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Aula 11 - Resíduos Químicos em Produtos de Origem Animal

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Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari 
Alberto Gonçalves Evangelista 
Toxicologia Veterinária e Plantas Tóxicas 
 
 
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RESÍDUOS DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS EM PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL 
O Brasil é um grande país exportador, sendo o 1º em carne bovina e de aves, e o 4º em carne 
suína. Sendo assim, os produtores devem ter muito cuidado com o uso de medicamentos, 
praguicidas e aditivos zootécnicos, pois eles podem deixar resíduos nos produtos e derivados. 
Para se detectar a presença dos produtos, testes de química analítica determinam as partes por 
bilhão (ppb) e partes por trilhão (ppt). Um produto apto para consumo deve ser isento de 
genotoxicidade, neurotoxicidade e estar abaixo dos limites máximos de resíduos, dados pelos 
órgãos legisladores internacionais. Os órgãos legisladores do Brasil são o MAPA, a ANVISA e o 
Ministério do Meio Ambiente, e no mundo são a FAO e a OMS. A FAO e a OMS estipularam o 
Codex Alimentarius, que possuem as regras para assegurar a saúde dos consumidores, práticas 
equitativas de mercado e coordenar os padrões de referência quanto a qualidade de alimentos. 
No Codex estão estipuladas as boas práticas de aplicação de medicamentos veterinários, com 
forma de aplicação, posologia, carência, etc, e a forma de amostragem para análise, como 
número de amostras, forma de coleta, etc. Lá também está definido como deve ser feita a 
análise dos resultados, padronizando os métodos, as substâncias procuradas, etc, as normas de 
higiene da produção e como o produto pode ser embalado. Nesse Codex também estão 
definidas as quantidades de resíduos de medicamentos e praguicidas que cada alimento pode 
conter, com as formas de análise toxicológica, farmacocinética e famacodinâmica. Isso é 
importante pois tudo isso pode trazer risco para a saúde humana, com a probabilidade do 
aparecimento de um efeito adverso e a magnificação desse efeito. 
O período de carência de um medicamento é o intervalo de tempo para que as quantidades de 
resíduo deixado pelo produto ou seus metabólitos sejam menores que as estabelecidas pelo 
Codex Alimentarus. Para minimizarmos o período de carência, devemos nos atentar para a 
posologia recomendada para a medicação, sendo que ele começa a ser contado após o fim do 
tratamento. Não se pode trocar formulações seguindo o mesmo período de carência, apenas 
pelo fato de ser o mesmo princípio ativo, pois os adjuvantes diferentes podem alterar toda a 
forma de absorção e eliminação do fármaco no organismo. 
No guia está explicada toda a metodologia para extração e análise, tanto dos princípios ativos 
quanto dos metabólitos, sendo que essa análise deve ser feita por um laboratório credenciado 
no INMETRO, com instalações, equipamentos e profissionais adequados. Uma análise sempre é 
feita no pais de origem, no caso de exportação, e outra é feita logo em seguida pelo país 
importador, sendo que, se o produto não passa no teste, todo aquele embarque e os embarque 
subsequente é retido. Em caso de reincidência, todos os produtos do mesmo país de origem são 
retidos, até que os testes sejam negativos por três rigorosas análises subsequentes. 
Para atender e possibilitar as exigências internacionais, deve existir uma rastreabilidade dos 
produtos, desde a fazenda até o mercado. Tudo deve ser rastreável, como por exemplo a água 
fornecida aos animais, o tipo de alimentação, pastagem, ração, premix, etc. Essa rastreabilidade 
é o registro que garante a identificação do produto e dos estágios de produção aos quais ele 
passou até a sua comercialização, devendo ocorrer a identificação dos produtos todos, sejam 
eles matéria prima, insumo, matéria prima, etc. Isso ocorre por meio da rotulagem para 
produtos fracionados e registro para produtos a granel. Há necessidade da manutenção dos 
registros atualizados que informem todos os aditivos zootécnicos, medicamentos, tratamentos, 
medicação profilática, vacinas, etc, as quais aquele animal foi submetido antes do abate. Como 
exemplo, fica o SISBOV, que registra toda a movimentação de bovinos e bubalinos no Brasil.

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