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Programa de Educação Continuada a Distância Curso de Educação infantil (Características e Singularidades) Aluno: EAD - Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 2 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. Curso de Educação Infantil (Características e Singularidades) MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 3 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. SUMÁRIO Módulo I A Educação Infantil – suas características e singularidades 1. Cognição e Afetividade 1.1 Introdução 1.2 Os quatro pilares para a Educação do século XXI 1.2.1 Aprender 1.2.2 Fazer 1.2.3 Ser 1.2.4 Viver juntos 1.3 Razão e afetividade Módulo II 2. A história da infância: a mudança do olhar 2.1 A Educação Infantil: suas características e singularidades 2.2 Seleção de conteúdos e desenvolvimento das práticas pedagógicas 2.2.1 Seleção de conteúdos 2.2.2 Desenvolvimento das práticas pedagógicas 2.3 Desenvolvimento Infantil 2.3.1 Vygotsky 2.3.2 Piaget; 2.4 Fases da aprendizagem (00 a 07 anos); Módulo III 3. Educar: um ato de amor e responsabilidade 3.1 A missão do educador 3.2 O Profissional da Educação Infantil 3.2.1 As especificidades do professor da Educação Infantil em comparação com outros níveis de aprendizagem 3.2.2 A missão do Professor da Educação Infantil 3.2.3 O trabalho em equipe e as atitudes e comportamentos de um educador da Educação Infantil; 3.2.3.1 Algumas máximas são indispensáveis para o trabalho em equipe; 3.2.3.2 Atitudes e comportamentos de um educador; 4 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. 3.3 Elos de afetividade 3.4 Ética Profissional Módulo IV 4. Ensinar brincando e brincar ensinando 4.1 A brincadeira como estratégia 4.1.1. A brincadeira e o processo de desenvolvimento Infantil 4.1.2 Os motivos da brincadeira 4.1.3 A brincadeira, o brinquedo e o jogo no desenvolvimento infantil 4.1.4. Os tipos de jogos 4.1.5 Brincar é para todos 4.1.6 A importância do movimento para as crianças 4.1.7 Os diversos jogos e sua importância 4.1.7.1 Jogos de ficção ou faz-de-conta 4.1.7.2 Jogos de exploração e transformação dos objetos e materiais 4.1.7.3Jogos de movimento 4.1.8 Atividades para crianças na faixa etário de 0 a 2 anos 4.1.9 Atividades para crianças na faixa etária de 2 a 4 anos; 4.2 A literatura na Educação Infantil 4.2.1 Afinal, o que é Literatura Infantil? 4.2.2 Origens da Literatura Infantil 4.2.3 A importância do Maravilhoso na Literatura Infantil 4.2.4 Livros e Infância: as histórias infantis como forma de consciência de mundo 4.2.5 Fases normais no desenvolvimento da criança 4.2.6 Histórias para crianças (faixa etária/áreas de interesse /materiais/livros) 4.2.7 A escolha dos livros infantis 5 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. MÓDULO I A Educação Infantil – suas características e singularidades As escolas deveriam entender mais de seres humanos e de amor do que de conteúdos e técnicas educativas. Elas têm contribuído em demasia para a construção de neuróticos por não entenderem de amor, de sonhos, de fantasias, de símbolos e de dores. Claudio Saltini Tópico 1: Cognição e Afetividade 1.1. Introdução Durante muito tempo os educadores voltavam suas preocupações para a capacidade de aprendizagem dos alunos. Muitos fazem isso até hoje. Muito se ouviu e ainda se ouve nas conversas entre eles frases desse tipo: “Aquele aluno não aprende nada”; “Aquele menino é limitado, não aprende por mais que eu faça”. Hoje, essas afirmações estão em muito ultrapassadas, pois não há mais dúvidas de que todos são capazes de aprender. Assim, elas devem urgentemente ser substituídas por outras, como: “De que modo devo trabalhar para promover a aprendizagem ao meu aluno?”; “Que ações pedagógicas adotarei para facilitar a construção de conhecimentos?”. 6 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. Essa perspectiva qualitativa (e não quantitativa) do ato de aprender é de extrema relevância para o educador infantil porque ele tem um papel de destaque nas descobertas e na aprendizagem de seus educandos. Podemos dizer, então, que o foco da educação atual deve ser cada vez mais o processo e não o produto, porque o produto valoriza a quantidade e o processo, a qualidade. Levando em consideração que o processo de aprendizagem deve envolver a cognição, a afetividade, a psicomotricidade e a fé e crenças pessoais, podemos afirmar que aprender é muito mais que adquirir um conteúdo. A aprendizagem pressupõe o crescimento global do indivíduo e, então, a organização das dimensões aqui apresentadas. Elas compõem o ser humano e, por isso não podem ser estanques. Uma depende da outra para se desenvolver amplamente. Pensar numa Educação Infantil de qualidade é valorizar todas as dimensões humanas em sala de aula. Essas mudanças no modo de pensar a educação acompanham as mudanças sociais que estamos vivenciando. Mudanças relacionadas às descobertas científicas e tecnológicas transformaram bruscamente a vida de todas as pessoas nos mais variados aspectos, nas mais longínquas residências, nos mais diferentes estilos de vida. A educação, como sendo uma instituição antes de tudo cultural, também se transformou ao longo dos anos e mais bruscamente na virada do século XX para o século XXI. Hoje para atender aos educandos do século XXI temos que apresentar um modelo de educação próprio dessa época, com instrumentos que possibilitem a eles um crescimento integral como cidadãos capazes de enfrentar todas essas mudanças. A Educação Infantil, por sua vez, traz também nova roupagem, privilegiando a construção do caráter, a formação pessoal, a capacidade de enfrentamento das mais diversas situações, o respeito às diferenças, enfim, a formação global da criança para que ela se prepare par ser um adulto consciente dos seus direitos e deveres. 7 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. A criança, quando chega à escola, deseja ser amada, acolhida, aceita e ouvida. Quando ela se satisfaz em todas as suas expectativas ou na maioria delas, desperta para uma vida de curiosidade e de aprendizado. Cabe ao professor organizar esse espaço de busca e interesse das crianças. Para isso, é necessário ter sensibilidade e percepção acerca do mundo infantil e suas singularidades. É fundamental observar que a criança passa por fases de desenvolvimento, e quecada uma delas é importantíssima para a sua formação geral. A infância é uma etapa muito importante para o indivíduo porque é a fase em que ele passa por uma adaptação progressiva ao meio físico, cujo objetivo é o equilíbrio entre o “eu” e o “outro”. Segundo Piaget (1985), “educar é adaptar o indivíduo ao meio social ambiente”. Cabe à Educação Infantil, então, propiciar essa inter-relação da criança com o mundo, de maneira lúdica e prazerosa, de forma a possibilitar que esse equilíbrio seja desenvolvido por ela e cujas conquistas refletirão por toda sua vida. 1.2. Os quatro pilares para a Educação do século XXI A virada do século XX para o século XXI é marcada pelo montante de mudanças ocorridas e pela velocidade das descobertas. Nunca se descobriu tanto em tão pouco tempo. Podemos dizer que nesse período houve mais inovações nos mais diversos setores do que em todos os séculos anteriores juntos, construindo, assim, uma nova realidade nas diversas civilizações ocidentais. Os avanços tecnológicos juntamente com o desenvolvimento da imprensa e da comunicação cada vez mais rápida e ágil deram ao homem do início do século XXI um novo perfil. A globalização aproximou nações enquanto os grupos se reuniram em pequenos setores para lutar por seus direitos. A política, até então a grande dominadora do mundo, rendeu-se também às regras ditadas pela economia: 8 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. A aceleração das inovações tecnológicas se dá agora numa escala multiplicativa, uma autêntica reação em cadeia, de modo que em intervalos de tempo o conjunto do aparato tecnológico vigente passa por saltos qualitativos em que a ampliação, a condensação e a miniaturização de seus potenciais reconfiguram completamente o universo de possibilidades e expectativas, tornando-se cada vez mais imprevisível, irresistível e incompreensível (SEVCENKO, 2004, p.16). Com o grande avanço tecnológico e comunicativo, a população do novo século está diante de novas buscas, de novos anseios, de uma nova realidade. Surgem a “sociedade de consumo” e a “sociedade globalizada”. Isso tudo graças aos meios de comunicação que possibilitam a aproximação de nações extremamente distantes, mas que podem também isolar pessoas muito próximas em suas “aldeias comunicativas”. Os hábitos foram mudando, os recursos se transformando e se multiplicando, tudo em prol da comodidade dos indivíduos que, em sua maioria, têm de trabalhar mais que antes para comprar mais que antes e se sentir inseridos nessa sociedade que lhes é apresentada. Dessa forma, tem-se também menos tempo para as ações “menores” – fazer compras, ter um momento de lazer com a família, conversar com os amigos, pagar contas, etc. E para isso também a tecnologia e a comunicação estão aí, prontas para adequá-lo ao novo modo de vida. Já se fazem compras, inclusive as básicas de mercado e se pagam quase todas as contas sem sair de casa; o lazer também é oferecido em casa e sem necessariamente a presença de todos os membros da família; e amigos são construídos por meio de bate-papos virtuais. Diante dessa nova perspectiva de vida, algumas normas e códigos de moral reguladores do comportamento social ganham novos contornos e em meio a esse contexto emerge um fenômeno intitulado Pós-modernismo, que abrange as diversas áreas da sociedade: arte, ciência, tecnologia, política, filosofia e cultura. Em linhas gerais, as mudanças que convergiram para o surgimento dessa nova tendência destacaram-se a partir de meados dos anos 50, com a arquitetura e a computação, infiltram-se no meio intelectual nos anos 60, apresentam um crescimento na filosofia 9 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. nos anos 70 e alastram-se nos anos 80 abrangendo os campos da moda, do cinema, da música, entre outros. A sociedade do século XXI traz algumas características marcantes, que transformaram a história do homem tanto no âmbito cultural, como ecônomico, tecnológico, religioso, educacional e político. O mundo globalizado, juntamente com a emergência dessa nova sociedade, denominada “sociedade do conhecimento”. A informação ganhou evidência, facilitada pelo avanço tecnológico, que diminuiu fronteiras de tempo e de espaço. Segundo González de Gómez (1997), “trata-se de uma revolução que agrega novas capacidades à inteligência humana e muda o modo de trabalharmos juntos e vivermos juntos”. Essas mudanças relacionadas à valorização do conhecimento trouxeram mudanças também no que se refere ao mundo do trabalho. O conceito de emprego está sendo substituído pelo conceito de trabalho. A atividade produtiva passa a depender de conhecimentos, e o trabalhador deverá ser um sujeito criativo, crítico e pensante, preparado para agir e se adaptar rapidamente às mudanças dessa nova sociedade. O diploma passa a não significar necessariamente uma garantia de emprego. A empregabilidade está relacionada à qualificação pessoal; as competências técnicas deverão estar associadas à capacidade de decisão, de adaptação a novas situações, de comunicação oral e escrita, de trabalho em equipe. O profissional será valorizado na medida da sua habilidade para estabelecer relações e de assumir liderança (SILVA & CUNHA, 2002). Os profissionais que mais se destacam no século XXI são aqueles que conseguem utilizar seus conhecimentos em prol da produtividade e da inovação. Dessa forma, um dos requisitos profissionais mais valorizados é a disponibilidade para as capacitações permanentes. Por outro lado, o conhecimento também foi modificado. Ele não é mais resultado de um processo unilateral que envolve seres humanos isolados, “mas de uma vasta colaboração cognitiva distribuída, da qual participam aprendentes humanos e sistemas cognitivos artificiais” (ASSMANN, 2000). 10 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. Diante desse quadro de mudanças radicais (e irreversíveis), o indivíduo deve, antes de tudo, procurar se adaptar, desenvolver as habilidades exigidas pelo novo panorama do mercado de trabalho e estar sempre disposto a acompanhar as inovações tecnológicas que aparecem cada vez mais aceleradas. Para se ter sucesso é necessário preparar-se continuamente num processo gradativo e, sobretudo, qualitativo. Por outro lado, o indivíduo também deve se preocupar com as questões sócioambientais. Cooperação, confiança, respeito étnico, identidade, comunidade e amizade são elementos que formam o tecido social do século XXI, em que se fundamentam a política e a economia. As normas de conduta social envolvem desde o cuidado dos espaços públicos ao pagamento de impostos, da segurança à saúde pública e privada. Nesse sentido, a família deve ser considerada um componente central do capital social, que se quer o mais sólido possível. Afinal, é a família que forma a criança em seus aspectos físico, social e moral, inclusive infundindo valores positivos ou negativos refletidos nos comportamentos. Todos esses fatores evidenciam que só a educação será capaz de preparar as pessoas para enfrentar os desafios dessa nova sociedade. Evidencia-se, dessa forma, uma educação básica e polivalente que valorize a cultura geral, a postura profissional, a ética e a responsabilidade social. Para Delors (2000) a sociedade do conhecimento prioriza o indivíduocomo o centro da informação. Isso levanta desafios para a educação, que aparece como sendo indispensável à humanidade na construção dos ideais de paz, liberdade e justiça social. É destinada à educação a função de preparar a pessoa para atuar nesse novo contexto. Para ele, só a educação conduzirá “a um desenvolvimento humano mais harmonioso, mais autêntico, de modo a fazer recuar a pobreza, a exclusão social, as incompreensões, as opressões, as guerras [...]”. Com base nesta visão, a Unesco, por meio de sua Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI, presidida por Jacques Delors, estabelece os 11 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. quatro pilares de um novo tipo de educação com enfoque em aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a viver junto e aprender a ser. Quatro pilares da educação para o século XXI segundo a UNESCO: APRENDER A: APRENDER FAZER SER VIVER JUNTOS 1.2.1 Aprender a Aprender: Essa aprendizagem refere-se à abertura do indivíduo ao conhecimento, ao desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo e ao prazer em aprender, em conhecer, em descobrir. Para isso, a educação deve proporcionar uma escolaridade mais prolongada, ou seja, despertar no indivíduo a vontade de prosseguir estudando, de fazer novos cursos, pesquisas, enfim, de que o conhecimento possui movimento contínuo, e o aumento do saber será necessário para que ele possa compreender o mundo, sob seus diversos aspectos. Esse fascínio pela aprendizagem deve começar na infância. A educação deve despertar nos pequenos o prazer de estudar, de ler, de pesquisar, de descobrir. A educação deve ser encarada desde cedo não como um meio para se chegar a um fim, mas como um próprio fim em si mesma. Essa motivação presume 12 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. educadores competentes, que também têm dentro de si essa paixão pela educação e pelo saber. Só conseguirá despertar o prazer aquele que sente prazer, que é sensível às necessidades, dificuldades e vontades de seus educandos. Para tanto, é preciso apresentar metodologias inovadoras e adequadas, facilitadoras da retenção e compreensão do saber. Só assim, é possível despertar no aluno a sede de conhecimento, a capacidade de aprender, utilizando-se cada vez mais de seus dispositivos intelectuais e cognitivos que lhes permitam construir suas próprias opiniões e o seu próprio pensamento crítico. 1.2.2 Aprender a Fazer: Aprender a fazer é um pilar que é necessariamente indissociável do aprender a aprender. Quando o aluno tem prazer em aprender, ele também terá predisposição em querer fazer, conhecer novas culturas, políticas e práticas escolares, em ter coragem de executar, de correr riscos, de errar, na busca de acertar. Só assim, o educando poderá pôr em prática seus conhecimentos, num processo constante e gradativo. Essa área do conhecimento relaciona-se à formação profissional do indivíduo e sua adaptação ao mundo do trabalho, destacando a noção de competência e de qualificação nesse meio. Segundo Delors, a competência pessoal é imprescindível no mercado de trabalho atual, principalmente na indústria, já que as tarefas físicas estão sendo substituídas por tarefas intelectuais. Dessa forma, o 13 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. trabalhador deve ter uma perfeita combinação entre qualificação, comportamento social, espírito de equipe e capacidade de iniciativa. Há também outro ponto essencial referente ao aprender a fazer: a comunicação. É essencial que cada indivíduo saiba comunicar. Não apenas reter e transmitir informação mas também interpretar e seleccionar as torrentes de informação, muitas vezes contraditórias, com que somos bombardeados diariamente, analisar diferentes perspectivas, e refazer as suas próprias opiniões mediante novos fatos e informações. 1.2.3 Aprender a Ser: A educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa (mente e corpo, inteligência, sensibilidade, responsabilidade pessoal e coletiva, espiritualidade). Todos os seres humanos devem ser preparados pela educação que recebem para agir nas diferentes circunstâncias da vida. Para isso cada um deverá ter pensamentos autônomos e críticos, ou seja, personalidade própria. Aprender a ser, então, refere-se justamente ao desenvolvimento e exercício da alteridade com a expressão livre do outro. Ética, cidadania, desenvolvimento humano. São os valores a serem desenvolvidos no educando. 14 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. Diante da desumanização crescente, recorrente da evolução técnica, a educação deve preparar o educando para todas as descobertas e experimentações. O desenvolvimento tem por objeto a realização completa do homem, em toda a sua riqueza e na complexidade das suas expressões e dos seus compromissos: indivíduo, membro de uma família e de coletividade, cidadão e produtos, inventos de técnicas e criador de sonhos (DELORS, 2000, p.101). O objetivo desse pilar é levar a educação a formar indivíduos autônomos, intelectualmente ativos e independentes, capazes de estabelecer relações interpessoais, de comunicarem e evoluírem permanentemente, de intervirem de forma consciente e proativa na sociedade. 1.2.4 Viver juntos: É mais que presença física, mais que acessibilidade arquitetônica. Pressupõe vínculos entre pessoas, criação de laços que estreitam relações. Respeito mútuo nas relações, exercício da fraternidade. Em relação a isso, a educação tem um papel importantíssimo, um grande desafio, já que a história humana é marcada por conflitos entre pessoas por razões das mais diversas possíveis (religião, etnia, política, etc.). Segundo Jacques Delors, cabe à educação trabalhar para a mudança deste quadro desde a simples idéia de ensinar a não violência, o não preconceito. Porém, deve utilizar duas vias complementares, primeiro a descoberta progressiva do outro, segundo ao longo de toda a vida a participação em projetos comuns, que parece um método eficaz para evitar ou melhorar conflitos latentes. 15 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. A primeira delas refere-se à transmissão de conhecimentos sobre a diversidade humana, bem como à conscientização sobre a interdependência entre todos os seres do planeta. Para isso, as disciplinas mais adequadas são: Geografia humana, Línguas e Literaturas. Baseado nisso, o educando poderá descobrir a si mesmo e se colocar no lugar do outro, compreendendo-o e respeitando-o. As regras, antes impostas, devem ser, agora, dialogadas, discutidas e construídas coletivamente. Essa conscientização feita na escola remete a um outro aspecto importante para esse pilar: o cooperativismo. Os projetos realizados em prol de um bem comum que envolva a todos da comunidade escolar é uma excelente forma de desenvolver no educando esse espírito cooperativista.Podemos perceber, portanto, que esse é um dos maiores desafios da educação do século XXI, pois atua no campo das atitudes e valores. Atua também no combate aos conflitos, ao preconceito, às rivalidades milenares ou diárias. Aposta-se na educação como veículo de paz, tolerância e compreensão. Para este fim, o relatório da UNESCO aponta para uma proposta baseada em dois princípios: a) a descoberta progressiva do outro: tendo como pressuposto que o desconhecido é grande fonte de preconceito, o conhecimento profundo do outro pode eliminar essa barreira entre as pessoas; b) a participação em projetos comuns que surgem como veículo preferencial na diluição de atritos e na descoberta de pontos comuns entres os seres. Longe de ser uma visão poética, sem relação com a prática, a proposta da UNESCO vem ao encontro de muitas metas e esperanças dos educadores. Os quatro pilares para a educação do século XXI podem auxiliar no dilema “O que ensinar? Como ensinar? Para que ensinar?” Dertouzos (2000) alerta que a educação é muito mais que a transferência de conhecimentos de professores para alunos. Acender a “chama da vontade de aprender no coração dos estudantes, dar o exemplo e criar vínculos entre professores e alunos” são fatores essenciais para o sucesso do aprendizado. E este é um papel que a tecnologia não poderá cumprir. 16 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. Ensinar não é distribuir certezas, mas instigar dúvidas; não é inculcar aceitação passiva do estabelecido, mas instrumentalizar para a contestação; não é formar iguais, mas diferentes, unidos pelo respeito e aceitação das próprias diversidades. A educação “pode ajudar a nos tornarmos melhores, se não mais felizes, e nos ensinar a assumir a parte prosaica e viver a parte poética de nossas vidas” (MORIN, 2000). 1.3. Razão e afetividade [...] como professor [...] preciso estar aberto ao gosto de querer bem aos educandos e à própria prática educativa de que participo. Esta abertura ao querer bem não significa, na verdade, que, porque professor, me obrigo a querer bem a todos os alunos de maneira igual. Significa, de fato, que a afetividade não me assusta, que tenho de autenticamente selar o meu compromisso com os educandos numa prática específica do ser humano. Na verdade, preciso descartar como falsa a separação radical entre “seriedade docente” e “afetividade”. Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor professor quanto mais severo, mais frio, mais distante e “cinzento” me ponha nas minhas relações com os alunos, no trato dos objetos cognoscíveis que devo ensinar. (FREIRE, 1996, p.159) De uma maneira geral, fala-se muito na relação entre a afetividade e a cognição ou da importância da afetividade no processo de educação. Porém, na prática, parece que esse casamento perfeito fica em segundo plano. Para entender como isso funciona, ou deve funcionar, vamos primeiramente à etimologia das palavras aqui estudadas: 1. Afetividade: conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão 17 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza (Dicionário Aurélio, 2001). Já Wallon (1998) atribui a afetividade à emoção, que, como os sentimentos e desejos, são manifestações da vida afetiva - um papel fundamental no processo de desenvolvimento humano. Entende-se por emoção formas corporais de expressar o estado de espírito da pessoa, são manifestações físicas, alterações orgânicas, como frio na barriga, secura na boca, choro, dificuldades na digestão, mudança no ritmo da respiração, mudança no batimento cardíaco, etc., enfim, reações intensas do organismo, resultantes de um estado afetivo penoso ou agradável. 2. Cognição: 1. Ato de conhecer, de assimilar e organizar percepções, experiências, informações, formando e desenvolvendo comportamentos e capacidades (corporais e mentais). 2. Conhecimento, percepção. Quando uma criança nasce, todos os contatos estabelecidos entre ela e as pessoas ao seu redor são feitos por meio da emoção. O ser humano, desde pequeno, convive intensamente com a emoção. O caráter social da criança é desenvolvido a partir desse aspecto. O choro, o grito, entre outras manifestações são as formas encontradas pelo bebê para chamar atenção para aquilo que ele está necessitando no momento. Além disso, chorar, gritar, estremecer são remédios para as inevitáveis tensões da vida. A emoção permite que eles recuperem as energias, consigam reconstruir-se, depois de terem sofrido um desgosto. A fluidez emocional é a garantia da saúde psíquica. Apesar de terem má reputação, nossas emoções são úteis: elas é que nos dão a consciência de Ser (FILLIOZAT, 2000, p. 62). 18 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. Wallon afirma que, nas situações em que predominam a função cognitiva, o ser humano está voltado para a construção do real; já se a função predominante for a afetiva, a pessoa está voltada para a construção dela mesma, fazendo a elaboração do eu. Acontece, porém, que durante nossa vida, não temos essa distinção entre as funções (cognitiva e afetiva) ou mesmo uma harmonia entre elas. Ao contrário, elas estão em conflito constante, em que uma quer dominar a outra. Segundo Dantas (1990), "a razão nasce da emoção e vive de sua morte". Durante o crescimento da criança, algumas manifestações vão diminuindo e até desaparecendo, como os ataques de choro, as birras, os surtos de alegria, entre outros. Todas essas manifestações emotivas vão sendo controladas pela razão do sujeito, por meio de um desenvolvimento da pessoa. Dessa forma, o ser em desenvolvimento volta-se para o mundo real, numa tentativa de organizar seus conhecimentos, num processo em que predomina a cognição. Na adolescência, a emoção volta com toda força, e o sujeito começa novamente a tarefa de reconstrução de si, desde o eu corporal até o eu psíquico. E, assim, por toda a vida, o ser humano vai alternando dentro de si o predomínio da razão e da emoção, numa relação de filiação e, ao mesmo tempo, de oposição. Vygotsky comunga da mesma premissa que Wallon no que se refere à importância da afetividade no desenvolvimento cognitivo e social do ser humano, principalmente durante a infância. As experiências empíricas estão sempre presentes em todas as fases da vida de uma pessoa, desde seu nascimento até sua morte. Dessa forma, podemos dizer que todo processo de educação significa também a constituição do sujeito; e, assim sendo, também pressupõe a emoção. A construção do real vai acontecendo, por meio de informações e desafios sobre as coisas do mundo, mas o aspecto afetivo nesta construção continua, sempre, muito presente. Daí a necessidade de se perceber a pessoa como um ser integral. 19 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. Na Educação Infantil, esse processo é ainda mais acentuado, haja vista que a criança ainda está mais próxima da emoção do que da cognição. Ou seja, esta é construída por meio daquela. As relaçõesemocionais exercem, nesse período, uma influência essencial e absoluta durante todo o processo cognitivo. Para que o aprendizado aconteça, as atividades desenvolvidas devem ser emocionalmente estimuladas. Muitas pesquisas comprovam que um fato impregnado de emoção é mais solidamente recordado. Ao se pensar na Educação Infantil devem-se levar em consideração quatro pontos fundamentais: a significação da infância, a estrutura do pensamento da criança, as leis de desenvolvimento e o mecanismo da vida social infantil. Dessa forma, o processo de desenvolvimento infantil realiza-se nas interações, que objetivam não só a satisfação das necessidades básicas, como também a construção de novas relações sociais, com o predomínio da emoção sobre as demais atividades. As interações emocionais devem se pautar pela qualidade, a fim de ampliar o horizonte da criança e levá-la a transcender sua subjetividade e inserir-se no social. Na concepção walloniana, tanto a emoção quanto a inteligência são importantes no processo de desenvolvimento da criança, de forma que o professor deve aprender a lidar com o estado emotivo da criança para melhor poder estimular seu crescimento individual. Na Educação Infantil, esse processo tem uma importância singular. Dessa forma, o educador deve manter uma interrelação constante com o grupo de educandos e com cada um em particular. É em função dessa proximidade afetiva que se dá a interação com o mundo e a construção de um conhecimento altamente envolvente para eles. Como afirma Saltini (1997, p. 89): 20 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. “essa inter-relação [sic] é o fio condutor, o suporte afetivo do conhecimento”. E ainda completa: Neste caso, o educador serve de continente para a criança. Poderíamos dizer, portanto, que o continente é o espaço onde podemos depositar nossas pequenas construções e onde elas tomam um sentido, um peso e um respeito, enfim, onde elas são acolhidas e valorizadas, tal qual um útero acolhe um embrião (SALTINI, 1997, p. 89). Disponível em: <www.escolaartedecrescer.com.br/escola>. É muito provável que a escola seja o primeiro agente socializador fora do círculo familiar da criança, tornando-se a base de sua aprendizagem. Diante dessa responsabilidade, cabe à escola como um todo propiciar um ambiente em que o educando se sinta seguro e protegido, cercado de pessoas com quem sinta prazer em estar. Portanto, não restam dúvidas de que se torna imprescindível a presença de um educador que tenha consciência de sua importância, não apenas como um mero reprodutor da realidade vigente, mas, sim, como um agente transformador, com uma visão sociocrítica da realidade. Segundo Marly Santos Mutschele (1994), quando uma criança entra na escola pela primeira vez precisa ser muito bem recebida porque, nesse momento, dá-se uma ruptura com sua vida familiar, iniciando uma nova experiência. Esta por sua vez deve ser agradável para que a nova relação social perdure e haja um reforço da situação. Assim, se na Educação Infantil, quando a criança inicia sua vida escolar, ela encontrar pessoas que gostem delas – especialmente a professora com quem terá maior contato – e que tenham certas qualidades como a paciência, a dedicação, a vontade de ajudar, a atitude democrática, entre outros facilitadores, seu aprendizado será mais prazeroso e, consequentemente, maior. 21 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. Disponível em: <www.augustolaranja.com.br/midia06>. Muitas vezes a escola recebe crianças com imensas dificuldades em se socializar, com autoestima baixa, com dificuldade de aprender, entre outros problemas. O educador deve conhecer as necessidades das crianças para perceber onde deve agir, colocar-se ao seu favor no sentido de proporcionar situações em que ela vença esses obstáculos e consiga se socializar e aprender como todas as outras crianças. Esse trabalho deve também ser coletivo para que não haja discriminação entre os coleguinhas. A escola deve trabalhar no sentido de que a educação deve construir pessoas plenas, priorizando o ser e não o ter, levando o aluno a ser crítico e construir seu caminho. Para isso, a criança deve ser observada desde a sua primeira infância, quando os sentimentos imperam em todos os aspectos de sua vida e ela não consegue dominá-los. Dessa forma, ela exterioriza o que sente com muito mais impetuosidade, sinceridade e de uma maneira muito mais involuntária que o adulto. Como afirma Mukhina (1995, p. 209), “os sentimentos da criança brotam com força e brilho, para se apagarem em seguida; a alegria impetuosa é muitas vezes sucedida pelo choro.” Segundo o mesmo autor, a criança extrai suas vivências do contato com outras pessoas. Então, a forma como são tratadas acaba sendo fundamental para a construção de sua personalidade. Se for tratada com carinho, o faz também em suas 22 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. relações. Se receber maus tratos, reage de diversas formas para mostrar sua insatisfação. E, conforme Mukhina (1995, p. 210) “o bem-estar emocional ajuda o desenvolvimento normal da personalidade da criança e a formação de qualidades que a tornam positiva, fazendo-a mostrar-se benevolente com outras pessoas”. Cláudio Saltini também se refere ao comportamento do educador como ponto essencial no crescimento emocional e cognitivo da criança. Como explica o autor, a serenidade e a paciência do educador, mesmo em situações difíceis, faz parte da paz que a criança necessita. Observar a ansiedade, a perda de controle e a instabilidade de humor vai assegurar à criança ser o continente de seus próprios conflitos e raivas, sem explodir, elaborando-os sozinha ou em conjunto com o educador. A serenidade faz parte do conjunto de sensações e percepções que garantem a elaboração de nossas raivas e conflitos. Ela conduz ao conhecimento de si mesmo, tanto do educador quanto da criança (SALTINI, 1997, p. 91). Além disso, para Saltini (1997, p.90), também é preciso [...] encorajar a criança a descobrir e inventar, sem ensinar ou dar conceitos prontos. A resposta pronta só deve ser dada quando a pergunta da criança focaliza um ato social arbitrário (funções do objeto cotidiano). Manter-se atento à série de descobertas que as crianças vão fazendo, dando-lhes o máximo de possibilidades para isso. Dar atenção a cada uma delas, encorajando-as a construir e a se conhecer. Dar maior incentivo à pergunta que à resposta. Sempre buscando no grupo a resposta o professor procurará sistematizar e coordenar as idéias emergentes. A relação que se estabelece com o grupo como um todo e a pessoal com cada criança é diferenciada em todos os seus aspectos quantitativos e cognitivos respeitando-se a maturidade de seu pensamento e a individualidade [...] Assim também deve ser o tratamento equânime com todos os alunos. Nenhum aluno deve ter a impressão de ser perseguida, menos ou mais amada do que os outros. As atitudes e valores devem ser observados e analisados no conjunto e não deixar sobressair alguma criança tanto no aspecto positivo quanto no negativo, nem ressaltar a diferença entre meninos e meninas em jogos ou 23 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudodeste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. brincadeiras. Isso poderia ser prejudicial ao desenvolvimento afetivo sadio de cada criança. A criança confia na escola tanto em relação às relações afetivas quanto ao aprendizado que adquirirá ali. Se não houver afetividade na transmissão de conhecimentos, a criança não se sentirá valorizada e respeitada, é muito provável que essa confiança venha a perecer com muito pouco tempo. Obviamente, isso não significa fazer “vistas grossas” com relação aos erros da criança, pois a advertência segura e equilibrada é justamente uma das mais importantes manifestações da afetividade. Mas é necessário cuidar do aspecto afetivo no processo ensino- aprendizagem, levando em conta que a criança é diferente, cognitiva e afetivamente falando, em cada fase do seu desenvolvimento. Dessa forma, a escola deve agir como um todo. Todas as pessoas envolvidas na comunidade escolar devem ser educadores, desde as pessoas que trabalham nos serviços gerais, na portaria à direção. Todos devem privilegiar a emoção, o sentimento saudável, a cooperação mútua para que a criança sinta-se confortável, protegida e amada. Está aí o grande segredo da educação. Concebendo a escola, e principalmente a Educação Infantil como formadora do caráter humano e promovedora de crescimentos psíquicos, motores e cognitivos, é fundamental que os educadores se conscientizem do seu papel. As atividades devem proporcionar a promoção social e educativa. Assim, será possível construir a interação do ser humano com o meio físico a que pertence, desenvolvendo suas características pessoais e respeitando as diferenças da forma de pensar, agir, sentir, entre outras singularidades pessoais. A psicologia contemporânea defende a idéia de que os afetos, o pensamento, a socialização e o conhecimento são aspectos constituintes da personalidade humana e, portanto, indissociáveis. O seu desenvolvimento se dá por meio das interações do indivíduo com o meio e com a cultura. Está comprovado também que o indivíduo não é um ser passivo que somente recebe as informações ou as influências. Ele é, ao contrário, interativo em todo o processo de desenvolvimento psicológico, agindo sempre em mão dupla. 24 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. É nesse espaço de interação da criança com o mundo físico e social que estão as situações necessárias para o avanço do desenvolvimento infantil para o desenvolvimento adulto. É na ação da criança, nas interações dessa com outras crianças e com os adultos, nas atividades lúdicas, nas brincadeiras simbólicas, na tomada de consciência das regras sociais, na resolução de conflitos que ela vai aos poucos se constituindo como sujeito, construindo seus afetos e pensamentos. Nesse processo, o educador exerce papel fundamental, não só em relação às atividades que desenvolve com seus alunos, mas principalmente no tocante à sua concepção de sujeito. Esse último afeta a formulação de seus objetivos educacionais, a sua relação com seus educandos e os procedimentos pedagógicos desenvolvidos com eles. A criança deve ser vista com um sujeito ativo e interativo, que está em pleno desenvolvimento de sua capacidade psíquica, motora e cognitiva. Dessa forma, o profissional da Educação Infantil deve estar consciente de que sua função está muito além de transmitir conhecimentos estáticos e sistematizados. Seu princípio educacional deve ser a própria interação, além do reconhecimento do aluno como sujeito que está em constante evolução. Disponível em: <www.feliz.rs.gov.br/portal1/municipio/noticia>. Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores. 25 Para isso, a construção da qualidade afetiva é essencial, assim como a ludicidade na organização dos afetos. É imprescindível ver o aluno como ser individual e pensante, que constrói o seu mundo, espaço e o conhecimento com sua afetividade, suas percepções, sua expressão, sua crítica, sua imaginação, seus sentidos. ----------FIM DO MÓDULO I ----------
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