Assessoria e Consultoria em Serviço Social

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INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma curta análise acerca do tema assesoria e consultoria no campo do Serviço Social, visando contribuir para um maior entendimento sobre esta atividade.
Como prestação de serviços, o tema surge na categoria profissional como um novo campo de atuação pensado no contexto da reestruturação produtiva de 1990 que, a partir das modificações no ambiente econômico mundial, trouxe mudanças ao mercado de trabalho.Assim, abordamos a atuação do Assistente Social, suas competências e atribuições designadas no Código de ética profissional e àquelas solicitadas a ele como prestador de serviços no campo da assessoria e consultoria.
Por último, buscamos compreender as diferenças entre ambas as áreas, de forma a tornar nítida a reflexão acerca das atribuições e concepções de cada, possibilitando o entendimento destas separadamente e como área de atuação do Assistente Social.
Assessoria, Consultoria e Serviço Social
Nos anos 70 a temática assessoria e consultoria foi identificada através de alguns textos de circulação restrita e surge como um prática que irá romper com as ações tradicionais. Contudo, devido a falta de referencial teórico acerca desta temática, a compreensão sobre o exercício profissional não estava clara e sua prática passa a ser entendida como supervisão profissional. 
Nos anos 80, surgem dois fatos importantes: o primeiro artigo sobre assessoria escrito por Balbina Ottoni Vieira (1981) e são criados os campos de estágio junto aos movimentos sociais.
É somente em 1990 que ocorre o ápice da temática envolvendo a reforma do aparelho do Estado e a reestruturação produtiva que irá desencadear mudanças no mercado de trabalho. A partir disto tornou-se possível analisar a demanda de assessoria ao Serviço Social como sendo um processo de trabalho para a profissão.
As assessorias são consideradas formas indiretas de prestações de serviços a órgãos governamentais, não-governamentais e empresas privadas, sendo que o profissional responsável pela execução desta atividade instrumental, normalmente, não tem vínculo empregatício e atua como prestador de serviço para a organização que demanda seus serviços. 
A assessoria pode ser vista como uma forma de acompanhamento, planejamento e monitoramento de uma demanda específica, junto a um profissional ou uma equipe que a executam, em que o assessor normalmente não tem vínculo permanente com o local da prestação e realização do serviço. Geralmente tal atuação é solicitada por uma equipe institucional, que atua diretamente na organização ou, como em alguns casos, pelos representantes da área de gestão. 
Para a execução de uma assessoria, faz-se necessário ter nitidez quanto aos objetivos almejados pelos demandatários da organização, sendo necessário também ter conhecimento sobre a organização na qual irá atuar, a fim de possibilitar um processo de trabalho de caráter investigativo e interventivo, visando um retorno para a qualificação profissional de todos os envolvidos. 
Para a realização da assessoria, os profissionais devem ter algumas habilidades, como: negociação, atualização e aperfeiçoamento teóricos, apropriação e manejo da informática, iniciativa, espírito de liderança, criatividade, bom relacionamento interpessoal e interdisciplinar da equipe em permanente desenvolvimento.
A assessoria no âmbito do Serviço Social pode ser considerada como um instrumento de trabalho profissional que permite a ampliação do espaço sócio ocupacional do Assistente Social.
A Lei n. 8.662, de 7 de junho de 1993, que regulamenta a profissão de assistente social, com relação a assessoria e consultoria, nos artigos 4º e 5º, refere-se às competências e atribuições do profissional:
Art. 4º Constituem competências do assistente social:
VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo;
IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade;
Art. 5º Constituem atribuições privativas do assistente social:
III - assessoria e consultoria a órgãos da Administração Pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de Serviço Social. 
Desta forma, o profissional Assistente Social irá “acompanhar processos de trabalho da organização e/ou de grupos, apontando possibilidades, limites, alternativas no projeto pretendido. Deve contribuir para a leitura da realidade, o que facilita traçar o planejamento”. (CITAÇÃO??) Observa-se que o assessor tem sido chamado para entender as contradições da realidade a partir de análises e estratégias, uma vez que ele é um agente externo capaz de ter um olhar diferenciado e particularizado sobre o problema a ser enfrentado.
A prática profissional do Assistente Social requer um exercício de reflexão e aprimoramento teórico contínuo que possibilite ao profissional compreender as determinações de um problema a fim de tornar possível uma orientação interventiva que transforme o problema em estratégia de ação. Logo, a inserção do Serviço Social na assessoria/consultoria requer uma qualificação profissional que permita ao Assistente Social ter o domínio de conhecimentos para que o mesmo possa realizar diagnósticos e análises, além de fornecer ao assessorado elementos que permitam entender a realidade da situação. O Assistente Social sai da área executiva para se tornar um profissional propositivo que seja capaz de formular, gerir, implementar e avaliar, contribuindo sempre para aprimorar e melhorar a qualidade do trabalho profissional desenvolvido.
É importante saber que no espaço interno, na área do trabalho é contraditório, e nele se convive com conflitos de interesses, mais também com consensos, conforme Giampoali (2013, p. 5), onde diz que:
O profissional que coordena o trabalho "em dependência do seu saber” teórico-metodológico, de suas habilidades técnico-operacionais e de sua postura ético-político, a partir de sua autonomia (limitada e restrita), poderá utilizá-la no sentido de favorecer mais os trabalhadores ou somente os empresários. Considera que ambos ganham. O empresário e os gestores, por terem os trabalhadores satisfeitos a partir de suas conquistas, produzindo melhor e prestando melhores serviços; e os trabalhadores, pelo mérito no alcance das suas conquistas e, principalmente, pela prática do exercício político.
Outro ponto importante é que o trabalho de assessoria não passa por uma neutralidade. De acordo com o autor Matos (2006, p. 32):
[...] existem trabalhos de assessoria que visam adaptar o trabalho da equipe ou do profissional aos interesses institucionais e outros que tratam a assessoria como um espaço de interlocução e aperfeiçoamento do trabalho desenvolvido com vistas a garantia de direitos.
O Serviço Social é visto como uma profissão que necessita de estar em constante atualização, não só técnica, mas teórica, e passa também a ser identificado como uma profissão que produz conhecimentos e detém respeitável domínio no campo das políticas sociais. 
Percebe-se que há uma confusão na categoria profissional de se compreender a supervisão profissional como assessoria, portanto, a diferença “está no grau de autonomia que a assessoria pressupõe” (CITAÇÃO?), e a supervisão um poder de mando, devido ao local que ocupa na organização.
Algumas possibilidades de assessoria postas ao Serviço Social:
Assessoria aos profissionais de Serviço Social: visa qualificar o trabalho profissional. Tendo como referencia o projeto de profissão, sendo uma profissão interventiva, com claro posicionamento de defesa dos direitos dos usuários de seus serviços, na qual toma diferentes expressões da questão social como objeto de sua atuação profissional;
Assessoria à organização política dos usuários: Tem como objetivo de fortalecer a organização dos usuários junto às políticas sociais, contribuirpara politização dos debates junto aos movimentos sociais e a ampliação sobre educação popular e o conceito de comunidade;
Assessoria à gestão das políticas sociais: Tem sido demandada por diferentes sujeitos (representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; conselheiros de direitos e de políticas, etc). Expressão do conhecimento da capacidade profissional dos assistentes sociais no domínio da temática da realidade conjuntural, com prestação do serviço e a primazia da qualidade do atendimento.
Com em todo o trabalho de Serviço Social é necessário conhecermos a realidade onde estamos inseridos, isso significa: uma leitura da realidade (instituição e pessoas envolvidas). Para tal, o profissional, precisa de permanente capacitação a fim de se manter atualizado, produzindo conhecimento, trocando ideias e informações.
Diferenças entre Consultoria e Assessoria
Ao analisar os conceitos entre a área de assessoria e consultoria, notamos que existe uma diferença mínima entre elas. Para Matos(2010) “assessoria e consultoria devem ser tratados de forma indistinta”. Assim, ele as define como “aquela ação que é desenvolvida por um profissional com conhecimentos na área, que toma a realidade como objeto de estudo e detém uma intenção de alteração da realidade” (p. 31) No entanto, como ação distinta para alguns autores e profissionais cabe aqui conceituar e definir suas ações.
C
onsultoria pode ser definida como um serviço de aconselhamento contratado por organizações junto a pessoas qualificadas e especialmente treinadas para lhes dar, de uma forma objetiva e independente, a possibilidade de identificar problemas gerenciais e oportunidades de melhoria. A consultoria analisa estes problemas, aponta soluções e recomenda ações, chegando até a facilitar a implantação ou indicar assessores para que o façam, mas o consultor não participa diretamente da implantação das soluções e aí está justamente a maior diferença entre consultoria e assessoria.
Basicamente as atividades da consultoria são palestras, treinamentos, pesquisas, estudos, comparações, análises, leitura e elaboração de pareceres, entre outras.
O consultor é contratado para realizar um diagnóstico, identificar falhas ou melhorias possíveis e indicar ao empresário alternativas para a solução de determinado problema, chegando até a indicar profissionais ou empresas que possam auxiliar no processo de implantação da solução, mas não participa diretamente das atividades de implantação em si. O que não o impede de acompanhar e verificar os resultados.
A consultoria é recomendada quando o empresário deseja ter um diagnóstico completo da organização e precisa saber por onde começar, conhecer os fatores críticos de sucesso que não estão sendo bem desenvolvidos, identificar possibilidade de melhoria na gestão e elaborar um plano de ação para iniciar o desenvolvimento das soluções.
A
 assessoria é o ato de assessorar, ou seja, é o ato de ajudar, assistir, auxiliar, coadjuvar ou colaborar com determinado processo. Na assessoria os problemas são identificados e as soluções implantadas com a participação direta do assessor interferindo nos processos da empresa.
O assessor vai nortear a atuação profissional para enfrentar a realidade identificada a partir da prestação de um suporte, de forma a explicar qual o caminho é mais proveitoso para a situação analisada.
Basicamente a diferença entre consultoria e assessoria é que a assessoria entrega a solução pronta, completa, enquanto a consultoria entrega um parecer, um caminho para que seja implantada a solução.
O assessor é contratado para entregar uma solução pronta, seria como um segundo passo após a consultoria. O assessor tanto pode iniciar os trabalhos a partir de um diagnóstico realizado por uma consultoria (ou pelo próprio empresário), quanto pode começar do zero e passar por toda fase de diagnóstico e planejamento da solução.
Portanto, um bom indicador para que empresário identifique qual a melhor hora para contratar uma assessoria ao invés de uma a consultoria é quando determinada atividade lhe consome muita energia e empenho.
Exemplo de uma prática profissional.
Trabalho em uma instituição que capacita adolescentes/jovens para o mercado de trabalho. Anualmente a instituição passa por uma fiscalização da ISSO que é uma "entidade de padronização e normatização" que tem como objetivo principal aprovar normas internacionais em todos os campos técnicos, como normas técnicas, classificações de países, normas de procedimentos, processos, dentre outros. 
Estávamos cadastrados como uma entidade de assistência, quando na verdade somos uma entidade de atendimento, uma vez que segundo aos processos de trabalhos que realizamos que se confundiam ora como atendimento, ora como assistência. 
A fim de padronizar e para que conseguíssemos manter o título de entidade de assistência, alguns processos e procedimentos teriam que ser alterados ou excluídos. Para tal, se fez necessário a contratação de uma assessora para auxiliar os gestores da instituição.
Esse profissional veio de São Paulo através da FEBRAEDA – Federação Brasileira de Associações Socioeducacionais de adolescentes – para realizar o trabalho de assessoramento. Ela conheceu a instituição, os setores, os profissionais, nossa localidade, público alvo, programas e projetos que realizamos, e somente a partir dai começou a sinalizar as alterações que seriam necessárias a fim de manter os programas e projetos existentes e os que deveriam ser implementados. 
A instituição ainda esta em fase de mudanças e alterações, afinal isso é um processo e as mudanças são realizadas aos poucos. A assessora sinaliza através do seu conhecimento o que se faz necessário alterar, porém a gestão precisa estar de acordo para de fato as mudanças acontecerem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos que a inserção do profissional de Serviço Social nessa nova área possibilita a criação de um espaço distinto de reflexão e atuação, apresentando novos usuários e, consequentemente, novas demandas.
Observa-se o surgimento de novas exigências à atuação do profissional que, através da interlocução com outras áreas, deve alcançar novos espaços e obter novas qualificações que propiciem ao mesmo um profundo conhecimento acerca da realidade na qual está inserido e das determinações externas e internas do problema a ser analisado. 
Vale ressaltar que mesmo com mudanças no mercado de trabalho, o Assistente Social deve manter o foco em suas competências e atribuições buscando manter sua identidade profissional. 
Contudo, sua busca por transformar a teoria em prática deve ser uma constante, mesmo que essa nova área de atuação se apresente como um desafio a ser enfrentado, exigindo a adaptação do profissional às eventuais mudanças da sua inserção em um cenário “externo”. 
REFERÊNCIAS.
Diferença entre Consultoria e Assessoria. Disponível em: http://www.acertoconsultoria.com.br/diferenca-entre-consultoria-e-assessoria/. Acesso em: 21 de novembro de 2015.
FONSECA, Tatiana Maria Araújo da. Assessoria em Serviço Social: Um debate acerca da atribuição e competência do Assistente Social. In: Revista de Ciências Humanas e Sociais aplicadas da Unimar, São Paulo, n.12, p.143-168, 2008.
GIAMPAOLI, Maria Cristina. Serviço Social em empresas: consultoria e prestação de serviço. In: Revista Serviço Social e Sociedade. N.114. São Paulo, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0101-66282013000200004&script=sci_arttext. Acesso em: 21 de novembro de 2015.
MATOS, Maurílio Castro. Assessoria e Consultoria: reflexões para o Serviço Social. In: BRAVO, Maria Inês Souza; MATOS, Maurílio Castro de (Orgs). Assessoria, Consultoria e Serviço Social. 7 Letras: Rio de Janeiro. 2006. p. 29 – 59.