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Estatuto do Desarmamento

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ESTATUTO DO DESARMAMENTO
Lei 10.826/03.
Evolução legislativa.
Até 1997 os delitos relacionados à arma de fogo no Brasil eram considerados apenas contravenções penais.
Em 1997, a Lei 9.437/97 passou a encarar tais infrações como crime, mais precisamente no Art. 10 da lei, que punia: porte + posse + comércio + disparo + tráfico. Todas essas condutas estavam tipificadas no mesmo dispositivo incriminador com a mesma pena (condutas de gravidade totalmente diferentes sendo punidas com a mesma intensidade – violação clara ao princípio da proporcionalidade e princípio da individualização da pena).	Comment by Everton: Tal princípio ocorre em três aspectos: no plano hipotético, quando o legislativo deve obedecê-lo para cominá-lo; no plano concreto, quando o judiciário aplica a pena; no plano executivo, quando a pena deve ser executada de acordo com esse princípio.
A Lei 9.437/97 foi revogada pela lei 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) que iremos estudar.
A nova lei pune: posse (Art. 12) + porte (Art. 14) + disparo (Art. 15) + posse/porte de arma de uso proibido (Art. 16) + comércio (Art. 17) + tráfico (Art. 18). Atualmente o estatuto atende aos princípios da proporcionalidade e individualização da pena.	Comment by Everton: Posse irregular de arma de fogo de uso permitidoArt. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.	Comment by Everton: Porte ilegal de arma de fogo de uso permitidoArt. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.	Comment by Everton: Disparo de arma de fogoArt. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.	Comment by Everton: Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restritoArt. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.	Comment by Everton: Comércio ilegal de arma de fogoArt. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.	Comment by Everton: Tráfico internacional de arma de fogoArt. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Competência
SINARM – União.
A Lei 10.826/03 (Art. 1º e Art. 2º) optou por manter o controle das armas no Brasil com o SINARM (Sistema Nacional de Armas), que já existia na vigência da lei velha, inclusive aumentando a competência de tal órgão.	Comment by Everton: Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem circunscrição em todo o território nacional.	Comment by Everton: Art. 2o Ao Sinarm compete:I – identificar as características e a propriedade de armas de fogo, mediante cadastro;II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no País;III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal;IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de segurança privada e de transporte de valores;V – identificar as modificações que alterem as características ou o funcionamento de arma de fogo;VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a atividade;IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, varejistas, exportadores e importadores autorizados de armas de fogo, acessórios e munições;X – cadastrar a identificação do cano da arma, as características das impressões de raiamento e de microestriamento de projétil disparado, conforme marcação e testes obrigatoriamente realizados pelo fabricante;XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal os registros e autorizações de porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o cadastro atualizado para consulta.Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como as demais que constem dos seus registros próprios.
Como o SINARM é da União, o cadastro e controle de armas no Brasil é federal.
Em razão de o SINARM ser um órgão federal, surgiu o entendimento no TJ/RJ de que todos os crimes previstos no Estatuto do Desarmamento seriam de competência da Justiça Federal por infringir o controle de armas, atingindo interesse da União. Essa questão chegou ao STJ, que optou pela orientação de que os crimes do Estatuto do Desarmamento seguem a regra geral: em regra, são de competência da Justiça Estadual, sendo excepcionalmente de competência da Justiça Federal, caso atinja diretamente interesse específico da União. O STJ se fundamentou em dois pontos:
Os crimes do Estatuto do Desarmamento atingem interesses apenas genéricos e indiretos da União (portanto, não atingem interesse específico e direito da União que justifique a competência da Justiça Federal);
O bem jurídico protegido nos crimes do Estatuto do Desarmamento é a segurança pública, que se trata de um bem jurídico da coletividade, e não da União, sendo que o fator fixador da competência é o “bem jurídico protegido” (nesse sentido, HC 45.845/SC).
O que atinge a competência é o bem jurídico violado e o bem jurídico violado, neste caso, é a incolumidade pública que pertence à coletividade e não à União.
ATENÇÃO
Tráfico internacional de armas (Art. 18 da Lei) – tendo em vista que é crime genuinamente específico da Justiça Federal.
OBS1: Porte ilegal de arma praticado por militar em área militar – competência da Justiça Comum, pois o porte ilegal de arma não é crime militar. Gerou discussão em caso concreto, CC 112314, onde o STJ entendeu dessa maneira.
Competência para estabelecer em qual unidade do exército a arma apreendida em processo será entregue
STJ – em todos os conflitos de atribuições entendeu que cabe ao comando do Exército definir quais unidades recebem as armas, mas cabe ao Juiz do processo decidir para qual dessas unidades será encaminhada. CAT 195/BA.
O estatuto do desarmamento tem como objetividade jurídica principal a incolumidade pública. STF HC 96072 e STJ HC 156736.
Possui uma objetividade mediata ou secundária que inclui:
A segurança individual;
O patrimônio;
A vida;
A liberdade.
Crimes em espécie
Posse Irregular de arma de fogo
Art. 12 da Lei 10.826/03.	Comment by Everton: Posse irregular de arma de fogo de uso permitidoArt. 12. Possuirou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
OBS: já caiu em concurso posse ilegal e não foi considerado correto – MPF.
Sujeito Ativo
Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
IMPORTANTE
Uma segunda corrente diz que esse crime é próprio, só podendo ter como sujeito ativo o morador da residência ou o responsável legal pelo estabelecimento comercial onde está a arma ilegal.
Sujeito Passivo
Coletividade. Trata-se de crime vago, pois não existe vítima determinada.
Possuir e manter sob a guarda, a doutrina diz que o verbo manter sob guarda é desnecessário. Possuir ou manter sob a guarda significa ter a pronta disponibilidade da arma, ainda que não esteja ligada ao corpo.
Objeto Material
Arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido.
Acessório de arma – artefato que acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma. EX: silenciador, mira a laser.
OBS: se o indivíduo estiver somente com o coldre não incorre nesse crime, pois não é acessório, tendo em vista que apenas guarda a arma. Também não é considerado acessório partes da arma, como cano, cabo etc.
Elemento Normativo do tipo
Em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
Fato...
Do dia 23/12/03 ao dia 31/12/09 sucessivas normas concederam prazo para a regularização da posse irregular de arma de fogo no Brasil.
Nesse período a posse irregular NÃO configurou crime, ocorreu o que o STJ e STF chamam de abolitio criminis temporária ou descriminalização temporária ou atipicidade momentânea ou vacatio legis indireta.
O STJ pacificou o entendimento de que esse período deve ser subdividido em três subperíodos:
Do dia 23/12/03 ao dia 23/10/05 a abolitio criminis valeu tanto para armas permitidas como para armas proibidas. Posse irregular de arma permitida não configurou crime. E posse irregular de arma proibida ou restrita também não configurava crime;
Porém do dia 24/10/05 ao dia 31/12/09 a abolitio criminis temporária só valeu para armas permitidas. Posse irregular de arma permitida não configurou crime. Posse irregular de arma proibida ou restrita passou a ser crime;
A partir de 01/01/10 a posse irregular de arma de fogo permitida ou proibida configura crime, mas a entrega espontânea é causa extintiva de punibilidade. (Art. 32 do estatuto).	Comment by Everton: Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual posse irregular da referida arma.
A arma raspada equipara-se à arma proibida, uma vez que não pode ser levada a registro.
A abolitio criminis temporária aplicou-se somente a posse e não ao porte.
Posse regular de arma de fogo.
É a posse com registro expedido pela Policia Federal, após autorização do SINARM. Não constitui fato típico.
Elemento espacial do tipo penal
Consta da expressão “no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa”.
	Posse
	Porte
	Na residência, ou dependência desta, ou no local de trabalho do infrator, desde que ele seja o proprietário ou responsável legal do estabelecimento;
	Em qualquer outro local que não seja a residência do infrator ou o seu local de trabalho.
Consumação
O crime se consuma no momento em que o agente assume a posse irregular da arma.
Tentativa
A doutrina entende que não é possível a tentativa nesse caso, por tratar-se de crime de mera conduta.
Omissão de Cautela
Art. 13 da Lei 10.826/03.	Comment by Everton: Omissão de cautelaArt. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
Sujeito ativo
Possuidor ou proprietário da arma – trata-se de crime próprio.
Sujeito passivo
Coletividade, menor de 18 anos e o doente mental.
OBS1: há o crime mesmo que o menor de 18 anos já tenha adquirido a capacidade civil absoluta. EX: menor de 18 anos emancipado, embora seja plenamente capaz no âmbito civil é vítima deste tipo penal, pois o que importa é a idade biológica.
OBS2: não é necessária nenhuma relação de parentesco, ou qualquer relação entre sujeito ativo e sujeito passivo.
OBS3: o tipo penal tutela somente o doente mental, não abrangendo o deficiente físico, tendo em vista que o que procura proteger é aquele que não tem capacidade mental para manusear uma arma.
Deixar de observar as cautelas necessárias é quebra do dever de cuidar objetivo – portanto é crime culposo, bem como crime omissivo próprio puro (pois o verbo do tipo penal é uma omissão).
Objeto Material do crime
Arma de fogo (pode ser de uso permitido ou proibido, não há especificação no tipo penal). O tipo penal não prevê como objeto material, acessórios ou munição, portanto deixar munições, silenciador etc., próximo a uma criança NÃO configura crime.
Consumação
Dá-se com o apoderamento da arma pelo menor de 18 anos ou doente mental. Capez diz que esse crime é material, pois o apoderamento é o resultado naturalístico; Nucci – crime formal ou de consumação antecipada, pois o apoderamento não é o resultado naturalístico, mas sim a morte ou ofensa da integridade física, que não precisa acontecer para o crime estar consumado.
Tentativa
Não é possível, pois se trata de crime culposo bem como crime omissivo puro próprio (por duplo motivo, não será possível a tentativa).
ATENÇÃO
Segundo a doutrina, além do crime de omissão, o sujeito responde também pelo porte ou posse ilegal de arma de fogo (se for o caso), havendo concurso de crime (concurso material) uma vez que os crimes protegem bens jurídicos diferentes.
Omissão de Comunicação
Art. 13, parágrafo único.	Comment by Everton: Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
Sujeito Ativo
É o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores. Trata-se de crime próprio.
Sujeito Passivo
A coletividade e o Estado, que fica prejudicado com o controle de armas.
Condutas
“deixar de registrar a ocorrência policial”; e
“deixar de comunicar à PF sobre furto, roubo ou qualquer forma de extravio”. 
Quem registra a ocorrência, mas deixa de comunicar à PF comete este delito?
Sim; se o indivíduo registrar a ocorrência e não comunicar à PF ou vice e versa. O tipo penal impõe um duplo dever de comunicação. Adotar em prova objetiva;
Não, pois o estatuto do desarmamento prevê o direito do estado de manter um cadastro único de armas no Brasil, portanto a comunicação a um só dos órgãos afasta o crime.
Elemento Subjetivo
Cuida-se de crime doloso. Se for omissão culposa (não comunicou por esquecimento), trata-se de fato atípico.
Consumação
As comunicações devem ser feitas nas primeiras 24 horas depois do fato, sendo assim, consuma-se somente após 24 h depois do fato (crime a prazo – só se consuma depois de determinado tempo).
EX: furto ocorrido na sexta feita, o diretor tomou conhecimento apenas na segunda, já ultrapassadas às 24h. Segundo a doutrina deve-se ler 24h depois da ciência do fato, e não da ocorrência do fato (teoria da actio nata).
Tentativa
A forma tentada nãoé possível, pois é crime omissivo puro ou próprio, ou seja, crime de mera conduta.
Porte Ilegal de arma de uso permitido
Art. 14 da Lei 10.826/03.	Comment by Everton: Porte ilegal de arma de fogo de uso permitidoArt. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Crime de conduta múltipla ou de conteúdo variado. Tipo misto alternativo – a prática de várias condutas no mesmo contexto fático é crime único (princípio da alternatividade).
Sujeito Ativo
Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
Sujeito Passivo
Coletividade. Trata-se de crime vago, pois não existe vítima determinada.
Objeto Material
Arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido.
Acessório de arma – artefato que acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma. EX: silenciador, mira a laser.
OBS: se o indivíduo estiver somente com o coldre não incorre nesse crime, pois não é acessório, tendo em vista que apenas guarda a arma. Também não é considerado acessório partes da arma, como cano, cabo, etc.
Elemento Normativo do tipo
Em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
No mais se aplica o que foi dito quanto ao crime de posse com a única diferença da conduta, que aqui é PORTAR e não possuir.
Questões controvertidas envolvendo posse e porte ilegal de arma de fogo
Exame pericial
Jurisprudência do STJ e do STF entende que se a arma foi apreendida, o exame pericial é imprescindível para a comprovação do crime. Se a arma não foi apreendida a falta do exame pericial pode ser suprida por outras formas. HC 96921 STF e HC 175778 STJ. 	Comment by Everton: EMENTA HABEAS CORPUS. POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. VERIFICAÇÃO DE NULIDADE DE EXAME PERICIAL INVIÁVEL NA VIA DO HABEAS CORPUS. IMPOSSIBILIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. EVENTUAL NULIDADE DO EXAME PERICIAL NA ARMA DE FOGO NÃO DESCARACTERIZA O DELITO PREVISTO NO ART. 14, CAPUT, DA LEI Nº 10.826/03. PRECEDENTES.1. A alegada nulidade do exame pericial, em virtude de ter sido realizado por policiais que atuaram nos autos do inquérito e sem a qualificação necessária à realização de tais exames, em total desacordo com a regra prevista no art. 159, § 1º, do Código de Processo Penal, não pode ser verificada na via estreita do habeas corpus, pois essa análise demandaria reexame do conjunto probatório. 2. Eventual nulidade do exame pericial na arma de fogo não descaracteriza o delito previsto no art. 14, caput, da Lei nº 10.826/03 quando existir um conjunto probatório que permita ao julgador formar convicção no sentido da existência do crime imputado ao paciente, bem como da autoria do fato. 3. Habeas corpus denegado.	Comment by Everton: HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO. CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO DE PENA. EMPREGO DE ARMA. APREENSÃO SEM REALIZAÇÃO DE PERÍCIA. CONFIGURAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DESAPARECIMENTO DOS VESTÍGIOS. AUSÊNCIA. EXAME DE CORPO DE DELITO DIRETO. NECESSIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.1. Consoante o entendimento da Terceira Seção deste Superior Tribunal, para a incidência da majorante prevista no inciso I do § 2º do art. 157 do Código Penal, mostra-se prescindível a apreensão e perícia da arma de fogo para a comprovação do seu efetivo poder vulnerante, quando existirem nos autos elementos de prova que atestem o seu emprego na ação criminosa (EREsp n. 961.863/RS). Precedentes. 2. Quando há apreensão da arma de fogo, é indispensável a realização de perícia para a incidência da aludida causa especial de aumento, que somente pode ser suprida por prova testemunhal se os vestígios desapareceram por completo ou quando estes não puderem ser constatados pelos peritos, o que não é o caso dos autos. Inteligência dos arts. 158 e 167 do Código de Processo Penal. 3. Verificando que não houve, no caso em comento, o desaparecimento da arma de fogo, inviável utilizar-se dos depoimentos das vítimas e da própria confissão do paciente para corroborar a configuração da causa de aumento prevista no art. 157, § 2º, I, do Código Penal, por não se enquadrar a hipótese dos autos naquela prevista no art. 167 do Código de Processo Penal, que autoriza a suavização da regra do art. 158 do mesmo diploma normativo ao permitir o suprimento da prova técnica pela testemunhal. 4. Ordem concedida para afastar a causa especial de aumento prevista no art. 157, § 2º, I, do Código Penal, tornando a reprimenda do paciente definitiva em 4 anos de reclusão e pagamento de 10 dias-multa.
OBS: a 5ª turma do STJ entende que o exame pericial é sempre desnecessário, mesmo que a arma tenha sido apreendida, uma vez, que se trata de crime de perigo abstrato ou presumido.
Arma Desmuniciada
Entendimento STJ – arma desmuniciada é crime, pois se trata de infração de perigo abstrato ou presumido, não é necessária uma situação de perigo concreto. HC 178320/ SC de 28/02/2012. Se a arma está desmuniciada e sem condições de pronto municiamento não há crime, entendimento da 6ª turma, entendimento minoritário.	Comment by Everton: HABEAS CORPUS. PENAL. PORTE ILEGAL DE ARMA ART. 14 DA LEI N.º 10.826/03 (ESTATUTO DO DESARMAMENTO). TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ATIPICIDADE. INEXISTÊNCIA. PERIGO ABSTRATO CONFIGURADO. DISPOSITIVO LEGAL VIGENTE.1. Malgrado os relevantes fundamentos esposados na impetração, este Tribunal já firmou o entendimento segundo o qual o porte ilegal de arma de fogo desmuniciada e o de munições, mesmo configurando hipótese de perigo abstrato ao objeto jurídico protegido pela norma, constitui conduta típica. 2. Desse modo, estando em plena vigência o dispositivo legal ora impugnado, não tendo sido declarada sua inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal, não há espaço para o pretendido trancamento da ação penal, em face da atipicidade da conduta.3. Ordem denegada.
Munição Desarmada
Não está gerando situação de perigo concreto, mas trata-se de crime de perigo abstrato. HC 222758 STJ, munição sem arma é crime – 20 de março de 2012.	Comment by Everton: HABEAS CORPUS. PORTE ILEGAL DE MUNIÇÃO DE USO PERMITIDO. SENTENÇA CONDENATÓRIA FUNDAMENTADA. MOTIVAÇÃO SUCINTA. ART. 93, INCISO IX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO.1. O Juízo sentenciante, ao contrário do aventado na impetração, ainda que de forma concisa, procedeu à análise da prova carreada aos autos, formando seu livre convencimento e concluindo pela existência de autoria e materialidade assestadas ao paciente, fundamentando a condenação na sua confissão.2. Tendo a sentença condenatória, ainda que de maneira sucinta, apresentando fundamentação baseada em prova produzida no seio da ação penal - confissão do paciente -, observa-se que aquela se encontra em conformidade com o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, motivo pelo qual não se vislumbra o aventado constrangimento ilegal a ensejar a sua nulidade. ART. 14 DA LEI N.º 10.826/03. PORTE ILEGAL DE MUNIÇÃO DE USO PERMITIDO. POTENCIALIDADE LESIVA. CRIME DE MERA CONDUTA. COAÇÃO ILEGAL NÃO EVIDENCIADA.1. O simples fato de portar munição de uso permitido configura a conduta típica prevista no art. 14 da Lei n.º 10.826/03, por se tratar de delito de mera conduta ou de perigo abstrato, cujo objeto imediato é a segurança coletiva. 2. Havendo prova nos autos relativa à materialidade do crime de porte ilegal de munição, a alegada ausência de potencialidade lesiva do artefato não descaracteriza o crime previsto no art. 14 da Lei n.º 10.826/03, pois para o reconhecimento da prática desta infração penal basta a simples posse ou guarda da munição sem autorização da autoridade competente, razão pela qual não se pode dizer que tenha a Corte originária incidido em constrangimento ilegal ao manter adecisão do Juiz sentenciante que condenou o paciente pelo delito do art.14 da Lei n.º 10.826/03.
Argumento para dizer que não é crime – voto do Ministro Peluzo.
Se a arma é absolutamente inapta para efetuar disparos é crime impossível por absoluta impropriedade do objeto. Se a arma é relativamente inapta há o crime.
Princípio da Insignificância na posse ou porte de munição
STJ e STF não admitem o princípio da insignificância no porte de munição (HC 97777 STF e HC 45099 STJ) – sob o argumento de que o bem jurídico tutelado é a segurança pública, que não é possível mensuração.
OBS: recentemente a 6ª turma do STJ aplicou o princípio da insignificância no caso de uma munição (Blog do LFG – atualidades do direito Luis Flávio Gomes arma desmuniciada e munição desarmada) é o primeiro precedente.
Porte Ilegal e homicídio
O homicídio absorve o porte ilegal de arma?
Depende. Se o porte ocorreu exclusivamente para a prática do homicídio fica absorvido. Se o porte existe independentemente do homicídio, haverá concurso material de crimes. Trata-se de concurso material, pois o homicídio e o porte têm objetos jurídicos diferentes.
STJ e STF entendem que saber se o porte absorve ou não o homicídio não é matéria que pode ser discutida em HC, pois é matéria de fato.
Porte ou Posse simultânea de duas ou mais armas
Configura crime único, pois gera uma só situação de perigo. Entendimento que prevalece.
O STJ entendeu que se uma arma é permitida e a outra é proibida haverá concurso de crimes do Art. 14 e do Art. 16. HC 161876. Essa decisão gera o seguinte absurdo: se o agente tem um revolver 38 e uma metralhadora responderá por dois crimes, mas se tem 3 metralhadoras responderá por um crime só.	Comment by Everton: HABEAS CORPUS. DENÚNCIA. PORTE DE ARMAS DE FOGO DE USO RESTRITO E PERMITIDO. APREENSÃO NO INTERIOR DA RESIDÊNCIA DA PACIENTE. MODIFICAÇÃO DA CAPITULAÇÃO JURÍDICA PARA POSSE. CONDUTA PERPETRADA NO PERÍODO DA VACATIO LEGIS. APLICAÇÃO DA EXEGESE DO ART. 30 DA LEI 10.826/2003. ATIPICIDADE DA CONDUTA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL QUE SE IMPÕE. ORDEM CONCEDIDA.1. É entendimento desta Corte de Justiça que o delito de posse ilegal de arma de fogo caracteriza-se quando esta for encontrada no interior da residência ou no trabalho do acusado, sendo que o porte ilegal configura-se quando o artefato é apreendido em local diverso. (Precedentes).2. Não obstante o órgão ministerial tenha denunciado a paciente como incursa nos delitos dispostos nos arts. 14 (porte ilegal de arma de fogo de uso permitido) e 16 (porte ilegal de arma de fogo de uso restrito) da Lei nº 10.826/03, da detida análise da exordial acusatória, constata-se que a descrição dos fatos nela contida demonstra que a conduta perpetrada pela paciente se amolda aos tipos previstos nos arts. 12 e 16 da legislação em apreço, porquanto os armamentos foram encontrados no interior de sua residência, logo, restou caracterizada a posse, e não o porte ilegal de armas de fogo de uso permitido e restrito, como capitulado pelo parquet estadual.3. É considerada atípica a conduta relacionada ao crime de posse de arma de fogo, seja de uso permitido ou de uso restrito, incidindo a chamada abolitio criminis temporária nas duas hipóteses, se praticada no período compreendido entre 23 de dezembro de 2003 a 23 de outubro de 2005. Contudo, este termo final foi prorrogado até 31 de dezembro de 2008 somente para os possuidores de arma de fogo de uso permitido (art. 12), nos termos da Medida Provisória nº 417 de 31 de janeiro de 2008, que estabeleceu nova redação aos arts. 30 a 32 da Lei nº 10.826/03, não mais albergando o delito previsto no art. 16 do Estatuto - posse de arma de uso proibido ou restrito.4. In casu, em se tratando de posse ilegal de armas de fogo de uso restrito e permitido, vislumbra-se que é atípica a conduta atribuída à paciente, pois se encontra abarcada pela excepcional vacatio legis indireta prevista nos arts. 30 e 32 da Lei nº 10.826/03, tendo em vista que as buscas efetuadas na sua residência ocorreram em 23-6-2004, isto é, se deram dentro do período de abrangência da Lei em comento para os referidos tipos de armamentos, qual seja, de 23 de dezembro de 2003 a 23 de outubro de 2005.5. Ordem concedida para reconhecer que a conduta perpetrada pela paciente se amolda ao disposto nos arts. 12 e 16 da Lei nº 10.826/03, isto é, posse de armas de fogo de uso restrito e permitido, declarando-se extinta a punibilidade da paciente quanto aos referidos delitos.
Disparo de arma de fogo
Art. 15 da Lei 10.826/03.	Comment by Everton: Disparo de arma de fogoArt. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Sujeito Ativo
Qualquer pessoa. Crime comum.
Sujeito Passivo
Coletividade. Crime vago.
Condutas
Disparar arma de fogo ou acionar munição sem disparo (trata-se de duas condutas).
Acionar munição sem disparo – a munição picotou.
Se o infrator faz dois ou mais disparos no mesmo contexto fático trata-se de crime único.
Disparo em local ermo não configura crime. Deve ser em vias públicas, local habitado ou em suas adjacências ou na direção delas.
A conduta precisa ocorrer em local habitado, mas não precisa gerar situação real de perigo a ninguém. EX: tiro em casa vazia, localizada na zona urbana configura o crime.
HC 104410 STF de 06/03/2012 – crimes do estatuto do desarmamento são crimes de perigo abstrato.	Comment by Everton: 2. CRIMES DE PERIGO ABSTRATO. PORTE DE ARMA. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALDIADE. A Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) tipifica o porte de arma como crime de perigo abstrato. De acordo com a lei, constituem crimes as meras condutas de possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo. Nessa espécie de delito, o legislador penal não toma como pressuposto da criminalização a lesão ou o perigo de lesão concreta a determinado bem jurídico. Baseado em dados empíricos, o legislador seleciona grupos ou classes de ações que geralmente levam consigo o indesejado perigo ao bem jurídico. A criação de crimes de perigo abstrato não representa, por si só, comportamento inconstitucional por parte do legislador penal. A tipificação de condutas que geram perigo em abstrato, muitas vezes, acaba sendo a melhor alternativa ou a medida mais eficaz para a proteção de bens jurídico-penais supraindividuais ou de caráter coletivo, como, por exemplo, o meio ambiente, a saúde etc. Portanto, pode o legislador, dentro de suas amplas margens de avaliação e de decisão, definir quais as medidas mais adequadas e necessárias para a efetiva proteção de determinado bem jurídico, o que lhe permite escolher espécies de tipificação próprias de um direito penal preventivo. Apenas a atividade legislativa que, nessa hipótese, transborde os limites da proporcionalidade, poderá ser tachada de inconstitucional. 3. LEGITIMIDADE DA CRIMINALIZAÇÃO DO PORTE DE ARMA. Há, no contexto empírico legitimador da veiculação da norma, aparente lesividade da conduta, porquanto se tutela a segurança pública (art. 6º e 144, CF) e indiretamente a vida, a liberdade, a integridade física e psíquica do indivíduo etc. Há inequívoco interesse público e social na proscrição da conduta. É que a arma de fogo, diferentemente de outros objetos e artefatos (faca, vidro etc.) tem, inerente à sua natureza, a característica da lesividade. A danosidade é intrínseca ao objeto. A questão, portanto, de possíveis injustiças pontuais, de absoluta ausência de significado lesivo deve ser aferida concretamente e não em linha diretiva de ilegitimidade normativa. 4. ORDEM DENEGADA.
Trafico, porte de drogas, porte de armas e crime de embriaguez ao volante (STF e STJ sempre mencionam que se trata de crime de perigo abstrato).
Elemento subjetivo
É crime doloso. Se o indivíduo disparou sem a intenção não configura esse crime.
Consumação
Dá-secom o mero disparo ou acionamento.
Tentativa
É totalmente possível.
Elemento Subsidiário
Desde que essa conduta não tenha como finalidade outro crime – crime subsidiário, só se aplica se o fim não era meramente o disparo.
Estatuto do Desarmamento - Art. 15 não se aplica se o disparo teve a finalidade de outro crime. Seja ele mais grave ou menos grave;
Doutrina - Art. 15 não se aplica se o disparo teve a finalidade de outro crime mais grave, pois pelo princípio da consunção o crime menos grave não pode absorver o crime mais grave. (Capez). Se o disparo teve por finalidade a prática de um crime menos grave ou de igual gravidade prevalece o disparo ou há concurso de crimes.
Homicídio, lesão grave, gravíssima e seguida de morte absorvem o disparo, pois são crimes mais graves.
Lesão leve é menos grave que o disparo, portanto, nesse caso prevalece o crime de disparo. A lesão leve não pode absorver o disparo porque a lesão leve é menos grave que o disparo.
EX: Art. 132 do CP - também é delito subsidiário. Sendo assim, se a finalidade do disparo for expor a perigo, prevalece o crime de disparo, pois ambos os crimes são subsidiários, mas o disparo é mais grave.	Comment by Everton: Perigo para a vida ou saúde de outremArt. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Posse/Porte Ilegal de arma proibida / restrita
Art. 16 da Lei 10.826/03.	Comment by Everton: Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restritoArt. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
	ARMA
	POSSE
	PORTE
	Permitida;
	Art. 12;
	Art. 14;
	Proibida;
	Art. 16;
	Art. 16;
Aplica-se tudo o que foi dito quanto ao crime de posse e porte de arma permitida em relação a esse crime.
A diferença é o objeto material, que nesse caso refere-se à arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito (o conceito de arma de fogo de uso proibido ou restrito está no decreto 3.665/2000).
O parágrafo único é autônomo em relação ao caput, portanto, as condutas do parágrafo único tem como objeto material tanto arma de fogo de uso restrito e de uso proibido quanto de uso permitido. Resp 918867 STJ.
	Art. 16, “caput”;
	Art. 16, parágrafo único;
	Arma de fogo de uso proibido ou restrito;
	Arma de fogo de uso proibido/restrito ou de uso permitido. 
Art. 16, parágrafo único da Lei 10.826/03.	Comment by Everton: Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
O inciso I pune aquele que raspa, altera a marca, numeração da arma. Tem como objeto material arma e artefato.	Comment by Everton: I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;
Essa conduta é de difícil identificação uma vez que é quase impossível descobrir quem realmente raspou a arma. O crime se consuma com a simples supressão ou alteração, ainda que a autoridade consiga identificar a arma. A tentativa é possível.
O inciso II o infrator modifica as características da arma. Troca o cano (modifica o calibre), serra o cano. A finalidade é:	Comment by Everton: II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
Torná-la arma de uso proibido ou restrito;
Para induzir a erro o Juiz, o perito ou a autoridade policial.
Na conduta de modificar a arma de fogo, há modificação da arma de uso permitido em arma de uso proibido.
Na conduta de modificar a arma para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro a autoridade policial, perito ou juiz. O crime se consuma mesmo que a autoridade não tenha sido induzida em erro, sendo o momento consumativo a simples modificação da arma com essa finalidade. Caso essa conduta não fosse prevista no estatuto do desarmamento, ela configuraria o crime de fraude processual do Art. 347 do CP, mas pelo princípio da especialidade, aplica-se o crime da lei 10.826, ou seja, o crime em tela.	Comment by Everton: Fraude processualArt. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
OBS: Se o infrator tinha a finalidade de induzir em erro o MP não há a configuração do crime, não se permite analogia em mallam partem.
O inciso III os objetos materiais não são nem armas, nem munições, nem acessórios. Os objetos materiais são artefato, explosivo ou incendiário. EX: granada, bomba de fabricação caseira.	Comment by Everton: III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
O inciso IV pune aquele que vende, entrega, fornece aquela arma de fogo adulterada. Tem como objeto material apenas arma de fogo.	Comment by Everton: IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
Esse inciso resolveu o problema do inciso “I” acima demonstrado. Nesse caso pune-se quem porta, possuir, adquiri, transporta ou fornece a arma de fogo com a numeração já raspada ou adulterada.
Inciso V	Comment by Everton: V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
Este dispositivo é idêntico ao Art. 242 do ECA.	Comment by Everton: Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo:Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.
Quem vende arma, munição ou acessório a criança ou adolescente vai responder por qual crime?
O dispositivo previsto no ECA só se aplica no caso de arma branca. No caso de arma de fogo, acessório, munição ou explosivo aplica-se o Estatuto do Desarmamento.
O Art. 242 foi parcialmente revogado pelo estatuto do desarmamento.
Não se deve confundir explosivos com fogos de artifício, uma vez que em relação à esses últimos configura-se crime do ECA.
Inciso VI.	Comment by Everton: VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
Comércio Ilegal de arma de fogo
Art. 17 da Lei 10.826/03.	Comment by Everton: Comércio ilegal de arma de fogoArt. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Sujeito ativo
É somente comerciante ou industrial, legal ou ilegal, de arma de fogo, acessório ou munição. Trata-se de crime próprio, ou seja, exige condição especial do sujeito ativo.
Objeto material
Arma de fogo, acessório ou munição. O tipo penal não distingue se é arma de fogo de uso permitido ou restrito/proibido. EX: se o sujeito comercializa um revolver calibre 38 e uma metralhadora o crime é o mesmo, porém as penas serão diferentes (Art. 19).	Comment by Everton: Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
É um crime de conduta múltipla ou variada, assim, a prática de várias condutas no mesmo contexto fático configura crime único.
Elemento subjetivo
Dolo.
Consumação
A consumação se dá com a prática dequalquer uma das condutas do tipo.
Tentativa
Sendo a tentativa admissível, por exemplo, na modalidade receber, adquirir, montar, etc.
Trata-se de crime habitual?
Esse crime não é habitual, assim a prática de um único ato ilegal já configura o crime, desde que o sujeito ativo seja comerciante ou industrial, legal ou ilegal, de armas de fogo, acessórios ou munição.
EX: o dono de uma loja vendeu 50 armas de maneira legal e vendeu apenas 01 de maneira ilegal, ele vai responder pelo crime.
O dono de um restaurante que vende arma em seu estabelecimento responde pelo Art. 14 da Lei.
O parágrafo único é chamado de cláusula de equiparação.	Comment by Everton: Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.
Tráfico Internacional de arma de fogo
Art. 18 da Lei 10.826/03.	Comment by Everton: Tráfico internacional de arma de fogoArt. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Na anterior lei de armas de fogo não existia esse tipo penal.
Sujeito ativo
Crime comum. Pode ser praticado por qualquer pessoa.
Sujeito passivo
Coletividade. Trata-se de crime vago.
Objeto jurídico
Incolumidade pública.
Condutas
Nas condutas importar/exportar trata-se de crime material, assim consuma-se com a efetiva retirada/entrada da arma no território nacional. É perfeitamente possível a tentativa.
Esse crime prevalece em relação ao crime de contrabando previsto no Art. 334 do CP.	Comment by Everton: Contrabando ou descaminhoArt. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: Pena - reclusão, de um a quatro anos
Nas condutas de facilitação da entrada e saída o crime se consuma com a simples facilitação, ainda que o agente não consiga introduzir ou retirar a arma do país. É crime formal. A tentativa é possível com a conduta escrita.
Este tipo penal prevalece sobre o crime funcional do Art. 318 do CP.	Comment by Everton: Facilitação de contrabando ou descaminhoArt. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Competência
Trata-se de crime genuinamente federal. É crime a distancia, pois atinge bem jurídico de mais de um país.
O STF e o STJ não admitem a aplicação do princípio da insignificância no caso de tráfico ilegal de arma de fogo.
A venda ilegal de arma de fogo configura qual crime?
Depende...
Em caso de venda entre não comerciantes, aplica-se o Art. 14 em caso de arma permitida e o Art. 16 em caso de arma proibida. Nesses dois artigos não têm o verbo “vender”, mas este está implícito nas condutas de fornecer ou ceder;
Em caso de venda por comerciante de arma de fogo, caracteriza-se crime do Art. 17, seja a arma permitida ou proibida;
Se a venda envolver transação internacional, aplica-se o Art. 18 do Estatuto do Desarmamento, seja a arma permitida ou proibida (ainda que o sujeito ativo seja comerciante de armas).
Fiança e liberdade provisória
O Art. 14 (posse irregular), parágrafo único diz que o crime de porte de arma de fogo é inafiançável, salvo se a arma estiver registrada em nome do agente.
O Art. 15 (porte ilegal), parágrafo único diz que o crime de disparo de arma de fogo é inafiançável.
O Art. 21 define que os crimes previstos no Art. 16 (posse ou porte de arma de fogo de uso proibido ou restrito), Art. 17 (comércio ilegal de arma de fogo) e Art. 18 (tráfico internacional de arma de fogo) são insuscetíveis de liberdade provisória.
Essas regras foram declaradas inconstitucionais pela ADI 3112, sob o fundamento do princípio da presunção ou estado de inocência, não cabendo à lei de antemão proibir a liberdade provisória. Todos os dispositivos do Estatuto do Desarmamento em que se vedou fiança e liberdade provisória foram declarados inconstitucionais, assim, em todos os crimes do Estatuto do Desarmamento é cabível fiança e/ou liberdade provisória.	Comment by Everton: ARTIGO
O Tribunal, por maioria, julgou procedente, em parte, pedido formulado em várias ações diretas ajuizadas pelo Partido Trabalhista Brasileiro - PTB e outros para declarar a inconstitucionalidade dos parágrafos únicos dos artigos 14 e 15 e do art. 21 da Lei 10.826/2003 - Estatuto do Desarmamento, que dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas - Sinarm, define crimes e dá outras providências. Inicialmente, o Tribunal rejeitou as alegações de inconstitucionalidade formal, ao fundamento de que os dispositivos do texto legal impugnado não violam o art. 61, § 1º, II, a e e, da CF. Salientando-se que a Lei 10.826/2003 foi aprovada depois da entrada em vigor da EC 32/2001, que suprimiu da iniciativa exclusiva do Presidente da República a estruturação e o estabelecimento de atribuições dos Ministérios e órgãos da Administração Pública, considerou-se que os seus dispositivos não versam sobre a criação de órgãos, cargos, funções ou empregos públicos, nem sobre sua extinção, como também não desbordam do poder de apresentar ou emendar projetos de lei, que o texto constitucional atribui aos congressistas. Asseverou-se que a maior parte desses dispositivos constitui mera reprodução de normas contidas na Lei 9.437/97, de iniciativa do Poder Executivo, revogada pela lei em comento, ou são consentâneos com o que nela se dispunha. Ressaltou-se que os demais consubstanciam preceitos que mantêm relação de pertinência com a Lei 9.437/97 ou com o projeto de Lei 1.073/99, encaminhados ao Congresso Nacional pela Presidência da República, geralmente explicitando prazos e procedimentos administrativos, ou foram introduzidos no texto por diplomas legais originados fora do âmbito congressual (Leis 10.867/2004, 10.884/2004, 11.118/2005 e 11.191/2005), ou, ainda, são prescrições normativas que em nada interferem com a iniciativa do Presidente da República. Salientou-se, por fim, a natureza concorrente da iniciativa em matéria criminal e processual, e a possibilidade, em razão disso, da criação, modificação ou extensão de tipos penais e respectivas sanções, bem como o estabelecimento de taxas ou a instituição de isenções pela lei impugnada, ainda que resultantes de emendas ou projetos de lei parlamentares. ADI 3112/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2.5.2007. (ADI-3112) 
Os crimes do Art. 17 e Art. 18 possuem pena de 04 a 08 anos. Cabe fiança?
O Juiz pode arbitrar fiança. Com a reforma do CPP pela introdução de medidas cautelares diferentes da prisão. Antes da reforma não era cabível fiança nos crimes cuja pena mínima fosse superior a dois anos. Agora, é cabível fiança independentemente da pena mínima prevista. A pena mínima não é mais requisito para a concessão ou não de fiança.
Apenas o Juiz pode arbitrar a fiança nestes casos. Delegado só pode arbitrar fiança nos crimes cuja pena máxima não ultrapasse 04 anos.

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