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RECURSO ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO NCPC

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RECURSO ESPECIAL; EXTRAORDINÁRIO E
REPETITIVO
arts.1029 ao 1041 do CPC/2015
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Os recursos ordinários têm por finalidade permitir ao tribunal que reexamine a decisão, porque o recorrente não está conformado com a que foi proferida(ou, no caso dos embargos de declaração, para que seja sanado algum vício) esse tipo de recurso serve para discutir a correção ou a justiça da decisão.
Os recursos extraordinários lato sensu têm outra finalidade: impedir que as decisões judiciais contrariem a Constituição Federal ou as leis federais, mantendo a uniformidade de interpretação, em todo país, de uma e outras.
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Esses últimos não constituem uma espécie de “terceira instância” que visa assegurar a justiça das decisões.
Os recursos extraordinários lato sensu são:o extraordinário, o especial e os embargos de divergência, sempre julgados pelo STF ou pelo STJ.
Os requisitos de admissibilidade que se aplicam aos recursos comuns são tambem exigidos nos extraordinários, mas nestes há outros requisitos muito mais rigorosos.
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Requisitos comuns aos recursos extraordinários e aos ordinários
Tempestividade – O recurso especial e o extraordinário devem ser apresentados no prazo de 15 dias.
Presentes os requisitos para interposição de ambos, deverão ser apresentados simultaneamente.
Ambos podem ser interpostos sob a forma comum ou adesiva.
Preparo – Tanto o recurso extraordinário quanto o especial exigem preparo e porte de remessa e retorno.
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REQUISITOS COMUNS AO RE E RESP, NÃO EXIGIDOS NOS RECURSOS COMUNS
1 - Que tenham se esgotado os recursos nas vias ordinárias – Enquanto houver possibilidade de interposição de algum recurso ordinário, não serão admissíveis o RE e o Resp.
Súmula 281 do STF – É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber, na justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada.
Súmula 207 do STJ – É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem.
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2 -Que os recursos sejam interpostos contra decisão de única ou última instância.
Há uma diferença de grande relevância entre o RE e o Resp nesse aspecto, pois enquanto o art. 102, III da CF contenta-se, para o cabimento do RE, com que haja causa decidida em única ou última instância, o art. 105, III, exige, para interposição do segundo, que haja causa decidida em única ou última instância por tribunal estadual ou federal.
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Disso advêm importantes consequências práticas:
No Juizado Especial a última instância ordinária não é um tribunal, mas o Colégio Recursal. Por essa razão, contra os acórdãos por ele proferidos será admissível apenas o recurso extraordinário e não o especial.
Nas execuções fiscais, o recurso contra a sentença que julga os embargos de pequeno valor não é apelação, mas embargos infringentes (que não se confundem com os que anteriormente existiam no CPC/73), que são julgados em 1ª Instância. Contra a decisão neles proferida caberá RE, mas nunca o Resp.
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3 - Que não visem rediscutir matéria de fato – Os recursos extraordinários são de fundamentação vinculada: só cabem nas hipótess das alíneas dos arts. 102, III, e 105, III, da CF.
Eles não se prestam a corrigir injustiça da decisão, decorrente da má apreciação dos fatos e das provas.
Súmula 279 do STF – Para simples reexame da prova não cabe recurso extraordinário.
Súmula 454 do STF – A simples interpretação de cláusula contratual não enseja recurso extraordinário.
No mesmo sentido as súmula 5 e 7 do STJ
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A proibição de que sejam reexaminadas as provas não se confunde com a discussão sobre a admissibilidade geral de um tipo de prova , para determinado tipo de fato.
Nos recursos extraordinários, os tribunais não apreciam a prova, mas podem dirimir questões de aplicação, ou interpretação da CF ou das leis federais, a respeito das provas em geral, sua admissibilidade, sua disciplina e sua valoração.
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4 – Prequestionamento – Tanto o art. 102, III, quanto o art. 105, III da CF restringem o cabimento do RE e do Resp às causas decididas.
Disso advêm duas consequências importantes:
Tais recursos só são cabíveis contra decisões judiciais (causas) nunca contra as administrativas.
É preciso que a questão – constitucional ou federal – a ser discutida no recurso tenha sido ventilada nas instâncias ordinárias, isto é, suscitada e decidida anteriormente. A essa exigência dá-se o nome de prequestionamento. 
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Não basta que a questão seja ventilada apenas no voto vencido, como deixa claro a súmula 320 do STJ – “A questão federal somente ventilada no voto vencido não atende ao requisito do prequestionamento.”
Se as instâncias inferiores não examinaram a questão, apesar de suscitada, caberá ao interessado opor embargos de declaração.
É a Súmula 98 do STJ que enuncia a possibilidade de utilização dos embargos de declaração para prequestionar a questão legal, permitindo o oportuno manejo do Recurso Especial – “Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório.”
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Para o STF basta a oposição dos embargos para que a questão constitucional se considere prequestionada, ainda que ela não seja efetivamente apreciada nos embargos.
Súmula 356 – O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento.
Daí dizer-se que o STF se contenta com o prequestionamento ficto.
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Diversamente, o STJ exige prequestionamento efetivo, real, como se vê da Súmula 211 – “Inadmissível o recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo.”
A redação não deixa dúvidas: não basta a interposição dos embargos de declaração. É preciso que, ao apreciá-los, as instâncias ordinárias efetivamente examinem a questão federal, que será objeto do recurso especial.
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Não tendo havido apreciação, apesar dos embargos de declaração, a solução será opor recurso especial com fundamento na contrariedade ao art. 535, do CPC, que trata do recurso de embargos de declaração. 
Prequestionamento implícito ou explícito?
Trata-se de saber se há necessidade de indicação expressa do dispositivo, ou se basta que a questão seja apreciada.
O STJ decidiu pela suficiência do prequestionamento implícito, não sendo necessária a indicação do dispositivo legal tido como violado. 
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O STF, em princípio, exigia o prequestio-namento explícito da matéria constitucional. Mais recentemente, no entanto, não tem exigido que o acórdão recorrido indique expressamente o dispositivo constitucional que teria sido violado, bastando que tenha sido examinada a tese jurídica suscitada, ofensiva ao texto constitucional. 
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5 – REPERCUSSÃO GERAL – Conforme o art. 1035 do NCPC, “O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitu-cional nele versada não tiver repercussão geral”.
A repercussão geral foi incluída no ordenamento jurídico brasileiro em 2004, pela EC 45/2004, que incluiu o parágrafo 3º no art. 102 da CF. Consiste num filtro para os recursos extraordinários. Apenas os extraordinários. 
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Porque é um filtro, consubstancia-se em mais um requisito de admissibilidade: a questão constitucional, para que possa ensejar recurso extraordinário, deve revestir-se de repercussão geral. 
Descendente direto da arguição de relevância, o instituto da repercussão geral significa que, o que interessa para que o recurso extraordinário seja conhecido, é a relevância, a importância da questão constitucional nele ventilada, do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, relevância esta que deve ultrapassar, e muito, o âmbito do interesse individual das partes. 
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Veja-se que não se trata de avaliar o número de pessoas atingidas pela decisão de uma forma direta e
imediata. Há repercussão geral até em recurso interposto em ação que corre entre Maria e João, se o que se discute na causa é, por exemplo, o conceito de direito adquirido ou de coisa julgada.
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Procedimento – art. 1029 do CPC/2015
O RE e o Resp serão interpostos no prazo de quinze dias, perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal a quo, a quem caberá fazer o prévio juízo de admissibilidade.
A petição de interposição deve conter:
A exposição do fato e do direito
A demonstração do cabimento do recurso
As razões do pedido de reforma da decisão recorrida
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O recorrido é intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias, findo o qual os autos serão remetidos ao respectivo Tribunal superior (art. 1.030 CPC/2015).
Reconhecida a repercussão geral, o relator no STF determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional.(art. 1035, parágrafo 5º)
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Os arts. 1036 até 1041 tratam de um regime diferenciado de julgamento de recurso especial e extraordinário para hipóteses em que a mesma questão jurídica – infraconstitucional ou constitucional – se repita em uma quantidade significativa de recursos.
Esse regime foi concebido para imprimir mais racionalidade ao julgamento de recursos que envolvam questões de massa, consubstanciadas em direito individuais homogêneos (um bom exemplo foram os recursos em que se discutiu a legalidade da cobrança de assinatura básica pelas empresas de telefonia e questões processuais que sejam comuns a uma multiplicidade de processos.
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Novidades introduzidas pelo novo Código:
§ 2o Quando o recurso estiver fundado em dissídio jurisprudencial, é vedado ao tribunal inadmiti-lo com base em fundamento genérico de que as circunstâncias fáticas são diferentes, sem demonstrar a existência da distinção.
§ 3o O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute grave.
§ 4o  Quando, por ocasião do processamento do incidente de resolução de demandas repetitivas, o presidente do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça receber requerimento de suspensão de processos em que se discuta questão federal constitucional ou infraconstitucional, poderá, considerando razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, estender a suspensão a todo o território nacional, até ulterior decisão do recurso extraordinário ou do recurso especial a ser interposto.
§ 5o O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:
I - ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a interposição do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;
II - ao relator, se já distribuído o recurso;
III - ao presidente ou vice-presidente do tribunal local, no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.
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Da decisão que não admite os recursos, cabe agravo, nos autos, para o STF ou STJ, regulado no art. 1042 do CPC.
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RECURSO ESPECIAL 
Hipóteses de cabimento:
Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência. A expressão negar vigência está abrangida por contrariar, mais ampla. 
 Negar vigência traz a idéia de afrontar a lei federal, ou deixar de aplicá-la nos caos em que isso deveria ocorrer. Já a contrariedade abrange tudo isso e mais: não dar à lei federal a interpretação mais adequada.
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O recurso especial pode ser interposto com fundamento na alínea “a” do art. 105, III da CF, tanto quando a decisão recorrida afronta ou deixa de aplicar dispositivo de lei federal ou tratado como quando dá a eles interpretação que, conquanto razoável, não é a melhor.
Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal.
 Essa hipótese nada acrescenta, já que se a decisão der pela validade de ato de governo local contestado em face de lei federal, estará contrariando esta última.
 Ato de governo é diferente de lei local, hipótese em que o recurso cabível é o extraordinário.
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Der à lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal
 Uma das funções do recurso especial é uniformizar a interpretação da lei federal no país. Se um mesmo dispositivo de lei federal for interpretado diversamente por outro tribunal, caberá recurso especial pela divergência (art. 544, parágrafo único).
 Nesse caso é necessário demonstrar a identidade de situações e a decisão diferente.
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A decisão diferente não pode ser de primeira instância, mas de outro tribunal, não bastando, tampouco, que seja de outra turma do mesmo tribunal. Nesse sentido, a súmula 13 do STJ – “A divergência de julgados do mesmo tribunal não enseja recurso especial”. Mas não é preciso que os tribunais sejam de estados diferentes. (ex.: TRF e TJ)
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RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Hipóteses de cabimento:
Quando a decisão recorrida contrariar dispositivo da Constituição – Contrariar dispositivo constitucional abrange não só negar-lhe vigência, isto é, afrontá-lo ou deixar de aplicá-lo, mas tambem não lhe dar a melhor interpretação, ainda que a dada seja razoável.
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Quando a decisão recorrida declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal – É por meio do recurso extraordinário que o STF exerce o controle de constitucionalidade difuso. Em qualquer processo é possível aos litigantes postular a não aplicação de lei federal ou de tratado, por inconstitucionalidade.
 As instâncias ordinárias podem reconhecer a inconstitucionalidade, no processo em que ela foi suscitada, abrindo ensejo ao recurso extraordinário.
 A declaração de inconstitucionalidade de lei local não enseja recurso extraordinário – Súmula 280 – Por ofensa ao direito local não cabe o recurso extraordinário.
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Julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição Federal – Se o acórdão declara a inconstitucionalidade de lei local, não cabe recurso extraordinário. Mas se ele dá pela validade de lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição Federal, o recurso será admitido, porque estará havendo contrariedade à CF.
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Julgar válida lei local contestada em face de lei federal – hipótese introduzida pela emenda constitucional n. 45/2004 (antes o que cabia era Resp), se justifica na medida em que é a Constituição Federal que define qual o âmbito das leis locais e federais.

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