentes e 
maximização do bem-estar ― temas abordados até hoje em cursos 
de economia. 
 
 
Curiosidade 
O americano Irving Fisher também utilizou a matemática de forma 
extensiva em sua análise econômica. No entanto, seu trabalho 
estava voltado para a macroeconomia. Ele propôs a versão mais 
conhecida da equação quantitativa da moeda, e sua contribuição 
central para a teoria econômica foi a teoria sobre juros. Há até a 
equação de Fisher, batizada em sua homenagem. 
 
 
As transformações da revolução marginalista e da ortodoxia 
neoclássica para a economia 
 
Confira, neste vídeo, a transformação ocorrida na economia do 
século XIX com a introdução da análise marginal e a 
matematização, culminando na síntese de Marshall, que moldou a 
teoria econômica contemporânea. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Keynes em diante 
 
Economia keynesiana 
 
A Primeira Guerra Mundial foi um conflito de dimensões até então 
desconhecidas pela humanidade. Na esfera econômica, seus 
impactos envolveram a interrupção do comércio e de pagamentos 
internacionais, e levaram governos a realizar intervenções 
econômicas até então inimagináveis. Uma produção de larga 
escala foi realizada para atender às necessidades de guerra, 
gerando enormes dívidas nacionais. 
 
 
 
A profundidade das crises vivenciadas no período entre guerras 
não tinha precedentes. A crise econômica de 1929 eclodiu nos 
Estados Unidos. O desemprego atingiu níveis recordes e se tornou 
persistente. O descontentamento social não tardou a aparecer, e a 
tradição clássica ortodoxa de pensamento econômico não estava 
preparada para lidar com essa situação. 
 
O pensamento neoclássico havia se estruturado em torno da Lei de 
Say, que previa que o pleno emprego era o estado normal de 
funcionamento da economia. Se houvesse afastamento do nível de 
emprego considerado normal, não seria de grande magnitude, e o 
próprio sistema econômico providenciaria uma resposta que faria o 
emprego retornar ao seu nível normal. 
 
No entanto, a realidade parecia bastante distante do que previa o 
pensamento econômico. A ociosidade na força de trabalho e na 
capacidade da indústria alcançaram proporções incomuns e havia 
poucos indícios de que a situação estava caminhando para se 
corrigir. 
 
 
 
 
 
 
 
Comentário 
Apesar da enorme distância entre as premissas neoclássicas e os 
eventos do mundo real, os economistas neoclássicos ofereciam 
uma justificativa para essas supostas anormalidades no 
funcionamento da economia. A persistência dos altos níveis de 
desemprego poderia ser explicada pela rigidez no sistema 
econômico, que paralisava o mecanismo de ajuste natural. 
Segundo eles, a inflexibilidade dos salários, causada, 
principalmente, pela estrita adesão ao salário mínimo por influência 
dos sindicatos, não permitia que a economia seguisse sua trajetória 
natural. Assim, se os salários baixassem, empregadores 
contratariam mais trabalhadores, e a economia voltaria ao nível de 
pleno emprego. 
 
 
 
 
No início do século XX, a análise econômica retomou o interesse dos economistas 
clássicos em economia agregada, ou seja, nas teorias macroeconômica e 
monetária. 
 
John Maynard Keynes, um economista britânico, revolucionou as esferas acadêmica 
e política com as ideias que propôs em seu livro A teoria geral do emprego, do juro 
e da moeda. O pensamento keynesiano, com ênfase na política fiscal, foi tão 
influente que dominou a política econômica dos EUA e de diversas outras nações 
ocidentais no período. 
 
De certa forma, as ideias de Keynes se assemelham em vários aspectos às escolas 
que antecederam os economistasclássicos ― a mercantilista e a fisiocrata. A ideia 
de que a poupança tende a causar baixo consumo e depressão econômica, 
interrompendo o fluxo circular da renda, já havia sido apontada por economistas 
anteriores a Adam Smith e seus seguidores. 
 
 
 
 
 
 
 
Keynes também rompeu com a escola clássica em sua descrença 
na Lei de Say: diferentemente dos clássicos, ele não acreditava 
que a oferta cria sua própria demanda. 
 
Entre as principais ideias expressas em sua teoria geral, estão: 
 
● A teoria da preferência pela liquidez: ofereceu uma explicação 
para os determinantes da taxa de juros sob a ótica do 
mercado de moeda. 
● A teoria da demanda efetiva. 
● A noção de um efeito multiplicador na economia: é devida ao 
componente do consumo na renda. 
● A relação entre poupança e investimento. 
Boa parte desses conceitos está presente nos cursos 
contemporâneos de macroeconomia. 
As ideias desenvolvidas por Keynes representaram uma mudança 
na meta da política pública: estabilização dos preços altos para 
manutenção do nível de renda e emprego. 
 
Keynesianismo 
O keynesianismo surgiu no momento em que a economia mundial 
sofria os efeitos adversos da crise de 1929, durando toda a década 
de 1930 até o início da Segunda Guerra Mundial. Nessa escola do 
pensamento econômico, a intervenção do Estado na vida 
econômica é fundamental, e as políticas básicas são sugeridas na 
principal obra de John Maynard Keynes, A Teoria Geral do 
Emprego, do Juro e da Moeda. 
 
 
As visões do keynesianismo propunham solucionar os problemas 
econômicos, em especial o problema do desemprego, pela 
intervenção estatal — desencorajando, assim, o entesouramento, 
 
 
 
 
 
em prol das despesas produtivas e dos gastos agregados. Em 
outras palavras, o Estado tinha na economia, sobretudo, em 
períodos de crise/depressão econômica, a função de manter 
elevados a demanda e o consumo agregados 
 
Com a demanda agregada elevada era possível manter os 
investimentos 
públicos e privados aquecidos. Além do mais, esse cenário permitia 
manter a taxa de juros baixa — beneficiando novos investimentos. 
Em termos práticos, as grandes despesas governamentais seriam 
responsáveis pela retomada de uma economia em crise/depressão 
econômica 
 
De fato, sob o estímulo de grandes gastos do Estado, impostos 
pela Segunda Guerra Mundial, a crise do desemprego nas décadas 
de 1930 e 1940 deu lugar à falta de mão-de-obra na maioria dos 
países. Em poucas palavras, diferentes economistas keynesianos 
passaram a defender que o capitalismo poderia ser salvo, desde 
que os governos soubessem fazer uso de seu poder de cobrar 
impostos, reduzir juros, contrair empréstimos e gastar dinheiro 
 
Conforme Sandroni (2005), após a Segunda Guerra Mundial, o 
pensamento 
keynesiano converteu-se em ortodoxia, ou seja, em teoria 
dominante, tanto para os economistas quanto para a maioria dos 
políticos. Nesse contexto, o keynesianismo econômico lançou 
raízes, sobretudo, nos Estados Unidos. Isso porque os Estados 
Unidos estavam temerosos de que o fim da Segunda Guerra 
pudesse provocar uma nova recessão econômica em todo o 
mundo capitalista. 
 
Assim sendo, o foco conceitual do keynesianismo econômico 
estava na atuação a longo prazo do Estado, mediante o uso 
sistemático de políticas monetárias e fiscais expansionistas. 
 
 
 
 
 
A chamada teoria do declínio das oportunidades de investimento 
seria corrida pelo Estado, evitando que a economia capitalista 
entrasse constantemente em crises/depressões. Portanto, o Estado 
interventor seria fundamental — inclusive — para garantir a 
sobrevivência sistêmica do capitalismo. 
 
OBS: 
O neoliberalismo econômico nada mais é do que o resgate de 
diversos 
conceitos e ideais do liberalismo clássico. Como a escola liberal 
clássica, os neoliberais acreditam que a vida econômica é regida 
por uma ordem natural formada a partir das livres decisões 
individuais e cuja mola-mestre é o me-canismo de preços 
 
Para termos uma visão geral dos princípios keynesianos, vamos 
considerar 
os conceitos mais importantes da escola, que são: a teoria da 
distribuição, segundo a produtividade marginal; a economia da 
dívida; a teoria da taxa de juros; o princípio da demanda efetiva; a 
propensão marginal a consumir e multiplicador; e a determinação 
dos dispêndios de investimento 
 
 
Na teoria da distribuição, segundo a produtividade marginal, 
Keynes endossava e defendia a teoria da distribuição baseada na 
produtividade marginal (neoliberal ou neoclássica). 
 
 Logo, o salário é igual ao produto marginal do trabalho. Keynes 
argumentava que, para aumentar o emprego, os salários teriam 
que baixar, e os lucros teriam que aumentar. Assim sendo, o 
comportamento maximizador de lucros motivaria os capitalistas a 
empregar trabalhadores até o seu salário igualar-se ao valor do 
produto marginal 
 
 
 
 
 
 
Na economia da dívida, Keynes demonstrou que os gastos do 
governo, 
financiados por empréstimos, seriam muito mais eficazes para 
estimular a procura agregada do que os gastos financiados pela 
tributação — já que a tributação retirava recursos que seriam 
gastos de outra maneira (SILVA, 2010). Um exemplo observado por 
ele foi o desempenho dos Estados Unidos, depois da Segunda 
Guerra Mundial, que melhorou e muito com a expansão maciça e 
acelerada do endividamento público 
 
Na teoria da taxa de juros, Keynes trouxe à luz as razões pelas 
quais 
não se podia confiar que a taxa de juros equilibrasse 
automaticamente a poupança e o investimento. Ele afirmava que a 
taxa de juros não canalizava automaticamente as poupanças para 
os investimentos, da maneira concebida pelos neoclássicos. Logo, 
a procura de moeda não apenas como algo racional, mas também 
uma necessidade psicológica básica — tanto que concebia o juro 
como o preço para que um indivíduo se privasse da liquidez, não 
como recompensa pela abstinência. 
 
No princípio da demanda efetiva, a ideia era o oposto da lei de Say. 
Assim, quem determinava o volume da produção e do emprego era 
a demanda efetiva, que não é apenas a demanda efetivamente 
realizada, mas ainda o que se espera que seja gasto em consumo 
e investimento. 
Nessa visão, a expectativa dos capitalistas é muito importante. 
Nessa situação, a demanda efetiva pode ser maior ou menor que a 
capacidade produtiva de um país, em determinado momento. Por 
isso, a busca pelo pleno emprego torna-se um dos objetivos da 
macroeconomia, um objetivo que deve ser alcançado por vontades 
políticas 
 
 
 
 
 
 
Por fim, o custo dos bens de capital, o rendimento monetário 
esperado e 
a taxa de juros do mercado. Ele compreendeu que as expectativas 
regem a escala de procura de investimento. São as expectativas de 
longo prazo que determinam a capacidade dos empresários de 
estimar rendas futuras e, assim, realizar seus investimentos no 
presente. 
 
 
 
O economista John Maynard Keynes (1883-1946) está entre as 
figuras 
mais proeminentes do chamado liberalismo moderno. Keynes 
trabalhou durante a primeira década do século XX. Ele observou 
que a convicção nas forças de mercados descontrolados poderia 
levar ao colapso econômico – como foi o caso na Grande 
Depressão (1929-1933) –, mas também que a iniciativa estatal 
poderia atenuar e reverter essa situação – como ocorreu nos EUA 
com o New Deal (1933-1937) e durante a transição da indústria dos 
EUA para o país poder se engajar na Segunda Guerra Mundial. 
Keynes ressalta fortemente a importância de o Estado estimular a 
economia em períodos de crise e recessão econômica por meio de 
investimentos em programas sociais e obras 
públicas. Antes era comum pensar que a taxa de crescimento 
econômico oscilava naturalmente e que nada poderia ser feito para 
evitar isso. Keynes discorda desse pensamento e afirma que, se o 
governo gastasse o suficiente para “aquecer a economia” e fazer o 
dinheiro girar quando os atores privados fossem mais resilientes 
em contratar e fazer investimentos, seria possível manter um ritmo 
constante de crescimentopositivo (Keynes, 1936). 
 
 
 No plano internacional, Keynes defendia que o problema 
recorrente de desequilíbrios comerciais fosse endereçado por meio 
 
 
 
 
 
de uma organização internacional, cujo trabalho seria regular as 
taxas de câmbio internacionais. Dessa forma, seria possível 
garantir que nenhum país ficasse sem divisas externas. 
 
Os pensamentos de Keynes foram muito importantes para definir a 
ordem econômica internacional após a Segunda Guerra Mundial. 
Teve participação destacada na conferência de Bretton Woods, na 
qual os pilares do sistema monetário, financeiro e comercial 
internacional foram definidos (Ruggie, 1982). A destruição do 
continente europeu demandava uma grande necessidade de prover 
os meios necessários para reconstrução, algo que somente o 
governo norte-americano poderia fornecer. 
As ideias de Keynes, portanto, ganharam uma espécie de 
“extensão internacional” por meio da ajuda do Plano Marshall, que 
se constituiu em uma massiva ajuda dos EUA para a reconstrução 
da Europa. Numa perspectiva estratégica, o plano teve o objetivo 
de evitar que a miséria econômica levasse países europeus a se 
aproximar do comunismo e da União Soviética. Mas, pela ótica 
econômica, o Plano Marshall também teve o papel de criar 
importantes parceiros comerciais para os EUA na Europa Ocidental 
e assim garantir que vínculos comerciais mais duradouros entre os 
dois lados do Atlântico do Norte. 
 
O pensamento de Keynes teve fortes reflexos nas instituições da 
ordem mundial pós-Segunda Guerra, mas também teve muito 
fôlego dentro dos países ocidentais. Em muitos deles, o Estado 
teve uma participação econômica mais direta, e a transferência de 
renda e aumento salarial dos trabalhadores garantiram que as 
indústrias tivessem grandes mercados internos sobre os quais 
puderam crescer. 
As décadas de 1950 e 1960 foram de fato um período em que 
muitos países desenvolvidos puderam vivenciar o maior 
crescimento econômico ininterrupto da sua história. As ideias de 
Keynes de deixar o mercado operar enquanto puder, mas não ter 
 
 
 
 
 
medo de fazer o Estado intervir quando for necessário, estiveram 
fortemente presentes nas políticas econômicas que levaram ao 
crescimento desses países. Isso pode parecer um pouco com o 
estatismo econômico – que iremos explorar em seções seguin-tes 
–, mas o keynesianismo ainda costuma ser tratado dentro do 
arcabouço geral de filosofia econômica liberal. Isso se deve, 
principalmente, à visão de Keynes de não subjugar as forças do 
mercado, mas corrigir e estimular o seu comportamento quando 
julgado pertinente. 
 
 
Mais tarde, contrariando o pensamento liberal (que se afirmara 
como crítica ao mercantilismo), Keynes foi buscar aos 
mercan-tilistas a ideia de governo da economia, conferindo a estes 
autores uma nova modernidade. Eles não foram, por certo, os 
primeiros teóricos da ciência económica, mas foram talvez, como 
Keynes salientou, os “primeiros pioneiros do pensamento 
económico”, não sendo descabido reconhecer que há “elementos 
de verdade científica contidos na doutrina mercantilista”. 
 
Economia depois de Keynes 
Entre as décadas de 1940 e 1970, muitos economistas 
aprimoraram as ideias de Keynes, enquanto alguns se opuseram a 
elas. 
 
A influência mais importante do trabalho de Keynes foi sua 
incorporação em forma de síntese na estrutura geral de princípios 
econômicos aceitos. Uma das maiores contribuições nesse aspecto 
foi o livro Fundamentos da análise econômica (1947), de Paul 
Samuelson. Essa obra explicava as ideias e os princípios do 
pensamento econômico em conjunto com os princípios ortodoxos 
dos economistas neoclássicos. 
 
 
 
 
 
 
Outros, no entanto, discordavam de Keynes, como Milton Friedman, um grande 
defensor da eficiência dos mercados e da interferência mínima dos governos. Uma 
de suas maiores contribuições para a economia foi sua teoria da renda permanente. 
 
No período subsequente, durante as décadas de 1970 e 1980, outras teorias 
ganharam força: a teoria das expectativas racionais, de Robert Lucas, e as ideias da 
economia pelo lado da oferta. Ambas as teorias se utilizam das premissas 
neoclássicas básicas e desafiam as proposições teóricas da economia keynesiana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.Pesquisa econômica atual 
 
Pesquisa econômica 
A pergunta que você deve estar se fazendo neste momento é: 
 
Para onde vamos: o que tem sido feito na pesquisa econômica? 
A economia como ciência teve sua origem há muitos séculos. Ao 
longo de sua trajetória, seu objeto de análise passou por 
transformações, bem como seu método e sua abordagem teórica, 
sendo diretamente influenciada pelos contextos sociais e políticos 
da época em que seus teóricos viveram. 
 
 
 
 
 
 
 
Mais recentemente, no século XX, a economia consolidou o 
ferramental matemático como instrumento de análise. Isso a 
distingue das demais ciências sociais, subdividindo-a em duas 
grandes áreas: macroeconomia e microeconomia. 
 
De forma mais específica, você deve estar se perguntando: 
 
● Mas e atualmente, como está a ciência econômica? 
● Ela tem o mesmo enfoque e os mesmos métodos de antigamente? 
● Quais campos têm sido estudados pela economia, e o que tem sido 
pesquisado? 
 
Pensando em todas essas questões, vamos apresentar algumas 
áreas da economia que não são muito conhecidas fora da 
profissão. Citaremos também alguns grandes economistas dos 
últimos tempos. 
 
Ao longo dos anos, conforme a ciência econômica foi se 
desenvolvendo, novas áreas foram surgindo, principalmente na 
área da economia aplicada. 
 
Os economistas, em vez de focarem as relações econômicas 
tradicionais como objeto de estudo, passaram a aplicar as teorias 
desenvolvidas e o ferramental econômico em outras áreas, como 
educação, saúde, desenvolvimento, política e meio ambiente. 
 
Essas novas áreas de pesquisa, muitas vezes, deixam de fazer a 
clara distinção entre macro e microeconomia, juntando, inclusive, 
algumas das áreas citadas, como veremos. 
 
Teoria dos jogos 
A ciência econômica busca analisar as decisões individuais e como 
os indivíduos tomam ótimas decisões. 
 
 
 
 
 
 
O campo da teoria dos jogos tem como interesse situações em que 
os indivíduos se comportam estrategicamente, isto é, como as 
pessoas vão decidir quando as escolhas dos outros interferem no 
resultado. 
 
Exemplo 
Dois criminosos foram presos pela polícia, que os interroga em 
salas separadas. Caso apenas um deles confesse individualmente, 
esse será libertado logo pela sua colaboração, e o outro terá uma 
pena maior (três anos de prisão). Caso ambos confessem, eles 
serão condenados a uma pena igual: dois anos de prisão. Se 
nenhum dos dois confessar, eles receberão apenas a pena por um 
crime menor (um ano de prisão). 
 
Qual será a decisão individual? Qual será o resultado? Claramente, 
a ação de um dos criminosos influenciará o resultado do outro. 
 
 
Os pioneiros da área são os matemáticos John Von Neumann, 
John Nash e o economista Oskar Morgenstern. 
 
Embora a área seja considerada nova, o desenvolvimento da teoria 
dos jogos foi uma revolução na economia ao abordar problemas 
cruciais por meio de modelos matemáticos. 
 
Por exemplo, a economia neoclássica tinha grande dificuldade em 
lidar com a competição imperfeita, como oligopólios. Com o 
crescimento da teoria dos jogos, foi possível modelar o 
comportamento competitivo dos agentes. Além disso, a teoria tem 
uma gama de aplicações, sendo usada em economia, psicologia, 
biologia evolucionária, guerras e política. 
 
 
 
 
 
 
https://conteudo.ensineme.com.br/ge/00480/intro?brand=estacio#
 
 
Economia política 
 
Apesar de a economia política como campo de estudo ser uma 
área antiga, sua vertente contemporânea é bem distinta da anterior. 
Hoje, a pesquisa estuda como as escolhas de políticas públicas 
são realizadas por políticos escolhidos por eleitores que compõem 
uma sociedade (democrática ou não). 
 
 
 
Uma de suas grandes contribuições foi mostrar que, para explicarresultados econômicos, é preciso olhar além de preços e renda, 
analisando também a história e a sociologia. 
 
Um dos fundadores da área ― como a conhecemos atualmente ― 
é o italiano Alberto Alesina. Em seus trabalhos, ele atentou para os 
seguintes aspectos: 
 
● Períodos eleitorais podem gerar comportamento cíclico na 
atividade econômica. 
● Fatores políticos levam ao acúmulo de dívida pública maior do 
que o socialmente desejável. 
● A independência dos bancos centrais, em relação a pressões 
políticas, era um fator preponderante para a estabilidade 
macroeconômica. 
 
 
Alesina estabeleceu como a desigualdade de renda poderia ser prejudicial ao 
crescimento econômico, pois desencadeava conflitos políticos redistributivos. Ele e 
trouxe o estudo da cultura como um grande determinante de resultados políticos e 
econômicos. 
 
Segundo ele, as mesmas variáveis culturais, sociológicas e históricas que 
influenciam as escolhas de determinadas formas de instituições podem estar 
 
 
 
 
https://conteudo.ensineme.com.br/ge/00480/intro?brand=estacio#
 
correlacionadas à política fiscal. Perguntas como o motivo de os EUA gastarem 
pouco com bem-estar em comparação à Europa podem ter suas respostas em 
questões culturais. 
 
Assim como Alesina, outros dois italianos, Persson e Tabellini, contribuíram 
consideravelmente para a área. Eles combinaram o melhor de três diferentes áreas 
para sugerir uma abordagem unificada em economia política. Veja: 
 
 
Macroeconomia moderna 
Indivíduos se comportam de forma racional, e suas preferências 
sobre os resultados econômicos induzem suas preferências sobre 
políticas. 
Escolha pública 
A delegação de decisões políticas para representantes políticos 
pode resultar em problemas de agência entre políticos e eleitores, 
que são situações em que uma ação é delegada de um agente 
para o outro. Em geral, eles possuem objetivos conflitantes, de 
forma que o resultado ótimo para um não é desejável para outro. 
 
Por exemplo, existe um fazendeiro e um agricultor que trabalham 
em uma fazenda. O objetivo do fazendeiro é maximizar seu lucro, 
enquanto o do agricultor é maximizar seu bem-estar. No cenário 
em que o fazendeiro delega o cuidado da plantação para o 
agricultor, o resultado do lucro dependerá do esforço do agricultor. 
 
Na ausência de mecanismos que incentivem o agricultor a se 
esforçar, buscando a maximização de lucro, o resultado não será o 
esperado pelo fazendeiro. Na política, isso também ocorre, uma 
vez que o incentivo dos políticos difere do incentivo dos eleitores. 
Escolha racional 
 
 
 
 
 
As instituições políticas moldam os processos pelos quais os 
políticos são eleitos e as políticas públicas são executadas. 
 
 
 
 
Economia comportamental 
Economistas clássicos introduziram a noção de que interesses 
individuais racionais importam. 
 
A teoria contemporânea pressupõe que indivíduos são racionais e 
tomam decisões com base nas informações disponíveis, fazendo 
as escolhas que geram maiores ganhos com base em alguma 
medida de benefício. 
 
 
 
 
 
Partindo do entendimento de escolhas racionais, um consumidor 
não vai comprar dois pares de sapatos quando precisa apenas de 
um. Também é razoável supor que as pessoas vão economizar ao 
longo de suas vidas para garantir uma aposentadoria, e pessoas 
endividadas cortariam seus gastos em vez de parcelar uma nova 
televisão no cartão de crédito. 
 
 
Se somos realmente racionais, por que tantas pessoas fazem o 
oposto do que a teoria supõe? 
 
 
Richard Thaler, um economista norte-americano, e Daniel Kahneman, psicólogo 
israelense, foram pioneiros em unir economia e psicologia, criando e desenvolvendo 
 
 
 
 
 
o campo da economia comportamental. Ambos foram premiados com o Nobel pelas 
suas contribuições. 
 
A premissa básica é que os seres humanos nem sempre são racionais. Muitas 
vezes suas escolhas podem ser baseadas em questões subjetivas e culturais, que, 
em alguns momentos, pesam mais que a racionalidade. Isso não significa que a 
economia comportamental abandone por completo a noção de racionalidade, mas 
ela apenas incorpora ao processo de tomada de decisão outros fatores antes 
desconsiderados. 
 
A economia comportamental tenta explicar por que as pessoas não 
economizam para a aposentadoria, priorizando o consumo no 
presente. Isso ocorre porque o prazer atual é mais próximo e mais 
palpável do que o possível sofrimento em um tempo futuro e 
distante. 
 
 
 
 
Thaler explica também o comportamento de manada nos mercados financeiros: 
quando o mercado está em alta, mais pessoas decidem investir nas ações, o que 
decorre de um pensamento irracional de que os preços vão subir amanhã porque 
estão subindo hoje. 
 
Outro aspecto da economia comportamental é o nudge, uma espécie de 
"empurrãozinho" que pode influenciar o processo de tomada de decisão de um 
indivíduo. Ou seja: é mais provável que as pessoas escolham uma opção específica 
se ela for a padrão. 
 
 
 
Exemplo 
No preenchimento de cadastros, as pessoas estão mais inclinadas 
a receber e-mails de promoções se essa for a opção padrão, 
devendo clicar no botão de que não desejam estar na lista desses 
e-mails para desativar o recebimento, do que se necessitarem 
clicar em um botão afirmando que desejam estar na lista. Em 
 
 
 
 
 
outras palavras, as pessoas tendem a aceitar a opção que lhes é 
oferecida, e não arcar com os custos psicológicos da escolha. 
 
 
A premissa básica da economia comportamental é que os seres 
humanos nem sempre são racionais. 
 
 
 
Economia política 
Confira, neste vídeo, análises sobre ciclos eleitorais, dívida pública 
e influência cultural nas decisões políticas, além de uma 
abordagem unificada em economia política, revelando como as 
instituições políticas moldam os processos de tomada de decisão. 
 
 
Desenvolvimento econômico 
 
Acompanhe este vídeo, que aborda desde os métodos para 
promover o crescimento até a análise de variáveis sociais, 
educacionais e de saúde, destacando a evolução dos modelos e a 
crescente incorporação de fatores, como progresso tecnológico e 
qualidade das instituições, enquanto o desenvolvimento econômico 
enfrenta desafios, como a dupla causalidade e o impacto das 
culturas e crenças. 
 
 
A economia do desenvolvimento se volta para os países de baixa 
renda, estudando seu processo de desenvolvimento. Essa área 
cobre diversos outros campos que afetam o crescimento social e 
econômico dos países, pois o processo de desenvolvimento 
econômico é amplo e complexo. 
 
 
 
 
 
 
Nesse sentido, a economia do desenvolvimento enfoca métodos 
que promovem o crescimento econômico, as mudanças estruturais 
e a melhora de aspectos que englobam a população, como 
condições de saúde, educação e trabalho. 
 
O crescimento econômico, em particular, é investigado há muitos 
anos por economistas da história do pensamento econômico. 
Como a economia, essa área passou por diversas transformações 
até se tornar o que é atualmente. 
 
Os neoclássicos propuseram alguns modelos de desenvolvimento 
econômico que frequentemente são vistos nos cursos de 
macroeconomia e desenvolvimento de um currículo de graduação 
em economia. 
 
Com o passar dos anos, esses modelos foram ficando cada vez 
mais sofisticados, incorporando mais elementos e variáveis 
determinantes do crescimento econômico, visando torná-los mais 
próximos da realidade. 
 
Características como crescimento populacional, progresso 
tecnológico, capital humano e até o papel e a qualidade das 
instituições foram, pouco a pouco, sendo incorporadas nas 
equações. 
 
 
 
Saiba Mais 
Alguns dos economistas mais importantes a elaborar modelos de 
desenvolvimento são: Roy Harrod, Evsey Domar, Robert Solow e 
Paul Romer. 
Algumas características que foram incorporadas aos poucos às equações 
são: 
 
 
 
 
 
 
● Crescimento populacional 
● Progresso tecnológico 
● Capital humano 
● Papel e qualidade das instituições 
 
 
Daron Acemoglu e James A. Robinson são dois economistas 
contemporâneosque mostraram evidências empíricas robustas 
sustentando a tese do papel desempenhado pelas instituições no 
desenvolvimento econômico, com ênfase nos direitos de 
propriedade. 
Outros economistas apontam, entre outros tantos fatores 
institucionais que impactam o crescimento, para: 
 
● A importância da organização dos sistemas financeiros 
nacionais. 
● O desenho de constituições. 
● O tipo de regime de um país (democrático ou autoritário). 
● O grau de liberalização comercial de um país. 
O grande desafio da área é a dupla causalidade que esses fatores 
costumam apresentar com o crescimento econômico. 
 
Instituições melhores levam ao maior crescimento econômico 
ou países que têm maior crescimento econômico estabelecem 
melhores instituições? 
 
 
Embora exista um problema de dupla causalidade que dificulte 
determinar se instituições afetam o crescimento econômico, Daron 
Acemoglu e James A. Robinson apresentaram evidências empíricas de 
que as instituições desempenham importante função no 
desenvolvimento econômico. 
 
 
 
 
 
 
A preocupação com que os parâmetros e os dados inseridos no modelo 
explicassem a realidade levou os economistas a elaborarem modelos de 
desenvolvimento cada vez mais sofisticados. 
 
Direitos de propriedade e abertura comercial estão entre os 
principais determinantes do desenvolvimento econômico. Direitos de 
propriedade bem definidos geram incentivos ao investimento, e a 
abertura comercial permite acesso a bens e tecnologias por menor 
preço, entre diversos outros efeitos. 
 
Outra camada do desenvolvimento econômico ― talvez a mais 
desafiadora ― é a do impacto das culturas e das crenças no 
crescimento. Nesse caso, o obstáculo é que crenças e costumes 
são elementos muito difíceis de serem medidos e capturados pelos 
dados, mas isso não significa que devam ser ignorados. 
 
Na última década, a literatura econômica vem desenvolvendo 
muitos estudos nessa área mostrando como normas sociais, 
crenças individuais e coletivas influenciam as preferências dos 
indivíduos, e que as diretrizes variam lentamente ao longo do 
tempo. 
 
Economia da pobreza 
É outro campo que se propôs a investigar a economia de baixa 
renda. 
 
Os laureados com o Prêmio Nobel de Economia de 2019, Michael 
Kremer, Esther Duflo e Abhijit Banerjee, fizeram contribuições com 
uma abordagem experimental para aliviar a pobreza global. 
 
Os três economistas publicaram uma série de artigos, muitas vezes 
em conjunto, utilizando um método bastante empregado na 
medicina: randomized controled trials (RCTs), ou estudos 
 
 
 
 
 
aleatorizados controlados. De forma resumida, essa abordagem 
experimental consiste em dividir a população de um estudo em 
grupos aleatorizados de controle e tratamento para testar a 
efetividade de determinada política. 
 
 
Os autores realizaram uma série de estudos desse tipo, desenvolvendo uma 
ferramenta muito poderosa para testar intervenções que podem reduzir a pobreza. 
Elas variam desde a realização de tutorias corretivas nas escolas, passando pelo 
fornecimento de redes contra mosquitos para famílias (para prevenir doenças), até 
políticas de microcrédito. 
 
O sucesso dessa abordagem influenciou consideravelmente a forma de avaliar 
políticas de nossa geração. Embora não apontem um amplo conjunto de 
conclusões, esses estudos permitem tirar lições simples, mas valiosas, com grandes 
efeitos para a erradicação da pobreza. 
 
Outra vantagem é que, pelo fato de serem estudos controlados, há a possibilidade 
de verificar possíveis efeitos colaterais não antecipados, colocando na balança, ao 
final dos experimentos, os benefícios e os custos não antecipados das intervenções. 
 
Economia da desigualdade 
Vamos iniciar entendendo que a desigualdade econômica é um 
tópico de interesse e uma preocupação de cientistas sociais. Existe 
uma grande variedade de tipos de desigualdade econômica, muitas 
vezes medida na forma de distribuição de renda ou riqueza. Ela 
também pode ser avaliada como desigualdade entre países, 
regiões ou grupos de pessoas. 
 
A lista de pessoas que já estudou esse tópico é extensa. 
 
 
 
 
 
 
O economista francês Thomas Piketty escreveu o livro O Capital no 
Século XXI (2013), que aborda o crescimento da desigualdade da 
riqueza mundial. A obra causou rebuliço no meio acadêmico ao 
trazer à tona o debate sobre taxação progressiva e tributação da 
riqueza global como único caminho eficiente para combater a 
concentração da renda, que, segundo o autor, seria consequência 
inevitável do capitalismo. 
 
Documentando com dados detalhados a evolução histórica da 
concentração da renda e da riqueza, Piketty desenvolveu uma 
grande teoria do capital e da desigualdade. Alguns autores já 
elaboraram estudos rebatendo suas conclusões, mas o debate 
ainda está em desenvolvimento. 
 
 
Outras áreas voltadas à economia 
 
Economia da saúde e da educação 
 
 
 
 
 
São campos da economia que aplicam princípios e métodos 
econômicos para analisar e compreender os sistemas de saúde e 
educação. Conheça a seguir suas principais características. 
 
 
Economia da saúde 
É a área de estudo aplicado que permite uma análise rigorosa e 
sistemática dos problemas enfrentados na promoção da saúde 
para todos. Economistas da saúde utilizam as teorias do 
consumidor, do produtor e da escolha social como ferramenta para 
entenderem o comportamento dos indivíduos, dos provedores de 
saúde e de organizações públicas e privadas. 
 
Um dos muitos exemplos estudados por economistas da saúde 
envolve perguntas como: transferências governamentais durante a 
gravidez melhoram a saúde da criança ao nascer? 
 
 
 
Economia da educação 
 
 
 
É a área que estuda questões relacionadas à educação, sejam elas 
de demanda própria, seu financiamento e sua provisão, ou 
relacionadas à eficiência comparativa entre diferentes programas e 
políticas. 
 
Uma pergunta que economistas da educação se preocupam em 
responder é: há uma relação entre escolaridade e resultados no 
mercado de trabalho? 
 
 
 
 
 
 
 
 
O programa Renda Melhor Jovem, elaborado pelo governo do 
estado do Rio de Janeiro, era um exemplo de política pública que 
aplicava o conceito de custo de oportunidade. Será que essa 
política foi eficaz, possibilitando jovens permanecessem mais 
tempo na escola para, no futuro, terem um salário melhor no 
mercado de trabalho? Questões assim também fazem parte das 
preocupações da área. 
 
 
 
Outras áreas voltadas à economia 
Listamos aqui uma série de áreas nas quais a literatura econômica 
encontra terreno fértil e campo nas últimas décadas. 
 
Entretanto, existem muitos outros campos que economistas pode 
estudar e nos quais podem atuar, o que é uma das grandes 
vantagens da profissão. Além disso, campos mais clássicos, como 
macroeconomia e microeconomia, seguem igualmente trazendo 
novidades. 
 
 
 
 
1 
Economia do trabalho 
Procura entender o funcionamento e a dinâmica dos mercados de 
trabalho assalariado. 
 
 
2 
Economia ambiental 
Dedica-se a estudar a escassez dos recursos ambientais, 
propondo minimizar o impacto causado no meio ambiente. 
 
 
 
 
 
 
 
3 
Economia do crime 
É uma área relativamente nova. Usa o raciocínio econômico para 
explicar a tomada de decisões em condutas ilícitas. 
 
 
4 
Econometria 
Desenvolve um ferramental mais aplicado do que outras áreas e 
pesquisas citadas aqui e possui uma gama de possibilidades 
praticamente infinita. 
 
 
Economias que descrevem e transformam sociedades 
 
Assista, neste vídeo, às nuances da economia política, desde os 
ciclos eleitorais até a influência da cultura nas escolhas políticas, e 
à economia da pobreza, revelando como estudos experimentais 
estão transformando a luta contra a pobreza global. 
 
 
 
 
 
 
TEMA 2 
 
 
 
 Contas Nacionais e Indicadores Econômicos 
Propósito 
 
 
 
 
 
 
Compreender os princípios de contas nacionais e os principais indicadores 
socioeconômicos permite acompanhar e avaliar a economia nacional e o bem-estar 
social,o que faz parte do trabalho de cientistas sociais de todas as áreas. 
 
 
Objetivos 
● Reconhecer os princípios básicos das contas nacionais. 
● Reconhecer indicadores complementares às contas nacionais. 
 
 
Introdução 
 
De forma geral, a contabilidade nacional é um sistema contábil que permite a 
avaliação da economia em certo período de tempo, em seus mais variados 
aspectos, assim como indicadores socioeconômicos. 
 
 
O Produto Interno Bruto (PIB) é a estatística mais importante do sistema de contas 
nacionais. Analisar a evolução do PIB é função da teoria macroeconômica, como 
você poderá estudar em outras oportunidades. 
 
 
As contas nacionais fornecem os insumos, em forma de dados, para que a 
macroeconomia utilize modelos empíricos e explique a evolução do PIB. 
Assim como as contas nacionais, os indicadores sociais informam sobre o estado da 
economia. As contas nacionais monitoram o gasto dos consumidores, as vendas 
dos produtores, os gastos de investimentos privados e públicos, as compras do 
governo e outras diversas transações entre setores da economia, permitindo a 
investigação do motivo pelo qual alguns países são mais ricos ou crescem mais 
rápido do que outros. 
 
 
O PIB tem algumas limitações, e, por isso, existem outros indicadores 
socioeconômicos também utilizados para mensurar a situação econômica, como 
taxa de desemprego, coeficiente de Gini, índice de desenvolvimento humano, 
índices de preços e taxa de inflação. 
 
 
 
Produto Interno Bruto – PIB 
Para começar, vamos analisar a questão a seguir: 
 
 
 
 
 
“Em 2010, o Brasil registrou um crescimento expressivo do PIB, da ordem de 7,5%.” 
(Fonte: UOL Educação). Refletindo sobre essa informação, o que você entende 
sobre PIB? 
 
 
O PIB é o indicador mais utilizado para analisar o desempenho de uma 
economia. Seu objetivo é sintetizar em um único número o valor 
correspondente à atividade econômica em moeda corrente. 
 
Percebemos que o PIB é um indicador essencial e muito útil. Ele é utilizado, 
preponderantemente, em nossa economia. No Brasil, quem é responsável pelo 
cálculo do PIB? O PIB é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE), a partir de diversos dados, tanto administrativos quanto oriundos de 
pesquisas domiciliares. Alguns desses dados são produzidos pelo próprio IBGE e 
outros são provenientes de fontes externas, como o Banco Central e a Fundação 
Getúlio Vargas. 
 
 
O PIB se refere ao valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos 
dentro de um país, independentemente da nacionalidade dos proprietários das 
unidades produtoras desses bens e serviços. O PIB é medido a preços de mercado 
e pode ser calculado sob três aspectos: 
pela ótica da produção; pela ótica da renda; pela ótica do dispêndio. 
 
É muito comum ainda o cálculo do PIB per capita, que é a relação econômica 
estabelecida entre o PIB e a população de um país. Além disso, o PIB pode ser 
calculado nacionalmente, regionalmente ou a nível das estruturas locais (dos 
municípios, por exemplo). No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE) calcula e publica as estatísticas do PIB regularmente, de três em três meses 
(trimestralmente) 
 
 
O PIB é o mais importante indicador do desempenho 
macroeconômico de um país. 
 
 
 
 
 
Fluxo circular do PIB 
 
 
 
 
 
O PIB é a soma do valor de todos os bens e serviços finais produzidos em um país 
ao longo de um período de tempo. Uma forma de calcular diretamente o PIB é 
pesquisar as firmas desta economia e somar o valor de sua produção de bens e 
serviços finais, ou seja, somando o fluxo de fundos recebidos pelas vendas no 
mercado de bens e serviços. Mas, afinal, só existe essa forma de cálculo? 
Cálculo do PIB 
Veja a seguir uma breve contextualização sobre as variações de cálculo. 
 
Podemos visualizar diversas maneiras de calcular o PIB analisando o fluxo circular 
expandido. O princípio fundamental das contas nacionais é que o fluxo de dinheiro 
que entra em cada setor ou mercado é igual ao que sai. O princípio fundamental 
exige que a soma total de fluxos de capital que sai de determinada caixa seja igual à 
soma total que entra. É uma questão de contabilidade. Observe o fluxo circular na 
imagem. 
 
As famílias têm gastos nos mercados de bens e consumo, e também são 
proprietárias dos fatores de produção, vendendo o uso destes às firmas e 
recebendo em troca salários, lucros, juros e aluguéis. As empresas compram e 
pagam pela utilização desses fatores de produção. 
 
A maior parte da renda das famílias é proveniente de salários pela venda da mão de 
obra. Além dos salários, a renda das famílias é composta por ações (participação na 
propriedade de empresas), aluguéis (de imóveis, terras e bens de capital) e bônus 
(títulos de dívidas que pagam juros). Portanto, a renda familiar é composta por 
salários, aluguéis, juros e lucros. 
 
 
 
 
 
 
As famílias pagam impostos ao governo e também podem receber transferências 
governamentais, como no caso de aposentadorias e auxílios sociais. A renda total 
das famílias após elas pagarem impostos e receberem transferência é conhecida 
como renda disponível. As famílias não costumam gastar toda sua renda disponível 
em bens e serviços, de forma que parte da renda disponível é transformada em 
poupança privada, indo para mercados financeiros. 
 
Os mercados financeiros recebem renda tanto das famílias do país em questão, 
como também do governo e do resto do mundo. Os mercados financeiros são 
instituições, como bancos, onde indivíduos, governo e empresas podem comprar e 
vender ações, bônus e fazer empréstimos. 
 
 
 
O governo destina parte dos impostos às famílias, na forma de transferências. A 
outra parte das arrecadações tributárias é utilizada para a compra de bens e 
serviços, e, frequentemente, precisa ser complementada na forma de empréstimos 
governamentais. 
 
 
 
Os bens e serviços adquiridos pelo governo variam de equipamentos hospitalares 
até o pagamento de salário de professores. O “resto do mundo” (todos os demais 
países) participa comprando bens e serviços produzidos no Brasil, como petróleo, 
soja e minério de ferro, que são denominadas exportações, ou vendendo bens e 
serviços ao Brasil, como respiradores hospitalares, combustíveis e automóveis, por 
meio das importações. Os demais países também realizam transações nos 
mercados financeiros, seja pela compra de ações de empresas brasileiras por 
estrangeiros ou por empréstimos de firmas brasileiras com instituições estrangeiras. 
 
 
 
Além das famílias, as empresas compram máquinas e mão de obra no mercado de 
bens e serviços para viabilizar a sua produção. A aquisição de máquinas é 
considerada como gasto em investimentos, uma vez que estão relacionados à 
capacidade física produtiva. O gasto com aumento de estoques também é 
considerado investimento, pois contribui para o aumento das vendas futuras de uma 
firma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentamos a segunda maneira de calcular o PIB: somando as 
despesas no mercado de bens e serviços! 
 
 
Incluímos também as despesas do governo e os gastos em investimentos 
realizados pelas firmas. Pela regra fundamental da contabilidade, o fluxo de 
despesa realizado pelas famílias no mercado de bens e serviços deve ser igual ao 
que entra no mercado e sai de outras fontes. 
 
O fluxo total direcionado ao mercado de bens e serviços é conhecido como gasto 
agregado, ou seja, a soma dos gastos de consumo, de investimento, das compras 
governamentais e das exportações, subtraindo as importações. 
 
 
Por fim, podemos calcular o PIB a partir do fluxo de renda das 
firmas! 
 
 
 
Essa é a terceira maneira de calcular o PIB: a partir do fluxo de renda das firmas 
para os mercados de fatores. Nesse fluxo, temos os salários pagos à mão de obra, 
juros, lucros e aluguéis. 
 
Para calcular o PIB, podemos somar o total das rendas dos fatores recebidas pelas 
famílias e pagas pelas firmas. O PIB pode ser calculado a partir de três 
prerrogativas: o valor da produçãode bens e serviços finais, os gastos em bens e 
serviços finais produzidos internamente e a renda de fatores obtidos pelas firmas na 
economia. 
 
 
 
Comentário 
O PIB mede somente bens e serviços finais, a fim de evitar dupla contagem. 
Considere, por exemplo, que um país produz R$ 100,00 de cevada e R$ 500,00 de 
cerveja. Nesse caso, o PIB do país será de R$ 500,00, uma vez que o valor da 
cevada já é considerado no valor da cerveja. 
 
 
Como são contabilizados os bens e serviços? Os bens e serviços finais são 
contabilizados a preços enfrentados pelo consumidor, levando-se em conta os 
impostos sobre os produtos comercializados. Uma forma de calcular o valor de 
 
 
 
 
 
todos os bens e serviços finais de uma economia é representado pela soma do valor 
agregado em cada etapa da produção, em que este valor agregado é igual ao valor 
do produto da firma menos o valor de todos os bens intermediários utilizados na 
produção. Assim, existe outra definição: PIB é o total do valor agregado de todas as 
firmas na economia. 
 
 
 
 
Bens usados, estoques e valores imputados 
 
Há bens e serviços que são computados de forma especial no PIB. O primeiro deles 
são os bens usados. 
 
 
Exemplo 
Quando a Som Livre produz discos do Jorge Benjor e os vende por 15 reais, esse 
montante é adicionado ao PIB do Brasil. Quando uma pessoa que comprou esse 
disco resolve revendê-lo, anos depois, por 50 reais, esse valor não entra no cálculo 
do PIB. 
 
 
 
Isso acontece porque somente os valores correspondentes a bens e serviços 
produzidos no momento presente são contabilizados, e a venda do disco do Jorge 
Benjor reflete apenas a transferência de um ativo, e não um acréscimo à renda da 
economia. 
 
Além de bens usados, os estoques também apresentam uma abordagem 
diferenciada. A produção de um bem aumentou durante um mês e, ao final deste, 
ele estragou, pois era perecível, ou foi para estoque. 
 
 
O aumento da produção aumenta o PIB em ambos os cenários. No primeiro, em 
que o bem estragou, houve maior pagamento de salários, e a não venda do bem 
reflete em menores lucros. Já no segundo cenário, em que o bem foi para o estoque 
da firma, é tratado como compra por parte da própria firma, e, portanto, faz parte do 
PIB. Contudo, a venda desses bens que se encontravam estocados não entra no 
cálculo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como a economia é diversa e oferece bens e serviços bastante diferenciados, não é 
possível, em todos os casos, calcular o PIB desses bens e serviços em preços de 
mercado. Quando isso acontece, utilizamos uma estimativa do preço, conhecida 
como valor imputado. Aluguéis, moradias e serviços prestados pelo governo são 
alguns dos casos nos quais utilizamos valores imputados, em vez de preços de 
mercado. 
 
 
No caso de moradia, estima-se que a dona do imóvel pague um valor de aluguel 
para ela mesma, e esse valor é considerado parte do PIB. 
 
 
 
No caso de moradia, estima-se que a dona do imóvel pague um valor de aluguel 
para ela mesma, e esse valor é considerado parte do PIB. 
 
 
Embora existam mais casos em que uma imputação seja necessária, em muitos 
desses não é realizada, como aluguéis de carros e outros bens duráveis, bens e 
serviços produzidos e consumidos em casa, como refeições, e bens e serviços da 
economia informal. 
 
Ótica da despesa 
 
As contas nacionais dividem o PIB em quatro categorias para despesa: 
 
● Consumo (C); 
● Investimento (I); 
● Compras do governo (G); 
● Exportações líquidas (NX). 
● 
Portando, sendo Y o PIB, temos: 
 
Y=C+I+G+NX 
 
 
Essa equação é conhecida como identidade das contas nacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Consumo 
 
O consumo compreende os bens e serviços adquiridos pelos domicílios. Os bens 
são classificados em duráveis e não duráveis. 
 
 
 
Duráveis 
São bens que duram um longo período de tempo, como automóveis e 
eletrodomésticos. 
 
 
Não duráveis 
 
São bens que duram um curto período de tempo, como alimentos e vestuário. 
 
Investimento 
 
O investimento consiste em bens adquiridos para uso futuro, e pode ser de três 
naturezas: investimento fixo de empresas, investimento fixo imobiliário e 
investimento em estoques. O primeiro equivale à compra de nova unidade para 
produção ‒ por exemplo, equipamentos e maquinários. O segundo consiste na 
aquisição de uma nova residência para fins de moradia ou de aluguel pelas famílias. 
Por fim, o investimento em estoques é o aumento de estoques de bens por uma 
firma. 
 
 
Compras do governo 
As compras do governo são os bens e serviços adquiridos pelos governos federais, 
estaduais e municipais, e incluem itens como equipamentos hospitalares e 
escolares, e serviços prestados por servidores públicos. Não consideramos gasto do 
governo transferências como previdência e assistência social. Essas transferências 
não são contabilizadas no PIB, pois apenas realocam uma renda que já existe, e 
não há transação entre bens e serviços. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exportações líquidas 
 
As exportações líquidas são a parte da identidade das contas nacionais que 
considera o comércio com outros países. Elas são o valor das exportações (o que é 
vendido para outros países) menos o valor das importações (o que compramos de 
outros países). As exportações líquidas são negativas quando o valor das 
importações é maior do que o valor das exportações, e positivas, no caso oposto. 
 
 
 
 
Ótica da oferta 
 
Para calcular o PIB pela ótica da oferta, somamos os valores agregados totais de 
cada firma, que é denominado valor adicionado bruto (VAB), e representa o valor da 
diferença entre o que é produzido e o consumo intermediário. Para chegar ao PIB a 
preços de mercado, somamos o VAB com impostos indiretos e subtraímos 
subsídios: 
 
 
PIB=∑VAB+ impostos indiretos - subsídios 
 
 
Para compreendermos melhor, vamos resolver a questão a seguir. 
 
Atividade discursiva 
 
Seja uma padaria que produza um pão e o venda a R$ 1,00. Para produzi-lo, o 
padeiro gastou 100g de farinha de trigo e 10ml de água. O custo de R$ 1,00 
considera os gastos com os ingredientes para produzi-lo. Suponha que o custo 
desses ingredientes seja de 30 centavos. Qual será o valor agregado a essa padaria 
e o valor da sua contribuição para o PIB? 
 
Para calcular o valor agregado pela padaria e sua contribuição para o Produto 
Interno Bruto (PIB), podemos usar a seguinte fórmula: 
Valor Agregado = Valor da Produção - Custo dos Insumos 
Contribuição para o PIB = Valor Agregado 
Primeiro, vamos calcular o valor agregado pela padaria: Valor da Produção = Preço 
de Venda do Pão 
 
 
 
 
 
Custo dos Insumos = Custo da Farinha de Trigo + Custo da Água 
Custo dos Insumos = 0,30 (custo dos ingredientes para produzir o pão) 
Agora, vamos calcular o valor agregado: Valor da Produção = R$ 1,00 
Custo dos Insumos = R$ 0,30 
 Valor Agregado = R$ 1,00 - R$ 0,30 Valor Agregado = R$ 0,70 
Portanto, o valor agregado pela padaria é de R$ 0,70. 
A contribuição para o PIB é igual ao valor agregado, então a contribuição da padaria 
para o PIB é de R$ 0,70. 
 
Ótica da renda 
 
O cálculo do PIB, pela ótica da renda, consiste na soma de todas as rendas dos 
agentes habitantes do país em questão, como salários, juros, lucros e aluguéis. A 
soma dos juros, lucros e aluguéis é conhecida na contabilidade nacional como 
excedente operacional bruto (EOB). Portanto, para chegar ao PIB a preços de 
mercado, devemos somar salários, EOB e impostos indiretos, e subtrair os 
subsídios, veja: 
 
PIB= salários + impostos indiretos - subsídios 
 
 
Fluxo x estoque 
 
O PIB é uma medida de fluxo de novos bens e serviços finais 
produzidos durante certo período de tempo, e não um estoque de 
riqueza existente em um país. Se um país não produz durante um 
ano, seu PIB anual é zero. 
 
O estoque é uma quantidade medida em certo ponto do tempo, 
enquanto o fluxo é uma quantidade medida por unidade de 
tempo. 
 
Atividade discursiva 
 
 
 
 
 
 
Pense numa caixa d’água. A água dentro da caixa é um estoque e 
equivale à quantidade de água dacaixa em certo período do 
tempo. Já a água que entra na caixa pelo cano é um fluxo, sendo a 
quantidade de água adicionada ao longo do tempo. O que 
podemos considerar sobre a unidade de medida dessas variáveis? 
 
As variáveis de estoque, como a quantidade de água dentro da 
caixa, são medidas em unidades fixas, como litros, metros cúbicos, 
ou galões. Por outro lado, as variáveis de fluxo, como a quantidade 
de água que entra na caixa pelo cano, são medidas em unidades 
de volume por unidade de tempo, como litros por hora, metros 
cúbicos por segundo, ou galões por minuto. Essas unidades de 
medida são essenciais para entender e quantificar a dinâmica de 
entrada e saída de substâncias em um sistema, como no caso da 
caixa d'água. 
 
Veja um exemplo do cálculo do PIB pelas três óticas em uma 
economia hipotética: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PIB real x PIB nominal e o deflator do PIB 
 
Como já vimos, o PIB nos possibilita fazer comparações tanto entre 
nações quanto entre períodos de tempo. Contudo, devemos prestar 
atenção ao fazermos comparações entre períodos de tempo. Parte 
do aumento do PIB ao longo do tempo representa um aumento nos 
preços dos bens e serviços, e não um aumento na quantidade 
produzida, uma vez que o PIB é calculado em moeda corrente 
 
Da mesma forma, uma economia pode estar aumentando, mas seu 
PIB pode estar caindo se os preços estiverem reduzindo. 
 
Para compreender melhor a questão, analise a situação a seguir: 
 
Em minhas pesquisas, verifiquei que o PIB do Brasil em 2019, 
segundo o IPEA Data, foi de 7.256.882,00 milhões de reais, 
enquanto em 2009 foi de 3.333.039,30 milhões de reais. Todavia, 
em 10 anos, a economia brasileira não mais que dobrou de 
tamanho. Para fazermos essa comparação de forma correta, é 
preciso calcular o PIB real, ou seja, a quantidade de bens e 
serviços finais que uma economia produziu. 
 
PASSO 1 
Para entendermos como calculamos o PIB real, vamos imaginar uma economia que 
produza apenas peixes e cocos. No primeiro ano, o preço do peixe é de R$ 3,00, o 
do coco é de R$ 1,00, e são produzidos 10 peixes e 25 cocos. No segundo ano, o 
preço do peixe é de R$ 5,00, o do coco é de R$ 2,00, e são produzidos 15 peixes e 
30 cocos. 
 
PASSO 2 
 
No primeiro ano, o valor total da produção é de R$ 55,00. No segundo ano, é de R$ 
135. O PIB nominal do segundo ano é 145% maior que o do primeiro. Contudo, fica 
 
 
 
 
 
claro, a partir do exemplo, que os preços aumentaram, e mesmo que a quantidade 
também tenha aumentado, o aumento da quantidade é menor do que 145%. 
 
 
PASSO 3 
 
Para chegarmos ao aumento da quantidade produzida, devemos calcular o PIB 
como se os preços não tivessem mudado, ou seja, utilizando os preços do primeiro 
ano e as quantidades do segundo. Assim, o PIB do segundo ano calculado a partir 
dos preços do primeiro é igual a R$ 75, o que representa um aumento de 36%. 
Portanto, o PIB real é o valor total de bens e serviços finais produzidos na economia 
durante um ano, e calculado como se os preços tivessem permanecidos constantes, 
ou seja, no nível de determinado ano base. 
 
 
 
O PIB real sempre vem acompanhado de informações do ano-base em questão. Os 
dados do PIB em que os preços não são ajustados é denominado PIB nominal, isto 
é, o PIB a preços correntes. Se tivéssemos utilizado o PIB nominal para comparar a 
economia dos dois anos, como mostrado no exemplo anterior, teríamos encontrado 
um crescimento de 145%, enquanto, na realidade, a economia cresceu 36%. O PIB 
real também previne que a variação dos preços distorça o valor da mudança na 
produção de produtos e serviços ao longo do tempo. Na prática, o ano-base é 
atualizado periodicamente, a cada cinco anos, para garantir que os preços não 
estejam demasiadamente defasados. 
 
 
 
 
 
Deflator do PIB 
 
Além do PIB nominal e do PIB real, podemos calcular o deflator do PIB, que 
corresponde à razão entre o PIB nominal e o PIB real. O deflator do PIB reflete o 
que está ocorrendo com o nível geral de preços da economia. 
 
Deflator do PIB= 
 PIB real 
 PIB nominal 
 
 
 
 
 
 
 
 
No exemplo sobre a economia hipotética, a variação do deflator do PIB é de 80% 
(135 ÷75 = (1,8 – 1) x 100 = 80%). O deflator do PIB representa a variação de 
preços mais abrangente na economia, pois sintetiza uma medida de preços de 
todos os bens e serviços produzidos. Como veremos, o deflator é diferente dos 
índices de preço frequentemente utilizados, porque sua estrutura muda conforme a 
composição do PIB se altera, enquanto os índices de preço, no geral, possuem uma 
cesta de bens fixa. 
 
 
 
Sazonalidade 
 
Além do PIB anual, os economistas se interessam pelo PIB de períodos de tempo 
mais curtos (trimestrais). Contudo, conforme estudamos sua evolução trimestral, 
logo notamos um padrão sazonal regular. 
A imagem a seguir ilustra a evolução do PIB trimestral do Brasil entre 2016 e 2019. 
O número 1 no eixo x representa o primeiro trimestre de 2016, o número 5 
representa o primeiro trimestre de 2017, e assim por diante. As linhas pontilhadas 
marcam o último trimestre de cada ano. 
 
 
 
 
Série trimestral do PIB brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
A produção total aumenta durante o ano, com pico no último trimestre, conforme 
ilustra a imagem anterior. Parte da variação sazonal do PIB reflete a variação na 
capacidade de produção ao longo do ano. Por exemplo, certos cultivos são 
produzidos em determinadas estações, assim como indivíduos apresentam 
preferências sazonais, como a de comprar presentes no Natal, chocolates na 
Páscoa e viajar no verão. 
 
Para estudar as flutuações reais do PIB, tiramos a parte da flutuação previsível 
atribuída à sazonalidade do PIB. A maior parte das estatísticas é ajustada 
sazonalmente, ou seja, os dados são ajustados de modo a remover as flutuações 
sazonais regulares. Portanto, quando observamos flutuações no PIB real ou em 
outros indicadores, devemos buscar outros fatores além da sazonalidade para 
explicar tais flutuações. 
 
 
 
Outros indicadores de renda das contas 
nacionais 
 
 
 
PIB per capita 
 
PIB per capita é a renda média individual de um país. Para calcular o PIB per capita, 
dividimos o PIB daquele país pela sua população: 
 
 
 
Assim como o PIB real, o PIB per capita permite uma melhor comparação entre 
economias, porque eliminamos o efeito de uma população maior. Assim, um país 
cuja população é maior terá uma economia maior simplesmente pelo fato de que há 
mais indivíduos trabalhando. 
 
 
 
 
 
 
 
A razão para o PIB ser frequentemente usado para analisar o desempenho 
econômico é que uma economia com grande produção de bens e serviços é capaz 
de satisfazer melhor às demandas dos domicílios, empresas e governo. 
 
 
A partir do PIB, podemos comparar o tamanho da economia de países, avaliar a 
evolução do PIB no tempo, comparando o seu desempenho anual, analisar o PIB 
per capita etc. 
 
 
Relembrando 
PIB é um indicador imperfeito da economia, uma vez que 
existem limitações para o seu cálculo. Portanto, diversos 
fatores relevantes não são considerados no PIB: distribuição 
de renda, qualidade de vida, educação, saúde, segurança 
etc. 
 
Produto Nacional Bruto - PNB 
Além do PIB, existem outros indicadores de renda bastante utilizados que se 
relacionam com ele. O primeiro deles é o Produto Nacional Bruto (PNB), que 
considera o valor da produção de propriedade de residentes, ou seja, de brasileiros. 
A produção de estrangeiros no Brasil é levada em consideração no PIB, mas não no 
PNB. A produção de brasileiros em países estrangeiros, por exemplo, não é 
considerada no PIB, mas entra no PNB. 
 
PNB = PIB + pagamentos de fatores oriundos do exterior - pagamentos de fatores 
destinados ao exterior = PIB - RLEE 
 
 
 
Nessa expressão, a renda líquida enviada ao exterior (RLEE) é a diferença entre 
pagamentos de fatores destinados ao exterior (como o salário de um 
norte-americano que trabalha no Brasil) e pagamentos de fatores oriundos do 
exterior (por exemplo, o salário de um brasileiro quemoderna é Francis Bacon, que, no 
século XVI, deixou registrado que “saber é poder”. A partir 
dele e da Revolução Científica Moderna, começa a busca 
pelo desenvolvimento de um compreensão sistemática da 
natureza que permita atingir objetivos concretos. 
 
Exemplo 
Se chove, nós nos molhamos. Se determinado 
medicamento for utilizado, a mortalidade de certa doença 
 
 
 
 
https://conteudo.ensineme.com.br/ge/00480/intro?brand=estacio#
 
será reduzida. Assim, há a tentativa de compreender o 
mundo por meio da relação de causalidade. 
 
Mas como sabemos se uma teoria é útil? Geralmente, 
submetemos a teoria ao teste empírico, ou seja, ela deve 
explicar determinado conjunto de dados. Por exemplo, se a 
teoria diz que “se chove, algo se molha”, buscamos uma 
série de dados sobre “chuva ou sol” e sobre “objeto 
molhado ou seco”, e vemos se a teoria explica a relação 
empírica observada. 
 
 
O teste empírico deve sempre ser construído de modo que 
isole as variáveis relevantes do problema. Em outras 
palavras, ele deve tomar “tudo mais como constante” para 
não comprometer o resultado da avaliação. Afinal, é 
comum haver outras variáveis que afetem as observações, 
por exemplo, uma superfície pode estar molhada porque 
alguém a lavou com água encanada. 
 
Embora um teste empírico possa ser bem-sucedido, 
devemos dizer que não rejeitamos a teoria. Não podemos 
aceitá-la absolutamente porque, desde o princípio, 
sabemos que ela é imperfeita, mas seguimos com ela 
enquanto não for rejeitada nem surgir outra mais 
aperfeiçoada (isto é, que explique melhor os dados). 
 
 
Escolha individual 
 
 
 
 
 
 
como as escolhas individuais ― guiadas pelos princípios da escassez de recursos, 
custo real, decisão marginal e oportunidades de melhoria ― são fundamentais em 
todas as atividades econômicas. 
 
 
Microeconomia 
Estuda o comportamento de agentes individuais. 
Exemplo: Qual deve ser a regulação do setor de telefonia para garantir cobertura 
adequada à população? 
 
 
A microeconomia é o ramo da economia que se concentra no comportamento das 
unidades individuais, como os consumidores, as empresas, os proprietários de 
fatores de produção e os governos. Basicamente, a teoria microeconômica tem dois 
lados analíticos: o da demanda e o da oferta. Enquanto o comportamento 
microeconômico da demanda é analisado a partir da teoria do consumidor, o 
comportamento da oferta é estudado a partir da teoria da firma e da teoria dos 
mercados. Em todos os casos, a microeconomia apresenta uma perspectiva 
microscópica dos fenômenos econômicos, ou seja, uma análise parcial deles. Neste 
capítulo, você vai conhecer o objeto de estudo da microeconomia. Além disso, vai 
compreender o que é o comportamento da demanda e o que é o comportamento da 
oferta. 
A microeconomia é o ramo da economia que estuda o comportamento das unidades 
individuais, como os consumidores, as empresas, os proprietários de fatores de 
produção e os governos. Em outras palavras, a microeconomia se ocupa da forma 
como as unidades individuais que compõem a economia — consumidores privados, 
empresas, trabalhadores, produtores de bens e serviços, etc. — agem e reagem 
umas sobre as outras 
 
Assim, a microeconomia se preocupa em estudar como e por que os agentes 
econômicos capitalistas agem de determinadas formas. Entre inúmeras perguntas, a 
microeconomia procura respostas para as seguintes questões: o que determina o 
preço dos bens e serviços em uma economia? O que determina o quanto de cada 
mercadoria será produzido? O que determina a maneira pela qual uma família gasta 
a sua renda? 
 
Para Vasconcellos (2009), deve ser observado que a microeconomia 
não tem seu foco na empresa, portanto não deve ser confundida com a 
administração. O foco da microeconomia está no mercado no qual as em-presas e 
os consumidores interagem, analisando os fatores econômicos que determinam 
tanto o comportamento da demanda quanto o da oferta. Logo, a microeconomia 
 
 
 
 
 
apresenta uma perspectiva “microscópica” dos fenômenos econômicos, ou seja, 
uma análise parcial desses fenômenos. 
 
Enquanto a microeconomia se preocupa mais com uma análise parcial, 
a macroeconomia foca nos grandes agregados econômicos dentro de uma análise 
global. É importante você notar que, antes do início do século XX, a economia era 
uma ciência exclusivamente microeconômica 
 
Fundamentalmente, a análise microeconômica pode ser dividida em 
cinco grandes categorias: 
1. a teoria da demanda/procura; 
2. a teoria da oferta; 
 3. a análise das estruturas de mercado; 
4. a teoria do equilíbrio geral e do bem-estar; 
5. as imperfeições de mercado (as externalidades, os bens públicos e as 
informações assimétricas). 
 
 
Em resumo, a teoria microeconômica se assenta em três pilares: a demanda, 
 
 
 
 
 
a oferta e o mercado. Nesse contexto, a análise microeconômica acontece em dois 
mercados: o mercado de bens e serviços, e o mercado dos serviços dos fatores de 
produção (terra, trabalho e capital). 
 
 
A Economia, hoje, está dividida em duas grandes subáreas: a 
microeconomia e a macroeconomia. Adam Smith é considerado o 
fundador da microeconomia, o ramo da economia que trata do 
comportamento de entidades individuais como os mercados, as 
empresas e as famílias. 
 Na obra A Riqueza das Nações (1776), Smith analisou como o 
preço de cada bem era estabelecido, estudou a determinação dos 
preços da terra, da mão de obra e do capital e investigou os 
pontos fortes e fracos do funcionamento do mercado. Mais 
importante ainda, identificou as propriedades notáveis de 
eficiência dos mercados e explicou como o interesse próprio dos 
indivíduos atuando em mercados competitivos pode gerar um 
benefício econômico geral. 
A microeconomia vai além das preocupações iniciais ao incluir o 
estudo do monopólio, o papel do comércio internacional, das 
finanças e muitos outros assuntos vitais. 
 
 
Macroeconomia 
 
 
A macroeconomia é o ramo da economia que se concentra no estudo 
dos agregados econômicos. Como exemplos desses agregados, você 
pode considerar a renda nacional, o investimento, o nível geral de 
pre-ços, a poupança nacional, o consumo, o emprego e o desemprego, 
o estoque de moeda, a taxa de juros, a taxa de câmbio e o comércio 
internacional. Na realidade, a macroeconomia é administrada a partir de 
políticas governamentais, como a política fiscal, a política monetária, a 
política externa e a política de rendas (controle de preços e salários). As 
políticas macroeconômicas são as ferramentas que os policy makers ou 
formuladores de políticas possuem para atingir os objetivos 
macroeconômicos do governo e, assim, solucionar os problemas 
econômicos dos mercados como um todo. 
 
 
 
 
 
Neste capítulo, você vai conhecer o objeto de estudo da 
macroeconomia. Também vai aprender a diferenciar as principais 
políticas macroeconômicas. Além disso, vai se familiarizar com os 
indicadores macroeconômicos fundamentais. 
 
A macroeconomia é o ramo da ciência econômica que busca estudar a 
economia como um todo. É a parte da economia que foca no estudo dos 
agregados econômicos. Entre esses agregados, você pode considerar a 
renda nacional, o investimento, o nível geral de preços, a poupança nacional, 
o consumo, o emprego e o desemprego, o estoque de moeda, a taxa de 
juros, a taxa de câmbio e o comércio internacional 
 
O fato de a macroeconomia estudar o comportamento dos agregados 
econômicos não significa que a análise macroeconômica esteja isolada da 
análise microeconomia (que estuda a economia dos indivíduos e das 
empresas). Você deve notar que a separação da análise econômica — em 
macroeconomia e microeconomia — é somente para fins didáticos. Na 
prática, ambas as perspectivas andam juntas e se retroalimentam no seu 
funcionamento 
 
 
Hoje, os estudos macroeconômicos procuram responder aos seguintes 
 
 
 
 
 
problemas econômicos: como reduzir o desemprego? Como controlar a 
in-flação? Como melhorar a distribuição de renda? Como gerar umtrabalha na Europa). 
 
As diferenças entre PIB e PNB podem ser expressivas em alguns países, como 
também podem quase não existir em outros. Isso acontece devido à composição da 
 
 
 
 
 
economia, ao grau de endividamento externo e à quantidade de empresas 
multinacionais que remetem lucros aos seus países de origem. 
 
Podemos calcular o Produto Nacional Líquido (PNL) a partir da subtração da 
depreciação do capital, isto é, da parcela do capital que se desgasta ao longo de um 
período: 
 
 
PNL = PNB - Depreciação do Capital 
 
 
Como a depreciação do capital representa um custo para a produção, por meio da 
sua subtração, temos o resultado líquido da atividade econômica. Imagine, por 
exemplo, uma máquina de moer café que precisa de manutenção, pois está com 
uma peça quebrada. Essa peça quebrada é um exemplo de depreciação do capital. 
 
 
O Produto Nacional Líquido é aproximadamente igual a outro 
indicador de renda, a Renda Nacional, que mede o quanto 
ganharam todas as pessoas que integram uma economia. A 
diferença entre os dois indicadores ocorre devido a uma pequena 
correção, conhecida como discrepância estatística, ocasionada 
porque fontes diferentes de dados podem não ser exatamente 
correspondentes. 
 
 
 
Em uma economia fechada, ou seja, sem trocas com o exterior, as estimativas de 
PIB e PNB são idênticas. 
 
Crescimento acelerado e períodos de recessão 
 
Veja agora uma breve contextualização sobre crescimento x recessão. 
 
 
 
Fluxo circular do PIB 
 
 
 
 
 
 
PIB real x PIB nominal e o deflator do PIB 
 
Outros indicadores de renda das contas nacionais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEMA 3 
 
 
Economia Brasileira no Século 21: 2003 em Diante 
 
 
Propósito 
Entender o governo do Partido dos Trabalhadores é fundamental 
para entender a economia e o quadro político brasileiro no século 
XXI, e portanto é fundamental para profissionais de todas as áreas 
que lidam com a conjuntura político-econômica do país. 
 
 
Objetivos 
● Descrever aspectos da economia nos governos Lula. 
● Descrever aspectos da economia nos governos Dilma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
 
A partir do momento em que a economia brasileira logrou sucesso com o Plano Real no 
combate à inflação, e sobretudo após a crise cambial de 1999, com a implantação do tripé 
macroeconômico, as prioridades de economistas e os anseios do mercado financeiro e da 
sociedade como um todo deixaram de ser apenas a manutenção da solidez da estabilidade 
macroeconômica alcançada. Agora, priorizava-se também o aprofundamento de reformas, 
tanto do ponto de vista estrutural, como a tributária, a fiscal, a política e a continuidade da 
previdenciária, como também maior atenção aos conflitos distributivos e à desigualdade 
social. 
 
 
Em 2003, Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido simplesmente como Lula, chega à 
presidência da República, causando euforia popular e temor nos mercados financeiros a 
respeito da manutenção dos fundamentos dos anos FHC (Fernando Henrique Cardoso). 
 
 
 
Em 2011, Dilma Rousseff herda uma situação econômica confortável, mas não consegue 
manter uma taxa de crescimento alta após o boom de preços de commodities. A maneira 
pela qual Dilma escolhe lidar com essas adversidades acaba por perturbar os fundamentos 
macroeconômicos, o que, somado a uma crise política, leva a seu afastamento do cargo de 
presidente (impeachment). As escolhas incluíram dois ajustes fiscais; subsídios em 
demasia, que reforçaram a deterioração das contas nacionais; e algumas políticas de 
intervenção em mercado, que desagradaram setores importantes para a economia 
brasileira. 
 
 
 
Este conteúdo está estruturado em dois módulos, um para cada presidente. No primeiro 
módulo, há um estudo dos anos Lula e, no segundo, dos anos Dilma. 
 
 
A eleição de Lula 
 
Para compreender os anos Lula, é preciso voltar às eleições de 2002, momento em que o 
Partido dos Trabalhadores (PT) mudou significativamente suas propostas para a economia 
brasileira. Por um lado, houve documentos e apresentações do partido em que se 
mantinham claramente as ideias do partido durante a década de 1990 , como calote na 
 
 
 
 
 
dívida externa, suspensão dos juros da dívida interna e nacionalização de empresas (ou 
seja, reversão das privatizações). 
 
 
Ao longo de 2001 e 2002, porém, o PT não defendeu esses assuntos, como havia feito nas 
eleições de 1989, 1994 e 1998. A simples possibilidade de se abrir debate a respeito 
desses temas por parte de nomes do alto escalão do partido – nomes cotados para ocupar 
cargos no eventual governo do PT – gerava animosidade nos mercados. 
 
 
Percebendo que seria preciso romper a barreira de 30% dos votos, média do desempenho 
histórico de Lula, mas insuficiente para vencer as eleições, o PT muda gradualmente o 
discurso, a começar pela escolha do então prefeito de Ribeirão Preto, Antonio Palocci, para 
a coordenação de campanha de Lula. Palocci era um quadro menos expressivo do 
comando do partido e mais afastado das decisões centrais, ao mesmo tempo em que tinha 
bom trânsito entre mercado, políticos e empresários. A esse fato, foram somadas: a “Carta 
aos brasileiros”, em que o PT se comprometia a manter as conquistas de estabilidade 
macroeconômica dos anos anteriores; e a escolha de José Alencar (empresário bem 
sucedido de mineração) para a chapa de Lula na condição de vice-presidente. 
 
 
 
O PT gradualmente se afastou do seu discurso tradicional, e se 
aproximou de forças políticas a que antes se opunha, em busca 
de uma coalização capaz de vencer as eleições. 
 
 
 
Giambiagi (2011) considera que, além do faro eleitoral, pesaram para essa inflexão dois 
fatores. O primeiro foi a crise argentina de 2001 e o medo de um efeito contágio, uma vez 
que, no país vizinho, havia ocorrido uma interrupção do crédito externo. O segundo foi a 
própria percepção de que a situação externa do Brasil dependeria ainda fortemente dos 
empréstimos estrangeiros e do FMI (Fundo Monetário Internacional). Sem esses 
empréstimos, faltaria moeda forte (dólar) no país, e o início do governo Lula poderia sofrer 
um quadro de depreciação cambial. E essa depreciação, por sua vez, poderia gerar inflação 
acelerada e risco de insolvência, uma vez que grande parte da dívida era atrelada direta ou 
indiretamente ao dólar. 
 
 
 
Saiba Mais 
Insolvência é a incapacidade de pagamento, como ocorre quando empresas ou o governo 
não conseguem honrar dívidas em dólar. 
 
 
 
 
 
 
https://conteudo.ensineme.com.br/ge/02402/intro?brand=estacio#
 
 
O programa do PT lançado para as eleições de 2002 corrobora essa percepção e 
leva a uma melhora dos mercados. Porém, em 2002, há uma forte crise cambial, 
causada em parte pelo chamado “risco Lula”, que adicionou prêmio de risco aos 
ativos brasileiros – ou seja, os investidores nacionais e internacionais reduziram o 
interesse em ativos do país dada sua percepção de risco econômico, só aceitando 
adquiri-los quando houvesse expectativa de um retorno maior. Além disso, houve 
um conjunto de mudanças regulatórias na gestão cambial por parte do Banco 
Central, o que também afetou a demanda dos investidores. 
 
 
 
No segundo semestre de 2002, a taxa de câmbio depreciou para mais de R$3,30 e 
o risco-país se elevou de 700 para 1400 bps. Os juros futuros dispararam e as LFTs 
(pós-fixadas) chegaram a cotar 120% ao ano. Isso em um cenário com apenas 20 
bilhões de dólares em reservas internacionais, déficit corrente de 5% do PIB e conta 
capital predominantemente volátil e de curto prazo, com forte caráter especulativo. 
Em suma: houve grande saída de recursos do país, diante da insegurança dos 
investidores em relação à economia brasileira, gerando depreciação cambial e 
aumento dos juros. 
 
 
 
Para entender melhor: 
 
● BPs são pontos base: simplesmente uma unidade de medida tipicamente 
usada no mercado financeiro. Por exemplo, se um título tinha um retorno de 
5% e passa para 5,50%, houve um aumento de 50 pontos base.´ 
 
● LFTs (Letra Financeira do Tesouro), umtítulo público chamado hoje de 
Tesouro Selic. É um título pós-fixado, ou seja, sua remuneração não é 
conhecida de antemão, mas acompanha a taxa Selic, a taxa básica de juros 
estabelecida pelo Banco Central. Quando a Taxa Selic aumenta, a 
remuneração da LFT também aumenta, por isso é um título público 
comprado, em geral, por pessoas que acham que a Selic vai aumentar. 
● 
 
 
Nesse contexto, por meio da Circular 3086 do Banco Central, a autoridade 
monetária remarcou os fundos de investimento a preços de mercado, gerando alta 
volatilidade dos preços dos títulos públicos, o que aumentou a necessidade de 
financiamento da dívida interna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A situação foi agravada por mais dois elementos: 
 
 
 
1. O Regime Especial de Tributação, que impôs a antecipação do pagamento 
de impostos atrasados para recompor a arrecadação federal. 
2. Os leilões de LFTs casados com oferta de swaps cambiais para conferir 
hedge aos investidores, de forma que não precisassem sair do país. Se você 
ainda não estudou esses conceitos, não há problema: basta saber que os 
swaps cambiais, ofertados pelo Banco Central, funcionam como um seguro 
contra grandes variações da taxa de câmbio, evitando que o investidor tenha 
grandes perdas. 
 
 
 
 
 
A primeira medida gerou um aumento do financiamento no mercado de títulos 
públicos. Já a segunda provocou um aumento da demanda por dólares. Essas 
medidas conjugadas reforçaram a crise cambial, que durou até o final do ano de 
2002. É esse o cenário macroeconômico que Lula encontra em janeiro de 2003, 
quando assume a presidência. 
 
 
 
A fase Palocci dos anos Lula: ajuste fiscal e 
manutenção dos fundamentos 
macroeconômicos 
 
As primeiras medidas 
 
O governo Lula inicia-se com um documento do Ministério da Fazenda, sob a 
gestão de Antonio Palocci, intitulado “Política econômica e reformas estruturais”, 
que propunha um modelo que combinaria três elementos: desenvolvimento 
econômico, estabilidade macroeconômica e redirecionamento dos gastos públicos 
para as classes menos favorecidas. 
 
 
 
 
 
 
 
Comentário 
José Alencar era do setor empresarial, que sofria com altas taxas de juros. Lula 
buscava conciliar diferentes interesses: tanto a necessidade de controlar a inflação, 
quanto o investimento produtivo e o crescimento econômico. 
 
 
Na prática, o documento corroborou as intenções expressadas pelo PT na mudança 
de tom ainda nas eleições de 2002 e acalmou ainda mais as expectativas do 
mercado. Por outro lado, a nomeação de Henrique Meirelles para a presidência do 
Banco Central foi um forte sinal de comprometimento com os fundamentos 
macroeconômicos, uma vez que Meirelles havia sido presidente internacional do 
Bank Boston e era filiado ao PSDB. Meirelles, embora não tivesse autonomia legal, 
ganhou status de ministro e gozou de liberdade para manejar a política monetária 
sem interferência do presidente, muito embora as críticas do vice José Alencar, por 
vezes, tenham gerado constrangimento. 
 
 
 
Por seu turno, o governo adotou como primeiras medidas o aumento das metas de 
superávit primário (Diferença entre receitas e despesas do governo, excetuando 
despesas financeiras), pois percebeu que o resultado primário necessário para 
estabilizar a dívida não seria mais o mesmo definido pelo governo anterior em linha 
com o FMI. Isso porque a dívida já havia se deteriorado com o aumento dos juros, 
com a contração do PIB (Produto Interno Bruto) e com a expectativa de novos 
aumentos de juros para combater a inflação. Esse aumento de juros elevou o custo 
fiscal do serviço da dívida pública. 
 
 
 
Dessa maneira, as metas de superavit primário aumentaram de 3,75% do PIB para 
4,25% em 2003. A meta de 4,25% foi ainda fixada para os anos de 2004, 2005 e 
2006, garantindo ainda mais o comprometimento do governo com uma política fiscal 
restritiva, o que agradava o mercado. Por sua vez, as metas de inflação anunciadas 
para 2003 e 2004 foram satisfatórias, atendendo às expectativas, sendo de 8,5% 
para o primeiro ano de governo e de 5,5% para o segundo. A meta maior para o 
primeiro buscava acomodar os choques cambiais do ano anterior. 
 
 
 
Com as medidas tomadas pelo governo, o risco-país voltou para 700 bps em março 
de 2003, depois de ter chegado a mais de 2000 em dezembro de 2002. Entretanto, 
 
 
 
 
 
a taxa de câmbio acumulava alta de 70% em 12 meses e a expectativa de inflação 
para 2003 estava em 11%, mesmo com Selic a 25% ao final de 2002. 
 
 
 
Comentário 
Lembre-se de que a depreciação cambial pode gerar aumento da inflação: bens 
importados, bens que competem com importados, e bens vendidos ao exterior ficam 
mais caros. A taxa Selic é um instrumento para combater a inflação: quando 
aumenta, os investimentos produtivos ficam menos rentáveis em comparação ao 
mero investimento em títulos públicos. Uma taxa Selic de 25% é extremamente alta, 
e ainda assim havia o risco de que não fosse suficiente para controlar a inflação. 
 
 
 
 
No primeiro semestre de 2003, as medidas de política econômica e a melhora da 
balança comercial levaram a taxa de câmbio para três reais, uma apreciação 
significativa. Além disso, o acordo com o FMI foi renovado, mas o governo não 
precisou acessar a linha de crédito do Fundo, pois o capital externo voltou a entrar 
no país. A balança comercial superou os 13 bilhões de dólares e o déficit em conta 
corrente caiu para menos de 8 bilhões. Por seu turno, a maior entrada de capitais foi 
favorecida pela baixa de juros americanos, que caíram para 1% ao ano: dessa 
forma, os investidores tinham menos retorno nos Estados Unidos, e passaram a 
procurar outros países para investir. Dizemos que havia uma grande liquidez 
(abundância de recursos) no mundo, o que continuou por um longo período. 
 
 
 
 
Mesmo assim, sentindo os efeitos do repasse cambial, a inflação chegou a 17% em 
maio e, a partir daí, começou a arrefecer. Para isso, a política monetária foi bastante 
restritiva com a taxa básica Selic, que foi de 25% para 26,5% ao ano, para somente 
após maio, começar a se reduzir, chegando a 8% em 2004. A inflação fechou 2003 
em 9,3%, acima da meta, mas bem abaixo do pico das expectativas. 
 
 
 
As reformas propostas 
 
 
 
 
 
No plano reformista, duas propostas foram encaminhadas ao Congresso Nacional, o 
que gerou insatisfação na base mais à esquerda dentro do PT. A primeira foi a 
reforma tributária e a segunda a reforma da Previdência. 
 
 
 
Segundo Giambiagi (2011), a reforma tributária tinha quatro objetivos: 
 
● Unificação da legislação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias 
e Serviços). 
● Padronização da Desvinculação de Receitas da União (DRU). 
● Renovação da contribuição da CPMF (Contribuição Provisória sobre 
Movimentação Financeira). 
● Transformação do COFINS (Contribuição para o Financiamento da 
Seguridade Social) em tributação sobre valor adicionado, não mais em 
cascata. 
 
 
Já a reforma da Previdência foi voltada para o RPPS (Regime Próprio de 
Previdência Social, dos funcionários públicos) e tinha as seguintes características: 
1. Taxação dos inativos à mesma alíquota dos ativos. 
2. Aplicação de um redutor para pensões acima de determinado piso de 
isenção. 
3. Aumento das idades mínimas (60 para homens e 55 para mulheres). 
4. Definição do mesmo teto do INSS (dos funcionários do setor privado) para os 
novos servidores públicos, com possibilidade de previdência complementar. 
Ou seja, o setor público não garantiria aos servidores um valor máximo 
diferente do que um trabalhador privado obtinha: tanto um quanto outro 
precisaria recorrer a uma forma adicional de poupança (como a previdência 
complementar) para receber além do teto. 
 
 
A gestão da dívida pública 
 
 
A partir de setembro de 2004, há novo ciclo de aumentos da taxa de juros (Selic), 
que saiu de 16% para 19,75% em maio de 2005. A medida foi uma reação para a 
alta de preços de commodities. Nesse momento, havia a aceleração do crescimento 
chinês, que foi fundamental para aumentaros preços de commodities em dólar e 
também a demanda externa para a economia brasileira. 
 
Afinal, o que são commodities? 
 
 
 
 
 
 
 
Saiba Mais 
Commodities são bens extraídos diretamente, com pouco ou nenhum 
processamento, como minério de ferro ou soja. São fundamentais para qualquer 
país em crescimento, e a China, que começava a acelerar seu processo de 
crescimento econômico para atingir níveis poucas vezes vistos, demandava 
quantidades cada vez maiores de commodities brasileiras, o que provoca uma 
pressão sobre os preços. 
 
 
A política restritiva do BCB (Banco Central do Brasil) tentou evitar aumento da 
inflação, que estava pressionada pelo preço do petróleo, entre outras commodities, 
e a redução do hiato do produto. Outros ciclos de aperto nos anos Lula ocorreram 
entre abril e setembro de 2008 (de 11,25% para 13,75%) por conta do aquecimento 
da atividade no pré-crise global, e entre abril e junho de 2010 (de 8,75% para 
10,75%) como resposta à recuperação acelerada no pós-crise. 
 
 
 
No plano externo, a melhora dos termos de troca e a abundância de liquidez foram 
decisivas para a trajetória de apreciação da taxa de câmbio. Nesse contexto, há 
duas mudanças importantes na gestão da dívida pública e em seu perfil. Com a 
entrada crescente de fluxo de moeda estrangeira por conta dos efeitos China (alta 
demanda provoca altos preços) e EUA (baixos juros externos provocam entrada de 
capitais no Brasil), houve melhora na conta corrente (efeito China) e na conta capital 
e financeira (efeito EUA). 
 
 
 
Nesse cenário, o BCB adotou uma política de compra de reservas internacionais 
esterilizada. Se você ainda não estudou esse tipo de operação, basta saber que o 
BCB comprava os dólares que entravam no país e os usava para comprar títulos 
públicos americanos, que compunham as reservas internacionais do Brasil. Para 
comprar esses dólares, porém, o BCB usa naturalmente a moeda brasileira: reais. 
Logo, uma entrada de dólares acaba provocando um aumento da quantidade de 
moeda (reais) em circulação na economia, o que representa um afrouxamento 
monetário, ou uma redução da taxa Selic. Para evitar essa redução, o BCB precisa 
comprar esses reais para tirá-los de circulação, e para isso vende títulos públicos, o 
que “esteriliza” o aumento da oferta de moeda causado pela compra de dólares. 
Para simplificar: no fim das contas, o BCB simplesmente compra dólares e vende 
títulos públicos. 
 
 
 
 
https://conteudo.ensineme.com.br/ge/02402/intro?brand=estacio#
 
 
 
 
Por um lado, essa venda de títulos públicos era contabilizada como um aumento da 
dívida bruta (tecnicamente, tratam-se das chamadas operações compromissadas, 
que têm esse registro contábil). Por outro lado, houve redução da dívida líquida, já 
que as reservas internacionais são contabilizadas na dívida líquida. 
 
Finalmente, o grande ponto positivo nesse caso foi que o Brasil se tornou credor 
externo líquido, pois o volume em dólares de reservas superou o estoque de 
passivo externo (pense em dívidas para simplificar) em dólar. Esse estoque parou 
de aumentar porque o Brasil não fez empréstimos junto ao FMI e a organismos 
internacionais. 
A partir desse momento, nota-se uma reversão de um padrão histórico na economia 
brasileira, já que, antes, um processo de depreciação cambial deteriorava os 
indicadores fiscais por meio de um aumento da dívida externa. Agora, a depreciação 
cambial reduzia a dívida! 
 
 
Saiba Mais 
Uma depreciação da taxa de câmbio aumentava em reais os valores das reservas 
denominadas em dólares e, assim, o ativo do BCB aumentava em reais sem 
necessidade de aumento de compras de novos dólares, isto é, sem alterações no 
estoque do ativo. 
 
 
Na prática, isso se configurou um enorme avanço institucional à medida que 
mitigava a vulnerabilidade externa do país, sobretudo com a redução do risco de 
ataques especulativos tão comuns nos anos 1990. Esse aumento de reservas foi 
elemento-chave no bom enfrentamento da crise global de 2008. 
 
 
É importante pontuarmos que a melhora do perfil da dívida também se deu por outro 
aspecto no âmbito interno. 
 
 
 
Com a melhora dos indicadores fiscais, com o comprometimento do governo em 
manter os pilares da economia e com o cenário externo favorável, a avaliação do 
país nos mercados externos melhorou. Nessa seara, o Tesouro Nacional aproveitou 
para trocar títulos indexados à taxa de câmbio ou em dólares por títulos indexados 
em reais, notadamente, LFTs, por estarem atrelados a uma taxa Selic crescente, ou 
 
 
 
 
 
em NTNs-B (Notas do Tesouro Nacional, título público atrelado à inflação), que 
garantiam uma parcela pré-fixada atrativa e uma parte flutuante que acompanharia 
a inflação. 
 
 
 
 
Isso foi possível porque o país atraía investidores menos preocupados com 
instabilidade cambial, e que portanto não precisavam de proteção contra variações 
cambiais. Na prática, o país atraía investidores que pensavam mais no longo prazo, 
e que acreditavam nos fundamentos da economia do país. 
 
Vale lembrar que a boa avaliação da dívida brasileira culminou em 2008 com a 
obtenção do grau de investimento por parte das principais agências de rating 
internacional. Na prática, ainda houve venda de títulos pré-fixados nos momentos de 
queda esperada na taxa Selic, ou seja, o Tesouro Nacional (TN) ia a mercado 
resgatar títulos em dólares ou indexados ao câmbio e, assim, vendia novos títulos 
mais longos e indexados a taxas de juros internas com liquidação em reais. 
 
Vamos resumir essa melhoria da situação fiscal. Quando o país tem poucos 
investidores, é difícil para o governo financiar a dívida pública. 
 
É necessário garantir aos investidores proteção contra variações cambiais, e contra 
mudanças na taxa de juros (Selic). Com um aumento do investimento no país, seja 
por maior volume de recursos internacionais ou por maior confiança no país, 
torna-se menos necessário recorrer a esse tipo de proteção, que é boa para os 
investidores, mas é cara para o país porque gera uma dívida pública instável, por 
ser muito dependente de fatores conjunturais que afetam os juros e o câmbio. 
 
Esse elemento foi muito importante, pois conferiu maior autonomia monetária e 
fiscal ao governo Lula, que pôde, assim, não ter maiores preocupações com o longo 
prazo nem com a sustentabilidade fiscal. 
 
 
 
A fase Mantega: expansão social, crise de 2008 
e a mudança de orientação de política 
econômica 
 
Os novos rumos 
 
 
 
 
 
 
 
Havia um entendimento dentro do PT e do núcleo duro do governo que o ajuste 
fiscal e a política de sinalização para “agradar aos mercados”, ao mesmo tempo em 
que serviria para conciliar classes, seria útil para evitar adversidades no plano 
financeiro ao novo governo. Essa análise consta em Barbosa (2013), que versa 
acerca do ajuste ter sido exigido também por conta do fim das arrecadações não 
recorrentes, como os recursos obtidos com privatizações, ao passo que o aperto da 
política monetária levaria a uma alta da despesa financeira, com juros da dívida 
pública. 
 
 
 
 
 
 
	QUESTOES 
	 
	 
	Tema 1 - Conceitos básicos de economia 
	1-Primeiros conceitos econômicos 
	Exemplo 
	Escolha individual 
	Microeconomia 
	Macroeconomia 
	Existem quatro princípios econômicos contidos na escolha individual: 
	 
	 
	 
	Escassez de recursos 
	Custo real 
	Exemplo 
	Decisão marginal 
	Oportunidades de melhoria 
	Exemplo 
	Exemplo 
	Os quatro princípios da escolha individual para análise econômica 
	PRINCIPIO 1 : ESCASSEZ DE RECURSOS 
	Mercados: interações entre indivíduos 
	Ganhos de mercado 
	Exemplo 
	Movimentação dos mercados em direção ao equilíbrio 
	Exemplo 
	Mercados rumo à eficiência 
	Exemplo 
	Ação governamental em prol do aumento de bem-estar 
	Exemplo 
	Variáveis endógenas e exógenas 
	Escola Clássica 
	2. História do pensamento econômico 
	Pensamento econômico 
	Surgimento da economia política 
	Mercantilistas 
	Bulionistas (metalistas) 
	Mercantilistas 
	Atenção 
	Precursores da economia política clássicaEconomia política clássica 
	Teóricos da economia política clássica 
	Adam Smith 
	Thomas Malthus 
	David Ricardo e John Stuart Mill 
	Revolução marginalista e ortodoxia 
	Saiba Mais 
	Curiosidade 
	Keynes em diante 
	Comentário 
	Keynesianismo 
	Economia depois de Keynes 
	 
	 
	3.Pesquisa econômica atual 
	Pesquisa econômica 
	Teoria dos jogos 
	Exemplo 
	Macroeconomia moderna 
	Escolha pública 
	Escolha racional 
	Economia comportamental 
	Exemplo 
	Desenvolvimento econômico 
	 
	Saiba Mais 
	Economia da pobreza 
	Economia da desigualdade 
	Outras áreas voltadas à economia 
	TEMA 2 
	 Contas Nacionais e Indicadores Econômicos 
	Produto Interno Bruto – PIB 
	Fluxo circular do PIB 
	Comentário 
	Bens usados, estoques e valores imputados 
	Exemplo 
	Ótica da despesa 
	Ótica da oferta 
	Ótica da renda 
	Fluxo x estoque 
	PIB real x PIB nominal e o deflator do PIB 
	Deflator do PIB 
	Sazonalidade 
	Outros indicadores de renda das contas nacionais 
	Relembrando 
	Produto Nacional Bruto - PNB 
	Crescimento acelerado e períodos de recessão 
	TEMA 3 
	Economia Brasileira no Século 21: 2003 em Diante 
	A eleição de Lula 
	Saiba Mais 
	A fase Palocci dos anos Lula: ajuste fiscal e manutenção dos fundamentos macroeconômicos 
	Comentário 
	Comentário 
	Saiba Mais 
	Saiba Mais 
	A fase Mantega: expansão social, crise de 2008 e a mudança de orientação de política econômicacrescimento econômico equilibrado e contínuo? Como reduzir os 
endividamentos do governo e aumentar os investimentos em infraestrutura? 
Como melhorar a mobilidade social? Na prática, esses são alguns dos 
problemas econômicos mais recorrentes. A macroeconomia tem como meta 
solucioná-los. 
 
 
Analisa a economia de maneira agregada. 
Exemplo: Por que a inflação aumentou? 
 
 
 
Em todos os casos, precisamos analisar a escolha individual dos agentes 
envolvidos. 
 
Qualquer questão em economia envolve escolha individual, independentemente de 
estarmos no campo da micro ou da macroeconomia. Em última instância, até 
decisões macroeconômicas são baseadas em uma série de decisões individuais 
sobre o que fazer ou não. Portanto, podemos dizer que economia é sobre escolhas. 
 
Quando vamos à feira, há diversos produtos em inúmeras barracas. É pouco 
provável que tenhamos dinheiro para comprar tudo o que desejamos e, mesmo que 
tenhamos, é possível que não haja espaço suficiente na geladeira para guardar 
todos os produtos. 
 
Alguém pode argumentar que basta comprar outra geladeira. Contudo, o espaço em 
sua casa é limitado, de forma que precisamos escolher qual alimento comprar e 
qual colocar na geladeira. 
 
 
O fato de alguns produtos estarem à venda na feira já envolve uma escolha. O 
feirante escolheu quais itens levar para a feira, e os produtores agrícolas também 
escolheram quais cultivariam. 
 
Notamos, então, que todas as atividades econômicas passam por escolhas. 
 
Existem quatro princípios econômicos contidos na escolha individual: 
 
 
 
 
 
 
● Escassez de recursos 
● Custo real 
● Decisão marginal 
● Oportunidades de melhoria 
 
O trade-off nada mais é do que um dilema. Conforme Sandroni 
(2005), em economia, o trade-off define uma situação de escolha 
conflitante. Isto é, ocorre quando uma ação econômica visa à 
resolução de determinado problema, mas acarreta — 
inevitavelmente — outros problemas econômicos. Na maioria dos 
países, é possível prever as escolhas macroeconômicas a partir do 
conhecimento prévio da orientação ideológica dos policy makers 
 
 
 
 
 
 
O outro ramo importante da nossa matéria é a macroeconomia, 
relacionada ao desempenho global da economia. A 
macroeconomia nem sequer existia na sua formulação moderna 
antes de 1936, quando John Maynard Keynes publicou a sua obra 
revolucionária Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. 
 
Nessa época, Inglaterra e os Estados Unidos ainda se debatiam 
com a Grande Depressão dos anos 1930, com o desemprego 
afetando mais de um quarto da população ativa 
norte‐americana. Na sua nova teoria, Keynes desenvolveu uma 
análise das causas dos ciclos econômicos, com períodos 
alternados de desemprego e inflação elevada. A macroeconomia 
examina uma grande variedade de assuntos, tais como a 
determinação do investimento e do consumo totais, como os 
bancos centrais fazem a gestão da moeda e das taxas de juro, o 
que causa as crises financeiras internacionais e por que razão 
alguns países se desenvolvem rapidamente, enquanto outros 
ficam estagnados. Embora a macroeconomia tenha progredido 
muito desde as suas primeiras conclusões, as questões 
 
 
 
 
 
abordadas por Keynes ainda continuam a delimitar o estudo 
atual da macroeconomia. 
 
A macroeconomia é o estudo do comportamento da 
economia como um todo. Examina as forças que afe tam empresas, consumidores e 
trabalhadores no seu conjunto. A macroeconomia contrasta com a microe conomia, que 
estuda os preços, as quantidades e os mercados individualmente. 
 
Os anos 1930 marcaram o despertar da ciência da ma croeconomia, fundada por John 
Maynard Keynes quan do tentava compreender o mecanismo econômico que originou a 
Grande Depressão. Após a Segunda Guerra Mundial, refletindo tanto o aumento da 
influência das ideias keynesianas como o receio de outra depressão, o Congresso dos 
Estados Unidos proclamou formalmente a responsabilidade federal pelo desempenho 
macroeco nômico e aprovou a Lei do Emprego de 1946, um mar co na legislação, que 
estipulava: 
O Congresso, por meio desta, declara que são perma nentes a política e a responsabilidade 
do governo federal em usar todos os meios admissíveis e compatíveis com as suas 
necessidades e obrigações... de promover o máximo de emprego, de produção e de poder 
de compra 
 
 
Todas as análises de política macroeconômica come‐çam por John Maynard Keynes. 
Keynes (1883 ‐1946) foi um gênio multifacetado, reconhecido nos campos da matemática, 
da filosofia e da literatura. Além disso, teve tempo para dirigir uma grande companhia de 
se‐guros, ser conselheiro do Tesouro britânico, ajudar a gerir o Banco de Inglaterra, editar 
uma revista eco‐nômica mundialmente famosa, colecionar arte mo‐derna e livros raros, 
iniciar um teatro de repertório e casar com uma brilhante bailarina russa. Foi tam‐bém um 
investidor que sabia como ganhar dinheiro com uma acertada especulação, tanto para si 
como para o seu colégio universitário, o King’s College, em Cambridge. 
 
 
 
A sua principal contribuição, contudo, foi a inven‐ção de uma diferente forma de olhar para 
a macroeco‐nomia e para a política macroeconômica. Antes de Keynes, a maioria dos 
economistas e das autoridades econômicas aceitava os altos e baixos dos ciclos 
eco‐nômicos como algo tão inevitável como as marés. Essas ideias estabelecidas há muito 
nos deixaram indefesos face à Grande Depressão dos anos 1930. Mas no livro de 1936, 
Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, Keynes deu um enorme salto intelectual, ao 
apresen‐tar duplo argumento: primeiro, é possível a persistên‐cia de desemprego alto e de 
capacidade subutilizada nas economias de mercado; segundo, as políticas fiscal e 
 
 
 
 
 
monetária do governo podem influenciar a produ‐ção e, assim, reduzir o desemprego e 
encurtar as re‐cessões econômicas. 
 
 
Essas propostas tiveram um impacto explosivo quan‐do Keynes as apresentou pela 
primeira vez, o que ori‐ginou grande controvérsia e discussão. Nos anos após a Segunda 
Guerra Mundial, a economia keynesiana passou a dominar a macroeconomia e a política 
gover‐namental. Desde então, novos desenvolvimentos in‐corporando condicionantes da 
oferta, expectativas e visões alternativas sobre a dinâmica dos preços e dos salários 
corroeram o anterior consenso keynesiano. Embora poucos economistas atualmente 
acreditem que a ação do governo possa eliminar os ciclos econô‐micos – como a Economia 
de Keynes, certa vez, pare‐cia prometer –, nem a ciência econômica nem a polí‐tica 
econômica foram as mesmas desde a grande descoberta de Keynes. 
 
 
 Com efeito, morto o capitalismo de concorrência e adiantado já o processo 
de monopolização, a obra de Keynes significou a elaboração teórica 
correspondente às necessidades do capitalismo, num estádio da sua 
evolução em que a intervenção do estado no domínio da economia passou a 
ser entendida, nas palavras deo Professor de Cambridge, “como o único 
meio de evitar uma completa destruição das instituições económicas 
actuais.” 
 
 
 
Escassez de recursos 
No geral, não podemos ter tudo o que queremos. Nossa renda é limitada, o que 
restringe o que podemos adquirir. A renda que escolhemos gastar indo ao cinema, 
por exemplo, equivale à que deixamos de gastar com algum outro bem ou serviço. 
 
Todavia, existem alguns indivíduos muito ricos, e você deve estar pensando que 
eles podem ter tudo. Até eles não podem fazer tudo o que querem, porque há a 
limitação de tempo: o dia possui apenas 24 horas. 
 
Assim, o tempo que escolheremos dedicar a determinada atividade não poderá ser 
usado a outra. Por exemplo, o tempo que dedicamos ao nosso sono é um momento 
em que deixamos de trabalhar. 
 
Fazer escolhas apenas reflete o fato de que os recursos são escassos. 
 
 
 
 
 
 
 
Recurso é qualquer elemento que pode ser usado na produção de um 
bem. Em economia, geralmente consideramos o trabalho, a terra, o 
capital físico e o humano (conquistas educacionais e habilidades 
individuais) como recursos.Podemos afirmar que: 
Um recurso é escasso quando sua quantidade disponível é insuficiente 
para satisfazer todos os usos que uma sociedade quer fazer dele. 
 
 
Há diversas formas de tomar decisões. Uma delas é permitir que elas surjam 
como o resultado de escolhas individuais, o que acontece, normalmente, em 
economias de mercado. 
 
Há também decisões que a sociedade considera que é melhor não serem 
fruto do resultado de escolhas individuais, porque são prejudiciais na maioria 
dos casos. Por exemplo, consumir bebida alcoólica e dirigir. 
 
 
Custo real 
O gasto de adquirir algo envolve também o que dispensamos para 
realizar a aquisição. 
 
Imagine que você prestou vestibular para uma universidade privada e 
conquistou a aprovação para o curso integral em ciências econômicas. 
O custo monetário de estudar em uma universidade privada é o valor da 
mensalidade mais o gasto com passagem, alimentação e material. Mas 
isso não inclui tudo: esse não é custo real de estar em uma 
universidade privada. 
 
 
Estudar em tempo integral significa que você está abrindo mão de fazer 
um curso de inglês pela tarde ou de trabalhar em algum 
 
 
 
 
 
estabelecimento. O custo de desistir de outra atividade se chama custo 
de oportunidade. Esse é um conceito essencial em economia e se trata 
do que abdicamos ao deixar de escolher nossa segunda melhor 
alternativa. 
 
O custo real de algo é a soma de seus custos monetário e de 
oportunidade. Portanto, todo gasto é um custo de oportunidade. 
 
Exemplo 
Em 2011, a Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro 
formulou o programa Renda Melhor Jovem, que consistia em depósitos 
na poupança de jovens que cursavam o ensino médio em escolas 
públicas e eram beneficiados pelo programa e pelo Cartão Família 
Carioca. Após a conclusão do ensino médio, os jovens poderiam usar 
essa poupança. 
 
A ideia de pagar um valor para eles estudarem tem como base o 
conceito de custo de oportunidade, pois muitos jovens pobres 
abandonam a escola para trabalhar e ajudar suas famílias. 
 
 
 
Decisão marginal 
Diversas escolhas importantes em nossas vidas começam com a 
pergunta: “Quanto?”. Não só com relação ao dinheiro, pois essa 
pergunta se refere também à quantidade. 
 
Ou seja, se você está cursando duas disciplinas ― microeconomia e 
macroeconomia ―, precisa escolher quanto tempo vai dedicar para 
estudar cada uma delas. 
 
 
Em economia, entendemos escolhas de “quanto?” como uma decisão 
marginal. 
 
 
 
 
 
 
Gastar mais tempo estudando microeconomia significa que você 
possivelmente terá um benefício nessa matéria: tirar uma nota mais alta. 
Porém, isso também implica menos tempo estudando macroeconomia. 
 
Sua decisão envolverá um trade-off, ou seja, comparar entre o custo e o 
benefício. Essa comparação faz parte da escolha. 
 
Como decidir, então, quanto tempo dedicar a cada uma das disciplinas? 
Você pode não perceber, mas, no geral, decisões desse tipo são 
tomadas a cada momento. 
 
 
 
Imagine que as provas de microeconomia e macroeconomia sejam na 
mesma data. No dia anterior, você decide dedicar metade do tempo à 
macroeconomia e, a outra metade, para a outra disciplina. 
 
Porém, antes de chegar ao fim do tempo destinado à macroeconomia, 
você nota que é melhor dedicar mais tempo do que o que tinha 
pensado. À noite, já com sono, você percebe que ainda faltou conteúdo 
da disciplina, mas ainda está finalizando o de microeconomia. O que 
fazer? Se você teve nota melhor em uma prova anterior de 
microeconomia, possivelmente optará por dedicar o tempo disponível 
restante à macroeconomia. 
Trata-se de um exemplo de decisões marginais. Elas envolvem um 
trade-off na margem, isto é, a análise do custo-benefício de um pouco 
mais de uma atividade e um pouco menos de outra. 
 
 
Muitas decisões no nosso dia a dia são tomadas com base em análises 
marginais, que desempenham papel fundamental na economia. 
 
 
Se alguém está com sede, decide se vai tomar um copo de água ou 
não. Após o primeiro copo, ele avalia se ainda quer tomar o segundo, e 
 
 
 
 
https://conteudo.ensineme.com.br/ge/00480/intro?brand=estacio#
 
assim por diante. Não tomamos uma decisão apenas entre não beber 
água ou tomar toda a água da casa, mas também entre um copo ou um 
gole a mais. A decisão sobre um gole adicional é uma decisão na 
margem. 
 
Oportunidades de melhoria 
Para começar, observe este caso: 
Exemplo 
Todo mês de outubro, os supermercados Guanabara realizam uma 
promoção de aniversário, que é bastante famosa no Rio de Janeiro. 
Diversas propagandas passam na televisão, e alguns jornais enviam 
repórteres para cobrir o evento. 
 
Sempre que vemos as notícias, reparamos que há enorme quantidade 
de pessoas nas lojas. Mas por que, se esses produtos são vendidos 
normalmente no dia a dia? Segundo os consumidores, os preços 
durante as promoções são melhores que em qualquer outra época do 
ano. Assim, quando as pessoas veem uma oportunidade de melhorar 
sua situação ― nesse caso, por meio da compra de produtos mais 
baratos ― elas aproveitam. 
 
 
Em geral, ao tentarem prever como os indivíduos se comportarão em 
alguma situação econômica, profissionais economistas consideram que 
as pessoas aproveitarão a oportunidade de melhorar suas situações. 
Assim, elas são exploradas até que se esgotem, isto é, até que tenham 
sido plenamente aproveitadas pelas pessoas. 
 
 
De modo amplo, o fato de que as pessoas exploram oportunidades de 
melhorar sua própria situação é uma hipótese largamente adotada em 
modelos econômicos. 
 
 
 
 
 
 
Quando houver redução do preço do chocolate, mais consumidores irão 
comprá-lo. Se o salário de profissionais de engenharia diminuir muito e 
o dos médicos aumente mais, é provável que alguns alunos do ensino 
médio deixem de prestar vestibular para engenharia e mudem para 
medicina. 
 
 
Quando há mudanças nas oportunidades disponíveis e, 
consequentemente, de comportamento, afirmamos que as pessoas se 
deparam com novos incentivos. 
 
Para economistas, qualquer tentativa de alteração de atitude é fruto de 
mudanças de incentivos. Portanto, uma política que peça às indústrias 
que poluam menos só será eficaz se gerar uma mudança de incentivos 
condizente com o objetivo de redução da poluição. 
 
 
Exemplo 
Durante a pandemia da covid-19, diversas medidas foram tomadas para 
seu enfrentamento, como a proibição de frequentar praias e a de sair 
sem o uso de máscaras. 
Para que essas medidas tivessem resultado, não bastou pedir à 
população para mudar de comportamento. Os governos instituíram 
multas caso as obrigações não fossem cumpridas. Dessa forma, a 
população teve uma mudança de incentivos. 
 
 
Para reforçar seu aprendizado, assista ao vídeo com uma breve 
contextualização sobre os princípios econômicos contidos na escolha 
individual. 
 
Os quatro princípios da escolha individual para análise 
econômica 
 
Escolhas individuais são a base do estudo de economia. 
 
 
 
 
 
 
Partimos delas antes de passar a estudos de agregados maiores 
 
Juros, inflação, crescimento, etc. Todos são frutos de um conjunto de 
escolhas individuais. 
 
Escolha individual se baseia em quatro princípios: 
 
1- escassez de recursos: não podemos ter tudo que queremos 
 
2- custo real: custo monetário + custo de oportunidade 
 
3- decisão marginal: decisões na margem, baseadas em um trade-off 
 
4- oportunidades de melhoria: decisões são baseadas nessas 
oportunidades 
 
 
 
PRINCIPIO 1 : ESCASSEZ DE RECURSOS 
 
Quando um recurso é considerado escasso? 
 
Quando ele não é suficiente para suprir todas as necessidades de uma 
sociedade. 
 
Na presença de escassez, a sociedade se ve obrigada a escolher de 
maneira ótima como utilizar esses recursos. 
 
 
Uma das formas de alocar recursos escassos: mercados competitivos. 
 
Nesse caso, os recursos são alocados como resultado das ações de 
todos os indivíduos nesse mercado. 
 
 
 
 
 
 
 
PRINCÍPIO 2 : CUSTO REAL 
 
 
Custo real: Custo monetário+ custo de oportunidade 
 
Custo monetárioé o valor em moeda do bem ou serviço 
adquirido 
 
Custo de oportunidade: o que abdicamos ao deixar de 
escolher nossa segunda melhor alternativa 
 
EXEMPLO: escolher entre um carro de marca italiano ou 
marca alemã 
 
Italiano é mais bonito, porém pode dar muitos problemas 
mecânicos. 
 
Carro alemão é menos bonito, mas tem menos chances de dar 
problemas mecânicos. 
 
Ambos tem o mesmo preço. 
 
se eu escolho o carro de marca italiana, qual o custo total? 
 
Custo total= preço do caro da marca italiana + o quanto eu 
economizaria com o carro alemao 
 
 
PRINCIPIO 3 = DECISÃO MARGINAL : 
 
 
 
 
 
 
 
Uma decisão marginal é aquela que ocorre atravès da analise 
de custo e beneficio entre as opçoes 
 
Ocorre em decisões que respondem perguntas do tipo: 
quanto? 
 
Quanto eu vou estudar para Microeconomia ou 
Macroeconomia? 
 
Quanto tempo vou gastar trabalhando ou descansando? 
 
Essas decisões envolvem trade-off= dilemas resolvidos 
comparando custo e beneficio de cada uma das opções 
 
 
Decisões que resolvem trade-off são decisões marginais 
 
A resposta delas é do tipo: “um pouco a mais”. esse é o 
significado de marginal 
 
Exemplo: Para esse número de horas do dia, estou disposto a 
gastar um pouco a mais de horas com minha familia ao inves 
de ficar ate mais tarde no escritorio; 
 
O BENEFICIO DESSE TIPO DE DECISÃO SUPERA O 
CUSTO 
 
PRINCIPIO 4 : OPORTUNIDADE DE MELHORIA 
 
 
Pessoas se deparam o tempo todo com incentivos. 
 
 
 
 
 
 
Esses incentivos apontam mudanças de melhoria em suas 
vidas. 
 
Quando pessoas se deparam com incentivos, elas o 
aproveitam; 
 
 
Exemplo: liquidaçao de supermercado; 
 
O princípio é simples: como pessoas sempre estão a procura 
de oportunidades de melhoria em suas vidas, elas reagem a 
esses incentivos; 
 
 
voce decidiu estudar economia, voce reagiu a um incentivo 
nesse processo. 
 
 
exemplo 1 : se voce for aprovado com uma nota boa na 
materia voce pode buscar um emprego melhor; 
 
 
exemplo 2 : não ser reprovado na matéria pode ser o suficiente 
para incentivar a estudar, pois reprovar implicaria em fazer 
essa materia de novo, o que não seria uma melhora em sua 
vida. 
 
 
Mercados: interações entre indivíduos 
como a economia de mercado coordena a produção por meio 
da interação das decisões individuais, destacando a 
 
 
 
 
 
importância do comércio, da moeda, da busca pelo equilíbrio e 
da eficiência versus equidade. Abordaremos também falhas de 
mercado e a necessidade de intervenções governamentais 
quando necessário. 
 
 
Uma economia é o sistema que coordena a produção de 
muitos agentes. Em uma economia de mercado, isso ocorre 
sem centralização: cada indivíduo toma sua própria decisão. 
 
Todavia, as decisões individuais dependem das decisões dos 
demais. Portanto, para compreendermos como funciona uma 
economia de mercado, precisamos entender a interação entre 
as escolhas individuais. 
 
O resultado da escolha de diversas pessoas pode ser bem 
diferente daquilo que os indivíduos esperariam. O uso de 
novas técnicas agrícolas é um exemplo. 
 
 
Quando agricultores adotam novas tecnologias, há uma 
produção tão grande que o resultado é a redução do valor do 
produto, levando diversos produtores a saírem do mercado. 
 
A interação entre indivíduos em uma economia de mercado possui 
cinco princípios: 
 
1. Ganhos de mercado. 
2. Movimentação dos mercados em direção ao equilíbrio. 
3. Uso eficiente dos recursos para o alcance dos objetivos da 
sociedade. 
4. Mercados rumo à eficiência. 
 
 
 
 
 
5. Ação governamental em prol do aumento de bem-estar. 
 
 
Ganhos de mercado 
São oriundos da divisão de tarefas, conhecida como 
especialização, ou seja, cada indivíduo se ocupa de poucas 
atividades. Os mercados permitem que as pessoas se 
especializem, pois sabem que podem encontrar os bens e 
serviços que desejam e trocar com outros indivíduos. 
 
Imagine que uma pessoa tente suprir sozinha todas as suas 
necessidades. Ela produz seus tecidos, costura suas roupas, 
planta seu alimento, pinta seus próprios quadros e constrói sua 
própria casa. Deve ser possível viver dessa forma, mas parece 
uma vida bastante dura. 
 
A existência do comércio torna possível que os indivíduos 
dividam tarefas entre si e ofertem bens ou serviços 
demandados por outras pessoas em troca dos bens e serviços 
que desejam. Na maioria das sociedades, há poucos 
indivíduos tentando viver de forma autossuficiente, porque 
existem ganhos de comércio. 
 
Exemplo 
Duas pessoas, ao trocarem e dividirem, podem obter aquilo 
que mais desejam. Pode ser que Gabriel seja melhor que 
Rafael cozinhando, e que esse seja melhor na faxina. Isso 
permite que Gabriel seja o responsável pela comida e a troque 
com Rafael por faxina. 
 
 
 
 
 
 
Moeda costuma ser definida como qualquer ativo que pode ser 
utilizado facilmente para comprar bens e serviços. 
 
Um ativo é líquido quando pode ser convertido em dinheiro 
vivo de forma simples. Portanto, moeda consiste no próprio 
dinheiro vivo, que é, por definição, líquido, embora ela também 
possa ser convertida em outros ativos altamente líquidos. 
 
A moeda tem papel fundamental em uma economia, pois gera 
ganhos de comércio. Isso é possível porque ela permite que trocas 
indiretas sejam realizadas, acabando com o problema da dupla 
coincidência de necessidades, que ocorria em um sistema de 
escambos. 
 
Além disso, a moeda tem três funções: 
 
1 
Meio de troca 
Cumpre o papel de um ativo que as pessoas utilizam para 
trocar bens e serviços. 
2 
Reserva de valor 
É uma forma de guardar poder de compra ao longo do tempo. 
 
 
3 
Unidade de conta 
Representa uma medida que as pessoas utilizam para fixar 
preços e fazer cálculos econômicos. 
 
 
 
 
 
 
Movimentação dos mercados em direção ao equilíbrio 
Aprendemos o princípio que afirma que as pessoas aproveitam 
oportunidades de melhorar sua situação. 
 
 
Por exemplo, em geral, quando vamos à praia, buscamos um espaço na 
areia que tenha menos gente para nos instalarmos. No verão, não 
restam muitos espaços vazios. Isso acontece porque os indivíduos 
buscam explorar as oportunidades para melhorar de situação. 
 
Conforme as pessoas chegam à praia, elas buscam o local 
mais vazio, até não haver mais nenhum. Todas as 
oportunidades de melhoria acabaram, pois já foram 
exploradas. 
 
Economistas chamam de equilíbrio a situação em que as 
pessoas não podem melhorar, fazendo, individualmente, algo 
diferente. 
 
Uma economia está em equilíbrio quando nenhum indivíduo pode 
melhorar sua situação adotando uma ação diferente. 
 
Os mercados, normalmente, alcançam o equilíbrio por meio da 
mudança de preços, que aumentam ou diminuem, até que todas as 
oportunidades para melhorar a situação individual tenham se esgotado. 
Portanto, cada vez que houver uma mudança, a economia se moverá 
em direção a um novo equilíbrio. 
 
 
Uso eficiente dos recursos para o alcance dos objetivos da 
sociedade 
 
 
 
 
 
 
O que importa para economistas não é o dinheiro, mas o 
bem-estar das pessoas em uma sociedade. Assim, os recursos 
de uma economia são usados de forma eficiente quando todas 
as oportunidades de melhorar a situação de cada um são 
exploradas por completo. Entendemos que uma economia é 
eficiente quando utiliza todas as oportunidades de melhorar a 
situação de uma pessoa sem piorar a de outras. 
 
 
Exemplo 
Mariana mora na zona rural e planta hortaliças. Sua terra é 
pequena e sua plantação está morrendo por falta de espaço. 
Pedro, vizinho de Mariana, é proprietário de um latifúndio, e 
não usa a terra para nada. Claramente, a terra dessa 
economia está sendo usada de forma ineficiente. Há uma 
maneira de melhorar a situação de todos: transferindo a 
plantação de hortaliças de Mariana para as terras de Pedro. 
Embora essa situação ocorra na vida real, não é simples 
resolver ineficiências dessa forma, pois essa solução demanda 
uma reforma agrária, que deveria ser realizada pelo estado. 
 
 
Quando uma economia opera de forma eficiente, os ganhosoriundos do 
comércio são maximizados, dados os recursos disponíveis. Quando ela 
é eficiente, a única maneira de melhorar a situação de uma pessoa é 
piorando a de outra, ou seja, já esgotamos os ganhos de troca. 
 
Dado que eficiência é algo ótimo, ela deveria ser o único objetivo em 
uma economia? A resposta é não. 
 
Eficiência não é o único critério que importa. Equidade e justiça também 
são relevantes. Em geral, há trade-off entre eficiência e equidade, uma 
 
 
 
 
 
vez que políticas que almejam a equidade, muitas vezes, alcançam-na 
às custas da eficiência. 
 
Considere, por exemplo, a política de assentos preferenciais em 
transportes públicos. Para assegurar que sempre haja assento 
disponível para grávidas, pessoas com deficiência, idosos e 
pessoas com crianças de colo, normalmente, há um número 
reservado de vagas. Muitas vezes, esses assentos ficam vagos, 
enquanto algumas pessoas ficam em pé. Isso gera ineficiência, 
mas será que gostaríamos de resolver essa ineficiência deixando 
as pessoas do grupo preferencial sem assento? Essa situação 
envolve um trade-off entre eficiência e justiça. 
 
 
Mercados rumo à eficiência 
Frequentemente, os mercados levam à eficiência ― embora não 
tenhamos um “planejador central” que se certifique de que a 
economia esteja operando de forma eficiente. O Estado não 
precisa gerar eficiência, porque os mercados já cumprem essa 
função razoavelmente bem. 
 
Adam Smith chama isso de mão invisível do mercado. Assim, os 
incentivos presentes em uma economia de mercado já garantem 
que os recursos sejam utilizados da melhor maneira possível, sem 
que haja desperdício de oportunidades. Contudo, há exceções para 
esse princípio. 
 
Quando temos falhas de mercado, a busca individual a partir do 
interesse próprio piora a situação da sociedade, e o resultado é 
ineficiente. Isso acontece, em geral, quando a ação individual de 
uma pessoa tem efeitos colaterais sobre as demais, o que 
economistas chamam de externalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo 
Poluição é um exemplo clássico de externalidade negativa. 
 
Adam Smith (1996) revelou que o crescimento da riqueza 
de uma nação depende basicamente da produtividade do trabalho. 
Essa produtividade, por sua vez, é função do grau de 
especialização ou da divisão do trabalho, determinado pela 
expansão do mercado e do comércio (SMITH, 1996). Por isso, 
Adam Smith concluiu que era fundamental, em qualquer nação, a 
remoção de todas as barreiras ao comércio interno e externo. Para 
ele, essa política liberal conduziria invariavelmente ao 
desenvolvimento das forças produtivas e ao sucesso do que ele 
chamou de “mão invisível” (SMITH, 1996). Logo, as 
regulamentações estatais mercantilistas levavam a economia ao 
retrocesso 
 
No seu livro A Riqueza das Nações, Adam Smith (1983) já 
apontava os efeitos da existência de leis relativas à intervenção do 
Estado na livre concorrência de mercado. Vem daí a importante 
expressão “mão invisível”, que Adam Smith formulou ao fazer 
alusão aos efeitos de um mercado livre. Esse mercado, sem 
intervencionismo, seria suficiente para regular os preços em prol de 
uma justa concorrência. Ainda assim, vários autores da AED 
usaram as bases ideológicas de Adam Smith para dar corpo 
teórico, em especial, à disciplina da AED. 
 
Com a Revolução Inglesa de 1688 e a Revolução Francesa de 
1789, abriu--se a era do capitalismo e o caminho para o 
liberalismo. Nessa conjuntura, a percepção do Estado absolutista 
entrou em declínio. Assim, o liberalismo passou a ser a palavra de 
ordem — em especial no plano econômico e político. Em poucas 
 
 
 
 
 
palavras, o liberalismo era o contraditório do absolutismo. 
Enquanto o absolutismo se caracterizava por um governo de 
monarcas 
absolutos e déspotas, em que tudo tinha a cabeça e a mão do 
Estado, o liberalismo queria um governo pequeno ou um governo 
que não governasse demasiadamente. Ou seja, o liberalismo não 
defendia o fim do Estado, mas a redução da sua “mão” — noção 
que ficou popular com a ideia de Adam Smith da “mão invisível”. 
 
Ação governamental em prol do aumento de bem-estar 
 
Quando há falhas de mercado, é possível que ações 
governamentais melhorem o bem-estar da sociedade. 
 
Considere uma indústria que produz algo importante, mas gera 
poluição (por exemplo, usinas termoelétricas que geram energia, 
mas são muito poluentes). Ela não tem incentivo para levar em 
conta o custo de sua ação para a sociedade e deixar de poluir. 
 
Há duas possíveis respostas para essa situação: 
 
● A sociedade pode subsidiar a adoção de uma nova tecnologia 
que gere menos poluição. 
● O governo pode multar a indústria. 
 
Essas alternativas mudam os incentivos da indústria, dando a ela 
motivos para poluir menos. No entanto, as possíveis soluções vão 
depender da intervenção do estado. 
 
Assim, quando os mercados não funcionam corretamente, a ação 
do governo pode tornar o resultado mais próximo de algo eficiente, 
mudando a forma de alocar recursos na sociedade. 
 
 
 
 
 
 
Em geral, o mercado não funciona corretamente quando há 
externalidades. Também há falha quando o bem em questão não 
consegue ser eficientemente administrado pelo mercado. 
 
Exemplo 
Vamos pensar na iluminação pública. Não precisamos pagar para 
passar sob um poste de luz na rua, o que diminui o incentivo a 
contribuir para a provisão do serviço. Esse último caso é conhecido 
como bem público. 
 
 
Alguns agentes econômicos podem ter poder de mercado, como 
uma empresa monopolista, que poderá restringir o uso de recursos 
por outros indivíduos para maximizar seu lucro individual. 
 
 
Variáveis endógenas e exógenas 
O objetivo de um modelo econômico é demonstrar como as 
variáveis exógenas afetam as endógenas. 
 
Vamos primeiro entender o que são e quais as diferenças entre 
elas. As variáveis endógenas são aquelas que o modelo tenta 
explicar. Já as exógenas são as que o modelo toma como dadas. 
 
A imagem a seguir representa um esquema mais intuitivo para as 
variáveis: 
 
 
 
 
 
 
 
Modelo econômico. 
 
De acordo com a imagem, as variáveis exógenas são 
determinadas fora do modelo, servindo como insumo, enquanto as 
endógenas são estipuladas dentro do modelo, sendo o seu 
resultado. 
 
Considere um produtor de cogumelos. A demanda por seu produto 
vai depender de seu preço e da renda dos consumidores. A oferta, 
por sua vez, vai depender dos preços do cogumelo e dos insumos 
utilizados na produção. 
 
O equilíbrio acontece quando oferta e demanda se igualam. Nesse 
caso, as variáveis exógenas são a renda individual e o preço dos 
insumos, e a variável endógena será o preço do cogumelo. 
 
 
Escola Clássica 
É a Escola Clássica que inaugura a economia como ciência. Ou 
seja, ela é a origem do pensamento econômico em caráter 
científico. Nesse sentido, a Escola Clássica surgiu no século XVIII, 
com a publicação do livro A Riqueza das Nações (em 1776), do 
escocês Adam Smith. Contudo, a Escola Clássica se consolidou 
como uma linha de pensamento econômico no século XIX, com o 
aparecimento de novos pensadores econômicos que expandiram 
as análises teóricas, como Jeremy Bentham, David Ricardo, 
Thomas Malthus, James Mill, Jean-Baptiste Say e John Stuart Mill. 
 
Para Adam Smith (1996), o objeto de estudo da economia estava 
indicado no título completo da sua obra: é uma investigação sobre 
a natureza e as causas da riqueza das nações. Nesse contexto, as 
riquezas eram os bens que possuíam valor de troca. Logo, 
 
 
 
 
 
distinguia-se o valor de uso do valor de troca das mercadorias, 
sendo que este último era determinado pela quantidade de trabalho 
necessária para produzi-las. Assim, a Escola Clássica enfatizava a 
importância da produção — colocando em segundo plano o 
consumo e a demanda 
 
Em termos gerais, os pensadores clássicos refutaram as tradições 
mercantilistas e as doutrinas fisiocratas. Eram contra as 
concepções mercantilistas de que a riqueza é constituída pelo 
entesouramento de ouro e de prata, e contraas ideias fisiocratas 
de que somente a agricultura produz valor. É dessa crítica que a 
Escola Clássica elabora a teoria do valor-trabalho, revelando que 
todas as atividades em uma economia produzem valor e que a 
riqueza de uma nação é resultado dos valores de troca 
 
Dessa maneira, Adam Smith (1996) revelou que o crescimento da 
riqueza 
de uma nação depende basicamente da produtividade do trabalho. 
Essa produtividade, por sua vez, é função do grau de 
especialização ou da divisão do trabalho, determinado pela 
expansão do mercado e do comércio (SMITH, 1996). 
 
 Por isso, Adam Smith concluiu que era fundamental, em qualquer 
nação, a remoção de todas as barreiras ao comércio interno e 
externo. Para ele, essa política liberal conduziria invariavelmente 
ao desenvolvimento das forças produtivas e ao sucesso do que ele 
chamou de “mão invisível” (SMITH, 1996). Logo, as 
regulamentações estatais mercantilistas levavam a economia ao 
retrocesso. 
 
Essas análises teóricas foram também defendidas por David 
Ricardo, que colocou o trabalho como um determinante do valor de 
troca. 
 
 
 
 
 
 
Nas suas reflexões, David Ricardo observou ainda uma 
contradição entre o valor de troca e o preço relativo das 
mercadorias. Essa contradição só seria resolvida anos mais tarde 
por Karl Marx, ao analisar a transformação do valor de troca em 
preço de produção (RASMUSSEN, 2006). 
Além do mais, David Ricardo formulou o conceito de vantagem 
comparativa e demonstrou que o comércio internacional é uma 
situação de “ganho–ganho” para os países envolvidos. Essa visão 
clássica destruiu a equivocada teoria do mercantilismo, que 
defendia que o colonialismo deveria beneficiar apenas a metrópole 
à custa da colônia. David Ricardo analisou também o fenômeno 
econômico dos retornos decrescentes. Assim, ele revelou por que 
os custos tendem a crescer, em determinado momento, quando 
você aumenta os níveis de produção 
 
Outro importante pensador clássico foi John Stuart Mill, que 
analisou principalmente as teses de Thomas Malthus e David 
Ricardo. Além do mais, John Stuart Mill deu sequência aos estudos 
de seu pai, o pensador inglês James Mill. No que se refere à teoria 
do valor, John Stuart Mill procurou demonstrar como o preço é 
determinado pela igualdade entre demanda e oferta e como a 
demanda recíproca de produtos afeta os termos do intercâmbio 
entre os países. Ele lançou também a ideia da elasticidade da 
demanda — expressão introduzida mais tarde por Alfred Marshall 
— para analisar as possibilidades alternativas de comércio. 
 
Por fim, cabe destacar que John Stuart Mill foi o único pensador 
clássico a 
abandonar o rigor doutrinário do liberalismo e do individualismo. 
Ele afirmava que deveria haver menor dependência da 
natureza e maior grau de intervenção governamental para a 
resolução de determinados problemas econômicos. 
 
 
 
 
 
 
Por exemplo, John Stuart Mill defendia, para contrabalançar o 
poder dos grandes empresários, o fortalecimento dos sindicatos e o 
recurso à greve. Defendia também que a renda, por constituir um 
excedente, deveria ser submetida à tributação 
 
 
 
 
 
Para entender o pensamento desses quatro autores clássicos da economia: 
● Adam Smith: Defendeu a ideia de livre mercado e divisão do trabalho, 
enfatizando a importância da busca individual pelo lucro para o benefício da 
sociedade. 
● David Ricardo: Contribuiu com a teoria das vantagens comparativas, que 
explica os benefícios do comércio internacional. 
● Karl Marx: Famoso por suas teorias sobre o capitalismo, incluindo a luta de 
classes e a crítica à exploração do trabalho. 
● John Stuart Mill: Defendeu a liberdade individual, mas também reconheceu a 
necessidade de intervenção do governo para corrigir desigualdades e 
proteger os mais vulneráveis. 
Cada autor teve contribuições significativas para o pensamento econômico, 
abordando diferentes aspectos e perspectivas. 
 
 
Boa parte da análise econômica marxista está em O Capital, de 1867. Foi a 
partir da teoria do valor-trabalho da Escola Clássica que Karl Marx desenvolveu o 
conceito de mais-valia como trabalho excedente, não pago, fonte do lucro, do juro e 
da renda da terra. A mais-valia é um dos conceitos mais importan-tes da Escola 
Marxista. E é a partir da mais-valia que Karl Marx analisa o processo de acumulação 
de capital no sistema capitalista, mostrando existir uma correlação entre as 
crescentes acumulação e concentração de capital e o empobrecimento dos 
trabalhadores ou proletariados. Para a Escola Marxista, essa é a principal 
contradição do sistema capitalista. 
 
 
 
 
 
 
 
A Escola Neoclássica, ou Marginalista, predominou entre 1870 e a Primeira Guerra 
Mundial. Os pensadores precursores foram Johann Heinrich von Thünen, Hermann 
Heinrich Gossen e Antoine Augustin Cournot. Contudo, a Escola Neoclássica reuniu 
várias gerações de representantes, como William Jevons, León Walras, Alfred 
Marshall, Vilfredo Pareto, John Bates Clark, Irving Fisher e Jules Dupuit. Também 
contribuíram ao pensamento neoclássico os austríacos Carl Menger e Eugen von 
Böhm-Bawerk (SANDRONI, 2005). 
 
Segundo Karl Marx (1996), a mais importante característica do capitalismo 
é ser um modo de produção de mercadorias. Ou seja, a riqueza das sociedades em 
que domina o modo de produção capitalista aparece como uma imensa coleção de 
mercadorias, e a mercadoria individual como a sua forma elementar. Assim, a 
mercadoria se apresenta como o principal elemento universal na sociedade 
capitalista e serve de mediação a todas as relações sociais. 
 
Segundo Karl Marx (1996), o modo de produção capitalista se fundamenta 
na exploração do trabalho. Todos os arranjos de produção no sistema capitalista 
objetivam o lucro. Em outras palavras, o lucro é o objetivo central da produção 
capitalista. Em suma, é o que diferencia a circulação mercantil simples da circulação 
mercantil capitalista (MARX, 1996) 
 
Uma das principais tentativas de formular uma teoria econômica para 
explicar as razões do desemprego no capitalismo foi de Karl Marx (1996). Para Karl 
Marx (1996), o desemprego seria uma consequência do próprio processo de 
acumulação de capital. Assim, os desempregados funcionariam como reguladores 
das taxas dos salários dos trabalhadores e, logo, das taxas de lucro dos capitalistas. 
Nesse contexto, Karl Marx (1996) formulou o conceito de “exército industrial de 
reserva” 
 
O exército industrial de reserva é, para Karl Marx, a população excedente 
relativa, ou uma massa de trabalhadores que seria constantemente desem-pregada 
pelo progresso/avanço técnico. Na concorrência para a obtenção de empregos, 
essa massa pressionaria para baixo o nível de salários, impedindo assim a sua 
elevação. Logo, o sistema capitalista não teria qualquer interesse em extinguir 
completamente o desemprego 
 
 
 
 
 
 
 Marx via a transição para a sociedade industrial e capitalista como positiva, como 
um passo necessário para criar as condições a partir das quais os trabalhadores 
poderiam se unir. Com as grandes mudanças eco-nômicas e sociais que ocorreram 
na sua época, Marx acreditava que o curso da história era marcado por uma força 
irresistível que levaria ao progresso. Portanto, como a mudança da sociedade feudal 
para a sociedade industrial e capitalista tinha sido um progresso, a transição desta 
última para uma sociedade socialista e, depois, comunista, teria de acontecer como 
uma con-sequência inevitável das contradições inerentes ao capitalismo, e dos 
esfor-ços eventuais por parte dos trabalhadores para se livrarem da situação de 
exploração capitalista. Nesse sentido, era quase como uma lei da natureza para 
Marx. 
 
É interessante observar a crença de Marx de que a paz mundial seria possí-vel no 
momento em que as classes trabalhadoras chegassem ao poder, visto que a sua 
solidariedade baseada na condição de trabalhador criaria um laço que superaria a 
diferença de nacionalidade. Isso não se concretizou, e diferentes conflitos entrepaíses comunistas, como, por exemplo, a União Soviética e a China, de fato se 
materializaram ao longo do século XX. É talvez um tanto paradoxal que a 
convivência pacífica, prevista por Marx, entre países socialistas chegou de fato a se 
concretizar, porém, entre países de democracias liberais, que quase sem exceções 
não declararam guerra entre eles ao longo das últimas décadas. Na sua teoria sobre 
os interesses objetivos da classe trabalhadora, Marx parece ter subestimado a força 
do nacionalismo e suas diferentes expressões ao longo da história, que 
frequen-temente também foram incorporadas e utilizadas por governos socialistas. 
 
. É in-teressante lembrar que os fundadores do pensamento econômico moderno, 
como Adam Smith e Karl Marx, sempre se referiam à economia política. A 
separação entre economia e política, portanto, não foi vista como algo viável, pois 
constituem dois lados da mesma moeda. 
 
John Stuart Mill (1806-1873) 
John Stuart Mill foi o sintetizador do pensamento clássico. Seu 
trabalho foi o principal texto utilizado para o ensino de Economia no 
fim do período clássico e no início do período neoclássico. Sua 
obra consolida o exposto por seus antecessores e avança ao 
incorporar mais elementos institucionais e definir melhor as 
 
 
 
 
 
restrições, vantagens e funcionamento de uma economia de 
mercado 
 
 
A filosofia econômica de John Stuart Mill (1806-1873) fornece 
refle-xões muito interessantes sobre os dilemas que marcaram as 
sociedades dos países centrais à medida que se industrializaram e 
ganharam força ao longo do século XIX. Como os seus 
antecedentes intelectuais, Mill argumenta a favor dos mercados 
livres e ressalta a importância da concorrência como um meio para 
prover um maior nível de bem-estar da sociedade. 
 
 Acreditava, porém, que havia uma certa necessidade da 
intervenção estatal na economia quando isso se justificasse por 
razões de necessidades sociais e justiça geral. Mill foi um 
advogado do igualitarismo na esfera econômica. Isso implicava 
uma forte convicção na importância da meritocracia e do esforço e 
respon-sabilidade individual, o que, por sua vez, pressupunha uma 
certa igualdade de oportunidades. 
 
 Para Mill (1848), todos deveriam ter o mesmo ponto de partida 
para perseguir sucesso econômico. Por isso, favorecia impostos 
sobre heranças – sendo visto como uma forma de enriquecimento 
injusta, pois não implicava nenhum esforço do indivíduo –, e 
argumentava sobretudo a favor do acesso igual à educação. Sem 
isso não haveria como falar em meritocracia. Mill também defendia 
a democracia econômica como uma situação na qual os 
trabalhadores seriam responsáveis por gerir a produção e 
compartilhar seus frutos de maneira igualitária. Isso tem algumas 
semelhanças com os seus contemporâneos filósofos marxistas, 
porém Mill rejeitava veementemente a aversão do socialismo à 
concorrência, que na visão dele constitui um meca-nismo central 
na geração de riqueza. 
 
 
 
 
 
 
Os pensamentos liberais do John Stuart Mill convergem em larga 
medi-da com ideias que têm sido cada vez mais prevalentes nos 
debates do libera-lismo econômico hoje em dia. Enquanto até 2000 
havia uma forte tendência em ressaltar a importância do 
crescimento econômico a qualquer custo, as crises econômicas de 
2008 e 2020, a crescente desigualdade no mundo e os lados 
negativos da globalização econômica têm levado cada vez mais 
libe-rais a apontar a necessidade de suplementar as forças do 
mercado com um grau de intervenção em prol de questões sociais. 
Hoje, instituições frequen-temente associadas ao liberalismo 
econômico, como o Banco Mundial, a Organização de Cooperação 
e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Fórum Econômico 
Mundial, aceitam as premissas de que a desigualdade social deve 
ser combatida e de que a educação universal é um meio 
abso-lutamente central nesse sentido. 
 
 
O social-liberalismo de John Stuart Mill, portanto, é uma corrente 
ideológica cada vez mais presente, e é defendida sobretudo por 
observadores que ressaltam a combinação de sucesso 
econô-mico, competitividade e uma forte proteção social nos 
Estados de bem-estar social do norte da Europa. Por fim, Mill 
também parece estar à frente do seu tempo em suas reflexões 
sobre o valor intrínseco do meio ambiente. 
Destacava como o crescimento econômico desenfreado 
inevitavelmente iria prejudicar o meio ambiente e, 
consequentemente, as precondições para a vida humana saudável. 
Essas ideias têm ganhado força ao longo das últimas décadas e 
têm levado inclusive ao surgimento de perspectivas que ressaltam 
os limites do crescimento econômico e a importância de medir 
progresso em forma de bem-estar humano em vez do tamanho da 
economia. Também compartilham traços fundamentais com as 
perspectivas interdisciplinares so-bre o conceito do antropoceno, 
que parte do pressuposto de que, por moldar fundamentalmente a 
 
 
 
 
 
face da Terra, o ser humano tem se tornado uma força da natureza 
que deve ser assim analisada. 
 
2. História do pensamento econômico 
 
 
Pensamento econômico 
 
Origem da ciência econômica 
Até a economia se tornar o que é atualmente, a ciência econômica 
passou por diversas transformações. Além disso, hão há consenso 
a respeito de quando o pensamento econômico começou. 
 
Embora a maior parte das pessoas só tenha ouvido falar de 
economia como ciência a partir de Adam Smith, pode-se 
argumentar que nas formas mais rudimentares de civilização já 
existia algum tipo de pensamento econômico, principalmente se 
partirmos do pressuposto de que seres racionais já se 
preocupavam com seu sustento. 
 
Assim, é ingênuo pensar que uma civilização antiga como a 
egípcia, que era caracterizada pela produção e distribuição de 
parte dos recursos, não tenha desenvolvido algum tipo de ideias 
econômicas, especialmente quando se considera a existência de 
 
 
 
 
 
comércio (em forma de troca) com outras nações e a propensão 
egípcia a manter registros escritos. 
 
Na Grécia Antiga, Platão já contribuía para o pensamento 
econômico ao abordar alguns conceitos, como a divisão do 
trabalho, a teoria da moeda, a produção como base da riqueza do 
estado (na época, cidade-estado) e até a propriedade comum. Seu 
discípulo, Aristóteles, também contribuiu para o campo 
sistematizando sua teoria, mas se opunha a seu mestre quanto à 
propriedade comum. 
 
 
A Idade Média representa um período de transformações na 
estrutura da sociedade, e grandes mudanças costumam vir 
acompanhadas de novas ideias. 
 
Seguindo a queda do Império Romano, que era caracterizado por 
ser escravocrata e ter como base econômica o latifúndio, o período 
deu origem à forma de organização econômica conhecida como 
feudalismo. Trabalho e terra passaram a ser transferidos, e não 
mais vendidos. 
 
 
 
O feudalismo sofreu muitas transformações ao longo da Idade 
Média, atingindo seu auge por volta do século X EC. 
 
 
O desenvolvimento de novas técnicas agrícolas aumentou a 
produtividade das terras, e a Europa vivenciou um período de 
estabilidade que permitiu o crescimento populacional e a formação 
de cidades. Essa combinação de fatores deu origem ao mercado 
independente. 
 
 
 
 
 
 
 
A Igreja Católica se tornou a instituição dominante na Europa e, por 
isso, quase todos os acadêmicos e escritores ocidentais do período 
eram clérigos. 
 
 
Surgimento da economia política 
As bases para o capitalismo industrial moderno também foram 
estabelecidas. A classe mercantil enriqueceu, a aristocracia e o 
clero começaram a perder influência e a expansão do comércio 
proporcionou o surgimento de centros comerciais e industriais. 
Além disso, as universidades foram criadas 
 
A esfera de produção se transformou, pois os comerciantes deixaram de ser apenas 
fornecedores de matérias-primas e se tornaram detentores de meios de produção e 
empregadores de mão de obra. A alta inflação vigente na Europa no período 
também influenciou o pensamento econômico. 
 
O período é conhecido como pré-mercantilismo,e Jean Bodin esboçou a primeira 
teoria quantitativa da moeda, em Resposta aos paradoxos de Malestroit (1568), 
afirmando que a principal causa do aumento dos preços era o aumento do ouro e da 
prata em circulação. 
 
A revolução cultural e científica proporcionou a ascensão do pensamento secular no 
lugar do religioso. No campo da economia, não foi diferente, pois ela se emancipou 
da ética e da filosofia política. 
 
Influenciado pelo crescimento dos estados-nação e pelos trabalhos de pensadores 
como Maquiavel, Hobbes e Locke, o pensamento econômico deixou de se 
preocupar apenas com o comportamento de agentes econômicos individuais e 
passou a examinar também o estado. Assim, foram estabelecidos os pilares para o 
pensamento econômico moderno. 
 
A economia política emergiu como ciência, e seu objeto de estudo era a atividade 
pública, tratando da acumulação e do gerenciamento da riqueza, a fim de aumentar 
a eficiência do estado. 
 
O conhecimento passava a ser baseado nos aspectos individuais e empíricos dos 
objetos. 
 
 
 
 
 
Sir William Petty é considerado um dos pais da economia política moderna, pois foi 
um defensor e expoente do método empírico e quantitativo. 
 
 
Mercantilistas 
Outra fase de transformações ocorreu durante o Mercantilismo. No 
campo do pensamento econômico, foram propostas ideias de um 
sistema comercial restritivo com o objetivo de aumentar a 
prosperidade econômica de uma nação. 
 
Os pensadores do período podem ser divididos entre: bulionistas 
(metalistas) e mercantilistas. Confira mais detalhes: 
 
 
Bulionistas (metalistas) 
Defendiam a regulamentação do câmbio. Por não entenderem a 
teoria do comércio internacional, enxergavam qualquer saída de 
metais preciosos como uma desvantagem. Desse modo, 
advogaram pela proibição da exportação de qualquer espécie que 
tivesse como consequência a saída de ouro e prata da nação, 
assim como de importações, especialmente de mercadorias de 
luxo, que envolvessem pagamentos na forma de metais preciosos. 
Em contrapartida, defendiam a exportação de mercadorias, como 
bens manufaturados, que propiciavam a entrada de metais 
preciosos em seus países como forma de pagamento. 
 
 
Mercantilistas 
Acreditavam que havia a necessidade de incentivar a troca de 
mercadorias, buscando alcançar uma balança comercial favorável, 
isto é, o país deveria exportar mais do que importar. 
 
 
 
 
 
A economia passara a ser política, influenciada pelo maior 
envolvimento do estado. A nação passou a ser vista como uma 
grande empresa comercial, o que acarretou a defesa e a adoção 
de políticas protecionistas. 
 
Em geral, o pensamento mercantilista dialogava com o poder do 
estado ― por exemplo, com ideias de unidade nacional ―, e seus 
objetivos eram identificados com a riqueza de uma nação. 
 
 
Atenção 
Teorias sobre a conceituação do valor e monetárias sobre o papel 
dos juros na economia também foram esboçadas no período 
estudado. Os principais contribuintes para o pensamento 
econômico da época foram: Thomas Mun, Antonio Serra e Edward 
Misselden. A posição teórica mercantilista foi se tornando 
inadequada frente à acumulação capitalista e ao seu controle sobre 
a produção, além da difusão do comércio e da competição. Tudo 
isso resultou na queda dos lucros. 
 
 
Nasceu uma classe capitalista de mestres artesãos que controlava a produção, que 
conflitava com os interesses dos comerciantes. Essas transformações foram 
acompanhadas por uma mudança radical na maneira de conceber os fatos 
econômicos. 
 
A intervenção do estado na economia passou a ser vista com suspeita, e a ideia de 
que o lucro se originava na esfera de produção começou a se disseminar. Além 
disso, para prosperar, a nova classe de empresários capitalistas precisava abrir mão 
dos laços morais e ideológicos tradicionais. 
 
 
A partir do final do século XVII, a celebração do individualismo, 
em conjunto com o desenvolvimento da ética protestante, 
legitimou a usura e a atividade econômica. 
 
 
 
 
 
 
Entre os economistas da época, começou a se disseminar a noção 
de que restrições administrativas na produção criavam mais 
desvantagens do que vantagens para a coletividade. Eles 
passaram a defender a intervenção do Estado apenas no 
reconhecimento e na proteção ao direito de propriedade. 
 
Precursores da economia política clássica 
 
A política aritmética de sir William Petty, publicada em 1690, 
marcou o início da economia política clássica, iniciando a crítica ao 
pensamento mercantilista prévio. Dudley North e Mandeville, 
influenciados por esse pensamento, atacaram o protecionismo do 
estado e defenderam o livre comércio. 
 
A ênfase mercantilista em uma balança comercial positiva também 
foi criticada: o comércio internacional não poderia ser uma fonte de 
perda para nenhuma das partes, uma vez que, sendo uma 
atividade voluntária, não ocorreria em primeiro lugar se não 
gerasse ganhos para todos. 
A teoria também avançou em outros aspectos. Richard Cantillon 
propôs que a terra era a principal fonte de riqueza, a qual seria 
produzida com o poder do trabalho empregado. Além disso, ele 
distinguiu o valor intrínseco do valor de mercado dos bens, o que 
foi considerado um esboço da teoria de preço e custo. 
 
Na França, no final do século XVIII, os conceitos pós-mercantilistas 
foram aprimorados por um grupo de pensadores, que ficou 
conhecido como fisiocratas, encabeçados por François Quesnay. 
 
 
As principais contribuições da escola fisiocrata para o pensamento 
econômico moderno consistem na rejeição do conceito 
 
 
 
 
 
mercantilista de riqueza por meio da troca e no reconhecimento da 
produção como fonte de riqueza. A invenção do termo e da política 
do laissez faire e laissez passer também forma duas contribuições 
significativas, além do Tableau economique (1759), principal obra 
de Quesnay. 
 
Interessado em transformar o setor agrícola em indústria capitalista 
eficiente, o autor apresentou um modelo quantitativo da produção 
de mercadorias. Ao distinguir entre trabalho produtivo e 
improdutivo, ele identificou uma fonte de riqueza no excedente que 
a terra é capaz de produzir, oriunda do fato de que nela se produz 
mais do que se consome. 
Quesnay foi o precursor da acumulação de capital. Seu trabalho 
também traz a ideia de interdependência entre os setores da 
economia e a inovadora representação de trocas como um fluxo 
circular de dinheiro e bens. Desse modo, os fisiocratas foram os 
primeiros a tentar analisar, de maneira sistemática, a circulação da 
riqueza na economia. 
 
O filósofo David Hume também fez valiosas contribuições ao 
pensamento econômico. Embora não tenha estruturado suas ideias 
de maneira sistemática, como os pensadores que viriam depois, 
suas obras tiveram grande influência na filosofia geral encontrada 
posteriormente no trabalho de Adam Smith. Suas principais ideias 
econômicas destacavam o trabalho e a atenção a oscilações e 
mudanças na economia e apontaram a inter-relação dos fatos 
econômicos com outras forças sociais. 
 
Na parte monetária, Hume descreveu o mecanismo pelo qual uma 
mudança na quantidade de moeda em circulação alteraria o valor 
do dinheiro na economia ― assunto debatido até hoje. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Economia política clássica 
Economia clássica é o nome dado ao sistema de teoria econômica 
desenvolvido a partir do final do século XVIII. Ele foi iniciado com a 
publicação do livro Uma investigação sobre a natureza e as causas 
da riqueza das nações, mais conhecido simplesmente por A 
riqueza das nações, de Adam Smith, em 1776. Ele lançou as bases 
da teoria econômica clássica de livre mercado. 
 
Acompanhe, a seguir, o que torna essa obra tão importante! 
 
I 
Evoluções no pensamento econômico clássico 
A teoria clássica proposta nesse período contrastou fortemente 
com as tendências anteriores do pensamento econômico. 
 Embora tenham assimilado diversos conceitos estabelecidos por 
seus antecessores, os economistas clássicos identificaram falhas 
em todas as soluções

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