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HABEAS CORPUS. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM RESULTADO MORTE.

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DECISÃO: Trata-se de habeas corpus, com pedido de medida liminar, impetrado por Paulo Jacob Sassya El Amm e outro, em favor de Francisca Livania de Lima Dias. 
Na espécie, a paciente foi condenada à pena de 26 (vinte e seis) anos de reclusão, em regime integralmente fechado, pela prática do delito descrito no art. 159, § 3º, do CP.
Contra essa decisão a defesa interpôs apelação, com provimento negado pela 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, nos seguintes termos:
 “Extorsão mediante sequestro qualificada pelo evento morte. Configuração. Confissão policial. Retratação isolada que não pode ser acolhida. Testemunhas.
Extorsão mediante sequestro. Elemento subjetivo demonstrado. Desclassificação para homicídio. Impossibilidade. Consumação, ainda que não obtida a vantagem” (Apelação Criminal n. 236.506-3/7).
Irresignada, pleiteou, pela via revisional, a absolvição por falta de provas ou a desclassificação da infração para homicídio doloso. 
O 1º Grupo de Câmaras Criminais do TJ/SP, por unanimidade, indeferiu o pedido (Revisão Criminal n. 272.566-3/3).
A defesa, então, impetrou habeas corpus perante o Superior Tribunal de Justiça, que denegou a ordem, nos termos da ementa transcrita:
“HABEAS CORPUS. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM RESULTADO MORTE. PRETENSÃO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA HOMICÍDIO TENTADO. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA.
ELEMENTOS DOS AUTOS QUE APONTAM, COM CLAREZA, A PRÁTICA DE DELITO CONTRA O PATRIMÔNIO.
1. O delito previsto no art. 159 do Código Penal é crime complexo, que ofende ao mesmo tempo o patrimônio e a liberdade da vítima. Em sua forma qualificada – com resultado morte – fere ainda um terceiro bem jurídico, a vida, razão porque é punido de forma mais rigorosa.
2. Na hipótese, a combativa defesa busca seja afastado o crime contra o patrimônio e reconhecida a prática do homicídio, delito esse de competência do júri; em consequência, pede-se a anulação do processo-crime com a remessa dos autos ao juízo competente.
3. 'A extorsão mediante sequestro, como crime formal ou de consumação antecipada, opera-se com a simples privação da liberdade de locomoção da vítima, por tempo juridicamente relevante. Ainda que o sequestrado não tenha sido conduzido ao local de destino, o crime está consumado' (MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal Interpretado. 6ª edição. São Paulo: Atlas. 2007, pág. 1.476).
4. No caso, tem-se que a vítima foi surpreendida em um quarto de hotel, chegando a ser algemada para viabilizar o seu transporte para o local do cativeiro, não restando dúvidas acerca da consumação do delito.
5. 'A extorsão mediante sequestro, qualificada pelo resultado morte, não se descaracteriza quando a morte do próprio sequestrado ocorre, como no caso, <no próprio momento de sua apreensão>' (RHC-1.846/GO, Relator Ministro Assis Toledo, DJ de 20.4.92).
6. A pretensão formulada na inicial, de desclassificação da acusação de extorsão mediante sequestro com resultado morte para homicídio, por demandar inevitável incursão no conjunto fático-probatório, não se compatibiliza com a via eleita.
7. De mais a mais, deve ser relembrado que a condenação foi confirmada tanto na apelação quanto em sede revisional (duas vezes).
8. Ordem denegada”.
Consta, ainda, do relatório e do voto do HC 113.978/SP, Ministro Og Fernandes:
“Ao julgar o Habeas Corpus nº 111.707/SP, concedi parcialmente a ordem impetrada, excluindo da condenação a agravante prevista no art. 62, IV, do Código Penal. Em consequência, reduzi a pena recaída sobre a paciente a 24 (vinte e quatro) anos de reclusão. Além disso, afastei a proibição à progressão de regime prisional.
Vale ressaltar, ainda, que houve o ajuizamento de nova revisão criminal, indeferida pelo Tribunal a quo.
 (...) Observada a dinâmica narrada nos autos, tem-se que a vítima foi surpreendida em um quarto de hotel, chegando a ser algemada para viabilizar o seu transporte para o local do cativeiro, não restando dúvidas acerca da consumação do delito.
(...) De igual modo, afasta-se a incidência do crime de homicídio. Isso porque a intenção dos agentes era pleitear o resgate (ajustado entre os acusados em R$ 20.000,00). A morte da vítima se deu em decorrência de sua resistência e dos incessantes gritos de socorro”.
Neste writ, os impetrantes afirmam que “a pena da paciente merece ser revista, pois não foi observada a correta tipificação do tipo penal (...) condenada por extorsão mediante sequestro com resultado morte, sendo que os elementos constitutivos do tipo não se consumaram”.
Alegam, ainda: “a posterior intenção, ou seja, exigir resgate, não ocorreu, pois foi praticado o homicídio anterior à extorsão, que não chegou a ocorrer”.
Requerem liminarmente “que seja cassada a sentença criminal, com a determinação de que se remetam os autos ao Tribunal do Júri por se tratar de crime contra a vida”.
Destaco do voto do Ministro Og Fernandes, do STJ: “aferir-se a ausência do dolo específico nas condutas atribuídas à paciente demandaria inevitável incursão no conjunto fático-probatório, providência de todo incompatível com a via eleita”.
Assim, não vislumbro manifesta ilegalidade na decisão atacada, uma vez que a verificação da tipificação penal, no presente caso, transbordaria os estreitos limites do habeas corpus.
Ante a manifesta improcedência, nego seguimento ao presente writ, nos termos do art. 21, § 1º, do RI/STF.
Publique-se.
Brasília, 11 de março de 2011.
Ministro GILMAR MENDES
Relator

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