Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Universidade Federal da Bahia Faculdade de Arquitetura – UFBA ARQ036 – Técnicas retrospectivas Docente: Antônio Carlos Barbosa Discente: Lúrian Sodré Argamassa de cal Salvador 2015 2 Sumário 1. Introdução..................................................................................................................................03 2. Histórico da argamassa..............................................................................................................04 3. A argamassa de cal....................................................................................................................04 4. Cal virgem e cal hidratada..........................................................................................................04 5. Características da argamassa de cal.........................................................................................04 6. Vantagens e desvantagens da utilização da cal........................................................................05 7. Utilização da argamassa de cal.................................................................................................05 7.1 Como aplicar corretamente a argamassa de cal.................................................................06 7.2 Cal hidratada no assentamento de alvenaria......................................................................07 8. Aditivo químico (VEDALIT) x cal hidratada................................................................................07 9. Cura da argamassa de cal e argamassa industrializada...........................................................07 10. Patologias da cal ......................................................................................................................09 10.1 Eflorescência.................................................................................................................09 10.2 Bolor..............................................................................................................................09 10.3 Vesículas.......................................................................................................................10 10.4 Descolamento com empolamento.................................................................................10 10.5 Fissuras mapeadas.......................................................................................................10 10.6 Fissuras horizontais.......................................................................................................10 10.7 Descolamento com pulverolência..................................................................................10 10.8 Descolamento em placas..............................................................................................10 11. Uso da cal em restauro..............................................................................................................11 12. Compra e estocagem da Cal.................................................................................................11 13. Conclusão..................................................................................................................................12 14. Referências................................................................................................................................13 3 1. Introdução O presente trabalho fazer um breve levantamento acerca da história da utilização da argamassa de cal até os dias atuais, mostrando de forma clara e sucinta que a cal vem sendo utilizada como aglomerante na argamassa, desde a argila e em construções gregas, romanas e egípcias. Apresenta, também, as vantagens e desvantagens da sua utilização enquanto aglomerante, suas características de elasticidade, plasticidade, capacidade de retenção da água, durabilidade, trabalhabilidade e as normas para sua compra e classificação. Lembra como pode (e deve) ser aplicada e explica porquê que a cura realizada em ambiente coberto com aspersão é melhor para manter suas características. Os estudos foram feitos a partir de algumas dissertações sobre o tema e sobre argamassas em geral, traz as algumas informações e contribuições a cerca do tema. 4 2. Histórico da argamassa A aplicação de argamassa no assentamento e revestimento de blocos de pedra em construções vem sendo utilizada há mais de 2.000 anos, desde a Grécia e Roma antiga através da argila misturada com outros elementos. Segundo SELMO (1989) nos livros de BOLTSHAUER (1963) constam, que na Grécia, no período micênico, a argila crua foi empregada em construções de pau a pique, envolvendo as estruturas resistentes de madeira e a argila cozida para revestir os paramentos de pedra das fachadas, com uma técnica parecida, utilizada também pela arquitetura romana etrusca (séculos VII ao VI a.C), e também para envolver a estrutura das casas egípcias de 1600 a 1100 a.C. Além dessas maneiras de utilização da argila para revestimentos, os gregos e os romanos preparavam misturas de cal, areia e água, em alguns casos adicionavam gesso para obter o estuque, que constitui uma especialidade para a realização de revestimentos internos. O uso da argamassa estava presente no assentamento de alvenarias e nos revestimentos (externos e internos) de edifícios. De acordo com WESTPHAL (2004), no Brasil, a argamassa passou a ser utilizada no primeiro século para assentamento de alvenaria de pedra (largamente utilizada na época) e a cal, que passou a ser muito utilizada na argamassa, era obtida através da queima de conchas e mariscos. O óleo de baleia era também muito utilizado como aglomerante. 3. A argamassa de cal Por volta de 3000 a.C. foi encontrado no solo da construção da Pirâmide de Shersi na região do Tibet, a presença de cal para estabilização do mesmo (GUIMARÃES 2002). As análises dos materiais que foram utilizados na vedação das câmaras da pirâmide de Quépons (2614-2591 a.C.) e nas juntas dos blocos de granito e calcário da pirâmide de Quéfrem (2590-2568 a.C.) comprovam a presença do cal. É possível que o homem tenha conhecido a cal nos primórdios da Idade da pedra ao final do período pliocênico. 4. Cal virgem e cal hidratada Obtém-se a cal virgem quando os calcários e os dolomitas são submetidos a calcinação (transformação do carbonato de cálcio (CaCO3) em óxido de cálcio (CaO)) à uma temperatura próxima a 1000°C pela perda de parte dos seus constituintes (CO2). Segundo a NBR 7175 ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas), é um pó obtido pela hidratação da cal virgem, constituído essencialmente de uma mistura de hidróxido de cálcio e hidróxido de magnésio, ou, de uma mistura de hidróxido de cálcio, hidróxido de magnésio e óxido de magnésio. Antigamente, o processo de calcinação (processo que transforma cal virgem e cal hidratada) para a obtenção da cal hidratada para utiliza-la nas construções, pois ela oferece uma boa plasticidade, era feito também in loco onde se tinha um tanque onde se fazia a queima da cal, onde eram transformados em cal hidratada. Atualmente se usa a cal já hidratada, fornecida em sacos de 20 Kg e pronta para o consumo. É recomendável que se faça a mistura entre areia e cal e água, e que a mistura fique alguns dias “curtindo” (processo de tornar mais forte), pois, no processo industrial de produção da cal hidratada, podem ficar algum resíduo da cal virgem que no futuro causará fissuras e trincas devido a reação química do hidróxido de cálcio com a água.5 5. Características da argamassa de cal A argamassa de cal é composta por cal, agregado miúdo e água. Usualmente conhecida como argamassa intermediária, têm como características: • Plasticidade: propriedade cuja argamassa no estado fresco tende a conservar-se deformada após a redução das tensões de deformação. Caracteriza a trabalhabilidade. • Elasticidade: absorvem melhor as movimentações das construções evitando trincas, fissuras e até o descolamento dos revestimentos. • Trabalhabilidade: uma argamassa é trabalhável quando ela se distribui facilmente ao ser assentada. Não gruda na ferramenta quando está sendo aplicada, não segrega ao ser transportada, não endurece em contato com superfícies absortivas e permanece plástica por tempo suficiente para que a operação seja completada; • Capacidade de retenção de água: acontece porque a argamassa mantém em seu estado fresco a sua trabalhabilidade quando sujeita a situações que provocam perda de água por evaporação. Não permite a sucção excessiva de água pela base; HENDRY et al. (2004) lembra que a propriedade de retenção de água da cal na argamassa é particularmente importante em situações onde unidades secas podem remover uma quantidade considerável de água da argamassa, levando assim a quantidade insuficiente para a hidratação do cimento. • Quanto a sua durabilidade: pode ser comprometida por causa retração da secagem e retenção de água da chuva, temperaturas excessivamente baixas e choque térmico; • Facilidade de manuseio, transporte e armazenamento: Quando é utilizada a cal hidratada, ela oferece maior facilidade de mistura do que a cal virgem por ser seca e pulverulenta; • Riscos: Não está sujeita aos riscos provocados pela hidratação espontânea da cal virgem e por incêndios que podem ocorrer durante o seu transporte ou armazenamento. 6. Vantagens e desvantagens de utilização da cal Vantagens ● A cal hidratada é extremamente fina e leve, por isso permite o preparo de maior quantidade de argamassa com a redução do custo do metro cúbico; ● Ao serem misturadas com água, suas partículas muito finas funcionam como um tipo de lubrificante reduzindo o atrito entre os grãos de areia resultando uma melhor trabalhabilidade (ou liga), boa aderência e maior rendimento na mão de obra; ● Capacidade de retenção de água em torno de suas partículas, formando na argamassa uma boa dupla com o cimento; ● Têm resistência suficiente quanto à compressão e aderência, tanto para assentamentos como para revestimentos; ● É um produto alcalino e por isso impede a oxidação das ferragens e atua como bactericida e fungicida; previne a formação de manchas e apodrecimento precoce dos revestimentos; ● Proporciona economia de tinta, pois tem acabamento mais liso e compatível com qualquer tipo de tinta e com outros acabamentos como fórmica, lambris, papéis de parede. Deve-se respeitar o tempo mínimo de cura que é de 28 dias para completar as reações químicas; ● Garante durabilidade às construções, pois argamassas com cal hidratada podem durar centenas de anos, pois existem registros de construções usando a cal que duraram milhares de anos; 6 ● As argamassas à base de cal hidratada têm boa elasticidade e absorvem melhor as movimentações das construções evitando trincas, fissuras e até o descolamento dos revestimentos. Desvantagem: ● Precisa de tempo de cura por completar as reações químicas, quando não se utiliza a cal hidratada. 7. Utilização da argamassa de cal O uso da cal vem diminuindo bastante devido a grande popularização do uso do cimento Portland, contudo até meados do século XIX, este era o aglomerante principal usado nas construções, tanto para assentamento, quanto para revestimento (CELESTINO, 2007). Argamassa é uma mistura de areia, água e um ou mais aglutinantes, sobretudo no assentamento ou revestimento de alvenarias. Existe uma variedade enorme de argamassas industrializadas prontas para serem utilizadas no canteiro de obras, porém é comum o preparo convencional da argamassa que é feita no próprio canteiro. As argamassas são feitas a partir da mistura de aglomerantes e agregados com adição de água podendo ser adicionados cal, saibro, barro, caulim e outros para obter algumas propriedades. O uso da cal na argamassa tem uma grande importância. Ela aumenta a capacidade de retenção da água, como citado acima, e favorece a hidratação do cimento. Além da sua plasticidade devido a sua finura, a cal confere à argamassa coesão e extensão de aderência, sendo o componente fundamental para assegurar a durabilidade da aderência. Evita fissuras e retém água que hidrata o cimento. Está presente no reboco final em paredes antigas de pedra e tijolo, em trabalhos de renovação e restauro, em que os materiais originais foram baseados em cal hidráulica. Pode também ser utilizada para rebocar e paredes originalmente feitas com outros materiais, como saibro ou taipa, sendo ainda compatível com a generalidade dos materiais que usualmente são compatíveis com cal. É especialmente adequada para ser utilizada como argamassa de acabamento. Existem casos de deterioração de prédios antigos onde as argamassas desempenham papel de reforço fundamental, já que elas protegem contra ações climáticas, choque, química da poluição dos sais solúveis contidos nos materiais, na água e no solo. Utilizando a argamassa de cal no revestimento externo, deixa-a sujeita a degradação, já que estão em contato com agentes provocadores de anomalias. Desta forma, as exigências que as argamassas utilizadas na reabilitação de alvenarias de edifícios antigos devem cumprir e os cuidados com que são aplicadas servem para repor ou até melhorar a sua segurança estrutural, assim como assegurar e respeitar a estética, identidade cultural e o valor histórico dos edifícios. 7.1 Como aplicar corretamente a argamassa de cal Segundo o guia das argamassas nas construções, construindo para sempre com cal hidratada, a maneira mais adequada de aplicação das argamassas é: Esperar a argamassa de assentamento curar, no mínimo, por 15 dias, para executar o revestimento; ● Umedecer os tijolos e blocos; ● Aplicar o chapisco em paredes e tetos; ● As camadas de revestimentos não devem exceder a 2 cm de espessura, medida suficiente para uma alvenaria nivelada, aprumada e alinhada. 7 Para o melhor desempenho das argamassas, deve-se obedecer o tempo mínimo de 28 dias, para se fazer a pintura ou qualquer outro tipo de acabamento, como laminados, cerâmicos, papel de parede e outros. 7.2 Cal hidratada no assentamento de alvenaria Argamassas de assentamento de alvenaria servem para unir os tijolos e blocos de concreto ou cerâmico das construções. Além de juntar os elementos serve também para dar maior resistência mecânica além de proteger contra a propagação do calor, frio ou do som. Serve também para vedar quanto à penetração de água e de vento. Tem seu traço similar ao da argamassa de revestimento. A água deve igualmente ser dosada para que fique uma massa com bastante plasticidade, mas sem escorrer. É possível assentar alvenaria apenas com argamassa de cal, como se usava antigamente. O problema é que a cal demora muito tempo para endurecer, chega a levar dias até adquirir consistência suficiente para que a parede fique rígida. Por isto, atualmente se adiciona um pouco de cimento (argamassa mista de cal e cimento), entre 1 a 2 vezes a quantidade de cal, pois o cimento produz a pega (endurecimento inicial) em poucas horas, a partir do que a parede pode continuar a ser levantada e pode-se apoiar nela sem risco de ruína. 8. Aditivo químico (VEDALIT) x cal hidratada: A elevada temperatura do hidróxido de cálcio, componente comum entre o cimento portland e a cal, faz necessáriaa dissipação do calor de hidratação nos revestimentos utilizando a argamassa. No caso das argamassas, a cal é fundamental, pois propicia plasticidade e trabalhabilidade da pasta, porém pode produzir efeitos indesejáveis quando o hidróxido de cal reage com a água, causado fissuras e trincas. Entretanto, existem duas maneiras de tentar solucionar esse problema: 1- utilizar um produto químico chamado VEDALIT que foi desenvolvido pela indústria e têm as mesmas características que a cal, porém sem a necessidade de grandes quantidades de cal; e a 2- é utilizar a cal hidratada, misturada com areia e água, porém respeitando seu tempo de curtimento da cal para a eliminação de quaisquer resíduos que possam ter restado da calcinação industrial. A vantagem de utilizar a vedalit é rapidez, sarrafeamento imediato, não precisa curtir, eficiência e a economia do material vedalit (faz-se 100ml/50kg de cimento). A desvantagem é preço, não pode ser utilizada em traços “mais pobres” e usa mais cimento para compensar a ausência da cal. A vantagem a utilização da cal é o preço, é extremamente fina e leve, por isso permite o preparo de maior quantidade de argamassa com a redução do custo do metro cúbico, a facilidade de encontrar no mercado, eficiência como aglomerante, pode ser fabricado in loco, pode ser adicionado à argila, usa uma quantidade de cimento inferior a quantidade necessária para a vedalit. A desvantagem é o tempo de “curtição” (quando se usa a cal extinta), sujeira e são necessários 20 sacos de cal pra 1L de vedalit. 9. Cura da argamassa de cal e argamassa industrializada: Existem variados tipos de cura para argamassas em geral. Apesar da cal ter suas propriedades, pode ser que em algum momento faça-se a opção de utilizar um tipo de cura especifico para aquela finalidade escolhida para o desempenho do cal nas argamassas. Os vários tipos de cura que podem ser aplicados a argamassas de cal são: 8 - Cura úmida: consiste no conjunto de medidas adotadas para manter a superfície da argamassa úmida, por meio da aplicação de água e/ou colocação da argamassa em ambientes com umidade relativa extremamente elevada, ou ainda totalmente submersos em água, tendo como finalidade evitar a evaporação da água, mantendo a argamassa saturada até que os espaços preenchidos pela água sejam ocupados pelos produtos de hidratação do cimento. - Cura ao ar livre: Exposição da argamassa ao ambiente e sem os devidos cuidados para evitar a evaporação da água necessária para a hidratação do cimento. - Cura em ambiente coberto: Procedimento onde as argamassas ficam expostas às condições de iluminação e ventilação controladas; por permanecerem em ambiente coberto, ficam isoladas de exposições a intempéries. - Cura em ambiente coberto com aspersão: Argamassa que também fica com exposição à iluminação e ventilação controlada e livre de intempéries recebeu aspersão de água às 12 e às 19 horas; a aspersão é determinada de acordo com o aspecto visual de secagem das amostras nos primeiros dias, para que a umidade seja mantida permitindo a hidratação do cimento. Em casos de temperaturas elevadas e baixa umidade do ar, é necessária a verificação da frequência de aspersão. Ensaios realizados por Ana Júlia Ungericht e Angela Zamboni Piovesan. Comparação entre argamassa de cal e argamassa industrializada nos seguintes aspectos: Fonte: http://editora.unoesc.edu.br/index.php/acsa/article/viewFile/862/pdf_153 Resistência à compressão Resistência à tração Absorção de água 9 Como observado, a argamassa de cal se saiu melhor dentre as estudas nos ensaios (argamassa de cal, argamassa com aditivos e argamassa industrializada) e ela se saiu superior no aspecto resistência a compressão (utilizando a cura em ambiente coberto), resistência a tração e absorção de água (utilizando cura úmida). De um modo geral utilizando essas curas e esses aspectos estudados nos ensaios, avaliando a cal ela obteve desempenho bom em todos os aspectos. Os ensaios feitos nos levam a conclusão de que para a argamassa com cal, a cura mais indicada também seria a cura com aspersão. Esse fator foi definido pela absorção de água em que a cura coberta não obteve resultados favoráveis à estrutura com uma elevada absorção. As curas cobertas com e sem aspersão obtiveram os melhores resultados, pois impediram a ação direta do vento e calor e não apresentaram saturação da argamassa. O uso da argamassa de cal se equipara a utilização da argamassa industrializada com desempenho melhor em resistência a compressão e em absorção de água e menor em resistência a tração. Vale salientar que a argamassa de cal tem desempenho excelente em retenção de água com 96% em comparação com as outras argamassas com aditivos e industrializadas que tem 93% e 86%, respectivamente. “A cura coberta com aspersão é a cura ideal para a aplicação em obras, pois além de apresentar um bom desempenho durante este estudo, é de fácil execução como a cobertura com tela é exigida para edifícios de grande porte e em pequenas obras auxilia na segurança, e as aspersões podem ser realizadas com uma mangueira ou aspersores”. (UNGERICHT e PIOVESAN, 2011) 10. Patologias da argamassa de cal 10.1 Eflorescência: Depósitos brancos que ficam se formam sobre a superfície de qualquer tipo de revestimento, causados pela infiltração de água. Quando a água evapora, deixa na superfície das paredes um pó, cuja composição é predominantemente de nitrato de potássio, conhecido como salitre. Pode ser causado quando os sais solúveis nos componentes das alvenarias, argamassas de emboço, fixação, rejunte ou placas cerâmicas pelo transporte da água utilizada na construção, na limpeza ou vinda de infiltrações através da porosidade do revestimento. Pode ser evitado utilizando cimentos que contenham baixo valor de hidróxido de cálcio para evitar a reação com a água, utilizar nas argamassas cimentos CP IV (pozolânico) ou com resistência a sulfatos; aditivos com redutores de água; respeitar o tempo de cura dos revestimentos e usar argamassa mais densa e de menor porosidade capilar. Depois do ocorrido deve fazer a eliminação da infiltração da umidade, secagem do revestimento, escoamento da superfície e por ultimo reparar os danos no revestimento pulverulento. 10.2 Bolor: Ocorre quando existem manchas de umidade Pó branco acumulado sobre a superfície. Pode ser observado também manchas esverdeadas ou escuras e revestimento em desagregação. Causado por umidade constante, por sais solúveis presentes no elemento da alvenaria, sais 10 solúveis presentes na água de amassamento ou infiltrada na cal não carbonada; quando a área não é exposta ao sol e quando há umidade constante. Reparos que devem ser feitos é eliminar a infiltração da umidade, secar o revestimento, escovamento da superfície e reparar o revestimento quando pulverulento. Quando são manchas esverdeadas ou escuras os reparos são diferentes. Deve eliminar a infiltração da umidade depois fazer a lavagem com solução de hipoclorito, reparar o revestimento quando pulverulento. 10.3 Vesículas: Empolamento da pintura, apresentando-se as partes internas das empolas em diversas cores, como branca, preto e vermelho acastanhado. As causas podem ser pela hidratação retardada de óxido de cálcio da cal, pela presença de pirita ou de matéria orgânica na areia; pela presença de concreções ferruginosas na areia ou aplicação prematura de tinta impermeável. O reparo é feito renovando a camada de reboco e eliminando a infiltração da umidade. 10.4 Descolamento com empolamento: Quando surge na superfície do reboco formando bolhas cujos diâmetros aumentam progressivamente e reboco apresenta som cavo sob percussão. Acontece quando há Infiltração de umidade Hidrataçãoretardada do óxido de magnésio da cal e os reparos são renovar a camada do reboco e da renovar da pintura. 10.5 Fissuras mapeadas As fissuras têm forma variada e distribuem-se por toda a superfície. Ocorre quando há retração da argamassa de base. Reparo é feito com a renovação do revestimento e pintura. 10.6 Fissuras Horizontais Apresenta-se em duas formas: ao longo de toda a parede e no deslocamento do revestimento em placas, com som cavo sob percussão. O primeiro é causado pela expansão da argamassa de assentamento por hidratação retardada, do óxido de magnésio da cal; e o segundo é expansão da argamassa de assentamento por reação cimento-sulfatos ou devido à presença de argilo-minerais expansivos no agregado. Reparos para toda a parede é a renovação do revestimento após hidratação completa da cal da argamassa de assentamento; e pro descolamento é adotar é função da intensidade da reação expansiva. 10.7 Deslocamento com Pulverulência Quando a película de tinta desloca arrastando o reboco que se desagrega com facilidade e o reboco apresenta som cavo sob percussão. Ocorre porque houve excesso de finos no agregado; traço excessivo em cal; ausência de carbonatação da cal; quando o reboco é/foi aplicado em camada muito espessa. Renova-se a camada de reboco para fazer o reparo. 10.8 Deslocamento em Placa Quando, sob percussão o revestimento apresenta som cavo e a placa apresenta-se endurecida, quebrando com dificuldade ou a placa apresenta-se endurecida, mas quebradiça, desagregando-se com facilidade. Pro primeiro motivo, a superfície de contato com a camada inferior apresenta placas frequentes de mica, argamassa aplicada em camada muito espessa; com a superfície da base muito lisa; a superfície da base está impregnada com substância hidrófuga; ou ausência da camada de chapisco. Quando quebradiça é porque a argamassa é magra e ausência da camada de chapisco. Reparos quando o revestimento endurecido picota a base com eliminação da base hidrófuga, aplicação de chapisco ou outro artifício para melhorar a aderência. No caso da quebradiça é feito a renovação do revestimento. 11 11. O uso da cal em restauro As argamassas utilizadas na conservação do restauro de alvenarias históricas devem ser analisadas e testadas previamente No caso da argamassa a base de cal, os estudos são feitos em laboratório e define os parâmetros afim de adequar as intervenções que serão realizadas. As principais propriedades que as argamassas para restauro devem obedecer são: • Propriedades mecânicas de resistência à compressão e tensão; • Permeabilidade e microestrutura similar; • Aparência visual similar a original mantendo a integridade do edifício; • Durabilidade com custos de manutenção adequados e sem perda das características do material de proteção; • Boa aderência aos materiais, traço e teor de umidade corretos para garantir o comportamento pretendido sem ocorrências de fissuras; • Módulos de elasticidade e deformabilidade similares para evitar fissuras. Aplicações são: em argamassas para reboco de acabamento e estuques decorativos; reintegração de partes de alvenarias e juntas. 12. Compra e estocagem da cal Para a realização da compra dos componentes de produção de uma argamassa é necessária a verificação de procedimentos para que se garanta a qualidade dos componentes a serem utilizados. Primeiramente deve-se verificar a especificação correta, para isso os dados devem constar de um pedido ou ordem de compra. Essas especificações devem corresponder ao que a norma da ABNT prevê para cada produto. Para garantia de qualidade deve-se observar os seguintes aspectos: • Marca comercial do produto e o fornecedor; • Características conforme norma de especificação do produto; • Normas de especificação do produto. Como mencionado acima, cada produto deve seguir ao que a norma prevê para cada um deles. No caso da Argamassa de cal têm-se: Para Cal Hidratada (CHI, CHII, CHIII) a norma é a NBR 7175; Para Argamassas para assentamentos e revestimentos a norma NBR 13281; Para o Cimento Portland Comum (CPI, CPI-S) a norma NBR 5732; Para Agregado para concreto a norma NBR 7211, entre outros. Quando se trabalha com argamassas é importante fazer a seleção do fornecedor dos produtos simultaneamente a compra dos materiais, para isso o fornecedor deve: • Deve apresentar periodicamente certificado de conformidade do produto que contenha a avaliação frente as exigências da norma segundo a ABNT de especificação; • Na comparação de preços entre fornecedores distintos deve ter a mesma base, caso as quantidades entre sacos sejam diferentes; 12 • A análise deve ser feita levando em consideração o desempenho técnico de cada material, isso permite escolher qual argamassa se adapta melhor a cada situação com determinada finalidade; Para o de recebimento e aceitação do material em obra deve-se levar em consideração o tamanho da entrega; verificação do material, pesagem e valores anotados; quantidade que foi entregue. Isso não exclui a inspeção visual que levam em conta: O vencimento do prazo de validade; A existência de sacos rasgados, furados, molhados, com aspecto diferente do normal, manchas, etc; certificar-se que o produto não está empedrado; Para estocagem do material como a cal o local deve ser fechado, apropriado para evitar ação da umidade, extravio ou roubo e o piso ser revestido com estrado de madeira; Organizados para que os sacos mais velhos sejam utilizados antes dos mais novos; As pilhas de cal devem ser no máximo de 20 sacos respeitando o limite de sobrecargas da laje; o prazo de estocagem não deve ultrapassar 6 (seis) meses da data de fabricação; As pilhas devem ficar pelo menos 20 cm afastadas das paredes do depósito; Armazenar o mais próximo possível do local de uso per mitindo fácil acesso e identificação. 13. Conclusão A presença da cal como aglomerante utilizando na argamassa tem seus primeiros registros há mais de 3000 a.C., assim como a verificação da utilização da argila como argamassa. Entretanto o seu uso vem sendo menos frequente por causa dos aditivos químicos que conferem as propriedades de trabalhabilidade e plasticidade às argamassas e pastas, contudo ela é usada em argamassas mistas com o cimento, blocos de concreto e blocos de solo-cal. Acredito ser necessário saber, também, que o Brasil está incluso em uma gama de países que tem déficit de habitação e a tentativa de resgate e inovação na tecnologia de uso da cal como aglomerante em habitações populares tem um significativo valor: Difundir o uso da cal como aglomerante em vários tipos de habitações e baratear o custo dessas obras. Em algumas regiões da Bahia, observa-se a fabricação artesanal da cal para ser utilizado pelos moradores dessas regiões e regiões vizinhas, são fabricados em fornos rudimentares de planta circular sem cobertura, submetendo o material à queima disposto em camadas alternadas com lenha. Algumas instituições têm tentado colaborar com os habitantes locais instruindo-os como produzir, artesanalmente, um produto de boa qualidade. A cal tem muitas características e vantagens de uso que, mesmo precisando do tempo de “curtição” (se for cal extinta), ainda vale mais a pena o seu uso devido às vantagens já apresentadas acima. É necessário que o uso da cal como aglomerante seja cada vez mais difundido e seu uso não se perca ao longo do tempo, pois, ela ainda é a melhor escolha para as argamassas na construção civil, em todas as suas áreas. 13 14. Referências SILVA, Narciso Gonçalves. ARGAMASSA DE REVESTIMENTO DE CIMENTO, CAL E AREIA BRITADA DE ROCHA CALCÁRIA; CURITIBA 2006. Disponível em: http://www.globalconstroi.com/images/stories/Manuais_tecnicos/2010/argamassas_revestimento/DISSERTACAO_MESTRADO1.pdf ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7175: Cal hidratada para argamassas – requisitos. Rio de Janeiro, 2003. Disponível para download em: <https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=8&cad=rja&uact=8&ved=0CE 4QFjAH&url=https%3A%2F%2Fecivilufes.files.wordpress.com%2F2011%2F04%2Fnbr-7175-cal- hidratada-para-> GUIMARÃES, J. E. P. A cal – fundamentos e aplicações na engenharia civil. 2. ed. São Paulo: Pini, 2002. DE LIMA, Alexandre Nascimento. ANÁLISE EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DA RESISTÊNCIA E ESPESSURA DA ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO NO DESEMPENHO MECÂNICO DE PRISMAS DE BLOCOS CERÂMICOS. Maceió 2010. Disponível em: <http://www.ctec.ufal.br/posgraduacao/ppgec/dissertacoes_arquivos/Dissertacoes/Alexandre%20N ascimento%20de%20Lima.pdf> BARRETO, Maria Carolina Coelho Loff. Durabilidade de argamassas de cal aérea e bastardas face à acção de sais solúveis. Lisboa 2010. Disponível para download em: <http://run.unl.pt/handle/10362/4097> SANTIAGO, Cybèle Celestino. Argamassas tradicionais de cal. Salvador: EDUFBA, 2007. 202 p. ISBN 978-85-232-0471-6. Available from SciELO Books. Disponível em: <http://books.scielo.org> Cal hidratada em argamassas. Disponível em: <http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=31&Cod=101> UNGERICHT, Ana Júlia. PIOVESAN, Angela Zamboni. Influência da cura da argamassa em relação às propriedades mecânicas e absorção de água. 2011 Editora: Unoesc & Ciência – ACSA, Joaçaba, v. 2, n. 1, p. 75-86, jan./jun. Disponível em: <http://editora.unoesc.edu.br/index.php/acsa/article/viewFile/862/pdf_153> Diprotec: Dica de uso de aditivos. Disponível em: <http://www.diprotec.com.br/dicas---uso-de-aditivos---produto-que-substitui-a-cal> Cal virgem ou cal hidratada? Engenheiros Fábio Pini e Alexandre Garay, da Associação Paranaense dos Produtores de Cal, 2009. Disponível em: <http://www.cimentoitambe.com.br/cal-virgem-ou-hidratada/> Manual de revestimento de argamassa. Disponível em: <http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/upload/ativos/279/anexo/ativosmanu.pdf> GUIMARÃES, José Epitácio Passos. GOMES, Rubens Donizeti. SEABRA, Mauro Adamo. Guia das argamassas na construção. Editora: Associação brasileira de produtores de cal. 2004, 8° edição. Disponível em: <https://ecivilufes.files.wordpress.com/2013/06/guia-das-argamassas-nas- construc3a7c3b5es-abpc-2007.pdf> Patologias mais comuns em revestimentos. Disponível em: <http://demilito.com.br/10- Patologia%20dos%20revest-rev.pdf> <http://www.citimat.com.br/dica2.html> Manual de Revestimentos de Argamassa. Disponível em: <http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/upload/ativos/279/anexo/ativosmanu.pdf>
Compartilhar