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2012 DIREITO ADMINISTRATIVO 2015 Sua aprovação estudando apenas o núcleo da questão. Intervenção na propriedade privada www.direitonoalvo.com.br A utilização deste material é restrita ao usuário nele identificado, sendo proibida sua reprodução ou divulgação, total ou parcial, sob pena de responsabilidade civil e criminal, nos termos da Lei 9.610/98. Não faça rateio, isso viola a lei e ajuda seu concorrente. Concurso não é OAB, então não basta acertar a metade das questões, pra passar você tem que estar entre os melhores. Adquirir o material de forma individual é uma forma de você pular na frente na preparação com relação a seus concorrentes. Acesse www.direitonoalvo.com.br, monte seu material personalizado e bons estudos. DNA - 2015 DIREITO ADMINISTRATIVO NO ALVO Intervenção na propriedade privada 2 A utilização deste material é restrita ao usuário nele identificado, sendo proibida sua reprodução ou divulgação, total ou parcial, sob pena de responsabilidade civil e criminal, nos termos da Lei 9.610/98 www.direitonoalvo.com.br INTERVENÇÃO NA PROPRIEDADE PRIVADA Esse tema é muito explorado em provas de direito administrativo. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE A função social condiciona o exercício do direito de propriedade e tem previsão expressa na Constituição (art. 5º, XXIII). A propriedade tem que atender a sua função social. Ex: um terreno particular cheio de mato, que não está cercado e servindo de depósito de lixo não está atendendo sua função social. Se não atender ao plano diretor, a administração pública poderá intervir na propriedade para que o proprietário faça as adequações necessárias. Tratando-se de propriedade urbana, a função social só será atendida se a propriedade estiver de acordo com o plano diretor da cidade (art. 182, § 2º, CF). Se as adequações não forem feitas o poder público pode impor o parcelamento ou a edificação compulsória do solo e, em último caso, promover a desapropriação do imóvel (art. 182, § 4º, CF). Já a propriedade rural atende à sua função social quando cumpre alguns requisitos estipulados pela Constituição Federal (art. 186): Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, SIMULTANEAMENTE, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I – aproveitamento racional e adequado; II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos seus trabalhadores. São formas de intervenção estatal na propriedade: 1. Limitação administrativa. 2. Servidão administrativa. 3. Tombamento. 4. Requisição. 5. Ocupação temporária. 6. Parcelamento, edificação ou utilização compulsórios. 7. Desapropriação. Como pode cair: (DNA) Se um imóvel urbano não estiver atendendo às diretrizes do plano diretor da cidade estará descumprindo a função social da propriedade, podendo ser imediatamente desapropriado pelo poder público. ERRADO. A desapropriação do imóvel urbano é a última medida. DNA - 2015 DIREITO ADMINISTRATIVO NO ALVO Intervenção na propriedade privada 3 A utilização deste material é restrita ao usuário nele identificado, sendo proibida sua reprodução ou divulgação, total ou parcial, sob pena de responsabilidade civil e criminal, nos termos da Lei 9.610/98 www.direitonoalvo.com.br LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA É um ato normativo de CARÁTER GERAL E ABSTRATO (dirigidas a propriedades indeterminadas), pela qual o poder público impõe obrigações POSITIVAS (de fazer), NEGATIVAS (não fazer) ou PERMISSIVAS (tolerar) que tem a finalidade de fazer com que a propriedade atenda a sua função social. As limitações administrativas, em regra, são: a) Atos legislativos ou administrativos de caráter geral (leis, decretos, resoluções etc). b) Definitivas (tendem a ser definitivas, podendo, no entanto, ser revogadas ou alteradas). c) Unilaterais (impõem obrigações apenas ao proprietário). d) Gratuitas (porque o Estado não precisa pagar indenização aos proprietários). e) Intervenções que restringem o caráter absoluto da propriedade. Como é parte do exercício do poder polícia, são imposições unilaterais e imperativas. NÃO GERA INDENIZAÇÃO (a limitação administrativa é gratuita), pois trata-se de exercício do poder de polícia. Só gera direito à indenização se ocasionar a desvalorização do bem. Exemplos de limitação administrativa: limpeza de terrenos, proibição de desmatamento, proibição de construir acima de determinada altura. SERVIDÃO ADMINISTRATIVA É um direito real público sobre propriedade alheia, restringindo seu uso em favor da EXECUÇÃO DE OBRAS E SERVIÇOS de interesse público. Diferentemente da desapropriação, a servidão não altera a propriedade do bem, mas somente cria restrições na sua utilização, transferindo a outrem as faculdades de uso e gozo. Em situações especiais a servidão pode incidir também sobre bem público. A União pode instituir servidão sobre bens estaduais ou municipais. A servidão administrativa só pode existir mediante acordo, decisão judicial ou por lei específica. Não é ato administrativo autoexecutável. Na servidão não há perda da propriedade para ser indenizada. A regra é que o Estado não precisa indenizar na servidão, salvo se houver algum dano ou prejuízo no imóvel. O ônus da prova do prejuízo cabe ao proprietário. A servidão administrativa é PERPÉTUA. Aplicam-se para a servidão as regras para a desapropriação por utilidade pública. Os exemplos mais comuns de servidão são: 1) placa com nome da rua na fachada do imóvel; 2) passagem de fios e cabos pelo imóvel; 3) instalação de torres de transmissão de energia em terreno privado; 4) tombamento. DNA - 2015 DIREITO ADMINISTRATIVO NO ALVO Intervenção na propriedade privada 4 A utilização deste material é restrita ao usuário nele identificado, sendo proibida sua reprodução ou divulgação, total ou parcial, sob pena de responsabilidade civil e criminal, nos termos da Lei 9.610/98 www.direitonoalvo.com.br Como pode cair: (DNA) Uma servidão administrativa somente poderá ser extinta por meio de lei específica. ERRADO. A servidão é perpétua. Só é extinta se o imóvel ficar destruído ou o Estado perder o interesse na servidão. TOMBAMENTO Predomina doutrinariamente e nos concursos públicos o entendimento de que o tombamento é um TIPO ESPECÍFICO DE SERVIDÃO instituída com a finalidade de preservação histórica, cultural, arqueológica, artística, turística ou paisagística de determinada propriedade. o O tombamento pode ser voluntário, realizado por iniciativa do proprietário do imóvel, ou compulsório, imposto administrativamente se o dono, após notificação, se opuser à inscrição da coisa no Livro do Tombo. o O tombamento pode recair sobre bens MÓVEIS ou IMÓVEIS, PÚBLICOS ou PRIVADOS, MATERIAIS ou IMATERIAIS, cuja conservação seja de interesse da coletividade (art. 1º do Decreto-Lei n. 25/37). o É obrigatória a efetivação do registro do tombamento no cartório competente. o O tombamento não transforma a coisa tombada em bem público, ou seja, o bem tombado continua no domínio do seu proprietário. o STJ, Info. 507: A responsabilidade de conservar e reparar o imóvel tombado é do proprietário, salvo quando demonstrado que ele não dispõe de recursos para proceder à reparação. o O tombamento impõe restrições tanto ao dono como também a terceiros. o Se o proprietário quiser vender o bem tombado, deverá oferecê-lo à União, ao Estado e ao Município, nessa ordem,para que exerçam, pelo mesmo preço, o direito de preferência na aquisição da coisa. o Desaparecendo o interesse público na manutenção do tombamento, é possível proceder à sua extinção, de ofício ou a requerimento da parte interessada, denominada DESTOMBAMENTO. Como pode cair: (DNA) O tombamento de um imóvel particular importará sujeições também aos vizinhos do bem tombado. CERTO. (DNA) O tombamento pode recair tanto sobre bens móveis quanto imóveis, desde que se tratem de bens particulares. ERRADO. Bens públicos também podem ser tombados. (DNA) O tombamento é uma espécie de requisição administrativa para a preservação do patrimônio histórico e cultural de determinada propriedade. ERRADO. Tombamento é espécie de SERVIDÃO e não requisição administrativa. DNA - 2015 DIREITO ADMINISTRATIVO NO ALVO Intervenção na propriedade privada 5 A utilização deste material é restrita ao usuário nele identificado, sendo proibida sua reprodução ou divulgação, total ou parcial, sob pena de responsabilidade civil e criminal, nos termos da Lei 9.610/98 www.direitonoalvo.com.br (DNA) A responsabilidade pela conservação de um bem tombado para conservação do patrimônio histórico é da administração pública. ERRADO. Quem tem que conservar o bem tombado é o dono. O bem tombado não se torna bem público. Ele continua sendo do antigo dono, só que a administração impõe a ele certos deveres de conservação e reparação, salvo se não tiver condições financeiras para fazê-lo. REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA Requisição é a utilização transitória, onerosa, compulsória, discricionária e autoexecutável de um bem privado pelo Estado em situações de IMINENTE PERIGO PÚBLICO. Exemplo: Delegado requisita veículo particular em uma perseguição. A requisição só acontece se existir uma situação de iminente perigo público. A utilização é transitória, somente enquanto durar a situação de perigo. Se houver dano durante a requisição o Estado deve indenizar. A requisição não precisa de prévia autorização judicial. O ato é autoexecutável. A requisição pode recair sobre bem móvel, imóvel e semovente. É possível também a requisição de bens públicos. A União pode requisitar bens estaduais ou municipais, assim como o Estado pode requisitar bens municipais. A requisição não tem natureza de direito real, mas sim de direito pessoal. São exemplos de requisição comuns em concursos públicos: 1) escada para combater incêndio; 2) veículo para perseguição a criminoso; 3) barco para salvamento; 4) terreno para socorrer vítimas de acidente. OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA Ocupação temporária ocorre quando o poder público usa uma propriedade particular como PONTO DE APOIO para realizar uma obra ou serviço público. Na ocupação temporária a regra é que a indenização também só é cabível se ocorrer prejuízo, exceto se a ocupação for vinculada à desapropriação, quando haverá dever de indenizar. A ocupação temporária pode ter como objeto bem móvel ou imóvel. Assim como a requisição, a ocupação temporária também não tem natureza real e não precisa de autorização judicial. A ocupação temporária não admite demolições ou alterações prejudiciais à propriedade particular utilizada; permite, apenas, seu uso momentâneo e inofensivo, compatível com a natureza e destinação do bem ocupado1. 1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1996. DNA - 2015 DIREITO ADMINISTRATIVO NO ALVO Intervenção na propriedade privada 6 A utilização deste material é restrita ao usuário nele identificado, sendo proibida sua reprodução ou divulgação, total ou parcial, sob pena de responsabilidade civil e criminal, nos termos da Lei 9.610/98 www.direitonoalvo.com.br A ocupação temporária pode ocorrer mediante ato formal, na hipótese de apoio à desapropriação, ou pela simples ocupação material dispensando formalidade, nas situações desvinculadas de desapropriação. Como pode cair: (DNA) Caso o exército brasileiro requisite um terreno particular para instalar tendas de atendimento médico pra prestar os primeiros socorros às vítimas de um desastre natural haverá ocupação temporária do bem, que é uma das formas de intervenção estatal na propriedade privada. ERRADO. Haverá requisição administrativa e não ocupação temporária, pois esta é para servir de ponto de apoio para obras e serviços públicos. DESAPROPRIAÇÃO Em regra, o Poder Executivo não depende de autorização do Legislativo para efetivar a desapropriação. o No julgamento da ADI 969 DF - o STF entendeu que não há necessidade de toda e qualquer desapropriação seja submetida à prévia autorização do poder legislativo competente. O Supremo fez ainda a ressalva para apenas dois casos precisa de autorização legislativa: 1ª) desapropriação entre entes do Poder Público, 2ª) Desapropriação por iniciativa do próprio Poder Legislativo. Na desapropriação o objetivo do poder público é a transferência do bem para seu poder. A desapropriação pode ocorrer administrativamente, se o particular concordar com o valor da indenização oferecido pela administração; ou judicialmente, quando o dono do imóvel discordar do valor da indenização. No caso da indenização decorrer de sentença judicial, o valor da indenização será contemporâneo à data da avaliação judicial (perícia), independentemente da data da imissão na posse ou da avaliação do ente expropriante (STJ, Info. 494). A competência para criar leis sobre desapropriação é privativa da União (art. 22, II, da CF). Mediante declaração de utilidade pública, em regra, TODO E QUALQUER BEM de valor econômico pode ser desapropriado, seja ele corpóreo ou incorpóreo. Exemplos de coisas que podem ser desapropriadas: bens públicos, semoventes, a posse, o usufruto, o domínio útil, águas, espaço aéreo, cadáveres etc. Como pode cair: (DNA) Bens públicos podem ser objeto de desapropriação, desde que haja autorização legislativa para o ato e seja obedecida uma hierarquia política entre os entes federados. CERTO. Exemplos de coisa que não podem ser desapropriadas: pessoas, dinheiro, bens personalíssimos, órgãos humanos, margens dos rios. Como pode cair: (DNA) Segundo o Supremo, as margens dos rios navegáveis são de domínio público, logo, não podem ser objeto de desapropriação. CERTO. Súmula 479, STF. DNA - 2015 DIREITO ADMINISTRATIVO NO ALVO Intervenção na propriedade privada 7 A utilização deste material é restrita ao usuário nele identificado, sendo proibida sua reprodução ou divulgação, total ou parcial, sob pena de responsabilidade civil e criminal, nos termos da Lei 9.610/98 www.direitonoalvo.com.br Fundamentos para que ocorra a desapropriação: utilidade pública, necessidade pública ou interesse social. A UTILIDADE PÚBLICA ocorre quando a transferência do bem é CONVENIENTE para a administração, ainda que o bem não seja imprescindível aos planos da administração. o O prazo para que o desapropriaste requeira a imissão provisória na posse na desapropriação por utilidade pública é de 120 dias. A desapropriação por NECESSIDADE PÚBLICA decorre de situações de EMERGÊNCIA, como no caso de uma calamidade pública, sendo a desapropriação imprescindível. Se a questão trouxer a expressão “utilidade pública” poderá estar se referindo tanto à necessidade de desapropriação por emergência quanto à desapropriação por conveniência da administração, pois esta expressão é a utilizada no Decreto-lei 3.365/41. Verificada a insuficiência do depósito prévio na desapropriação por utilidade pública, a diferença do valor depositado para imissão na posse deve ser feito por meio deprecatório, na forma do art. 100 da CB/19882. A desapropriação por INTERESSE SOCIAL realça a função social da propriedade. DESAPROPRIAÇÃO URBANA – CF/88, art. 182, § 4º, III: A desapropriação do imóvel urbano não edificado tem caráter sancionatório. Apesar desse caráter de sanção, também dá direito à indenização. A desapropriação urbana não pode incidir sobre bens móveis. Como pode cair: (DNA) O proprietário de solo urbano que não atender à exigência de promover o adequado aproveitamento de sua propriedade, nos termos do plano diretor do município, poderá ter seu imóvel desapropriado como forma de sanção, não havendo, neste caso, direito à indenização. ERRADO. Apesar de ser uma espécie de desapropriação-sanção, a desapropriação urbana também gera direito à indenização. A indenização no caso de desapropriação urbana deverá ser paga com títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado, com prazo de resgate de até 10 anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas. DESAPROPRIAÇÃO RURAL – CF/88, art. 184: É a desapropriação destinada à finalidade específica de reforma agrária. Só a União pode desapropriar imóvel rural. A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório para fins de reforma agrária (Súmula 354 do STJ). O processo fica suspenso enquanto durar a ocupação. Como pode cair: (DNA) A invasão do imóvel rural é causa de cancelamento do processo expropriatório para fins de reforma agrária. ERRADO. É causa de suspensão e não cancelamento. 2 STF, RE 739.454-AgR, rel. min. Cármen Lúcia, julgamento em 12-11-2013. DNA - 2015 DIREITO ADMINISTRATIVO NO ALVO Intervenção na propriedade privada 8 A utilização deste material é restrita ao usuário nele identificado, sendo proibida sua reprodução ou divulgação, total ou parcial, sob pena de responsabilidade civil e criminal, nos termos da Lei 9.610/98 www.direitonoalvo.com.br A indenização no caso de desapropriação rural será paga com títulos da dívida agrária, com preservação do valor real, resgatáveis em até 20 anos, a partir do segundo ano da emissão do título, e cuja utilização será definida por lei. O art. 185 da CF impede a desapropriação da pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, DESDE QUE SEU PROPRIETÁRIO NÃO POSSUA OUTRA e da propriedade produtiva. Como pode cair: (DNA) A Constituição Federal veda qualquer forma de desapropriação da pequena e média propriedade rural, assim definida em lei. ERRADO. A pequena propriedade rural só não pode ser desapropriada se o seu dono não possuir outra propriedade rural. Ou seja, se o cara tiver mais de uma propriedade rural, a pequena propriedade poderá sim ser desapropriada. (DNA) A indenização no caso de desapropriação rural será paga com títulos da dívida agrária, com preservação do valor real, resgatáveis em até 10 anos. ERRADO. O prazo para o resgate é de até 20 anos. (Promotor PB) Não constitui requisito para a caracterização da função social da propriedade para fins rurais a preservação da flora e da fauna nativas. CERTO. DESAPROPRIAÇÃO CONFISCATÓRIA – CF/88, art. 243: O art. 243 da CF prevê o confisco de glebas utilizadas para o plantio ilegal de plantas psicotrópicas empregadas na produção de drogas, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. O STF já pacificou que toda a propriedade será desapropriada, e não somente aquela utilizada no plantio da droga. A desapropriação não deve recair somente nas áreas em que sejam cultivadas plantas psicotrópicas, mas em toda a área do imóvel. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA É o fato administrativo por meio do qual o Estado se apropria do bem particular sem obedecer ao devido processo legal. É uma desapropriação irregular pelo Estado. A desapropriação indireta ocorre quando o Estado (Poder Público) se apropria do bem de um particular sem observar as formalidades previstas em lei para a desapropriação, dentre as quais, a declaração indicativa de seu interesse e a indenização prévia. Trata-se de um verdadeiro esbulho possessório praticado pelo Poder. A desapropriação indireta está prevista no art. 35 do Decreto-lei 3.365/41, que caracteriza o chamado “fato consumado”: Art. 35 – Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos. Havendo incorporação fática do bem ao patrimônio público, ou seja, se já está sendo utilizado pelo poder público, mesmo sem processo de desapropriação ou com processo nulo, o proprietário não poderá ter o bem de volta. DNA - 2015 DIREITO ADMINISTRATIVO NO ALVO Intervenção na propriedade privada 9 A utilização deste material é restrita ao usuário nele identificado, sendo proibida sua reprodução ou divulgação, total ou parcial, sob pena de responsabilidade civil e criminal, nos termos da Lei 9.610/98 www.direitonoalvo.com.br No caso acima, o antigo proprietário só poderá ingressar com uma ação de desapropriação indireta para pedir indenização pelas perdas e danos. A ação de desapropriação indireta é proposta, em regra, pelo proprietário do bem que foi esbulhado. A jurisprudência, no entanto, entende que se houve promessa de compra e venda referente a este imóvel, o promissário comprador (o que ia comprar) tem direito de receber a indenização pelo esbulho praticado pelo ente público, sendo desnecessário que o contrato de promessa de compra e venda tenha sido registrada no cartório de registro de imóveis (STJ, Info. 493). O prazo prescricional no caso de ação de desapropriação indireta é de 10 anos. A Súmula 119 do STJ, que previa que a ação de desapropriação indireta prescrevia em 20 anos foi superada. Atualmente, a ação de desapropriação indireta prescreve em 10 anos. Direito de extensão – é o direito que o proprietário do bem tem de pedir que a desapropriação e a respectiva indenização alcance todo o bem, para evitar que o restante que sobrou se torne inútil. Esse pedido tem que ser feito antes do final do processo de desapropriação. TREDESTINAÇÃO – é dar destinação diversa da prevista ao bem expropriado. A tredestinação pode ser lícita e ilícita. Na tredestinação ilícita ocorre um desvio de finalidade do bem desapropriado, que passa a atender interesse particular. Na tredestinação lícita o destino do bem é diferente do inicialmente previsto, mas continua sendo de interesse público. Não há desvio de finalidade. Ex: o Estado desapropriou um terreno para construir uma escola e acabou construindo um hospital. RETROCESSÃO – é o direito que o dono do bem expropriado tem de ter de volta a coisa perdida quando o Estado não tem mais interesse no bem. O expropriado tem direito de preferência sobre a coisa. O que caracteriza a retrocessão é o desinteresse superveniente do Estado sobre o bem desapropriado. Também surge o direito de retrocessão quando ocorre a tredestinação ilícita. Retrocessão é diferente de desistência da desapropriação. Na retrocessão o objeto já foi desapropriado. Na desistência ainda não houve a incorporação do objeto ao patrimônio público. DECRETO LEI 3.365/41 – DESAPROPRIAÇÃO POR UTILIDADE PÚBLICA É o procedimento de direito público pelo qual a administração transfere para si um bem de terceiro, mediante pagamento de prévia indenização em dinheiro (em regra). Mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios (art. 2º). o É possível a desapropriação do espaçoaéreo ou do subsolo, quando de sua utilização resultar prejuízo patrimonial do proprietário do solo (§ 1º). DNA - 2015 DIREITO ADMINISTRATIVO NO ALVO Intervenção na propriedade privada 10 A utilização deste material é restrita ao usuário nele identificado, sendo proibida sua reprodução ou divulgação, total ou parcial, sob pena de responsabilidade civil e criminal, nos termos da Lei 9.610/98 www.direitonoalvo.com.br o Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, o ato DEPENDERÁ de autorização legislativa (§ 2º). Há uma hierarquia no processo de desapropriação entre os entes federados. o Em regra, é vedada a desapropriação das ações, as cotas ou os direitos relativos ao capital de pessoas jurídicas cujo funcionamento dependa de autorização do Governo Federal e se subordine à sua fiscalização. A desapropriação SOMENTE poderá ocorrer se houver prévia autorização, por decreto do Presidente da República (§ 3º). Os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de caráter público ou que exerçam funções delegadas de poder público poderão promover desapropriações mediante autorização expressa, constante de lei ou contrato (art. 3º). A desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em consequência da realização do serviço (art. 4º). o Quando a desapropriação destinar-se à urbanização ou à reurbanização realizada mediante concessão ou parceria público-privada, o edital de licitação poderá prever que a receita decorrente da revenda ou utilização imobiliária integre projeto associado por conta e risco do concessionário, garantido ao poder concedente no mínimo o ressarcimento dos desembolsos com indenizações, quando estas ficarem sob sua responsabilidade (parágrafo único). A efetivação da desapropriação para fins de criação ou ampliação de distritos industriais depende de aprovação, prévia e expressa, pelo Poder Público competente, do respectivo projeto de implantação (art. 5º, § 2º). Ao imóvel desapropriado para implantação de parcelamento popular, destinado às classes de menor renda, não se dará outra utilização nem haverá retrocessão (art. 5º, § 3º). A declaração de utilidade pública far-se-á por decreto do Presidente da República, Governador, Interventor ou Prefeito (art. 6º). Declarada a utilidade pública, ficam as autoridades administrativas autorizadas a penetrar nos prédios compreendidos na declaração, podendo recorrer, em caso de oposição, ao auxílio de força policial (art. 7º). Declarado o interesse social, para fins de reforma agrária, fica o expropriante legitimado a promover a vistoria e a avaliação do imóvel, inclusive com o auxílio de força policial, MEDIANTE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO JUIZ, responsabilizando-se por eventuais perdas e danos que seus agentes vierem a causar, sem prejuízo das sanções penais cabíveis (LC 76/93, Art. 2º, § 2º). É vedado ao Poder Judiciário decidir se o caso é ou não de utilidade pública (art. 9º). A desapropriação poderá se efetivar mediante acordo ou decisão judicial. Nesse caso, o prazo decadencial para a propositura da ação de desapropriação por utilidade pública é de CINCO ANOS, contados da data da expedição do respectivo decreto e findos os quais este caducará (art. 10º). Em caso de desapropriação mediante acordo, é importante observar a posição do STJ: DNA - 2015 DIREITO ADMINISTRATIVO NO ALVO Intervenção na propriedade privada 11 A utilização deste material é restrita ao usuário nele identificado, sendo proibida sua reprodução ou divulgação, total ou parcial, sob pena de responsabilidade civil e criminal, nos termos da Lei 9.610/98 www.direitonoalvo.com.br o Ementa: PROCESSUAL CIVIL - DECISÃO JUDICIAL HOMOLOGATÓRIA DE ACORDO EM AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO - ANULABILIDADE POR AÇÃO POPULAR. A decisão judicial que homologa acordo entre os litigantes do processo não produz coisa julgada material, podendo ser anulada por ação diversa da rescisória (REsp 536762). Como visto, para o STJ, é possível anular o acordo de desapropriação mediante AÇÃO POPULAR caso fique caracterizado desvio de finalidade do ato. JURISPRUDÊNCIA Súmulas Súmula nº 652: Não contraria a Constituição o art. 15, § 1º, do Decreto-Lei 3365/1941 (Lei da desapropriação por utilidade pública). A Lei da desapropriação por utilidade pública é constitucional. Súmula nº 618: Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12% (doze por cento) ao ano. Súmula nº 617: A base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a diferença entre a oferta e a indenização, corrigidas ambas monetariamente. Súmula nº 561: Em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que por mais de uma vez. Súmula nº 479: As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização. Súmula nº 476: Desapropriadas as ações de uma sociedade, o poder desapropriante, imitido na posse, pode exercer, desde logo, todos os direitos inerentes aos respectivos títulos. Súmula nº 416: Pela demora no pagamento do preço da desapropriação não cabe indenização complementar além dos juros. Súmula nº 378: Na indenização por desapropriação incluem-se honorários do advogado do expropriado. Súmula nº 345: Na chamada desapropriação INDIRETA, os juros compensatórios são devidos a partir da PERÍCIA, desde que tenha atribuído valor atual ao imóvel. Súmula nº 218: É competente o juízo da Fazenda Nacional da capital do estado, e não o da situação da coisa, para a desapropriação promovida por empresa de energia elétrica, se a união federal intervém como assistente. (REVOGADA) Súmula nº 164: No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a antecipada imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência. Súmula nº 157: É necessária prévia autorização do Presidente da República para desapropriação, pelos estados, de empresa de energia elétrica. DNA - 2015 DIREITO ADMINISTRATIVO NO ALVO Intervenção na propriedade privada 12 A utilização deste material é restrita ao usuário nele identificado, sendo proibida sua reprodução ou divulgação, total ou parcial, sob pena de responsabilidade civil e criminal, nos termos da Lei 9.610/98 www.direitonoalvo.com.br Súmula nº 23: Verificados os pressupostos legais para o licenciamento da obra, não o impede a declaração de utilidade pública para desapropriação do imóvel, mas o valor da obra não se incluirá na indenização, quando a desapropriação for efetivada. SALVO AS BENFEITORIAS NECESSÁRIAS, que serão sempre indenizadas e as ÚTEIS, quando autorizadas pelo poder público, ainda que após o decreto expropriatório. Informativos STJ, Info. 508 – Em regra, o proprietário não tem direito à indenização por conta das limitações administrativas que incidam sobre sua propriedade (a limitação administrativa é gratuita). No entanto, excepcionalmente, a jurisprudência reconhece o direito à indenização quando a limitação administrativa reduzir o valor econômico do bem. O prazo prescricional para que o proprietário busque a indenização por conta das limitações administrativas é de 5 anos. Com isso finalizamos mais um material de direito administrativo. Não se esqueça de baixar o material de questões e responda quantas outras questões achar necessário. O treino com questões é muito importante.Bons estudos! Fim Referências: ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São Paulo: Método, 2014. DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 22ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2009. MARINELA. Fernanda. Direito Administrativo. 5 ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Ed. Saraiva. São Paulo, 2011. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1996.
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