Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
26/8/2013 1 Controle de microrganismos por agentes antibióticos e quimioterápicos Microbiologia I 2013.1 Universidade Federal da Bahia Instituto de Ciências da Saúde Departamento de Biointeração • Lise da parede celular bacteriana. • Por que o antibiótico não lisa a célula humana? 26/8/2013 2 Agentes antibióticos e quimioterápicos Antibióticos • são substâncias antimicrobianas produzidas por micro-organismos, capazes de agir como tóxicos seletivos em baixas concentrações. Quimioterápicos • são compostos antimicrobianos sintetizados por químicos em laboratórios. Paul Ehrlich Fundador da quimioterapia – Criou drogas antimicrobianas; – introduziu o conceito de toxicidade seletiva; – percebeu a utilidade das associações de drogas; – reconheceu o surgimento da resistência microbiana aos fármacos. 26/8/2013 3 A descoberta da penicilina – Alexander Fleming 1929 Colônias intactas de S. aureus Colônias lisadas de S. aureus Colônias do fungo Penicillium notatum Origem dos antibióticos Os antibióticos são produzidos por micro- organismos, principalmente fungos e bactérias. Algumas drogas podem ser obtidas agora por síntese química, mas a designação de antibiótico permanece por razões históricas. 26/8/2013 4 Fontes importantes de alguns antibióticos Propriedades de uma agente quimioterápico útil em terapêutica Toxidade seletiva; Não agir sobre a microbiota; Ocorrência mínima de efeitos colaterais indesejáveis; Não ser inativado pela acidez estomacal; Ser capaz de alcançar concentrações suficientes nos tecidos ou no sangue. 26/8/2013 5 Ação das drogas antimicrobianas Efeito bacteriostático: • Ocorre interrupção na capacidade proliferativa do micro-organismo. Efeito bactericida: • O micro-organismo é eliminado. Após exposição à droga, o agente patogênico não é mais capaz de se reproduzir. Ação das drogas antimicrobianas 26/8/2013 6 Antibióticos e quimioterápicos Sítios de ação – NA PAREDE CELULAR BACTERIANA – NA MEMBRANA – NA SÍNTESE PROTÉICA – NA SÍNTESE DO DNA – INIBIÇÃO NA SÍNTESE DE METABÓLITOS • Inibidores da parede celular 26/8/2013 7 Inibidores da parede celular BETALACTÂMICOS • Penicilinas • Cefalosporinas • Monobactâmicos • Carbapenens GLICOPEPITÍDEOS • Vancomicina • Teicoplanina BACTÉRIA X Parede celular Membrana citoplasmática Inibição da síntese da parede celular Betalactâmicos • São bactericidas • Presença obrigatória do anel β-lactâmico na sua estrutura • Particularidades de acordo com as ramificações nas cadeias laterais do anel 26/8/2013 8 Betalactâmicos Mecanismos de ação - Inibição da síntese do peptideoglicano da parede celular: 1. Ligação às proteínas ligadoras de penicilinas (PBPs); 2. Bloqueio na construção do peptideoglicano (bactérias em crescimento); 3. Indução de autolisinas; 4. Perda do arcabouço; 5. Ruptura da membrana; 6. Morte celular. Betalactâmicos 26/8/2013 9 Betalactâmicos Mecanismos de resistência • Prevenção das ligações dos antibióticos às PBPs • Modificação das PBPs • Produção de -lactamase ou penicilinase − Quebram o anel β-lactâmico Betalactâmicos – penicilinas 1 Origem: Penicillium notatum e P. chrysogenum • Espectro de ação (dependente do grupo): – Bactérias Gram positivas, cocos gram negativos e espiroquetas. GRUPOS 1. Penicilinas naturais (benzilpenicilinas) Penicilina G 2. Aminopenicilinas (semi-sintéticas) Ampicilina e amoxicilina 26/8/2013 10 (Penicilina G)- Natural (Ampicilina)- Semi-sintéticas Ác. 6-aminopenicilânico Ác. 6-aminopenicilânico Betalactâmicos – penicilinas 2 Continuando... GRUPOS 3. Penicilinas resistentes a penicilinases Meticilina, oxacilina 4. Penicilinas de amplo espectro Carboxipenicilinas CARBENICILINA, TICARCILINA Ureidopenicilinas PIPERACILINA 26/8/2013 11 Inibidores de β-lactamase São usadas em associação com antibióticos betalactâmicos – AMOXACILINA - AC.CLAVULÂNICO – AMPICILINA - SULBACTAM – PIPERACICILINA –TAZOBACTAM – TICARCILINA – AC. CLAVULÂNICO Betalactâmicos – cefalosporinas Origem: Cephalosporium acremonium Anel cefalosporâmico • DE PRIMEIRA GERAÇÃO – Cefalexina, cefalotina • DE SEGUNDA GERAÇÃO – Cefoxitina • DE TERCEIRA GERAÇÃO – Ceftriaxona, cefotaxima, ceftazidima • DE QUARTA GERAÇÃO – Cefepime 26/8/2013 12 Estrutura comum a todas as cefalosporinas 26/8/2013 13 Betalactâmicos - Monobactâmicos Origem: Chromobacterium violaceum Espectro de ação: – Bactérias Gram negativas e aeróbias Betalactâmicos - Carbapenêmicos • Origem: Streptomyces cattleya Imipenem Meropenem Ertapenem – Espectro de ação: • Bactérias Gram positivas e negativas • Anaeróbios • Germes multirresistentes 26/8/2013 14 Glicopeptídeos 1 • Mecanismo de ação: 1. Ligam-se ao terminal D-alanina-D-alanina do muramil-pentapeptídeo 2. Como conseqüência impedem a ação das transpeptidases • Espectro de ação: – Bactérias Gram positivas – Alguns anaeróbios Impedem a transpeptidação Na presença do antibiótico, as ligações cruzadas não podem ser feitas 26/8/2013 15 Glicopeptídeos 2 Vancomicina Teicoplanina • Indicações de uso − INFECÇÕES GRAVES POR GERMES MULTIRRESISTENTES GRAM POSITIVOS (MRSA, Enterococcus spp. ) − ANAERÓBIOS • Clostridium difficilis, Bacillus spp. • Peptostreptococcus spp. − PACIENTES COM INFECÇÃO GRAVE E ALERGIA A PENICILINAS • Ação na membrana citoplasmática 26/8/2013 16 Alteração na permeabilidade da membrana citoplasmática Polipeptídeos - Polimixinas Origem: Bacillus polymyxa São bactericidas • Mecanismo de ação: Agem como detergentes catiônicos, atuando nas membranas e rompendo os fosfolipídios. • Espectro de ação: Bacilos Gram negativos. • Resistência à droga: Ausência de afinidade aos lipídios da membrana citoplasmática. Polimixinas • Polimixinas B e E (usadas na clínica) – Efeitos colaterais – Neurotoxicidade – Nefrotoxicidade 26/8/2013 17 Alteração na permeabilidade da membrana citoplasmática Lipopeptídeos • Daptomicina • Origem: Streptomyces roseosporus • Bactericida Espectro de ação: – Gram positivos. • Inibição na síntese protéica 26/8/2013 18 Inibidores da síntese protéica Aminoglicosídeos Macrolídeos Lincomicinas ou lincosamidas Cloranfenicol Tetraciclinas Glicilciclinas 26/8/2013 19 Aminoglicosídeos 1 Origem: Streptomyces spp. • Estreptomicina • Gentamicina • Amicacina • Tobramicina • Netilmicina Aminoglicosídeos 2 • Espectro de ação: Ativa contra bactérias Gram negativas e Micobactérias . • Resistência à droga: Modificação da subunidade 30S do ribossomo bacteriano. Microrganismo capaz de produzir enzimas que destroem os fármacos (ex, acetiltransferase, fosfotransferase). 26/8/2013 20 Inibidores da síntese protéica Aminoglicosídeos Macrolídeos Lincomicinas ou lincosamidas Cloranfenicol Tetraciclinas Glicilciclinas Macrolídeos • ERITROMICINA • AZITROMICINA • CLARITROMICINA Mecanismo de ação – Inibição da síntese protéica através da ligação à unidade 50S dos ribossomos bacterianos – Impede o movimento de translocação do ribossomo ao longo do mRNA. 26/8/2013 21 Inibe a síntese de proteínas Eritromicina Leitura do RNAm aa Transferase P A Cadeia de Polipeptídio Aminoacil-tRNA 50S 30S Macrolídeos - mecanismo de ação Macrolídeos • Espectro de ação: Bactérias atípicas • Mycoplasma spp. • Chlamydia spp. Gram positivos • Resistência à droga : – Alteração do receptor da subunidade 50S do ribossomo. 26/8/2013 22 Inibidores da síntese protéica Aminoglicosídeos Macrolídeos Lincomicinas ou lincosamidas Cloranfenicol Tetraciclinas Glicilciclinas Lincosamidas • Origem: Streptomyces lincolnensis • Ligam-se à subunidade 50S ribossômica – CLINDAMICINA – LINCOMICINA 26/8/2013 23 Lincosamidas • Clindamicina – Espectro de ação: • Gram positivos e anaeróbios – Efeito colateral: • Colite pseudomembranosa Inibidores da síntese protéica Aminoglicosídeos Macrolídeos Lincomicinas ou lincosamidas CloranfenicolTetraciclinas Glicilciclinas 26/8/2013 24 Cloranfenicol • Mecanismo de ação: – Liga-se à subunidade 50S do ribossomo bacteriano – Impede a ligação de novos aminoácidos à cadeia nascente de peptídeos,ou seja, inibe alongamento da cadeia peptídica • Espectro de ação: – Bacteriostático. Inibe o crescimento de bactérias Gram positivas, Gram negativas, Riquetsias, Vibrios, Salmonella spp. • Resistência à droga: – Produção da enzima cloranfenicol acetil-transferase que inativa a droga Inibidores da síntese protéica Aminoglicosídeos Macrolídeos Lincomicinas ou lincosamidas Cloranfenicol Tetraciclinas Glicilciclinas 26/8/2013 25 Tetraciclinas • Origem: Streptomyces aureofaciens , S. rimosus – Mecanismo de ação: • Liga-se à subunidade 30S do ribossomo bacteriano, bloqueando a entrada do tRNA. – Espectro de ação: • Bacteriostático, levando à inibição do crescimento de cocos Gram positivos, Brucella spp., Ricketsia spp., Chlamydia spp., Vibrio spp. Bloqueio da entrada do RNAt 26/8/2013 26 Tetraciclinas • Resistência à droga : Ausência de receptor na subunidade 30S do ribossomo bacteriano. Bomba de efluxo • Efeito colateral Tingimento dos dentes em formação Inibidores da síntese protéica Aminoglicosídeos Macrolídeos Lincomicinas ou lincosamidas Cloranfenicol Tetraciclinas Glicilciclinas 26/8/2013 27 Glicilciclinas • Tigeciclina – Mecanismo de ação • Inibição da síntese protéica, ligando-se à subunidade 30S do ribossomo – Espectro de ação • Bacilos Gram negativos • Anaeróbios • Cocos Gram positivos – MRSA – VRE • Inibição na síntese do DNA 26/8/2013 28 Inibidores da síntese do DNA • QUINOLONAS • RIFAMPICINAS • NITROIMIDAZÓLICOS Ácido nalidíxico Norfloxacina Ciprofloxacina Ofloxacina Levofloxacina • Mecanismo de ação: – Bloqueio da DNA girase. • Espectro de ação: – Muitas bactérias Gram positivas e Gram negativas, entre elas enterobactérias e Pseudomonas. • Resistência à droga: – Alteração na DNA girase – etapa de replicação do DNA Quinolonas 26/8/2013 29 • Mecanismo de ação: – Inibe a síntese de RNAm (inibição da RNA polimerase) – etapa da transcrição. • Espectro de ação: – Cocos Gram positivos e Micobactérias (tratamento - tuberculose e lepra). • Resistência à droga: Alteração na RNA-polimerase devido a uma mutação que ocorre com freqüência. • Efeito colateral: Hepatotoxicidade Rifampicinas Nitroimidazólicos • Metronidazol - bactericida • Mecanismo de ação • Após sofrer redução no interior da célula, o grupo nitro atua como receptor de életrons levando a liberação de compostos tóxicos e radicais livres que danificam o DNA • Espectro de ação • BACTÉRIAS ANAERÓBICAS • PROTOZOÁRIOS – AMEBA,TRICOMONAS E GIARDIA 26/8/2013 30 • Inibição na síntese de metabólitos Inibição competitiva da síntese de metabólitos essenciais • Trimetroprim e sulfametoxazol – Mecanismo de ação : • Inibe a síntese do ácido fólico a partir do PABA (ácido p- aminobenzóico) – Espectro de ação: • Largo espectro de ação – Resistência a droga: • Mutações levam à superprodução de PABA e alterações estruturais de enzimas que participam da síntese do ácido fólico. 26/8/2013 31 Resistência Bacteriana • Pressão seletiva • Resistência pode ocorrer: – Cromossomos – Elementos móveis • Plasmídeos • Transposons Mecanismos de resistência • 1. BLOQUEIO DA ENTRADA • 2. PRODUÇÃO DE ENZIMAS • 3. ALTERAÇÃO DO SÍTIO DE LIGAÇÃO • 4. BOMBA DE EFLUXO 26/8/2013 32 Produção de enzimas • Inativação enzimática • Beta-lactamases – São enzimas bacterianas produzidas para inativar antibióticos beta-lactâmicos (penicilinas, cefalosporinas, monobactam, carbepenens) 26/8/2013 33 Produção de enzimas • Tipos de beta-lactamases – BETALACTAMASES SIMPLES • Penicilinases – BETALACTAMASES DE ESPECTRO AMPLIADO (ESBL) • TEM, SHS ,etc – METALOBETALACTAMASES • Dependentes de íon zinco para se ativarem (metaloenzimas) Outras enzimas – ACETILASES – ADENILASES – FOSFOTRANSFERASES – ACETILTRANSFERASES 26/8/2013 34 Alteração dos sítio de ligação Alteração na estrutura das PBPs Alteração na membrana citoplasmática Alteração de ligação nos ribossomos Alteração das porinas (membrana externa) Bomba de efluxo – EXPULSÃO DO ANTIMICROBIANO DA CÉLULA • Ex. Bactérias G + com tetraciclinas 26/8/2013 35 COMO PODEMOS MINIMIZAR A RESISTÊNCIA ? • Evitar o uso indiscriminado de antibióticos; • Utilizar concentrações e dosagens suficientes de um antibiótico apropriado; • Mudar para um fármaco diferente tão logo um microrganismo mostre sinais de resistência; • Saber reconhecer a origem da infecção - Não tratar infecções virais com antibióticos; • Sempre que possível é necessário evitar prescrever a droga de mais amplo espectro disponível; • Quando possível o microrganismo deve ser isolado a partir do foco infeccioso e identificado; • Solicitar antibiogramas. Antibiograma É um teste “in vitro” que nos permite saber o grau de sensibilidade de um microrganismo aos antibióticos e quimioterápicos. Quando solicitar um antibiograma ? • Não é possível prever a sensibilidade da bactéria. • Um tratamento em curso não produz o efeito desejado 26/8/2013 36 Técnicas para antibiograma Difusão de disco (Kirby-Bauer) Vantagem: – É de fácil de execução, baixo custo, por isso, é provavelmente a técnica mais utilizada. Desvantagem: – Não permite obter a concentração inibitória mínima (CIM). Método da difusão de disco Tortora pg 549 fig 20.20 26/8/2013 37 Microdiluição em placa - CIM Tortora pg 550 fig 20.22 Técnicas para antibiograma E-teste É um método de difusão mais avançado, permite estimar a concentração inibitória mínima (CIM). A tira plástica contém um gradiente crescente de concentração do antibiótico. Mais fácil de ser executado do que a microdiluição. 26/8/2013 38 E-teste 26/8/2013 39 Controle de antimicrobianos
Compartilhar